• Nenhum resultado encontrado

Eficacia, poder e função das sumulas no direito brasileiro

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Eficacia, poder e função das sumulas no direito brasileiro"

Copied!
353
0
0

Texto

(1)

I 0 í = % 0 I í=ii , F = - O r > E F í E F=^LJI>4ÇPf=SO H > ^ S S l l í M l _ J l _ l = % S h 4 0 r> I F<E: I ~ T 0 BtFti=%S i i_ e : I FíO

L e n i o Luiz Streck

T E S E A P R E S E N T A D A AO

C U R S O DE P ó S - B R A D U A Ç R O EM DIREITO DA U N I V E R S I D A D E F E DERAL DE SANTA CATARINA

P A R A A OBTENÇftO DO TITULO DE D O U T O R EM D I REITO

ORIENTADOR: Prof. Dr. Leonel Severo Rocha

F L O R I A N Ó P O L I S 19 9 5

(2)

CURSO d e PóS-GRADUAÇ?íín EM DIREITO

A TESE E F I C A C I A j P O D E R E F U N Ç R O D A S S O M Ü L A S N O D I R E I T O B R A S I L E I R O

elaborada por LEINIO LUIZ EBTRECK

e aprovada por todos os membro;.=- da banca examinadora., foi .julgada adequada para a abtenção do titulo de DÜUTOFí EM DIREITG.,

FLORIANÓPOLIS,, 8 do março de 1995.

BANCA EXAMINADORAS

F-'rof . Dr. Leonel SBevero Fíocha . F'res id ente P r o f . D r . José Alcebi a d e s de 01iveJ„^

F“'rof., Dr„ Cezar F'ioberto Bittencc/Lirt F-’rof„ Dr. Luci a n o Oliveira

F' r o f . D r ,. S i 1 v i □ D o b r o w o 1Iski ,

Orientador

F"'rof „ Dr. Leonel Severo F^ocha C o o r d e .’"i a d o r' do Curso ;;

(3)

A tese analisa as Súmulas no contexto do Direito brasileiron através de tr'ës aspectos; sua eficácia, sua função 0 seu poder de produzir s e ntidos juridicos»

A s S ú m LI 1 a s s ÏS o o r e s u 11 a d o d a .jl! r i s p r u d ê' n c i a as s entada pelos Tri b u n a i s Judi c i á r i o s do País, conseqüência de incide n t e s de un i f ormi saç'à'o de j urisprudên ci a e das decis'Ôes tomadas por unanimidadE? . em um julga me n t o - e por maiorias a b soluta - em dois ou mai is julgam eín tos . pelos órgãos es p e c i a i s dos citados tribunais.

0 o r d e n a m e n t o jurídico brasileiro n'ào confere poder v i n c u l a n t e e conseqüente força obrigatóriai às Súmulas.

A tese de m o n s t ra que na prática, as Súmulas acabam por ter forças v i n c u l a n t e e? caráter erga omnes superiores às próprias leis E'manadas do F'oder Legislativo. FÂ'etomas-se a discussaVo, por isso, da legitimidade de o Poder J udiciário criar (ou, não) Direito.

Como nosso Direito é filiado à família romasno™ germSnica, seguindo^ portanto, o primado da suprem a c i a da lei, consc'ante a clara dicção do artigo 52, inciso II, da Con s t i t u i ç ã o Federal, que s t i o n a - s e a consti tuciona 1 idads? dc'S r egimentos internos dos tribunais do país que atr i b u e m força v i n c u l a n t e às Súmulas, assim como d i s c u t e- s e a.

(4)

c o n s t. i. t u c i o n a 1 i d a d e e m n o s s o s i s t. e m a .

A tese de m o ns t r a que íís Sámulas exercem influência que vai dos tribunais locais até a atitude dos demais atores ,;j u i-’" í d i cos . F-'a r sn t e i 'ici e r t a 1 f en Smen o , pa r t e --se d a perspectiva de que o Direito é um conjuntcj de símbolos n o r m a ti v o s d i r i g i d o s a influir nos ccjmportamentos sociais, e que tais símbolos, antes de descrever a realidade, objetivam m o d e l á — la, c alibrá-la e m o d i f i c á .la. Assim,, mais do que o poder de v i o lência simbólica, as Súmulas exercem uma c o n t r o l a b i 1 idade difusa sobre as instancias inferiores do sistema. Esse controle difuso funciona como poder normativo. Pi Súmula tem o poder de produzir sentido e, mais do que

isso, vem a ser uma m e t a p roduçSo de sentido.

Na discussSío da dicotomia 1 egis 1 aç áo — j urisdiçSío , a tese demonstra que as Súmulas tem a função de b u s c a r/ c o n s t r u i r a unidade do sistema, mediante reproduçSo a u t o p o i é t i c a . C o m o ponto de p a i" t i d a e p o ri t o d e c h e g a d a n a (re)definiç'à'o da condiçáo de sentido das normas que compÔem o o r d e n a m e n t o jurídico, a autopoiese resultante das Súmulas, m o rmente as e d itadas pelos Supremo Tribunal Federal, consiste na quebra e/ou negação dessa tradicional distinçSfo.

(5)

La thèse analyse les Sámulas dans le contexte du droit brésilien sous trois aspects:; leur efficacité,, leur rôle et leur faculté de produire des «sens j uridiques =

Les Sámulas sont le résultat de la jurisprudence é t a b 1 i e par 1 e s i ri s t. n c e s .s u p é r i e u res d u p a y =; et. d é c o u 1 e n t dune unifor m i s a t i o n de la .j ur'ispruden ce et des décisions prises à 1 un a n i m i t é dans un arrêt et à la ma,jorité absolue dans deux ou plus arrêts par les organes spéciau;-: des instances en question.

L o rdre juridique brésilien ne confère aux Sámulas aucun pouvoir de lien et aucune force obligatoire conséquente. La thèse démontre que,, dans lai pratique, les ■? á m u. 1 a s a c q l.ii è r e n t u r"ie f o r c e d e lie n e t u n c a r- a c t è r e e r g a

omnes 'supérieurs au;-: propres lois émanant du pouvoir-

législatif» Doù la reprise de la discussion de la légitimité pour le pouvoir j udiciaire de créer (ou non) le Droit,

Notre Droit étant né de la famille roman o-- g e r m a n i q u e et observ'ant donc la primauté de la suprém a t i e de la loi, clairement. e;-t primée dams 1-article 5, alinéa 1 .1 de la Cons ti t u t i o n Fédérale, il y a remise en question de; la con-stitutionnal ité des règ 1 e.ments internes des tribunau;-: du pays qui concèdent un force de lien au;-: Sámulas,, ainsi que; discussion de 1(i n )c o n s t i t utionnalité de lamendement constitutionnel numéro 3 qui a introduit, et cest une

(6)

La t.hè?se d€v?montre que les Sámulas exercent une i n f l uence qui e n gage à la fois les tribunaux locaux et les autres -acteurs Juridiques, Aux fins de c omprendre ce phénomène, 1 auteur part de lidée? que le Droit est un ens e m b l e de sy m b o l e s normatifs qui visent à influer sur les c o m p o r te m e n t s sociaux et que ces symboles, plutôt que de décrire la réalité, ont pour but de la modifier, de la jaug er et de la mouler. Aussi, bien plus que le pouvoir de violence symbolique, les Súmulas exercent un contrôle diffus sur les instances inférieures du système. Ce contrôle diffus f onctionne comme pouvoir normatif. La Súmula a le pouvoir de p roduire un sens et, bien plus, eín vient à ë'tre une meta- production de sens.

Dans sa discussion de la dichotomie législation-- j uridiction, la thèse démontre que les Súmulas ont pour fonction la r e c h e r c h e / c o n s t r uc t i o n de 1 uni té du système par le biais de la reproduction autopoiétique. Eltant à la fois point de départ et destination de la ( re ) déf in i tion de la condition du sens des normes qui compensent 1 ordre juridique, lautopoièse résultant des Súmulas ^ principalement celleis avancées; par la Cour Suprême, consiste en la rupture et/ou négation de cette distinction traditionnelle.

(7)

!-;ESLIIÍEN

L...a tes is hace un análisis de Ias Súmulas en el c on t e x t o dei der e c h o brasilenOj. bajo de tres aspectoss, su e f i c a c i a 5 su función y su capacidad de producir efectos

j u r i d i c o s ..

Las Súmulas resultan de la jurisp r u d e n c i a (assentada) por los tribunales de justicia de nuestro paiSj p r o v e n i e n t e s de i ncidentes de u n i f o r miziación de j u risprudèn cia y de las d ecisiones por unanimidad en un juício - y por mai o r i a absoluta . en dos o más juicios . por órga n o s especial es de tribunales citados,,

[:I1 o r d e n a m i e n t o jurídico brasi lePío no atribuye poder v i n c u l a d o r y ,, consiguien temen te 5 fuerza o b l i g a t o r i a a

las Súmulas. La tesis pone de m a n i f i e s t o que, en la praxis, las Súmulas quedam con fuerza vinculadora y carácter erga omnes super i o r e s a las propias leyes enmanadas dei Poder Legislativo» Se v u elve a la discusión, por esa razón ,, sobre la legitimidad dei P oder Judicial crear (o no) Derecho.

