N-Chm Tcc UFSC ENF 0433 udia Ma Q Au or: Ma to ¢_› s,Cá COI1 -ú ‹-› .--‹ _. .-‹ I... ao dom c 0 _: ‹_› 0: Do hospl a -‹ 3.. Tu
CLÁUDIA
MARCELINO MATTOS
FERNANDA BUNN
Do
HOSPITAL
Ao
Dolvncíuoz
CON
TIN
UANDO O
CUIDADO
DO
BIN
ÔMIO
MÃE-FILHO
3 -4 972492337 A¢.|!4
'L
A
AA
CCSM TCC UFSC ENF 0433 Ex. BSCCSM CCSMNA
INICIAÇÃO
DO
RITO
DE
PASSAGEM
DO
NASC
UFSC Ex
_..
IMENT0
Trabalho
deConclusão do
Curso
'de
Graduação
em
Enfermagemda
UFSC
apresentado
à disciplinaEnfermagem
Assistencial Aplicada.Orientadora: Prof'
Olga
Regina
ZigelliGarcia
Supervisora: Eni”
Edith
Ilza Pfaffenzeller Esquivel“Os
momentos
mais
esplêndidos
da
vidanão
são
os
chamados
diasde
êxito,mas
sim,aqueles
diasem
que,saindo
do
desânimo
e
do
desespero,sentimos erguer-se dentro
de
nós
um
desafio:
a
vidae
a
promessa
de
futuras
realizações”.AGRADECIMENTOS
A
Deus
“Deus
se pronunciou, seja este triunfouma
oferenda que faço aquem
criou todas as coisas; e que esta oferenda, esteramo
de rosascom
os espinhosque protegem
seusfinos
talos, seja todoum
símbolo, queem
eloquêncialinguagem
expresse o sentirde
minha
alma
e leveem
si,uma
só e única coisa,um
só e único perfume: o dagratidão”.
(Raumsol)
Aos
Pais“De
vocêsrecebemos
oDom
mais
preciosodo
universo:A
VIDA. Já por isso seríamos infinitamente gratos,mas
vocêsnão
se contentamem
presentear-noscom
ela;revestiram nossa existência de amor, dedicação e carinho, cultivaram
quando
criança todos os valoresque
nos transformaramem
adultas responsáveis e conscientes.Abriram
as portasdo
nosso futuro, iluminando-ocom
a luzmais
brilhante que5
Trabalhavam
dobrado, sacrificando seus sonhosem
favor dos nossos:não
foram
apenas pais,mas
amigos
e companheiros,mesmo
nas horasem
que nossos ideais pareciam distantes e inatingíveis e o estudoum
fardo pesado demais, tantasforam
as vezes, que nosso cansaço e preocupaçãoforam
sentidos e compartilhados porvocês.
Procuramos
entre palavras, aquelas que gostaríamos que seus coraçõesouvissem do
nosso e só encontramosuma,
simples e sincera:MUITO
OBRIGADA.
Obrigada por tudo que
fizeram
por nós,sem
que aomenos
soubéssemos.Obrigada
sobretudo, pela lição de
amor
que nos ensinaram durante toda a vida.Tomara
que
possamos
transmití-lano
exercício de nossa profissão e ensiná-la aos nossos filhos.Se isto conseguirmos, estaremos realizadas: seremos
acima
de tudoprofissionais, seres
humanos”.
Aos
queamamos
“Nas
horasem
que nossos ideais pareciam distantes, inatingíveis e o estudo,um
fardo pesado demais, vocêsforam amigos
e companheiros.Inúmeros
foram
os incentivosna
luta pelo prosseguir.Hoje,
com
a batalha vencida,percebemos
o quanto essa vitória é nossa.Lá no
nosso írrtimo, brotaum
sentimento profimdo de arnor e gratidão. Dividam, pois, conosco, os méritos desta conquista”.6
À
Orientadora., . . . , ., .
Que
contmue
orientando outros trabalhoscom
dedicaçao, paciencia, competência, apoio, interação,humanismo,
bom
humor,
permitindoum
crescimentoreal
do
aluno, estimulando-o a continuar e principahnente estabelecendo parceria”.À
Supervisora“Nosso
carinho e gratidão àvocê
que soube,além
de transmitir seusconhecimentos, transmitir-nos as suas experiências e apoiar-nos
em
nossas dificuldades.Em
nossocaminho
tivemos a felicidade de encontrar pessoascomo
você,que tiveram ao nosso lado e
nos
marcaram
por toda a vida”.À
Enfermeira Jaqueline“Nossos
sinceros agradecimentos por teres aceito substituir nossasupervisora por alguns dias, nos recebendo
com
muito carinho,tomado-se
nossaamiga
e dedicando seu
tempo
e seu conhecimento a nós”.Às
Clientes“A
vocês,que
vivenciaram conosco o rito depassagem no
nascimento,7
Aos
Funcionários da MaternidadeCannela
Dutra“Jamais
poderemos
sennos suficientemente gratas àqueles quecom
dedicação e simplicidade, contribuíram para o nosso êxito”.RESUMO
Trata-se de
um
projeto assistencial desenvolvido no período de 25/03/98 à 05/06/98, entreo Centro Obstétrico da
MCD
e o domicilio de 08 (oito) clientes,com
o objetivo de desenvolver, oCuidado de Enfennagem ao binômio mãe-filho, na iniciação do rito de passagem do nascimento, do
ambiente hospitalar ao domiciliar, fundamentado no modelo teórico de Madeleine Leininger, dando
continuidade ao projeto desenvolvido por Gonçalves e Franzon no segundo semestre de 1997.
NO
período de desenvolvimento do projeto foram atendidas pelas acadêmicas, no Centro Obstétrico, 234 parturientes, das quaiscom
34 foi realizado levantamento de dadoscom
objetivo de identificar as diversidades e universalidades culturais dos cuidados das mesmas. Além destas, acompanhamos, do hospital ao domicilio, 08 clientes, sendo realizadacom
cadauma em
média 04 vistas domiciliares,sendo este número determinado através da avaliação da necessidade das puérperas,
em
parceriacom
asmesmas.
O
uso do modelo teórico de Madeleine Leininger, proporcionou as acadêmicasuma
visãoampla da cliente e do processo saúde-doença, mostrando a importância da cultura na expressão do
processo vital do ser humano. Observou-se que apesar das diversidades encontradas no levantamento de dados efetuado junto a 34 parturientes, o apoio psicológico por parte do profissional de saúde no
processo de parir é elemento chave, como
uma
das formas de proporcionar o parto humanizado,uma
vez que a hospitalização inibe as expressões culturais da cliente, que passa a responsabilidade do processo de cuidar à equipe de saúde, atrasando o estabelecimento do vinculo mãe-filho. Observou-seainda que o rito de passagem do nascimento é
um
momento de intenso movimentoem
que a ordemanterior da cliente sofre transfonnações e exige portanto, cuidados, pois este processo contém
uma
oporttmidade de saúde através da abertura à transformação. As maiores dúvidas apresentadas pelas puérperas à domicilio foram
com
relação ao estabelecimento da amamentação, cuidadoscom
os seios (fissura, engurgitamento e ordenha manual), cólicas do RN, cuidadoscom
o coto umbilical, icterícia eo primeiro banho do RN; e a intervenção de enfermagem propiciou a orientação voltada às dúvidas apresentadas, através da educação para a saúde. Conclui-se portanto, que o acompanhamento
domiciliar da puérpera foi necessário e importante, constituindo-se
num
trabalho psicoprofilático,prevenindo complicações e facilitando a promoção da criação de vínculo saudável entre a mãe e o
bebê, ampliando a disposição familiar para o desafio do crescer junto. As metas estabelecidas foram
I .
