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Cidade média e centralidades: o subcentro Major Prates em Montes Claros / MG

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Cidade média e centralidades:

Cidade média e centralidades:

Cidade média e centralidades:

Cidade média e centralidades:

Cidade média e centralidades:

o subcentro Major Prates em Montes Claros / MG

o subcentro Major Prates em Montes Claros / MG

o subcentro Major Prates em Montes Claros / MG

o subcentro Major Prates em Montes Claros / MG

o subcentro Major Prates em Montes Claros / MG

Medium size city and centralities:

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Medium size city and centralities:

Medium size city and centralities:

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the subcentral area Major Prates in

the subcentral area Major Prates in

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the subcentral area Major Prates in Montes Claros / MG

Montes Claros / MG

Montes Claros / MG

Montes Claros / MG

Montes Claros / MG

Resumo: Resumo: Resumo: Resumo:

Resumo: As cidades médias crescem e se expandem obedecendo a uma dinâmica e intensa trocas de fluxos de mercadorias, de capitais e de usos. Nesse sentido, os espaços são transformados, as atividades se expandem e se deslocam, criando novas centralidades. Em Montes Claros, o crescimento da cidade, resultante do aumento demográfico e da expansão do tecido urbano, tem ocasionado seu alargamento com a abertura de novos bairros e loteamentos para áreas periféricas. Nessas circunstâncias, a área central da cidade vai perdendo seu caráter residencial, passando a assumir demasiadamente diversos tipos de funções relacionadas à prestação de serviços e ao comércio. Todavia, a emergência de novas formas comerciais ou centralidades urbanas, tais como os subcentros de comércio e serviços, paralelamente à pujança e à representatividade comercial do núcleo e da área central, tem marcado a dimensão econômica de Montes Claros no Norte de Minas Gerais. Para tanto, o presente trabalho tem por objetivo compreender a emergência de novas centralidades associada à expansão urbana e ao consumo das populações em Montes Claros, cidade média do Norte de Minas Gerais, tendo como estudo de caso o subcentro Major Prates.

Palavras-chave: Palavras-chave: Palavras-chave: Palavras-chave:

Palavras-chave: cidades médias, centralidades, subcentros. Abstract:

Abstract: Abstract: Abstract:

Abstract: Mediun size cities grow and spread obeying an intensive dinamyc of commodity, cash ok changes and flow. In this way, spaces are transformed, activities are spread and moved and also cause new centralities. In Montes Claros, the cities growth, result of demographic increase and the urban expansion, has made its widening with an opening of new neighbors and division into plots to the peripheral areas. In this circunstancies, the city central area is losing its residential character and assuming several types of functions related to services rendered and trade. However, the emergency of the new comercial ways and urban centralities as the subcentral areas of trade and services, as well as the power and commercial representation from the nucleus and central area have marked the economical dimension of Montes Claros in the North of Minas Gerais. Then, the present work dims understanding the emergency from the new centralities associated to the urban expansion and to the population consumption. To this, Montes Claros has been discussed as a medium city in the North of Minas Gerais, and the study case we have is the subcentral area, Major Prates.

Keywords: Keywords: Keywords: Keywords:

Keywords: Medium cities, centralities, subcentral areas.

Iara Soares de França * Beatriz Ribeiro Soares **

* Mestre em Geografia pela Universidade Federal de Uberlândia. Professora do Departamento de Geociências da Universidade Estadual de Montes Claros.