C o n s i d e r a n d o que nuestro Derecho pertenece a la m a d e 1 d e r e c l"io r o íTía n o .g e r m á n i c a ,, s i. g l i i. e n d o « f 3o r 1 o t. a n t o ,

el primado da s u p r e m a c i a de la ley,, en los términos dei art» 59,, II, de la Constitución Federal, se discute la c o n s t i t u c i o n a1 idad de los regimientos internos de los

tribunales dei país que atribuyen fuerza vinc ul a d o r a a las S lú m u 1 a s ; s e d i s c l i t e i g u ai 1 ítie n t e 1 a. ( i n ) c o n s t i tu c i o n a 1 i d a d d e la EEnmienda Constitucional nS 3,, que ha intr o d u c id o la

(8)

La tesis pone de m anifiesto que las Súmulas ejercen influ e n c i a desde los tribunales locales hasta los e n t e n d i n íi e n t o s; de todos los a p 1 i c a d o i■“ e s d e 1 a 1 e y . F"'a r a mejor c o m prensión del instituto, se parte de la perspectiva de que el D e r e c h o es un conjunto de símbolos n ormativos d e s t i n a d o s a influir en los c o m p o r t a m ientos s o ciales que, además de d e s c r i b i r la realidad, objetivan darle forma, mediria y modificaria,, Asimismo, más que el poder de v i o lência simbólica, las Súmulas ejercen un control difuso sobre las instancias inferiores del sistema, funcionando como poder normativo» La Súmula tiene el poder de producir s en t i d o y, más que eso, consti tuye una meta — produción de sen t i d o „

Ein el p 1 an teamien to de la dicotomia l e g i s l a c i ó n . jurisdición, la tesis pone de ínanifiesto que las Súmulas tienen la función de bus c a r /con st ruir' la i-inidad del sistema, a través de la reproducción a u t o p o i é t i c a „ Como punto de partida y punto de 1 legada, es decir, como el marco, en la (r e )d efinición de la condición de sentido de las normas que c o m p o n e n e 1 o r den a m i e n t o j u r ■i die o , 1 a a u t o p o i. e s e r e s l! 11 a n t e de las Súmulas, p articularmente 1 a.ís edictadas por el Suprejmo Tribunal F e d e r a l , consiste en la quiebra y/o negación de b sa

(9)

Para Rosane e Maria Luiza^ corn muito amor e carinho'.

(10)

sentenças, do que isuitos se vangloriasi, preferes, causídicos e aagistrados; às sKposiçÔes sisteriáticas de doutrina jurídica os repositórios de jurisprudência.(...)

ÜS verdadeiro fsnítisso pelos ícórdkai dentre os freqüentadores dos pretórios, sSo muitos os que se rebelai contra u®a doutrina; ao passo que rareíèí os que ouiãi discutir ub juigadoi.,,},

No Brasil até quando o Judiciário invade a esfera de açSo do Congresso, ou se afasta, por outra forma, dos cânones constitucionais, surge seupre forte corrente, entre 05 aais doutos, que pleiteia 0 respeito à exegese ocasional

Carlos Maxiffiiliano. Henaenêutica e Aplicaçlo do Direito, p.223 e 224. 3§ ed., 1947.

(11)

S U M A R I O

I n trodução n . = 1

1 „Sistemeis j uri. d i cos „ . . „ . ... . 11 1.1= 0 sistema jur íd i c o ang 1 o--ame?ri cano „ 15 1.1.1.0 Direito inglês. ... .. . .. ... 15 1.1 .1 . 1 .. F o rmação ., Divisões e conceitos jurídicos

Common Law e iEquity ... 15 1 . 1 „1„2.A a d m i n i s t r a ç ã o da justiça inglesa.

A o r g anização j u d i c i á r i a . ... .. . .25 1.1. 1 „ 2 . 1 „ 1" !■"■i b u n a i s s lap e r i o r e; s o S u p r e m e C o u r t

of JiAdi c a t u r e ... 2ó

1 . 1 . 1 . 2 . 2 . A CSmara dos L o r d e s 28 1 . 1 . 1 . 2 . 3 . A comissão j udiciária do conselho p r i v a d o ... 29 1 . 1 . 1 . 3 . üurisdições i n f e r i o r e s , .30 1 . 1 . 1 . 3 . 1 . Coun ty C o u r t s ... .. ... 30 1.1.1. 3 . 2 . M a g i s t r a t e s ...30 1. 1 . 1 . 3 . 3 . Contencioso "quase j u d i c i á r i o " ...31 1.1. 1 „ 4 . A doutrina dos precedentes o b r i g a t ó r i o s 32 1 .1 .1 . 4 „ 1 „ Sign i f i cado e a 1 can cc? da reg ra 36 1.1 „ 2 . 0 Di rei. to nor te— amer i cano 39 1.1.2.1. Aspectos históricos i; oprocesso de .formação. ... .39 1.1. 2 . .1 .1. . S i t L.ia ç ã o cio Ij i r e i t o i. n q 1 ê s p o i'" o c::ai s i. â' o

da revolLição americana- a primeira, f-ase... 39 1 . 1.12 .1 . .2 . A segunda faser, 3. era do estilo formal ... .41 1.1.2.1.3. A terceira fases a passagem do estilo formal

para a era do grande e s t i l o . ...42 1.1.2.2. A adoção do sistema da Common Law nos

EIstados Unidos^ da América. .44

1.1.2.3. A estrLitura do Direito nos EEstados Unidos

da Améri ca 47'

1.1 „ .7:! „ 3 „ 1 . A organização judiciária nor te-ameri cana . . . 52 1 . 1 „ 2 „ 3 ,1 .1. A organização judiciárias dos estados membros 52 1.1.2.3.1.2. A organização judiciária f e d e r a l . ...52 1.1.2.4. A jurisprudSncia americanas alcance da regra do

p r e c e d e n t ...54 1.2..0 sistema r o m a n o - g e r m S n i c o ... 61 1. . 1 . Origeffi... . . . .. . . .. . . 61 1.2.2. Primado da lei e fontes do Direito no sistema

r o m a n o — g e r m S n i c o . .67'

1 . 2 „ .3 . A j uris;prud§ncia e seu alca\nce no sistema

(12)

2.2.1., A n t e c e d e n t e s no Direito luso. EB2 2.2.2., O r igem no D i r e i to brasileiro. ... . 84 2.-:í. A j u r i s p r u d ê n c i a e sua con cei tuaç:ão . 89 2.3.1., A ,j u r i s p r u d ê n c i a como fonte no Direito brasi 1 eiro „ 92

3. A uniformização da jurisprudência no Direito

brasi leii-o 102

3.1., Dos asseontos à uniformização da j urisprudên c i a ;

b I'“ e V E? b i S t Ó r i C o » S U M « U . . U . M . o B . u . . u . . a . n . . u . . . w B „ o u H 1 o

3.2. A uniformização da jurisprudência no Direito

comparado ... .. . 106

3.2.1. No Di rei to português ... 106 3 „2.2 . No Di rei to i ta 1 iano ... . ... . . .... . „ „ ... ... 107

3.2,3,, No Direi to f ran cês 10E:Í

3.2.4. E-m outros paises .. „ . ... . . 110 3.3. Uniformização da j urisprudên cia i: o Direito positivo

brasi 1ei ro . . .... ... .111

4„ As S ú m u I a s 122

4.1. Históri c o 122

4 . 2 . F"undamentos 127

4.3. As súmulas; em face da teoria geral do Di rei t o ... 133 4.3.1 „ Análise a partir de Hans Kelsen 13é:. 4.3.2. Análise a partir de Herbert Hart. ... .141 4.3.3. Aná 1 ise a parti r de Al f F<oss 146 4.4„ As súmulas em fac€5 da d oq má ti ca j uridica. ... 150

5. A j u r i s p r u d ê n c i a brasileira e suas formas de

vinculação, .. 161

5 , 1 . A a ç ã Cj d e c 1 a r a t ó r" i ai de c o n s t. i 'L u c i. o ri a 1 i d a d e : u m a

inovação (i n )c o n s t i t u c i o n a1 161 5.2, 0 ar tigo 38 da Lei n 9 8 . 03 8 / 90 uma f orma

inconstitucional de v i n c u l a r i e d a d e da',

j urisprudê'ncia 174

5.3, 0 eífeito v i n c u l a n t e nos regimentos internos

dos tribunais brasileiros. 181

5.4, A revisão constitucional de 1993; a fracassada tentativa de conceder efeito v inculante à

j u r i s p r u d ê n c i a e às Súmulas, 191

6. Classif icação das súmu 1 ais e sua importância no

cotidiano dos tribunais 204

6.1. Súmulas t a u t o 1o g i c a s . , 2 0 6

6 . 2 , Súmu 1 as in tra 1 egem ... 213

6.:3. Súmula\s extra legem. .227

(13)