SUMARIO
1.INTRODUZINDO
O
TEMA
... .. 2.ESTABELECENDO
OS
OBJETIVOS
... .. 2.1 Objetivo Geral ... .. 2.2 Objetivos Específicos ... .. 3.REVISANDO
A
LITERATURA
... ..3.1
O
Nascimento
Como
um
Rito dePassagem
... ..3.1.1 Ritos de
passagem
... ..3.1.2 Ritos de
passagem
e nascimento ... _.4.
REFERENCIAL TEÓR1co
... ..4.1 Teoria da Diversidade e Universalidade
do Cuidado
Transcultural deMadeleine
Leininger ... ..4.1.1 Pressupostos da teoria ... ..
4.1.2 Principais conceitos da teoria ... ..
4.1.3 Conceitos noiteadores
do
trabalho de Leininger ... ._20
4.2 Processo de
Enfermagem
... ..36
4.2.1 Fases
do
processo deenfermagem
... ..374.2.1.1
Levantamento
de dados ... ..374.2.1.2 Diagnóstico de
enfermagem
... ..384.2.1.3 Planejamento e
implementação
... ..384.2.1.4
Evolução
... ..385.
ESTABELECENDO
AS
AÇÕES
METODOLÓGICAS
... ..4O 5.1 Descriçãodo
Localdo
Estágio ... ..4O 5.2 PopulaçãoAlvo
... ..42
5.3 Plano de
Ação
... .. 436.
FAZENDO O
CRONOGRAMA
... ..487.
DESCREVENDO
OS
RESULTADOS DAS
ATIVIDADES
PROPOSTAS
... ..497.1 Objetivo
N°
01 ... ..49
7.2 Objetivo
N°
02 ... .. 537.2.1 Perfil das particularidades selecionadas ... .. 53
7.2.2 Questões culturais - aspectos culturais observados nas parturientes ... ... ..
56
7.2.3 Valores/costumes relacionados ao processo de parir ... .. 62
7.3 Objetivo
N°
O3 ... ._ 65 7.3.1 Cliente n° 01 ... .. 667.3.2 Cliente n°
02
... .. 717.3.4 Cliente n°
O4
... .. 7.3.5 Cliente n° 05 ... .. 7.3.6 Cliente n°06
... .. 7.3.7 Cliente n°07
... .. 7.3.8 Cliente n° 08 ... .. 7.4 ObjetivoN°
04
... .. 7.5 ObjetivoN°
05 ... .. 7.6 ObjetivoN°
06
... .. 7.7 ObjetivoN°
O7
... _.8.
ATIVIDADES
PROPOSTAS
E
NÃO
REALIZADAS
... _.9.
FAZENDO
AS
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
... ..Io.
FAZENDO
As
RECOMENDAÇÕES
... ..11.
RELATANDO
As PERCEPÇOES
INDIVIDUAIS
DAS
AOADÊMIOAS
12.CITANDO
A
BIBLIOGRAFIA
UTILIZADA
... ..1 -
INTRODUZINDO
O TEMA
~
A
cultura
nega
qualquer sofrimento relacionado à gestação, mas, por muitas»
vezes esta última gera conflitos sérios, porque para várias mulheres a vivência da
gravidez é particularmente dificil, principahnente
na
atualidade,com
o culto obsessivo à estética corporal, ao individualismo e a intelectualidade,além
da inserção damulher
no mercado
de trabalho.A
gravidez éuma
possibilidade quase inevitável das mulheres.Na
culturacristã, elas são preparadas
paraa
maternidadecomo
se houvesseuma
equação linear:casamento -
matemidade
- filhos - felicidade,lembrando
aquido
dogma
da
Igreja -“crescei e multiplicai-vos.”
Observa-se que nonnahnente, durante a gravidez, a
mulher
é o alvoda atenções, a “receptora” de todos os cuidados e orientações que
visam
estimular oauto-cuidado para a
promoção
da saúdedo binômio
mãe-filho.No
passado,quando
acontecia a gravidez, o sentimento predominante era deganho.
Mas
hoje, amulher
vê iniciahnente, as pedrasno
seu corpo,na
sua liberdade eno
seu poder de atração sexual sobre o companheiro. Sente-secomo
se tivesse caídonuma
armadilha(Montgomery,
1997).O
próprio parto segrmdoAnuda
(1989), eraum
acontecimento socialno
passado.
A
mulher
era cercada pela família e pela vizinhançano
momento
da dor e da13
celebração
da
renovação da espécie. Hoje, continua o autor,com
o avanço tecnológicoe a
modernidade
incansavelmente progressiva, isso ocorrecom
pouquíssima freqüência.É
como
se amulher
fosse orientada e preparada para urn frrn específico: oparto.
Segundo
Montgomery
(1997), independentemente da cultura edo
nívelsocial, a gravidez desperta sensações e sentimentos antagônicos.
No
filho que vaichegar, está
em
jogo a vida-
pelo renascimento, esperançam-se ganhos, e a morte-
pelas perdas, divisão,
medo,
fiustração.i
Normalmente
é neste estado de conflito interior que amulher
chega àmaternidade e após cumprir sua missão
-
o parto (cesáreoou
vaginal) sente muitas vezesque
“perde seu reinado” pois o foco das atenções passa a ser o recém-nascido.Para
Montgomery
(1997) o pós-parto faz a ponte entre a criança que existena
vida mental e a criança concreta.É uma
fase ligada a grandes transformações fisicas, sociais e emocionais.A
mulher, agoramãe,
perde urna certa irresponsabilidadeda
infância.É
isso que ela chora: a perdada
infânciaem
contatocom
a esperançado
filho, da maternidade.O
autor afirma que a principal adaptação que ocorreno
pós-parto é nessas duas áreas:na
adequação de filha para mãe.Segundo
Noronha
(1993),em
relação ao corpo,há
uma
alteração violentana imagem,
os tecidos tornam-se flácidos e desorganizados.A
vagina sangra. Cortes,sempre
há,no
abdômen
ou no
períneo.A
mama
túrgida,com
eventuais fissuras,pode
provocar dor.
A
depressão pós-partopode
estar rondando,podendo
aparecer logo após o parto, seismeses
depoisou no
intervalo de dois anos.14
Durante a hospitalização
há
quem
“cuide”da
mãe
edo
bebê,há
quem
oriente, esclareça. Divida as angústias.
