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CADERNO PENAL 2 BIM

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Academic year: 2021

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DIREITO PENAL Profª Márcia Helena Bosch

2º bimestre Renata Valera

Código Penal - Art. 267 a 285

Lei de Drogas (Lei nº 11.343/06) - Art 1º ao 47

SUMÁRIO

CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA ... 2

CÓDIGO PENAL ... 2

Art. 267 - Epidemia ... 2

Art. 268 - Infração de medida sanitária preventiva ... 4

Art. 269 - Omissão de notificação de doença ... 6

Art. 270 - Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal ... 7

Art. 271 - Corrupção ou poluição de água potável ... 9

Art. 272 - Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios ... 10

Art. 273 - Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais ... 14

Art. 274 - Emprego de processo proibido ou de substância não permitida ... 18

Art. 275 - Invólucro ou recipiente com falsa indicação ... 19

Art. 276 - Produto ou substância nas condições dos dois artigos anteriores ... 20

Art. 277 - Substância destinada à falsificação ... 21

Art. 278 - Outras substâncias nocivas à saúde pública ... 22

Art. 279 - Substância avariada (Revogado pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) ... 24

Art. 280 - Medicamento em desacordo com receita médica ... 24

Art. 281 - Comércio clandestino ou facilitação de uso de entorpecentes (Revogado pela Lei nº 6.368, 1976) 25 Art. 282 - Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica ... 25

Art. 283 - Charlatanismo ... 26

Art. 284 - Curandeirismo ... 27

Art. 285 - Forma qualificada ... 29

TABELA COMPARATIVA DOS CRIMES QUANTO À SUA CLASSIFICAÇÃO ... 30

TABELA COMPARATIVA DOS CRIMES QUANTO À TENTATIVA ... 31

LEI ANTIDROGAS - LEI Nº 11.343/2006 ... 31

Drogas – classificação ... 31

Arts. 1º ao 30 da Lei de Drogas ... 33

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CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA

Estudaremos este bimestre os crimes que tutelam a saúde pública, tipos penais que incriminam condutas que lesionam ou ao menos colocam em perigo um número indeterminado de pessoas ou bens em proteção à saúde pública.

Além do Código Penal em seu capítulo III do Título VIII, também a legislação extravagante protege a saúde pública, como a Lei Antidrogas (Lei nº 11.343/06) - que também estudaremos este bimestre, além do CP -, a Lei do Meio Ambiente (Lei nº 9.605/98), Lei dos remédios (Lei nº 9.677/98), Lei dos Crimes Hediondos (Lei nº 8.072/90), Lei de Contravenções Penais em seu art. 38.

A base desta proteção encontra-se na Constituição Federal em seu art. 196, in verbis:

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

De acordo com o consagrado no texto constitucional supra, o Estado deve tutelar a saúde pública.

CÓDIGO PENAL

TÍTULO VIII - DOS CRIMES CONTRA A INCOLUMIDADE PÚBLICA CAPÍTULO III - DOS CRIMES CONTRA A SAÚDE PÚBLICA

Sempre lembrar neste capítulo, ocorrendo morte ou lesões corporais as penas são aumentadas (art. 258):

Formas qualificadas de crime de perigo comum

Art. 258 - Se do crime doloso de perigo comum resulta lesão corporal de natureza grave, a pena privativa de liberdade é aumentada de metade; se resulta morte, é aplicada em dobro. No caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço.

Art. 267 - Epidemia Epidemia

Art. 267 - Causar epidemia, mediante a propagação de germes patogênicos:

Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) § 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.

§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos.

Objeto jurídico: A incolumidade pública, especialmente a saúde pública. Sujeito ativo: Qualquer pessoa, até mesmo a própria pessoa infectada. Sujeito passivo: A coletividade.

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 Núcleo do tipo: causar - significa provocar, motivar, produzir.

 O núcleo causar é conduta que se conjuga com epidemia. Epidemia é doença que ataca ao mesmo tempo muitas pessoas da mesma terra ou região (exemplos: epidemia de varíola, febre amarela, febre tifóide, etc).

Meio de execução: O meio de execução deve ser o indicado pela lei: “mediante a propagação de germes patogênicos”. Delito de forma vinculada.

 Propagação é o ato de difundir, multiplicar, transmitir.

Germes patogênicos são os microrganismos (vírus, bactérias, cogumelos microscópicos, protozoários) capazes de produzir moléstias infecciosas.

Tipo subjetivo: Dolo

 O dolo (vontade livre e consciente de propagar) e o elemento subjetivo que o tipo contém, representado pelo especial fim de causar epidemia. A doutrina tradicional divide-se, indicando o "dolo específico" (H. Fragoso) ou o "genérico" (Magalhães Noronha). (Delmanto)

 Dolo de perigo (Nucci, p. 1012) A figura culposa é prevista no § 2º. Classificação: Trata-se de crime:

Comum (Nucci)

 Material (delito que exige, para sua consumação, a ocorrência de resultado naturalístico, consistente em haver epidemia, algo que, por si só, é atentatório à saúde pública) (Nucci)

 De forma vinculada (delito que somente pode ser cometido através da propagação de germes patogênicos) (Nucci)

Comissivo (o verbo implica em ação) (Nucci); excepcionalmente omissivo impróprio ou comissivo por omissão (quando o agente tem o dever jurídico de evitar o resultado, nos termos do art. 13, §2º, CP) (Nucci)

Omissivo (Noronha, Delmanto)

 Instantâneo (a consumação não se prolonga no tempo)

 Perigo comum concreto (coloca um numero indeterminado de pessoas em perigo ms necessita ser provado) (Nucci, Delmanto)

 Unissubjetivo (pode ser cometido por um único sujeito),

 Unisubsistente (praticado num único ato) ou plurissubsistente (ação é composta por vários atos, permitindo-se seu fracionamento) conforme o caso concreto (Nucci)

Consumação: Com o surgimento da epidemia, devendo restar comprovado o perigo concreto para um número indeterminado de pessoas. (Delmanto)

Tentativa:

Admite tentativa na forma plurissubsistente (Nucci, p. 1014) - Nucci menciona exemplo dado por Hungria: pode haver mera tentativa caso as autoridades sanitárias adotem medidas suficientes para evitar o surto, no entanto, ainda assim, houve início de contágio, de modo que o perigo se concretizou.

Admite tentativa (Delmanto) Ação penal: Pública incondicionada.

Parágrafo 1º: crime qualificado pelo resultado: § 1º - Se do fato resulta morte, a pena é aplicada em dobro.

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A conduta antecedente deve ser sustentada pelo dolo de perigo, enquanto a conseqüente (morte) somente comporta culpa.

Crime hediondo: Trata-se de crime hediondo (art. 1º, VII da Lei 8.072/90). Parágrafo 2º: forma culposa e qualificada pelo resultado:

§ 2º - No caso de culpa, a pena é de detenção, de um a dois anos, ou, se resulta morte, de dois a quatro anos.

Forma culposa: A primeira parte do §2º é punida a título de culpa, caso o agente atue com imprudência, negligência ou imperícia, havendo previsibilidade do resultado. A epidemia é causada pela falta de cuidado objetivo necessário.

Pena de detenção, de um a dois anos.

Forma qualificada pelo resultado: A segunda parte do parágrafo cuida da figura qualificada pelo resultado, em que há culpa na conduta antecedente e culpa no tocante ao resultado qualificador. Da conduta culposa resulta morte.

Pena de detenção de dois a quatro anos.

Art. 268 - Infração de medida sanitária preventiva Infração de medida sanitária preventiva

Art. 268 - Infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa:

Pena - detenção, de um mês a um ano, e multa.

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.

Objeto jurídico: A incolumidade pública, no particular aspecto da saúde pública. Sujeito ativo: Qualquer pessoa.