7„ □ papel das Súmu l a s na Direito brasileiros c o n t r o 1 a b i 1 i d a d e d i f i.is a , f a t o r n o r m ã t i v o

de psoder e violência simbólica,, ,264

7.1., G Dire i t o como simbolismo,, »264

7.2. D poder de controlabilidaide di^'usai das Súmulas

uma forma de v i o lência simbólica» «274

Con c 1 us'à:o 299

(14)

Esta tese tem por ob jetivo a análise dcis Súmulas no contexto do ordenarnen tcj j u rídico brasileiro» As Súmulas sêio o resultado da j u r i s p r u d ê n c i a assentada pelos tribunais do paísj resul t a n t e de incidente de uniformisação de j u r i s p r u d ê n c i a . A inclusão de e n u n c i a d o s na Súmula, bem como sua alteração ou canc e l a m e n t o 5 é feita me diante d e l ib e r a ç ã o da mai o r i a a b soluta dos membros dos tribunais s uperiores do país. T a mbém são tra n sf o r m a d o s em Súmula os enunci a d o s c o r r e s p o n d e n tes às decisbes firmadas por u n a n i mi d a d e dos memb ro s comp o n e n t es da Corte Especial ou da Seção, em um caso, ou por maio r i a absoluta em pelos menos dois julgasmentos.

É muito i mportante uma análise de t a l h a d a das Súmulas, pois elas fë'm um papel relevante na configuração da do g m á t i c a jurídica, que não tem sido devi d a m e nt e considerado pela d outrina processual d o m i n a n t e no Brasil.

Nesse sentido,, retomo a d i s c ussão que vem desde a Revolução Francesa, da separação dos poderes e da legitimidade de o P oder Judici á r i o criar ou não Direito.

(15)

Tema a t u a l is s i m o na doutrina estrangeira, como no caso da italiana, francesa, inglesa., norte-ameri canas e alemã, na a n á 1 i s e d e a u t o r es com o C a p p e 1 1 e t ti,, C o r' n u T e r r é , R a z , Hartj Winterton,, Friedman, Dworkin e Luhmann., s o0iente para

citar alguns,,

A impo rt â n c i a da d i s cussão é d emonstrar como a Súmula. " pela sua pecu. 1 iaridade - fecha o sistema, Com Niklaxs Luhmann e u t i l i z a n d o sua teoria sistêmica, procura-se d e m o n s t r a r comc> as Súmulas têm a função de b u s c a r ./construir a unidade do sistema, m ediante reprodução a u t o p o i é t i c a , Como ponto de partida e ponto de che?gada na ( re ) de?f in ição da condição de sentido das normas que compÊíem c' orde n a m e n t o jur.í.dico, a a u t o p o i e se resultante das Súmulas, m ormente as e d itadas pelo Supremo Tribunal F’ederal , consiste na quebra e./ou na neg-ação da tradicional distinção entre legislação- j u r i sd i ç ã o .

F-‘ara isso, é relevante registrar que as análises sobre o Direito g e r a l m en t e têm levado em c o n s i d e r a ç ã o , geralmente, apenas a função judicial no interior da jurisdição de primeiro grau, desp r e z a n d o a i m p o r t antissima atuação dos tribunais superiores. Isso acarreta terr.í.vel incompreensão da constituição do sistema jurídico, já que (estes (os tribunais superiores, especia l m e n t e o Superior Tribunal de Justiça, em matéria i n f r a c o n s t i t u c i o n a 1 e o Supremo Tribunal Federal, em matéria constitucional) têm o

(16)

muito fácil r eduzir-se o Direito a uma mera retóric£n quando se ce?ntraliza a discuss'ào na figura do juiz singular.. jNa real ida d e ,, o sis t e m a j u ridica é muito mais sofisticado e complexo, e o fecha m e n t o operacional é realizada a partir do s e g u n d o e; terceiros graus, através da j urisprudfn c i a , da qual a Súmula é o coroamento..

Em con s e q ü ê n c i a disso, sem o estudo da j ur i s p r u d ê n c i a e a funç'ào desta e em especial da Súmula, nâfo se pode e n tender o funcion a m e nt o do ordenamento e do próprio s istema juridico, que necessita, para tal, de mecanismos b u r o c r á t i c o s , i n s t i t u c i o n a i s , p r o c e d i m e n t a i s , para a meta- programaçSío e, em alguns casos, para a re?programaçâ'o do Di rei to «

Dai a importância de uma análise da posi ç ã o dos tribunais; nos sis t e m a s j ur ídicos e de sua j urispru.dência, bem como da reslevância de sua j urisprudèn cia e seu caráter e força o b r i g a t ó r i a / v i n c u l a n t e ou não« Na realidade, a intenç'ào é de s t a c a r a importância dos tribunais dentro da d e m o c r a c i a „

(3 o rd e n a m e n t o j urídico brasileiro náo confere às Súmu la s poder v i n c u l a n t e e conseqüente força obrigatória. A ' hipótese principal da tese é a de que, a d e speito disso, na

(17)

prática, as Súmulas acabam por ter força vincu l a n t e e caráter erga ovines super i o r e s às próprias leis e manadas do P o d e r Legislativo. Nessa linha, pretendo demonstrar, que exis te m q u a t r o es p é c i e s de S ú m u 1 as £ as primeiras, d e n o m i n a d a s de tauto I óg í cas'^ di::em o que diz a lei; as segundas, de caráter - intra legém^ sào as Súmulas in terpretati v a s , que redefinem c< conteúdo das normas nos limites da herm e n ê u t i c a t r a d i c i o n a l ; o terceiro grupo é composto pelas Súmulas denominadas neste trabalho de ext ralegem f ed i t a da s para limitar o acesso das partes aos tribunais s u pe r i o r e s através do recurso especial e ex t r a o r d i n á r i o ; por último, est'à'o as Súmulas contra legejit e i n constitucionais^ inovadoras no sistema, eis que criadoras de normas com conte?údo contrário às existe n t e s e à própria Con s t i t u i ç ã o Federal

No nosso ordenamento,, formalmente, as Súmulas nâío v i n c u l a m os juízes, senão os próprios tribunais. E produzindo essa v inculação efeitos diretos interna corporis^ esses efeitos, entretanto, exercem influência que vai dos tribunais locais até a atitude dos deMnais atores jurídicos. Para um e n t e n d i m e n t o desse fenômeno, parte--se da perspectiva de que o D i r e i t o é um conjunto de símbolos n ormativos di r i g i d o s a influir, através de m ecanismos unidos ao caráter persuasivo e e s t r u t u r a d o s h ipoteticamente nos c o m p ortamentos dos outros, e que tais símbolos, antes de de s c r e v e r a realidade}, p r e tendem m o d elá-la e modificá-la. Mais dcí que o

(18)

dos e n t e n d i m e n t o s sumulares emitidos pelos tribunais s u p e r i o r e s do F='ais „

F='retende-se demonstrar, ainda,, que as Súmulas são típicas man i f cestações de d i s c ursos monol óg i cos en tendidos como co n s t i t u í d o s de uma fala já habitada e hermética, os quais, e n q u a n t o m an i f e s t a ç õ e s da dogmática jurídica i n s t i t u í d a / i n s t i t u i n t e , buscam estab i l i z a r os conflitos que chegam ao F'oder Judiciário. A mi (s ) ti f i cação do uso das ■Súmulas resulta na supressão simbólica da autonomia dos suj ei tos/at o r e s jurídicos, consitruindo um imaginário coercitivo., no interior do qual os conflitos sociais sâto resolv i d o s m e d i a n t e prêt~à~ p o r t e r s ígn i f i cat í v o s ,

Elm síntese, os objetivos da abordagem na presente tese visam d i s c u ti r as dif i c u l d a d e s e refletir sobre elas,, bem como esxaminar as barreiras que a maior parte da do g m á t i c a jurídica., ocupada com o estudo da j u r i s p r u d t n c i a e seu papel no no s s o sistema, vem enfrentando no nível do e s t a b e l e c i m e n t o do papel e do caráter das Súmulas em um sistema j u r í d i c o vinculaido á família romano-germSni ca „ Com Warat, parte--se da concepção de que a lei e o saber do Dir e i t o c o n s t it u e m um nível de relações simbólicas de poder, Essa dimensão si m b ó l i c a m a n i f esta-se através de d i s c ursos m o n o l ó g i c o s que o u torgam ao conflito o sentido de uma

(19)