Ao
voltar para casa, amenina
que viroumãe-mulher
vê-se sozinhacom
seu bebê, às vezes contacom
seucompanheiro
e sabe que esta criança necessita dela para sobreviver. Passa então, a ser a “provedora” de cuidados e sente-se, via de regra, aúnica responsável pela vida da criança.
A
amamentação
gera desconfortos.A
condiçãohormonal
culminaem
fenômenos
depressivos.Sangramentos
e cicatrizesnão
rarosocasionam
doresno
reinício da vida sexual,
que
passa muitas vezes, a serpermeada
pelomedo
deuma
nova
gravidez.A
vaginapode
estar ressecadaem
virtude de alteraçõeshormonais
(Montgomery,
1997).Em
meio
a todos estes conflitos e alterações,somada
as dúvidas decomo
cuidar
do
recém-nascido, amulher
precisa reorganizar sua vida social, sexual, voltar atrabalhar, enfim, necessita equalizar-se enquanto mãe-mulher.
Mas
como? Quando?
Definitivamente estamulher
precisa de ajuda, pois vivenciauma
situaçãonova
e desconhecida.A
Nosso
interesse pela área intensificou-se após a realizaçãodo
estágioem
Obstetrícia e Neonatologia da SétimaUnidade
Curricular, principalmente porque estaárea nos permite trabalhar
com
a vidano
seu princípio, envolvendoemoções
e situaçõesque
exigiam cuidados especiais propiciando o desenvolvimento saudáveldo
“novo
ser” e daquelesque
o cercavam. Por compartilhannoscom
Gonçalves
eFranzon
(1997) da crença deque
aenfermagem
enquanto profissão de cuidado pode, nesta fase tão crucial prestar auxílio,amparo ou
capacitação para obinômio
mãe-filho,15
no
sentido de aperfeiçoar suanova
condição de vida,optamos
por desenvolver ocuidado de
enfermagem
aobinômio
mãe-filhona
iniciaçãodo
rito depassagem do
nascimento,
do
ambiente hospitalar ao domiciliar,dando
continuidade ao projeto desenvolvido pelas autorasem
1997no
qualforam
acompanhadas
damatemidade
aodomicílio
O6
(seis) puérperascom
amédia
de 10 (dez) visitas domiciliares a cadacliente, entre outras atividades.
Vale
ressaltar que as autoras constataram durante o desenvolvimento de seutrabalho que as
“mães
chegam
em
casacom
muitas dúvidas, referindo muito falta de orientaçãono
período de hospitalização econcluem
ser de vital importância oacompanhamento
domiciliarda
puérpera”. (Gonçalves e Franzon, 1997).Para fundamentar nossa prática de cuidar utilizaremos o
mesmo
modelo
teórico usado por Gonçalves e Franzon (1997), porque
além
de corresponder a nossascrenças e valores enquanto seres
humanos
e profissionais deenfennagem,
mostrou-seadequado
à proposta de trabalho. ,lsO
modelo
teórico daenfermagem
escolhido,em
funçãodo acima
exposto, éa Teoria da Diversidade e Universalidade Cultural
do Cuidado
de MadeleineLeininger,
em
fimção
desta estar ajustada às crenças, valores emodo
de vida dosindivíduos possibilitando que as expressões, padrões e estilos de cuidado
possuam
sentidos diferentes
em
diferentes contextos culturais.Leininger (1985) entende que a
enfermagem
éuma
profissão de cuidadotranscultural.
Concordamos
com
a teorista,quando
ela dizque
o cuidado deenfennagem
com
bases culturais, éum
fator decisivo para apromoção
emanutenção
16
Segundo
a autora da Teoria da Diversidade, aenfemiagem tem
uma
obrigação ética de preparar profissionais para que eles trabalhem eficazmentecom
indivíduos de origens diferentes, valorizando o saber popular e respeitando os valoresde vida de cada
um
delesou
de seu grupo.Madeleine
Leininger (1985)defme
saúdecomo
estado de bem-estar, culturalmente defmido, avaliado e praticado, refletindo a capacidade que os indivíduospossuem
para realizar suas atividades cotidianas deuma
forma
culturalmentesatisfatória.
Acredita-se que a saúde seja entendida
como
algo universal a todas asculturas,
embora
definidano
âmbito de cadauma,
refletindo as suas crenças, valores epráticas. Assim, a saúde é
também
universal e diversificada.Vale lembrar que Leininger (1995), permite ao enfenneiro trabalhar tanto
com
a realidade contextualdo
indivíduo quantocom
a redistribuiçãodo
saber e de acordocom
Minatti et al (1997), acreditamos que falta ao profissional de saúde, muitas vezescompreender
o indivíduocomo
um
“ser único”que
traz consigo todauma
bagagem
cultural.Em
nossa proposta de trabalho, prestamos cuidado aobinômio
mãe-filho, desde o pré-parto ate' o pueipério domiciliar, envolvendoem
todo contexto a figurado
pai, pois,
como
dizMontgomery
(1997, p. 163), “no pós-parto, éfundamental
o apoiodo
companheiro,que
valorizea
mulher
como
ser social,que
seja afetivoAo
dar continuidade ao projeto de Gonçalves eFranzon
(1997), de cuidardo binômio
mãe-filho,do
hospital ao domicílio, tentamos possibilitar que o rito de17
permitindo
que
amãe,
seubebê
e o pai se conhecessem, se relacionassem e se cuidassemna
busca dapromoção
de sua saúde total.3 -
REVISANDO
A
LITERATURA
3.1
O
Nascimento
Como
um
Ritode
Passagem
3.1.1 Ritos
de
passagem
De
acordocom Da
Mata
apud
Monticelli (1997, p. 23), o rito é...“um fianômeno
dotado de certo conjunto de significados...uma
visão estruturalfundamentada
em
princípios organizatórios, dos quaisa
necessidade de incorporar 0novo, reduzir incertezas e realizar
a passagem
de posição,num
deslocar constante, éfundamental
Monticelli (1997) diz que os ritos de
passagem
são os queacompanham
onascimento, a puberdade, o noivado, o casamento, a paternidade, a morte, o parto, a
gravidez, a infância e outros.
3.1.2 Ritos
de
passagem
enascimento
19
-
Identificar as diversidades e universalidades culturais de cuidado das parturientes, atravesdo
levantamento inicial de dados.-
Contribuir para a implementação dos 08 (oito) passos da MaternidadeSegura e para a
manutenção
dos 10 (dez) passos do AleitamentoMatemo.
-
Avaliar periodicamente as atividades desenvolvidasno
estágio.-
Buscaraprofundamento
teórico dos temas pertinentes ao cuidado dobinômio
mãe-filho
durante o nascimentocomo
o rito de passagem.estágio.
21
Monticelli (1997), faz
um
rastreamento da visãodo
nascimentoem
diversas culturas esobre várias perspectivas, indicando a grande diversidade
mundial
na
representaçãodo
mesmo.