Sujeito passivo: A coletividade. Tipo objetivo:

Núcleo do tipo: O núcleo é infringir, que significa violar, transgredir, desrespeitar, desobedecer. O que se pune é a conduta de infringir determinação do Poder Público, destinada a impedir (obstruir, tornar impraticável) introdução ou propagação de doença contagiosa.

Determinação do Poder Público: Trata-se de norma penal "em branco", que se completa com a existência de outra lei, decreto, portaria ou regulamento que tenha caráter de ordem ou proibição. Tal complemento deve visar a impedir a introdução (entrada) ou propagação (difusão) de doença contagiosa (estado mórbido contagioso ao homem). (Delmanto e Nucci)

Revogação da norma complementar: Na hipótese de revogação da norma complementar, divide-se a doutrina em três posições:

o Retroage em favor do agente, excluindo a ilicitude (H. Fragoso e Delmanto)

 Retroatividade benéfica dependendo do caso concreto, de acordo com o motivo pelo qual a norma complementar foi revogada: (I) Se foi revogada porque a medida é inócua para o efetivo resultado pretendido, não há razão para punir o agente; (II) Se foi revogada porque a doença já foi contida é preciso aplicar o art.

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3º do CP, considerando ultrativo o complemento, mantendo-se a punição do agente (Nucci)

o Não retroage (Hungria)

o Em princípio não retroage, mas não se pode deixar de fazer concessões (Magalhães Noronha)

Tipo subjetivo: Dolo

Delmanto: Dolo, representado pela vontade livre e consciente de infringir a determinação, com a consciência de que estará colocando em perigo a incolumidade pública; na doutrina tradicional é o "dolo genérico".

Nucci: Dolo de perigo, ou seja, a vontade de gerar um risco não tolerado a terceiros. Não há forma culposa.

Classificação: Trata-se de crime:

 Comum

 Formal (não exige, para sua consumação, resultado naturalístico, consistente em gerar efetivo dano a alguém); havendo dano ocorre o exaurimento (Nucci)

 De forma livre (pode ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente)

 Comissivo (o verbo implica em ação), e excepcionalmente, omissivo impróprio ou comissivo por omissão (quando o agente tem o dever jurídico de evitar o resultado, nos termos do art. 13, §2º do CP) (Nucci)

 Comissivo ou omissivo (praticável apenas por aqueles que deviam e podiam agir – CP, art. 13, § 2º) (Delmanto, p. 681)

Instantâneo (a consumação não se prolonga no tempo) (Nucci)

 De perigo comum abstrato (aquele que coloca um número indeterminado de pessoas em perigo, que é presumido pela lei) (Nucci)

 Perigo concreto, exigindo-se a prova do perigo concreto, não bastando a simples infração (Delmanto, p. 681)

Unissubjetivo (pode ser cometido de um único jeito) (Nucci)

 Plurissubsistente (delito cuja ação é composta por vários atos, permitindo-se seu fracionamento) (Nucci)

Erro: O eventual erro do agente deve ser apreciado à luz do art. 21 (erro de proibição) ou 20 (erro de tipo) do CP. (Delmanto)

Consumação: Com a violação, sem necessidade de que ocorra a introdução ou a propagação de doença contagiosa.

Deve a conduta, todavia, colocar efetivamente em risco o bem jurídico tutelado, o que não poderá dar-se por presunção, ainda que legal.

Ex: A violação de uma determinação do Poder Público que tenha pouca importância no que tange a impedir a introdução ou propagação de doença contagiosa ou mesmo que não seja capaz de colocar em risco a saúde publica.

Tentativa:

Admite tentativa (Nucci, p. 1015)

Admite-se nos casos de condutas fracionáveis (plurissubsistentes). (Delmanto, p. 680)

Confronto: Caso a conduta do agente vise a obstar ou a dificultar a ação fiscalizadora do poder publico no trato de questões ambientais, vide art 69 da Lei 9.605/98. (Delmanto, p. 682)

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Sangue: A inobservância das normas da Lei nº 7.649/88, que dispõe sobre a obrigatoriedade do cadastramento dos doadores e a realização de exames laboratoriais, configura o delito do art. 268 do CP (art. 9º da Lei nº 7.649/88). (Delmanto, p. 682)

Ação penal: Pública incondicionada.

Parágrafo único: causa de aumento de pena:

Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se o agente é funcionário da saúde pública ou exerce a profissão de médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.

Se o autor do crime for funcionário da saúde pública, médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro, que exercem a profissão, agrava-se especialmente a pena, pois tais pessoas tem obrigação de evitar a propagação ou introdução de doenças contagiosas, pelo próprio dever inerente ao cargo ou função que possuem.

Tal causa de aumento exige habitualidade na atividade profissional do médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro, não bastando, pois, que ostentem tais títulos.

A punição mais severa nestes casos justifica-se em face da maior reprovabilidade da conduta daquele que, tendo as funções descritas acima, pratica mesmo assim a conduta incriminada.

Art. 269 - Omissão de notificação de doença Omissão de notificação de doença

Art. 269 - Deixar o médico de denunciar à autoridade pública doença cuja notificação é compulsória: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.

Objeto jurídico: A incolumidade pública, no especial aspecto da saúde pública. Sujeito ativo: Somente o médico (delito próprio).

“A obrigação de denunciar só é exigida do médico, e não também do farmacêutico” (TACrSP, RT492/355) Sujeito passivo: A coletividade.

Tipo objetivo:

Núcleo do tipo: A conduta punida é a de deixar o médico de denunciar (omitir-se em comunicar) à autoridade pública. Deixar de denunciar significa não delatar ou negar conhecimento sobre alguma coisa. O objeto é doença de notificação obrigatória.

Norma penal em branco: Trata-se de norma penal em branco, pois a falta de comunicação deve referir-se a doença cuja notificação é compulsória, o que exigirá análise da legislação (leis, decretos e, especialmente, regulamentos) vigente. Assim, torna-se indispensável conhecer o rol das doenças de que o Estado deseja tomar conhecimento.

Classificação: Trata-se de crime:

 Próprio (demanda sujeito ativo especial ou qualificado) (Nucci, p. 1016)

 De mera conduta (crime que não possui, para sua consumação, qualquer resultado naturalístico) (Nucci, p. 1016)

 De forma vinculada (crime que só pode ser cometido pelo meio eleito pelo tipo penal) (Nucci, p. 1016)

 Omissivo (Nucci, p. 1016)

o Omissivo próprio/puro (professora)

 Instantâneo

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o De perigo presumido (professora)

 Unissubjetivo (pode ser cometido por um único sujeito)

 Unissubsistente (praticado num único ato) Tipo subjetivo: Dolo

 O dolo, consistente na vontade livre e consciente de praticar a omissão. Se o agente não tinha conhecimento da obrigação de comunicar a doeça, poderá haver isenção ou diminuição da pena (art. 21, CP). Na escola tradicional é o "dolo genérico" (Delmanto, p. 683)

Dolo de perigo, ou seja, a vontade de gera um risco não tolerado a terceiros (Nucci, p. 1016) Não há forma culposa.

Portaria n° 1.100, de 24.5.96, do Ministério da Saúde:

De acordo com o art. 1º da referida portaria, é compulsória a comunicação das seguintes doenças: 1) Em todo o território nacional: cólera, coqueluche, dengue, difteria, doença meningocócica e

outras meningites, doença de Chagas (casos agudos), febre amarela, febre tifóide, hanseníase, leishmaniose tegumentar e visceral, oncocercose, peste, poliomielite, raiva humana, rubéola e síndrome de rubéola congênita, sarampo, sífilis congênita, síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), tétano, tuberculose, varíola, hepatites virais.

2) Em áreas específicas: esquistossomose (exceto nos Estados do Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Alagoas, Pernambuco e Sergipe), filariose (exceto Belém), malária (exceto na região da Amazônia Legal).