6

trainsgressão, Tais d i s c u r s o s -- e as Súmulas ai. se enquadram perf ei tame;n te - contem o princípio da es tabi 1 i zaç'ào do conflito» Por isso, na lei e no saber do Direito encontramos o mito de uma s o c i e d a d e sem fraturas.. 0 mito de uma sociedade; coesa permite., através do Direi to p a supress'ào si m b ó l i c a da a u t o n o m i a dos sujei tosj c o n s truindo-se um imagin á r i o coercitivo, Necessi ta-se j desse modo,, um trabalho de interrogaçêlo' sobre o discurso jurídico., u tilizando a lei e o saber contra eles mesmos, fazendo deles um lugar vazio, onde Cj homem a u t S n o m o não se,;j£('"um grainde transgressor 5 mas o p rot a g o n i s t a que; a ssegura a invenç'ào que lesgitima a democrracia „

O m é t od o u t i l izado é o indutivo. A metodcalogia b a s e ia-se na pescjuisa bi b 1 iog ráf i ca j com análise de Súmulas e j u r i s p r u d ê n c i a do Direito brasileiro e; alienígena. .0 c aráter i n t e r d i s c i p1inar da tese é dado pelas d i versas áreas de interesse atbratngidas,, como a Teoria do Direito? Teoria F'c3líticaj Filosofia., SociolcDgiau Direito Processual lato s e n s u e? D i r e i t o C o n s t i t u c i o n a 1 „

G t r abalho desenvo l v e - s e em sete capítulos? in t e r p e n e t r a d o s , 0 capítulo primei rc3 aborda, descritivamente,, os dois grandes sistemas j u r í dicos de

i nteresse da teses o sistema da com roo o .Zaw (ang l o - a m e r i c a n o ) e o da civil law (romaxno-germânico) .

(20)

fontEí formal e; a discussão ascerca da j urispru d ê n c i a ser c>u não fonte de D i r e i t o no sistema brasileiro»

Mo cap í t u l o terceiro, discute-se os processos e os p r o c e d i m e n t o s de u n i f or m i z a ç ã o da j u r i sprudência no Direito comparada, a partir dos orde n a m e n t o s de . países como Portugal, Itália, França e outros,, além da necessária análise do f u n c i o n a m e n t o da uniformização de jurispr u dê n c i a no Direito p o sitivo nacional, fonte da qual ex s u r g e m as Bi.imulas 6?m n o s s o ordenamento»

M partir do quarto capítulo adentra-se com mais e s p e c i f i c i d a d e no estuda das Súmulas» Assim, nesse quadrante,, depo i s de um breve es corço histórico e dos f u n damentos das Súmulas no Direito pátrio, faz-se uma análise? das Súmulats em face; da Tejoria Geral do Diresito., a pa r t i r de? Kelsen, Hart e Ross » A i n d a n esse ca p í tu 1 o t r á. z -se à lume a v i s ã o da dogmática jurídicas acerca das Súmulas.

D hi s t ó r i c o desejo da dogmática jurídica d o m inante conceder à j urispru d ê n cias brasileira um casráter vinculante, a p r o x im a n d o nosso sistema ao da comonn Iaw, é abo r d a d o no capítulo quinto, desde as tentativas ocorridas quando da elasboração do Código de Processo Civil de 1973 até o fracasso da revisão constitucional de 1993. A b o r d a - s e a

(21)

8

inovaç'ào ( in ) consti tuciona 1 introduzida pela emenda constitucional n£! 3, traduzida pela inusitada Aç'ào D e c l a r a t ó r i a de C o n s t i t u c i o n a 1 i d a d e , além do teratológico artigo 3E! da Lei Federaxl n9 8-038/90, que criou uma forma inconstitucional de vinculaçSío da j urisprudèn cia no nosso sistema» Questiona-se,, a seguirj aiiida nesse capítulo., o efeito v i n c u l a n t e c on templado nos regimentos internos dos

tribunais brasi leiros 5 tanto no plaino da

i n c o n s t i t u c i o n a l i d a d e formal ( incompetenciai de os tribunais e s t a b e l e c e r e m -normas de Direito F-rocessual em seus regimentos) e inconsti tucional ida-ide material., por v i olação do artigo 59 j inciso II, 102., III e 105, 111 j da Constituiçêio F-ederal .

No caipítulo sexto p é feita uma cla s s i f i c a ç ã o dos di v e r s o s tipos de Sám u l a s existe n t e s no Direito brasileiro^ além da análise de sua importância no cotidiano dos

tribunais. Para tanto, c l assificando as Súmulas em quatro e s p é c i e s — tauto 1 óg i c a s , intra Iegeri)f extra legem e contra

legem e inconsti tucionais - s'áo trazidas para d i s c u s s ã o

quase duas dezenas delas, para propiciar uma melhor co m preensão acerca das especi fi c i d a d e s de cada tipo, p r o p o r c i o n a n d o , destarte, condiç'Ôes para o d es e n v o l v i m e n t o do capítulo seguinte, que trata exatamente da funç'ào das Súmu la s no sistema j u rídico brasileiro.

(22)

poder de v i o l ê n c i a simbólica^ c o n t r o l a b i1 idade difusa e fator n o r m a t i v o de poder., visando à formaçSSo de um a r b i t r á r i o j u r i d i c a m e n t e p r e v a 1e c e n t e , Procu r a - s e demonstrar que o poder de viol'§ncÍ£\ simbólica €?í-:ercido pelas Súmulas sobre os a tores j u r í d i c o s em sua prática cotidiana é resultado de? uma s i t u a ç à o de con tro 1 abi 1 idade difusa do sistema j u r í d i co sC5b r e? e. d og má t i c a j u r■í d i ca . E sse c on 't ro 1 e difuso funciona como poder normativo., A Súmula tem o poder de produzir sentido.. Mais do que isso, a Súmula vem a ser uma metaíproduç3(o de sentido.

Messe diapasSío, o imaginário produzido a partir das Súmulas, em sua de terminaição de norma ti vi zar as condutas dos atores jurídicos,\^ oculta a gênese de sua aç;<ao interessada., impossibilitando, desse modo„ a instituiçíMo de uma raz'ào comu n i c a t i v a que elucidaria, em nível consensual., os efeitos da prática jurídica com o mundo das aç'Ões cotidianas

Cabe referir, por último, que a opção por uma. ^ trajetória i n t e r d i s c i p1inar significa uma alternativa teórica conseqüente, adotada para evitar o risco da unidade positivista e de um ecletismo não conseqüente?. Essa opçâo ■ supòe a b o r d a g e n s d i f e r e n c i a d a s ,, sem, no entanto, adequ a r - s e

(23)

a uma raciona 1 idade-í eluc i d a ti v a do cotidiano do senso comum teórico dos juristas.

) 10

(24)

1. S I S T E M A S j u r í d i c o s

F"'ode-se dizer que na. atual idaide? h coexistem duas m o d a l i d a d e s de sis t e m a s de Direitc.' Positivol; o da tradiçâfo roman 1 sti ca também con hecido como c.z i-'' .r I 1 a w ,, em que as normais ou modelos j u r i d i c o s se apresentam sob a. forma de di plomas 1egis 1ativosj emanados dos órgãos competentes, e o da tradição ang 1 o - a m e r i c a n a j conhecido como sistemas da cornmor) Iaw, segundo o qualj consoante diz Reale (1976 5 p . 148 ) , o Dire i t o se revela m uito mais pelos usos e costumes e pela j urisdição do que pelo trabailho abstrato e genéricc' dos p a r l a m e n t a r e s . Mo mesmo sentido, P e r e i r a (1961„ p „52), asssevera que outros sistemas, de Direito n'à'o escrito, tê'm o seu Direi tcí ob j e t i v o em principio declarado pelas cortes

F-'a\ra os limites deste trabalho interessa apenas a dicotomia coínmon Iaw e ci^il Iaw. Assim, não serâfo abordadas o u tras concepç'Òes de ordem social e do Direito, como o Direito muçulmiano, o Direito da .Tndia,, o Direito do E x t r e m o - O r i e n t e , os Direitos da Africa. Vale frisar que, no plano dass categorias juridicas e da divisão de m a t é r i a s (Direi to Civil e Direito Público, grandes rubricas da ciência do Direito), pode-se, sob certos aspectos, ap r o x i m a r o Direito soviético do sistema romanista« op o n d o - o à common iaw. Para isso, ver Ancel, 1930.,

(25)

j u d i c i á r i a s com f undamento em uma tradição imemorial (sistemas da common iaw) ou regulam as atividades do indivíduo na s o c i e d a d e pelos costumes observados t rad i c i on a 1 men t e .*

D e v e - s e deixar claro, de pronto, com Cretella Jr(19Ê)3, p.230-231), que o vocábulo "sistema", transportado do campo filos ó f i c o para o Smbito da ciência jurídica,

conserva o sentida o r i g in á r i o do vocábulo e m p r e g a d o pela linguagem v u lgar e pela linguagem técnica em geral. Sistema j u rídico ou sistema de Direito é um bloco unitário de normas com c a r ac t e r í s t i c a s comuns, Para L o s a n o (1978, p.23), sistema jur í di c o é um conjunto de normas próprias de um certo ordenamento.

