• Nenhum resultado encontrado

Implementação de um Sistema Pay-As-You-Throw (PAYT) - Feira Municipal de Vila do Conde

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Implementação de um Sistema Pay-As-You-Throw (PAYT) - Feira Municipal de Vila do Conde"

Copied!
117
0
0

Texto

(1)

Implementação de

um Sistema

Pay-As-You-Throw (PAYT) –

Feira Municipal de

Vila do Conde

Fábio André Carvalho Costa

Dissertação de Mestrado apresentada à

Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, LIPOR – Serviço

Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto

Ciências e Tecnologia do Ambiente

2016

Impl emen taç ão de um S istema P ay -As -Y ou -T hrow (P A Y T ) – Fe ira M un icipal de V ila do C on de F ábio A n d Car v alho Co sta FCUP LIPOR 2016 2.º CICLO

(2)

Implementação de um

Sistema

Pay-As-You-Throw (PAYT) – Feira

Municipal de Vila do

Conde

Fábio André Carvalho Costa

Mestrado em Ciências e Tecnologia do Ambiente

Departamento de Geociências, Ambiente e Ordenamento do Território 2016

Orientador

António José Guerner Dias, Professor Auxiliar, Faculdade de Ciências da Universidade do Porto

Coorientador

Pedro Luiz Côrtes, Professor Associado, Universidade de São Paulo

Coorientador Externo

(3)

O Presidente do Júri,

(4)

Agradecimentos

O culminar de mais uma etapa da minha vida integrou a participação de várias pessoas e instituições, às quais quero expressar o meu sincero agradecimento:

Ao Engenheiro Paulo Rodrigues (LIPOR), pelo conhecimento e experiência transmitida, bem como pela confiança, motivação e cultura de exigência depositados na minha pessoa.

Ao Professor Doutor António Guerner Dias (FCUP), pela experiência e disponibilidade depositados na minha pessoa, bem como a orientação na elaboração deste relatório final de mestrado.

Ao Professor Pedro Luiz Côrtes (Universidade de São Paulo), mesmo distante, o meu obrigado pela ajuda.

À Divisão de Operações, Manutenção e Obras (DOMO) da LIPOR, mais precisamente ao Pedro Oliveira, Patrícia Matos, Andreia Soares e Pedro Martins, pela integração e salutar ambiente na empresa.

À Divisão de Ambiente e Serviços Urbanos (DASU) da Câmara Municipal de Vila do Conde, mais precisamente Eng.ª Cláudia Madureira, Eng.º Joaquim Ponte, Eng.º Paulo Carvalho e Eduardo Fernandes, pela disponibilidade e informações disponibilizadas para a realização do presente relatório.

Aos meus pais e irmãs, porque foram sempre o meu apoio incondicional, particularmente nos momentos de maior indefinição pessoal e académica, possibilitando-me a oportunidade de hoje poder sentir-me muito feliz pelo objetivo que alcancei. Obrigado FAMÍLIA!

À minha namorada Cátia Martins, pela compreensão, disponibilidade, companheirismo, conforto e apoio incondicional, particularmente nos momentos de maior indefinição pessoal e académica.

Um agradecimento a todos os meus amigos, em especial ao Marcos Bastos, Fábio Cerqueira, Cláudia Sousa, Samuel Teixeira, Ana Almeida, Letícia Fortes e Sara Abreu, com quem tive oportunidade de partilhar a minha vida académica e pessoal recheada de momentos inesquecíveis.

(5)

Por último, e não menos importante, quero agradecer às instituições que fizeram parte do meu percurso académico como a Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) e a LIPOR, que tão bem me receberam desde o primeiro dia, permitindo o meu desenvolvimento pessoal e profissional, assim como o concretizar de mais um objetivo na minha vida.

(6)

Resumo

Indicador basilar na qualidade de vida das cidades e dos seus habitantes, a gestão de Resíduos Urbanos ultrapassou o paradigma da mera gestão face à salubridade do ambiente público para uma nova visão – a do resíduo como um recurso. Assim, o conhecimento da produção de resíduos de cada produtor, bem como os seus hábitos e padrões de consumo, relacionados com a gestão de resíduos são uma ferramenta essencial para os tão ambicionados processos de otimização, potenciação da valorização multimaterial de resíduos e equidade no sistema tarifário, visando uma Economia Circular.

O presente estudo, apresenta a descrição e avaliação da primeira fase de implementação do projeto-piloto “Mercado Inteligente” na Feira Municipal de Vila do Conde, baseado no sistema Pay-As-You-Throw (PAYT). A avaliação da implementação do projeto será efetuada com base nos resultados referentes ao número de depósitos de Resíduos Urbanos efetuados, assim como dos Quantitativos recolhidos no local. Os resultados obtidos mostram que a Feira Municipal de Vila do Conde apresenta um significativo potencial de resíduos recicláveis, um considerável aumento dos Quantitativos de recolha dos mesmos, assim como uma redução nos Resíduos Indiferenciados, no decorrer dos primeiros meses do projeto.

Palavras-chave: Resíduos Urbanos, Valorização multimaterial, Economia Circular, PAYT, Vila do Conde.

(7)

Abstract

Basic indicator of life quality of cities and their populations, the Waste Management overcame the paradigm from management only in respect of public health to a new vision - the waste as a resource. Thus, the knowledge of the waste production of each individual, as well as their habits and consumption patterns which are related with waste management are an essential tool for the most ambitioned optimization process, increase of separate collection and an equity fee system, considering the Circular Economy.

The present study, presents the description and evaluation of the first implementation step for the pilot project "Mercado Inteligente” (Smart Market) at the Municipal Fair of Vila do Conde City, based on the Pay-As-You-Throw system (PAYT). The evaluation of the pilot project implementation was performed based on the obtained results for the number of waste deposits made, as well as in the quantities collected on the site. The results demonstrated that the Municipal Fair of Vila do Conde city presents an significant potential for recyclable waste, an important increase in the separate collection, as well as an reduction in residual waste, during the first months of the project.

Keywords: Municipal Waste, Separate Collection, Circular Economy, PAYT, Vila do Conde

(8)

Índice

Agradecimentos ... i

Resumo ... iii

Abstract ... iv

Lista de Figuras ... vii

Lista de Quadros ... x

Lista de Abreviaturas ... xii

1. Introdução ... 1

1.1. Objetivos de Estudo ... 2

1.2. Estrutura do Relatório ... 3

2. A Gestão de Resíduos Urbanos em Portugal ... 5

2.1. Resíduos Urbanos (RU): da matéria-prima à produção de resíduos ... 5

2.1.1. Enquadramento Legal ... 6

2.1.1.1. Contexto Europeu ... 7

2.1.1.2. Contexto Nacional ... 10

2.1.1.2.1. As Bases da Política de Ambiente ... 10

2.1.1.2.2. Plano Nacional de Gestão de Resíduos (PNGR) ... 10

2.1.1.2.3. Regime Geral de Gestão de Resíduos (RGGR) ... 11

2.1.1.2.4. Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU2020) ... 11

2.1.2. Produção, Caracterização e Destino Final dos Resíduos Urbanos ... 13

2.1.3. Sistema de Gestão de Resíduos Urbanos em Portugal ... 18

2.1.3.1. Organização do Setor ... 19

2.1.4. Instrumentos Económicos e Financeiros na Gestão de RU ... 23

2.1.4.1. Sistema Tarifário em Portugal ... 23

2.1.4.2. Despesas e Receitas dos Municípios por Domínios de Ambiente ... 24

2.2. Sistema PAY-AS-YOU-THROW (PAYT) ... 26

2.2.1. Estratégias para o desenvolvimento de projetos de implementação do sistema PAYT em Portugal Continental ... 31

2.2.2. Modelos de sistemas PAYT: Vantagens e Desvantagens... 33

2.2.3. Estrutura e Sistemas de Faturação ... 42

2.2.3.1. Estrutura tarifária... 42

2.2.3.2. Principais etapas no cálculo do sistema tarifário do sistema PAYT .... 43

2.2.3.3. Sistemas de Faturação ... 45

2.2.4. Exemplos de Implementação do Sistema PAYT ... 46

2.2.4.1. Cidade de Maastricht (Holanda) ... 46

2.2.4.2. Distrito de Zollernalbkreis (Alemanha) ... 47

(9)

