Excelentíssima Senhora Directora do CIEJD, Dra Clotilde Câmara Pestana
Exmo Senhor Vice-Presidente dos CTT, Eng. Pedro Coelho
Exmo Senhor Vice-Coordenador do CEIS20, Doutor João Rui Pita Exmo Senhor Professor Doutor Fausto Quadros
Caros Colegas e Amigos
Agradeço, muito sensibilizada, o convite que me foi gentilmente feito pela Directora do CIEJD e quero manifestar o muito gosto em colaborar e participar nesta iniciativa.
Como sabemos, foi longo o percurso histórico da génese e evolução da Ideia de Europa. Tendo-se constituído como processo complexo, um movimento com continuidades, rupturas e contradições que sempre suscitou debate, diálogo crítico, interrogante e problematizador entre intelectuais, políticos e muitos outros pensadores. Um intenso debate de ideias interpelou e dividiu, todavia, os defensores de diferentes projectos como, por exemplo, os defensores do federalismo e os que comungam da ideia de união. Como bem se sabe, os políticos e intelectuais portugueses, regra geral, nem sempre se mostraram grandemente interessados no movimento europeu, nem participaram de modo sistemático nos diversos encontros internacionais realizados no Pós II Guerra Mundial. A participação de Portugal no processo de construção europeia como refere
participação de Portugal nos organismos europeus de cooperação económica, o que permite afirmar que o processo de integração europeia de Portugal não começou com a adesão à Comunidade, em 1986”. Entre 1945 e 1974 dois factores políticos condicionaram a integração de Portugal no processo de unificação da Europa: a natureza ditatorial do regime de Salazar e a resistência tenaz deste à descolonização. Em 1974-1975, deram-se os primeiros passos sérios para a integração de Portugal na então CEE, enquanto objectivo estratégico, e esta passou a ser uma política consensual dos partidos moderadores da jovem democracia. Assim, pode-se afirmar que Portugal, participou dessa construção europeia, mesmo que inicialmente aquela se apresentasse sob a forma de cooperação – OEEC, em 1948 (mais tarde OCDE) e Plano Marshall – depois da construção europeia na EFTA (e indirectamente e por consequência ao GATT), em 1960 e, finalmente na Comunidade Económica Europeia com quem Portugal assinou, em 1972, um Tratado Comercial. Parece-nos também importante referir que, em 1962 e em 1970, Portugal tenta negociar um acordo de associação com a CEE já com o objectivo nodal de plena adesão, facto que lhe estava vedado pela própria natureza do regime ditatorial de António Oliveira Salazar (1928-1968). Finalmente, a 12 de Junho de 1985 é assinado o Tratado de Adesão de Portugal às Comunidades Europeias e a 1 de Janeiro de 1986, Portugal torna-se Membro da Comunidade Económica Europeia.
Através das exposições patentes no CIEJD pretendeu-se abrir perspectivas para o debate sobre a integração europeia de Portugal bem como para a reflexão sobre a forma como a filatelia retratou este longo percurso.
Como sabemos a necessidade de comunicação do Homem bem como a de documentar e registar os seus actos heróicos, remonta aos primórdios da História da Humanidade.
Recorde-se que, na mitologia Mercúrio é o mensageiro dos deuses. E ainda, na Antiguidade, o Imperador Círo, da Pérsia é tido como organizador do primeiro serviço de mensageiros da Antiguidade para divulgar os seus feitos de guerra.
A este propósito podem e devem tecer-se brevíssimas considerações sobre os Correio em Portugal. No reinado de D. Manuel I, no Ano da Graça de Nosso Senhor de 1520, deu-se a criação do Correio em Portugal. A administração do Correio até final do Século XVIII esteve na mão de particulares. Através do Alvará de 16 de Março de 1797 foi extinto o cargo de Correio-Mor e o Correio passou à Administração do Estado através da Secretaria de Estado da Repartição dos Negócios Estrangeiros. Esta tutelava a administração das Postas, Correios e Diligências de Terra e Mar. Em 1799 é publicado um novo regulamento que determina que as cartas passam a “receber marcas postais indicativas do porte a pagar pelo destinatário, bem como marcas nominais da localidade de partida e de chegada”. (Hernâni Matos) É ainda de sublinhar que o primeiro selo postal começou a circular na Grã-Bretanha, em Maio de 1840. Este selo, designado por Penny Black, foi desenhado por Sir Rowland Hill e circulou com as taxas de 1 penny e 2 pence. Neste quadro não deixa de ser importante referir que no dia 1 de Julho de 1853 foram postos à venda os primeiros selos portugueses com taxas de 5 e 25 réis, com a efígie de D. Maria II.
pertenciam. Mas rapidamente, com o desenvolvimento das novas técnicas de gravação fruto da Revolução Industrial, assistiu-se à emergência de um novo olhar estético dos selos. Para esse fim, artistas e desenhadores de renome foram convidados a desenhar selos.
Ao romper do século XX descobre-se o valor cultural e publicitário do selo. Assim, motivos turísticos, comerciais, culturais, pedagógicos, patriotas e políticos assumem particular destaque na emissão dos selos. Estes tornam-se autênticos embaixadores de um país e de um povo e contribuem, ainda, para a “democratização da arte”.
Este contexto, permitirá o nascimento das colecções de selos temáticas que valorizam o valor cultural e didáctico do selo.
Como referimos as exposições “Portugal e a Europa: uma história contada através dos selos” e “À descoberta da Europa através da filatelia portuguesa” bem como o opúsculo que ora damos a público da autoria do Doutor João Rui Pita e nossa pretendem, ainda que de forma modesta, sensibilizar o público mais jovem para a questão do processo de integração de Portugal no seio das Comunidades Europeias e, mais amplamente, despertar os jovens para a cidadania europeia. Neste sentido, é também objectivo desta iniciativa promover e facilitar a leccionação destes conteúdos curriculares alusivos à participação de Portugal no projecto europeu através da filatelia. Como bem refere João Rui Pita “os selos postais bem como toda a imensidão de afinidades dos selos e que constituem o mundo fascinante da filatelia (carimbos de primeiro dia, carimbos comemorativos, flâmulas, inteiros postais, etc.) são fiéis e férteis representações de múltiplas temáticas e, também, da europeia”. Tomando como exemplo os selos postais portugueses, encontramos plasmados em toda a iconografia os momentos capitais da relação de Portugal com as instituições e as questões europeias mais relevantes. Os selos, para além de
servirem de taxa para que as cartas possam circular, são profundos embaixadores da tradição e da cultura. Importa ainda sublinhar, como bem diz Maria Manuela Tavares Ribeiro “a imagem, concebida como um documento (…) pode destinar-se a cumprir objectivos de aprendizagem e a participar na construção do saber”
Felicito vivamente os promotores e intervenientes nestas comemorações. Felicito de igual modo o CIEJD pelos seus 15 anos.
Uma palavra de particular apreço e agradecimento aos filatelistas, aos coleccionadores de selos, de carimbos comemorativos que assim propiciam estudos vários com fontes tão sugestivas quanto diversas, como são as peças filatélicas em geral e os selos, em particular.
Renovo o meu agradecimento, as minhas felicitações e agradeço a atenção de todos.
Isabel Maria Freitas Valente Presidente da SFAAC Investigadora do CEIS20