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A problemática que envolve a questão do manguezal.

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Academic year: 2021

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Autora: Giselle Ferreira Borges Graduanda em Geografia Universidade Federal Fluminense - UFF- Niterói, RJ

gitop@hotmail.com

A problemática que envolve a questão do manguezal.

Introdução

O trabalho tem o objetivo de dar um panorama sobre a parte física do manguezal, enfatizando sua biodiversidade e sua importância na manutenção do clima global. Levando em consideração o símbolo característico de uma paisagem considerada esteticamente “feia” por grande parte das pessoas, identificando as possíveis causas de tanto descaso com este ambiente e identificar os principais impactos ambientas gerados e o seu papel no controle de encostas e de erosão. A questão da fiscalização em que o Governo Federal deve atuar nesse ambiente, junto a destacar a importância do surgimento das leis que protegem e fazem com que ainda contribuía para seu aparecimento na dinâmica ambiental. A importância que este ambiente traz para as populações ao seu entorno, referente à atividade econômica desenvolvida, em contrapartida a questão da especulação imobiliária que vem ganhando frente nesses últimos anos junto com grande parte de empreendimentos construídos em cima dos manguezais.

Histórico do manguezal

O mangue teria sua origem e dispersão na área de Pangéia já fragmenta que na passagem do Mesozóico para Cenozóico, daria origem à atual região indo-malaia, no continente asiático. A configuração do mundo era outra então, entre 60 e 50 milhões de anos antes do presente. Atualmente, os manguezais distribuem-se na zona intertropical, com incursões ao norte do Trópico de Câncer e ao sul do Trópico de Capricórnio. No passado, atingiram regiões mais setentrionais.

Civilizações antigas como da Grécia Antiga e pré colombianas, já observavam uma relação com os manguezais. Relatórios do General Nearco, acompanhante de Alexandre (o Grande), na conquista da Índia, registram manguezais que datam do ano 325a.C. Desde então o homem passa a se apropriar da natureza para obtenção de recursos como alimentos, remédios, moradia, pesca e agricultura. Algumas comunidades litorâneas aborígenes da Austrália e piratas das Filipinas ainda mantêm costumes das antigas civilizações.

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A arqueologia registra diversos sambaquis próximos a manguezais, o que prova que há cerca de 7.000 anos a ocupação da região costeira era uma necessidade para a sobrevivência. No norte da Ilha de Santa Catarina são encontrados diversos vestígios destes coletores e pescadores pré-históricos.

Os manguezais têm sua importância registrada desde a época do Brasil colonial. A Ordem Régia, de 04 de dezembro de 1678, dizia: “… estes mangues serão da minha regalia por nascerem em salgado, aonde só chega o mar e navios”. Os mangues ocupam no litoral do Brasil uma área de 25000 Km2, distribuídos ao longo do litoral (desde o Amapá, até Santa Catarina).

Em nível mundial, o Brasil é o segundo país em extensão de áreas de manguezal (13.400 km²), ficando atrás apenas da Indonésia com 42.550 km (Spalding, Blasco e Field, 1997). A imagem abaixo é da Zona de São Caetano de Odivelas que demonstra áreas manguezais estáveis, de progressão de manguezais e regressão dos manguezais:

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Legenda:

 Em amarelo: Zonas de Manguezais estáveis

 Em verde: Progressão das zonas de manguezais

 Em vermelho: Regressão das zonas de manguezais O que é um manguezal?

Manguezal também conhecido como Mangal, sendo um ecossistema de transição de ambientes terrestres e marinhos, típicos de áreas tropicais e subtropicais. Estes estão localizados próximos às enseadas de baías, recebendo influência direta das máres, favorecendo que suas águas sejam salobras, isto favorece que este ambiente tenha características únicas, tanto de sua flora e fauna.

O fato dos manguezais serem o aparador do mar e o elo entre este e a terra firme, faz com que recebam riquíssimos compostos orgânicos como restos de folhas, excrementos de animais e sais minerais da própria terra pela força da maré, o que lhes dá uma destacada função no condicionamento biológico, favorecendo a alta produção. (Schaefer-Novelli; 1991).

A paisagem vista como feia.