A
autora afirrnaque
o nascimento, portanto, é visto de diversas fonnas, de acordocom
os valores, atitudes e crenças de cada cultura. Para a culturaNavaho,
por exemplo, o nascimento éuma
experiência natural de vida.Em
contra partida,na
cultura chinesa eem
alguns lugaresdo
México, a menstruação, gravidez e parto são considerados doenças.Para Monticelli (1997, p. 39), “na perspectiva sociocultural, 0 nascimento
é
encarado
como
um
rito depassagem,
como
um
rito final, admitindoa
mulher
na
sua
feminilidadeA
autora aindaafinna
que demodo
geral, oque
se percebe éque
os trabalhos desenvolvidos envolvendo cultura/nascimento, são muito mais sistemáticosem
outros paísesdo que
no
Brasil, e a nivel nacional,não
são encontrados trabalhosque
envolvam
a perspectivado
nascimentocomo
um
rito de passagem,havendo
grande espaço de conhecimentos a ser preenchido principalmente pelos profissionais
da saúde, que
atuam
junto ao processodo
nascimento.A
grande maioria da bibliografia indicada nos cursos deMedicina
eEnfermagem,
enfoca o nascimentona
perspectivado
modelo biomédico
vigente.Bauer apud
Monticelli (1997, p.36
e 37) diz que o “nascimento é consideradoum
evento
médico que
precisa ser controladopor
meios tecnológicos e cirúrgicos, eque
dificilmente
a
questão é tratada, levandoem
consideração os valores e crençasda
mulher
em
respeitodo
mesmo
“_22
Segundo
Monticelli (1994), antigamente a gravidez, o parto e os cuidadosposteriores
com
amãe
e a criança transcorriamem
família,onde
as pessoas estavam ligadas por fortes vínculoshumanos
que constituíam seus suportes sociais.Hoje
estesmesmos
fenômenos
transcorremem
instituições hospitalaresonde
os vínculospassaram
a sermeros
contatos superficiais. Isto leva aum
sentimento de solidão e dedesamparo
e, segundo Climentapud
Monticelli (1994),não
deve surpreenderque
asmulheres, seus maridos e famílias
“membros
solitários e isolados de urna sociedadeatomizada” sejam fácil presa de manipulação das maternidades, encaradas
como
meras
empresas
que têm
verdadeiro poder de decisão e imposição.Esse contato
com
as instituições ecom
profissionais de saúdefizeram
com
que
os indivíduos e famíliaspassassem
a incorporartambém
em
suas práticaspopulares, os conhecimentos da
chamada
“medicina científica”.Inúmeros
são osestudos
que
têm
rastreado para esta questão,porém
sãoem
menor número
os quetem
aprofundado o
fenômeno
sob o ponto de vista e visão demundo
dos participantespopulares de todo esse processo, particularmente
no
que diz respeito ao processo denascimento.
A
maioria dos profissionais da saúdeque
atuam
no
processodo
nascimento,com
raras exceçõesnão tem
levadoem
consideração a experiência das famílias eprincipalmente a vivência das mulheres durante o processo
do
nascimento.O
que
se observa durante os estudos das ações desenvolvidas pela famíliadurante o processo
do
nascimento, desde a concepção até o período pós-parto é que as práticas de saúdenão
são estanques,nem
nos domicílios,nem
nas instituições hospitalares.Nesse
sentido o cuidado é tanto desenvolvido pelos profissionais da23
saúde, quanto pelas famílias (Leininger, 1979, 1991; Nitschke, 1991; Patrício, 1990;
Bohes, 1990;
Marcon,
1989; Cartana, 1988; Elsen, 1984). Existeuma
preocupaçãobastante grande, principalmente por parte dos enfenneiros que
desenvolvem
práticasassistenciais
em
conhecer, considerar e valorizar crenças, valores e práticas popularesde saúde para que a assistência possa ser compartilhada. '
Whaley
&
Wong
(1989),afmnam
que,na
maioria das sociedades, a família parece exercer três funções principais paracom
seusmembros:
proporcionar cuidados ñsicos, educar e treinar para adaptação a cultura e sociedade e assumir aresponsabilidade pelo bem-estar psicológico e emocional dos
mesmos.
Bomar, apud
Nitschke (1991) cita ainda queuma
das maiores atribuiçõesda
família é o cuidado à saúde.A
família é primariamente responsável pela maioria deseus cuidados para a saúde durante os ciclos de saúde e doença. Tais cuidados incluem
tanto ensinamentos das práticas de cuidado à saúde,
como também
a garantia desuporte social,
como
ocorreno
processo de desenvolvimento das famílias durante 0 nascimento deum
novo membro.
H
Boehs
(1990) realizando seu trabalhocom
famílias de recém-nascidosdentro de
uma
perspectiva transcultural afirma que o nascimento deum
novo
membro
da família inicia
um
novo
ciclo de desenvolvimento, ocasionando variações culturais que irão iníluenciarem
como
esta irá se organizar,como
cuidará de seus filhos,como
manterá relações
com
os outrosmembros
da família.De
acordocom
Duvallapud
Boehs
(1990) a família passa por diferentesetapas durante seu processo de viver, dentre elas, está o que considera família
em
24
Dentro de todo esse contexto cultural encontra-se a
amamentação.
Campestrine (1992) aborda os aspectos antropológicos da
amamentação
erevela que grande
número
de nutrizes demonstra conhecimento empírico emergente de sua herança sócio-culturalno
período da lactação; proibições escrupulosassem
justificativas
ou
fimdamentos
causam
indecisões das nutrizes frente a inúmeras crenças e superstições queenvolvem
aamamentação, que
necessitam ser conhecidas pelos enfermeiroscom
risco de gerarchoque
culturalna
sociedade e conseqüentedesestímulo ao aleitamento
matemo.
A
amamentação
éuma
atividade básica, e constituiuma
das primeiras intervenções nutricionais, materiais e de saúde infantil que amãe
pode
aprender paraassegurar a saúde de seu filho.
É
um
modo
natural e apropriadoque
satisfaz muitas das necessidades da criançaem
desenvolvimento, ena
maioria dos lugares é compatívelcom
o ambiente ecológico e econômico.A
experiência de sociedades tradicionais indica que muito poucasmães
são incapazes deamamentar
por razões fisiológicas contudo, vendo-secomo
um
todo, grande quantidade de mulheresdeixam
deamamentar
por vários motivos, dependentes deorigem
e classe social, estilo de vida e nível de informação e conhecimento.O
primeiro evento social, talvez o mais crítico da vida deuma
criança ocorrecom
a interação entremãe
e filhona
situação de alimentação.Quando
amãe
escolhe a maneira de alimentar seu filho, expressa nesta decisão influências da sociedade, de seu estilo de vida, da sua história pessoal e da sua personalidade.25
O
declíniodo
aleitamento materno representaum
desperdício deum
recurso natural de valor inestimável, sendo que os fatores
mais
contribuintessão: imperiosa necessidade de a
mulher
contribuirno
sustento da família; estímulosanti-amamentação (exploração cinematográfica da
mama,
temor de perder aforma
plástica de
mama),
inexistência deexemplos no meio
familiar, exagerada divulgaçãofeita
em
tomo
de detenninados leiteem
pó,mamadeiras
e bicos, desinteresse dosprofissionais de saúde
em
ensinar, apoiar, orientar e supervisionar amãe
durante aamamentação,
despreparo dos profissionais da saúdeem
relação àsmedidas
profiláticas relacionadas a herança cultural das nutrizes e da sociedade.Pizzato e
Da
Poian (1988) dividem os aspectos sociaisda
amamentação
em
familiares e antropológicos.