3. Metodologia ... 49

3.1. Vila do Conde: Cidade e Concelho ... 49

3.2. Sistema Municipal de Gestão de Resíduos Urbanos (SMGRU) de Vila do Conde………..51

3.2.1. Tipo e Equipamentos de deposição ... 52

3.2.2. Tipos de viaturas de recolha do SMGRU de Vila do Conde ... 54

3.2.3. Equipas, horários e frequência de recolha do SMGRU de Vila do Conde………..55

3.3. Resíduos Urbanos recolhidos em Vila do Conde ... 56

3.3.1. Quantificação da produção de resíduos em Vila do Conde... 56

3.3.2. Composição física dos resíduos presentes na Recolha Indiferenciada em Vila do Conde ... 61

3.4. Projeto de implementação do sistema PAYT na Zona de Intervenção de Vila do Conde ... 63

3.4.1. Enquadramento da ZI para a implementação do sistema PAYT ... 63

3.4.2. Utilizadores e Estrutura da Feira Municipal de Vila do Conde ... 64

3.4.3. Realização de Inquéritos ... 65

3.4.4. Tipo de sistema PAYT implementado ... 66

3.4.5. Estimativas de Quantitativo por Deposição de Resíduos ... 68

3.4.6. Comunicação do projeto Mercado Inteligente ... 69

3.4.7. Monitorização dos dados do Projeto ... 71

3.4.8. Instrumentos Económico-financeiros utilizados no projeto – Sistema Ecoshop ……….72

4. Resultados e Discussão ... 75

4.1. Quantitativo do projeto: Feira Municipal ... 75

4.2. Quantitativo por Deposição no Universo do Projeto: Quantitativo Obtido vs. Quantitativo Esperado ... 81

4.3. Análise SWOT ao Projeto Mercado Inteligente ... 84

5. Conclusão ... 89

(10)

Lista de Figuras

Figura 2.1 - Hierarquia de Gestão de Resíduos (Adaptado de: PNGR, 2015). ... 13 Figura 2.2 - Produção e Capitação de Resíduos Urbanos em Portugal continental Fonte: (APA, 2015b) ... 14 Figura 2.3 - Caracterização física média dos RU produzidos em Portugal Continental entre 2011 e 2014 (Adaptado de: APA, 2015b)... 15 Figura 2.4 - Resíduos Urbanos (RU) encaminhados diretamente para as diversas operações de gestão, em Portugal Continental (distribuição relativa) Fonte: (APA, 2015b). ... 16 Figura 2.5 - Produção e Tratamento dos Resíduos Urbanos na União Europeia (28 países entre 1995 e 2014) (kg/pessoa) (Adaptado de: Eurostat, 2016) ... 17 Figura 2.6 - Resíduos Urbanos Biodegradáveis (RUB) depositados em Aterro, em Portugal (Adaptado de: APA, 2015a) ... 18 Figura 2.7 - Mapa dos Sistemas Municipais de Gestão de Resíduos Urbanos em alta, assim como as respetivas infraestruturas de tratamento em Portugal (Adaptado de: PERSU2020). ... 22 Figura 2.8 - Distribuição dos Sistemas Municipais de Gestão de Resíduos Urbanos em alta por população e área abrangida em 2012 (Adaptado de: PERSU2020). ... 23 Figura 2.9 - Aplicação do sistema PAYT na Europa em 2005 (Adaptado de: Bilitewski, 2008) ... 29 Figura 2.10 - Contextualização do sistema PAYT (Adaptado de: Batllevell e Hanf, 2008) ... 32 Figura 2.11 - Principais alternativas de Implementação do Sistema PAYT (Fonte: Reichenbach, 2008) ... 34 Figura 2.12 - Exemplo de um sistema PAYT através do saco de tara perdida (Adaptado de: Waterville, 2016) ... 37 Figura 2.13 - Sistema de selos a colocar nos sacos de tara perdida (Adaptado de: H.H.H., 2016) ... 37 Figura 2.14 - Sistema de selos a colocar nos sacos de tara perdida (adaptado de: H.H.H., 2016) ... 37 Figura 2.15 - Programa de contentorização no município da Maia, Portugal, com a utilização de contentores e chip’s identificativos do município e do utilizador, respetivamente. ... 38 Figura 3.1 - Localização e freguesias do concelho de Vila do Conde. (Adaptado de: CMVC, 2016b)………...50

(11)

Figura 3.2 - Exemplo de Ecopontos presentes em Vila do Conde: a) tipo de Cyclea’s utilizados b) tipo de Molok’s utilizados ... 54

Figura 3.3 – Quantitativo de Resíduos Urbanos recolhidos no Município de Vila do

Conde entre os anos 2001 e 2015 ... 57 Figura 3. 4 - Quantitativo de Resíduos de Papel/Cartão recolhidos no Município de Vila do Conde entre os anos 2001 e 2015 ... 57 Figura 3.5 - Quantitativo de Resíduos de Plástico/Metal recolhidos no Município de Vila do Conde entre os anos 2001 e 2015 ... 58 Figura 3.6 - Quantitativo de Resíduos de Vidro recolhidos no Município de Vila do Conde entre os anos 2001 e 2015 ... 59 Figura 3.7 – Percentagem do quantitativo relativo a cada fileira de RU recolhidos em 2014, no município de Vila do Conde ... 59 Figura 3.8 - Quantitativo de RU recolhidos em Vila do Conde no ano de 2014 (Adaptado de: LIPOR, 2016a). ... 60 Figura 3.9 – Estimativa considerada pelo Município de Vila do Conde para a Evolução da produção de RU entre os anos de 2014 e 2020 ... 61 Figura 3.10 – Composição física dos resíduos presentes na Recolha Indiferenciada no município de Vila do Conde, no ano de 2014 ... 62

Figura 3.11 – Composição física dos resíduos valorizáveis presentes na Recolha

Indiferenciada no município de Vila do Conde, no ano de 2014 ... 63 Figura 3.12 - Localização da Zona de Intervenção e Centro Histórico no município de Vila do Conde ... 63 Figura 3.13 - Localização da Zona de Intervenção no município de Vila do Conde .... 64

Figura 3.14 – Percentagem de feirantes que efetuam a separação multimaterial de

resíduos ... 66 Figura 3.15 - Equipamento (marco de deposição) implementado no Mercado Municipal de Vila do Conde - Vista frontal (com tômbola de deposição) e vista posterior (porta comercial) (Adaptado de: TNL, 2016) ... 67 Figura 3.16 - Imagem representativa da Home - Page do site do projeto Mercado Inteligente. ... 70 Figura 3.17 - Inauguração do Projeto Mercado Inteligente (Adaptado de: AmbienteMagazine, 2016) ... 71

Figura 3. 18 - Cartão do projeto LIPOR “Ecoshop” (Adaptado de: LIPOR, 2016b). .... 73

Figura 4.1 - Número de Depósitos (Leituras) realizados semanalmente, entre os meses de março e junho de 2016, pelos utilizadores do projeto Mercado Inteligente, inseridos na Feira Municipal de Vila do Conde (feirantes)………...75

(12)

Figura 4.2 - Número de Utilizadores registados semanalmente no projeto, entre os meses de março e junho de 2016, na Feira Municipal de Vila do Conde ... 77 Figura 4.3 - Quantitativo de recolha seletiva de RU recolhidos semanalmente na Feira Municipal, entre os meses de março e junho de 2016 ... 79

(13)

Lista de Quadros

Quadro 2.1 - Metas e objetivos nacionais presentes no PERSU2020 ... 12 Quadro 2.2 - Metas e objetivos do SGRU - LIPOR presentes no PERSU2020 ... 12 Quadro 2.3 - Número e tipos de SMGRU em alta presentes em Portugal Continental (Adaptado de: APA, 2016). ... 20 Quadro 2.4 - Infraestruturas de gestão de resíduos urbanos (Adaptado de: APA, 2015b); A- Aterro, TM- Tratamento Mecânico, TMB- Tratamento Mecânico Biológico, CVO- Valorização Orgânica, INC- Incineração com produção de energia, CDR- Unidade de preparação de Combustível Derivado de Resíduos, T- Triagem, ET- Estação de Transferência, EC- Ecocentro, EP- Ecoponto ... 21