F- ar a os ob j e t i. vos des te t r-aba 1 ho , u t i 1 i za r- s e .á a e>:pressão sis t e m a em dois sentidoss um, conforme Cretella

C o n f o r m e Ancel, op,cit, p , 58 e 59, pode-se perceber, nitidamente, que o termo "sistema jurídico" tem dois sentidos, o primeiro, e s t r i t o (sistema francês contra sistema italiano, por exemplo) e o segundo, amplo sistema continental contra sistema a n g 1o - a m e r i c a n o ). Para evitar esta ambigüidade, alguns compa r a t i v i s t a s como René David preferem falar, no segundo sentido, não mais como sistema, mas em "família de Direito". A fórmula é, talvéz, mais exata, embora a palavra "família" seja suscetível de várias acepç'Ôes, De qualquer forma, a expressão sistema jurídico é, em geral, aceita e, na linguagem moderna do Direito, na perspectiva de autores s i s t ê mi c o s como Luhmaxnn, não há grande d i f e r e n ç a entre as duas acepçòes.

(26)

Jr, para ca r aterizar a d i f e rença entre commori iaw e cii--'ii iaw; outro, no sentido da perspectiva da teoria do Direito.

R e s s a l t e - s e , dessa forma, que um sistema jurídico resulta de fatores d o m in a n t e s em dado momeínto da história dos povos: fatores ambientais, étnicos, econômicos, religiosos, políticos, sociais ou filosóficos,. Assim, n &o é t e m erário afir m a r que o sistema jurídico romano, os sistemas j u r í d i c o s das repúblicais he U n i cas ou o sistema, j urídico moderna, de base romanística, inc 1 uindo-sc-í o sistema sax'âa, sâío todos siste^mas jurídicos, ou seja, como já. dito, c o n j untos de normas ju r í d i c a s que apresentam c aracterísticas comuns. Daí a i m p ortância da conceituação de Ancel(19B0, p .. 58) , para quem deve se entender por sistema j urídica um conjunto mais ou menos amplo de? legislações nascionais, u n idas por umaA comunidade? de origem, de fontes, de concepções fundamentais, de métodos e de processos de d e s e n v o l v i m e n t o .,

.Du Pas q u i er (1943, p.,141-142), a s sinala que nâo pode existir, como regra geral, sen<^o um sist e m a jurídico numa c omunidade jurídica, ou r?ej a , um povo regido por um m esmo Direito, mas há tantos sistemas jurídicos quaintos sâo os dir e i t o s positivos. Para Cretella. Jr(ibidem, p.23'1), essa o b s e r v a ç ã o nSo pode ser tomada de modo absoluto, uma vez que, se o sistema jurídico for considerado como "o

(27)

14

conjunto de regras jurídicas reguladoras da vida de d e t e r mi n a d o povo",, pode-se observar^, v.g., dentro do grande e complexo sistema j u r í d i c o romano, grande m u l t i p l i c i d a d e de sis t e m a s j u r í d i c o s menores. Claro que aquele Direito teve v i gência por mais de doze séculos,, mas é possível observar, no Direito romano, o siste?ma do jus cím.ííív jue era

correlato, sem se confundir, entretanto, cont sistema do

jas honorarium ou jus preto ri anum Mas is tarde., surge o

sist e m a do jus gent ium „ b s b modo,, dentro do sistema j u r í d i c o romancj, de .ibrangên cia maior,, e, mesmo em dada épocai,; erific a - s e a coexistên cia de outros sistemas jurid -OB menores,, conforme o tipo das relaçòes reguladas.

Sist e m a jurídico, enfim., na definição de Castán Toberíat.s e Arminjon, Nolde e Wolff, citados por Cretelle. Jr( ibidem, p.,232), vem as ser o conjunto de regras e

instituiçfóes de Direito positivo, pelas quais se regem d e t e r m i n a d a s coletividades, sendo seus elementos essencial uma\ legislação que serve de vínculo que rege eí umas certas

autonomia, quando menos 1e g i s l a t i v a „3

3 No mesmo sentido,, consul tar também Cornu, 19B0, p. 16s "En tant que système, le droit peut être regardé dans deux angleis c o m p l é m e n t a i r e s , qui c o r r e s p o n d e n t , dans l'intuition commune, aux deux acceptions courantes du mot,. Le sys t è m e j u r i dique apparaît comme un ens e m b l e de

(28)

1.1. 0 S I S T E M A J U R I D I C O A N B L D - A M E R I C A N D

1.1.1. O D I R E I T O INBLES

1.1.1.1. FORMAÇftO. DIVISÕES E CONCEITOS JURÍDICOS. C O MM ON LAM E E Q U I T Y .

F^essaltam David e J a u ffret-Spinosi (1988, p.400), que todo estu d o da common law deve começar pelo estudo do D i r e i t o inglês, uma vez que o sistema da common law é r e s ultado da a t i v i d a d e dos tribunais reais de jus t i ç a na Inglaterra a partir da conquista normanda. ü D i r e i t o inglês nclo é um Dire i t o de u n i v e r s i d a d e s nem um Direi t o de principios; é um Direito de p r o c e s s u a 1istas e de práticos» 0 g r ande jurista na Inglaterra é o juiz, saído da fileira dos práticos; níSo é o professor da Universidade; outrora somente uma mino r i a de j u ristas estudou nas universidades; nenhum dos g r a n d e s juízes do século XIX possuía título universitário». 0 essencial foi, até o sécu l o XIX, na Inglaterra, e n c o n t ra r uma forma de açáo que permitisse convocar os tribunais reais e evitar a s ciladas que se a p r e s e n t a v a m num processo muito formalista. Se se chegar ao termo do processo, pade-se de p o s i t a r confiança no júri para recon h e c e r a justiça da causa. Mas a d i f i c u l d a d e é chegar até o fim do processo e, para isso, é necess á r i o concentrar

(29)

16

a atenção nos o b s t á c u l o s de todos as gêneros que podem se e n c o n t r a r nelen4

Tal como ocor r i a no Direito romano em que a actxo era um press u p o s t o do Direito subjetivoj assim também na I nglaterra a common i a w 5 foi uma criação do Direito 4 Co n f o r m e F r a n ç o is Terré, 1991, p.34, le pays de common

iaw, comprenant en E u rope l'Angleterre et l'Irlande, hors d'E u r o p e les E t a t s - U n i s d 'Amérique et les D o m i n i o n s de peuplement anglais, n'as s i g n e n t pas à la loi, selon leur tradition, le même rôle que les droits dé la famille r o m a n o - g e r m a n i q u e . Le droit appelé common iaw y a été formé pe;u à peu, à l'occasion des a ffaires qui leur éta i en t soumises, par des juges qui éta i e n t des praticiens, n'ay a n t pas reçu de formation u n i v e r s i t a i r e . Nul effort de systématisation, comparable à celui dont se sont chargées sur le continent les Universités, n'a été accompli, et l'on n'a pas d a v a ntage adopté la formule des codes. Une gran d e évolution est cependant en voie de s ' a c c o m p l i r dans ce pays; le droit, qui consistait e s s e n t i e l l e m e n t jus q u ' a u début de notre sièc l e dans le décision des tribunaux, est de plus en plus mis à jour, modifié, complété par la législation, et il devient de plus en plus fréquent, aussi, que juristes et juges aient reçu leur formation juridique dans les Universités. Les diffé r e n c es qui o p po s a i e n t les pays de common iaw aux pays du g r oupe romano-g e r m a n i q u e tendent ainsi à s'affaiblir» De grandes d i f férences continueront cependant longtemps encore è opposer pays de tradition romaniste et pays de common iaw, du fait que les c l a s s i fi c a t i o n s et concepts utilisés, ici et là demeurent différents« La c a té gorie "droit civil", par exemple, nést pas connue en Angleterre,

5 0 d i c i on á r i o jur í d i co Black's Law Dictionary, éd., de Henry Campbell, M.A., citado por Jàuregui, 1990, p , 37, explica que "La difere n c i a de la ley creada por los

cuerpos 1e g i s1a t i v o s (P a r1a m e n t o ), el common law es el conjunto de aqu e l l o s principios y reglas de acción relativos al g o b i e r n o y seguridad de las personas y de los bienes, cuya autoridad deriva u n i ca m e n t e de los usos y costumbres a n t i g u o s e immemoriales, o de las d e c i o s i o n e s o dec r e t o s de las cortes, r e c o n e c i e n d o ,

afirmando o m a n d a n d o cumplir taies usos y costumbres; en esto sentido, particularmente, las viejas leyes no escritas de Inglaterra, El common law es el ante c e d e n t e de la legislaciôn y de la d octrina de los precedentes

(30)

Processual. Os d i r e i t o s subjet i v o s foram ali s u rgindo de maneira empírica, à medida em que era criada cada ação ju d i c i á r i a { rernedy ) ^ que garantia dete r m i n a d o interesse. No moderno D i r e i t o de tipo continental europeu, o Direito s u b jetivo é um prius e a açSlo um poste rius (ubi jus_, abi remedius)u No D i r ei t o de tipo inglês, onde n=(o há açcfo n=ío há Dir e i t o (wAiere there is no remedy, there is no right).