Destacam
vários fatoresque colaboram
parauma
amamentação
com
êxito: apoio, estímulo ecompreensão do companheiro
e familiares; redução de visitasem
número
eem
tempo, principalmente nos primeiros dias após o parto; o entretenimentodo
filhopouco mais
velho, durante amamada;
auxílio deuma
pessoa dedicada, quefique
com
a criança,quando
amãe
carece ausentar-sedo
lar.No
aspecto social-antropológico, o autor alude que a alimentação ao peitotem
suaorigem
associada ao primeiro parto, e portanto, é milenar. Estudos depovos
primitivos, enfatizando costumes quanto à alimentação da criança nos primeiros
meses
de vida,
além
de costumes sociais,na
vida adulta, revelam a influênciado
aleitamentomatemo
no
desenvolvimento da personalidadedo
serhumano.
Pesquisas realizadascom
mães
africanas,com
hábitos primitivos, revelam que aamamentação
ocorriamaciçamente
sem
qualquer preocupaçãocom
tempo
de sucção, horários, posições,26
e a única visita permitida é a do recém-nascido).
Chegou-se
a conclusão que o processo deamamentação
estáfundamentado
numa
imitação inocente, de outras mães, experimentada pelamulher
desde a meninice.Nas
ilhas Alor, segimdo Filloux,apud
Pizzato eDa
Poian (1988) asmães
permanecem
no
ostracismo durante os primeiros oito duas de pueipério,amamentando
seu recém-nascido.Após
quinze diasretomam
ao trabalho, interrompendo bruscamente aamamentação, ficando
0 filho sob a responsabilidade de irmãosmaiores,
que
oalimentam
demodo
grosseiro e irregular, e por vezescom
alimentosmastigados por outros. Outro
dado
antropológico, citado porSouza
eSouza apud
Pizzato eDa
Poian (1988), é ofenômeno
da relactação.Em
algumas
tribos primitivasafricanas, a avó funciona,
no
sentido daamamentação,
como
um
perfeito e natural substituto damãe
que porum
motivo esteja impedida de amamentar. Referem, ainda, que estas avós,começam
a produzir leite após duasou
trêssemanas
de estímulo, conseguido pela sucçãoda
criança, orientada demodo
aque
graduahnente seaumente
otempo
e a freqüência dasmamadas.
A
herança social das nutrizes e respectivacomunidade
(costumes, ritos,tabus, crenças...) é fator interferente
na amamentação.
A
maneira pela qualuma
pessoa enfrenta as suas necessidades de auto-cuidado
não
é instintiva,mas
pelocontrário, é
um
comportamento
aprendido, baseadoem
seu próprio passado.Campestrine (1992), registra
exemplos
de herança social,em
pesquisa realizadaem
uma
comunidade do
interiordo
RJ, as quais interferemgrandemente no
sucesso,ou
não, da lactação,
que demonstram
o distanciamento entre a antropologia cultural e o27
Í A
nutriznão pode
tomar água, enquanto dá demamar. “Faz mal
aorecém-nascido”.
Í
Não
ébom
comer ovo
durante o resguardo,pode
inflamar
o útero.Í O
recém-nascidonão
dormirno
peito. Elepode
“golfar”. Se golfar, “ocalor
do estômago
entrano
peito damãe
e anuina” (mastite). Paranão
arruinar,depressa pentear a
mama
ou
virar o bebêcom
aspemas
para fora e deixar “ele”mamar
na
mesma
mama
que
ele golfou.Í
É
desaconselhável “espremer” leite da nutriz,na
paredeou no
chão.O
leite é
“chupado”
pelo cimento e pelo tijolo e seca.Vê-se assim que os tabus que, direta
ou
indiretamente,envolvem
aamamentação,
e portanto,fazem
parte da antropologia cultural,merecem
ser conhecidos e estudadoscom
profundidade pelos profissionais de saúde da área materno-infantil e por todos os que trilham ocaminho do
incentivo ao aleitamentomatemo,
pois só assim é possível prestarum
cuidado eficiente respeitando os valoresculturais das nutrizes.
Para possibilitar
uma
melhor
compreensão
eembasamento
teórico arespeito da proposta
do
presente estudo, utilizamos a revisão de literatura feita porGonçalves
eFranzon
(1997), abordando temascomo
o parto normal, parto cesáreo e opuerpério,
do
ponto de vista biológico e psicossocial, assimcomo
do
recém-nascido.A
revisão de literatura abrange os seguintes tópicos: parto normal, parto cesáreo,puerpério normal,
modificações
locais,modificações
gerais, cuidados de enferrnagem,lactação, aleitamento materno, puerpério patológico, aspectos psicológicos vivenciados durante a gravidez, o parto vivenciado
como
fenômeno
psicossomático e o28
recém-nascido e por estar completa e atualizada,
julgamos
desnecessária a suatranscrição neste trabalho, ressaltando
que
amesma
encontra-se descrita4 -
REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo
Angerami
eMendesi apud Batey
(1977), oMarco
Teóricotem
o significado deum
mapa
que serve para orientar o pesquisadorno
processo de planejar, conduzir e interpretar as pesquisas. Seguindo este raciocínio, estetem
a fmalidade deiluminar o problema,
dando
a diretriz para acondução
de todo o processo que, por suavez, transforma o conhecimento
ou
a teoria existente, revertendo influências para aprática. Portanto, o
Marco
Teóricotem
potencial para unir a teoria, a prática e a pesquisa.Assim, partindo do fato de que
Marco
Referencial consisteem
um
conjuntode crenças, valores, conhecimentos e técnicas que
guiam
o pensar-fazer dos indivíduos,adotamos
a Teoria da Diversidade e Universalidade doCuidado
Transcultural deMadeleine
Leininger, a fun de poder direcionar o referente estudo.4.1 Teoria
da
Diversidade
e Universalidadedo
Cuidado
Transcultural deMadeleine Leininger
30
Foi a primeira e maior contribuinte para a teoria
do
cuidar/cuidado.Leininger (1985), identificou diferenças nas formas das pessoas expressarem e se
comportarem
em
relação ao cuidar/cuidado, eque
pareciam estarligadas a padrões culturais.