Quadro 2.5 - Défice anual médio ponderado das autarquias (€/hab.ano) com os serviços

de gestão de RU em Portugal Continental e no município de Vila do Conde nos anos 2013/2014 (Fonte: INE, 2014b) ... 25 Quadro 2.6 - Comparação entre uma Gestão de Resíduos por Peso e por Volume (Adaptado de: Freitas, 2013). ... 36 Quadro 2.7 - Vantagens e desvantagens do sistema PAYT indexado à aquisição do saco ou do selo (Adaptado de: Freitas, 2013). ... 38 Quadro 2.8 - Vantagens e desvantagens do sistema PAYT indexado à Contentorização (Adaptado de: Freitas, 2013). ... 39 Quadro 2.9 - Vantagens e desvantagens do sistema PAYT indexado à Pesagem (Adaptado de: Freitas, 2013). ... 39 Quadro 2.10 - Vantagens e desvantagens do sistema PAYT indexado à Contentorização por Aproximação. ... 40 Quadro 2.11 - Vantagens e desvantagens do sistema PAYT indexado ao Sistema híbrido ... 41 Quadro 2.12 - Vantagens e desvantagens dos sistemas de preço a implementar no PAYT (Fonte: Bilitewski, 2008; Canterbury e Hui, 1999; Freitas, 2013). ... 43 Quadro 2.13 - Tipos de sistemas de faturação (Adaptado de: Fernandes, 2009) ... 45 Quadro 3.1 - Equipamentos de deposição para Resíduos Indiferenciados (RI) presentes no município de Vila do Conde (Adaptado de: PAPERSU, 2015)………..53 Quadro 3.2 - Equipamentos de deposição para Resíduos Recicláveis presentes no município de Vila do Conde (Adaptado de: PAPERSU, 2015). ... 53 Quadro 3.3 - Frota de recolha de Resíduos Urbanos (RU) da Câmara Municipal de Vila do Conde (C.M.V.C.) (Adaptado de: PAPERSU, 2015). ... 55

(14)

Quadro 3.4 -Tipologia de Atividade Principal de Venda (APV) presente na feira municipal de Vila do Conde ... 65 Quadro 3.5 - Dados utilizados nos cálculos das estimativas do quantitativo por deposição. ... 68

Quadro 4.1 - Quantitativos mensais do universo do projeto Mercado Inteligente……..82

Quadro 4.2 - Quantitativos totais e médias do universo do projeto Mercado Inteligente ... 83 Quadro 4.3 - Análise SWOT ao Projeto Mercado Inteligente (Fonte: PERSU2020, 2012; Bilitewski, 2008; Dohogne, et al., 2016; Canterbury e Hui, 1999; Freitas, 2013). ... 85 Quadro 4.4 - Análise SWOT ao Projeto Mercado Inteligente (Fonte: PERSU2020, 2012; Bilitewski, 2008; Dohogne, et al., 2016; Canterbury e Hui, 1999; Freitas, 2013) (Continuação). ... 86 Quadro 4.5 - Análise SWOT ao Projeto Mercado Inteligente (Fonte: PERSU2020, 2012; Bilitewski, 2008; Dohogne, et al., 2016; Canterbury e Hui, 1999; Freitas, 2013) (Continuação). ... 87 Quadro 4.6 - Estratégia SWOT para o Projeto Mercado Inteligente ... 88

(15)

Lista de Abreviaturas

APA – Agência Portuguesa do Ambiente

APV – Atividade Principal de Venda

CE – Comunidade Europeia

CHVC – Centro Histórico de Vila do Conde

CMVC – Câmara Municipal de Vila do Conde

ECAL – Embalagens de Cartão para Alimentos Líquidos

EG – Entidade Gestora

EUA – Estados Unidos da América

hab - Habitante

INE – Instituto Nacional de Estatística kg – Quilograma

km2Quilómetro quadrado

L – Litro m – Metro

m3– Metro cúbico

MAI – Ministério da Administração Interna

OAU – Óleos Alimentares Usados

PAA – Programa de Ação em matéria de Ambiente da União Europeia

PAYT – Pay-As-You-Throw

PERSU 2020 – Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos 2020

PNGR – Plano Nacional de Gestão de Resíduos

RAP – Responsabilidade Alargada do Produtor REA – Relatório do Estado do Ambiente RI – Resíduos Indiferenciados

RS – Recolha Seletiva

RU – Resíduos Urbanos

RUB – Resíduos Urbanos Biodegradáveis

SGRU – Sistema de Gestão de Resíduos Urbanos

SMGRU – Sistema Municipal de Gestão de Resíduos Urbanos

SPV – Sociedade Ponto Verde

TGR – Taxa de Gestão de Resíduos

TIRR – Tabela de Informações de Recolha de Resíduos

ton – Tonelada UE – União Europeia ZI – Zona de Intervenção

(16)

1. Introdução

Indicador basilar na qualidade de vida das cidades e dos seus habitantes, a gestão de resíduos urbanos ultrapassou o paradigma da mera gestão face à salubridade do ambiente público para uma nova visão – a do resíduo como um recurso.

Assim, atualmente o desafio para a gestão de resíduos urbanos não se foca somente numa salutar limpeza pública e no encaminhamento dos resíduos produzidos para um destino final adequado, mas sim na maximização do potencial dos resíduos como fonte de matéria-prima.

De forma a se implementar esta visão, estão definidos um conjunto de Planos e Normas Legislativas, como o PERSU 2020, que norteiam as políticas de gestão nesta matéria e que potenciam a recolha seletiva de resíduos com o objetivo claro de garantir, a jusante, uma matéria-prima de melhor qualidade e passível de ser reintroduzida em novos processos produtivos, ou seja, promover uma Economia Circular.

Atualmente, a economia mundial encontra-se bloqueada em sistemas que favorecem um modelo linear de produção e consumo (recolha, produção e eliminação), despoletando situações que enfraquecem e colocam sob pressão este modelo. Entre estas tendências disruptivas encontram-se o aumento da volatilidade dos preços, os riscos da cadeia de fornecimento e as crescentes pressões sobre o consumo de recursos naturais (MacArthur, 2015).

Neste sentido, a Economia Circular é um conceito que está a transformar os padrões tradicionais de crescimento económico e produção, propondo ao invés de sistemas lineares, uma nova abordagem aos sistemas económicos mundiais, assente numa perceção em ciclos interligados e de recursos finitos (MacArthur, 2015; Bilitewski, 2012). Esta nova abordagem assente em ciclos interligados, promove a conceção de um

design nos produtos, componentes e/ou materiais que permitam a sua reutilização e

regeneração, aumentando assim o tempo de vida útil dos mesmos. Deste modo, este novo modelo económico procura finalmente dissociar o desenvolvimento económico global do consumo de recursos finitos, beneficiando do desenvolvimento tecnológico e social (MacArthur, 2015).

Paralelamente a estes eixos de intervenção, objetiva-se, com recurso às tecnologias existentes, transformar o produtor de resíduos enquanto um agente passivo num agente ativo, participativo, exigente e conhecedor das necessidades de todo o sistema.

(17)

Assim, o conhecimento da produção de resíduos de cada produtor, bem como os seus hábitos e padrões de consumo, relacionados com a gestão de resíduos, são uma ferramenta essencial, permitindo atuar de forma concreta sobre os mesmos, disciplinando comportamentos, beneficiando boas práticas, aplicando regulamentos tarifários indexados à real produção de resíduos e garantindo equidade entre os mesmos.

Ora, é com base neste tipo de intervenção e conhecimento sobre a gestão de resíduos, que um Sistema Pay-As-You-Throw (PAYT) é implementado num determinado local, sendo o presente trabalho relativo a um projeto de implementação deste sistema no município de Vila do Conde.

A realização do presente estudo foi efetuado nas instalações da LIPOR – Serviço Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto. A LIPOR é a entidade responsável pela gestão, valorização e tratamento dos Resíduos Urbanos produzidos pelos oito municípios que a integram (Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo e Vila do Conde), tratando, anualmente, aproximadamente 500 mil toneladas de Resíduos Urbanos, produzidos por cerca de 1 milhão de habitantes, representando sensivelmente 10% da população residente portuguesa (LIPOR, 2016c).

Neste sentido, a LIPOR, tendo como visão ser marca de referência na área do Ambiente onde quer que esteja, assume hoje, com os seus parceiros associados, um papel fundamental na dinamização de novas políticas no desenvolvimento ambiental da região (LIPOR, 2016c).

O projeto alvo de estudo, denominado Mercado Inteligente, compreende o Mercado Municipal, a Feira Municipal e uma faixa da Rua 5 de outubro do município de Vila do Conde.

1.1. Objetivos de Estudo

Este estudo apresenta como objetivos, a descrição e avaliação da primeira fase de implementação do projeto-piloto “Mercado Inteligente” na Feira Municipal de Vila do Conde. A avaliação da implementação do projeto foi efetuada com base nos resultados referentes ao número de depósitos de resíduos urbanos efetuados, assim como dos quantitativos recolhidos no local.

(18)

1.2. Estrutura do Relatório

De forma a alcançar os objetivos anteriormente referidos, organizou-se o presente trabalho em quatro capítulos sucedidos das Referências Bibliográficas e Anexos. O primeiro capítulo, denominado Introdução, faz uma pequena abordagem à temática dos resíduos e Economia Circular, descreve a entidade acolhedora do projeto e os objetivos do trabalho, bem como a sua organização.