A afirmação da paisagem vem da construção cultural, ou seja, paisagem é imagem e este vem de uma origem mental, verbal e muitas vezes construída pela mídia. A sustentação dessa paisagem muitas vezes ocorre pela não interação que se tem com este ambiente, pois ao conhecer de fato os manguezais passa a se mudar os seus olhares, surgindo uma nova visão, acredito que quando conhecemos efetivamente o manguezal, percebemos sua dimensão de habitat passando assim a valorizá-lo e reconhecer sua diversidade de belas formas.

Estrutura Física do Manguezal Pedologia

O substrato do manguezal é formado por sedimentos muito finos, facilmente aglutináveis, criando uma base compacta, mole e pouco ventilado. A origem destes sedimentos é diversa, dependendo de fatores, tais como o aporte de descarga sólida à montante ou à jusante do manguezal, vazão e velocidade da água doce à montante, amplitude das marés, estruturado estuário, definindo sua capacidade de retenção, produção e matéria orgânica e teor de permanência dela no ambiente. A natureza deles também e múltipla. Podem derivar de granito e gnaisse decompostos, tanto quanto de argila e silte, geralmente carreados pela fonte

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d’água doce à montante, tanto quanto areia trazida pelo movimento das máres, das ondas e dos ventos. A matéria orgânica oriunda da decomposição de resíduos vegetais e animais podem criar substratos do tipo turfa e funcionam também como colides para aglutinação dos sedimentos minerais. Todavia, é possível encontrar manguezais em substrato de cálcio formado por colônias coralígena, em substrato predominantemente arenoso e até sobre superfícies rochosas, desde que haja alguma terra acumulada em depressões. (Soffiati; 2006)

Topografia

Os manguezais geomorfologicamente são de domínio das planícies, facilitando o acúmulo de sedimentos e tendo influência direta das águas doces e de marés. Assim com afirma Soffiati (2006:26):

Há plantas de mangue desgarradas que possa escalar algum declive, desde que seja suave e alcançado pelas águas do sistema. Um dos traços típicos do manguezal é seu substrato formado por lama escura, saturada de água e de matéria orgânica decomposta, o que lhe reduz drasticamente o oxigênio e gases ricos em H2S.

Hidrologia

Os mangues sofrem influência das marés, isso proporciona a renovação de suas águas, favorecendo assim a presença de espécies mais resistentes, devido o alto grau de salinidade suas águas. A presença de água doce nesse ambiente também favorece o equilíbrio de suas águas, fornecem nutrientes e miniminiza o pH ácido do local. A combinação da água doce com a do mar, torna essa água salobra característica típica da área.

Clima

O clima é um dos fatores limitantes de desenvolvimento do manguezal, sendo o calor e a luminosidade fatores fundamentais para sua sobrevivência. Vale ressaltar que se não for da zona tropical é inviável sua existência, devido às condições climáticas não favoráveis.

Vegetação

A vegetação formadora do mangue, esta intimamente relacionada com os fatores físico/químicos do solo, por ser uma área salobra e com influencia de águas doce e salgada ao longo do ano, faz com que esses solos tenham pouca quantidade de oxigênio. Devido a esse fator limitante sua vegetação passa a se desenvolver com raízes externas, ou seja, áreas. Para

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facilitar essa reprodução muitas espécies de plantas, possuem sementes compridas e pontudas, que quando em contato com o solo úmido pode fixar com mais eficácia.

Acabam por se destacar três espécies no ambiente de mangue como: Rhizophora mangle (mangue vermelho), Laguncularia racemosa (mangue branco), Avicennia sp (mangue preto, canoé), Conocarpus erectus (mangue de botão).

Fauna

A fauna do manguezal é riquíssima em peixes, moluscos e crustáceos que contribuem para a biomassa, constituindo fontes de proteína animal de alto valor nutricional. Destaca-se a presença de caranguejos como Goniopsis Cruentata conhecida como Maria-mulata, o

Aratus Psionii, capivaras, gambá, ratão-do-banhado, tatus-galinha,

jacaré-de-papo-amarelo, cobras, aves como garças, marrecas entre outros, vale destacar que sua fauna é de grande diversidade. Grande parte da sua fauna é utilizada por populações ribeirinhas ou que habitam próximo, como forma de renda para essas pessoas.

