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Influência do efeito da idade relativa no desporto escolar: Estudo centrado na distribuição das datas de nascimento dos participantes em fases nacionais das edições 2008-2011

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

INFLUÊNCIA DO EFEITO DA IDADE

RELATIVA NO DESPORTO ESCOLAR:

Estudo centrado na distribuição das datas de

nascimento dos participantes em fases nacionais

das edições 2008-2011.

Jorge Miguel Sousa Ferreira

Orientador: Professor Doutor Nuno Miguel Correia Leite

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UNIVERSIDADE DE TRÁS-OS-MONTES E ALTO DOURO

2º CICLO EM ENSINO DE EDUCAÇÃO FÍSICA

NOS ENSINOS BÁSICO E SECUNDÁRIO

INFLUÊNCIA DO EFEITO DA IDADE

RELATIVA NO DESPORTO ESCOLAR:

Estudo centrado na distribuição das datas de

nascimento dos participantes em fases nacionais

das edições 2008-2011.

Jorge Miguel Sousa Ferreira

Orientador: Professor Doutor Nuno Miguel Correia Leite

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Dissertação apresentada à UTAD, no DEP – ECHS, como

requisito para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de

Educação Física dos Ensino Básico e Secundário, cumprindo o

estipulado na alínea b) do artigo 6º do regulamento dos Cursos

de 2ºs Ciclos de Estudo em Ensino da UTAD, sob a orientação

do Professor Doutor Nuno Miguel Correia Leite.

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AGRADECIMENTOS

É com este trabalho que encerro mais uma passagem marcante na vida académica, profissional e pessoal. Apesar do carácter individual que o caracteriza, este apenas foi concretizado devido a várias as pessoas que me ajudaram e apoiaram constantemente, permitindo-me alcançar o sucesso na sua realização. Deste modo gostaria de expressar a minha gratidão a todos os que, de algum modo, me auxiliaram na concretização de mais uma etapa.

Em primeiro, ao Professor Doutor Nuno Leite, um profundo agradecimento por se ter apresentado como meu orientador, demonstrando sempre profissionalismo, disponibilidade e inestimável competência e apoio na realização deste trabalho, consolidando assim a referência profissional e humana que para mim já constituía.

A todos os docentes que me acompanharam durante estes últimos anos um sincero obrigado, especialmente para o Professor Doutor José Vilaça e para a Professora Doutora Ágata Aranha, cujo profissionalismo, competências e orientações prestadas são para uma referência para toda a vida. Ao Leandro Costa, Álvaro Ferreira, Avelino Matos, Guilherme Rua, Joana Pires, Elsa Silva, Catarina

Rua, Rita Mimoso, José Carlos e Dona Isabel, não há palavras para descrever o quando estou

agradecido pela verdadeira amizade que constituem, por fazerem parte de muitos dos melhores momentos da minha vida e por contribuírem para a pessoa na qual me tornei. Obrigado pelo vosso incansável apoio na realização deste trabalho.

À minha “família” de Vila Real, os grandes amigos Cazé e Luís Ferreira, as cientistas Diana Barreira,

Sandra Silva, Marisa Pereira e Eunice Moreira, as enfermeiras Tânia Lopes e Mónica Batista, e os

engenheiros Rafael Vilarinho, João Pereira e Cristiano Chivarria, um muito obrigado por todas as loucuras e aventuras que passámos, por terem tornado a minha vida académica inesquecível e pela saudade que me deixam. Vim embora mas a nossa amizade nunca será esquecida.

Aos meus fantásticos colegas de António Filipe e Tomás Borges, que tão bem me receberam, um muito obrigado pela inestimável amizade, confiança e imensa dedicação que comigo partilham todos os dias. À Sandra Quaresma, Tiago Félix e Joana Cardoso, deixo também o meu sincero agradecimento por todo o apoio e força que me transmitiram na fase final do meu trabalho, conseguindo com que eu acreditasse sempre nas minhas capacidades, mesmo quando o cansaço se sobrepunha.

Por último, um profundo agradecimento para as pessoas mais importantes para mim, a minha família, em especial os meus pais e irmã, Carlos, Dina e Ana, pelo amor incondicional, pela sempre presente paciência e dedicação, por todos os difíceis sacrifícios e por terem sempre acreditado em mim.

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RESUMO

O objectivo deste estudo consistiu em analisar se a selecção dos jovens no desporto escolar em Portugal tem sido influenciada pelo efeito da idade relativa. Realizou-se uma análise da distribuição das datas de nascimento ao longo do ano de selecção de um total de 2698 alunos (masculino n=1297 e feminino n=1401), que participaram na fase nacional do campeonato de desporto escolar nas edições de 2008 (n=854), 2009 (n=690), 2010 (n=358) e 2011 (n=796), na categoria de juvenis. Foi ainda contemplada a classificação obtida e o número de habitantes do distrito à qual a escola representada pertence. Com base nos resultados obtidos verificámos que há uma clara tendência para o leque de participantes ser constituído por um maior número de jovens nascidos na primeira metade do ano de selecção. Em suma, são várias as possíveis causas ou factores que levam à presença do efeito da idade relativa no desporto escolar, destacando-se as diferenças de maturação física que geralmente ocorrem entre os que nascem mais cedo no ano de selecção e os que nascem nos últimos meses do mesmo, sendo seleccionados aqueles que apresentam as características que permitem melhores performances no momento, tendo em conta as exigências de determinada modalidade.

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ABSTRACT

The aim of this study consisted in analyzing if the selection of young athletes to the school sport’s representation in Portugal was influenced by the relative age effect during last years. Came true one analyzes of the distribution of the dates of birth to the long of the selection’s year of 2698 pupils (male n=1297 and female n=1401), who participated in the national phase of school’s sport championship in the following editions: 2008 (n=854), 2009 (n=690), 2010 (n=358) e 2011 (n=796). Went still contemplated the obtained classification and the number of inhabitants of the district to the which her school representing belongs. With base in the obtained results verify what has a clear inclination to the total of participating be constituted by a greater number of pupils that were born in the first half of the selection’s year. Possible causes or factors they take to the presence of the relative age effect in the school sport’s representation are various. The most common ones are the differences from physical maturation that generally occur between the ones they are born earlier in the selection’s year and the ones they are born in the last months of the same gap, being chosen those what they present characteristic what allow better performances, at the time, attending to the determined sport’s characteristics exigencies.

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ÍNDICE GERAL

Agradecimentos ... I Resumo ... II Abstract ... III Índice geral ... IV Índice de quadros ... V Lista de abreviaturas ... VI 1.Revisão da literatura ... 1

1.1. Clarificação do conceito “efeito da idade relativa” ... 1

1.2. Efeito da idade relativa no desporto jovem de alto rendimento ... 3

1.3. Influência das características antropométricas ... 7

1.4. Influência da idade relativa no sexo feminino ... 9

1.5. Modelos de desenvolvimento a longo prazo ... 11

1.6. Programas de identificação e promoção de talentos ... 15

1.7. Influência do efeito da idade relativa no desporto nas escolas ... 17

2. Metodologia ... 20

2.1. Amostra ... 20

2.2. Procedimentos ... 20

2.3. Variáveis do estudo ... 21

2.4. Tratamento e análise estatística ... 22

3. Apresentação e análise dos resultados ... 23

4. Discussão dos resultados ... 30

5. Conclusão ... 37

6. Bibliografia ... 39

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ÍNDICE DE QUADROS

Quadro 1 - Distribuição das datas de nascimento dos participantes por modalidade no sexo masculino. ... 23 Quadro 2 - Distribuição das datas de nascimento dos participantes por modalidade no sexo feminino. ... 25 Quadro 1 - Distribuição das datas de nascimento dos participantes por região, consoante o nº de habitantes, no sexo masculino. ... 26 Quadro 2 - Distribuição das datas de nascimento dos participantes por região, consoante o nº de habitantes, no sexo feminino. ... 27 Quadro 3 - Distribuição das datas de nascimento dos participantes por classificação obtida, no sexo masculino. ... 28 Quadro 4 - Distribuição das datas de nascimento dos participantes por classificação obtida, no sexo feminino.. ... 29  

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LISTA DE ABREVIATURAS

1ºQ – Primeiro quartil 2ºQ – Segundo quartil 3ºQ – Terceiro quartil 4ºQ – Quarto quartil DE – Desporto Escolar

DMSP – “Developmental Model of Sports Participation” EF – Disciplina de Educação Física

INF – “National Institute of Football” LTAD – “Long-Term Athlete Development”

PVA – Pico de velocidade de crescimento em altura MEI – Modalidades de equipa de invasão

MEP – Modalidades de especialização precoce

MEPA – Modalidades de especialização precoce aquática MER – Modalidades de equipa de rede

MIL – Modalidades individuais de velocidade MIR – Modalidades individuais de resistência MIS – Modalidades individuais de salto MIV – Modalidades individuais de velocidade RA – Resíduo ajustado

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1. REVISÃO DA LITERATURA

1.1 Clarificação do conceito “Efeito da Idade Relativa”

O termo idade relativa tem sido tradicionalmente usado para fazer referência às diferenças entre aqueles do mesmo grupo-idade. Desde a correlação entre a capacidade de alunos dentro do mesmo ano académico na educação, até às diferenças de performance e capacidade entre jovens atletas do mesmo grupo-idade (Wattie, Cobley & Baker, 2008).