Em belíssima síntese, David e Jauffret-S p i n o s i (i b i d e m , p.350 e segs), resumem a história do Direito inglë's d i s t i n g u i n d o quatro principais períodos. 0 primeiro é o que precede a conquista n o rmanda de 1066. 0 segundo, que se estende daq u e l a data até o advento da dinastia dos Tudor(14S5), que c o r responde á formaçêto da common iaw, d ur a n t e o qual surge um novo sistema j urídico sobre os costumes locais anteriores; as condiçòes da common iaw têm exe r c i d o uma i nfluência que ainda subsiste sobre esse sistema. A aplicaçê(o se dava em circuitos periód i c o s dos condados e p o s t e r i o r m e n t e em Londres, nas Cortes Reais. Por motivo de coerência, os juízes depos i t a v a m muita confiança nos j u l g a m e n t o s a n t e r i o r e s de casos semelhantes, o que deu origem á do u t r i n a do p recedente judicial. Por volta do o b l i g a t o r i o s , de Inglaterra y de las colonias americanas en el período a nterior a la revolución a m e r i c a n a " (... ) . Con s i s t e en a quellos principios, usos y regras de acción a p l i c a b l e s al gob i e r n o y a la seguridad de las personas y de los bienes, cuya autoridad no descansa en una expresa y positiva d e c laración dei poder 1 egisl ati vo (,!..) . La ley que no es legislación, esto es, la ley creada por las c ostumbres dei pueblo y de las d ecisiones de los jueces".

(31)

18

sécu l o XIII c o m e çaram a circular as decis£)es dos magistrados, reduzidas a termo. C riaram-se a nuários que foram os precu r s o r e s dos iaw reports. 0 sistema da common iaw, desse modo, d e s e n v o l v e u - s e na estrita d e p e n d ê n c i a de processos f o rmalistas e, a partir de um d e t e r m i n a d o momento, passa a en c o ntrar d i f i c u l d a d e s para d e s e n v o l v e r - s e e atender às necessid£\des da época. 0 terceiro período vai de 1485 a 1832, que c o r responde à época de maior floresc i m e n t o da common iaw. Nesse pe?ríodo surge a equity, c a racterizada por ser um recurso à autor i d a d e real diante da injustiça flagrante de alguns casos concre?tos. E n c a m i n h a v am - s e petiçòes ao rei ou ao seu conselho, que eram despatchadas pelo chanceler (Keeper of the King's Conscience), e n c a r r e g a d o de o r ientar e guiar o rei em sua decis&o.

Aos poucos, o chanceler vai se c o n s tituindo em juiz a\utÔnomo. Em deter m i n a d s matérias, o tribunal do chanceler foi capaz de criar direitos nêto c onhecidos na common iaw (caso de fideicomisso e propriedades de mulheres cascxdas). Em o u tros casos, ofereceu alter n a t i v a eficiente para prover um remédio ou algum direito que se perdera. Ajudou a forçar a revelação de fatos e documentos. Assegurou ao querelante, acaso vencedor, os benefícios do litígio, bem como a proteção de terceiros diante de e v e n t u a i s danos d e c orrentes da lide. As regras da equity foram se tornando sistemáticas, sem contudo, se contraporem à common iaw,

(32)

E n t r a - s e J então, no quar t o periodo com a primeira Lei de OrganizaçSto J u d i c i á r i a (Judicature A c t ) que, no ano de 1873, fundiu as j u r i s d i çb e s de common iaw e de equity^ porém m a n t e v e a distinçS(o dos remédios baseados no commori iaw e da q u e l e s fundados na equity. Dai que certas precisfâes Scfo

n e c e s sá r i a s sobre as soluçbes de equity e mostrar, p a r t i c u l a r m e n t e , como a distinção da common iaw e da equity continuou a ter i m p o r t ân c i a até a época atual, apesar da referida fusâo de ambas. De fato, ainda hoje a distinçêfo da

common iaw e da equity continua a ser a distinção

fundamental do D i r e i t o inglês, comparável à nossa entre o Direito público e o privado, tanto que, na França, onde os juristas se c l a s s i f i c a m n a t u r almente em p r i vatistas e publicistas, os j u r i s t a s ingleses se dividem também em common lawyers e e q u i t y lawyers.

Há cinco difere n ç a s fundamentais entre a common law e a equity. Na lição de David e J a u f f r e t - S p i n o s i (ibidem, p.309), cinco c a r a te r i s t i c a s fundamentais têm oposto a equity à common iaw: "Les règles de 1 'equity, d é v eloppées par la Cour de la Chancellerie, avaient une autre origine historique que celles de la common law,, é l a b o r ée s par les Cours de Westminster, Leur application était faite par la Cour de la C h a n c e l l e r i e , á l'exclusion des Cours de Westminster, La procédure de- 1 'equity, ne comportant jamais de jury, était d i f f é r e n t e de celle de la common law. Les

(33)

K)

remèdes de 1 'equity, c ' e s t -à-dire les solutions que l'on pouvait dema n d e r á la Cour d ' equity, étaient d i f f é r e n t s des s o l u t i o n s que pouvait or d o n n e r une Cour de common law. L'octroi d'un remède d ' equity, enfin, avait un caractère d i s c r é t i o n n a i r e " .

Continuando, acentuam que "Toutes ces différences étant notés, il n'en apparaît pas moins que 1 'equity était devenue, depu i s le XVII siècle, un corps de véritaibles règles juridiques, a d m i n i s t r é e s par la Cour de la C h a n c e l l e r i e selon une procédure et dans des c onditions qui ne le cédaient en rien, en formalisme et en minutie, aux procédures et conditions d'appli c a t i o n de la common law. Dans une même affaire il pouvait être néces s a i r e d'intenter deux actions, l'une devant une Cour de common law, l'autre devant la Cour de la Chancellerie; il en était ainsi, par exemple, si une partie voulait obtenir l'exécution en nature d'un contrat ( remède-in tér'êts pour retard dans l'exécution du contrat ( rèmede de common law). Ce état de choses a été modi f i é en 1873-1875. Toutes les jur i d i c t i o n s anglaises peuvent, d e puis cette date, o rdonner les rèmedes de 1 'equity aussi bien q u ' a p p l i q u e r les s an c tions de la common law. La dualité a n cienne des procédures est aujourd'hui évitée; les principes de la common law et les règles de 1'equity peuvent être invoqués et mis en oeuvre devant une j u r idiction unique et dans une action unique. Dans ce sens on parle de la

(34)

"fusion de la common law et 1 'equity", opérée par les Judicature? Acts de 1S73-1B75".

A partir dos Judic a t u r e Ac t s6 uma única corte passou a apli c a r as d i f e r e n t e s regras para o c a s o . é de frisar, ainda, que outra c o n t r i b u i ç2(o importante dos J u d i c a t u r e Acts para o Dir e i t o inglês foi a ediçâto de um código procedimental; Rules of the Supreme Court, denominado The White E<ook , em e n d a d o de tempos em tempos. Já o Apellate Act de 1876, e s t a b e l e c e u regras para a revisSo das deci s õ e s por uma corte superior« 7

As reformas processuais de 1873-1875 implicaram uma nova o r g a n i z a ç ã o judicial centralizada, uma vez que

From and a fter the time appointed for the commencement of this act, the several courts hereinafter mentioned that is to say, the high court of chancery of England, the court of queens bench, the court of common pleas at Westminster, the court of Exchequer, the high court of admiralty, the court of probate, the court for divorce and matrimonial causes, and the London court of bankrupcy shall ben united and consolidated together, and shall constitute, under and subject to the provisions of this act, one supreme court of j udicature in England.

( . . 1 )

In every cause or matter commenced in the high ourt of justice, law and the equity shall be administered by the high court of justice and the court of appeal respectivel y

Every appeal shall be brought by way of petition to the house of lords, praying that the matter of the order or judgement a ppealed against may be reviewed before her magesty the queen in her court or parliement, in order that the said court may determine what of right and according to the law and custom of this realm ought to be done in the subject of such appeal.

(35)

o o

d e s a p a r e c e u a d i s t S n c i a entre cortes de common law e cortes de equity. A partir de ent'ào, todas as jurisdições inglesas r e s u l t a r a m c o mp e t e n t e s para aplicar tanto um como outro sistema» Assim, os j u ises de equity se inspiraram nas soluç&íes dadas por seus ante c e s s o r e s e esta e v o l u ç ã o institucional levou o P a r l a m e n t o a assumir a funçÊto inovaxdora que teve a seu cargo - nas centúrias p r ecedentes ~ o chanceler S.