Importância da existência do Manguezal

Muitos não percebem, ou não sabem da necessidade da presença do manguezal na relação ambiental. “O sistema de raízes dos manguezais retém a folhagem húmida, rica em carbono absorvido da atmosfera e o fixa no sedimento superficial, onde a matéria orgânica dissolvida é lixiviada em grandes quantidades nas águas costeiras” (Science Daily). Por esse sistema radicular de sua vegetação favorece a aparição de funções de grande relevância, como formar barreiras de proteção de áreas ribeirinhas diminuindo as inundações, protege a terra da força do mar, retendo sedimentos do solo, filtram os poluentes reduzindo a contaminação das praias.

Controle na erosão e de encostas

Estes ambientes prestam serviços ambientais gratuitos para o equilíbrio e manutenção da vida, para controle da erosão e de encostas. Segundo Walsh, “... os manguezais somente avançam em direção ao mar, onde os processos de sedimentação preparam as áreas de águas rasas para o estabelecimento de plântulas.” Devido à presença desse ecossistema acaba por atenuar, a energia marinha como pelo efeito das ondas e das marés e também os manguezais são malhas retentoras de sedimentos e reduz a velocidade dos ventos que chegam as costas vindas de áreas continentais.

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Uma situação a se destacar ao se falar de manguezais, e que sua matéria orgânica ao se dissolvida nos oceanos, tem uma quantidade semelhante de carbono que é armazenada na atmosfera. Essa matéria orgânica ao se dissolvida no ciclo global do carbono atmosférico que regula o dióxido de carbono e o clima. Essa manutenção no clima é um papel inesperado dos manguezais, destacando mais uma vez a necessidade de manter esse ambiente preservado. A questão da especulação imobiliária.

Devido às últimas décadas com o crescimento populacional, áreas de manguezal que se localizam no litoral do país, passam a se incorporadas à dinâmica urbana. Diversos espaços que antes eram áreas manguezais passam a ser aterrada para dar espaço a essa nova população que ali quer habitar e sem contar que com essa nova população ali instalada, necessita de áreas de lazer surgindo empreendimentos que sustentem essa população como bares, restaurantes e casas de praias, não somente mais a população também os turistas que ali passam a freqüentar e serem estimulados pelo governo e outros elementos.

Impactos ambientais gerados

Muitos têm a idéia de que o manguezal por ter sua paisagem diferenciada, diante das outras paisagens que são consideras esteticamente belas, como um ambiente sujo causador de doenças, locais desagradáveis, sem utilidade e feios. Isso favorece com que este ambiente passe a sofrer diversos impactos ambientais. Alguns exemplos podem explicitar, muitos manguezais passam a virar depósitos de lixos urbanos, depósitos de esgotos, aterro de áreas de manguezal para empreendimentos, desmatamento para dar espaço à agricultura, pesca predatória, queimadas.

Todos estes impactos ambientais relacionados, contribuem para a diminuição da qualidade ambiental, tendo como conseqüência direta a redução quantitativa das espécies de peixes, que vivem nesses ambientes, principalmente aquelas de importância sócio-econômica, assim como as demais espécies que dependem indiretamente, ao longo dos seus ciclos biológicos, dos ecossistemas de manguezal.

Importância dos manguezais para populações ao seu redor.

Muitas populações dependem do manguezal como fonte de sobrevivência e por este fator passaram a tratá-lo bem, ou seja, percebem que se não cuidarem deste ambiente ele pode não fornecer mais fontes de sustento.

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Muitas dessas populações utilizam o manguezal para pesca de subsistência com a exploração do caranguejo, siri, aratu, guaiamum, sururu, mexilhão e lambreta, que se constituem na única fonte de renda da população que vive em sua proximidade. Acaba por se destacar a pesca artesanal sem fins lucrativos, também a pesca para comercialização respeitando os tamanhos e períodos para a captura do caranguejo, conforme previsto pela legislação.

Atualmente essas populações ribeirinhas que vivem nas proximidades destes ambientes passaram a desenvolver atividades turísticas e recreativas voltadas à preocupação ecológico-ambiental e também como uma forma de aumentar sua renda e passando a sensibilizar as pessoas (turistas) da importância daquele ambiente, para a preservação das espécies de animais e vegetais que ali habitam.

Leis que protegem o manguezal

O manguezal, ecossistema é bem representado ao longo do litoral brasileiro, é considerado, no Brasil, como de preservação permanente, incluído em diversos dispositivos constitucionais (Constituição Federal e Constituições Estaduais) e infraconstitucionais (leis, decretos, resoluções, convenções). “A observação desses instrumentos legais impõe uma série de ordenações do uso e/ou de ações em áreas de manguezal” (Schaeffer-Novelli, 1994).