É uma pratica comum na organização desportiva dos escalões jovens agrupar as crianças e jovens por escalões de acordo com a idade cronológica dos mesmos, de forma a assegurar que cada criança aprende e desenvolve de forma apropriada as habilidades desportivas e encontra condições para competir num ambiente de igualdade em relação com os seus pares. Normalmente é organizado num sistema anual que agrupa atletas da mesma idade, pelo que uma data ou período de selecção é usada para limitar o grupo de jovens nesse escalão. Dando um exemplo, no futebol sub-7 em Inglaterra, a criança tem que ter menos de 7 anos entre 1 de Setembro e 31 de Agosto da presente temporada. No entanto este sistema tem consequências, aqueles que nascem imediatamente depois do início do período de selecção, são aproximadamente 12 meses mais velhos que os seus colegas de equipa que nascem imediatamente antes do fim do período de selecção. Tais variações dentro do mesmo grupo-idade têm sido referidas como diferenças da idade relativa, e as suas consequências como “Efeito da Idade Relativa” (Musch & Groundin, 2001). Estas variações que promovem vantagem para os mais velhos, persistem ao longo do desporto jovem e verificam-se posteriormente no desporto de alto rendimento.

Já em 1988, Barnsley (1988), defendia o conceito de idade relativa, baseando-se que sempre que se agrupavam crianças por idade para qualquer actividade, tanto na escola como em actividades desportivo-recreativas, eram observadas diferenças entre elas, explicando que a uma criança que nascia em Setembro de um ano (início do ano académico) apresentava praticamente um ano de idade relativa de vantagem sobre uma criança que nascesse em Agosto do ano a seguir (final do ano académico).

Musch e Groundin (2001), realizaram uma revisão daqueles que podem ser os possíveis factores e mecanismos que contribuem para o desenvolvimento do efeito da idade relativa, sendo eles a competição, o desenvolvimento físico, factores

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psicológicos e a experiência, estando estes correlacionados uns com os outros, influenciando-se mutuamente.

Explicando o efeito da idade relativa, tem sido proposto pelos investigadores que crianças relativamente mais velhas têm vantagem por se apresentarem fisicamente e psicologicamente mais maturas, também como maior nível de experiência desportiva. Neste caso, maior maturação é equiparada tanto a talento como a melhores performances, acabando por ser mais elogiados. Serão seleccionados para equipas de melhor calibre, onde receberão melhores condições de treino e competição, ajudando a perpetuar a sua vantagem sobre os atletas relativamente mais novos (Wattie, Cobley & Baker, 2008).

No entanto, Wattie, e colaboradores (2007), referem que as diferenças maturacionais não são suficientes para que a idade relativa tenha efeitos no desporto. A popularidade e a importância que o desporto tem na nossa cultura influencia também a existência do efeito da idade relativa devido ao elevado número de sujeitos que desejam praticar esse desporto, que ultrapassa de longe o número de infra-estruturas, organizações e competições disponíveis. Estas organizações desportivas, os clubes, salientam cada vez mais a importância dos valores de ganhar, daí a necessidade de identificar e desenvolver talentos logo na juventude para os transportar para o desporto de alto rendimento. Resumindo, a elevada adesão ao desporto por parte da população actual, juntamente com os programas de identificação e promoção de talentos, vêm perpetuar a continuação do efeito da idade relativa. Crianças que são relativamente mais velhas beneficiam de mais oportunidades de desenvolvimento, como uma maior experiência de treino e de competição. Ainda mais, aquelas que além de maior experiência também se apresentam fisicamente mais maturas, são seleccionadas para as melhores equipas, onde irão receber melhor qualidade de treino e têm à sua disposição melhores recursos. Assim aqueles que beneficiam com a influência da idade relativa provavelmente serão mais confiantes, terão maior percepção das suas capacidades e se irão encontrar intrinsecamente mais motivados, sendo todas estas condicionantes de melhor performance e sucesso (Medic, Starkes & Young, 2007).

Neste esclarecimento do termo efeito da idade relativa, é importante também enaltecer as diferenças com outro termo bastante semelhante e que as vezes pode entrar em confusão, o “Efeito da Estação de Nascimento”. Refere-se à influência que nascer numa determinada estação pode ter sobre o futuro do atleta tendo em conta o ambiente que o rodeia, desde temperaturas ou exposição aos raios solares. No entanto, Musch e Hay (1999), demonstraram nas suas investigações que em países

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de hemisférios diferentes, com períodos de selecção desportiva iguais, os efeitos verificados eram equivalentes aos verificados na idade relativa. Também reportam nos seus estudos que quando o critério da data de selecção era alterada, os que nasciam nos primeiros meses das novas datas limites passavam a demonstrar vantagens em relação aos outros do mesmo grupo.

Medic, Starkes e Young (2007) e Medic, e colaboradores (2009), propõem, que o termo “efeito da idade relativa” pode também ser utilizado para atletas de anos de selecção diferentes. No entanto, Wattie, Cobley e Baker (2008), defendem que o efeito da idade relativa apenas diz respeito a atletas provenientes do mesmo ano de selecção, devendo para comparar grupos-idade diferentes usar o termo “Efeito dos Anos Constituintes”. 

1.2 Efeito da Idade Relativa no Desporto Jovem de Alto Rendimento

Em 1985, é discutido o que parece ser uma das primeiras observações do impacto do efeito da idade relativa no sucesso desportivo individual dos atletas. Barnsley, Thompson e Barnsley (1985), verificaram que nas duas principais ligas “Júnior A” do Canadá existiam quatro vezes mais atletas nascidos no primeiro quartil do ano de selecção do que do último, e que esta tendência se continuava a afirmar na “National Hockey League”. De forma a consolidar a prova de existência de uma forte relação entre a idade relativa e a performance no hóquei do gelo, Barnsley e Thompson (1988) analisaram as datas de nascimento de 7.313 atletas pertencentes à “Edmonton Minor Hockey Association”. Concluíram em primeiro lugar que os atletas mais velhos que os seus pares têm tendência a praticar o desporto até mais tarde, enquanto os restantes tendem a desistir. Em segundo lugar, foi também observado que, principalmente nas equipas onde se verificava mais intensidade de treino e competição, os planteis eram largamente afectados pelo efeito da idade relativa, sendo este facto justificado pelas vantagens maturacionais que estes possuíam em relação aos seus pares (força, altura, peso, coordenação, etc), que tinham um impacto directo no sucesso na modalidade.

Anos mais tarde, Barnsley, Thompson e Legault (1992), direccionaram-se para o futebol, pretendendo verificar se os resultados obtidos anteriormente no hóquei do gelo voltavam a suceder-se. Para isso analisaram os planteis das selecções que participaram no Campeonato do Mundo de 1990, no Campeonato do Mundo sub-17 e sub-20 de 1989, tendo sido demonstrado uma grande correlação entre a data de

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nascimento e o sucesso no futebol internacional. Em relação ao Campeonato do Mundo, apenas o último quartil do ano de selecção da modalidade apresentava um decréscimo significativo de participantes em relação aos restantes, no entanto, nos Campeonatos do Mundo sub-17 e sub-20, as diferenças entre quartis foram bastante mais significativos, com grande participação de atletas nascidos no primeiro quartil, caindo rapidamente à medida que se sucediam os quartis.

Musch e Grondin (2001), na sua analise a vários estudos, referem que os efeitos da idade relativa se verificavam em vários desportos, em vários países, até mesmo na ginástica onde acontecia de forma contrária, recaindo a vantagem para aqueles que são relativamente mais novos. Já Edgar e O’Donoghue (2005), referem na sua revisão a vários estudos que em desportos analisados como o futebol, basebol e hóquei no gelo, a maioria dos participantes nasciam nos primeiros 6 meses do período de selecção.

