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REPUBLICA DE ANGOLA TRIBUNAL CONSTITUCIONAL
ACORDAo N.o 493/2018
PROCESSO N .o 620-B/2017
Recurso Extraordimirio de Inconstitucionalidade
Em nome do Povo, acordam, em Conferencia, no Plemirio do Tribunal .", ~
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Constitucional:
I. RELATORIO
presente recurso extraordimirio de inconstitucionalidade (REI) do Ac6rdao /
proferido pela 1 a See<;:ao da Camara Criminal do Tribunal Supremo, em 16 ~
de Janeiro de 2018, que indeferiu a providencia de habeas corpus, que correu
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termos com n.o 1811 17.
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Em sintese, a Recorrente, que tinha sido detida no dia 29 de Junho de 2017,
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por suspeita de crime de homicidio voluntario simples, foi acusada pelo
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Magistrado do Ministerio Publico junto da Sala dos Crimes Comuns, do I
-Tribunal Provincial de Benguela, em 25 de Outubro de 2017, da pratica desse. f
crime, com a circunstancia agra vante 11.a do artigo 34.° do C6digo Penal,
isto e, 0 facto de 0 crime ter sido cometido " ... com espera, emboscada, diifarce, surpresa, traifiio, aleivosia, excesso de poder, abuso de confianfa ou qua/quer outra fraude" .
A Recorrente mantem-se presa desde a data da sua deten~ao.
Ap6s a notifica~ao da Acusa~ao, que a Recorrente refere ter apenas ocorrido no dia 24 de Novembro de 2017 (mais de 4 meses ap6s a deten~ao), a Recorrente interp6s a providencia de habeas corpus, alegando que, nos termos da Lei n.o 25/15, de 18 de Setembro, 0 prazo de prisao preventiva ja tinha sido excedido, uma vez que tinha terminado a 29 de Outubro de 2017, bern como 0 facto de a deten~ao ter sido efectuada ilegalmente, ja que nao se tratou de uma deten~ao em flagrante debto. Porque a entao arguida nao tinha sido restituida it liberdade, em conformidade com 0 disposto no n.o 1
do artigo 42.° da Lei n.o 25/15, considerou que estavam reunidos o~
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pressupostos para 0 conhecimento da providencia de habeas corpus, uma v/ ~que: .
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a) A prisao preventiva foi decretada quando, em concreto, senam ,
suficientes ou adequadas quaisquer outras medidas menos gravosas; .~ b) Nao houve fuga ou sequer perigo de fuga; ~
c) Nao havia perigo de perturba~ao da instru~ao do processo ou de (\,~ continua~ao da actividade criminosa ou perturba~ao da ordem ou \)J
tranquilidade publica;
d) A entao Arguida estava detida ha mais de 120 dias sem ter sido notificada da acusa~ao, 0 que s6 veio a acontecer a 24 de Novembro
de 2017.
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Tribunal Supremo, por sua vez, negou provimento it providencia requerida, com 0 fundamento de que, no caso concreto, os prazos da prisao.'
ate 16 de Janeiro de 2018, data da prolac;:ao do Ac6rdao, a Recorrente completava 6 (seis) meses e 8 (oito) dias de prisao preventiva, e a 24 de Dezembro tinha ja sido notificada da acusac;:ao.
Nao se conformando com a posic;:ao da mais alta instancia de jurisdic;:ao comum, a Recorrente interpos 0 presente recurso extraordinario de inconstitucionalidade.
Em Despacho de sustentac;:ao, 0 Tribunal Supremo defendeu a tese de que 0 recurso extraordinario de inconstitucionalidade e inaplicavel as providencias de habeas corpus, por este expediente se destinar a por cobro as violac;:oes do direito fundamental da liberdade, sem que as suas decisoes fac;:am caso julgado, podendo os interessados apresentar tantas providencias quanto
entender conveniente, ao inves de recorrer ao Tribunal Constitucional, que e~ uma instancia essencialmente vocacionada para julgar normas e nao factos.
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Nas suas alegac;:oes, a Recorrente alega que, com a decisao recorrida,
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violados os seguintes principios, direitos e garantias fundarnentais: ~:,..-
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-a) Principio da legalidade penal, previsto no artigo 65.° da CRA;
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b) Garantias do processo criminal, consagradas no artigo 67.° da CRA; ,.- ..c) Direito a providencia de habeas corpus, estabelecido no artigo 68.° da
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CRA; ~J"
d) Direito a urn julgamento eelere e justo, previsto no artigo 72.° da /
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CRA,e
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e) Principio da legalidade, previsto nos artigos 174 n.o 2 e 177.° n.o 1 da
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CRA.