O segundo capítulo, designado Estado da Arte, faz um enquadramento e exposição da temática dos resíduos e do sistema PAYT, apresentando os seus benefícios e obstáculos, de forma a servir de orientação à implementação do projeto.

O terceiro capítulo, denominado Metodologia, representa o resultado prático do tema do trabalho. Neste sentido, inicialmente é caracterizada a área selecionada em termos territoriais, socioeconómicos e culturais, sendo também apresentado o resultado dos inquéritos. Posteriormente, é descrito os diversos passos efetuados decorrentes do sistema implementado.

O quarto capítulo, designado Resultados e Discussão, apresenta os resultados, assim como a respetiva análise, referentes aos primeiros meses do projeto.

O quinto capítulo apresenta as conclusões retiradas do trabalho efetuado, sugerindo medidas para a continuação da implementação do sistema PAYT na zona em estudo.

(19)
(20)

2. A Gestão de Resíduos Urbanos em Portugal

2.1. Resíduos Urbanos (RU): da matéria-prima à produção de

resíduos

Os resíduos são originados pelas inúmeras atividades de produção e consumo que tem lugar na nossa sociedade, sendo estas atividades alimentadas por recursos naturais (matérias-primas e energia) que entram no ciclo económico, desempenhando uma determinada função ou serviço. Posteriormente, estes recursos, caso não sejam reaproveitados, retornam ao ambiente mas já sob a forma de resíduos ou emissões provenientes das referidas atividades (Freitas, 2013).

Contudo, a definição de resíduos é extremamente subjetiva, pois o que para uma pessoa representa um resíduo pode apresentar-se como um recurso valioso para outra. Deste modo não existe uma definição única de resíduo, pois esta varia no espaço (dependendo da localização), no tempo (evolutiva) e com a definição dos diversos tipos de resíduos. Isto acontece essencialmente porque existem diversas formas de os definir e/ou de quem os define (Fernandes, 2009).

O Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, vem alterar o conceito do Resíduo Sólido Urbano (RSU) para Resíduo Urbano (RU), sendo que esta alteração deve-se, por exemplo, à gestão dos Óleos Alimentares Usados (OAU) que, de facto, são considerados RU mas não sólidos. Assim, este decreto refere a definição de Resíduo Urbano (RU) como o “resíduo proveniente de habitações bem como outro resíduo que, pela sua natureza ou composição, seja semelhante ao resíduo proveniente de habitações”, referindo ainda este artigo que resíduos são “quaisquer substâncias ou objetos de que o detentor se desfaz ou tem a intenção ou a obrigação de se desfazer” (Freitas, 2013).

De acordo com o mesmo diploma, a gestão de resíduos compreende “as atividades de recolha, transporte, valorização e a eliminação de resíduos, incluindo a supervisão destas operações, a manutenção dos locais de eliminação após encerramento, bem como as medidas adotadas na qualidade de comerciante ou corretor”, sendo imputada a responsabilidade da mesma aos municípios, desde que a produção diária não exceda os 1100 L por produtor.

Os resíduos podem ser classificados tendo em conta as suas características em resíduos inertes, resíduos não perigosos e resíduos perigosos. Segundo a sua origem, a classificação dos resíduos engloba os Resíduos Urbanos (RU), Resíduos Industriais

(21)

Resíduos Agrícolas, Resíduos Hospitalares e Resíduos de Construção e Demolição. Neste estudo, apenas serão abrangidos os RU, referenciados no capítulo 20 da Lista Europeia de Resíduos, publicada através da Portaria nº 209/2004, de 3 de marco, referentes a RU e equiparados, incluindo os resíduos recolhidos seletivamente (Freitas, 2013).

2.1.1. Enquadramento Legal

Analisando a evolução das políticas da Comunidade Europeia, verifica-se que os tratados iniciais (Tratado de Paris e Tratado de Roma) não continham referências específicas à proteção do Ambiente, estando particularmente centrados na economia (PNGR, 2015).

Contudo, na Cimeira de Paris de 1972 a situação inverteu-se, com os Estados-Membros da Comunidade Europeia (CE) a salientarem a necessidade de implementação de políticas ambientais. Neste contexto, surgiu o 1º Programa de Ação em matéria de Ambiente (PAA) da CE (1072-1976), com especial enfoque nos princípios da precaução e do poluidor-pagador, prevenção de impactes ambientais na origem e na racionalização da utilização dos recursos naturais, mas sempre numa perspetiva de

«business-as-usual», ou seja, numa perspetiva económica (PNGR, 2015).

O 2º e 3º PAA (1977-1986) iniciaram as políticas relativas à alteração do conceito de controlo de poluição por prevenção da poluição, contudo, a formalização deste novo enquadramento legislativo não se verificou, permanecendo a filosofia de diretivas assentes no controlo da poluição (PNGR, 2015).

O Ato Único Europeu (1987) veio corrigir o Tratado de Roma até então em vigor, passando a proteção do Ambiente a ser consagrada como a principal prioridade na Estratégia Comunitária Europeia, verificando-se dois anos mais tarde (1989), no âmbito do 4º PAA (1987-1992), uma alteração significativa no enfoque da política de resíduos, formalizando-se a alteração do conceito de controlo da poluição para a sua prevenção. (PNGR, 2015).

O 5º PAA (1993-2000) e o Tratado de Maastricht constituíram-se como uma reflexão às conclusões da Conferência do Rio, na sequência da qual o desenvolvimento sustentável se estabeleceu como um objetivo prioritário da União Europeia (UE), formalizando-se, assim, uma estratégia que conduziu a uma visão holística do Ambiente transversal às diversas políticas setoriais. O desenvolvimento desta estratégia culminou com a implementação do princípio e conceito da Responsabilidade Alargada ao Produtor (RAP), impondo-se aos produtores a responsabilidade pela gestão dos seus produtos

(22)

em fim de vida e o cumprimento de determinadas metas e normas ambientais (PNGR, 2015).

O 6º PAA veio reforçar esta mudança ao apelar à elaboração de medidas destinadas a assegurar a separação na origem, a recolha, a reciclagem dos fluxos prioritários de resíduos, bem como o desenvolvimento de medidas de prevenção e gestão de resíduos (PNGR, 2015).

A mudança de paradigma nas políticas em matéria de resíduos foi sendo cada vez mais acentuada, culminando com o 7º PAA, que assume como um dos objetivos «tornar a UE uma economia hipocarbónica, eficiente na utilização dos recursos, verde e competitiva».

Em última análise, pode-se afirmar que a estratégia relativa à gestão de resíduos foi progressivamente alargando as suas fronteiras, não se preocupando unicamente com os seus processos, mas também com os seus sistemas, transformando-se numa política essencial para o sistema económico, na medida em que contribui ativamente para um desenvolvimento sustentável (PNGR, 2015).

2.1.1.1. Contexto Europeu

Desde 1986, ano em que Portugal aderiu à UE, grande parte da legislação nacional em matéria de Resíduos é influenciada pela legislação comunitária, sendo as diretivas comunitárias adotadas para o paradigma nacional, quer por via da sua transposição, quer por iniciativa nacional (Rodrigues, 2013).

Neste sentido, a nova Diretiva europeia em matéria de resíduos (Diretiva n.º 2008/98/ CE, de 19 de Novembro), veio consagrar o valor dos resíduos enquanto recursos, permitindo uma maior aplicação dos instrumentos económicos, maximizar os benefícios ambientais e minimizar os impactes negativos decorrentes da produção e gestão dos mesmos.

Assim, tendo em conta que os objetivos de que qualquer política em matéria de resíduos deverá consistir na dissociação do crescimento económico dos impactes ambientais relacionados com a geração de resíduos, aquela diretiva atribuiu particular relevância aos seguintes pontos:

I. Clarificação da distinção entre Resíduos e Não Resíduos;

II. Gestão dos resíduos em conformidade com a Hierarquia de Resíduos

(Preparação para a Reutilização, Reciclagem, Outros tipos de Valorização e, por último, Eliminação);

(23)

IV. Estabelecimento de metas e objetivos no que se refere à reutilização, reciclagem e outras formas de valorização material de resíduos, a cumprir em 2020;

V. Estabelecimento de requisitos para que substâncias ou objetos resultantes de

um processo produtivo possam ser considerados como subprodutos e não resíduos;

VI. Estabelecimento de critérios para a implementação do fim do estatuto de resíduos;

VII. Clarificação da disparidade entre armazenamento preliminar de resíduos antes da recolha e do tratamento;

VIII. Introdução do princípio da Responsabilidade Alargada ao produtor (RAP) e da importância do princípio do poluidor-pagador na Gestão de Resíduos;

IX. Máxima simplificação burocrática em matéria de Gestão de Resíduos,

nomeadamente nas atividades específicas de valorização de resíduos;

X. Máxima clarificação na gestão de resíduos perigosos, designadamente no que

se refere a operações de mistura e na prioridade de operações de regeneração em matéria de Gestão de óleos usados.