De acordo com o art. 2º da mesma portaria, “outras doenças poderão ser consideradas de notificação compulsória, no âmbito da unidade federada que assim as considerem, mediante prévia justificativa, submetidas ao Ministério da Saúde”.

Consumação: Com o esgotamento de eventuais prazos regulamentares para comunicação ou, na ausência destes, com a prática de ato incompatível com a obrigação de denunciar/comunicar.

Tentativa: Não se admite, pois é delito omissivo puro, sem possibilidade de fracionamento do iter criminis.

Art. 154, CP

Art. 285, CP – forma qualificada Art. 258, CP

Ação penal: Pública incondicionada.

Art. 270 - Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal Envenenamento de água potável ou de substância alimentícia ou medicinal

Art. 270 - Envenenar água potável, de uso comum ou particular, ou substância alimentícia ou medicinal destinada a consumo:

Pena - reclusão, de dez a quinze anos. (Redação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)

§ 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada.

Modalidade culposa § 2º - Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Crime não hediondo: O art. 1º da Lei n° 8.072/90, em conformidade com o art. 5º, XLIII, da CF/88, considerava hediondo o crime de envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou

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medicinal qualificado pela morte (art. 270 c/c art. 285). Tal previsão, todavia, foi excluída por ocasião da nova relação dos crimes hediondos trazida pela Lei nº 8.930/94, que deu nova redação ao art. 1º da Lei n° 8.072/90. Esta exclusão, por ser mais benéfica, deve retroagir. (Delmanto, p. 684)

Objeto jurídico: A incolumidade pública, especialmente a saúde pública. Sujeito ativo: Qualquer pessoa.

Sujeito passivo: A coletividade. Tipo objetivo:

Núcleo do tipo: O núcleo envenenar tem a significação de pôr ou lançar veneno, entendendo-se este como a substância mineral ou orgânica que, absorvida, causa a morte ou dano sério ao organismo. Misturar substância que altera ou destrói as funções vitais do organismo em alguma coisa ou intoxicar.

Objeto material:

o Água potável, de uso comum ou particular.

 Água potável é a chamada água de alimentação, excluindo-se outras águas que têm serventia diversa, como as não potáveis.

 A água pode destinar-se a uso comum ou particular. Pode ser a água de uma fonte, lago ou qualquer lugar de livre acesso público, portanto, de uso comum, ou a água de uma propriedade particular, sendo de uso privativo de alguém.  Não há conceito absoluto rígido sobre o que seja água potável - Prova da

potabilidade: “O conceito de potabilidade da água é relativo, e dado em função do uso que as populações fazem daquela água” (TFR, Ap. 6.710, DJU 28.8.86, p.15007).

o Substância alimentícia (destinada a consumo). É a substância destinada à alimentação (líquida ou sólida) de indeterminado número de pessoas.

o Substância medicinal destinada a consumo. Entende-se como sendo a substância destinada à cura, melhora ou prevenção de doenças de número indeterminado de pessoas.

o Destinação de consumo: Não basta ser substancia alimentícia ou medicinal, exigindo o tipo penal ainda que seja reservada para consumo, isto é, destinada a ser utilizada e ingerida por um número indeterminado de pessoas.

Classificação: Trata-se de crime:

 Comum

Formal (se houver dano, ocorre o exaurimento) (Nucci)

 Comissivo e, excepcionalmente, omissivo impróprio ou comissivo por omissão (quando o agente tem o dever de evitar o resultado – art. 13, §2º, CP) (Nucci)

Instantâneo (Nucci)

Perigo comum abstrato / perigo presumido (Delmanto e Nucci)

Conforme o caso concreto, unissubsistente ou plurissubsistente (Nucci) Tipo subjetivo: Dolo

A modalidade culposa é prevista no § 2º.

Consumação: Com a superveniência da situação de perigo comum. Tentativa: Admite-se (Nucci e Delmanto)

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 Art. 271, CP - Se a substancia lançada pelo agente não for capaz de envenenar ninguém (o que dependerá de análise do caso concreto), mas tornar a água, de uso comum ou particular, imprópria para consumo ou nociva a saúde, o crime será o do art. 271, CP.

 Art. 272, CP - Em caso de produto ou substância alimentícia deve ser observado o art. 272 do CP.

 Art. 273, CP - Em caso de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais.

 Art. 54, Lei 9.605/98 – Em caso de poluição ambiental. Ação penal: Pública incondicionada.

Parágrafo 1º: forma culposa:

§ 1º - Está sujeito à mesma pena quem entrega a consumo ou tem em depósito, para o fim de ser distribuída, a água ou a substância envenenada.

Tipo objetivo:

Núcleo do tipo:

o Entregar significa passar à posse de outra pessoa, gratuita ou onerosamente, para o fim de ser ingerida ou degustada.

o Ter em depósito significa conservar em local seguro. Para Delmanto (p. 685) esta guarda deve ser a fim de distribuir, não bastando a simples guarda residencial sem tal finalidade.

Objeto: A água ou substância envenenada.

Tipo subjetivo: Na modalidade “ter em depósito” há elemento subjetivo do tipo diferente do caput, que consiste no especial fim de agir (dolo específico: finalidade de distribuir). Delmanto (p. 685) e Nucci (p. 1018)

Classificação:

Na modalidade “ter em depósito” o crime é permanente. (Nucci, p. 1017)

Perigo concreto de dano – deve haver a comprovação (Delmanto, p. 685) Parágrafo 2º: forma culposa:

Modalidade culposa § 2º - Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Se a prática das condutas previstas no caput forem fruto de imprudência, imperícia ou negligencia, o crime será punido com a pena deste parágrafo.

Remissão: Arts. 285 e 258 do CP, se resulta lesão corporal ou morte de alguém. Art. 271 - Corrupção ou poluição de água potável Corrupção ou poluição de água potável

Art. 271 - Corromper ou poluir água potável, de uso comum ou particular, tornando-a imprópria para consumo ou nociva à saúde:

Pena - reclusão, de dois a cinco anos. Modalidade culposa

Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de dois meses a um ano.

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Objeto jurídico: A incolumidade pública, especialmente a saúde pública. Sujeito ativo: Qualquer pessoa.

Sujeito passivo: A coletividade. Tipo objetivo:

Núcleo do tipo:

o Corromper significa estragar ou adulterar o Poluir significa tornar prejudicial a saúde

Objeto: A água potável

Tipo misto alternativo: Trata-se de tipo alternativo, de modo que a prática de uma ou das duas condutas implica num único delito, quando no mesmo contexto.

Tipo subjetivo: Dolo

Dolo de perigo (vontade de gerar risco não tolerado a terceiros) (Nucci)

 O dolo, consistente na vontade livre e consciente de corromper ou poluir, com conhecimento do perigo para indeterminado número de pessoas. Na doutrina tradicional é o "dolo genérico". A figura culposa é prevista no parágrafo único. (Delmanto)

Consumação: Com a efetiva impropriedade ou nocividade provocada pela corrupção ou poluição, independentemente de real dano às pessoas.

Tentativa:

 Admitida por Delmanto, em vista de ser conduta que pode ser fracionada (Delmanto, p. 687)

 Admitida por Nucci (p. 1018) Classificação: Trata-se de crime:

 Comum

Formal – com o dano há o exaurimento (Nucci)

 Comissivo e, excepcionalmente, omissivo impróprio ou comissivo por omissão (agente com dever de agir) (Nucci, p. 1018)

 Instantâneo

 Crime de perigo comum abstrato (coloca número indeterminado de pessoas em perigo e é presumido pela lei) (Nucci)

Unissubjetivo (Nucci)

Plurissubsistente (Nucci) Confronto:

 Se há envenenamento das águas, art. 270 do CP (se poluiu ou corrompeu a água é crime deste artigo, se envenenou é o crime do 270)

 Se produz poluição ambiental não será crime do CP. Será do art. 54 da Lei Ambiental (9605/98)

 Poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público - art. 54, § 2°, Ill, da Lei n° 9.605/98

Remissão: Arts. 285 e 258 do CP, se da corrupção ou poluição resulta lesão corporal ou morte de alguém.