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Alega, ainda, a Recorrente que:
a) A detenc;:ao foi feita por agentes do Servic;:o de Investigac;:ao Criminal, fora de flagrante delito, e sem que lbe tenha sido exibido urn mandado de detenc;:ao, 0 que represent a uma violac;:ao dos seus direitos, liberdades e garantias constitucionais, nomeadarnente os previstos no
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.
artigo 22.0 (Principio da Universalidade), 36.0 (liberdade fisica e seguranc;a pessoal) e 64. 0 n.o 1 e 2, todos da CRA;
b) A falta de urn mandado de detenc;ao representa tambem uma violac;ao dos ditames dos n.o 1 e 2 do artigo 33. 0, da al. a) do artigo 63. 0 e do artigo 64.0 da CRA, para alem de que, nao se tendo identificado
adequadamente e alegando intenc;oes que se revelaram ser falsas, os agentes do SIC violaram tambem as disposic;oes da al. b) do artigo 63.°
daCRA;
c) A detenc;ao foi efectuada depois das 19:00, isto e, depois de 0 sol se
por, pelo que os agentes do SIC violaram tambem as disposic;oes dos artigos 36.0 e 64. 0da CRA;
d) No momenta da detenc;ao, a Recorrente nao foi informada sobre os
motivos da mesma e foi-lhe negada 0 acesso
a
familia e aoadVOgad
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pelo que tambem foram violadas as disposic;5es do artigo 63.0 c) e e) . . / U
do artigo 64. 0 n.o 1 e do artigo 67.0 n.o 1 da CRA;
e) Nenhum dos magistrados que intervieram no processo identificou ou tentou suprir os inumeros vicios de inconstituciona1idade e ilegalidade de que padece 0 processo, facto que representa uma violac;ao das
disposic;oes dos artigos 27.0,29.0, n.o 1, n.o 4 e n.o 5 da CRA (principio do processo equitativo e da tutela jurisdicional efectiva), do artigo 67.0, do artigo 174.0 n.o 2 e do artigo 177.0 da CRA;
f) 0 processo de habeas corpus foi defeituosamente instruido no Tribunal Provincial de Benguela, na~ tendo sido juntos quaisquer antecedentes nem extraidas certidoes da materia de facto a partir das quais se pudesse constatar os vicios e irregularidades alegadas, 0 que viola as
disposic;oes dos artigos 174.0 e 177.0 da CRA;
g) A ap1icac;ao da medida da prisao preventiva
a
Recorrente viola aos principios da igualdade, previsto no artigo 23. 0, e 0 daproporcionalidade e razoabilidade, estabelecido no artigo 57.0, todos daCRA;
"
h) Os autos de exame directo efectuados na residencia e aos pertences pessoais da Recorrente consubstanciam uma viola~ao dos artigos 56.°
n.o 2 e 37.° n.o 1 da CRA;
i) A Recorrente foi alvo de urn tratamento degradante quando pretenderam expor a sua imagem na qualidade de detida pela televisao.
Por tudo 0 exposto, a Recorrente terminara pedindo ao Tribunal
Constitucional a anula~ao da decisao recorrida e que the seja concedida a providencia de habeas corpus, com a consequente liberta~ao da Recorrente mediante termo de identidade e residencia, ate ser proferida decisao definitiva sobre 0 crime de que vern acusada e pronunciada.
o
processo foia
vista do Ministerio Publico.Colhidos os vistos dos Juizes Conselheiros deste Tribunal, cumpre apreciar, para decidir.
II.COMPETENCIA DO TRIBUNAL
o
presente recurso foi interposto nos termos e com os fundamentos dasdisposl~5es combinadas da alinea m) do artigo 16.° da Lei n.O 2/08, de 17 de \};~ lunho (Lei Organica do Tribunal Constitucional - LOTC) e da alinea al. a)
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do artigo 49.' da Lei 3/08, de 17 de Junho (Lei do Processo Constitucional).