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Introdução Introdução Introdução Introdução Introdução

O elevado crescimento populacional das cidades médias tem gerado uma expansão da malha urbana associada à necessidade de moradia, trabalho, e, conseqüentemente, ampliação do consumo. Esses fatores justificam o surgimento de subcentros de comércio e serviços nessas cidades. O presente artigo analisa a emergência de novas centralidades urbanas, resultante da expansão urbana e das demandas de consumo das populações, tendo como estudo de caso o subcentro Major Prates em Montes Claros, cidade média do Norte de Minas Gerais. Para esse estudo, foi realizado um levantamento das atividades desenvolvidas nos espaços de maior concentração econômica do subcentro Major Prates e que, posteriormente, deu suporte à análise da distribuição espacial do comércio e da prestação de ser viços, suas características gerais e especificidades. Para isso, foram confeccionados mapas de uso e ocupação do solo da área de estudo, bem como material iconográfico. O texto encontra-se estruturado em duas partes, encontra-sendo que, na primeira, é realizada uma breve caracterização da cidade de Montes Claros, seguida de uma reflexão teórica sobre sua posição de cidade média. Na segunda parte, é analisado o subcentro Major Prates, enquanto importante centralidade urbana na cidade de Montes Claros. O texto é finalizado com algumas considerações sobre o tema.

Montes Claros: uma cidade média Montes Claros: uma cidade média Montes Claros: uma cidade média Montes Claros: uma cidade média Montes Claros: uma cidade média norte-mineira

mineira mineira mineira mineira

O município de Montes Claros está localizado no Norte do estado de Minas Gerais, na bacia do Alto Médio São Francisco, área de clima tropical semi-úmido, com vegetação predominantemente consti-tuída pelo cerrado caducifólio. Abrange uma área territorial de 3.576,76 km2, onde vive uma

popula-ção total de 342.586 mil habitantes1. (IBGE, 2007).

Desde a sua origem, em meados do século XIX, Montes Claros passou por inúmeras transformações, sobretudo, econômicas, políticas e demográficas. A respeito do desenvolvimento da cidade, Barbosa (1995, p. 210) considera que

[...] a história de Montes Claros deve ser dividi-da em três partes principais: a 1ª vai até a inauguração da estação ferroviária, em 1º de setembro de 1926; como ponta de trilhos, Montes Claros tomou, a partir daquela data, extraordinário impulso, passando a funcionar como verdadeiro centro da importante região. Essa segunda fase prolongou-se até a instala-ção da SUDENE que, a princípio, não despertou o interesse dos mineiros; mas, em seguida, criou, em Montes Claros, legítimo pólo de convergên-cia de todos os municípios do Norte de Minas. A transformação que, desde então, se operou, em Montes Claros, foi qualquer coisa de impressionante. Hoje, Montes Claros atravessa sua fase de maior desenvolvimento, como grande centro industrial e comercial.

O intenso processo de urbanização decorrente dos fluxos migratórios provenientes de outras cidades, iniciado na década de 1970, e a expansão territorial urbana decorrente desse movimento contribuíram para que Montes Claros se consolidasse como centro polarizador da região norte-mineira. O tamanho demográfico e o papel regional que essa cidade desempenha permitem classificá-la como uma cidade média, conforme demonstram estudos de Andrade; Lodder (1979); Amorim Filho, Bueno e Abreu (1982); Pereira, Lemos (2004); Soares (1999, 2005) e França (2007). Em muitos estudos, a cidade de Montes Claros surge como um centro regional que comanda as áreas do seu entorno e os municípios com menor diversidade de funções. Abriga fluxos regulares de mercadorias, pessoas, informação, interagindo com a capital estadual, Belo Horizonte, que a polariza. (PEREIRA, 2005). É importante destacar que a definição de uma cidade média deve ser baseada não somente em critérios populacionais e no papel regional que essa cidade

1 (Acesso em 2007, mas os dados referem-se à contagem populacional realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE no ano de 2005).

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desempenha, mas também abarcando a infra-estrutura econômica, os equipamentos e os serviços que possui. Além desses elementos, é relevante analisar o nível de complexidade da divisão do trabalho em que as cidades classificadas como médias estão inseridas. Relacionam-se, para isso, entre outros, a localização geográfica e a estrutura de transportes e de comunicação que as cidades possuem. Sobre os critérios que classificam uma cidade como média, Spósito (2001, p. 329) adverte que:

[...] a expressão “cidade média” tem sido mais utilizada como noção ou como uma classifi-cação, do que como conceito, pois tem servi-do para designar cidades como população entre 200 e 500 mil habitantes. Mais do que parâmetros populacionais deveríamos considerar os papéis desempenhados pelas cidades em uma divisão de trabalho interur-bana e as suas formas de expansão e aglome-ração urbanas como indicadores de sua ca-racterização.