As leis aqui expostas são de proteção de ambientes costeiros, dando enfoque à preservação do manguezal, se essas áreas não forem respeitadas pode ocasionar sanções e punições, pela não valorização e respeito dessas áreas. Leis estaduais que priorizam o manguezal como área de preservação permanente, a única que lei estadual que se difere é a do Ceará, que proibi despejo de resíduos orgânicos e químicos não tratados, não considerando o manguezal como área de preservação permanente. Mesmo com todas as leis que não são poucas, verifica-se ainda a grande degradação desses ambientes costeiros, não se deve a quantidade de leis, mais as que já existam sejam fiscalizadas, ou seja, cumpridas. Mais muitos empreendedores vêem essas leis como um empecilho ao desenvolvimento, sedo esta uma área de importância na valorização e preservação como florestas, mata galerias e entre outros.

Exemplos de leis brasileiras na preservação do manguezal: - Constituição Federal, art.225, caput e § 4º;

- Lei 7661, de 16 de maio de l988 Instituiu o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC).

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- Resolução nº 01 de 21.11.90 da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar CIRM. Aprova o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro.

- Lei de Parcelamento do Solo (Lei 6766/79).

- Lei 4.771 de 15 de setembro de 1965, art.2º, f, Código Florestal. - Lei 5.197, de 03 de janeiro de 1967.

- Lei 5.357, de 17 de novembro de 1967. - Lei 6.766, de 19 de dezembro de 1979. - Lei 6938 de 31 de agosto de 1981, - Constituição Estadual da Bahia, art.215, I. - Constituição Estadual do Ceará, art.267, V. - Constituição Estadual do Maranhão, art.241, IV. - Constituição Estadual de Paraíba, 227.

- Constituição Estadual de IX Piauí, art.237, § 7º, I - Constituição Estadual de Rio de Janeiro, art.265, I - Lei 7.347/85, Lei da Ação Civil Pública.

- Lei 8.617, de 04 de janeiro de 1993. -Lei 9.433, de 08 de janeiro de 1997. - Lei 7679, de 23 de novembro de 1998.

- Lei 9.605/98, Crimes Ambientais, arts. 38 e seguintes e 54 Conclusão

Este trabalho teve como objetivo demonstrar a importância dos manguezais nas suas diversas funções, afim de que o leitor possa compreender a necessidade de preservação desta área. Muitos não percebem que se esse ecossistema ali existe, deve exercer alguma função no local. Conforme pesquisado há inúmeras leis que protegem o manguezal, só falta uma maior fiscalização por parte dos órgãos federais e estaduais e propor uma maior rigorosidade quando se pensar em construir qualquer empreendimento nestes locais e também que se tenham punições ao degradar os manguezais. Deveria dar maiores incentivos para que a população ribeirinha continue a manter esse local “intacto’ e que se mude essa concepção que o manguezal não um lindo ecossistema.

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Bibliografia

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Natureza, 1997.

Olmos, Fábio e Silva, Robson Silva. Guará: Ambiente, flora e fauna dos manguezais de

Santos- Cubatão. Editora Empresa das Artes, 2003.

Besse, Jean Marc. 4 - Fisionomia da paisagem de Alexandre Von Humboldt a Paul Vidal de La Blache. Seis ensaios sobre a paisagem e a geografia. Editora Vera a terra.

Mendes, Amilcar C. Geomorfologia e sedimentologia in Fernandes, Marcus E. B. Os

manguezais da costa norte brasileira. Editora Fundação Rio Bacanga, 2005.

Schneiderman, Regina. Manguezal nascedouro da Bacia. Retratos da Baia. Editora Faperj, 2005.

Soffiati, Arthur. O manguezal na historia e na cultura do Brasil. Editora Faculdade de Direito de campos, 2006. Sites Utilizados http://www.projetomanguezal.ufsc.br/leis.htm http://universidadenet.com/geografia/mangues.htm http://www.aultimaarcadenoe.com/leimanguezais.htm http://www.museu-goeldi.br/pesquisa/uas/uas1024/Mapa%20Dinamica.htm

Referências

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