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AS TRAMAS SOCIOESPACIAIS DO AGRONEGÓCIO NO SUDESTE GOIANO

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AS TRAMAS SOCIOESPACIAIS DO AGRONEGÓCIO NO SUDESTE GOIANO

Patrícia Francisca de Matos – UFU – patriciamatos@pontal.ufu.br Vera Lucia Salazar Pessoa - UFU – verinha.salazar@hotmail.com

INTRODUÇÃO

A territorialização do capital no espaço agrário do Sudeste Goiano ocorreu na década de 1980, (re)estruturando as relações de produção em conseqüência das “novas lógicas” que se instalaram, marcadas pelo uso intenso da ciência, tecnologia e informação, e pela especialização produtiva, principalmente a produção de grãos, como soja e milho. Em decorrência, as transformações ambientais, sociais e espaciais foram consolidadas, visíveis de forma material na paisagem e/ou também não visíveis, mas que estão constituídas nas relações sociais.

Vale ressaltar que, a consolidação e expansão da agricultura moderna no Brasil ocorreu dentro de uma conjuntura da modernização do território. Por isso, alguns estudiosos, como Mendonça (2004) e Chaveiro (2008), defendem que a modernização da agricultura deve ser pensada a partir da modernização do território. Todo esse processo não seria possível sem a construção de infra-estruturas para viabilizar a circulação de pessoas, mercadorias e informações. Aliado a isso, é importante considerar, também, que a modernização da agricultura faz parte do processo de modernização do território. E para o capital, este último deve ser constante, permitindo assim, os fluxos.

Nesse contexto, o presente trabalho objetiva realizar algumas reflexões sobre as metamorfoses socioespaciais decorrentes da expansão do agronegócio no Sudeste Goiano, buscando desvendar a lógica contraditória dos usos do território pelos agentes do capital, assim como as novas territorialidades intrínsecas desse processo. Para alcançar os objetivos, elegemos a abordagem qualitativa com revisão teórica e pesquisa de campo, com coleta de dados em fontes primárias e secundárias. Importante frisar que para analisar as transformações socioespaciais e ambientais além do que está visível, é necessário desvendar o que está camuflado por trás dos dados quantitativos da produção, das inovações tecnológicas, das imensas lavouras e do próprio mito de que o agronegócio é um negócio

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promissor para o desenvolvimento econômico, porque entre outros atributos moderniza o campo brasileiro.

RESULTADOS PRELIMINARES

A territorialização da agricultura moderna, expressa por meio do agronegócio, seja da soja, da cana-de-açúcar ou do eucalipto mostra as evidências e as marcas desse processo nas relações sociais de produção do campo, com aumento da produção, da produtividade com a incursão de novas culturas, novos métodos e tecnologias, assim como a exclusão de muito sujeitos (trabalhadores/produtores) desse fenômeno. Tal fato demonstra a expansão do capitalismo no campo que, a favor da ampliação do capital, produz, exclui e degrada. Essas três palavras caracterizam o agronegócio de uma forma geral, seja no Cerrado Goiano, no Cerrado Mineiro ou em outro lugar no qual o agronegócio é territorializado.

A inserção de monoculturas como a soja, o milho e o algodão nos municípios do Sudeste Goiano, seguramente, acompanhou as transformações da reestruturação produtiva do Brasil nos últimos quarentas anos e, de forma particularizada, no Cerrado desde os anos de 1970. No caso da soja, tornou-se para a economia brasileira, grãos valiosos, de forma que tanto para o poder público quanto para o privado são canalizados investimentos para obter aumento de produção e produtividade. Para se ter uma idéia, no Brasil, conforme dados do IBGE, na década de 1970 produziam-se em 2.185.832 hectares, e em 2008, a área totalizou 21.063.721 hectares, o que significa um aumento de 18.877.889 hectares.