(11)

Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de substância ou produtos alimentícios (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

Art. 272 - Corromper, adulterar, falsificar ou alterar substância ou produto alimentício destinado a consumo, tornando-o nociva à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) § 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vende, expõe à venda, importa, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo a substância alimentícia ou o produto falsificado, corrompido ou adulterado. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

§ 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as ações previstas neste artigo em relação a bebidas, com ou sem teor alcoólico. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

Modalidade culposa

§ 2º - Se o crime é culposo: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Objeto jurídico: A incolumidade pública, em especial a saúde pública.

Sujeito ativo: Qualquer pessoa.

Sujeito passivo: A coletividade, ou seja, número indeterminado de pessoas. Tipo objetivo:

Núcleo do tipo: Alternativamente, são previstos quatro núcleos:

o corromper, que significa estragar, desnaturar (alterando a essência para pior); o adulterar, isto é, alterar, mudar, modificar para pior, deformar ou deturpar;

o falsificar, que significa contrafazer, reproduzir através de imitação, dar aparência de genuíno ao que não é;

o alterar, que significa mudar, modificar, transformar.

 Todas as condutas devem compor-se, alternativamente, com:

o “tornar” (converter em algo) nocivo à saúde (nocividade positiva – o alimento torna-se impróprio para o consumo – torna nociva para a saúde), ou;

o “reduzir” (diminuir as proporções) o valor nutritivo (nocividade negativa – redução do valor nutritivo).

 É imprescindível que a corrupção, adulteração, falsificação ou alteração:

o torne a substância ou o produto alimentício nocivo à saúde ("tornando-o nocivo à saúde"), ou seja, prejudicial, danoso á saúde humana;

o reduza o valor nutritivo da substância ou produto alimentício ("reduzindo-lhe o valor nutritivo"), como no exemplo clássico da adição de água ao leite.

Objeto: A substância ou produto alimentício destinado a consumo.

Tipo misto alternativo (a prática de uma ou mais condutas implica na realização de um único delito, desde que no mesmo contexto fático).

Tipo subjetivo: Dolo:

 Delmanto: Consistente na vontade livre e consciente de corromper, adulterar, falsificar ou alterar, com conhecimento da destinação a consumo da substância ou do produto e do perigo comum. Na escola tradicional é o "dolo genérico".

 Nucci: é o dolo de perigo, ou seja, a vontade de gerar um risco não tolerado a terceiros. o Não se exige elemento subjetivo específico.

Forma culposa no §2º.

Consumação: Quando a substância ou produto se torna nocivo à saúde ou tem seu valor nutritivo reduzido.

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Tentativa: Admite-se. Confronto com o CP:

 Em caso de envenenamento de água potável ou substância alimentícia ou medicinal, conferir art. 270.

 Em caso de água potável, de uso comum ou particular, art. 271.

 Se a conduta recair sobre produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais, art. 273.

 Em caso de substancia destinada à falsificação de produtos alimentícios, art. 277. Confronto com as Leis 8.137/90 e 8.078/90:

 Tratando-se das relações de consumo, e não havendo perigo para a saúde pública, cf. art. 7º da Lei n. 8.137/90, que trata de venda de mercadoria imprópria para o consumo, bem como da fraude de preços mediante a mistura de gêneros.

 Em caso de afirmação falsa ou enganosa, ou ainda omissão de informação relevante, art. 2º, III e V da Lei 1.521/51, cuja vigência é questionável em face dos citados diplomas.

Classificação: Trata-se de crime:

 Comum (pode ser cometido por qualquer pessoa)

 Formal (não exige, para sua consumação, resultado naturalístico, consistente em gerar efetivo dano a alguém); havendo dano ocorre o exaurimento

 De forma livre (pode ser cometido por qualquer meio eleito pelo agente)

Nucci: Comissivo (ação), e excepcionalmente, omissivo impróprio ou comissivo por omissão (quando o agente tem o dever jurídico de evitar o resultado, nos termos do art. 13, §2º do CP) (p. 1020)

Delmanto: Embora os núcleos, em regra, devam ser praticados por comissão, é possível (com exceção do núcleo “falsificar”) que sejam praticados por omissão, caso o agente devia e podia agir para evitar o resultado (art. 13, §2º, CP) (p. 688)

Professora: Comissivo e omissivo (deixar de colocar alguma coisa no produto, ou deixar de ter o cuidado necessário para evitar que algo caia lá dentro – ex1: o cara que caiu dentro do troço da coca cola e morreu, aí ficou lá unha, ossos, restos do cara... ex 2: o rato dentro do bolo!).

 Instantâneo nas formas fabricar, vender e importar; permanente nas formas expor a venda e ter em depósito (Nucci, p. 1021)

 De perigo comum abstrato (aquele que coloca um número indeterminado de pessoas em perigo, que é presumido pela lei)

o Professora: Crime de perigo presumido (lançou no mercado já era - ex: açúcar no vinho, pra ele ficar mais doce – nocividade para o diabético, que consome sem ter consciência da quantidade de açúcar)

 Unissubjetivo (pode ser cometido de um único jeito)

 Plurissubsistente (delito cuja ação é composta por vários atos, permitindo-se seu fracionamento)

Ação penal: Pública incondicionada. Inconstitucionalidade:

 Há corrente que defende a inconstitucionalidade, sustentando ofensa ao princípio da ofensividade e da proporcionalidade, e que a conduta deveria ser regulada só pelo CDC.

o Delmanto: Antes da alteração legislativa sofrida por este art. 272, caput, a incriminação limitava-se às condutas que tornassem a substância alimentícia nociva à saúde. O atual art. 272 passou também a punir a redução do valor nutritivo da substancia ou produto alimentício. É possível notar, de lege ferenda, que a atual redação deste art. 272 viola o princípio da proporcionalidade, uma vez que se pune com a mesma severa pena duas

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condutas de gravidade muito diferentes. De outro lado, em face do princípio da ofensividade, para que haja crime contra a saúde pública, deve haver lesão ou ao menos perigo de lesão à saúde humana. Mostra-se, portanto, inconstitucional a incriminação da simples redução do valor nutritivo de substância ou produto destinado a consumo, sem efetiva possibilidade de causar danos à saúde humana, com penas tão elevadas de reclusão de quatro a oito anos, em multa, sem prejuízo, contudo da configuração de crime contra as relações de consumo. (Delmanto, p. 688)

o No sentido da inconstitucionalidade, mas não se enquadrando expressamente nela, Guilherme Nucci: “Crítica à pena excessiva e desproporcional: o tipo penal prevê punição idêntica para aquele que torna prejudicial à saúde a substância alimentícia e para quem apenas lhe diminui o valor nutritivo, embora, este último caso, possa não existir, em grande parte das vezes, qualquer perigo imediato e razoável para a saúde. Aliás, tal modificação, introduzida pela Lei 9.677/98, também alterou a pena, que era de reclusão, de dois a seis anos, e multa, para reclusão, de quatro a oito anos, mantendo-se a multa.” (Nucci, p. 1020)

Outra corrente: isso é conduta criminosa sim! (professora) Morte ou lesão corporal: Remissão do art. 285, CP.