Na Espanha, o período de selecção para o desporto, tradicionalmente, está estabelecido entre 1 de Janeiro a 31 de Dezembro. Uma criança que nasce no primeiro dia deste período é praticamente um ano mais velha que uma criança que nasce no último dia, no entanto ambos irão competir sempre no mesmo escalão ao longo das épocas desportivas (Jiménez & Pain, 2008). Nos jovens, um ano de diferença pode resultar em significativas variações nas varáveis antropométricas, no desenvolvimento da condição física, habilidades cognitivas e na maturação emocional. Não esquecendo a maior experiência e prática desportiva designada por “vantagem inicial de performance” (Helsen, Winckel & Williams, 2005). Esta consiste em feedback’s positivos, tanto externos como do próprio, que estão ligados a uma maior percepção do aumento das competências, o que por sua vez leva a maior motivação e melhores performances. Ao contrário, para aqueles que nascem mais tarde a percepção do fracasso aumenta o que leva à desistência dos mais jovens.

Jiménez e Pain (2008), no seu estudo, que incluiu uma amostra constituída por jogadores da Liga Profissional de Futebol Espanhola, todos os escalões jovens destes clubes, e selecções nacionais sub-17, sub-21 e A, nascidos entre 1987 e 1998, e verificou evidências do efeito da idade relativa em todos os escalões. Nas camadas jovens, este facto verificou-se principalmente nos clubes com maior sucesso e reputação, e das grandes cidades, com a maioria dos atletas a pertencerem ao primeiro quartil do período de selecção. No entanto é de salientar que a grande ascendência de atletas que nasceram nos primeiros meses nas selecções jovens não

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se verificou na selecção principal, o que traduz que depois da maturação concluída deixa de haver vantagens para aqueles que nasceram nos primeiros meses.

Num estudo para comparar a distribuição das datas de nascimento dos futebolistas nos vários escalões do futebol Basco, de forma a perceber se o efeito da idade relativa era influenciado somente pela idade, pelo nível de skills, ou se por ambos, Mujika e seus colaboradores analisaram 16.519 atletas da época desportiva 2005-2006, incluindo 114 atletas seniores da equipa da 1ª Liga Espanhola “Athletic Club Bilbao” em 21 épocas. Foi observada uma clara sobre-representação de atletas nascidos na primeira metade do ano de selecção. O efeito da idade relativa já se encontrava presente nos níveis mínimos de participação organizada no mundo do futebol, no entanto esta ainda aumentava juntamente com o nível competitivo dos atletas nos estágios de desenvolvimento e manteve-se patente nos escalões profissionais. Esta tendência representa um perda significativa de potenciais talentosos jovens atletas (Mujika et al., 2009).

A maior parte das investigações realizadas apenas examinavam atletas de selecções nacionais jovens do sexo masculino dentro do respectivo país. Helsen, Winckel e Williams (2005), consideraram no seu estudo futebolistas jovens tanto do sexo masculino como feminino, analisando selecções nacionais jovens de vários países europeus. Em primeiro lugar examinaram a distribuição das datas de nascimento das selecções nacionais jovens de sub-15. sub-16, sub-17 e sub-18 da Bélgica, da Dinamarca, Inglaterra, Alemanha, Itália, Holanda, Portugal, de sub-16 e sub-18 da França, Espanha e Suécia, da época 1999/2000. Em segundo lugar estudaram a distribuição de datas de nascimento das selecções jovens que participaram nas maiores competições internacionais da “Union of European Football Associations” (UEFA) de sub-16, sub-18, sub-21, sub-18 feminino e a “Meridian Cup”. Por último ainda examinaram a distribuição da data de nascimento de dos atletas de 16 clubes profissionais que participaram no Campeonato Internacional de sub-14 e de 32 clubes profissionais que participaram no Campeonato Internacional de sub-12 no ano de 2000, perfazendo um total de 2175 sujeitos. Helsen, Winckel e Williams (2005), verificaram grande incidência do efeito da idade relativa em praticamente todas as selecções e clubes, à excepção das equipas que participaram no campeonato de sub-18, sub-21 e sub-18 feminino, em que as diferenças não foram tão ou nada prenunciadas. No caso dos campeonatos masculinos, os autores justificaram estes factos com a alteração dos limites do período de selecção, pois a distribuição das datas de nascimento não mostrou alterações, o que quer dizer que aqueles que antes pertenciam à segunda metade do ano de selecção passaram a pertencer à primeira, e muitos sujeitos que pertenciam a esta, no antigo critério de selecção, já desistiram. No

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que diz respeito ao caso dos sub-18 feminino, os autores consideraram que as mulheres atingiam a maturação mais cedo que os rapazes e aos 18 anos a maioria das atletas femininas já se encontrariam completamente maturas fisicamente, e consequentemente as diferenças de idade relativa seriam praticamente nulas neste grupo. Para complementar, a componente técnica teria elevada importância no futebol feminino, ainda mais que no masculino, logo a selecção no futebol feminino geria-se mais pelo nível técnico do que pelas características físicas.

Folgado, e colaboradores (2006), foram mais além nas suas investigações e, além de analisarem a distribuição das datas de nascimento de jovens futebolistas portugueses, em função do escalão competitivo, também verificaram se existia alguma influência do efeito da idade relativa nas diferentes posições específicas de cada jogador. Foram analisados 188 jogadores que pertenciam na época 2004/2005 à Associação de Futebol de Lisboa e foram divididos pelos respectivos escalões competitivos: Escolinhas (n=26), Infantis (n=39), Iniciados (n=43), Juvenis (n=39), Juniores (n=21) e Seniores B (n=20); e pelas posições que ocupavam dentro de campo: Guarda-Redes (n=24), Defesas (n=51), Médios (n=70) e Avançados (n=43); tendo as datas de nascimento dos atletas sido distribuídas por trimestres. Como já verificado em estudos analisados anteriormente, em função do escalão, foram encontradas diferenças significativas na distribuição das datas de nascimentos dos jogadores por trimestre para os escalões de Infantis, Iniciados e Juvenis, em que a tendência foi para que as datas de nascimento dos jogadores se situassem, maioritariamente, mais perto do início do ano de selecção. No entanto, estatisticamente, os nascimentos dos jogadores dos escalões de Escolinhas, Juniores e Seniores, por trimestre, encontravam-se distribuídos uniformemente. Nos escalões Juniores e Seniores, não existindo diferenças significativas, existia na mesma uma tendência para os jogadores apresentarem datas de nascimento no início do ano de selecção. O facto de não ser significativa poderia resultar do retorno ou identificação tardia de jogadores nascidos no final do ano de selecção que sofreram do efeito da idade relativa e abandonaram a prática, ou que não foram inicialmente identificados como jogadores talentosos.

Em função do escalão, encontraram-se diferenças significativas na distribuição das posições Defesa e Médio, em que em ambos os casos se manifestou a tendência para serem eleitos os jogadores nascidos nos primeiros meses do ano de selecção. A distribuição dos jogadores da posição Guarda-Redes e Avançado revelaram-se estatisticamente uniformes. Estes resultados conferem com a hipóteses de se realizar a selecção de jogadores para estas posições específicas com base em parâmetros físicos.

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O facto de outros estudos realizados mostrarem diferentes características para algumas posições, como é o caso dos médios, em que em alguns casos estudados eram os que apresentam estatura mais baixa ou valores de massa corporal menos expressivos, poderá ter a ver com o facto de em diferentes regiões ou países o próprio futebol apresentar característica diferentes (Malina et al., 2005).

1.3 Influência das Características Antropométricas

A tendência no desporto de elite é que os clubes escolham os cuja maturação é mais avançada, que está, por sua vez, relacionada com uma maior capacidade funcional e de skills por parte dos atletas (Jiménez & Pain, 2008).

Em todas as idades, as diferenças entre indivíduos, no que diz respeito à sua capacidade de trabalho ou competência motora, são grandes, devido às diferenças nas taxas de maturação. Tal como no crescimento, também em relação à maturação existe um avanço considerável dos indivíduos do sexo feminino, visível na fase de instalação das características sexuais secundárias. A diferença entre sexos é, no entanto, superior na fase de pico da velocidade de crescimento em altura (PVA), podendo chegar aos 2 anos (Balyi & Hamilton, 2004).

Os indivíduos do sexo masculino que apresentam maturação precoce têm, em geral, níveis elevados de sucesso imediato, especialmente em disciplinas de potência e força (é o caso da velocidade de "sprint", do salto e das viragens, que determinam o desempenho competitivo nas distâncias mais curtas), esses indivíduos são maiores e têm mais massa muscular do que os indivíduos do mesmo escalão etário, mas de maturação mais tardia. A maturação precoce parece também ser vantajosa no sexo feminino, em especial em disciplinas de agilidade, de força e de potência (Balyi et al., 2006).