A UE tem uma densidade populacional elevada, verificando-se que mais de 70 % dos seus cidadãos vivem em zonas urbanas e periurbanas, deparando-se com tendências e problemas sistémicos à escala mundial, relacionados com a dinâmica populacional, o Ordenamento do Território, as doenças e pandemias, as alterações climáticas e um crescimento económico insustentável.

Assegurar a prosperidade da UE a longo prazo, através da criação de um ambiente que cative investimento e crescimento sustentáveis, exige a tomada de medidas adicionais para dar resposta a esses desafios, sendo essencial que os objetivos prioritários da União para 2020 sejam estabelecidos, de acordo com uma clara perspetiva de longo prazo para 2050.

A avaliação final do 6º PAA, que terminou em julho de 2012, concluiu que o programa produziu benefícios para o Ambiente e proporcionou um rumo estratégico global para a política do mesmo. Contudo, não obstante estes resultados positivos, persistem tendências insustentáveis nos quatro domínios prioritários identificados neste programa, sendo eles: Alterações Climáticas; Natureza e Biodiversidade; Ambiente, Saúde e Qualidade de Vida; Recursos Naturais e Gestão de Resíduos.

Por conseguinte, atendendo às tendências legadas, o 7º PAA, resultante da Decisão Nº 1386/2013/UE do Parlamento Europeu e do Conselho de 20 de novembro de 2013 e com o slogan “Viver Bem, Dentro dos Limites do Nosso Planeta”, exige por isso, um

(24)

pleno empenhamento dos Estados-Membros e das instituições relevantes da UE, em assumir a responsabilidade da obtenção dos resultados previstos no programa.

De forma a se obter os supracitados desafios, a integração e desenvolvimento de políticas em matéria de Ambiente constantes neste programa centram-se em três objetivos temáticos:

I. Proteger, conservar e reforçar o Capital Natural da União Europeia;

II. Tornar a União Europeia uma economia hipocarbónica, eficiente na utilização dos recursos, verde e competitiva, dissociando em absoluto o crescimento económico da utilização de recursos, de energia e dos seus impactos ambientais;

III. Proteger os cidadãos da União Europeia contra pressões de caráter ambiental e riscos para a saúde e o bem-estar.

O 7.º PAA, baseado nos princípios da precaução, da ação preventiva, da correção da poluição na fonte e no princípio do poluidor-pagador, configura um conjunto de objetivos e metas. De entre os objetivos enunciados, destaca-se o seguinte: “Proteger o Ambiente e a Saúde Humana, prevenindo ou reduzindo os impactes adversos da geração e da Gestão de Resíduos, reduzindo o impacte global da utilização dos recursos e melhorando a eficiência dessa utilização, mediante a aplicação da seguinte hierarquia em relação aos resíduos: Prevenção, Preparação para a Reutilização, Reciclagem, Outros tipos de valorização e Eliminação”.

No entanto, tem que se ter em consideração que muitos desafios ambientais são de âmbito global e só podem ser plenamente analisados e resolvidos mediante uma abordagem holística, comparativamente a outros que possuem forte dimensão regional, facto esse, que exige cooperação com os países parceiros, nomeadamente os países vizinhos e os países e territórios ultramarinos.

A UE, consciente desta visão supracitada, determinou o apoio nos resultados e compromissos assumidos na Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (designada “Rio+20”) de 2012, que têm por objetivo tornar a economia mundial uma economia inclusiva e verde, no contexto de desenvolvimento sustentável e redução da pobreza.

Em síntese, a perspetiva relativa a 2050 pretende ajudar a orientar a ação até 2020 e, para além desse horizonte, objetivando a prosperidade e a sanidade do nosso Ambiente, mediante a adoção de uma Economia Circular. Neste sentido, o nosso

(25)

crescimento hipocarbónico será dissociado da utilização dos recursos, marcando o ritmo para uma sociedade global segura, sustentável e resiliente.

2.1.1.2. Contexto Nacional

2.1.1.2.1. As Bases da Política de Ambiente

O Decreto-Lei n.º 19/2014, de 14 de Abril, confere as bases gerais da política em matéria de Ambiente em território nacional, visando a efetivação dos direitos ambientais através da promoção do desenvolvimento sustentável, contribuindo para a constituição plena de uma sociedade hipocarbónica e uma Economia Verde, que assegure o bem-estar e a melhoria contínua da Qualidade de vida dos cidadãos.

Deste modo, os princípios das políticas públicas ambientais baseiam-se na transversalidade e na integração das exigências de proteção ambiental no que respeita à definição e execução das demais políticas globais e sectoriais, bem como, do direito à informação e participação, por parte dos cidadãos, em matéria de Ambiente.

O direito ao ambiente está indissociavelmente ligado ao dever de o proteger, preservar e respeitar, pelo que a política de ambiente deve recorrer a instrumentos económicos e financeiros concebidos de forma equilibrada e sustentável, objetivando o cumprimento de metas ambientais, a utilização racional dos recursos naturais e a internalização das externalidades ambientais.

Em matéria de Gestão de Resíduos, a mesma deve ser orientada para a prevenção da respetiva produção, através da sua quantidade e perigosidade, para a preservação dos recursos naturais, através da reflexão sobre o valor económico dos resíduos enquanto potenciais fontes de matérias-primas e energia, bem como para a mitigação dos impactes adversos para o Ambiente e saúde humana decorrentes da sua produção.

2.1.1.2.2. Plano Nacional de Gestão de Resíduos (PNGR)

A resolução do Conselho de Ministros n.º 11-C/2015 que aprova o Plano Nacional de Gestão de Resíduos (PNGR), apresenta a visão e os objetivos estratégicos e operacionais que devem orientar a política de resíduos em Portugal Continental e Regiões Autónomas no período 2014-2020.

Neste sentido, o PNGR tem a visão de “promover uma política de resíduos, integrada no ciclo de vida dos produtos, centrada numa economia tendencialmente circular e que garanta uma maior eficiência na utilização dos recursos naturais”. O PNGR assenta em dois objetivos estratégicos basilares: promover a eficiência da utilização de recursos naturais na economia e prevenir ou reduzir os impactes adversos decorrentes da produção e gestão de resíduos.

(26)

Neste plano discute-se, igualmente, a evolução das políticas de resíduos, sintetiza-se a situação atual do país, no contexto do enquadramento estratégico, legislativo e tecnológico da gestão de resíduos e dos resultados já alcançados ao nível da recolha, valorização e eliminação de resíduos.

2.1.1.2.3. Regime Geral de Gestão de Resíduos (RGGR)

O Decreto-Lei n.º 73/2011, de 17 de junho, que estabelece o novo Regime Geral de Gestão de Resíduos e transpõe a Diretiva n.º 2008/97/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 19 de novembro, veio corrigir algumas lacunas existentes na anterior legislação em matéria de Resíduos. Com efeito, o presente Decreto-Lei refere que “sem prejuízo das normas destinadas a assegurar a proteção do ambiente e da saúde pública, nomeadamente no que respeitam aos resíduos perigosos, os resíduos constituem bens de comercialização livre, devendo o mercado dos resíduos ser organizado, promovido e regulamentado de modo a estimular o encontro da oferta e procura destes bens, assim como a sua reutilização, reciclagem e valorização”.

Deste modo, foram introduzidos alguns conceitos neste Decreto-Lei, de forma a complementar o anterior documento. Neste sentido, procedeu-se à inclusão do mecanismo RAP, consistindo numa abordagem da gestão de resíduos tendo em conta o ciclo de vida dos produtos e materiais e não apenas a fase de fim de vida, com as inerentes vantagens do ponto de vista da utilização eficiente dos recursos e da mitigação de impactes ambientais. A introdução do princípio da Hierarquia de Resíduos, a implementação de estratégias de redução de RUB em aterro, assim como o incentivo à recolha seletiva, tratamento e a utilização de materiais ambientalmente seguros produzidos a partir de bio resíduos, foram outros dos pontos destacados nesta norma. O presente Decreto-Lei consagra, igualmente, na legislação nacional a nova definição de Resíduos, sendo definido como “quaisquer substâncias ou objetos de que o detentor se desfaz ou tem a intenção ou obrigação de se desfazer”.