Delmanto: Incongruência: Dispõe o art. 285 do CP que "aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes previstos neste Capítulo, salvo quanto ao definido no art. 267". O art. 258, por sua vez, estabelece em sua 2ª parte que "no caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço". A pena para a figura culposa prevista no antigo § 2º do art. 272, que era de seis meses a um ano de detenção, foi aumentada para um a dois anos de detenção em virtude da Lei 9.677/98. Assim, se do fato resultar lesão corporal, a pena mínima será de um ano e seis meses. Já se o resultado for morte, aplicando-se a pena cominada ao homicídio culposo acrescentada de um terço (art. 121, § 3º, c/c art. 258), ter-se-á pena mínima de um ano e quatro meses. Quanto à figura culposa, pune-se mais severamente o crime deste art. 272 quando resultar lesão corporal (inclusive leve) do que quando resultar morte, o que viola o principio da proporcionalidade. (Delmanto, p. 690)

Parágrafos 1º-A e 1º: figuras equiparadas:

§ 1º-A - Incorre nas penas deste artigo quem fabrica, vende, expõe à venda, importa, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo a substância alimentícia ou o produto falsificado, corrompido ou adulterado. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

Mesmo objeto jurídico e sujeitos (ativo e passivo). Tipo objetivo:

 Núcleos:

o Fabricar (produzir na fábrica, manufaturar, preparar) o Vender (alienar a título oneroso)

o Expor à venda (manter em exposição para indeterminado número de pessoas, com oferecimento, ainda que tácito, de venda)

o Importar (fazer vir de outro país)

o Ter em depósito para vender (ter à disposição ou sob guarda, com o fim especial de vender)

o De qualquer forma:

 Distribuir (dar, entregar, repartir) ou

 Entregar a consumo (dação, cessão, troca,gratuita ou onerosa), entendendo-se não ser necessário que o agente seja comerciante.

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Tipo subjetivo: Dolo - ou seja, a vontade livre e consciente de fabricar, vender,expor, importar, ter em depósito, distribuir ou entregar a consumo, ciente da corrupção, adulteração, falsificação ou alteração da substância ou produto. Nas hipóteses de exposição e depósito, há, ainda, o elemento subjetivo do tipo, consistente no especial fim de agir ("à venda" e "para vender"). Na doutrina tradicional é o "dolo genérico", salvo nas condutas de expor e ter em depósito ("dolo específico"). (Delmanto, p. 689) Confronto: (Delmanto, p. 689)

 Em caso de omissão de dizeres ou sinais ostensivos sobre a periculosidade ou nocividade do produto: art. 63 da Lei 8.078/90 (o expor à venda).

 Se a mercadoria não é nociva à saúde, mas apenas imprópria ao consumo, não haverá o crime deste art. 272, §1º-A, mas sim o do art. 7º, IX, do CP.

§ 1º - Está sujeito às mesmas penas quem pratica as ações previstas neste artigo em relação a bebidas, com ou sem teor alcoólico. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

Bebidas alcoólicas ou não.

Parágrafo 2º: forma culposa: Modalidade culposa

§ 2º - Se o crime é culposo: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Delmanto: Das condutas previstas no caput, a forma culposa abrange, apenas, a corrupção, a adulteração e a alteração. Fica dela excluída a falsificação, pois esta, obviamente, não pode ser culposa (em igual sentido: H. FRAGOSO, Lições de Direito Penal — Parte Especial,1965, v. III, p. 852; HUNGRIA, Comentários ao Código Penal,1959, v. IX, p. 116; MAGALHÃES NORONHA, Direito Penal,1995, v. IV, p. 29). Quanto às condutas equiparadas do §1º-A, incluem-se na previsão culposa do § 2º as de quem vende, expõe à venda, importa, tem em depósito para vender, ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo a substância alimentícia ou o produto falsificado, corrompido ou adulterado, por não-observância do cuidado objetivo necessário. A figura culposa abrange, também, as bebidas com ou sem teor alcoólico (§1º), desde que tenha se tornado nociva à saúde humana. (p. 689/690)

Nucci: Figura culposa: pode dar-se em qualquer das formas. O agente, por imprudência, negligencia ou imperícia, com previsibilidade do resultado, pratica as condutas descritas nos tipos anteriores (caput e parágrafos). Esta é também a opinião de Hungria, que inclui a falsificação – por alguns outros autores excluída, sob o argumento de que a falsificação necessidade ser, sempre, dolosa -, como se vê, in verbis: “Pode existir não intenção maligna, mas grosseira desatenção quanto à deturpação ou falsificação da substância” (Comentários ao Código Penal, v.9, p.116) (p. 1021)

Art. 273 - Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais

Falsificação, corrupção, adulteração ou alteração de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

Art. 273 - Falsificar, corromper, adulterar ou alterar produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

Pena - reclusão, de 10 (dez) a 15 (quinze) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Crime hediondo: Caput, § 1º, § 1º-A e § 1º-B (Lei n° 8.072/90).

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Sujeito ativo: Qualquer pessoa, ainda que não seja comerciante ou industrial. Sujeito passivo: A coletividade, ou seja, número indeterminado de pessoas. Tipo objetivo:

Núcleo do tipo: Os núcleos previstos são os mesmos do artigo anterior: o falsificar

o corromper o adulterar o alterar

Objeto material: produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais

Tipo misto alternativo

O legislador separou produto alimentício de remédio, mas a conduta é a mesma. Tipo subjetivo: Dolo

 Delmanto: Dolo, que consiste na vontade livre e consciente de falsificar, corromper, adulterar ou alterar, ciente do perigo comum e da destinação do produto para fins terapêuticos ou medicinais. Na doutrina tradicional aponta-se o "dolo genérico". (p. 692)

 Nucci: Dolo de perigo. Não se demanda elemento subjetivo específico. (p. 1022) A figura culposa está prevista no § 2º.

Consumação: Com a falsificação, corrupção, adulteração ou alteração do produto. Tentativa: Admite-se.

Inconstitucionalidade (Delmanto): Delmanto defende a inconstitucionalidade deste artigo sustentando violação ao princípio da proporcionalidade. Diz que a antiga pena era de 2 a 6 anos de reclusão,

passando para a inimaginável pena de 10 a 15 anos de reclusão. Muitas vezes além da

desproporcionalidade entre o desvalor da conduta e do seu resultado (é o caso, por exemplo, dos cosméticos e saneantes mencionados no §1ºA deste art. 273), a desproporcionalidade da pena fica evidente quando comparada com a pena de outros delitos, incontestavelmente mais graves. (p. 692/693)

Ação penal: Pública incondicionada. Classificação:

 Comum

 Formal; havendo dano ocorre o exaurimento

 De forma livre

Nucci: Comissivo (ação), e excepcionalmente, omissivo impróprio ou comissivo por omissão (quando o agente tem o dever jurídico de evitar o resultado, nos termos do art. 13, §2º do CP)

 Instantâneo

Perigo comum abstrato (Professora; Nucci, p. 1022)

Perigo concreto (Delmanto, p. 692)

 Unissubjetivo

 Plurissubsistente

Comprovação da nocividade: Deve haver comprovação da nocividade à saúde de indeterminado número de pessoas.

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A professora afirmou que a nocividade é essencial, havendo a exigência de prova pericial. No entanto, isto não se coaduna com o entendimento de que o crime é de perigo concreto?

Ação penal: Pública incondicionada.