De acordo com Malina, e colaboradores (2007), entre um individuo de maturação precoce, que nasce mais cedo, e outro do mesmo grupo-idade que nasce mais tarde, de maturação tardia, estão implicadas uma vasta variedade de diferenças maturacionais, e em regra geral, quem nasce primeiro tem maior probabilidade de ser mais desenvolvido. Sendo a velocidade, potência, força e a altura atributos físicos que potencializam a performance no desporto, são os que nascem mais cedo no ano de selecção que se apresentam mais maduros e provavelmente serão esses a dominar o desporto jovem. Serão identificados como “foras de série”, ou “dotados”, e seleccionados por treinadores e olheiros para os seus respectivos desportos. Ganhando mais experiência prática e maturação psicológica, os mais velhos

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conseguirão maiores níveis de skills e competências. De forma contrária, modalidades como a ginástica dá preferência aos que nascem mais tarde, pois a performance dos ginastas beneficiam com um maturação tardia (Cobley, Abraham & Baker, 2008). Só para esclarecer, o efeito da idade relativa não afecta todos os atletas mais jovens do mesmo grupo-idade, sendo que alguns que nascem mais tarde no período de selecção são na mesma seleccionados para as competições jovens e atingem o alto-rendimento, pois é verificado que não apresentam diferenças a nível de maturação física quando comparados com os relativamente mais velhos, demonstrando mais uma vez a importância da estatura e altura, entre outros atributos antropométricos, na prevalência deste fenómeno (Wattie, Cobley & Baker, 2008).

Torna-se assim fácil de entender por que razão, os atletas jovens em evidência nas modalidades onde as dimensões corporais e as qualidades físicas são determinantes, tendem a ser indivíduos de maturação precoce. Contudo sabe-se, que no final da adolescência, o indivíduo de maturação tardia recupera a desvantagem que teve em relação ao indivíduo de maturação precoce, como normalmente também o pode ultrapassar em muitos dos atributos determinantes do desempenho desportivo (Balyi et al., 2006).

Carling, e colaboradores (2009), analisaram um total de 160 futebolistas jovens do alto rendimento, todos nascidos em França, que participaram na “National Institute of Football” (INF), tendo sido avaliados entre as datas de 1994 e 2005. O INF é um centro de pré-aprendizagem para futuros jogadores do futebol profissional francês de idades entre os 14 e os 16 anos, e actua como um “feeder” para clubes profissionais. Uma distribuição desigual das datas de nascimento foi observada, com os jogadores nascidos no início do ano de selecção a serem altamente representados. Também existiu uma diferença significativa na altura dos atletas, sendo os valores mais altos observados naqueles que nasceram mais cedo no período de selecção. No entanto não foram verificadas mais nenhumas diferenças significativas nas restantes características antropométricas, podendo o sucedido ser explicado devido aos critérios de selecção adoptados por esta academia de futebol.

Também Hirose (2009), tentou observar a relação entre a distribuição das datas de nascimento dos atletas com as diferenças maturacionais e antropométricas. Para isso avaliou 332 jovens futebolistas de alto-rendimento pertencentes à “J League Academy Team”, localizada em Tóquio, Japão, recrutados entre 1997 e 2000, encontrando-se estes divididos por 6 categorias, de acordo com a idade cronológica, sub-10 a sub-15. No que diz respeito à distribuição das datas de nascimento o observado vem no seguimento do referido ao longo deste trabalho. Quando comparado com a população

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em geral, verificou-se que a maior parte dos atletas nasceram nos primeiros trimestres. No que diz respeito às características antropométricas, o autor verificou diferenças de altura estatisticamente significativas nas categorias de sub-11, sub-12, sub-13 e sub-14, com os atletas nascidos na primeira metade do ano de selecção a apresentarem melhor média de alturas. Também no que diz respeito à massa corporal, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas nas categorias de sub-11, sub-13 e sub-14, com os atletas que nasceram no último trimestre a apresentarem valores mais baixos do que os que nasceram no primeiro. Tendo estes resultados em consideração, os atletas nascidos mais tarde no ano de selecção encontravam-se em menor número, mas estes apresentavam já uma avançada maturação biológica e física que lhes permitiu ser seleccionados para as equipas de elite, o que quer dizer que nem todos que nasceram mais tarde apresentavam uma maturação tardia. Mais uma vez foi demonstrado a importância das componentes antropométricas no processo de identificação e selecção de talentos (Hirose, 2009).

Por último, Sherar e os seus colegas analisaram 281 dos 619 jovens atletas de hóquei de gelo, com idades compreende dias entre os 14 e os 15 anos, que participaram nos campos de selecção da equipa provincial de Saskatcheawan, no Canadá, em 2004. Apenas 40 atletas foram seleccionados para a equipa final. Os atletas seleccionados para a equipa final eram todos mais altos, pesados/fortes e mais maduros que os que não foram seleccionados, sendo que a maioria apresentava datas de nascimento correspondentes aos dois primeiros trimestres do ano de selecção (Sherar, et a,l, 2006).

1.4 Influência da Idade Relativa no Sexo Feminino

Como já foi referido anteriormente, a maior parte dos estudos realizados contemplam maioritariamente atletas do sexo masculino, no entanto nos poucos observados em que incluem atletas femininas algumas diferenças são encontradas ao nível da influência do efeito da idade relativa, quando comparadas com o sexo masculino. Um dos poucos estudos existentes foi realizado por Baxter-Jones e Helms (1994), em que estes investigaram a distribuição da data de nascimento em atletas de alto-rendimento britânicas de ginástica, natação e ténis, com idades compreendidas entre os 8 e os 16 anos. Foi verificado que quase 50% das nadadoras e tenistas observadas teriam nascido nos primeiros três meses do período de selecção, enquanto que as datas de nascimento das ginastas encontravam-se distribuídas uniformemente pelo

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mesmo. Os mesmos justificaram o sucedido com as vantagens provenientes da maturação tardia para a performance na modalidade.

Baxter-Jones e Helms (1994), no seu trabalho sobre o treino de jovens atletas, sugeriram ainda que o efeito da idade relativa é mais forte no desporto jovem masculino que no feminino, devido à competição no desporto jovem masculino ser mais intenso e devido às raparigas atingirem a maturação física mais cedo não se encontrando tanta variedade de diferenças no nível de maturação nas jovens do mesmo ano.

Helsen, Winckel e Williams (2005), que incluíram no seu estudo as selecções de sub-18 feminino que participaram nas competições internacionais da UEFA, no ano de 2000, concluíram que quando comparado com os resultados no sexo masculino, os efeitos da idade relativa não eram tão pronunciados, justificando com o facto de as mulheres atingirem a maturação mais cedo que os rapazes e aos 18 anos a maioria das atletas femininas já se encontrarem completamente desenvolvidas fisicamente, e consequentemente as diferenças de idade relativa serem praticamente nulas neste grupo. Para complementar, os autores referem ainda a elevada importância da componente técnica no futebol feminino, ainda mais que no masculino, obrigando os critérios de selecção no futebol feminino a gerirem-se mais pelo nível técnico do que pelas características físicas.

Também Vincent e Glamser (2006), analisaram a distribuição das datas de nascimento de 1.344 futebolistas masculinos e femininos com 17 anos, nascidos em 1984, identificados e recrutados pela a “Olympic Development Program”, programa da “US Youth Soccer Association” com o objectivo de identificar e treinar os jovens mais talentosos de ambos os sexos do país. Actua hierarquicamente em 3 níveis, estados, regiões e nacional. Também analisaram os atletas das selecções nacionais americanas de sub-19 feminina e sub-17 masculina de 2001. Os autores observaram que ao contrário com o que acontecia com o sexo masculino, no sexo feminino as datas de nascimento encontravam-se distribuídas de forma uniforme ao longo do período de selecção, não se verificando praticamente ou mesmo nenhuma influência do efeito da idade relativa, explicando estas diferenças entre sexos através de uma complexa interacção do desenvolvimento biológico com a influência social.

