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PROJETO SALA DE REDAÇÃO

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Academic year: 2021

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PROJETO “SALA DE REDAÇÃO”

Eliane Teresinha da Silva

Acadêmica do Curso de Letras –Português e Literaturas – UAB Restinga Seca/UFSM

Gláucia Josiele Cardoso

Acadêmica do Curso de Letras – Português e Literaturas – UAB Restinga Seca/UFSM

Vera Lúcia Vargas Kelling

Tutora Presencial de Letras – Português e Literaturas – UAB Restinga Seca/UFSM

RESUMO

Este artigo apresenta os resultados de um projeto de extensão sobre produção textual, aplicado aos alunos do 4º ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Leonor Pires de Macedo, entre o período de julho a novembro de 2009. Teve como objetivo, aproximar a produção escrita das necessidades enfrentadas no dia-a-dia, em que o caminho atual é enfocar o desenvolvimento do comportamento dos leitores e escritores, ou seja, levar o aluno a participar de forma eficiente de atividades da vida social que envolva ler e escrever.

Palavras-chave: textos, produção textual, alunos.

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A escola é um lugar onde se constrói a cidadania e se proporciona o

crescimento pessoal, sendo que a linguagem é o principal instrumento para essa interação. Geraldi (2003, p. 26) afirma: “Apoderar-se da letra e da escolaridade que ela demanda, resulta de uma sábia decisão popular, porque os excluídos cedo perceberam sua significação e relevância”. Como a questão central, nesse aspecto, é a necessidade de tornar as pessoas sujeitos de seu discurso, menos manipuláveis e mais críticas, a concepção de linguagem “como atividade constitutiva dos sujeitos” (Franchi, 1992) revela-se o ponto de partida para ações escolares da mais elevada significância (Gonçalves, 2008).

Nesse sentido, a escrita é um processo contínuo de aprendizagem e estimula a ampliação das habilidades expressivas e comunicativas dos indivíduos estimulando a exercer sua criatividade e expressar a espontaneidade.

O presente projeto tem como objetivo proporcionar ao aluno ferramentas para a consolidação de uma competência de leitura e escrita. A metodologia será baseada no amplo desenvolvimento das relações do aluno com a sua língua, modificando a visão normativa do ensino da normativa do ensino de Língua Portuguesa.

2 REFERENCIAL TEÓRICO

A produção textual é parte relevante no ensino da Língua Portuguesa. Koch (1998), afirma que:

A produção textual é uma atividade verbal, a serviço de fins sociais e, portanto, inserida em contextos mais complexos de atividades; trata-se de uma atividade consciente, criativa, que compreende o desenvolvimento de estratégias concretas de ação e a escolha de meios adequados à realização dos objetivos; isto é, trata-se de uma atividade intencional que o falante, de conformidade com as condições sob as quais o texto é produzido, empreende, tentando dar a entender seus propósitos ao destinatário através da manifestação verbal; é uma atividade interacional, visto que os interactantes, de maneiras diversas, se acham envolvidos na atividade de produção textual”. (p.22)

A definição de texto depende da concepção de linguagem que o professor trabalha em sala de aula. Optar por esta forma de ver a linguagem (como forma de interação social) pressupõe secundarizar as outras duas formas que são: a linguagem como expressão de pensamento e como instrumento de comunicação (Gonçalves, 2008).

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A primeira concepção vê a linguagem apenas como forma de pensamento, isto é, para tal concepção quem não se expressa adequadamente, não pensa. Reforçam esta concepção os estudos tradicionais da Gramática Normativa a qual privilegia o falar das camadas socioeconomicamente mais favorecida (Gonçalves, 2008). Para quem compreende a linguagem dessa forma, acredita que há normas a serem seguidas e tudo aquilo que delas se desvincula é considerado erro. O texto considerado bom será aquele em que o escritor, de maneira lógica, exterioriza seu pensamento de maneira articulada e bem organizada. Assim, para esta concepção o produtor de texto não pode ser afetado pelo seu interlocutor nem pelas circunstâncias (Gonçalves, 2008).

A segunda concepção vê a linguagem como instrumento de comunicação. Travaglia (1997), afirma que:

“...a língua é vista como um código, ou seja, como um conjunto de signos que se combinam segundo regras, e que é capaz de transmitir uma mensagem, informações de um emissor a um receptor. Esse código deve, portanto, ser dominado pelos falantes para que a comunicação possa ser efetivada. Como o uso do código que é a língua um ato social, envolvendo conseqüentemente duas pessoas, é necessário que o código seja utilizado de maneira semelhante, preestabelecida, convencionada para que a comunicação se efetive”(p 22).

Desse modo, essa concepção de linguagem, reducionista, parece se esquecer de que o escritor produz marcas no texto e deixa a sua contribuição à linguagem tais como: ironias, humor, ambiguidades, etc. Nem por isso, a língua deixa de ser instrumento de comunicação. O sujeito pode contribuir incutindo a sua autoria no texto e essa contribuição não foi prevista pela referida concepção que serve de apoio ao Estruturalismo e ao Transformacionalismo (Gonçalves, 2008).