Parágrafo 1º:

§ 1º - Nas mesmas penas incorre quem importa, vende, expõe à venda, tem em depósito para vender ou, de qualquer forma, distribui ou entrega a consumo o produto falsificado, corrompido, adulterado ou alterado. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

Saneantes (desodorantes, por exemplo) não são medicamentos. Tipo objetivo:

 Núcleos:

o Importar o Vender o Expor à venda

o Ter em depósito para vender

o Distribuir ou entregar, de qualquer forma, a consumo Tipo subjetivo: Dolo

Delmanto: Dolo, que consiste na vontade livre e consciente de importar, vender, expor, ter em depósito, distribuir ou entregar a consumo, ciente da falsificação, corrupção, adulteração ou alteração do produto, bem como da sua destinação para fins terapêuticos ou medicinais. Nas formas de expor e ter em depósito, há o elemento subjetivo do tipo ("à venda" e "para vender"), que é o especial fim de agir. Na escola tradicional é o "dolo genérico", salvo nas hipóteses de expor e deter em depósito, em que se exige o "dolo específico". (p. 692/693)

Nucci: “Discordamos daqueles que sustentam ser a forma ‘expor a venda’ acrescida do elemento subjetivo específico (‘para vender’), pois isso descaracteriza a conduta, que é naturalmente composta. Não se pune, porque sem sentido, a conduta de ‘expor’ (mostrar, exibir), mas sim a de mostra para vender. O mesmo raciocínio é usado no tocando ao ‘ter em depósito’ (...). No caso do tipo penal em questão, para a forma ‘ter em depósito’ existe o elemento subjetivo específico, que é acrescido de ‘para vender’. Assim, a conduta composta ‘ter em depósito’, tradicionalmente utilizada em outros tipos penais neste caso ganha uma finalidade especial, que é a vontade de alienar a certo preço. O mesmo não ocorre, no entanto, com a conduta de ‘expor a venda’, que poderia ser traduzida como sendo ‘apresentar ao comprador’.” (p. 1023)

Classificação: Para Nucci, o crime deste parágrafo difere em sua classificação do crime do caput quanto à consumação: é instantâneo nas formas “importar”, “vender”, “distribuir’ e “entregar”, e permanente nas formas “expor a venda” e “ter em depósito”. (p. 1023)

Confronto: Em caso de produtos que não sejam destinados a fins terapêuticos ou medicinais ou que estejam tão-somente impróprios para o consumo (e não propriamente falsificados, corrompidos, adulterados ou alterados), o crime será o do art. 7º, IX da Lei 8.137/90, que admite também a forma culposa. É o caso, por exemplo, do farmacêutico que, por falta de atenção, expõe à venda medicamentos vencidos. (Delmanto, p. 693)

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§ 1º-A - Incluem-se entre os produtos a que se refere este artigo os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

Este parágrafo amplia o objeto material dos crimes previstos no caput e no §1º. Assim, incluem-se entre os produtos referidos neste art. 273 os medicamentos, as matérias-primas, os insumos farmacêuticos, os cosméticos, os saneantes e os de uso em diagnóstico.

Inconstitucionalidade: Para Delmanto (p. 694) a inserção neste artigo, como objeto material de crime, de cosméticos (destinados ao embelezamento) e saneantes (destinado à higienização e a desinfecção ambiental), fere os princípios da proporcionalidade e da razoabilidade.

Parágrafo 1º-B:

§ 1º-B - Está sujeito às penas deste artigo quem pratica as ações previstas no § 1º em relação a produtos em qualquer das seguintes condições: (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

I - sem registro, quando exigível, no órgão de vigilância sanitária competente; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

II - em desacordo com a fórmula constante do registro previsto no inciso anterior; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

III - sem as características de identidade e qualidade admitidas para a sua comercialização; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

IV - com redução de seu valor terapêutico ou de sua atividade; ((Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) V - de procedência ignorada; (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

VI - adquiridos de estabelecimento sem licença da autoridade sanitária competente. (Incluído pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

Novo acréscimo quanto ao objeto do crime.

Norma penal em branco: Os incisos I, II, III, IV e V são normas penais em branco (dependem da complementação de outro diploma).

Confronto: Contrabando – art. 334, CP – se não tem registro na ANVISA. Parágrafo 2º: Forma culposa: Modalidade culposa

§ 2º - Se o crime é culposo:

Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Delmanto: A forma culposa não abrange a falsificação, pois esta não pode ser culposa. (p. 694) Nucci: A forma culposa abrange todas as figuras previstas, inclusive falsificação. (p. 1025) Morte ou lesão corporal: Remissão do art. 285, CP.

Delmanto: Incongruência: Dispõe o art. 285 do CP que "aplica-se o disposto no art. 258 aos crimes previstos neste Capítulo, salvo quanto ao definido no art. 267". O art. 258, por sua vez, estabelece em sua 2ª parte que "no caso de culpa, se do fato resulta lesão corporal, a pena aumenta-se de metade; se resulta morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo, aumentada de um terço". A pena para a figura culposa prevista no antigo § 2º do art. 273, que era de dois a seis meses de detenção, foi aumentada para um a três anos de detenção em virtude da Lei 9.677/98. Assim, se do fato resultar lesão corporal, a pena mínima será de um ano e seis meses. Já se o resultado for morte, aplica-se a pena cominada ao homicídio culposo acrescentada de um terço (art. 121, § 3º, c/c art. 258), ter-se-á pena mínima de um ano e quatro meses. Em virtude desta falha do legislador, quanto à figura culposa,

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pune-se mais pune-severamente o crime deste art. 273 quando resultar lesão corporal (inclusive leve) do que quando resultar morte, atentando-se contra o princípio da proporcionalidade. (Delmanto, p. 695)

Art. 274 - Emprego de processo proibido ou de substância não permitida Emprego de processo proibido ou de substância não permitida

Art. 274 - Empregar, no fabrico de produto destinado a consumo, revestimento, gaseificação artificial, matéria corante, substância aromática, anti-séptica, conservadora ou qualquer outra não expressamente permitida pela legislação sanitária:

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Objeto jurídico: A incolumidade pública, especialmente no tocante à saúde publica.

Sujeito ativo: Qualquer pessoa. Sujeito passivo: A coletividade. Tipo objetivo:

Núcleo do tipo:

o Empregar (fazer uso de algo, aplicar)

Objeto: fabrico de produto destinado a consumo.

É norma penal em branco, posto que se completa com disposições estabelecidas pela legislação sanitária.

Tipo subjetivo: Dolo.

Não há punição a título de culpa. Classificação: Trata-se de crime:

 Comum

 Formal; havendo dano ocorre o exaurimento

 De forma livre

Nucci: Comissivo (ação), e excepcionalmente, omissivo impróprio ou comissivo por omissão (quando o agente tem o dever jurídico de evitar o resultado, nos termos do art. 13, §2º do CP)

 Instantâneo

 De perigo comum abstrato

 Unissubjetivo

 Plurissubsistente

Consumação: Com o efetivo emprego do processo ou substância, independentemente de outro resultado (delito de perigo abstrato).

Tentativa: Admite-se.

Ação penal: Pública incondicionada.

Absorção: Se o agente age com o fim de falsificar, corromper, adulterar ou alterar substancia ou produto alimentício, tornando-o nocivo à saúde ou reduzindo-lhe o valor nutritivo, a hipótese será a do art. 272 CP, restando o crime deste art. 274 absorvido. O mesmo ocorrerá em caso de produto destinado a fins terapêuticos ou medicinais (art. 273, CP). (Delmanto, p. 696)

Morte ou lesão corporal: Remissão: Arts. 285 e 258 do CP, se do emprego resulta morte ou lesão corporal de natureza grave.

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Entrega a consumo: Remissão: Vide art. 276 do CP, quando há entrega a consumo de produto nas condições deste art. 274.

Art. 275 - Invólucro ou recipiente com falsa indicação Invólucro ou recipiente com falsa indicação

Art. 275 - Inculcar, em invólucro ou recipiente de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais, a existência de substância que não se encontra em seu conteúdo ou que nele existe em quantidade menor que a mencionada: (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Objeto jurídico: A incolumidade pública, especialmente a saúde pública.

Sujeito ativo: Qualquer pessoa, embora, geralmente, seja o fabricante. Sujeito passivo: A coletividade.

Tipo objetivo:

Núcleo do tipo:

o Inculcar significa apregoar, apontar, citar, dar a entender, gravar ou imprimir1

(Nucci, p. 1026)

 A inculca é feita em invólucro (tudo o que serve para envolver o produto: envoltório, capa, revestimento, cobertura, embrulho etc.) ou recipiente (vidro, lata, plástico, isopor, ou semelhante, em que se pode colocar o produto).  Não se enquadram as indicações feitas em prospectos, folhetos ou anúncios. O

que se veda é a apregoação de:

 existência de substância que não se encontra em seu conteúdo;  ou que nele existe em quantidade menor do que a mencionada.