Em
sua persistente curiosidade,buscou complementar
seus estudosna
área de antropologia e concluiu que este conhecimento era de extremaimportância para a área de enfennagem.
Sua
teoria éfundamentada
num
modelo
transcultural deenfermagem
(Modelo
Sol Nascente), que engloba o cuidar/cuidadohumano
em
suas diferenças de similaridades nas diversas culturasdo
Universo, daí suadenominação
de Teoria da Diversidade e Universalidadedo
Cuidado
Transcultural.O
Modelo
Sol Nascente (Sunrise) demonstra as inter-relações dos conceitosem
sua teoria. Apresenta quatro níveis de focalizaçãoque vão
da estrutura cultural esocial, passando por indivíduos, famílias, grupos e instituições
em
diversos sistemas desaúde, até decisões e ações de cuidado
em
enferrnagem que são: a preservação, aacomodação
e repadronização culturaldo
cuidado.Leininger construiu sua teoria
com
basena
premissa de que ospovos
de cada culturanão
apenas são capazes de conhecer e definir as maneiras, através das quais elesexperimentam
epercebem
seu cuidado deenfermagem,
mas também
sãocapazes de relacionar essas experiências e percepções às suas crenças e práticas gerais de saúde.
Com
baseem
tal premissa, o cuidado deenfermagem
deriva-sedo
contextocultural
no
qual ele deve ser propiciado e desenvolve-se a partir dele.Em
suas apresentações oferece definições para os conceitos de cultura,31
sistema popular de saúde, saúde, sistema profissional de saúde, cuidar/cuidado, preservação cultural
do
cuidado,acomodação
culturaldo
cuidado e repadronizaçãocultural
do
cuidado.Além
de suas definições, apresenta pressupostos quedão
novo
apoio à suaprevisão de que culturas diferentes percebem,
conhecem
e praticam o cuidado de diferentes maneiras, aindaque
alguns elementoscomuns,
existamem
relação aocuidado,
em
todas as culturasdo
mundo.
4.1.1 Pressupostos
da
teoria-
Desde
o surgimento da espéciehumana,
o cuidadotem
sido essencialpara o crescimento, desenvolvimento e sobrevivência dos seres
humanos.
-
O
cuidado próprio e outros padrões de cuidado, existem entre as culturas.-
O
cuidadohumanizado
é universal, existindo diversos padrões decuidado
que
podem
ser identificados, explicados e conhecidos entre as culturas.-
O
cuidadohumanizado
é característica central,dominante
e unificadorada
enfermagem.
- Não
pode
haver curasem
cuidado,mas
pode
haver cuidadosem
ser paraa cura.
-
A
razão da existência daEnfermagem
é que ela é profissão de cuidado,com
conhecimentos disciplinados sobre este.-
O
cuidado sobuma
perspectiva transcultural é essencial para desenvolver32
~ Os
componentes do
cuidado transcultural e as características dasdiferenças e semelhanças ainda
devem
ser identificadas, descritas e conhecidas para a sua caracterização estrutural e funcional.- As
decisões e açõesdo
cuidado deenfennagem
quelevam
em
conta osvalores, crenças e
modo
de vidado
cliente, estarão certamente ligados a satisfaçãodo
clientecom
o cuidado deenfermagem.
- Os
conceitos e práticasdo
cuidadodo
serhumano
podem
seridentificados
em
todas as culturas.- As
práticas de cuidado de saúde, profissionais e populares são derivadasda cultura e
influenciam
as práticas e os sistemas deenfermagem
(Leininger, 1985).4.1.2 Principais conceitos
da
teoria-
Ser
humano:
são seres universalmente provedores de cuidado, dotadosde particularidades e características próprias, que sobrevivem
numa
diversidade deculturas, por
meio
de sua capacidade de oferecer a universalidadedo
cuidado de inúmeras maneiras de acordocom
culturas diferentes (Leininger, 1993).-
Saúde:
éum
estado de bem-estar, culturalmente definido, avaliado epraticado e
que
reflete a capacidade que os indivíduos (ou grupos)possuem
para realizar suas atividades cotidianas, deforma
culturalmente satisfatória (Leininger,33
Y
Contexto
ambiental: é a totalidade deum
acontecimento, situaçãoou
experiência particular que confere sentido às expressões
humanas,
incluindo interaçõessociais,
dimensões
físicas, ecológicas, emocionais e culturais (Leininger, 1993).-
Enfermagem:
éuma
profissãoque
envolve cuidado cultural coerente,uma
vez que oferece cuidado apovos
de várias culturas diferentes, eque
pode
conduzir à execução
do
cuidado quemelhor
se adapte à culturado
cliente, diminuindo,assim, o estresse cultural e o potencial para o conflito, entre o cliente e o provedor de cuidados (Leininger, 1993).
4.1.3 Conceitos norteadores
do
trabalhode Leininger
xi
Crenças:
convicção intima e/ou certeza adquirida baseadanos
valoresculturais inseridos
no
contexto sócio-econômico-politicodo
serhumano
(adaptadoLeal, Lima, Martins, Veiga, 1993).
-
Cuidado
(substantivo): refere-se aosfenômenos
com
ocomportamento
de prestação de auxilio, apoio
ou
capacitação, paraum
indivíduoou
por outro indivíduo(ou grupo),
com
necessidades evidentesou
antecipadas de melhorarou
aperfeiçoar urna condiçãoou
vidahumanas
(Leininger, 1993).-
Cultura: são os valores, crenças,normas
e práticas de vida deum
determinado grupo, aprendidos, partilhados e transmitidos,
que
orientam o pensamento, as decisões e as ações, de maneira padronizada (Leininger, 1993).34
-
Cuidado
cultural: são valores, crenças e expressões padronizadas,cognitivamente conhecidos que auxiliam, dão apoio
ou
capacitam outro indivíduoou
grupo a
manter
o bem-estar, a melhoraruma
condição de vidahumana
ou
a enfrentar a morte e as deficiências (Leininger, 1993).K-
4
Cuidado
popular: são comportamentos, técnicas e processosdesenvolvidos de acordo
com
valores culturais, contendo informações, tantodo
sistema profissionalcomo
popular de saúde (Leininger, 1993).-
Cuidado
profissional: são componentes, técnicas, processosou
padrõescognitivos, culturalmente aprendidos, executados por profissionais
da
saúde,que
capacitem
ou ajudem
o indivíduo a melhorarou
manteruma
condição de vida saudável (Leininger, 1993).-
Diversidade
culturalde
cuidado: indica a variação de significados,padrões, valores
ou
símbolos de cuidado que são culturalmente originários doshomens,
para seu bem-estarou
para aperfeiçoaruma
condiçãoou
modo
de vida,ou
para enfrentar a morte (Leininger, 1993).