As profundas transformaçESes sociaxis que o c o r reram d u r a n te os séculos XIX e XX proporcionaram uma criação legislativa ignorada nas épocas anteriores. 0 triunfo das

F-riedman, 199 p e c u1iaridade do Los o r i g i n e s dei Edad Mediaj el o f i c i a l e s dei a d m i n i s t r a t i v a s s

p. 83, chama a atenção para uma passado que ainda hoje tem significado: proceso de equidad son obscuros. En la C a n ciller era uno de los más altos R e y . Tenici importantes funciones también era clérigo; sabia ler y esc r ib i r y se e n c argaba de dictar "los mandamientos" que servián para iniciar el proceso. A veces también oía Ias q u ejas que? se le formulaban en caso de una injusticia? y ,

como r e p r es e n t a n t e dei Rey, en alguna o c a s i ó n , ejercía su poder para flexibilizar un poco Ias normas juridicas; reparar alguna injusticia o preveniria. En los siglos d i e c i s é i s y diecisiete, el proceso de equidad se había conve r t i d o en un fuerte contrincante dei cov)mo)i lat-'/. No se trataba sólo de una diferencia de leyes aplicables;

todo el conjunto dei sistema era distinto, El Canciller no había esta d o nunca immerso en el common si algo

conocía era el dere c h o de la Iglesia por el que estaba i n f l u e n c i a d o (... ) . de ahi que el proceso de equidad se p a r e ciese mucho más al derecho europeo que al dei common laN. El proceso de equidad, en muchos aspectos, era menos rígido que el dei common iaw. También lo eram algunos as p e c t o s de sua p r o c e d i m i e n t o » Por otra parte, ambos s i s t e m a s se c o m p l e m e n t a b a n (...). El sistema judicial inglés se componía, e s e n c i a l m e n t e , dei processo según la Ley más el processo de equidad. Cada uno por s e parado era incompleto; juntos formaban un todo más s a t i s f a c t o r i o " ,

(36)

nê(o foi a l heia a influt n ci a de pensadores como B e n t h a m e os fi l ó s o f o s u t i1itaristasj se traduziu em um incremento considerável da cri a t iv i d a d e legislativa. Por meio dele, to r nou-se viável programar rápidas modificaçòes da realidade social, cujo aceelerado ritmo resultava difícil de conceber dentro das pautas ju r í d i c as tradicionais9.

Os ingleses tem visto t r a dicionalmente o Direito legislado - statute iaw -, como algo secundário, de onde não se deve buscar os princí p i o s gerais do Direito e cuja funçc(o se reduz a acla r a r ou retificar, em casos específicos, os p r i n c íp i o s a s s e n t a d o s através do trabalho dos juízes. Como muito bem expl i c a Laclau(1987, p.32-33), as leis emanam do Parlamento, poder so b e r a n o cujas potestades sáo controladas pela opinião pública, que acaba tendo efetividade, na medida em que se trata de um povo prof undamen te d e mo c r á t i c o e resp ei t a d o r de suas tradições. Porém, a ap l i c a ç ã o que os tribunais fazem d e ssas leis é literal e restritiva, sempre 9 Nesse sentido, ver ROCHERE, 1988, p.l01-114s "Cést le rôle

créateur du droit qui donne toute son i m p o r t a n c e á la fonction de juges. Au Fïoyaume-Uni le droit n'a jamais été g l o b a l e m e n t mis en forme par le législateurs il existe de façon latente sous forme de common law et c'est au juge qu'il apparti e n t de le d'eco n v r i r en faisant usage de la simple raison. Les juges, notamment ceux des cours supérieures, sont done investis de la d o u b l e mission de rendre la justice et de diriger le d é ve l o p p e m e n t du droit, ce qui les met dans une position part i c u l i é r e m e n t éminente, aux côtés sinon à l'égal de l'exécutif et du P a r l e m e n t " .

(37)

24

que a le.i não é consideradas como uma via normal de man i f estaç'ào do Direito, senâo como al go corretivo, excepcional. D D i r e i t o inglês é de base j u r i s p r u d e n c i a l . Daí que, em vez de citar o texto de uma lei, se citem sentenças que aplicam essa lei. Para o jurista inglês, é mais fácil contemplar &. lei através dai sentença, a regra legal através da regra j u r i s p r u d e n c i a l .

Nos dias astuais a\ prol if eraçãío de leis e regulamen taç&íes administraxtivas têm levado a que o statute iaw vá se c o n s t i t u i n d o em um novo sistema complementar da

coiimofí lawu As novas j u r isdições a d m i n i s t r a t i v a “. se

e n c o n t r a m sob controle do Poder Judiciário. Porém, esse controle, em m u i t os casos, se exerce de formai restringida, toda vez que a revisão não chega ao exame da matéria de fundo, senão que se reduz aos procedimentos administraxtivos. G papel relevante que a lei tem assumido em vários campas da vida social, tais como a\ seguridade sociasl, o Direito do trabalho e, em geral, o Direito e c o n ô m i c o , s e apresenta como um novo desaifio para os juristais, que resistem a se d e s p r ee n d e r da concepção jurisprudencial tradicional, e que explica, em gran d e medida, a crise pela qual passa a ciência jurídica b r i t â n i c a .1 0

10 Paras tanto, ver Laclau, 1983, p . 32. Tamt ín é relevainte a análise de Cueta Rúa, 1986, p,, 256,; paras quem "El ímpetu del Dere c h o legislado p a r e . insuperable. Sin embargo, el predominio cís:í t::;. nicas típicass del common law, tanto en la e n s enanza del derecho como en la actitud de los jueces / de los; abogados, incide dir e ct a m e n t e sobre el derecho legislado y le imprime notas peculiares, ignoradas en los

(38)

1.1.1.2. A A D M I N I S T R A Ç R O DA J U STIÇA INGLESA. A O R G A N I Z A ç n O JUDICIARIA.

A organizaçcto judici á r i a inglesa foi dura n t e muito tempo e x t r e m a m e n t e complexa e ainda hoje é bastante d e s c o n c e r t a n t e para o jurista de outros países, apesar das reformas que dura n t e uma centena dB anos a s i m p l i f icaram e, em certa medida,, b. raciona 1 izaram = 11

países de tradición romanista, Así, por ejemplo, frente a una ley nueva, recient e m e n t e sancionada, Id s abogados

eluden formular juicios categóricos sobre su significado, porque no se tiene todavia la e x p e r i e n c i a de su

trat am i e n t o por los jueces. Se suele j u s t i f i c a r esta actitud prudente y condicionada, con el atrgumento de que la nueva ley aún no ha sido sometida a prueba(t.he sta t u t e s has not been tested), Y cuando se han dictado sentencias, ap l i c a n d o la reciente sanción legislativa, e x iste una noto r i a tendencia a preferir el texto judicial al texto legal. Se a tribuye a la ley el s i g n i f i c a d o que le han dado los jueces. Esta in terpretación juris p r u d en c i a l dei derecho leg i s l a d o" e s apoyada con los m éto d o s típicos dei common leiwí stare decisis; distinción e ntre holding y dictum), Se trata al precedente como si fuesra un prece d e n t e dei common law y no un precedente acerca dei s i g n i f i c a d o de la norma general s a n c i o n a d a por el legislador",

11 Cfe, Jauregui, ibidem, "bajo el título 'The Ei-nglish a d m i n i s t r a t i o n of justice', los jur i s t a s ingleses incluyen los s e g u i e n t e s componentess a) the royal p r e r r o g a t i v e {la p r e r r ogativa real); b) the courts(las cortes); c) the j u d i c i a r y (1os magis t r a d o s j u d i ci a l e s y jueces); d) the legal profe s s i o n (la profesión legal); e) legal aid and a d v i ce(ayuda y consejo legal). Deve-se ressaltar, ainda, que a organização posta em f u n c i o na m e n t o pelos J u d i ca t u r e s Acts foi m odificada várias vezes, p a r t i c u l a r m e n t e , pelo A d m i n i s t r a t i o n of- Just ic e Act de 1970, e pelo Courts Act de 1971. Subsistem ainda a l guns tribunais locais oriundos do sistema

(39)

De pronto, com David e J a u f f r e t - S p i n o s i (ibidem, p„415), dev e - s e e s c l a r e c e r que na Inglaiterra é feita uma distinçc(o básica, d e s c o n h e c i d a no Continente, entre o que se pode chamar a "alta justiça" (haute justice), administrada pelos tribunais superiores, e a "bai::a justiça" (be-isse justice), a d m i n i s t r a d a numa série de jurisdiçôes inferiores ou por o r g a n i s m o s "quase~j udiciários" , A atençâto dos j u r i s t a s vai se concen t r a r es p e c ia l m e n t e sobre a atividade dos t r i bunais superiores, pelo fato de estes n âo se limitarem a resolver processos» Das decisíbes de tais cortes é que surgem os p r e c e d e n t s , que devem ser s eguidos no futuro e pelo estudo dos quais se poderá conhecer qual é o Direito na Inglaterra,

