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DANÇANDO NA ESCOLA : UM PROJETO DESENVOLVIDO PELO NÚCLEO DE ENSINO DO INSTITUTO DE ARTES DA UNESP

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Academic year: 2021

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“DANÇANDO NA ESCOLA”: UM PROJETO DESENVOLVIDO PELO NÚCLEO DE ENSINO DO INSTITUTO DE ARTES DA UNESP

Kathya Maria Ayres de GODOY1 Carolina BAZARIM2 Mariana BERGAMASSO3 Milena FILÁCOMO4 Roberta Cristina NININ5

Resumo: Apresentar o Projeto “Dançando na Escola” significa em primeiro lugar resgatar a história do projeto piloto “Desenvolvendo a Dança no Magistério”, pois foi por meio da implantação do piloto que conseguimos a estruturação deste. A partir dessa primeira experiência e após a avaliação feita entre os participantes do projeto piloto “Desenvolvendo a Dança no Magistério”, resolvemos ampliar o projeto incorporando algumas sugestões e assim iniciamos o projeto “Dançando na Escola”. Fez parte desta ampliação o realinhamento dos objetivos do projeto. Dessa maneira, o objetivo principal: levar a cultura da dança para a escola se desdobrou na reflexão sobre essa manifestação sociocultural, na possibilidade de aquisição de repertório motriz, no exercício e na descoberta do potencial criativo por meio de novas aprendizagens e na apreciação estética dessa linguagem artística. Para que esses objetivos fossem contemplados também foi preciso selecionar um número maior de alunos estagiários. Portanto participaram desse projeto quatro alunas estagiárias do curso de licenciatura em Educação Artística com Habilitação em Artes Cênicas do Instituto de Artes da Unesp. A parceria entre as instituições públicas se manteve, mas por sugestão da direção e vice-direção da escola, definimos quatro ações distintas e integradas que foram desenvolvidas no decorrer do ano de 2004. Definimos como ações artístico-pedagógicas um processo de capacitação docente para os professores da escola; o oferecimento de duas oficinas de dança para os alunos da escola, uma exposição de fotos sobre dança aberta à comunidade e a apresentação de um espetáculo de dança na quadra da escola para todo corpo escolar. Com o intuito de ampliar o repertório cultural e potencialidades criativas e expressivas dos participantes, o projeto esforçou-se não só por favorecer a prática da dança, mas também, por promover debates, com todos que pertencem à escola, nos âmbitos da arte, estética, cultura, filosofia, realidades históricas e sociais dos participantes por meio da apreciação estética das manifestações artísticas presentes na sociedade. Nessa medida, procuramos o envolvimento da comunidade nas atividades propostas pelo projeto que também se manifestou por meio dos registros deixados na exposição de fotos e pelas conversas dentro e na porta da escola. Mas o que nos pareceu mais significativo foi o amadurecimento profissional das alunas estagiárias, pois relataram ao passar pelas quatro ações propostas pelo projeto que este proporcionou um olhar diferenciado para a realidade da escola pública e da docência.Talvez o que tenha sido mais significativo para todos os envolvidos com o projeto foi a manifestação dos alunos no dia da apresentação do grupo convidado. Eram mais de quatrocentas pessoas em absoluto silêncio, dentre as quais algumas estavam visivelmente emocionadas. O depoimento do diretor do grupo, professor Ferron traduz o que aconteceu: “eu percebi enquanto estava dançando o olhar desses meninos, eles me pegaram, foi sutil, o ar se tornou denso e ao mesmo tempo leve”; “eu vi, eu senti que eles compreenderam a proposta do trabalho, temos que ocupar esse espaço porque ele existe...”

Palavras-chave: projeto; dança; dança na escola.

1Docente do Departamento de Artes Cênicas, Educação e Fundamentos da Comunicação – Disciplinas: Expressão Corporal I e II;

Técnicas de Teatro e de Dança I e II (Instituto de Artes/UNESP/São Paulo), Coordenadora do Projeto Dançando na Escola.