Além de desempenhar funções nos setores de ser-viços, comércio, indústria, político-administrativos, a cidade de Montes Claros mantém relações de pro-dução e consumo que extrapolam o seu espaço físi-co, ou seja, alcançam toda a região norte-mineira, consolidando sua importância regional. Nessa pers-pectiva, a cidade possui relações, sobretudo econô-mico-financeiras, em escala local e/ou regional. A respeito disso, Leite (2003, p.74) considera que:

[...] o rápido crescimento demográfico dos últimos 30 anos fez com que as cidades redefinissem suas atividades econômico-so-ciais. Com efeito, a cidade de Montes Claros alcançou ainda maior destaque no cenário regional, tendo em vista a sobreposição de

funções que passaram a definir o perfil eco-nômico da cidade. Inicialmente, muito influ-enciado pela pecuária e expansão do comér-cio, e depois, a indústria e conseqüentemen-te uma grande diversidade das atividades terciárias que se estabeleceram após a indús-tria.

A evolução do segmento educacional e sua diversi-dade, especialmente no ensino superior de Montes Claros, demonstram a importância desse ramo como dinamizador do setor terciário e da própria econo-mia da cidade que, por sua vez, reitera sua impor-tância polarizadora regional e influencia o Norte, o Leste, o Noroeste de Minas, além do sul da Bahia. A variedade de cursos de graduação existentes na ci-dade, tanto público quanto privado, os programas de pós-graduação lato sensu e stricto sensu têm con-tribuído para a melhoria da qualificação profissional na cidade e na região.

Um outro setor que apresenta bastante expressão e dinamicidade na economia de Montes Claros é o da saúde. O município possui 45% dos hospitais2 do

Norte de Minas com 138 estabelecimentos de saú-de (IBGE, 2007). Os hospitais saú-de Montes Claros con-tam com 876 leitos, sendo que, desse número to-tal, 739 leitos são disponíveis ao Sistema Único de Saúde – SUS (IBGE, 2007). Dados do Ministério da Saúde informam que, no ano de 2001, a rede hospi-talar do SUS, no Brasil, contava com 486 mil leitos em hospitais vinculados ao SUS, média de 2,8 por mil habitantes (Fonte: <http://www.saude.gov.br>. Acesso em: jul. 2007). Em Montes Claros, a média, nesse mesmo período, era de 2,4 leitos por mil ha-bitantes na rede SUS.

Analisando a participação dos setores da economia

2 Esse número assim se distribui: 8 hospitais2, 3 policlínicas2 e 15 postos-centros de saúde, inúmeras clínicas especializadas: cardiologia (8), check up (1), estética (6), fisioterapia (14), médicas (25), odontológicas (30), olhos (2), ortopédicas (1), pediátricas (2), psicologia (7), psiquiátricas (2), radiologia (3), reabilitação (1), repouso (1), ultra-sonografia e ecografia (3), somando aproximadamente 104 estabelecimentos, além de aproximadamente 30 laboratórios. (Pesquisa Direta, 2006).