2.1.1.2.4. Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU2020)

A Portaria n.º 187-A/2014 que aprova o Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU 2020), propõe uma gestão dos RU que garanta a proteção do Ambiente e da saúde humana, minimizando os impactes resultantes da sua gestão, respeitando os princípios da Hierarquia de resíduos.

Deste modo, a visão, os princípios e os objetivos do PERSU 2020 encontram-se alinhados com as restantes disposições legais referidas anteriormente, destacando-se o foco na atuação a montante da cadeia de valor, às sinergias entre sistemas e partilha

(27)

de infraestruturas, e à responsabilização e capacitação dos municípios e sistemas de gestão de resíduos.

O modelo subjacente à elaboração deste Plano permitiu, pela primeira vez e com base no histórico de resultados operacionais constantes nos planos anteriores, definir metas específicas para cada sistema de gestão de RU que asseguram, no seu todo, o cumprimento nacional das metas comunitárias para o período 2014-2020. Neste sentido, a sua implementação deverá permitir atingir níveis ambiciosos, sendo de destacar as seguintes metas:

Quadro 2.1 -– Metas e objetivos nacionais presentes no PERSU2020

ÁREA META

Prevenção de Resíduos

Até 31 de dezembro de 2016, alcançar uma redução mínima da produção de resíduos por habitante de 7,6% em peso relativamente ao valor verificado em 2012.

Até 31 de dezembro de 2020, alcançar uma redução mínima da produção de resíduos por habitante de 10% em peso relativamente ao valor verificado em 2012.

Preparação para reutilização e

reciclagem

Até 31 de dezembro de 2020, aumento mínimo global para 50% em peso relativamente à preparação para a reutilização e a reciclagem dos resíduos urbanos, incluindo o papel, o cartão, o plástico, o vidro, o metal, a madeira e os resíduos urbanos biodegradáveis.

Reciclagem de resíduos de embalagens

Até 31 de dezembro de 2020, deverá ser garantida, a nível nacional, a reciclagem de, no mínimo, 70% em peso dos resíduos de embalagens.

Deposição de RUB em aterro

Até julho de 2020, os resíduos urbanos biodegradáveis destinados a aterro devem ser reduzidos de 63% para 35% da quantidade total, em peso, dos RUB produzidos em 1995.

Retomas da recolha seletiva

Até 31 de dezembro de 2020, aumentar a retoma da recolha seletiva para os 47 kg/(hab.ano).

No que respeita às metas específicas por sistema de gestão de RU para 2020, a LIPOR apresenta os seguintes números:

Quadro 2.2 - - Metas e objetivos do SGRU - LIPOR presentes no PERSU2020

ÁREA META

Mínimo de Preparação para Reutilização e Reciclagem (% de RU Recicláveis) 35% Máxima de Deposição de RUB em aterro (% de RUB produzidos) 10% Retomas de Recolha Seletiva (kg per capita por ano) 50

(28)

Neste sentido, verificou-se que as principais medidas constantes no PERSU 2020, consubstanciam princípios de eficiência e de valorização dos resíduos como recursos, sendo que a sua metodologia assenta em três metas-base por sistema de gestão de RU: Preparação para a reutilização; Deposição de Resíduos Urbanos Biodegradáveis (RUB) em aterro e retomas com origem em recolha seletiva.

2.1.2. Produção, Caracterização e Destino Final dos Resíduos Urbanos

A produção de resíduos esta intimamente relacionada com os hábitos de vida das populações, tendo-se transformado nos últimos anos num dos mais importantes desafios ambientais, precisamente por ser uma temática que carece de uma solução assente numa abordagem holística entre aspetos técnicos, socioeconómicos, culturais, ambientais e estocásticos (Freitas, 2013).

A UE, consciente deste importante desafio ambiental, implementou uma estratégia em matéria de resíduos assente no estabelecimento de uma hierarquia preferencial das opções de gestão (genericamente: prevenção, reutilização, reciclagem, incineração, e eliminação) tendo em vista, assegurar a eficiência na utilização de recursos naturais e a minimização dos impactes ambientais negativos associados aos resíduos (Diretiva n.º 2008/98/ CE, de 19 de Novembro; PNGR, 2015).

Figura 2.1- Hierarquia de Gestão de Resíduos (Adaptado de: PNGR, 2015).

Assim, a atual política de resíduos da UE baseia-se na aplicação da Hierarquia de gestão de resíduos, o que significa que se deve, preferencialmente, optar pela prevenção e redução de resíduos fruto de um consumo de recursos naturais racional e sustentável, pela reutilização e reciclagem no caso dos resíduos cuja produção não pode ser evitada, sendo a sua deposição em aterro reduzida ao mínimo indispensável. A eliminação é considerada a pior opção para o ambiente, dado que implica a perda de recursos naturais e no facto de se poder transformar numa responsabilidade ambiental futura (PNGR, 2015).

(29)

O Relatório do Estado do Ambiente (REA) 2015, refere, que a produção total de RU em Portugal continental em 2014, foi de aproximadamente 4,474 milhões de toneladas, tendo-se verificado um aumento de aproximadamente 2,5% em relação a 2013, invertendo a tendência de decréscimo iniciada em 2010 (APA, 2015a; APA, 2015b). A capitação anual de RU em 2014 por habitante, de acordo o REA de 2015, foi de 452 kg/hab.ano, o que corresponde a uma produção diária de cerca de 1,24 kg/hab.dia, valor que se encontra abaixo dos valores da União Europeia (UE) a 28 países, que foi de 475 kg/hab.ano, sendo que do total produzido a nível nacional, 86,4 % corresponde a Recolha Indiferenciada e 13,6% a Recolha Seletiva (RS) (APA, 2015a; Eurostat, 2016). Na figura 2.2, apresenta-se a variação ao longo dos últimos 10 anos da produção de RU em Portugal.

Figura 2.2 - Produção e Capitação de Resíduos Urbanos em Portugal continental Fonte: (APA, 2015b)

Neste particular, verificou-se uma tendência de aumento na produção de resíduos até ao ano de 2010, seguido de uma diminuição da produção de resíduos, com um ligeiro aumento em 2014. Esta inversão de tendência, verificada desde o ano de 2010, prende-se esprende-sencialmente com a diminuição do poder de compra que ocorreu nos últimos anos. Contudo, apesar desta diminuição em termos de produção de resíduos e a sua Capitação Anual, importa referir que os valores registados ainda se encontram acima da meta prevista no PERSU2020, nomeadamente no que respeita à Capitação anual, onde as metas são de 420 kg/hab.ano para 2016 e 408,6 kg/hab.ano para 2020 (PERSU2020, 2012).

As metas nacionais e comunitárias em matéria de Gestão de Resíduos são ambiciosas e, para isso, é necessário reunir um conjunto de informação com o intuito de se

(30)

reconhecer o padrão e hábitos de consumo em Portugal Continental, sendo que a relação entre a produção e as características físicas dos RU são essenciais para se obter esta informação.

Na Figura 2.3, apresenta-se a Caracterização física média dos RU produzidos em Portugal Continental entre 2011 e 2014, de acordo com as especificações técnicas da Portaria n.º 851/2009, de 7 de agosto.

Figura 2.3 -Caracterização física média dos RU produzidos em Portugal Continental entre 2011 e 2014 (Adaptado de: APA, 2015b)

A Caracterização física média dos RU produzidos em Portugal Continental entre os anos de 2011 e 2014, revela um padrão consistente relativamente às percentagens de cada categoria, pelo que esta situação resulta provavelmente de hábitos de consumo semelhantes neste período (APA, 2015b).

O teor em RUB, referentes às categorias de "Resíduos Putrescíveis", "Papel/Cartão", "Resíduos Verdes (recolhidos em separado) " e da subcategoria "ECAL", demonstram que o mesmo é ligeiramente inferior ao assumido para efeitos de cálculo no PERSU 2020, sendo os mesmos de 53.3% e 55% respetivamente. Considerando a fração alvo para Reutilização, Reciclagem e Compostagem constituída por Bio resíduos, Resíduos verdes (recolhidos em separado), Vidro, Compósitos, Madeira, Metais, Papel/Cartão e Plástico, o valor cifra-se nos 73% dos RU produzidos (APA, 2015b).

Assim sendo, a análise à caracterização física média dos RU produzidos em Portugal Continental entre os anos de 2011 e 2014, permite destacar essencialmente as elevadas frações de RUB e Resíduos Reutilizáveis e Recicláveis produzidos, que na sua maioria podem ser objeto de valorização, justificando o investimento em medidas efetivas tendentes à sua recuperação (APA, 2015b).