No Sudeste Goiano, as monoculturas predominantes são os cultivares de soja. Alguns municípios apresentam produções mais volumosas em relação a outros. Dentre os municípios produtores de soja, Catalão ocupou, em 2008, o 1º lugar, apresentando 243.200 toneladas; seguido por Ipameri, com 214, 400 toneladas; Campo Alegre 177.840 toneladas e Silvânia com 156.000 toneladas. No ranking da produção de milho, destacam-se os municípios de Ipameri e Catalão que, em 2008, produziram 123.600 e 109.104 toneladas, respectivamente. Além da soja e do milho, encontra-se produção relevante de outros produtos, como a cana-de-açúcar, o algodão, o café, o trigo, o sorgo e o feijão. Os três últimos são cultivares que, habitualmente, ocupam a área cultivada no processo de irrigação.

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A cana-de-açúcar é um cultivo expressivo no município de Ipameri por conta da Usina de Álcool presente nesse município. No ano de 2007, foram produzidas 243.200 toneladas. A área da produção de algodão é significativa em Campo Alegre de Goiás e Ipameri em virtude da instalação de indústrias de beneficiamento de algodão, dentre elas a Agrofava ,localizada em Campo Alegre, e a Algodoeira Califórnia, em Ipameri. No ano de 2007, neste município, a produção ocupou uma área de 8. 600 hectares e em Campo Alegre 4.700 hectares. Esses dois municípios juntos, de acordo com dados do IBGE de 2007, contribuíram com, aproximadamente, 16% da área plantada de Goiás.

O café é um cultivo de grande importância econômica para algumas empresas rurais de Campo Alegre, Ipameri e Catalão, apesar de não ser atividade principal. Trata-se de um produto utilizado como alternativa técnica e econômica para diversificar a produção. Técnica, em virtude das condições físicas dos solos que exigem a rotação de culturas e econômica porque mais de um cultivo permite agregar valor à terra durante todo ano e pode estar isento de crises de mercado quando se produz apenas uma cultura.

As áreas destinadas ao cultivo do café nas empresas rurais giram em torno de 600 a 800 hectares, área relativamente pequena se comparada com outros cultivares, como a soja e o milho. Porém, são lavouras que geram movimento de capital com adoção de tecnologias em todo o processo produtivo. Algumas empresas se destacam pela certificação de qualidade do produto, tendo reconhecimento nacional e internacional. No Sudeste Goiano, três municípios apresentam produção significativa. Em 2007, foram responsáveis por, aproximadamente, 26% da produção auferida no Cerrado goiano. O destaque foi para o município de Campo Alegre, que atingiu produção de 1.728 toneladas, Ipameri com 1.680 toneladas e Catalão, com 1.560 toneladas.

No Projeto Paineiras – PRODECER, localizado nos municípios de Ipameri e Campo Alegre, nas áreas de chapada desse território, além da soja, está territorializada a produção de hortifrutigranjeiros, como tomate, cebola, batata, entre outros. A batata e a cebola utilizada, principalmente, no processo de irrigação têm liderado a produção dos hortifrutigranjeiros. No ano de 2007, conforme dados da Produção Municipal do IBGE, foram produzidas 2.000 toneladas de cebola no município de Ipameri e 17.000 toneladas em Campo Alegre de Goiás. Quanto à produção de batata, esta foi de 3.200 toneladas em Ipameri e 38.000 toneladas em Campo Alegre.

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Além das monoculturas referidas, expandem-se, consideravelmente, o agro-reflorestamento, devido à territorialização de empresas de reflorestamento de eucalipto e pinus. Presentes no município de Catalão e Ipameri há mais de vinte anos, duas empresas rurais se consolidaram no plantio de eucalipto e pinus. Em Catalão, a empresa Vale do Rio Grande é responsável por cerca 12.000 hectares de floresta plantada. O empreendimento foi iniciado no final da década de 1980 nas áreas de chapada do município com plantio de pinus e, recentemente, também cultivam eucalipto. A Empresa Brasil Verde, com sede no município de Ipameri, maneja em uma área com 116.000 hectares nos município de Ipameri, Campo Alegre e Cristalina. Atua na produção de lenha e cavaco, eucalipto, carvão vegetal para a siderurgia e madeira serrada para a fabricação de pallets. A produção dessa empresa é destinada às mineradoras de Catalão, armazéns de grãos do estado de Goiás e Minas Gerais e Siderurgia em Minas Gerais.