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LEGITIMlDADE I~
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Nos termos da alinea a) do artigo 50.° da Lei n.O 3/08, de 17 de lunho, (LPC), tern legitimidade para interpor recurso extraordimirio de inconstitucionalidade para 0 Tribunal Constitucional as pessoas que, de
acordo com a lei reguladora do processo em que a senten~a foi proferida,
tenham legitimidade para dela interpor recurso ordinario.
A Recorrente foi requerente da providencia de habeas corpus no processo que, com n.o 184/2017, correu os seus termos na }a Sec~ao da Camara Criminal 5
do Tribunal Supremo, tendo, por essa razao , legitimidade para interpor 0
presente recurso.
IV. OBJECTO
o
objecto do presente recurso e apreciar se 0 indeferimento do habeas corpus pelo Ac6rdao proferido pelo Tribunal Supremo, em 16 de Janeiro de 2018, viola as garantias do processo criminal, consagradas no artigo 67.0, 0 direito a providencia de habeas corpus, estabelecido no artigo 68.°, 0 direito a urn julgamento celere e justo, previsto no artigo 72.°, 0 principio da legalidade, previsto no n.o 2 do artigo 174.° e no n.o 1 do artigo 177.°, todos da CRA, ou qualquer outra disposi~ao constitucional.V. APRECIAc;AO
QUESTAO PREVIA
Em despacho de sustenta~ao, defende 0 Relator do processo da providencia de habeas corpus que correu termos no Tribunal Supremo que 0 recurso
extraordimirio de inconstitucionaIidade e inaplicavel as providencias de habeas corpus, em virtude de as suas decisoes nao constituirem caso julgado,
podendo 0 preso, perante 0 indeferimento de urn pedido, voltar a apresentar tantos pedidos da mesma providencia quantos entender, ao inves de recorrer ao Tribunal Constitucional, que e uma instancia essencialmente vocacionada a julgar normas e nao factualidades.
Nao podemos acompanhar este entendimento, uma vez que, com 0 recurso
extraordinario de inconstitucionalidade ao Tribunal Constitucional de Angola, foram reconhecidas competencias que van rna is alem do que outras jurisdi~5es constitucionais que nos sao pr6ximas, competindo-Ihe, enquanto tribunal dos direitos humanos, conhecer os recursos de senten~as dos demais
tribunais que contenham fundamentos que contrariem principios, direitos,
liberdades e garantias previstos na eRA.
No caso concreto da providencia do habeas corpus, tratando-se de urn expediente excepcional para proteger principios, direitos, liberdades e garantias previstas na eRA, e pacifico que a competencia para seu julgamento e do Tribunal Supremo, que, dentro do sistema de controlo difuso da constitucionalidade vigente no nosso pais, devera fiscalizar a observancia das normas constitucionais aplic<iveis.
Este facto nao pode, contudo, restringir 0 direito fundamental de interpor
recurso extraordinario de inconstitucionalidade da decisao contra si ~
proferida, nos termos combinados do no n.D 6 do artigo 67. 0
da eRA e do §
Unico do artigo 49.° da Lei n.O 03/08, de 17 de Junho, uma vez que, com 0
~
Acordao proferido pelo Venerando Tribunal Supremo, ficam esgotados os recursos em tribunais comuns. Sugerir que se interpusessem novas providencias, para urn mesmo Tribunal, sobre os mesmos factos, nao da satisfa~ao ao direito de recurso das decisoes desfavoraveis em processo penal. ~
Seria inconstitucional, portanto. E claramente ineficaz, tambem.
APRECIANDO
Nos termos do artigo 68° da eRA, 0 interessado pode requerer, perante 0
tribunal competente, a providencia de habeas corpus em virtude de prisao ou deten~ao ilegal.
Sao exigidos, cumulativamente, dois requisitos:
1. Abuso de poder, lesivo do direito it liberdade e 2. Deten~ao ou prisao ilegal.
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Ora, nos termos do § unico do artigo 3150
do CPP, a ilegalidade da prisao pode advir de:
a) ter sido efectuada ou orden ada por entidade incompetente;
b) ser motivada por facto pelo qual a lei nao a permite;
c) se manter para alem dos prazos fixados por lei ou decisao judicial; d) se prolongar para alem do tempo fixado.
Isto e, a interposic;:ao da providencia de habeas corpus so e possivel caso se verifiquem estes requisitos e so pode ser deferida se se confirmar a existencia de, pelo menos, algum deles.