Ao contrário do que acontece com o sexo masculino, nas mulheres a puberdade chega mais cedo o que gera uma serie de factores fisiológicos que constrangem a sua performance como atletas. Raparigas pós-pubertárias geralmente apresentam-se com pernas curtas e ancas mais largas, o que se torna uma desvantagem para algumas habilidades motoras como saltar e correr (Vincent & Glamser, 2006). Raparigas que

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atingem mais cedo a maturação são também geralmente mais altas e corpulentas que aquelas que atingem a maturação tardiamente, no entanto devido ao facto de no sexo feminino a maturação ocorrer mais cedo que nos homens, normalmente entre os 13 e os 14 anos, as diferenças rapidamente se tornam reduzidas ou nenhumas entre atletas do mesmo grupo. De acordo com Malina (1996), a performance das atletas está pouco relacionada com o estado de maturação e normalmente aquelas que apresentam uma maturação tardia até produzem melhores performances que as suas companheiras devido às características físicas provenientes da mesma. Segundo o autor, geralmente raparigas que atingem a maturação tardiamente tendem a ser mais ectomorfas, ter um quadril relativamente estreito e menos tecido adiposo (Malina, Bouchard & Bar-Or, 2004).

Tradicionalmente, o contacto com desportos como o futebol tem vindo, ao longo das décadas, a ser considerado, pela sociedade, como desapropriado para o sexo feminino, principalmente depois de estas se tornarem fisicamente maduras. No entanto uma rapariga que atinja a maturação tardiamente não atinge a menarca antes dos 14 anos, o que cede mais tempo para aprender e desenvolver habilidades desportivas, ter mais experiências desportiva que a marquem, o que lhe dará maior motivação para resistir aos ideais da sociedade (Vincent & Glamser, 2006).

1.5 Modelos de Desenvolvimento a Longo Prazo

São vários os modelos propostos para o desenvolvimento do jovem atleta a longo prazo, de forma a conseguir uma optimização da aquisição dos skills e da performance.

Um dos modelos propostos para o treino a longo prazo é o modelo de “Preparação Desportiva a Longo Prazo”, que por sua vez se divide em 4 estágios. O primeiro, “Iniciação”, compreende crianças dos 6 aos 10 anos, e consiste em práticas lúdicas ou informais, para aquisição das habilidades gerais, enquanto o segundo, a “Orientação”, entre os 11 e os 14 anos, os jovens optam especificamente por uma modalidade, ou por um leque restrito destas, dando início ao treino específico. Constitui assim um meio indispensável para o desenvolvimento da performance (Leite, 2008). A seguir temos a etapa “Especialização”, 15 aos 18 anos, que tem como objectivo o desenvolvimento das capacidades e habilidades mais exigentes e onde se inicia a preocupação com a obtenção de resultados, e por fim o “Alto Rendimento”, mais de 19 anos (Bompa, 2000). É preciso salientar que a idade é apenas uma média, pois

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indivíduos com uma idade podem encontrar-se noutro estágio dependendo do seu nível maturacional.

Segundo Balyi e Hamilton (2004), treinadores de todo mundo concebem planos a longo e curto prazo, tanto para a competição como para a recuperação, baseados na idade cronológica dos atletas, estando esta determinada por diversas investigações como um mau indicador para atletas entre os 10 e os 16 anos, pois existe uma grande variação no desenvolvimento físico, cognitivo e emocional entre os atletas deste grupo etário. Os treinadores e/ou os responsáveis pelos escalões de formação deveriam ser capazes de identificar a idade biológica do individuo, mas como tal facto não é possível soluções têm de ser arranjadas. Uma solução prática é usar o princípio do PVA como referência para criar programas individuais relacionados com os períodos sensíveis ou críticos de treino durante o processo de maturação, tal como os períodos óptimos de rápida adaptação da resistência, força, velocidade, habilidade e flexibilidade (os 5 pontos chave, “Five S’s”, do treino e da performance) sendo este um ponto de referência para fornecer informação sobre os sistemas energéticos do atleta e desenvolvimento do Sistema Nervoso Central.

Balyi desenvolveu um modelo de treino a longo prazo designado por “Long-Term

Athlete Development” (LTAD), baseado principalmente no nível de maturação de cada

indivíduo. Segundo Balyi, e colaboradores (2006), atletas que usufruam da experiência de programas de treino LTAD, que consideram as suas idades biológicas e de treino, estão a criar planos periodizados específicos para desenvolver as suas necessidades. Este modelo é baseado no desenvolvimento físico, emocional, cognitivo da criança e do adolescente, sendo cada ponto do desenvolvimento reflectido num estágio, com vista de garantir o desenvolvimento dos skills motores fundamentais e desportivos nas crianças e jovens.

Segundo Balyi e Hamilton (2004), podemos classificar este modelo em modelo de especialização precoce ou em modelo de especialização tardia.

O primeiro estágio, “Active Start”, ocorre normalmente entre os 0 e os 6 anos de idade, em ambos os sexos, e tem como principal objectivo aprender os movimentos fundamentais e ligá-los entre si brincando. O estágio “FUNdamentals” ocorre em média entre os 6 e os 9 anos nos rapazes e entre os 6 e os 8 anos nas raparigas, tem como principal objectivo a aprendizagem de todas as habilidades fundamentais do movimento e construir um total de habilidades motoras. O estádio seguinte, “Learning

to Train”, ocorre nos rapazes entre os 9 e os 12 anos de idade e nas raparigas entre

os 8 e 11 anos, e tem como principal objectivo o atleta receber um total de habilidades desportivas. No quarto estágio, “Training to Train”, as idades compreendidas são entre

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os 12 e os 16 anos para os rapazes e entre os 11 e os 15 anos para as raparigas, estando estas idades dependentes do PVA. Neste estágio o principal objectivo é a formação de uma base aeróbia, desenvolvimento da força e da velocidade e desenvolvimento e consolidação das habilidades específicas e tácticas desportiva. O quinto estágio, “Training to Compete”, compreende idades entre os 16 e os 23 anos nos rapazes e entre os 15 e os 21 anos nas raparigas, apanhando então os últimos anos da juventude dos atletas, sendo também neste estágio que estes passam para adultos. Este estágio tem como principal objectivo a optimização da preparação física e dos skills específicos, e aprender a competir. De seguida, o sexto estágio, “Training

do Win”, corresponde a idades superiores a ±18 anos no sexo masculino, e a ±17

anos no sexo feminino. Neste estágio o objectivo é a maximização da preparação física, dos skills específicos à modalidade e posição e da performance. A LTAD é um processo de formação de um atleta para o alto rendimento, de duração 10 a 12 anos, que consiste na preparação e optimização física, técnica, táctica (onde inclui a tomada de decisão) e mental, para que este atinja a excelência (Balyi, et al., 2006).

No entanto não há resultados científicos que demonstrem que os atletas de sucesso tenham cumprido estes estágios propostos por este modelo, parecendo mesmo que este foi originalmente baseado apenas no desenvolvimento dos factores fisiológicos, em vez de focar o desenvolvimento das habilidades (Williams & Ford, 2009).

O modelo de desenvolvimento dos atletas mais evidenciado pelos estudos científicos é o “Developmental Model of Sports Participation” (DMSP; Bruner, et al., 2010). O DMSP baseia-se na prática deliberada, no jogo deliberado e na competição. A prática deliberada é uma actividade estruturada, normalmente guiada por um treinador e é focada no desenvolvimento da performance. O jogar de forma deliberada, é uma actividade desorganizada, guiada pelos próprios participantes e é focada na diversão (Baker, Cotê & Abernethy, 2007). A competição é uma actividade organizada, contra outras equipas ou atletas, em que a intenção é ganhar (Williams & Ford, 2009).

Na maioria dos atletas foi observada a passagem por 3 estágios, desde crianças até atingir a performance experta, característica dos atletas de alto-rendimento. A primeira “Sampling Years”, vai dos 6 aos 12 anos de idade, é caracterizada por a criança se iniciar no desporto participando numa elevada quantidade de actividades desportivas, focando o brincar/jogo deliberado e pouca pratica deliberada. Segue-se “Specializing

Years”, que vai dos 13 aos 15 anos, sendo esta caracterizada pelo aumento da

quantidade de prática deliberada em um ou dois desportos, onde inclui o seu desporto primário. Por último, “Investment Years”, compreende idades dos 16 aos 18 anos, é

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caracterizada pela elevada quantidade de prática deliberada e competição no seu desporto principal (Williams & Ford, 2009).

No entanto este modelo pode seguir também outro caminho, o da especialização precoce, em que os atletas focam-se desde cedo em apenas uma modalidade específica e têm elevadas quantidades de prática deliberada na mesma, como é o exemplo da ginástica. Por sua vez, os ginastas também se retiram relativamente cedo (Law, Cotê & Ericsson, 2007).

Baker e Horton (2004), referem que a quantidade e, principalmente, a qualidade da prática são os principais mecanismos que explicam o desenvolvimentos dos skills e da performance do jovem atleta. No entanto o acesso a esta por parte dos jovens é influenciada por uma variedade de mecanismos secundários, mecanismos que se encontram em torno do jovem e que podem promover ou limitar o número de oportunidades para o crescimento das suas habilidades e capacidades. Um destes mecanismos ou fenómeno que é identificado como influenciador do número de oportunidades de prática, e como consequência directa o nível de capacidade que o jovem consegue atingir, é o efeito da idade relativa.