Em Catalão, além da Empresa Vale do Rio Grande, a Angloamérica também possui o setor de reflorestamento responsável por plantar eucaliptos para atender parte de sua demanda de madeira (usam a lenha para alimentar fornos que fornecem calor para a secagem do minério e para a metalurgia do nióbio). As florestas são plantadas nos municípios de Catalão e Ouvidor, somando aproximadamente 4.000 hectares.

Os dados da tabela 1 mostram os municípios de destaque em Goiás na produção de carvão vegetal, lenha e madeira em tora. Na produção de lenha e carvão vegetal, municípios do Sudeste Goiano apresentam números expressivos no quadro da produção, com destaque para Ipameri e Catalão, justamente os municípios onde estão territorializadas as empresas rurais de reflorestamento. As áreas de reflorestamento também estão espacializadas em municípios goianos com as maiores empresas mineradoras. Em Barro Alto, Catalão, Ouvidor e Niquelândia há produção expressiva de lenha, em função da demanda dessas empresas.

O eucalipto é uma planta utilizada no território brasileiro para o sistema de reflorestamento, como matéria-prima para a produção de carvão, lenha, madeira, celulose, óleo, entre outros. Com isso, a área de plantação é crescente ano a ano. A expansão da eucaliptocultura faz parte da dinamização do agronegócio, gerando, portanto, diversos problemas socioambientais.

Tabela 1- Goiás: municípios que se destacam na silvicultura-2004

Carvão vegetal Lenha Madeira em tora

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Alto Paraíso de Goiás 281 20 1.500

Anápolis - 2.800

-Barro Alto - 12.000

-Campo Alegre de Goiás 1.900 32.000

-Catalão 1.100 260.000 20.000 Cristalina 500 - -Davinópolis - 1.600 -Ipameri 10.350 350.000 -Leopoldo de Bulhões - 2.500 -Niquelândia 515 139.500 -Orizona - 2.720 -Ouvidor - 4.000 -Rio Verde - 97.830

-São João D'Aliança 5.300 6.300

-Silvânia 65 22.600

-Vianópolis - 1.500

-Estado de Goiás 20.011 935.370 21.500

Fonte: IBGE, SEPLAN-GO / SEPIN / Gerência de Estatística Socioeconômica – 2005. Org.: MATOS, P. F., 2009.

Assim como outras monoculturas, a expansão do eucalipto como forma de regularização florestal tem gerado divergências quanto aos aspectos negativos e positivos Os que defendem o cultivo de eucalipto argumentam como aspectos positivos a diminuição da retirada da vegetação nativa dos biomas brasileiros e preservação destes, alternativas de oferta de madeira, absorção de CO2 da atmosfera. Os aspectos negativos estão ligados à questão ambiental, sobretudo, à piora do déficit hídrico, pois o eucalipto é uma planta consumidora de grande quantidade de água, o que ocasiona a redução da fertilidade do solo. Os efeitos sociais assentam-se na concentração de terras, monopolização do território pelo capital e também na oferta de mão-de-obra, visto que a mecanização do corte tem diminuído a oferta.