2Aluna colaboradora do 3° ano do curso de licenciatura em Educação Artística com habilitação em Artes Cênicas do Instituto de Artes

da Unesp

3Aluna colaboradora do 4° ano do curso de licenciatura em Educação Artística com habilitação em Artes Cênicas do Instituto de Artes

da Unesp

4Aluna bolsista do 4° ano do curso de licenciatura em Educação Artística com habilitação em Artes Cênicas do Instituto de Artes da

Unesp.

5Aluna bolsista do 4° ano do curso de licenciatura em Educação Artística com habilitação em Artes Cênicas do Instituto de Artes da

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APRESENTAÇÃO

Apresentar o Projeto “Dançando na Escola” significa em primeiro lugar resgatar a história do projeto piloto “Desenvolvendo a Dança no Magistério”, pois foi por meio da implantação do piloto que conseguimos a estruturação deste.

O projeto piloto “Desenvolvendo a Dança no Magistério” foi gestado a partir da constatação de que a linguagem da dança faz parte do cotidiano das pessoas como uma manifestação sociocultural, mas não é trabalhada no universo escolar como uma possibilidade de reflexão sobre aspectos relacionados ao corpo e ao movimento expressivo. Por outro lado oportunizar a descoberta da motricidade e de novas aprendizagens de maneira criativa poderia instrumentalizar futuros educadores da rede pública.

Por isso o projeto piloto preocupou-se em desenvolver um curso específico para os alunos do magistério. Portanto para que o projeto piloto fosse implantado foi estabelecida uma parceria entre o Instituto de Artes da Unesp e a Escola Estadual Alexandre de Gusmão.

Essa escola localiza-se em uma região carente da cidade de São Paulo, a caminho da favela Heliópolis, caracterizando-se como uma escola de passagem que atende moradores estudantes dessa região.

Para que o projeto piloto fosse implantado, inicialmente pesquisamos a região, conversamos com os alunos da escola e com o corpo escolar a fim de que essa parceria acontecesse de fato. Posteriormente conversamos com a professora responsável pela disciplina de Prática de Ensino do Instituto de Artes para que pudéssemos aliar o projeto a essa disciplina, possibilitando aos alunos do Instituto de Artes o cumprimento do estágio obrigatório.

Assim implantamos o projeto piloto em 2003, com a participação de várias pessoas: a coordenadora do projeto, a professora de Prática de Ensino, duas alunas do curso de licenciatura em Educação Artística com habilitação em Artes Cênicas do Instituto de Artes, doze alunas do curso de magistério da Escola Estadual Alexandre de Gusmão, vinte professores da escola, direção e vice-direção que mostraram um imenso compromisso com essa parceria.

Os resultados foram positivos, pois as alunas estagiárias relataram que houve um desenvolvimento pessoal e profissional, que revelou que o projeto aliado à prática de ensino pode ser uma alternativa interessante de cumprimento de estágio. As alunas do magistério em seus depoimentos relataram que o curso forneceu a elas o instrumental necessário para o trabalho na escola. O corpo escolar se integrou ao projeto e trouxe a comunidade para participar dos eventos que foram feitos na escola como as apresentações das alunas do magistério e dos grupos convidados.

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O Projeto “Dançando na Escola”

A partir dessa primeira experiência e após a avaliação feita entre os participantes do projeto piloto “Desenvolvendo a Dança no Magistério”, resolvemos ampliar o projeto incorporando algumas sugestões e assim iniciamos o projeto “Dançando na Escola”.

Fez parte desta ampliação o realinhamento dos objetivos do projeto. Dessa maneira, o objetivo principal: levar a cultura da dança para a escola se desdobrou na reflexão sobre essa manifestação sociocultural, na possibilidade de aquisição de repertório motriz, no exercício e na descoberta do potencial criativo por meio de novas aprendizagens e na apreciação estética dessa linguagem artística.