Objeto material: a substância não encontrada no invólucro ou recipiente de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais ou que nele existe em quantidade menor do que a mencionada. (Nucci, p. 1026)

Vc compra acreditando nas indicações do rotulo, e ele está errado. A falsa indicação tem que gerar perigo a saúde.

Tipo subjetivo: Dolo

 Dolo de perigo (Nucci, p. 1026) Não se pune a forma culposa

Invólucro e recipiente: Invólucro é tudo aquilo que serve para encerrar ou conter alguma coisa, como capa plástica ou de papel. Recipiente é o objeto destinado a encerrar em si substancias líquidas ou sólidas, como frascos ou sacos plásticos. (Nucci, p. 1027)

Objeto material: o invólucro ou recipiente de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais. Objeto jurídico: saúde pública.

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Consumação: Com a efetivação da falsa indicação, sem dependência de outro resultado (delito de perigo abstrato).

Tentativa: Admite-se.

Confronto: Art. 2º, III,da Lei n° 1.521/51 (Economia Popular), art. 66 da Lei 8.078/90 (Código de Defesa do Consumidor) e art. 7º, II, da Lei 8.137/90 (Lei dos Crimes contra a Ordem Tributária, Econômica e contra as Relações de Consumo), se não houver risco para a saúde pública. A respeito de infrações de ordem sanitária, art. 10 da Lei 6.437/77. (Delmanto, p. 697)

Professora: Adulteração de prazo de validade não é crime do art. 275, é da L. 8137/90 (crime contra as relações de consumo).

Classificação:

 Comum

 Formal – com o dano, exaurimento

 De forma livre

 Comissivo; excepcionalmente omissivo impróprio ou comissivo por omissão

 Instantâneo

 Perigo comum abstrato

 Unissubjetivo

 Plurissubsistente

Ação penal: Pública incondicionada.

Morte ou lesão corporal: Remissão: Arts. 285 e 258 do CP, se do emprego resulta morte ou lesão corporal de natureza grave. (Delmanto, p. 697)

Entrega a consumo: Remissão: Vide art. 276 do CP, se há entrega a consumo do produto com falsa indicação. (Delmanto, p. 697)

Art. 276 - Produto ou substância nas condições dos dois artigos anteriores Produto ou substância nas condições dos dois artigos anteriores

Art. 276 - Vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo produto nas condições dos arts. 274 e 275.

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa.(Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Objeto jurídico: A incolumidade pública, especialmente a saúde pública.

Sujeito ativo: Qualquer pessoa (ainda que não comerciante). Sujeito passivo: A coletividade.

Tipo objetivo:

Núcleo do tipo: o Vender o Expor a venda

o Ter em depósito para vender

o Entregar a consumo (passar algo às mãos de terceiros para que seja ingerido ou gasto)

Objeto material: Produto nas condições descritas nos arts. 274 e 275. (Nucci, p. 1027)

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Tipo penal remetido: Trata-se de tipo remetido, passível de compreensão desde que se consulte o conteúdo dos mencionados artigos.

Tipo subjetivo: Dolo

 Dolo de perigo (Nucci, p. 1028)

 Não se exige elemento subjetivo específico, salvo no caso “ter em depósito para vender”, que demanda a finalidade de guardar objeto para aliená-lo a certo preço. (Nucci, p. 1028)

Inexiste forma culposa.

Consumação: Com a efetiva prática das ações, independentemente de resultado naturalístico. Classificação:

 Comum

 Formal – com o dano, exaurimento (Nucci)

o Trata-se de delito formal. No entanto, exige-se perigo concreto de dano à saúde pública. Deve haver, portanto perícia que comprove que os produtos se encontravam nas condições previstas nos arts. 274 e 275. (Delmanto, p. 689)

 De forma livre

 Comissivo; excepcionalmente omissivo impróprio ou comissivo por omissão

 Instantâneo nas formas vender e entregar; permanente nas formas expor a venda e ter em depósito

 Perigo comum abstrato

 Unissubjetivo

 Plurissubsistente

Tentativa: Admite-se nas hipóteses de condutas fracionáveis (plurisubsistentes), como é o caso de vender. (Delmanto, p. 689).

Ação penal: Pública incondicionada.

Morte ou lesão corporal: Remissão: Arts. 285 e 258, 1ª parte, CP, se resulta morte ou lesão corporal grave. (Delmanto, p. 699)

Art. 277 - Substância destinada à falsificação Substância destinada à falsificação

Art. 277 - Vender, expor à venda, ter em depósito ou ceder substância destinada à falsificação de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais:(Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998)

Pena - reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa. (Redação dada pela Lei nº 9.677, de 2.7.1998) Previne e antecipa o crime do 275, pq já está punindo qqr substancia que será destinada àquela falsificação.

Tipo objetivo:

Núcleo do tipo:

o Vender (alienar por certo preço)

o Expor a venda (colocar à vista com fim de alienar a certo preço) o Ter em depósito (manter guardado)

o Ceder (colocar à disposição de alguém)

Objeto: Substância destinada à falsificação de produtos alimentícios, terapêuticos ou medicinais Tipo misto alternativo

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Tipo subjetivo: Dolo

 Dolo de perigo, de atuar vendendo, colocando a venda, guardando em depósito, cedendo a substancia destinada a falsificação dos produtos já mencionados (Nucci)

 Exige o tipo penal elemento subjetivo específico, ou seja, a finalidade de atuar, vendendo, colocando à venda, tendo em depósito ou cedendo substancia destinada à falsificação. (Nucci, p. 1028)

Forma culposa não punível (Nucci, p. 1028) Substância destinada à falsificação:

 A substância deve ser especificamente voltada à falsificação no caso concreto (a substância pode ter várias destinações, sendo uma delas produzir falsificações, então deve-se demonstrar no caso concreto que seria esta sua destinação) (Nucci, p. 1029)

A substância deve unicamente servir para falsificar os produtos mencionados (Delmanto) Objeto material: substancia destinada à falsificação

Objeto jurídico: saúde pública Classificação: Trata-se de crime:

 Comum

 Formal – com o dano tem-se o exaurimento  De forma livre

 Comissivo; excepcionalmente omissivo impróprio ou comissivo por omissão

 Instantâneo nas formas vender e ceder; permanente nas formas expor a venda e ter em depósito

 Perigo comum abstrato  Unissubjetivo

 Plurissubsistente

Tentativa: Não admite tentativa – pois é fase de preparação dos delitos previstos nos arts. 272 e 273, e não se pune preparação de delito – “Seria a ilogicidade de punir a tentativa de preparação de um delito que somente é objeto de punição porque, excepcionalmente, o legislador construiu um tipo penal para tanto. Assim, ter em depósito substância destinada à falsificação de um produto medicinal, não fosse o tipo do art. 277, seria conduta impunível, não podendo ser considerada ato executório do crime do art. 273, porque mera preparação. É incabível, pois, ao intérprete aumentar a exceção criada pelo legislador”. (Nucci, p. 1029)

Remissão (Delmanto, p. 700) Confronto (Delmanto, p. 700)

Art. 278 - Outras substâncias nocivas à saúde pública Outras substâncias nocivas à saúde pública

Art. 278 - Fabricar, vender, expor à venda, ter em depósito para vender ou, de qualquer forma, entregar a consumo coisa ou substância nociva à saúde, ainda que não destinada à alimentação ou a fim medicinal:

Pena - detenção, de um a três anos, e multa. Modalidade culposa

Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de dois meses a um ano.

(23)

Os arts. 277 e 278 se complementam.

Corrente minoritária: só existe este crime se for coisa própria e específica para a falsificação. Tipo objetivo:

Núcleo do tipo: o Fabricar o Vender

o Ter em depósito para vender o Entregar a consumo

Objeto: Coisa ou substância nociva à saúde Sujeito ativo: Qualquer pessoa.