A presença do outro é de extrema importância, pois esse se inscreve tanto no ato de produção de sentido na leitura, como também se inscreve na produção, no momento em que está sendo construído. Ele é condição necessária para a existência do texto. À medida que o produtor imagina leitura não-desejadas pelos eventuais leitores, mais clareza e pistas terão de deixar seu autor na produção (Gonçalves, 2008).

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Qualquer ato de linguagem, desde que se objetive o seu uso efetivo, é interacionista, intersubjetivo. Assim, o texto, ganha valor quando está inserido num real processo de interlocução. Isto é, só faz sentido quando o que escrevo e todas as suas qualificações estão direcionadas para o outro. Apenas num quadro efetivo de interação lingüística é que o estudante pode tornar-se sujeito do que diz (Gonçalves, 2008). Pécora (1992, p. 89) afirma que “é possível falar apropriadamente em sujeito apenas quando ele é afirmado por um ato único de linguagem: quando as pessoalidades envolvidas nesse ato não se diluem nos limites das condições de produção desse ato...”. Assim, torna-se sujeito se o que dizemos ganha sentido, especificidade numa situação específica de comunicação ( Gonçalves, 2008).

Na prática escolar, com relação à produção de textos, a instituição deve aproximar a escrita tal como ela ocorre em situações de escrita extra-escola. Caso contrário corre-se o risco de o estudante ter a sua proficiência lingüística prejudicada (Gonçalves, 2008). Desse modo, problemas de argumentatividade em textos dissertativos, e também os de não-adequação ao código escrito da língua, em situações formais, podem revelar a dificuldade da escola em instaurar práticas intersubjetivas de linguagem (Gonçalves, 2008).

Segundo Pécora (1999), o que ocorre é que a escola, na sua trajetória histórica, falseia as condições de escrita e não fornece ao estudante as ferramentas de uma prática interativa da língua. Destarte, com esse falseamento, a escrita torna-se um exercício penoso que cristaliza o discurso. Exemplos disso são as frases-feitas, argumentos de senso comum que, frequentemente, aparecem em textos dos alunos (Gonçalves, 2008). Por outro lado, ao instituir uma prática intersubjetiva, através de uma prática pedagógica que leve em conta a reflexão, será possível resgatar um discurso mais pessoal, mais autêntico de nossos sujeitos.

Por isso, ao solicitar uma escrita, é imprescindível que o texto do aluno tenha um interlocutor real. Aliás, o processo de escrita exige que ele (estudante) se desvencilhe da sua solidão, no ato de escrever, e tenha uma imagem do seu destinatário (Gonçalves, 2008). Caso contrário é possível que seu texto signifique menos do que pretendia seu autor. Assim, uma prática interacionista de linguagem pode facultar ao educando as ferramentas de que precisa para, ao intuir o interlocutor, usar as qualificações pertinentes para

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desenvolver uma argumentação eficaz e ao alcance do outro( Gonçalves, 2008).

Numa prática monológica da linguagem, para tudo o que se tem a dizer existe uma expressão apropriada, adequada, à espera de seu usuário. Quando esquecemos algumas palavras, num ato inter-locutivo, é porque não conhecemos o desejávamos falar (Gonçalves, 2008). Não obstante, na prática interativa da linguagem, a compreensão é obtida através da negociação de sentidos entre locutor e interlocutor (Gonçalves, 2008). Na interlocução é que os sujeitos e a própria linguagem se constituem, visto que os sujeitos não são sempre os mesmos e a própria interlocução molda-os num processo evolutivo constante. Isso ocorre porque novas informações vão sendo incorporadas e reajustadas às anteriores e, através disso, vão reconstruindo o próprio sujeito (Gonçalves, 2008).

4 CONCLUSÃO

O Projeto “Sala de Redação” foi desenvolvido com alunos do quarto ano

da Escola Municipal Leonor Pires de Macedo, os quais foram estimulados a escrever textos, utilizando estratégias como gravuras, artigos de jornais, revistas, temas livres, textos, poesias. Os textos foram produzidos individualmente, em duplas e coletivamente. Foi verificado o desvio da norma culta e os alunos foram orientados à correção. As produções foram apresentadas aos colegas.

Após a realização do projeto concluiu-se que, apesar das dificuldades encontradas, constituiu-se em um estímulo para pesquisarmos mais, aprofundando nossos conhecimentos na área da leitura.

7 REFERÊNCIAS

GONÇALVES, Adair Vieira. A produção de textos numa perspectiva

dialógica. www.portrasdasletras.com.br. Acesso em 25 de julho de 2009.

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SUASSUNA, L. Ensino de língua portuguesa: uma abordagem pragmática. Campinas: Papirus, 1994.

TRAVAGLIA, L.C. Gramática e Interação: uma proposta para o ensino de gramática no 1º e 2º graus. São Paulo: Cortez,1997.

Referências

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