Nesse contexto, observa-se que as empresas rurais especializam o território para o acúmulo do capital. No caso do Sudeste Goiano, a especialização produtiva consolidou-se em maior proporção em torno da produção de soja. Nos últimos anos, essa especialização tomou novos rumos, com a territorialização das sementes de soja transgênicas. A soja transgênica , desde sua liberação, tem expandido a produção em detrimento da soja convencional. No estado de Goiás, cerca de 90% da soja plantada é geneticamente modificada (JORNAL O POPULAR, 2009). Nos municípios do Sudeste Goiano, os produtores têm aderido ao plantio da soja transgênica para beneficiamento e comercialização

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de grãos e para a comercialização de sementes. Nos municípios de Campo Alegre, Ipameri e Catalão há empresas rurais que especializaram-se, sobretudo, na produção de sementes para comercialização. Nessas empresas, segundo dados das mesmas, em torno de 70% das sementes produzidas são transgênicas.

A evolução dos transgênicos desde a liberação foi contínua. E ela tá a cada dia mais crescente. Eu acredito que daqui a três anos estaremos com produção de 90% transgênica e 10% convencional. Hoje estamos produzindo 65% de transgênicos e 35 de soja convencional. (ALDO AUGUSTO COSTA).

Somos adeptos de tecnologia, por isso, desde a liberação estamos aderindo a produção de transgênicos e a cada ano a produção está aumentando. Estamos com cerca de 70% da produção de transgênicos e o restante da convencional. (FERNANDO FREITAS).

A inserção de muitos municípios do Sudeste Goiano no modelo produtivista do agronegócio promoveu mudanças não apenas na produção em si, mas em todos os aparatos necessários para a potencialidade produtiva como o uso intensivo de máquinas, insumos, fertilizantes, armazenamento, tecnificação e especialização do trabalho, enfim, elementos que atendem as territorialidades do agronegócio e promovem a modernização do território.

Além da paisagem que ilustra as transformações causadas pela territorialização do capital, os dados comprovam indicadores da modernização da agricultura e do território. A mecanização é espelhada pelo expressivo aumento de tratores nos municípios, em todos os anos analisados. Pires do Rio é o município que apresenta a menor quantidade de tratores. Esse fato é explicado pelas condições físicas do relevo, que não possibilitaram a territorialização da agricultura moderna em moldes empresariais. Nos demais municípios, a expansão mais significativa ocorreu entre 1980 e 1996, em que Campo Alegre de Goiás teve crescimento de 275%, Catalão, 317%, Ipameri, 229% e Orizona, 526%, como mostra o gráfico 1.

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Gráfico 1- Campo Alegre de Goiás, Catalão, Ipameri, Orizona e Pires do Rio: evolução do número de tratores 1970 - 2006 (anos selecionados).

Fonte: IBGE - Censo Agropecuário de Goiás de 1970, 1980, 1996 e 2006. Org: MATOS, P. F., 2009.

A evolução do número de tratores nos municípios citados no gráfico 1 seguiu a tendência de crescimento do estado de Goiás e da região Centro-Oeste. Goiás, em 1970, tinha apenas 5.692 unidades, passando a contar, em 1980, com 27.600, um crescimento de 384%. Nesse mesmo período, na região Centro-Oeste, o aumento foi de 513%. Nos anos posteriores, a frota de tratores no Centro-Oeste sofreu aumento expressivo, acompanhando a ordem de crescimento de outras regiões do Brasil. A região Centro-Oeste constitui, conforme dados do IBGE, a terceira região do país em quantidade de tratores, apresentando, em 2006, o total de 127.485 unidades, perdendo para o Sul com 347.008 e Sudeste com 256.910. Goiás é o estado que apresentou, nos dados censitários de 2006, a maior frota, da região, totalizando 44.832. Esses dados demonstram o aumento da mecanização agrícola no Brasil e, de forma particularizada, no território goiano. Além do aumento expressivo de tratores, é salutar lembrar que o nível tecnológico desses equipamentos também sofre alterações constantemente visando aumentar o desempenho da produtividade do trabalho.