Resumindo, a quantidade e a qualidade da prática são os mecanismos primários que explicam a aquisição de skills e performances correspondentes ao desporto de alto-rendimento. No entanto estes são influenciados por uma variedade de mecanismos secundários que limitam ou promovem as oportunidades de prática. Um desses mecanismos é então o efeito da idade relativa (Jiménez & Pain, 2008).

Em todos os modelos apresentados, a detecção de talentos logo nas idades iniciais vai ser influenciada então pela maturação individual das crianças, levando a uma exclusão de um número relativamente elevado de muitas que até teriam potencial para alcançar o desporto de alto-rendimento. O efeito da idade relativa é uma tendência que persiste para aqueles envolvidos no processo de detecção de talentos que continuam a favorecer os que nascem mais cedo ao invés dos que nascem mais tarde no mesmo ano de selecção. No entanto, para alguns desportos como a ginástica acontece o contrário, sendo dada preferência aos que nascem mais tarde, concluindo então que esta selecção ocorre segundo as características exigidas pela especificidade da modalidade desportiva (Williams & Ford, 2009).

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1.6 Programas de Identificação e Promoção de Talentos

O começo prematuro, o elevado volume de treino específico e de competição, o envolvimento extensivo em programas de promoção de talentos ao longo da adolescência, não significam necessariamente o sucesso no desporto de alto-rendimento.

São muitos os jovens que demonstram potencialidades desportivas, no entanto só uma minoria vai apresentar capacidade para atingir a excelência desportiva. A perícia desportiva é altamente valorizada, mas muito difícil de alcançar, consumindo muito tempo e recursos. Logo, qualquer meio que permita acelerar a sua aquisição e tornar a aprendizagem dos skills mais eficiente será sempre bem visto por parte dos intervenientes (Vaeyens et al., 2009).

Para Vaeyens, e colaboradores (2009), uma hipótese são os programas de identificação e promoção de talentos. Estes têm o objectivo de identificar jovens atletas que possuam um extraordinário potencial, recrutá-los e desenvolver o seu potencial através de uma variedade de medidas institucionais definidas para acelerar o desenvolvimento do talento do atleta. Os investigadores têm feito progressos na revelação de algumas determinantes subjacentes à identificação de talentos, promoção de talentos e excelência desportiva. Os autores evidenciam algumas das condições presentes na juventude, a um nível individual, que favorecem um desenvolvimento a longo prazo para, mais tarde, atingir o sucesso no desporto de alto rendimento. Alguns investigadores relacionam as características contextuais (sócio-económicas) ou as estruturais (idades alvo do sistema de recrutamento e promoção) dos jovens com o posterior sucesso, sendo esta a base dos programas tradicionais de identificação e promoção de talentos.

Os benefícios económicos inerentes à identificação e recrutamento destes jovens designados como talentosos e o desenvolvimento das suas capacidades são evidentes, e têm como consequência a implementação de centros de treino e academias associadas aos maiores clubes do mundo. Este processo de identificação de jovens atletas com potencial permite aos clubes uma gestão de recursos mais eficaz, já que, para se manter a qualidade do processo, são investidos valores significativos na identificação e formação de jovens jogadores. Ao identificar jogadores com potencial numa idade mais baixa propicia que estes recebam um tipo de treino especializado, o que irá acelerar o seu processo de preparação desportiva (Folgado et al., 2006).

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Esta aproximação tradicional baseada em motivos económicos de tempo, resume-se às seguintes ideias: que o sucesso internacional no desporto de alto-rendimento é o resultado de um longo período de preparação numa disciplina desportiva; o sucesso aumenta com a extensão da duração do treino e competição no mesmo desporto; o começar cedo a treinar, a participar, a competir e cedo ter sucesso, continuando em programas de promoção, irá estimular o processo de desenvolvimento e posteriormente correlacionar com o sucesso a longo prazo do desporto sénior de alto-rendimento (Vaeyens et al., 2009).

No entanto estes modelos tradicionais envolvem muitas restrições (Vaeyens, et al., 2009). Em primeiro lugar, estudos demonstram que a data de estreia num desporto, tanto em treino ou competição, de atletas de sucesso, variam de atleta para atleta (Gullich, 2007). Em segundo lugar, as carreiras desportivas de muitos atletas internacionais não se resumem à prática sempre da mesma modalidade, tendo praticado vários desportos durante a sua juventude e adolescencia (Baker, Côté & Abernethy, 2003). Por último, estes programas tradicionais raramente reconhecem a distinção entre descobrir o que caracteriza um campeão e quais as qualidades necessária para se tornar um campeão. A precisão de identificação precoce de jovens excepcionalmente dotados é afectada pela influência da grande variação inter-individual, quanto ao seu historial em relação à prática e quanto à maturação biológica, que se verificará na performance desportiva do adolescente (Vaeyens, et al., 2009). Os rapazes que se encontram biologicamente mais maduros são quase sempre mais bem sucedidos no desporto jovem, sendo observado o contrário nas raparigas (Vaeyens et al, 2009). Também as crianças que nascem mais cedo no ano de selecção, presumivelmente, terão vantagens em estatura e capacidade de performance em relação aos seus pares relativamente mais novos, verificando mais uma vez o fenómeno do efeito da idade relativa (Musch & Groundin, 2001). A participação e o sucesso desportivo nos escalões jovens num desporto em particular está directamente relacionado com as exigências específicas desse mesmo desporto e as características físicas do atletas associadas com o seu nível de maturação e idade cronológica relativa (Vaeyens, et al., 2009).

Mujika, e colaboradores (2009), afirmam que a existência de processos de identificação, desenvolvimento e selecção de jovens talentos no futebol apenas agrava esta tendência do efeito da idade relativa, sendo mais observada no desporto de alto-rendimento, em que os clubes e organizações de topo se focam principalmente nos objectivos a curto prazo, considerando mais importante alcançar a vitoria do que o

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desenvolvimento das crianças e jovens a longo prazo, contribuindo a maior parte das vezes para a exclusão de crianças com maturação tardia.

1.7 Influência do Efeito da Idade Relativa no Desporto nas Escolas

O efeito da idade relativa tem vindo a demonstrar de forma consistente, ao longo dos tempos, a influência que tem na capacidade ou performance dos jovens, não só ao nível do desporto, mas também na educação. Tal como tem sido verificado em muitos desportos, em que são representados maioritariamente pelos atletas que nascem nos meses imediatamente a seguir ao início do período de selecção, na educação, o efeito da idade relativa parece proporcionar vantagens a aqueles que nascem durante os meses iniciais do ano académico, quando comparado com os seus pares que nascem meses mais tarde (Cobley, Abraham & Baker, 2008). Está em causa a variabilidade de potencial cognitivo e psicomotor que existe entre indivíduos que nascem no mesmo ano, ou período de selecção, em que aqueles que nascem mais cedo podem demonstrar maior maturação cognitiva e física quando comparados com os que nascem posteriormente, e que pertencem ao mesmo grupo.

O sistema da maioria das escolas públicas impõe datas limites para entrar na pré-primaria ou no primeiro ano de escolaridade. Embora o objectivo principal desta decisão ser evitar as grandes diferenças de idade, as crianças que nascem imediatamente a seguir à data limite de entrada serão mais velhas quase um ano do que as que nascem no final da data limite do mesmo ano. Esta diferença de quase um ano está normalmente associada a diferenças significativas nas crianças ao nível do desenvolvimento cognitivo (Musch & Grondin, 2001).

Inicialmente, este fenómeno foi verificado na educação, com os investigadores a indicarem que os alunos que apresentavam datas de nascimento dentro dos meses iniciais do ano académico apresentavam melhores capacidades que os seus colegas mais novos do mesmo período (Bell & Daniels, 1990). Tal acontecimento sugeriu que o efeito da idade relativa afectava o processo de educação dos jovens logo no seu início e que estes efeitos podiam persistir ao longo de todo o processo educativo, dando vantagem aqueles que nasciam mais cedo e tendo consequências prejudiciais para os que nasciam mais tarde.

Embora existindo óbvias semelhanças, existem também importantes diferenças entre o efeito da idade relativa na escola e o que se sucede no desporto. Esta diferença deve-se principalmente ao facto de na escola a frequência ser obrigatória para todos e a participação no desporto é voluntária. As diferenças cognitivas existentes à entrada

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para a escola parecem ir desaparecendo nos anos seguinte, devendo-se ao árduo trabalho dos jovens para competir com os seus pares mais velhos e pelo cuidado especial que se tem nas escolas com as crianças que parecem menos capazes (Musch & Grondin, 2001).