Para que esses objetivos fossem contemplados também foi preciso selecionar um número maior de alunos estagiários. Portanto participaram desse projeto quatro alunas estagiárias do curso de licenciatura em Educação Artística com Habilitação em Artes Cênicas do Instituto de Artes da Unesp.

A parceria entre as instituições públicas se manteve, mas por sugestão da direção e vice-direção da escola, definimos quatro ações distintas e integradas que foram desenvolvidas no decorrer do ano de 2004.

Procuramos oferecer essas ações a todas as pessoas envolvidas com o projeto e não somente aos alunos do magistério, para que todos pudessem participar em diferentes esferas de atuação.

Procedimentos metodológicos As ações

Definimos como ações artístico-pedagógicas um processo de capacitação docente para os professores da escola; o oferecimento de duas oficinas de dança para os alunos da escola, uma exposição de fotos sobre dança aberta à comunidade e a apresentação de um espetáculo de dança na quadra da escola para todo corpo escolar.

A capacitação dos professores ocorreu no horário das reuniões de HTPC (horário de trabalho pedagógico coletivo) da escola. Nesses momentos a coordenadora do projeto dirigiu as reuniões junto com as estagiárias apresentando textos proporcionando discussões sobre a importância da introdução da linguagem da dança no espaço escolar. Dessa forma foi possível estabelecer uma articulação entre a proposta do projeto e o corpo escolar, o que facilitou o trânsito da alunas estagiárias na escola e o acontecimento das outras ações.

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Como segunda ação oferecemos duas oficinas de dança. A primeira foi uma oficina de dança-teatro: “Você tem fome do que?” que ocorreu no início do ano. Essa oficina foi idealizada pelas quatro estagiárias e objetivou apresentar aos alunos da escola a dança como uma linguagem expressiva e comunicativa, por isso a junção da dança ao teatro e a provocação “Você tem fome do que?”. A outra oficina “Dance senão estamos perdidos” ocorreu no segundo semestre e procuramos trabalhar com aquisição de repertório motriz por meio de improvisações criativas e exercícios sistematizados. Como ambas foram oferecidas a todos alunos do ensino médio, o desafio estiveram presentes na preparação dessas oficinas levando em consideração não só os objetivos definidos para a aprendizagem, mas também a motivação e o interesse dos adolescentes.

A apreciação estética foi o foco das duas ações que se seguiram.

A exposição de fotos de dança foi aberta à comunidade. Essas fotos foram selecionadas pelos alunos da escola e pelas estagiárias. Adicionamos depoimentos, poesias e imagens de manifestações da cultura popular brasileira à exposição que foi montada no saguão principal da escola, por onde todos passam diariamente. Deixamos também um livro de registros para que as pessoas pudessem escrever sobre o que estavam visualizando. A exposição se manteve por três semanas e os depoimentos registrados revelaram diferentes olhares sobre a dança.

A quarta ação envolveu toda a escola no período matutino. Cerca de quatrocentas pessoas assistiram a apresentação de dança “Das flores, não mais falam os jardineiros” exibida pelo do Núcleo de Pesquisa do Centro de Dança de Santo André. A apresentação ocorreu na quadra da escola e apesar da quantidade de alunos presentes nas arquibancadas, o silêncio foi geral. Todos estiveram atentos em uma manifestação de respeito e apreciação à obra artística.

CONCLUSÃO

Vivemos em uma sociedade que contribui para a formação de pessoas fragmentadas, as quais se especializam em determinadas atividades, em um tipo de raciocínio, hipertrofiam algumas funções cerebrais e partes do corpo em detrimento de outras. Pessoas condicionadas pelo bombardeio diário de informações provenientes dos meios de comunicação e da cultura de massa, as quais impõem modelos prontos e influenciam diretamente na capacidade de percepção e atuação na sociedade (Godoy, 2004).