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no PIB municipal3, percebe-se que ocorreram

varia-ções ao longo dos anos de 2001, 2002 e 2003. No período de 2001 a 2002, houve uma elevação nos setores industrial e de serviços e variação e/ou que-da na agropecuária. No ano de 2001, a participação do setor agropecuário foi de 3,3%; na indústria, de 44,5% e, no setor de serviços, 52,2% (Fonte: www.fjp.gov.br, acesso em julho de 2007). Em 2002,

3 Em 2001, o valor do PIB adicionado à agropecuária era de 49.948 mil reais e, em 2002, alcançou 66.875 mil reais. O valor do PIB adicionado à indústria em 2001 foi de 679.732 mil reais e, em 2002, esse valor subiu para 718.227 mil reais. Por último, o valor do PIB adicionado ao setor de serviços, em 2001, foi de 800.342 mil reais e, em 2002, este número alcançou 850.993mil reais (Anuário Estatístico da Fundação João Pinheiro, 2006).

os índices continuaram a crescer em todos os seto-res, sendo que a participação da agropecuária na eco-nomia do município foi de 4,6%; 42,7% na indústria e 52,7% nos serviços. Para o ano de 2003, a agropecuária respondeu por 4% da economia, a in-dústria respondeu por 42,3% e o setor de serviços por 53,7% ((Fonte: www.fjp.gov.br, acesso em julho de 2007), conforme mostra a tabela 01.

TABEL TABELTABEL TABEL TABELA 01A 01A 01A 01A 01

Montes Claros/MG: Evolução e Participação dos Setores por Atividade Econômica via PIB, 2001, 2002 e 2003. (R$ 1 Mil)

F FF

FFonte:onte:onte:onte:onte: (FJP, 2006)

O crescimento da participação do setor de serviços em Montes Claros é expressão do aumento ao acesso a bens e a serviços que a população tem alcançado. O PIB desse município é um indicador econômico que revela essa tendência.

Novas centralidades urbanas: os subcentros Novas centralidades urbanas: os subcentros Novas centralidades urbanas: os subcentros Novas centralidades urbanas: os subcentros Novas centralidades urbanas: os subcentros de comér

de comér de comér de comér

de comércio e sercio e sercio e sercio e sercio e ser viçosviçosviçosviçosviços

Seguindo a dinâmica da reestruturação intra-urbana, associada ao processo de urbanização do final do século XX, através dos fluxos decorrentes de multiplicação e diversificação de atividades comerciais

e de serviços, assiste-se à ampliação de áreas centrais das cidades. Esse processo relaciona-se com a expansão do tecido urbano. A expansão territorial, com abertura de novos bairros/loteamentos, gerando a formação de novas centralidades para atender ao crescimento territorial e populacional da cidade, é um exemplo de processos que vão se entrelaçar e configurar o espaço atual de Montes Claros.

A concentração excessiva de atividades e serviços nos centros tradicionais das cidades, a melhoria nas formas de transporte e o encarecimento para o des-locamento das classes mais pobres para os centros

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tradicionais são, também, aspectos que têm causa-do o processo de descentralização da área central. Somam-se a esses fatores a instalação de novas infra-estruturas e os mais diferentes usos do solo urba-no, que se impõem no atual período técnico-cientí-fico-informacional.

Para Spósito (2001, p.238),

as áreas centrais estão se multiplicando e a observação dessa tendência pode ser reco-nhecida como resultado de uma lógica que passou a orientar a constante dinâmica de reestruturação das cidades brasileiras. A mul-tiplicação de áreas de concentração de atividades comerciais e de serviços revela-se através da nova espacialização urbana [...]. Em outras palavras, o reconhecimento da multiplicação de áreas centrais de diferentes importâncias e papéis funcionais pode se dar através da observação da localização das ati-vidades comerciais e de serviços.

Ocorrem, também, nesses espaços, fluxos de informações, tecnologias, matérias-primas e capitais que vão gerar diferentes núcleos dotados de infra-estrutura e funcionalidade. Esses mecanismos são condições para a articulação das atividades que serão oferecidas e para o estabelecimento de uma economia nas novas áreas centrais que se formam. Tais processos se apresentam nas áreas centrais antigas, e, como resultado da expansão territorial das cidades, repetem-se nas novas centralidades formadas via subcentros, entre outras.