Sujeito passivo: Sociedade. Tipo subjetivo: Dolo

 Dolo de perigo (Nucci, p. 1030)

 Não se exige elemento subjetivo específico, salvo na conduta de “ter em depósito”, que pede a finalidade de venda. (Nucci, p. 1030)

Forma culposa prevista no parágrafo único.

Ressalva: O tipo penal, para evitar dúvidas, tornou expressa a reserva quanto à aplicação deste artigo no tocante aos produtos alimentícios ou medicinais. Assim, caso tais produtos estejam de qualquer modo adulterados, tornando-se nocivos à saúde, deve o agente ser punido pelos tipos dos arts. 272 e 273, com penas mais severas. Entretanto, se o produto for nocivo à saúde não se encaixando nos destinados à alimentação ou a fins medicinais, responde o agente pelo delito do art. 278. (Nucci, p. 1030)

Objeto material: a coisa ou substancia nociva à saúde. Objeto jurídico: saúde pública.

Classificação:

 Comum

 Formal – com o dano, exaurimento

 De forma livre

 Comissivo; excepcionalmente omissivo impróprio ou comissivo por omissão

 Instantâneo nas formas fabricar, vender e entregar; permanente nas formas expor a venda e ter em depósito

 Perigo comum abstrato

 Unissubjetivo

 Plurissubsistente Tentativa: Admite-se.

Parágrafo único:

Figura culposa: Caso o delito seja cometido com imprudência, negligencia ou imperícia, havendo previsibilidade do agente quanto ao resultado, pune-se com pena substancialmente menor. (Nucci, p. 1030)

(24)

Ex: padeiro que deixa lamina cair no pão.

Art. 279 - Substância avariada (Revogado pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)

Revogado.

Art. 280 - Medicamento em desacordo com receita médica Medicamento em desacordo com receita médica

Art. 280 - Fornecer substância medicinal em desacordo com receita médica: Pena - detenção, de um a três anos, ou multa.

Modalidade culposa

Parágrafo único - Se o crime é culposo: Pena - detenção, de dois meses a um ano. Prova

Tipo objetivo:

Núcleo do tipo:

o Fornecer (significa prover ou por a disposição de alguém)

Objeto: substância medicinal Sujeito ativo:

- Qualquer pessoa (Nucci)

- Nucci cita Magalhães Noronha, que entende ser crime próprio, somente podendo ser o farmacêutico ou o prático (farmacêutico não formado), devidamente autorizado (Nucci, p. 1031)

Sujeito passivo: Sociedade

Elemento normativo do tipo: Inclui-se elemento pertinente à ilicitude no tipo penal, fazendo com que, quando houver receita médica de acordo, ou seja, autorizando, a conduta se torne atípica. (Nucci, p. 1031)

Classificação:

 Comum

 Formal – havendo dano, exaurimento

 De forma livre

 Comissivo; excepcionalmente, omisso impróprio ou comissivo por omissao

 Instantâneo

 De perigo comum abstrato (Nucci)

o Todos os crimes contra a incolumidade pública são crimes de perigo.

o Numa prova escrita temos que demonstrar o conhecimento de que a doutrina majoritária e a jurisprudência concordam que este crime é de perigo abstrato.

o Delmanto: doutrina minoritária – deve haver perigo concreto.  Unissubjetivo

 Plurissubsistente

Confronto: Se a substância medicinal fornecida pelo farmacêutico se enquadra como droga é crime da lei de drogas.

Morte e lesões corporais: Remissão: Havendo morte ou lesões corporais aplicam-se os aumentos de pena previstos no 285 e 258.

(25)

Tentativa: Admite tentativa

Parágrafo único:

Forma culposa: Se o agente fornece substancia medicinal em desacordo com a receita, mas por fruto de sua imperícia, imprudência ou negligência, havendo previsibilidade do resultado, é apenado mais brandamente. (Nucci, p. 1031)

Nucci (p. 1032): Falha legislativa: Deveria ter sido prevista, também para o tipo culposo, a pena de multa alternativa, embora o juiz possa corrigir esta falha, substituindo-a quando a lei o permitir (art. 60, §2º, CP)

Art. 281 - Comércio clandestino ou facilitação de uso de entorpecentes (Revogado pela Lei nº 6.368, 1976)

Leis 6368/76 e 11343/06

Art. 282 - Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica Exercício ilegal da medicina, arte dentária ou farmacêutica

Art. 282 - Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal ou excedendo-lhe os limites:

Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

Parágrafo único - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se também multa. Modalidades: Há 2 modalidades:

1ª parte do artigo: “Exercer, ainda que a título gratuito, a profissão de médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal”

2ª parte do artigo: “ou [exercer a profissão de médico, dentista ou farmacêutico] excedendo-lhe os limites”  esta modalidade é norma penal em branco.

Tipo objetivo:

Núcleo do tipo:

o Exercer – implica em desempenhar habitualmente; significa que o agente necessita atuar com regularidade e freqüência, uma vez que a punição se volta ao estilo de vida, e não a um comportamento isolado.

Objeto: profissão de médico Sujeito ativo:

 1ª parte do artigo (“exercer ainda que a título gratuito, a profissão do médico, dentista ou farmacêutico, sem autorização legal”): Qualquer pessoa (crime comum)

 2ª parte do artigo (“ou excedendo-lhe os limites”): Médico, dentista ou farmacêutico (crime próprio)

Sujeito passivo: sociedade Tipo subjetivo:

 Dolo de perigo

 Exige-se, no entanto, o elemento subjetivo específico, porque se trata de crime habitual, que é a vontade de desempenhar a atividade usualmente, como estilo de vida. (Nucci, p. 1032)

(26)

Classificação:

 Comum na 1ª parte do artigo, próprio na 2ª parte

 Formal – havendo dano, exaurimento

 De forma livre

 Comissivo; excepcionalmente omissivo impróprio ou comissivo por omissão

 Habitual - Exige-se habitualidade (a consumação somente se dá a partir da reiteração de ações - pode ter se passado falsamente por médico várias vezes, mas apenas para 1 paciente; pode ter se passado por 1 dia mas para varias pessoas)

 Perigo comum abstrato

 Unissubjetivo

 Plurissubsistente Estado de necessidade:

Se a pessoa é "curandeira" em região isolada, ela não pratica este crime, pois só está realizando as atividades em questão para ajudar as pessoas da região. Todos sabem que esta pessoa não é médica. Tentativa: Não se admite, por ser crime habitual. Assim como todo crime omissivo, todo crime que exige habitualidade não admite tentativa. O crime do art. 282 exige habitualidade, então não admite tentativa.

Diferença do charlatanismo e do curandeirismo: (Nucci, p. 1033)

 Charlatanismo: Qualquer pessoa, incluindo o médico, o dentista e o farmacêutico, promete cura através de meios secretos ou infalíveis, totalmente inviáveis para o fim almejado, sem que a vítima disso tenha conhecimento.

 Curandeirismo: Pessoa qualquer, que não se passa por médico, dentista ou farmacêutico, do que a vítima tem noção, mas que habitualmente atua para curar males alheios.

Confronto (Delmanto, p. 705)

 Crime do art. 282 ou art. 171? Princípio da especialidade: O crime do art. 282 é mais específico e menos abrangente.

Remissão (Delmanto, p. 705)

Parágrafo único:

Figura qualificada: Quando há intenção de obter lucro, portanto, a atividade é remunerada, acrescenta-se a pena pecuniária ao preceito sancionador.

Filosofia do bolso – ele quis por a mão no bolso de alguém, vamos por a mão no bolso dele também! Multa só cumulada nos crimes patrimoniais.

Dolo: No caput o dolo é genérico. No parágrafo único o dolo é especifico: especificamente para obter lucro.

Confusão com estelionato (Delmanto, p. 705)

Art. 283 - Charlatanismo Charlatanismo

Referências

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