No Sudeste Goiano, pelos dados censitários do IBGE de 2006, observa-se que o uso de tratores em Goiás está mais concentrado em propriedades maiores, superior a 50 hectares. Dos municípios pesquisados, Campo Alegre apresenta a maior concentração de uso de tratores em propriedades maiores. Das 64 propriedades que se declaram utilizar a força mecânica de tratores, 48, isto é, 75%, estão em propriedades superiores a 200 hectares. Em seguida, Ipameri lidera essa concentração com cerca de 60% das propriedades acima de 200

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hectares na utilização de tratores. Em Catalão, as propriedades com esse quantitativo de terras correspondem a 26% e, em Pires do Rio correspondem a menos de 10%. Orizona é o município com menos concentração. Além de ser o município com mais estabelecimentos que utilizam tratores, as propriedades de 10 a menos de 50 hectares ficaram com, aproximadamente, 45%. As propriedades com mais de 200 hectares, que utilizam tratores, correspondem a 15% (Tabela 2).

Tabela 2- Catalão, Campo Alegre de Goiás, Ipameri, Orizona e Pires do Rio: número de estabelecimentos que utilizam tratores- 2006

Área (ha) Catalão Campo

Alegre Ipameri

Orizona * Pires do Rio * Mais de 0 a menos de 10 34 0 5 35 9 De 10 a menos de 50 86 3 23 202 13 De 50 a menos de 100 39 4 23 82 20 De 100 a menos de 200 28 9 35 61 15 De 200 a menos de 500 20 24 68 56 15 De 500 a menos de 1.000 21 13 37 8 1 Acima de 1.000 26 11 31 5 5 Total 254 64 222 449 80

Fonte: IBGE- Censo Agropecuário de 2006. Org.; MATOS, P. F., 2009.

* Orizona- 1 produtor não declarou a área; em Pires do Rio, 2 produtores também não declararam a área.

A observação de outros dados, como a estrutura fundiária (Tabela 3), permite conclusões semelhantes em relação à utilização de tratores. Em todos os municípios, predominam as propriedades com até 160 hectares, classificadas pelo INCRA como pequenas. Porém, quando observa-se o tamanho da área, identifica-se a concentração de terras nas médias e grandes propriedades, com exceção do município de Orizona, cujas pequenas propriedades têm uma participação de 43, 48% da área total. As grandes propriedades desse município compreendem apenas 16,26%. Situação oposta à realidade de Campo Alegre, onde 64,44% da área está concentrada pelas grandes propriedades e somente 7,28% nas pequenas propriedades. Em seguida, o município de maior concentração de terras nas grandes propriedades é Ipameri. 53,87% da área é abrangida pelas grandes propriedades, 35,44% pelas médias e 10,69% pelas pequenas. Em Catalão, a estrutura fundiária registrou-se característica semelhante a de Campo Alegre e Ipameri, pois 40,10 % da área total de imóveis são constituídas por grandes propriedades contra 25,73 % de

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pequenas propriedades, sendo que estas não ultrapassam 160 hectares. Esses dados evidenciam a concentração de terras pelas médias e grandes propriedades, em decorrência, principalmente ao processo de modernização do campo.

Tabela 3- Campo Alegre de Goiás, Catalão, Ipameri, Orizona e Pires do Rio: imóveis cadastrados no INCRA, outubro de 2003.

M u n i c í p i o /

Classificação Classe de área

Imóveis Área

Total % Total %

Campo Alegre

Pequena propriedade de 0 a 112 281 42,38 15.198,90 7,28 Média propriedade Mais de 112 a 420 261 39,36 59.045,90 28,28 Grande propriedade Mais 420 121 18,26 134.581,20 64,44 Total 663 100 208.826,00

Catalão

Pequena propriedade de 0 a 160 1.787

77,62 91.976,70 25,73 Média propriedade Mais de 160 a 600 404 17,55 122.140,80 34,17 Grande propriedade Mais 600 111 4,83 143.389,60 40,10 Total 2.302 100 357.507,10 100