Segadas Soares (1987) salienta a importância de es-tudos relacionados ao surgimento dos subcentros e sua ligação com os acontecimentos no interior da cidade, isto é, sua área central e dinâmica intra-ur-bana que extrapolam as barreiras territoriais e al-cançam regiões. Para a referida autora,

[...] o estudo dos subcentros, como de toda a geografia urbana, é altamente dinâmico, e qualquer transformação na vida da cidade pode alterar profundamente a evolução des-ses núcleos de cristalização de comércio e dos serviços da cidade (SEGADA SOARES, 1987, p. 133).

Os subcentros, pequenos ou grandes, dotados de estabelecimentos comerciais e de serviços, come-çam a se formar para atender às necessidades ime-diatas da população do seu entorno, ou seja, das áreas residenciais próximas. Mendes e Grzegorczyk (2003, p.110) enfatizam que o surgimento dos subcentros é uma característica tanto de cidades grandes quanto de porte médio. Eles se constituem em função da dinâmica intra-urbana das cidades. Afir-mam que os subcentros,

[...] podem se originar dentro das cidades, como resposta à expansão territorial e ao adensamento populacional em determinadas áreas. Este tipo de subcentro surge tanto nas cidades grandes como nas de médio porte. Ao reunir comércios e serviços, os subcentros atraem equipamentos urbanos que, por sua vez, funcionam como atrativos para empreendedores interessados em investimentos, como também atraem a população que procura espaços para morar e que atendam aos seus anseios. Essa população irá usufruir e consumir os subcentros instantaneamente. Os subcentros emergem em regiões de grande densidade demográfica, onde estão segmentos de baixo e/ou alto poder aquisitivo, podendo ser dotados ou não de boa acessibilidade e infra-estrutura urbana. Geralmente, os equipamentos urbanos que se localizam nos subcentros são conquistados devido às iniciativas de investimentos imobiliários, de empresas de médio e pequeno porte que interessam em dotar tais áreas de infra-estrutura, visando valorizá-las a fim de potencializar o consumo da população, maximizando seus lucros com os investimentos que efetuarem nos estabelecimentos. Os empreendimentos que originam os subcentros podem se dar a partir da criação de shopping centers, novos loteamentos, hospitais, universidades ou faculdades, postos de saúde, entre outros. De acordo com Navarro (2005, p.108):

os subcentros desenvolveram-se, não para facilitar a vida dos moradores, mas como

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resultado do processo de reestruturação urbana, em função da expansão desta, desenvolvendo uma centralização de acordo com os atrativos proporcionados por algum tipo de instituição ou equipamento urbano que gera um certo fluxo de pessoas, [...]. No caso da cidade de Montes Claros, os subcentros se originaram em áreas residenciais que, acompanhando a expansão territorial urbana da cidade e o crescimento populacional, passaram a atrair comércios e serviços diversificados. Tais subcentros estão distribuídos em vários pontos da cidade e atendem as necessidades imediatas dos consumidores locais, sendo que alguns se apresentam mais qualificados e diversificados de acordo com a acessibilidade da população.

É comum a presença de postos de saúde municipais em determinadas áreas da cidade, equipamentos que aceleraram o processo de formação dos subcentros dos bairros Maracanã, Major Prates, Cristo Rei, Independência e Esplanada. Além do posto de saúde, essas áreas possuem um comércio diversificado, escolas, entre outros serviços.

Nessa perspectiva, o subcentro Major Prates apre-senta-se como uma nova centralidade no interior da cidade de Montes Claros, já que assume uma forte polarização na região em que está situado. Tal espa-ço, marcado por grande diversidade e especializa-ção no oferecimento de comércio e prestaespecializa-ção de serviços, apresenta um atendimento que não se res-tringe à polarização da população local, atingindo, também, a população regional, que busca o consu-mo de comércio e serviços.

O subcentro Major Prates é classificado como subcentro espontâneo. Os subcentros espontâneos configuram-se como réplicas do centro principal, porém com diversidade comercial e de serviços e com menor incidência de atividades especializadas (VILLAÇA, 2001).