1.1.1.2.1. TRIBUNAIS SUPERIORES: O SUPREME C O U R T OF J U D I C A T U R E

A Supreme Court of Judi cature é composta por tr'ës o r g a n izações s a High Court of Justi ce ^ a Crown Court e a Court of A p p e a l ^12

j u d i c iá r i o dos burgos medievais, os quais exercem uma j u r i s d i ç ã o s e m e l h a n t e á dos tribunais distritais, v.g,, Liverpool C ourt of Passage,

12 A e s p e c i f i c a ç ã o da o r ganização judiciária inglesa foi compilada dos se g u i n t e s auto r e s e obras: David e J a u f f r e t ~ S p i n o s i (1988); James (1959); C ueto Rúa (1957 e

(40)

A High Court of Justice é formada por três seçSSess seçcto do Banco da R ainha (Queen's Bench Division), s e ç ã o da C h a n c e l a r i a (Chancery Division) e seçSío da Família (Family Division). Esta C orte é integrada por um máximo de setenta puisne judges n que sS(o juízes assessores, eleitos entre os ba r ri ste rs com o r e q uisito mínimo de dez anos de exercício profissional. A estes se acres c e n t a o Lord Chief Justice, que preside a seçSío do Queen 's Bench, o Vice-Chancellor, que preside a seçêto da C h a n c e la r i a (Equidade) e o President, que preside á seçê(o da Família., A repartição das questftes entre as d i f er e n t e s seçôes tem apenas um caráter de conveniência de serviço, sendo cada uma delas d estinadas a e s tatuir sobre q u a l q u e r causa que seja da alçada da High Court of Just i c e , A formaç'ào na seção do Banco da Rainha, de uma Admiralty

Court B de uma C ommercial Court, ou, na Chancelaria, a

criação de uma C ompanies Court e de um B a n k r u p t c y Court s i g n i f i c a apenas que no seio destas seções podem existir juízes e s p e c i a l i z a d o s e certas regras especiais de processo para o exame de d i f e r e n t e s tipos de assuntos.

1986)$ Lacl a u (1983)5 Jáuregui (1990); Schartz (1978, p. 159), onde o autor compara o sistema de criaçâfo do Direito p r e p o n d e r a n t e m e n t e j u r i s p r u d e n c i a 1 com o sistema de criação do D i r e i t o com a prevalência da lei; Scarman (1978); C ross (1976); Osborn (1964); Kiralfy (1973); Baker (1979).

(41)

28

A Crown Court é uma organizaçcto nova no Direito ingl'is, insti t u í da pelo Courts Act de 1971, com a atribuição de j u lgar causas criminais.

A Court of Appeal constitui, no interior do

Supreme Court of Judicature, um segundo grau de jurisdiçcio. É composta por de z e s s e i s Lords Just i c e s , presididos pelo

Master of the Rolls. As q u e s t õ e s sêlo aí submetidas, em

princípio, a um colégio de três juízes. As causas s'àa g e r a l m e n t e j u l g a d a s por um Lord Justice e por dois juízes da Õueen "s Bench Dit-'ision^ ao contrário do que a contece nas seç£jes que julg a m matéria civil, nã(o é costume? que os juízes c o l o cados em min o r i a o façam conhecer no seio da Criminal DiVision,

1.1.1.2.2. A CAMARA DOS LORDES

Contra as decisões tomadas pelo Court of Appeal é possível interpor apelo para o Comitê' de ApelaçS(o da CSmara dos Lordes, David e J a u f f r e t - S p i n o s i (o p ,c i t ., p.416), alertam para o fato de que "Ce recours est exceptionnel? la Cha m b r e des Lords ne rend pas plus de 80 à 90 dé c i si o n s par an. Seuls sont habilités à juger, aprmi les Lords, le Lord C h a n c e l i e r (qui préside la Chambre), les Lords (Lords of Appeal in Ordinary), au nombre de onze au maxi m u m selon la

(42)

loij qui ont été faits s p é c i a l e m e n t pairs (non h é r é d i t a i r e s ) à cette fin, et les Lords qui ont occupé a n t é rieurement certaines fonctions judiciaires, énumérées par une loi., Les a f f a i r e s sont j u g é e s n o r m a l e m e n t par cinq, au m a x i m u m par trois Lords. C h a q u e Lord e x p r i m e sur l'affaire, séparément, son opinion, a p p e l é e 'speech', et le recours est regeté si une m a j o r i t é ne le forme pas pour l'admettre. Le droit a n g l a i s ignore la p r a tique française de la cassation avec renvoi; la C h a m b r e des L o r d s s tatue quant au fond sur les r e c o u r s dont elle est s a i s i e " (g r i f e i ),

1.1.1.2.3. COMISSfiO JUDICIARIA DO CONSELHO P R I V A D O

Nessc\ qualidade, a C omissão - formada pelos juizes da CSmara dos L o rdes tem a incumbência de julgar os recursos inte r p o st o s contra as d e cisòes dos supremos t r i b unais dos terri t ó r i os britânicos de além-mar ou. dos E st a d o s da C o m m o n w e a l t h que até agora não a boliram esse tipo de recurso (Austrál ia I. para det e r m i n a d o s assuntos, Nova Zelândia, Gâmbia, Serra Leoa, etc). As decisões da Co m i s s ã o têm, quando se referem a questões de common law, uma autor i d a d e prat i c a m e n t e idêntica aos acórdãos da Câmara dos Lordes,

(43)

30

1 . 1 . 1 . 3 . J U R IS D Iç e J E S IN F E R IO R E S

1.1.1.3.1. C OUNTY COURTS

C o n h e c i d o s como tribunais de Condado ou tribunais Distritais, os county courts foram criados em 1846, através dos County Courts Acts, de modo que os distritos por eles s e rvidos tenham a b r a n g ê n c i a sobre toda a Inglaterra. Haverá sempre um tribunal distrital dentro de distância razoável.

Os juizes sSlo, no máximo, 125 e as q uestOes a p r e c ia d a s são aquelas que envolvem valores abaixo de 750 libras esterlinas. Essa competência é fixada pelo High Court of Justice^ que embora tenha competência ilimitada, recusa- se , em principio, a a preciar questS^es inferiores àquele valor. Os recursos, quando autorizados, vão d i r e ta m e n t e para a Court of Appeal.

1 . 1 . 1.3.2 M AGISTRATES

As infrações penais menores são j u lgadas por simples cidadãos, chamados de magist r a t e s , aos quais foi c onferido o titulo de justice of peace. Exercem suas funções

(44)

com o aux íl i o de um s e c r e t á r i o jurista iclerk), de forma gratuita. T a m b é m têm c o m petência para apreciar infraçOes maiores, na fase preliminar, q u ando decidem se existem ou não i ndícios s u f i c i e n t e s para levar o acusado a ser julgado

pera nt e a Crown Courtu

1.1.1.3.3. C O N T E N C I O S O "QUASE JUDICIÁRIO*

No âmbi t o de a b r angência da matéria a d m i n i s t r a t i v a , assim como d e t e r minadas p e c u liaridades s u r g i d a s d ia n t e de certas leis, há alguns órgêtos especiais c riados para a resolução dos litígios a eles pertinentes. São os d e n o m i n a d o s Boards ou Comi ss ions ou, ainda, Tribunais, conforme a área de atuação. Assim, exi s t e m para d i r i m ir conflitos na área econômica, em matéria fiscal, social e em m a t é r ia de inquilinato.

Vale referir que existe um Council oíi T ri bunals que desde 195B fiscaliza o funcion a m e n t o desses organismos, que chegam a mais de 2000. Esses tribunais às vezes est'ào ligados à a d m i n i s t r a ç ã o , mas também podem ser independentes, como é caso dos que cuidam das questòes t r a b alhistas e de i n q u i1 i n a t o .

Referências

Documentos relacionados

Sendo assim, o presente estudo visa quantificar a atividade das proteases alcalinas totais do trato digestório do neon gobi Elacatinus figaro em diferentes idades e dietas que compõem

A teoria das filas de espera agrega o c,onjunto de modelos nntc;máti- cos estocásticos construídos para o estudo dos fenómenos de espera que surgem correntemente na

Para a minha surpresa, constatei que a tensão entre a totalidade e o fracasso contida no ensaio já estava presente na minha voz poética, que por sorte ou acaso respondeu a essa

A prevalência global de enteroparasitoses foi de 36,6% (34 crianças com resultado positivo para um ou mais parasitos), ocorrendo quatro casos de biparasitismo, sendo que ,em

Resultados de um trabalho de três anos de investigação da jornalista francesa Marie-Monique Robin, o livro Le Monde Selon Monsanto (O Mundo Segundo a,Monsanto) e o

Diante das situações relatadas acima pelos alunos, devemos lembrar de dois dos princípios da Educação Inclusiva: a dignidade da pessoa humana e o reconhe- cimento de sua

A Etapa Sociedade Hipica Brasileira do Oi Brasil Horse Show Tour 2013, é um CSN4* e está aberta a participação de amazonas e cavaleiros filiados a todas as Federações

Os objetivos específicos são: compreender a influência do contexto político e institucional para a formação da agenda; identificar os antecedentes históricos e os aspectos