-
Universalidade culturalde
cuidado: refere-se a significados, padrões,valores
ou
símbolos de cuidadocomuns,
semelhantesou
uniformes, culturalmenteoriginários dos
homens,
para eu bem-estarou
para aperfeiçoar a condição e omodo
devida
ou
para enfrentar a morte (Leinjnger, 1993).-
Visãode
mundo:
é a maneira pela qual as pessoasolham
omundo
ou
ouniverso e
formam
um
“quadroou
atividade de valor” acercado
mundo
e de suas35
Leininger;
em
segundo
lugar ela fala a respeito de estrutura social, visão demundo
e contexto ambiental (Leininger, 1993).`-/~
Estrutura
social: refere-se a natureza dinâmica dosfatores estruturais
ou
organizacionais inter-relacionados deuma
determinada cultura (ou sociedade), e amaneira
como
funcionam
esses fatores para dar sentido eordem
cultural, incluindofatores religiosos, de parentesco, políticos, econômicos, educacionais, tecnológicos e
culturais (Leininger, 1993).
'L Sistemas populares
de
saúde
ou
de
bem-estar: são práticas de curaou
de cuidado de saúde nativas, locaisou
tradicionais quepossuem
significados e usos especiais para curarou
ajudar as pessoas (Leininger, 1993).-
Sistema
profissionalde
saúde: são os serviços de cuidadoou
de curaprofissionais, oferecidos por pessoal de saúde diversificado que foi preparado, através de
programas
de estudos profissionais e normais,em
instituições educacionaisespeciais (Leininger, 1993).
Y-
Preservação
culturalde
cuidado: Inclui ações e decisões profissionais de auxílio, apoio e capacitação queajudam
os clientes de determinada cultura apreservar
ou
manterum
estado de saúde,ou
restabelecer-se deuma
doença
e enfrentara morte (Leininger, 1993).
\_f-
Acomodação
culturaldo
cuidado: são as ações e decisões profissionaisde auxílio, apoio e capacitação que
ajudam
os clientes de determinada cultura aadaptar-se a
um
estado satisfatórioou
benéfico
de saúde,ou
negociar para tal,ou
a36
Y z .
,., z . ~ . . ~
'-
Repadromzaçao
culturaldo
cindado:ou
restauraçao, mclui as açoes edecisões profissionais de auxílio, apoio
ou
capacitaçãoque
ajudam
os clientes amodificar
suas formas de vida,na
busca de padrõesnovos ou
diferentes que sejamculturalmente signíficativos
ou
satisfatóriosou
que
dêem
apoio a padrões de vidabenéficos
ou
saudáveis (Leininger, 1993).4.2 Processo
de
Enfermagem
Processo de
Enfermagem
pode
serdefmido
como
uma
atividade intelectual deliberada, pormeio da
qual a prática deenfermagem
é abordada de maneira ordenada e sistematizada, é ainda 0 “instrumento” e a metodologia da profissão de enfermeiro (a)e,
como
tal, auxilia as profissões atomarem
decisões e apreverem
e avaliaremconseqüências.
Para operacionalizar o
marco
conceitual descrito, tentaremos utilizar o“Processo de
Enfermagem
de Leininger”.Cabe-nos
nestemomento,
ressaltarque
Leininger
não
elaborouum
processo deEnfermagem
de maneira específica,mas
sim
“uma
teoria para guiar a prática” (Leininger,apud
Monticelli, 1991).Monticelli (1993), diz que, portanto, a tarefa de elaboração desta
metodologia toma-se
um
verdadeiro processo criativo, e quetem
como
desafio
a sistematizaçãodo
conhecimento e a tentativa contínua (porquenão
acaba aqui) e dinâmica (porque supõemodificações
nas diferentes etapas) de aliar teoria,método
e37
4.2.1 Fases
do
processode
enfermagem
Esse processo é
composto
pelas seguintes fases:4.2.1.1
Levantamento
de
dados
Consiste
na
avaliação e obtenção de informações sobre a estrutura social e a visão demundo
da
culturado
cliente.Marca
0começo
deuma
interação e é omomento
do
encontro entreacadêmicas, paiturientes e familiares.
Os
dados acerca da parturiente efamília/acompanhante, serão levantados através de roteiros.
O
método
de coleta de dados que utilizaremoscom
a parturiente nesteestudo, será o da Observação-Participante de Leininger (1985).
Escolhemos
estemétodo
pelo fato de que observando e participandoativamente
do
cuidado,poderemos
conhecermelhor
omundo
simbólico da parturiente,suas atitudes, sentimentos, opiniões e comportamentos.
Monticelli (1993) afirma que
com
estemétodo
o enfenneiro, primeiramente, preocupa-seem
fazer observações e ouvir atentamente, obtendo destamaneira
uma
visãoampla
da situação e gradualmente vai realizando observações detalhadas,sempre
tendoem
mente
o foco de estudo e os objetivos propostos.Num
segundo
momento,
a observação continua,mas
alguma
participação (cuidado)começa
a ocorrer gradativamente,conforme
a aceitação, expectativa e interaçãocom
as parturientes.38
O
enfermeirocomeça
a interagir maispróximo
às pessoas.No
terceiromomento,
a participação (cuidado) intensifica-se, porém,sem
perder de vista aobservação.
4.2.1.2 Diagnóstico
de
enfermagem
Baseia-se nas áreas
em
que obinômio mãe-filho não
encontramuma
diversidade
ou
universalidade cultural do cuidado. Esta fase, caracteriza-se pelareflexão constante
do
que foi obtidona
primeira etapa do processo.4.2.1.3
Planejamento
eimplementação
Esta fase consiste
em
sistematizar e organizar as informações obtidas naetapa anterior, procurando-se refletir sobre as possibilidades e limites de se prever,
acomodar ou
reorganizar os padrões de cuidado que são desenvolvidos.4.2.1.4
Evolução
Apesar
de Leininger não propor objetivamente a evoluçãodo
cuidado, ela39
de cuidado
em
enfermagem,
para determinar quais os cuidadosque
são apropriados aos padrões decomportamento da
cultura para a cura, a saúdeou
o bem-estar, o que5 -
ESTABELECENDO AÇÕES METODOLÓGICAS
5.1 Descrição
do Local de
EstágioO
estágio foi desenvolvidono
Centro Obstétrico da MaternidadeCarmela
Dutra, entre os dias 25/03 à 05/06/98.A
MaternidadeCarmela
Dutra éuma
instituiçãopública integrante da Secretaria de Estado da
Saúde
de Santa Catarina, localizada à ruaIrmã Benwarda,
208, Florianópolis.Desde
1955 presta atendimento às mulheres dosmais
variados niveissociais, provenientes de municípios vizinhos
em
situações de saúde/doença estandoou
não
relacionadascom
as fasesdo
ciclo grávido-puerperal. Trata-se deuma
matemidade/escola conveniadacom
a Universidade Federal de Santa Catarina ecom
outras instituições assistenciais e de ensino.
Atualmente
dispõe de 121 leitos destinados ao atendimento obstétrico,ginecológico e oncológico.