O subcentro Major Prates em Montes Claros/MG O subcentro Major Prates em Montes Claros/MG O subcentro Major Prates em Montes Claros/MG O subcentro Major Prates em Montes Claros/MG O subcentro Major Prates em Montes Claros/MG

O Major Prates localiza-se na região sul da cidade de Montes Claros, possuindo como limite os bairros

Augusta Mota, Morada do Parque, Morada do Sol, São Geraldo, Vargem Grande e Canelas. Esse bairro conta com uma área de 759.898,91m2. Sua localização,

distante cerca de 4 km da área central, tem sido determinante para o desenvolvimento socioeconômico não só do bairro, mas da própria região Sul. O bairro possui um sistema viário que articula um grande volume de pessoas e de veículos para a região central da cidade. Entre as principais avenidas de acesso a esse subcentro, estão a Francisco Gaetani e a Castelar Prates, que assumem um importante papel na concentração de comércio e prestação de serviços. A essas duas avenidas principais do bairro, convergem grandes fluxos de pessoas e veículos. Ademais, registra-se que esse espaço, também, faz limite com a BR 365, que interliga o município de Montes Claros à Pirapora, no Norte de Minas, e, à Uberlândia, no Triângulo Mineiro.

Pode-se depreender que a emergência do bairro Major Prates à condição de subcentro se relaciona, diretamente, com a infra-estrutura urbana que tal espaço possui. Somado a isso, há a excelente localização geográfica, o dinamismo econômico, o grande contingente populacional, e, conseqüen-temente, o forte mercado consumidor.

O subcentro Major Prates está entre um dos maiores adensamentos populacionais da cidade de Montes Claros, com uma população residente total de 5279 pessoas, compreendendo 1,82% da população de Montes Claros. (PREFEITURA MUNICIPAL DE MONTES CLAROS, 2006).

Figura 01 – Figura 01 – Figura 01 – Figura 01 –

Figura 01 – Comércio e serviços, Avenida Francisco Gaetani, Major Prates. Autor: FRANÇA, I. S.de/ nov. 2006 Atualmente, desenvolvem-se, nesse espaço,

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atividades de consumo imediato da população, como, por exemplo, o comércio de carnes e hortifrutigranjeiros, juntamente com ramos de atividades mais especializadas e complexas. Dessa forma, academias, farmácias (Figura 01), comércio

de calçados e de cama, mesa e banho, casas lotéricas, serviços de transportes e cargas, bem como hotéis e pensões são algumas atividades que ilustram o desenvolvimento e a potencialidade econômica desse subcentro.

Mapa 1 - Uso e ocupação do solo, subcentro Major Pratres Mapa 1 - Uso e ocupação do solo, subcentro Major Pratres Mapa 1 - Uso e ocupação do solo, subcentro Major Pratres Mapa 1 - Uso e ocupação do solo, subcentro Major Pratres Mapa 1 - Uso e ocupação do solo, subcentro Major Pratres

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A partir do mapeamento da distribuição do uso do solo, nota-se que a ocupação no subcentro Major Prates é variada, possuindo, concomitantemente, uso comercial e residencial. Percebe-se que os estabelecimentos comerciais concentram-se ao longo de dois eixos perpendiculares, as Avenidas Francisco Gaetani e Castelar Prates, formando dois núcleos estratégicos de passagem para a área central de Montes Claros e para outros bairros da cidade, bem como acesso ao anel rodoviário sul, saída para a BR135.

Os quarteirões localizados nessas duas avenidas são densamente ocupados por atividades comerciais, notadamente no centro do bairro. Dessa forma, à medida que se afasta dessa área, que é bastante ampla em relação à dimensão total desse subcentro, vê-se a ocorrência de residências, denotando uma nítida separação entre uso comercial e residencial. O resultado apresentado no mapa 1 demonstra, também, a ocorrência, nesse subcentro, de instituições públicas, unidades de ensino e de saúde, templos religiosos e áreas verdes.