Bell, Massey e Dexter (1997), examinaram a presença e implicações do efeito da idade relativa na disciplina de educação física (EF), em alunos de 16 anos. O mesmo foi identificado tanto nos exames escritos como nas performances físicas, com os alunos que nasceram mais cedo a reportarem maiores níveis de capacidades que os alunos mais novos, sendo que estes níveis decresciam à medida que a data de nascimento se afastava da data de início do ano académico. Os mesmos autores justificaram os resultados com as diferenças de desenvolvimento físico e maturação dos que nasceram mais cedo com os seus pares. Os alunos mais maduros apresentavam vantagens cognitivas e intelectuais que lhes concedia maior capacidade para aprender e alcançar. Este feito traz também consequências vantajosas a nível psicológico, pois confere ao aluno maior confiança e auto-estima, quando se comparam com as capacidades dos mais jovens do grupo, menos maduros física e cognitivamente.

Cobley, Abraham e Baker (2008), realizaram um estudo que envolveu 621 sujeitos, 317 do sexo masculino e 304 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 11 e os 14 anos de uma secundária do norte de Inglaterra no ano lectivo 03/04, com o objectivo de determinar se o efeito da idade relativa influenciava a performance nas aulas de EF e também a selecção para representar a escola no desporto escolar (DE). A primeira baseou-se nas observações realizadas pelos professores da EF, tendo sido verificado que existiam diferenças ao nível da capacidade dos alunos nas aulas quando avaliada a interacção entre sexos e indivíduos nascidos no mesmo ano académico, e que se encontravam com maior frequência alunos nascidos no primeiro quartil a representar as equipas de DE.

Do estudo destes mesmos autores, em relação às aulas de EF é importante salientar que, independente do efeito da idade relativa, os alunos mais velhos de um ano académico não apresentavam maiores níveis de capacidade que os alunos mais novos de um ano académico a cima. Demonstrou a importância da quantidade de tempo na escola e sugere uma característica do efeito da idade relativa na educaçãom, que é a especificidade dentro do mesmo ano académico. Tende a reflectir que com o decorrer do tempo nas aulas de EF, mesmo o aluno mais novo vai ter

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tempo para atingir níveis de maturação mais elevados, tendo cada vez mais oportunidades de experiência e prática nas mesmas.

No que diz respeito ao DE, o departamento de EF da escola foi também solicitado a fornecer informações acerca da participação desportiva dos alunos. Mais especificamente quais os alunos que tinham representado a escola pelo menos duas vezes nas modalidades de futebol, rugby, corfebol e “rounders”. Naqueles desportos em que se exige maior maturação física, em que potência, força e resistência são essenciais para performances de sucesso, mais concretamente no futebol e no rugby, o número de alunos participantes do sexo masculino pertencentes ao primeiro quartil foi significativamente elevado, estando sobre-representado. Nos outros desportos, também existia alguma tendência para se encontrarem mais alunos do sexo feminino pertencentes ao primeiro quartil, no entanto o valor não era significativo.

Para os alunos do mesmo ano de selecção, as estratégias de avaliação e selecção na escola vêm obedecendo aos princípios do efeito da idade relativa, tanto dentro como fora da sala de aula. Tanto nas aulas de EF, como na representação nas equipas de DE, foi verificado uma maior capacidade e maior recorrência por alunos mais velhos de acordo com o ano de selecção, enquanto que simultaneamente os mais novos eram desencorajados (Cobley, Abraham & Baker, 2008).

São vários os estudos já realizados acerca da influência do efeito da idade relativa no desporto jovem de alto rendimento, os factores que o concretizam e quais as suas consequências. No entanto pouca informação sobre o efeito da idade relativa nas escolas está disponibilizada, mais concretamente no processo de selecção dos participantes que representam as suas escolas nas equipas de DE. Por isso, será objectivo do presente estudo verificar se o DE em Portugal é também influenciado pelo efeito da idade relativa e, se sim, analisar quais os principais factores que contribuem para a existência do mesmo.

           

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2. METODOLOGIA

2.1 Amostra

Este estudo consiste numa análise de um total de 2698 alunos, 1297 do sexo masculino e 1401 do sexo feminino, que participaram na fase nacional do campeonato de DE nas edições de 2008 (n=854), 2009 (n=690), 2010 (n=358) e 2011 (n=796), na categoria de juvenis, nas modalidades de Andebol (n=371), Basquetebol (n=459), Voleibol (n=411), Futsal (n=345), Atletismo (n=753), Ginástica (n=237) e Natação (n=115). A amostra é constituída por alunos que nasceram entre 1991 e 2000. É de salientar que algumas das modalidades não se encontram completas ao longo dos quatro anos. Na modalidade de Futsal apenas foram considerados os alunos que participaram nas três primeiras edições, em Atletismo não estão presentes os alunos que participaram na edição de 2010, em Natação estão presentes todos os alunos das duas primeiras e edições e em Ginástica apenas das últimas duas edições. Na fase nacional de 2010 faltam alguns alunos de todas as modalidades colectivas e de atletismo. Por último, o consentimento de intervenção foi obtido por comunicação verbal com o Director do Gabinete Nacional de DE.

2.2 Procedimentos

Após a conversação e consentimento garantido por parte do Gabinete Nacional de DE, seguiu-se a recolha de dados junto do mesmo e dos coordenadores regionais de DE responsáveis pela organização das fases nacionais nas respectivas edições.

Todos os dados fornecidos encontravam-se em formato digital, consistiam nas classificações finais de cada edição e nas listagens dos alunos participantes, por escola ou equipa, com respectiva data de nascimento e modalidade que representavam.

Após recolha completa dos dados, os mesmos foram organizados numa grelha de cálculo do Microsoft® Office Excell® 2007, tendo sido registado para cada sujeito a modalidade que praticou, o sexo, o distrito onde pertencia a escola que representou, a respectiva classificação e a edição em que participou. Por último, o mais importante, a data de nascimento em que tivemos em conta o ano em que nasceu, o mês e o respectivo quartil. O primeiro quartil (1ºQ), engloba os meses de Janeiro, Fevereiro e

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Março, o segundo quartil (2ºQ), os meses de Abril, Maio e Junho, o terceiro quartil (3ºQ), Julho, Agosto e Setembro, e por último o quarto quartil (4ºQ), os meses de Outubro, Novembro e Dezembro.

Posteriormente, as modalidade foram ainda categorizadas de acordo com as características em comum, mais concretamente modalidades de equipa de invasão (MEI), de equipa de rede (MER), de especialização precoce (MEP), individuais de velocidade (MIV), individuais de resistência (MIR), de salto (MIS), de lançamento (MIL) e especialização precoce em meio aquático (MEPA).

Com as variantes devidamente organizadas seguiu-se o seu tratamento estatístico para cada sexo em separado de forma a verificar a existência, ou não, do fenómeno efeito da idade relativa nesta população, relacionado as diferentes variáveis com a data de nascimento dos alunos por quartil.

2.3 Variáveis do Estudo

A variável independente do estudo é determinada pela data de nascimento da amostra, mais concretamente do quartil a que corresponde o mês em que nasceu. Como já referido anteriormente, o 1ºQ englobará os meses de Janeiro, Fevereiro e Março, o 2ºQ os meses de Abril, Maio e Junho, o 3ºQ os meses de Julho, Agosto e Setembro, e por ultimo o 4ºQ os meses de Outubro, Novembro e Dezembro, seguindo assim o critério utilizado em estudos prévios e que têm vindo a ser analisados ao longo deste trabalho.

As variáveis dependentes do estudo estão categorizadas em modalidades tendo em conta a sua caracterização, o distrito onde pertence a escola representada e por último a classificação obtida.

As modalidades estão agrupadas de acordo com as particularidades que as caracterizam. São então classificadas em MEI, MER, MEP, MIV, MIR, MIS, MIL e MEPA.

Outra variável, os distrito foram agrupados primeiro segundo a sua localização, se no interior, se no litoral ou se ilhas, e segundo de acordo com o seu número de habitantes, estando assim divididos em mais de 1.000.000 de habitantes no litoral, 501.000 a 1.000.000 no litoral, 251.000 a 500.00 no litoral, menos ou igual a 250.000, 251.00 a 500.000 no interior, menos ou igual a 250.000 no interior e ilhas.

Por fim, a última variável dependente, a classificação final obtida pelos participantes estará agrupada em três grupos, o primeiro engloba os que conseguiram

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classificações entre o 1º e o 4º posto, o segundo entre o 5º e o 9º posto, e por último os que terminaram nos postos seguintes.