Neste sentido, a prática da dança é uma forma de resgatar e ampliar a percepção das pessoas, a partir da ampliação da consciência corporal, buscando favorecer a integração do corpo, mente e emoções por meio do contato com essa manifestação artística. Por isso, achamos

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de capital importância que a linguagem da dança entre nas escolas públicas. O que nos parece a melhor alternativa para democratizar uma linguagem tão elitizada dentro da realidade sócio-econômica brasileira.

Com o intuito de ampliar o repertório cultural e potencialidades criativas e expressivas dos participantes, o projeto esforçou-se não só por favorecer a prática da dança, mas também, por promover debates, com todos que pertencem à escola, nos âmbitos da arte, estética, cultura, filosofia, realidades históricas e sociais dos participantes por meio da apreciação estética das manifestações artísticas presentes na sociedade. Nessa medida, procuramos o envolvimento da comunidade nas atividades propostas pelo projeto que também se manifestou por meio dos registros deixados na exposição de fotos e pelas conversas dentro e na porta da escola.

Mas o que nos pareceu mais significativo foi o amadurecimento profissional das alunas estagiárias, pois relataram ao passar pelas quatro ações propostas pelo projeto que este proporcionou um olhar diferenciado para a realidade da escola pública e da docência. Elas disseram que não imaginavam como seria a resposta do corpo docente da escola em relação à capacitação e que tinham uma idéia pré-concebida de que esses professores talvez não se interessassem por projetos artísticos: “ainda bem que nos enganamos”.

Um outro aspecto foi o fato de ter que elaborar e ministrar aulas para alunos do ensino médio: “puxa, eles são exigentes, temos que alterar a estratégia a todo o momento, pois a concentração é pequena”; “eles perguntam sobre o objetivo de cada atividade, temos que ter uma super clareza do que vamos propor”; “dependendo do que falamos ou propomos, eles travam”.

Outro aprendizado para as estagiárias se deu em função da percepção das implicações de se trabalhar em grupo e estabelecer relações interpessoais que são importantes no exercício da docência: “precisamos tomar cuidado na condução das aulas, acho que por estarmos em quatro é necessário que a gente estabeleça quem conduz a aula e em que momento isso deve acontecer”.

Talvez o que tenha sido mais significativo para todos os envolvidos com o projeto foi a manifestação dos alunos no dia da apresentação do grupo convidado. Eram mais de quatrocentas pessoas em absoluto silêncio, dentre as quais algumas estavam visivelmente emocionadas. O depoimento do diretor do grupo, professor Ferron traduz o que aconteceu: “eu percebi enquanto estava dançando o olhar desses meninos, eles me pegaram, foi sutil, o ar se tornou denso e ao mesmo tempo leve”; “eu vi, eu senti que eles compreenderam a proposta do trabalho, temos que ocupar esse espaço porque ele existe...”

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BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, Laurinda Ramalho de & PLACCO, Vera Maria Nigro de Souza (Orgs.). As relações interpessoais na formação de professores. São Paulo. Edições Loyola, 2002.

BARBOSA, Ana Mae (Org.). Inquietações e mudanças no ensino da arte. São Paulo. Cortez Editora, 2002.

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DE CAMILLIS, Maria de Lourdes. Criação e docência em arte. São Paulo. PUC-SP. Tese de doutorado, 1997.

FERRAZ, Maria Heloísa Corrêa de Toledo e FUSARI, Maria F. de Rezende e. Metodologia do ensino de arte. São Paulo. Cortez Editora, 1993.

GODOY, Kathya Maria Ayres. “Dançando na Escola”: o movimento da formação do professor de arte. São Paulo. PUC-SP. Tese de Doutorado, 2003.

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MARQUES, Isabel A. Ensino de dança hoje, textos e contextos. São Paulo. Cortez, 1999.

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Referências

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