Leite e Pereira (2004, p. 6), estudando a dinâmica dessa área, afirmam que:

As atividades comerciais do bairro estão con-centradas em dois pontos principais: a Ave-nida Francisco Gaetani e a AveAve-nida Castelar Prates. (Figura 1) A primeira se destaca por uma diversidade de lojas, dentre as quais se destacam as lojas de vestuário, calçados, materiais escolares e móveis. As farmácias e padarias do bairro, também, estão localiza-das nessa avenida. A segunda se caracteriza por uma grande concentração de bares, pizzarias e sorveterias.

O desenvolvimento de atividades de comércio e serviços, juntamente com o crescimento intenso de sua população e aliado ao processo de descentralização das atividades centrais e às transformações econômicas da cidade de Montes Claros, contribuiu para a formação desse importante subcentro.

Sobre isso, Tourinho (1989, p. 289) aponta que: Essas áreas especialmente equipadas apresentam características diferenciadas que as potencializam como pontos de concentração de atividades e permitem que funcionem como intercambiadores de fluxos, os mais diversos – comerciais, direcionais, informacionais, culturais etc.

O consumo nos subcentros das cidades não se define apenas por fatores meramente opcionais. Ele está estritamente ligado a fatores como deslocamento, otimização do tempo, custos econômicos e comodidade dos moradores dos bairros. É sabido que o deslocamento para o núcleo central tem sido caro e demorado, de forma que se torna oneroso para os grupos de baixo poder aquisitivo. Desse modo, o consumo nos bairros justifica-se pela comodidade que o subcentro proporciona, uma vez que, localizando-se próximo às residências dos moradores, dispensa- os de ter de pagar o deslocamento para consumir e satisfazer às suas necessidades.

A prosperidade/complexidade/dinamismo do subcentro Major Prates deve-se à proximidade com a rodoviária da cidade, com o Montes Claros Shopping Center, com a saída para a rodovia BR 365 e com a instalação de uma boa rede de infra-estrutura básica: água, luz, esgoto, pavimentação, telefonia, vias de comunicação e circulação. É, portanto, um espaço de acessibilidades ideal para a manifestação de centralidades.

Sobre a centralidade, conquanto se afigure um princípio constitutivo no plano do espa-ço urbano, é preciso destacar, incessantemen-te, que a troca de produtos sempre esteve associada a ela. Os lugares escolhidos para a troca de produtos comumente implicaram situações estratégicas. Em outras palavras, a atividade comercial sempre demandou centralidade, o que também significa dizer acessibilidade (PINTAUDI, 2006, p. 155). Uma outra tendência presente nesse subcentro, de

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acordo com seu dinamismo e diversidade de serviços, é o atendimento a bairros de outras regiões da cidade, assim como aos distritos de Montes Claros. Tal fato é viabilizado pela sua posição geográfica, favorecida pela proximidade com a BR 365, que faz com que o Major Prates se destaque como ponto de passagem de pessoas que visitam ou passam pela cidade. Isso denota que a área de influência do subcentro do Major Prates é maior, estendendo-se a bairros vizinhos e a distritos de Montes Claros.

Essa localização, próxima a importantes vias de acesso, contribuiu para que fosse desenvolvido no bairro um amplo comércio varejista, pois as pessoas que vinham da zona rural para comprar, principalmente roupas e alimentos, preferiam fazer suas compras em um local mais próximo, sem ter que se deslocar até a área central (LEITE; PEREIRA, 2004, p. 5).