Ora, no presente caso e conforme enfatizado pelo douto Acordao do
Venerando Tribunal Supremo:
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l. A Recorrente foi capturada por agentes da Policia Nacional no dia 29 /" ,
de J unho de 2017, por indicios suficientes de ter incorrido na prati
~
'-do crime de homicidio voluntario simples, p.p. pelo artigo 349.0do
Codigo Penal. i
2. Foi notificada da acusac;:ao no dia 24 de Novembro, sendo os autos
~
omissos relativamente ao despacho de pronuncia.
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3. Ate
a
data da prolac;:ao d~ Acordao, 16 de J~neiro. de 201~, a . ~"6 Recorrente completava 6 (sels) meses e 18 (dezolto) dlas de pnsao!~
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preventiva, 0 que, atendendoa
promoc;:ao do Digno Representante do 'W
Ministerio Publico junto do Tribunal Supremo, se considerava sustentavel, face aos limites impostos pela Lei n.o 25115, de 18 de
Setembro.
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4. Por outro lado, por se tratar de urn crime de sangue, e uma vez que ja estava acusada, afigurava-se legal a improcedencia do pedido da providencia de habeas corpus, devendo os julgadores imprimirem maior celeridade na subsequente tramitac;:ao processual para a realizac;:ao do julgamento nos termos da lei.
Neste caso concreto, assiste razao
a
Recorrente quando diz que 0 TribunalSupremo nao se debruc;:ou sobre as quest5es que levantou no seu requerimento da providencia, 0 que constitui uma omissao de pronuncia. Nomeadamente, nao se debruc;:ou, sobre a alegada ilegabdade da sua detenc;:ao, que, ao que tudo indica, foi efectuada fora do flagrante delito ("capturada por agentes da Policia Nacional"), sendo os autos omissos quanta ao cumprimento das formalidades previstas no artigo 8.0
e seguintes da Lei n.o 25115, de 18 de Setembro.
E
de salientar 0 facto de 0 Tribunal Provincial de Benguela, uma vez postoperante as irregularidades e vicios alegados no requerimento da providencia de habeas corpus, nao ter junto aos autos do processo quaisquer informac;:oes e documentos que permitissem decidir com seguranc;:a sobre 0 merito dessas
alegac;:oes, 0 que s6 por si levantava mais suspeitas sobre 0 procedimento
><;
seguido. ~~
Porem, sempre se poden! dizer que a Recorrente tinha a obrigac;:ao de arguir imediatamente as irregularidades, nos termos do artigo 100.0
do CPP, mas compreende-se que 0 nao tenha feito nessa altura, uma vez que tudo indica ,
que s6 a 14 de Novembro de 2017 e que requereu a admissao de advogado. Sem a assistencia tecnica destes nao teni tido 0 conhecimento necessario para
o fazer.
Entretanto 0 processo seguiu os seus termos e nao se pode confirmar, perante
os elementos disponiveis, que as irregularidades tenham sido expressamente sanadas, mas e legitimo considerar que tenham sido tacitamente sanadas com a intervenc;:ao dos Magistrados do Ministerio Publico que decretaram a prisao preventiva e que, mais tarde, a mantiveram, com a deduc;:ao da acusac;:ao.
Nao colhe, portanto, a alegac;:ao da ilegalidade da prisao por ter sido ordenada por quem nao tenha competencia legal para 0 efeito.
"
Quanto aos factos que serviram de fundamento it prisao, a Recorrente foi detida e sujeita it medida de coacc;:ao pessoal de prisao preventiva por suspeita da pratica de crime doloso punivel com pena de prisao superior a 3 (tres) anos.
Ja quanta ao respeito dos prazos fixados pela legislac;:ao aplicavel (Lei n.O
25/15, de 18 de Setembro), a Recorrente refere e 0 Ac6rdao recorrido
confirma, que foi detida a 29 de Junho e s6 a 24 de Novembro de 2017
e
que foi notificada da acusac;:ao.A
altura da prolac;:ao do Ac6rdao recorrido, a instancia competente para 0 julgamento da presente providencia nao tinhaconhecimento da deduc;:ao do despacho de pronuncia. Perante estes factos 0
Tribunal Supremo considerou que os prazos ainda eram sustentaveis. Os prazos de prisao preventiva estao estabelecidos no art.° 40.0
da Lei 25/15,
~
de 18 de Setembro, que estabelece que esta deva cessar quando "desde 0 seu / j
~
inicio decorrerem:
a) Quatro meses sem acusac;:ao:
b) Seis meses sem pronuncia do arguido:
c) Doze meses sem condenac;ao em primeira instancia.