(31)

Na Figura 2.4, apresenta-se a distribuição relativa ao destino final dos RU entre 2010 e 2014 em Portugal Continental.

Figura 2.4 - Resíduos Urbanos (RU) encaminhados diretamente para as diversas operações de gestão, em Portugal Continental (distribuição relativa) Fonte: (APA, 2015b).

No que se refere ao destino final dos RU, comparativamente a anos anteriores, verifica-se uma contínua diminuição da deposição de resíduos em aterro, em detrimento do Tratamento Mecânico (TM) e Tratamento Mecânico e Biológico (TMB) para valorização orgânica, conforme previsto na estratégia nacional e comunitária. Com efeito, esta alteração de tendência permitiu uma redução de 62% de deposição de RU em aterro no ano de 2010 para 42% no ano de 2014, sendo que nestes dois últimos anos em análise, a maioria dos RU não foram encaminhados para aterro (APA, 2015b).

Contudo, embora o “destino direto dos resíduos” seja um indicador bastante relevante, não reflete o destino final efetivo dos mesmos, sendo que em 2014, apenas 9 SGRU depositaram em aterro menos de 80% dos RU produzidos (3 dos quais utilizam a incineração como destino direto).

Com efeito, calculando a fração total de resíduos depositados em aterro, por via direta e indireta, entendendo-se esta última como os refugos e rejeitados dos processos de tratamento, verifica-se que foram enviados para aterro, cerca de 58% dos resíduos produzidos em 2014, valor próximo de 2013 situado nos 60%. Não obstante, encontra-se ainda consideravelmente acima dos 42% calculados como destino direto, o que indica que a percentagem de refugos e/ou rejeitados dos tratamentos que não é valorizada é significativa (APA, 2015b).

Não obstante o facto de os dados apontarem para uma evolução positiva no sentido do cumprimento da hierarquia dos resíduos, importa destacar a estabilização registada na

(32)

fração de valorização material através da Recolha Seletiva face ao total de resíduos produzidos, tendência contrária à estratégia comunitária e nacional para os RU.

Neste sentido, tendo em conta que os esforços e investimentos realizados para potenciar a deposição seletiva não têm tido os devidos reflexos nos comportamentos da população, é de vital importância a realização de uma análise deliberativa que permita possíveis soluções para combater e inverter esta tendência, iniciando a implementação de uma estrutura de deposição seletiva que permita atingir as metas definidas para 2020 (APA, 2015b). Na figura seguinte, apresenta-se a Produção e Tratamento dos RU na União Europeia (28 países) entre 1995 e 2014 em quilogramas (kg) por pessoa.

Figura 2.5 - Produção e Tratamento dos Resíduos Urbanos na União Europeia (28 países entre 1995 e 2014) (kg/pessoa) (Adaptado de: Eurostat, 2016)

Relativamente ao enquadramento europeu, em matéria de Produção e Tratamento de RU, a maioria dos países membros mantém o aterro como destino preferencial embora se identifique, comparativamente a anos anteriores, a alteração desta tendência a favor da reciclagem e compostagem, conforme o previsto na estratégia comunitária (Eurostat, 2016).

Com efeito, a produção de RU na UE tem igualmente diminuído, encontrando-se neste momento perto dos 475 kg/pessoa, valor um pouco acima de Portugal com 453 kg/pessoa em 2014, situando-se o mesmo na 16.ª posição em termos de produção de RU na UE.

A diminuição da produção de RU, presente tanto em Portugal como na UE, não obstante a crise económico-financeira presente na Europa nos últimos anos, reflete o sucesso da estratégia de prevenção e redução de resíduos, inserido numa análise e monitorização de vários parâmetros relacionados com este patamar da Hierarquia de Resíduos, sendo

(33)

que um dos mais importantes prende-se com presença de RUB em aterro (Eurostat, 2016).

Figura 2.6 -Resíduos Urbanos Biodegradáveis (RUB) depositados em Aterro, em Portugal (Adaptado de: APA, 2015a)

Em 2014, foram depositadas em aterro 1,191 milhões de toneladas de RUB, o que representa uma diminuição de 0,4% face ao ano anterior, bem como uma tendência contínua de diminuição da presença dos mesmos em aterro. Contudo, no que se refere à meta de redução dos RUB destinados a aterro face à quantidade total dos mesmos produzidos em 1995, em que a mesma se fixa nos 35%, verificou-se que o valor registado se mantém, pelo segundo ano consecutivo, nos 53%.

2.1.3. Sistema de Gestão de Resíduos Urbanos em Portugal

No que respeita ao Sistema de Gestão de Resíduos Urbanos (SGRU) em Portugal importa referir, à priori, a definição do conceito de “Gestão de Resíduos” do ponto de vista legal, bem como, a responsabilidade pela Gestão dos mesmos. Neste sentido, o DL 73/2011 de 17 de Junho, refere que a “Gestão de Resíduos” compreende “as atividades de recolha, transporte, valorização e a eliminação de resíduos, incluindo a supervisão destas operações, a manutenção dos locais de eliminação após encerramento, bem como as medidas adotadas na qualidade de comerciante ou corretor”.

Com efeito, a presente norma legislativa, refere ainda que a responsabilidade pela Gestão de Resíduos, incluindo os respetivos custos, “cabe ao produtor inicial dos resíduos, sem prejuízo de poder ser imputada, na totalidade ou em parte, ao produtor do produto que deu origem aos resíduos e partilhada pelos distribuidores desse produto se tal decorrer de legislação específica aplicável. Excetuam-se os resíduos urbanos cuja produção diária não excede 1.100 litros por produtor, caso em que a respetiva gestão é assegurada pelos municípios”.

Um SGRU é uma estrutura holística que compreende recursos humanos, logística, equipamentos e infraestruturas estabelecidas com o objetivo de proceder a operações de Gestão de RU que garantam o cumprimento das metas comunitárias, através do

(34)

desenvolvimento científico e tecnológico bem como, da sensibilização do cidadão e da comunidade para a adoção das melhores práticas ambientais (Fernandes, 2009). O SGRU constitui-se como um dos maiores encargos económico-financeiros dos municípios, dado que engloba os custos totais do sistema desde a deposição e transporte até ao destino final, englobando ainda, os custos com o Serviço, Recursos Humanos, aquisição e manutenção das viaturas. Neste sentido, o objetivo primordial dos municípios terá que ser a otimização dos pontos de deposição e recolha de RU, de forma a rentabilizar este serviço público (Freitas, 2013).

Com efeito, o atual panorama pressupõe que na implementação de um SMGRU, o sistema de recolha adotado pela entidade responsável constitui-se como o principal fator de sucesso da gestão, bem como o envolvimento e motivação dos cidadãos para a separação multimaterial de resíduos. Neste sentido, a sinergia entre estes dois fatores é fundamental para que se consiga garantir uma correta valorização dos resíduos como recursos e um desenvolvimento sustentável (Fernandes, 2009).

2.1.3.1. Organização do Setor

De acordo com a legislação (DL 194/2009 de 20 de Agosto alterado pelo DL 92/2010 de 26 de julho), o SGRU em Portugal é consagrado em regime de serviço público, sendo considerados Sistemas Municipais. Os Sistemas Municipais de Gestão de Resíduos Urbanos (SMGRU) abrangidos pelo presente Decreto-Lei compreendem, no todo ou em parte, a gestão dos sistemas municipais de recolha, transporte, armazenagem, triagem, tratamento, valorização e eliminação de resíduos urbanos, bem como as operações de descontaminação de solos e a monitorização dos locais de deposição após o encerramento das respetivas instalações.

Os SMGRU encontram-se classificados segundo as designações de alta e baixa, consoante as atividades realizadas pelas várias entidades gestoras. Assim, esta classificação distingue os SMGRU, sendo que a primeira designação, em alta, refere-se aos refere-serviços responsáveis pela armazenagem, triagem, valorização e eliminação dos resíduos e a segunda designação, em baixa, aos responsáveis pelas atividades de recolha e transporte dos resíduos provenientes de habitações, ou outros que devido à sua natureza ou composição sejam semelhantes às mesmas (PERSU2020, 2012). A distribuição geográfica dos SMGRU em alta, demonstra que a maioria das Entidades Gestoras (EG) são efetuadas através de concessões e empresas municipais ou intermunicipais. De forma geral, uma das principais condicionantes na gestão dos 23 sistemas em alta existentes no território continental, prende-se com a dificuldade em

(35)

estabelecer uma escala que os viabilize economicamente, fruto das elevadas assimetrias patentes no País entre o interior e a zona litoral (ERSAR, 2015).