Ipameri

Pequena propriedade de 0 a 160 717

51,58 47.014,30 10,69 Média propriedade Mais de 160 a 600 491

35,33 155.699,90 35,44 Grande propriedade Mais 600 182 13,09 236.699,30 53,87 Total 1.390 100 439.413,50 100

Pires do Rio

Pequena propriedade de 0 a 140 483

72,96 24.061,40 27,94 Média propriedade Mais de 140 a 525 153 23,11 39.355,70 46,26 Grande propriedade Mais 525 26

3,93 22.682,90 26,34

Total 662 86.100,00 100

Orizona

Pequena propriedade de 0 a 140 1.790 83,72 80.827,90 43,48 Média propriedade Mais de 140 a 525 313

14,63 74.832,00 40,25 Grande propriedade Mais 525 35

1,63 30.236,10 16,26 Total 2.138 100 185.896,00 100

Fonte: INCRA, 2003.

Elaboração: SEPLAN-GO/SEPIN/Gerência de estatística socioeconômica, 2005. Org.: MATOS, P. F., 2009.

Nota: pequena propriedade: até 4 módulo fiscal. Média propriedade: mais de 4,1 a 15 módulo fiscal. Grande propriedade: mais de 15,1 módulo fiscal.

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1 módulo fiscal : 0-4 ha.

A concentração também é verificada no número de estabelecimentos (Tabela 4) que cultivam soja, principal atividade do agronegócio do Sudeste Goiano, conforme já abordado. Em todos os municípios analisados, o número de estabelecimentos que cultivam a soja é reduzido em comparação à quantidade produzida pelo município, demonstrando que o cultivo é concentrador. Em Catalão, dos 220 estabelecimentos que declaram cultivar lavouras temporárias, apenas 58, ou seja, aproximadamente 26%, produzem soja. Em Ipameri e Orizona, cerca de 30% e 27%, respectivamente. O município de Campo Alegre registrou o menor número de estabelecimentos de produção de lavoura temporária. Desse total, 49% cultiva soja.

Tabela 4-Catalão, Campo Alegre de Goiás, Ipameri e Orizona: número de estabelecimentos de lavoura temporária e de cultivo de soja.

Municípios Lavoura temporária Soja

Catalão 220 58

Campo Alegre 81 40

Ipameri 171 56

Orizona 181 49

Fonte: IBGE- Censo Agropecuário de 2006. Org.; MATOS, P. F., 2009.

Valendo-se das reflexões realizadas, é importante observar que não se trata de uma realidade local, mas de uma situação relacionada ao processo concernente a territorialização do capital nas áreas de Cerrado. Assim, observamos que há características comuns em todos os municípios onde houve a territorialização da agricultura moderna. Mas, o processo apresenta singularidades notáveis, porque, ao mesmo tempo em que faz parte da totalidade espacial, apresenta especificidades em função dos processos históricos e de seus atores sociais.

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O agronegócio deve ser concebido com uma versão contemporânea do capitalismo no campo, correspondendo a um modelo no qual a produção é organizada a partir de aparatos técnico-científicos, grandes extensões de terras, pouca mão-obra, predomínio da monocultura, dependência do mercado no quanto e como produzir, enfim, em empresas rurais. Assim, o agronegócio enquanto parte da reestruturação produtiva do capital no espaço agrário nacional e no processo de organização do território, carrega em seu bojo, as formas de reprodução das relações sociais de produção capitalista. É por meio das territorialidades da agricultura moderna que se pode constatar com veemência a lógica (re)produtiva do capital nos lugares e nos territórios.

No Sudeste Goiano, esse processo redesenhou o espaço agrário de muitos municípios e, conseqüentemente, as relações de produção, com a substituição de culturas, concentração de terras e substituição de produtores, em muitos casos, camponeses por empresários rurais. Com isso, um novo cenário foi dado à paisagem rural de vários municípios, principalmente nas áreas de chapadas, com territorialização das empresas rurais.

REFERÊNCIAS

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Referências

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