Os numeros 2 e 3 desta disposic;ao legal estabelecem, ainda, que os prazos podem ser oficiosamente elevados, por despacho devidamente fundamentado acrescendo-se dois meses, em casos de especial complexidade.
Se it data da prolac;:ao do Ac6rdao eram ja decorridos 6 (seis) meses e 18 (dezoito) dias, considerando que 0 Tribunal Supremo nao tinha sequer
conhecimento da deduc;:ao da pronuncia, e 0 prazo de quatro meses tinha
terminado a 29 de Outubro de 2017, e 0 de seis meses terminado a 29 de
Dezembro de 2017, 0 Ac6rdao deveria ter feito cessar a prisao preventiva por
ja terem side ultrapassados os prazos estabelecidos na alinea a) e b) do artigo 40.° da Lei n° 25/15, de 18 de Setembro.
No entanto, 0 Tribunal Supremo, seguindo de perto a promoc;:ao do
Ministerio Publico, considerou que era sustentavel manter-se a prisao preventiva
a
luz desta mesma Lei (n.o 25/15, de 18 de Setembro), alegando apenas que uma vez que se tratava de urn crime de sangue, e a Recorrente ja ter sido acusada, se afigurava legal a manutenc;:ao da medida de coacc;:ao pessoal de prisao preventiva.Ora, estes fundamentos nao podem justificar 0 desrespeito pelos limites
maximos da prisao preventiva. A suspeita da pratica de urn crime violento nao pode legitimar a violac;:ao de ditames constitucionais, como a da presunc;:ao da inocencia ate ao transito em julgado da sentenc;:a de
condenac;:ao.
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,
( )
Entretanto,
pronuncia, facto ocorrido a 4 de Dezembro de 2017. : /
---Das diligencias efectuadas junto da Sala dos Crimes Comuns do Tribunal
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Provincial de Benguela, roi possivel apurar nos autos que correm termos com
~
o n.o2569/2017, que, em 24 de Outubro de 2017, a Recorrente foi notificada / . \ A. '
de urn Despacho do Digno representante do Ministerio Publico que prorroga o prazo da al. a) do n.o 1 do artigo 40.°, da Lei n° 25/15, de 18 de Setembro, por mais 30 (trinta) dias, com fundamento na " ... especial complexidade do processo" .
Embora os fundamentos da prorrogac;:ao dos prazos possam ser discutiveis, 0
certo e que, com a prorrogac;:ao deste prazo, nao sera defensavel a tese da violac;:ao dos prazos da prisao preventiva.
Finalmente, a Recorrente questiona a proporcionalidade e razoabilidade da medida imposta, para alem de alegar a inconstitucionalidade do exame
directo a que foram sujeitos os seus bens pessoais e a sua imagem, quando pretenderam exp6-la como detida pela televisao.
Ora, neste caso, 0 mecanismo pr6prio para reagu contra estas
inconstitucionalidades nao
e
este tipo de providencia.Aqui chegados, teremos de julgar pel a improcedencia do recurso, par se ter respeitado 0 prazo previsto na alinea a) do n.o 1 do artigo 40. 0 da Lei n.O
25 11 5, de 18 de Setembro, uma vez que conheceu uma proIToga~ao de 30
dias, dentro do qual foi proferido 0 Despacho de acusa~ao.
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DECIDINDO
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Nestes termos, tudo visto e ponderado, acordam e~ Plemirio, os Juizes ~f-.-A Conselheiros do Tribunal Constitucional em
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. /;y-Sem custas, nos terrnos da segunda parte do artigo 15.Dda Lei n.D 3/08, de 17 de Junho (LPC).
Notifique.
OS ruizES CONSELHEIROS
Dr. Americo Maria de Morais Garcia~~~~iL....C~~t-fLl"II...-~~fALJ:::..!:::1~(;...'--Dr. Manuel da Costa Aragao (Presidente) --~---f--+-r----
Dr. Ant6nio Carlos Pinto Caetano de
Sou
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Dra. Maria da Conceic;ao de Almeida Sango~
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Ora. Josefa Neto
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/---<-,Dr. Raul Carlos Vasques
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Dr. Simao de Sousa Victor c:=::---
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Ora. Teresinha Lopes