2.4 Tratamento e Análise Estatística

Para a testagem das hipóteses em estudo, recorremos a medidas de tendência central, designadamente as frequências e percentagens. Adicionalmente, incluímos nos procedimentos o valor do resíduo ajustado. No que diz respeito aos procedimentos inferenciais, recorremos ao teste Qui-Quadrado utilizando como variáveis independentes o tipo de desporto, o distrito onde nasceram os atletas e a classificação final das equipas. De forma semelhante ao que tem sido utilizado em estudos do efeito da idade relativa (ver Vincent & Glamser, 2006) assumimos a normalidade e equidade da distribuição das datas de nascimento. Os dados foram tratados através do programa SPSS 14.0 (SPSS Inc, Chicago, IL). O nível de significância foi de 5%.

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3. APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS

Os resultados são apresentados sob a forma de valores absolutos e percentagens, tendo sido analisados para cada sexo em particular o nível de influência do efeito da idade relativa nas diferentes variáveis estudadas.

Quadro 1 - Distribuição das datas de nascimento dos participantes por modalidade no sexo masculino. Data de nascimento por Quartil

Total 1ºQ 2ºQ 3ºQ 4ºQ de Pa rt ic ipantes do sexo

masculino por modalidade.

MEI

Valor absoluto 147 160 130 123 560

Percentagem (%) 26,3 28,6 23,2 22,0 43,2

Resíduo Ajustado (RA) -0,7 0,4 -1,4 1,9

MER Valor absoluto 51 66 56 34 207 Percentagem (%) 24,6 31,9 27,1 16,4 16,0 RA -1,4 1,3 0,7 -1,2 MEP Valor absoluto 26 19 24 22 91 Percentagem (%) 28,6 20,9 26,4 24,2 7,0 RA 0,3 -1,6 0,3 1,2 MIV Valor absoluto 53 42 30 15 140 Percentagem (%) 37,9 30,0 21,4 10,7 10,8 RA 3,0 0,5 -1,1 -2,8 MIR Valor absoluto 6 15 12 22 55 Percentagem (%) 10,9 27,3 21,8 40,8 4,2 RA -2,8 -0,1 -0,6 3,9 MIS Valor absoluto 41 38 33 15 127 Percentagem (%) 32,3 29,9 26,0 11,8 9,8 Valor residual 1,4 0,5 0,2 -2,3 MIL Valor absoluto 21 9 25 9 64 Percentagem (%) 32,8 14,1 39,1 14,1 4,9 RA 1,0 -2,6 2,6 -1,1 MEPA Valor absoluto 8 15 17 13 53 Percentagem (%) 15,1 28,3 32,1 24,5 4,1 RA -2,0 0,0 1,2 0,9

Total de participantes Valor absoluto 353 364 327 253 1297

Percentagem (%) 27,2 28,1 25,2 19,5 100

χ2 = 59,194; p=0,00

Quando relacionadas as datas de nascimento dos alunos do sexo masculino, por quartil, e as modalidades analisadas (ver quadro 1), podemos verificar que no geral existe uma tendência estatisticamente significativa (p≤0.05) para existir um maior número de participantes que nasceram na primeira metade do ano de selecção (55,3%) do que na segunda (44,7%). No entanto o comportamento não é o mesmo para cada modalidade específica. No caso das MEI, os resultados são a imagem do que aconteceu no geral, com o maior número de participantes a nascerem na primeira metade do ano de selecção (54,9%). Também se verifica o mesmo nas MIV, com 67,9% dos participantes a nascerem nos primeiros dois trimestres do ano de selecção,

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sendo ainda observado uma muito significativa diferença entre os valores do primeiro (37,9%) e último quartil (10,7%; RA = 3,0). Nas MER e MIS verificamos que o número de participantes nascidos no 4ºQ é reduzido quando comparado com os restantes (16,4 e 11,8%), com o maior número dos participantes a nascerem nos primeiros quartis no período de selecção. Também nas MIL o 4ºQ apresenta valores menores (14,1%), mas desta vez apenas quando comparado com o 1ºQ e 3ºQ (32,8 e 39,1%). O oposto é verificado nas MEPA e nas MIR, com a maior parte dos atletas a nascerem nos últimos dois quartis do ano de selecção (56,6 e 62,6%), sendo ainda observado nas MIR uma predominância de participantes nascidos no último quartil (40,8%; RA =3,9).

As datas de nascimento dos participantes nas MEP encontram-se espalhadas uniformemente pelo ano de selecção.

Ainda analisando a relação das datas de nascimento dos alunos com as modalidades, agora do sexo feminino (ver quadro 2), verificamos também aqui que no geral existe uma tendência estatisticamente significativa (p≤0.05) para existir um maior número de participantes que nasceram na primeira metade do ano de selecção (54,1%) do que na segunda (45,8%).

No seguimento desta análise, o mesmo é observado nas MEI com o maior número de participantes a nascerem na primeira metade do ano de selecção (56,1%) e com o último quartil do ano de selecção a ser representado por um número muito reduzido de alunos (16,9%; RA = -3,6). Também se verifica o mesmo nas MIV e nas MIL, com 52,9% e 61,5%, respectivamente, dos participantes a nascerem nos primeiros dois trimestres do ano de selecção, sendo ainda registado no 4ºQ um valor muito reduzido em ambos, 19,7 e 13,8%. Já nas MER, a superioridade de participantes nascidos na primeira metade mantém-se (54,8%), mas é no 3ºQ em que verificamos o valor mais reduzido (19,4%).

Nas MIS verificamos que o número de participantes se encontram principalmente no primeiro e terceiro quartil (32,4 e 30,4%) e nas MEPA a quantidade de participantes nascidos na primeira metade (66,7%) do ano de selecção é arrebatadoramente superior aos na segunda (33,3%).

O oposto é verificado nas MIR, com mais de metade dos atletas a nascerem no último quartil do ano de selecção (51,7%; RA=5,7).

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Quadro 2 - Distribuição das datas de nascimento dos participantes por modalidade no sexo feminino. Data de nascimento por Quartil

Total 1ºQ 2ºQ 3ºQ 4ºQ de Pa rt ic ipantes do sexo fem inin o por modalidade. MEI Valor absoluto 160 163 148 96 567 Percentagem (%) 28,2 28,7 26,1 16,9 100 RA 0,9 1,1 1,4 -3,6 MER Valor absoluto 67 71 48 66 252 Percentagem (%) 26,6 28,2 19,0 26,2 100 RA -0,1 0,4 -2,1 1,9 MEP Valor absoluto 38 37 39 46 160 Percentagem (%) 23,8 23,1 24,4 28,8 100 RA -1,0 -1,2 0,1 2,3 MIV Valor absoluto 37 38 39 28 142 Percentagem (%) 26,1 26,8 27,5 19,7 100 RA -0,2 -0,1 1,0 -0,6 MIR Valor absoluto 6 11 11 30 58 Percentagem (%) 10,3 19,0 19,0 51,7 100 RA -2,9 -1,4 -0,9 5,7 MIS Valor absoluto 33 21 31 17 102 Percentagem (%) 32,4 20,6 30,4 16,7 100 RA 1,3 -1,6 1,5 -1,3 MIL Valor absoluto 21 19 16 9 65 Percentagem (%) 32,3 29,2 24,6 13,8 100 RA 1,0 0,4 0,1 -1,6 MEPA Valor absoluto 15 21 6 12 54 Percentagem (%) 27,8 38,9 11,1 22,2 100 RA 0,1 2,0 -2,3 0,1

Total de participantes Valor absoluto 377 381 338 304 1400

Percentagem (%) 26,9 27,2 24,1 21,7 100

χ2 = 65,900; p=0,00

Também as datas de nascimento dos participantes nas MEP parecem encontrar-se espalhadas uniformemente pelo ano de selecção, com tendência para ser ligeiramente superiores nos dois últimos quartis (3ºQ=24,4%; 4ºQ=28,8%).

No que diz respeito à distribuição das datas de nascimento dos participantes do sexo masculino pelas regiões, de acordo com a seu grau populacional (ver quadro 3), podemos começar por verificar que a maioria dos participantes encontram-se nas zonas mais populacionais do litoral (69,5%) e nos distritos das regiões interiores com menos número de habitantes (19,7%).

Apesar dos resultados neste ponto não serem estatisticamente significativos (p>0,05), podemos verificar alguma tendência para em praticamente todas as zonas o número de participantes nascidos na primeira metade do ano de selecção ser superior ao da segunda metade.

Referências

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