No que se refere à distribuição geográfica dos SMGRU em baixa, a mesma demonstra que as entidades gestoras são efetuadas, maioritariamente, através de Sistemas Municipais e empresas municipais ou intermunicipais.

Neste sentido, o modo de exploração dos SMGRU apresenta uma gestão, como referido anteriormente, inserida maioritariamente em sistemas municipais, no caso das 259 entidades gestoras em baixa, e em Sistemas Multimunicipais e Sistemas Intermunicipais, no caso das 23 EG em alta (ERSAR, 2015).

Segundo o Decreto-Lei nº 92/2013 de 11 de julho, os Sistemas Multimunicipais integram, pelo menos, dois municípios, sendo a responsabilidade pela exploração e gestão, assegurada por entidades de capitais públicos e privados Os sistemas Intermunicipais são geridos por um conjunto de Municípios ou Associação de Municípios, sem intervenção de capital do Governo Central, e cujo modelo de gestão assenta na celebração de um contrato-programa entre essa entidade e os respetivos Municípios (PERSU2020, 2012; ERSAR, 2015). No quadro 2.3. apresenta-se os SMGRU Multimunicipais e Intermunicipais presentes em Portugal Continental.

Quadro 2.3 -Número e tipos de SMGRU em alta presentes em Portugal Continental (Adaptado de: APA, 2016).

Multimunicipais Intermunicipais Valorminho Ambisousa

Resulima LIPOR

Braval Resíduos do Nordeste Resinorte Ecobeirão Suldouro Resitejo Valorlis Ecoleziria Ersuc Tratolixo Resiestrela Ambilital Valnor Gesamb Valorsul Resialentejo Amarsul Amcal Algar

A Gestão de RU em Portugal Continental é assegurada por 23 Sistemas Municipais de Gestão de Resíduos Urbanos (SMGRU) em alta, sendo 12 multimunicipais e 11 intermunicipais (APA, 2016; APA, 2015b).

(36)

No que respeita a infraestruturas em construção, encontram-se sobretudo instalações de valorização orgânica, que visam incrementar o desvio direto de resíduos de aterro e o aumento dos quantitativos de resíduos recicláveis. No quadro 2.4. identifica-se, por SMGRU em alta, o número de infraestruturas de gestão de RU existentes em Portugal Continental (APA, 2015b).

Quadro 2.4 - Infraestruturas de gestão de resíduos urbanos (Adaptado de: APA, 2015b); A- Aterro, TM- Tratamento Mecânico, TMB- Tratamento Mecânico Biológico, CVO- Valorização Orgânica, INC- Incineração com produção de energia, CDR- Unidade de preparação de Combustível Derivado de Resíduos, T- Triagem, ET- Estação de Transferência, EC- Ecocentro, EP- Ecoponto

SGRU A TM TMB CVO INC CDR T ET EC EP Hab/ecoponto

Valorminho 1 1 1 2 424 178 Resulima 1 1 1 2 962 330 Braval 1 1 1 2 1167 248 Resinorte 5 1 1 4 8 17 3657 256 LIPOR 1 1 1 1 19 3680 262 Ambisousa 2 2 2 8 1000 336 Suldouro 1 1 1 4 1748 253 Resíduos do Nordeste 1 1 4 14 616 Valorlis 1 1 1 3 4 1109 274 Ersuc 2 2 2 2 7 7 3687 254 Ecobeirão 1 1 1 3 19 1524 223 Resiestrela 1 1 1 7 14 964 201 Valorsul 2 1 1 2 6 8 5620 282 Ecoleziria 1 3 4 462 273 Resitejo 1 1 1 7 8 1515 134 Tratolixo 1 1 1 1 2 3548 238 Amarsul 2 1 2 1 1 1 7 2662 294 Gesamb 1 1 1 4 7 676 221 Ambilital 1 1 1 5 7 874 130 Amcal 1 1 3 5 128 194 Valnor 2 1 1 1 8 14 2068 126 Resialentejo 1 1 5 5 470 197 Algar 2 1 1 3 2 7 14 2860 155 Total 32 6 15 5 2 4 27 87 193 41421 239

De uma forma geral, a curto prazo, os SMGRU em alta ficarão dotados de infraestruturas de tratamento de RU que lhes permitam atingir estes dois objetivos, embora persistam ainda alguns casos em que serão necessários novos investimentos ou recorrer à partilha de infraestruturas de SMGRU contíguos.

Relativamente a infraestruturas de fim de linha, designadamente aterros, prevê-se somente a sua construção ou ampliação para substituição das existentes devido ao preenchimento da sua capacidade total (APA, 2015b). A figura seguinte representa o Mapa dos SMGRU em alta e das infraestruturas de tratamento em Portugal Continental em dezembro de 2013.

(37)

Figura 2.7 - Mapa dos Sistemas Municipais de Gestão de Resíduos Urbanos em alta, assim como as respetivas infraestruturas de tratamento em Portugal (Adaptado de: PERSU2020).

A nível de infraestruturas, verifica-se a sua concentração maioritariamente no litoral, situação que reflete uma densidade populacional díspar, destacando-se igualmente a presença de duas centrais de incineração (em Lisboa e Porto) (PERSU2020, 2012). Em Portugal Continental, os 23 SMGRU em alta, caracterizam-se por uma acentuada discrepância no que respeita ao número de municípios que os integram, à área abrangida, população servida, bem como as condições socioeconómicas da população residente. A conjugação destes parâmetros reflete-se no fluxo de resíduos e, consequentemente, nas opções adotadas em termos de recolha e tratamento dos seus RU e também na rede de equipamentos e infraestruturas para a sua gestão.

Na Figura 2.8, apresenta-se a caracterização dos sistemas de gestão de resíduos urbanos em função da área e população abrangida (PERSU2020, 2012).

(38)

Figura 2.8 - Distribuição dos Sistemas Municipais de Gestão de Resíduos Urbanos em alta por população e área abrangida em 2012 (Adaptado de: PERSU2020).

Relativamente à Distribuição dos SMGRU em alta, no ano de 2012, verifica-se que a Valorsul, LIPOR, Ersuc e Resinorte representam os SMGRU que servem maior número de habitantes, enquanto a Valnor, Resinorte, Ersuc e Resíduos do Nordeste representam os SMGRU com maior área abrangida.

2.1.4. Instrumentos Económicos e Financeiros na Gestão de RU

2.1.4.1. Sistema Tarifário em Portugal

O Sistema Tarifário nos SMGRU deve obedecer aos princípios estabelecidos pela Lei de Bases do Ambiente (Lei nº 19/2014, de 14 de abril), pelo Regime Geral da Gestão de Resíduos (Decreto-Lei nº 73/2011, de 17 de junho) e pela Lei das Finanças Locais (Lei nº 73/2013, de 3 de setembro), e respeitar especificamente os princípios preconizados pela ERSAR: recuperação de custos, defesa dos interesses dos utilizadores e acessibilidade económica (Freitas, 2013).

O Sistema Tarifário em Portugal apresenta, à semelhança dos restantes países europeus, uma tributação que consiste maioritariamente na aplicação de um imposto geral ou uma tarifa de retorno fixa de gestão de resíduos. Assim, na perspetiva de Levy e Pinela (2005), as tarifas em Portugal são normalmente indexadas ao abastecimento público de água, subdividindo-se ainda em três tipos:

a) Tarifa fixa – tarifa única cobrada por utilizador com contador de água (agregado familiar);

Referências

Documentos relacionados

Martin e Phil (1985) propuseram uma hipótese explicativa para a alexitimia que afirmava que esta seria uma tentativa de explicar a relação entre manifestações alexitimicas

vii RESUMO A presente pesquisa tem como objetivo estudar a relação que sete educadoras populares do Distrito Federal construíram entre um curso de formação continuada - Roda de

Embora problemas neurobiológicos possam estar presentes em qualquer vítima de experiências adversas na infância, como por exemplo abuso físico, a investigação sugere que

The

As análises serão aplicadas em chapas de aços de alta resistência (22MnB5) de 1 mm de espessura e não esperados são a realização de um mapeamento do processo

Da mesma fonna, não houve dife- A presença de plantas daninhas durante todo o ci- rença nesta característica entre a testemunha sem N cIo causou decréscimo de 12% no rendimento

As ideias norte-americanas e inglesas vieram para o Brasil em função de um contexto social e político que surgia, especialmente a partir de 1870, como modelo desejável para as