A configuração do subcentro Major Prates indica a existência de um espaço econômico de consumo que se forma a partir das intervenções e ações de grupos públicos e privados, bem como de alianças entre eles. Isso se evidencia a partir da disponibili-dade dos equipamentos urbanos, infra-estruturas, comércio e serviços, ali existentes, para atender ao potencial consumidor de uma população densa e expressiva no tocante à cidade de Montes Claros. Essa idéia encontra sustentação em Segadas Soares (1987, p. 133), quando ela preceitua que:

Um planejamento minucioso, apoiado em estudos detalhados da realidade, deve ser ela-borado para resolver os gravíssimos proble-mas dessas áreas, [...] já densamente povoa-das, em que [...] o congestionamento do trá-fego, a falta de áreas de recreação, a falta de escolas, a insuficiência de rede de esgotos, água e telefone mostram-nos a presente ne-cessidade de planejar a reestruturação des-sas áreas, tomando, como pontos de apoio, os subcentros já existentes.

A produção e reprodução que se processam nesse espaço, todavia, não inviabilizam melhorias para

possibilitar investimentos diversos, e, com isso, melhorar a vida dos seus moradores. Desse modo, assim como em todo subcentro, detectam-se, no Major Prates, problemas relacionados à moradia, à ineficiência ou à baixa qualidade dos transportes coletivos, e à ausência de áreas verdes e vias de lazer, entre outros. Nota-se que os referidos pro-blemas estão associados às necessidades urgentes da população, daí a exigência de investimentos que proporcionem melhorias.

Considerações finais Considerações finaisConsiderações finais Considerações finaisConsiderações finais

Diante do exposto, pode-se inferir que a cidade de Montes Claros passa por importantes transforma-ções socioespaciais, entre as quais a redefinição de sua centralidade.

Os subcentros existentes na cidade estão relaciona-dos, sobretudo, com o comércio de bairro, princi-palmente de produtos de consumo imediato, mas que apresentam uma tendência à diversificação e à especialização de atividades. A proximidade a eixos de acesso rodoviário e a heterogeneidade funcional e de consumo caracterizam o subcentro Major Prates, aqui analisado.

Esse subcentro atrai atividades de comércio e ser-viços, sobretudo por possuir um solo a baixo custo, onde o acesso é facilitado pelo sistema de transpor-te que intranspor-tegra as BRs que intranspor-terligam Montranspor-tes Claros a outras regiões, além de facilitar os deslocamentos intra-urbanos e interurbanos. As atividades econô-micas desenvolvidas no subcentro Major Prates são bastante diversificadas e concentram-se nas Aveni-das Francisco Gaetani e Castelar Prates.

O Major Prates é o subcentro popular de maior di-versificação e heterogeneidade funcional de Mon-tes Claros. Aspectos como a situação geográfica, a proximidade ao Montes Claros Shopping Center e ao Hipermercado Bretas, além das infra-estruturas instaladas e do grande adensamento populacional, resultaram na dinamização econômica desse subcentro no interior da cidade.

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Esse subcentro é dotado de uma ampla heterogeneidade funcional e variado mercado con-sumidor, constituído pelos moradores do Major Prates, de bairros de Montes Claros, bem como população de cidades e distritos adjacentes e que tem como eixo de passagem a BR 365, localizada nas proximidades desse subcentro.

Uma importante ação, que poderia amenizar as de-sigualdades nas cidades, seria estimular a formação de subcentros de comércio e serviços em áreas não restritas ao centro principal, a fim de atender às populações, sobretudo, às de baixo poder aquisiti-vo, que não possuem condições de transportes para se deslocarem até o núcleo central, a fim de satisfa-zerem as suas necessidades de consumo.

São essas populações, no entanto, que criam novas formas de consumo e sobrevivência nos subcentros das médias cidades. Essas ações poderiam atingir as periferias das cidades, quer seja pela atuação dos pequenos e médios capitais econômicos, quer seja pelo próprio poder público municipal. Assim, o co-mércio da área central das cidades iria se descentra-lizar espacialmente, ocasionando uma nova relocalização de atividades em bairros de grande adensamento populacional com possibilidade de maior qualidade de vida para a população, bem como reprodução do capital. Referências Referências Referências Referências Referências

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Imagem

Figura 01 – Figura 01 – Figura 01 – Figura 01 –

Referências

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