O
total de atendimento geral éem
média
de 41.500 pacientes/ano.41
5.000 bebês, sendo responsável por
70%
dos atendimentos obstétiicos de Florianópolis.A
p
Dispõe
aindado
serviço de neonatologia e de ambulatório, desenvolvendoprincipalmente ações de nível primário, secundário e terciário,
como
saúdedo
adolescente, planejamento familiar, pré-natal de baixo e alto risco, cirurgia,
ginecologia, mastologia, patologtia cervical, oncologia ginecológica, climatério e
sexualidade.
Possui
um
sistema de alojamento conjunto para os recém-nascidos normaisonde
estespermanecem
ao lado de suasmães
durante toda a intemação.Conta
também
com
o serviço deBanco
de LeiteHumano
e Central de Informações sobre AleitamentoMatemo,
implantadoem
1979,dando novo
impulso asatividades de
promoção,
proteção e apoio àamamentação.
Em
média
são atendidas5.000 mulheres por ano e coletados e distribuídos
aproximadamente
1.000 litros deleite por ano.
Portanto, toma-se necessário ressaltar que
na
área do aleitamento importantes passosforam
dados transfonnando aMatemidade
Carmela
Dutrano
3°Hospital
Amigo
da Criançado
Estado de Santa Catarina, 47°do
Brasil e 400l°do
mundo.
O
Ministério daSaúde
e Secretaria de Estado daSaúde
reconhecendo estasatuações elegeram
em
março
de 1992, a MaternidadeCarmela
Dutracomo
“Centro deReferência Estadual
em
Saúde
da Mulher”.Recentemente
a instituição está42
A
enfermagem começou
a implantaruma
metodologiana
maternidade apartir
do
primeiro semestre de 1997, sendo quena
sala de parto o_ projeto já foiimplantado
porém
não
oficializado, devido as outras unidades encontrarem-seem
fase de adaptação, que inclui a presençado
paiou acompanhante na
sala de parto. ‹O
Centro Obstétrico da maternidadecompõem-se
de dois vestiários e demn
lavabo para entrada de ftmcionários, pré-partocom
cinco leitos individuais (separadospor box), rouparia, sala para orientações à partmiente,
bem
como
de troca de roupas euma
sala altamente restritacom
dois leitosno
caso de parto prematuro, feto moto, inibiçãodo
parto e pré-eclâmpsia.Atualmente
o Centro Obstétrico apresentaem
seu quadro de funcionáriosum
total de trinta eum
profissionais da área deenfermagem,
sendo que três são enfermeiras, seis técnicas deenfermagem,
quatorze auxiliares deenfermagem
eum
auxiliar de serviço obstétrico,um
escriturário e seis atendentes deenfermagem.
5.2
População Alvo
A
clientela atendida neste trabalho foicomposta
preferencialmente porprimíparas admitidas
no
Centro Obstétrico, residentesem
Florianópolis,que
demonstraram
aceitação e interesseem
participardo
projeto, das quais 08 (oito)foram
43
5.3
Plano de
Ação
Neste estudo
foram
planejadas as seguintes estratégiasna
tentativa dealcançar os objetivos
mencionados
anteriormente:Objetivo 1 -›
Conhecer
a estrutura física, operacional e normativado
Centro Obstétrico e
Unidade
de Intemação Puerperal, interagindocom
a equipe desaúde.
Estratégia Operacional:
>
Percorrer área física e conhecer os funcionários e asnormas
e rotinasdo
Centro Obstétrico eUnidade
de Internação Puerperal.>
Apresentar o projeto à equipebuscando
parceria.Avaliação:
O
objetivo será considerado alcançado se seguirmos a estratégiaproposta.
Objetivo 2 -› Identificar as diversidades e universalidades culturais
do
cuidado das parturientes, através
do
levantamento inicial de dados.Estratégia Operacional .'
44
>
Levantar dados atravésdo
método
da observação participante, procurando conhecer omundo
simbólico das parturientes, seus hábitos,modo
de vida,sentimentos,
comportamentos
e opiniões.>
Adaptar o roteiro para coleta de dados de Minatti et al (1997)buscando
um
melhor
conhecimento da cultura das parturientes e aplicá-lo àsmesmas.
Avaliação:
O
objetivo será considerado alcançado se cada aluna aplicar aestratégia a
no
mínimo
10 (dez) partuiientes.Objetivo 3 -› Desenvolver o cuidado de
enfermagem
aobinômio
mãe-filho,do
ambiente hospitalar ao domiciliar,buscando
identificar as diversidades euniversalidades culturais
na
iniciaçãodo
nascimentocomo
rito de passagem, baseadono
referencial teórico deMadeleine
Leininger.Estratégia Operacional:
>
Selecionar, de acordocom
os critérios pré-estabelecidosna
populaçãoalvo,
no minimo
04
(quatro) clientes para cada aluna, para o desenvolvimentodo
cuidado._
>
Acompanhar
a clientela selecionada durante a fase de hospitalização e adomicílio, visando a manutenção,
acomodaçao
e/ou* reorganizaçãodo
cuidado,45
Avaliação:
O
objetivo será considerado alcançado se cada alunaacompanhar no
mínimo
O4
(quatro) clientes para estabelecimentodo
cuidadodo
ambiente hospitalar ao domiciliar.
Objetivo 4 _-› Connibuir para implementação dos 08 (oito) passos da
Maternidade Segura e para a
manutenção
dos 10 Çdez) passos do AleitamentoMaterno.
Estratégia Operacional:
>
Buscar
informar-se, junto a instituição, dasnormas
e rotinasestabelecidas
com
relação ao objetivo,comprometendo-se
com
amanutenção
e divulgação dasmesmas.
Avaliação:
O
objetivo será considerado alcançado casoconsigamos
seguiraestratégia proposta.
Objetivo 5 -› Avaliar periodicamente as atividades desenvolvidas
no
estágio.Estratégia Operacional:
>
Reunir-se quinzenalmentecom
a enfenneira supervisora e orientadorapara discussão e
andamento do
projeto.Avaliação:
O
objetivo será considerado alcançado se seguirmos a estratégia proposta.46
Objetivo 6 -› Buscar aprofundamento teórico-prático dos
temas
pertinentes ao cuidado ao
binômio
mãe-filho durante o nascimentocomo
rito depassagem.
Estratégia Operacional:
>
Participar das atividadespromovidas
pela instituição e/ou outrasentidades
que
venham
a contribuirna
compreensão, identificação eimplementação do
cuidadodo
nascimentocomo
nto de passagem.>
Desenvolver estágio extra-curricularno
Centro Obstétrico durante aconcepção e execução
do
projeto.>
Freqüentar,em
Florianópolis, cursos e similares queabordem
otema
pertinente ao nascimento
como
rito de passagem.>
Buscar
na
literatura conteúdos teórico-práticos referentes aos temas.Avaliação:
O
objetivo será alcançado se seguirmos a estratégia proposta.Objetivo 7 -› Refletir e trabalhar as vivências
do
grupo de acadêmicasno
decorrer do estágio.
Estratégia Operacional:
>
Utilizar técnicas de dinâmica de grupo e outras práticas alternativas,em
47
~
Avaliaçao: