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Efeitos da fisioterapia na força muscular respiratória do idoso: revisão de literatura

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Academic year: 2021

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Efeitos da fisioterapia na força muscular respiratória do idoso: revisão de

literatura

Flávia Alves de Abreu1, Ingrid Maziero Cheles1, Maíra de Freitas Souza1, Michelle Pereira Lima1, Rafael Bossolan1, Andréa Campos de Carvalho Ferreira1, Paulo Eduardo Gomes

Ferreira2

1Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá; 2Docente

do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário Barão de Mauá. paulo.ferreira@baraodemaua.br

1 INTRODUÇÃO

Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) demonstram mudanças na estrutura etária da população brasileira, que passará a ter um maior número de idosos em relação às outras idades (IBGE, 2011).

O organismo envelhece como um todo e é visto que o sistema respiratório do idoso sofre progressiva diminuição do desempenho devido às alterações estruturais e funcionais (JANSSENS; PACHE; NICOD, 1999). Essas mudanças são clinicamente relevantes, pois o declínio da função pulmonar está associado ao aumento da taxa de morbidade e mortalidade nesta população (RUIVO et al., 2009).

Simões et al. (2007) avaliaram a força muscular respiratória por meio de manovacuometria de 100 indivíduos saudáveis entre 40 e 89 anos, de ambos os sexos. O estudo observou a força dos músculos respiratórios pelas pressões respiratórias máximas: pressão inspiratória máxima (PIMáx) e pressão expiratória máxima (PEMáx). Segundo os autores, a disfunção muscular respiratória pode levar à hipoventilação, redução na tolerância ao exercício e, em casos extremos, à insuficiência respiratória. Faz menção ainda à diminuição do recolhimento elástico dos pulmões e da complacência da caixa torácica como uma das principais mudanças que ocorrem no sistema respiratório com o passar dos anos.

Estudos provam que alterações pulmonares nos idosos podem também ser resultado de patologias de outros sistemas, como, por exemplo: doenças cardiovasculares, deformidades ósseas torácicas, doenças articulares, lesões do sistema nervoso central e periférico e também cirurgias abdominais e torácicas. Ainda perturbações metabólicas, como: acidose, diabetes mellitus e uremia, podem ter como complicação alterações pulmonares (RUIVO et al., 2009).

As alterações determinadas pelo envelhecimento afetam os mecanismos de controle das estruturas pulmonares e extrapulmonares que participam do processo de respiração, observado pelo enfraquecimento da musculatura da respiração com o progredir da idade (ROSSI; SADER, 2002). Isso ocorre devido ao enfraquecimento do músculo esquelético somado ao enrijecimento da parede expiratória e inspiratória, exercendo um grau de dificuldade maior para executar a dinâmica respiratória (CARVALHO FILHO; LEME, 2002). O único músculo que não costuma ser afetado pelo envelhecimento é o diafragma que, no idoso, apresenta a mesma massa muscular que indivíduos mais jovens (GORZONI; RUSSO, 2006).

Ide et al. (2007) reforçam que, além da redução da elasticidade pulmonar, o idoso pode ainda apresentar redução da capacidade de expansão da caixa torácica e da pressão de recolhimento elástico, resultado da fusão das articulações sinoviais entre o esterno e cartilagens costais, contribuindo para redução da força muscular respiratória.

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Com essa realidade, os profissionais da saúde, inclusive o fisioterapeuta, vem se preocupando em prevenir ou retardar essa perda da função pulmonar que é característica da pessoa idosa. Por isso, torna-se relevante buscar o que já existe nesse assunto para a fundamentação científica, melhorando a atuação clínica com idosos saudáveis.

2 OBJETIVO

Verificar, através de uma revisão bibliográfica, os efeitos da fisioterapia na força da musculatura respiratória de pessoas idosas.

3 MATERIAL E MÉTODOS

Como metodologia, optou-se pela revisão bibliográfica, centrada em artigos referentes a estudos nacionais e livros reconhecidos da área buscando conteúdo relacionado a idosos saudáveis.

Os artigos foram selecionados no espaço virtual, em sites indexados nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (BIREME) que abordavam força muscular respiratória de idosos e fisioterapia, usando as palavras-chave: músculos respiratórios, idoso, fisioterapia.

Foram excluídos os artigos que associavam fisioterapia em pacientes pós-cirúrgicos, os que continham programas em indivíduos com suporte de ventilação mecânica e os artigos que estudavam idosos com patologias respiratórias. Para leitura dos artigos mais atuais, foram escolhidos aqueles a partir do ano de publicação de 2007.

4 RESULTADOS

Na busca na base de dados Lilacs foram encontrados seis artigos. Na Scielo Brasil foram levantados quatro artigos.

Após leitura criteriosa dos resumos, foram excluídos os estudos que não se enquadravam na proposta descrita no Material e Métodos, sendo incluídos três artigos.

Para tanto, foram analisados temas como a força muscular respiratória, a força do músculo pulmonar, expansibilidade do pulmão e a autonomia de idosos, tanto os institucionalizados como os da comunidade em geral.

A Tabela 1 resume os achados principais dos artigos selecionados. Tabela 1- Artigos selecionados para revisão de literatura.

Autor/ano

periódico Título Métodos Objetivo Resultados Conclusão

Cader, S.; Silva, E. B.; Vale, R.; Bacelar, S.; Monteiro, M. D.; Dantas, E., 2007. Motricidade Efeito do treino dos músculos inspiratórios sobre a pressão inspiratória máxima e a autonomia funcional de idosos asilados Estudo

transversal do fortalecimento Avaliar o efeito muscular inspiratório sobre a PImáx e a autonomia funcional de idosos asilados. Diferenças significativas foram observadas entre as

variáveis PImáx,

autonomia funcional,

caminhar 10 metros,

levantar da posição

sentada, vestir e tirar a

camisa, levantar da

posição decúbito ventral e levantar e caminhar por locais da casa apresentadas pelos Grupo Controle e

Grupo Experimental,

sendo este último superior ao primeiro (p=0,00001). O fortalecimento isolado da musculatura inspiratória causou aumento da PImáx e da autonomia funcional dos idosos asilados analisados.

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Fonseca, M. A.; Cader, S. A.; Dantas, E. H. M.; Bacelar, S. C.; Silva, E. B.; Leal, S. M. O., 2010 Revista da Associação de Medicina Brasileira Programas de treinamento muscular respiratório: impacto na autonomia funcional de idosos Ensaio clínico aleatório Comparar dois programas de treinamento muscular respiratório (Threshold e Voldyne) na melhoria da autonomia funcional de idosos. Na comparação intragrupos (pré x pós-teste), houve diferença significativa no Grupo

Threshold (GT) para todos

os testes, com exceção do levantar da posição de decúbito ventral. No Grupo Voldyne (GV), só houve diferença significativa (p<0,05) para o teste de caminhar 10 metros. Na comparação intergrupos (pós x pós), houve uma significância estatística (p<0,05) para o teste vestir e tirar a

camiseta, sendo os resultados favoráveis ao GT. (continua) Os grupos treinados obtiveram níveis de autonomia funcional acima de 27,42; considerado fraco tanto no pré e pós-treinamento. Santos, L. J.; Santos, C. I.; Hofmann, M. M., 2011 RBCEH Força muscular respiratória em idosos submetidos a duas modalidades de treinamento Estudo controlado randomizado Avaliar a força muscular respiratória em idosos submetidos a treinamento dos músculos acessórios da respiração com theraband e com Threshold.

Os dois grupos não

apresentaram diferenças

significativas entre si,

sendo caracterizados como

uma população

homogênea, representando a comparação entre os

grupos quanto aos

desfechos de interesse no período pós-treinamento. As duas modalidades de treinamento aplicadas não foram efetivas no que se refere ao aumento da força muscular respiratória nos idosos. 5 DISCUSSÃO

As pesquisas mostraram a preocupação com a necessidade de se realizar um trabalho fisioterapêutico para o desenvolvimento da autonomia do idoso, levando-se em conta a maior expectativa de vida do homem, a possibilidade de uma vida de qualidade e o aumento proporcional de idosos no mundo.

A autonomia de idosos pesquisada por Cader et al. (2007), utilizando o protocolo de avaliação funcional do Grupo de Desenvolvimento Latino-Americano para a Maturidade (GDLAM) e o manovacuômetro para aferir a PIMáx, relata a dispneia como o principal fator de diminuição da força da musculatura inspiratória, impedindo a autonomia do idoso.

A autonomia do idoso também foi pesquisada por Fonseca et al. (2010) levando em consideração o aumento da expectativa de vida e a inversão da pirâmide etária devido à redução da fecundidade. O decréscimo da força muscular esquelética e da musculatura respiratória são fatores determinantes para a dependência sofrida pelo ser humano a partir dos 60 anos.

O impacto da idade cronológica na função respiratória também pode ser influenciado pelo gênero e idade, sendo então, que em um casal de idosos de mesma idade, saudáveis, há maior impacto no sexo feminino (RUIVO et al., 2009).

O estudo de Simões et al. (2007) observou que homens e mulheres apresentaram redução progressiva na PIMáx e na PEMáx a partir dos 40 anos; no entanto, cabe frisar que tais valores são bastante inferiores em mulheres, em todas as décadas observadas.

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Um estudo similar aos levantados nessa revisão de literatura, que compara os efeitos de um programa de exercícios respiratórios em meio aquático com um desenvolvido no solo sobre a expansibilidade torácica de idosos saudáveis entre 60 e 65 anos, também concluiu que os exercícios fisioterapêuticos são indicados e dão bons resultados, embora existam poucos estudos que se dediquem à população idosa saudável (IDE et al., 2007). Esse achado corrobora com o incentivo de pesquisar os efeitos da fisioterapia em idosos saudáveis.

Ide et al. (2007) afirmam que uma intervenção de baixo custo que melhore a expansibilidade torácica poderá ser de grande valia, já que um sistema respiratório eficiente pode prevenir ou otimizar a recuperação frente a patologias respiratórias comuns na população idosa.

6 CONCLUSÃO

A partir do estudo realizado, observou-se a redução da capacidade muscular respiratória do idoso e a intenção da implantação de protocolos de exercícios respiratórios e/ou associados a exercícios de membros inferiores em idosos sem complicações pulmonares visando melhorar a função muscular respiratória. Porém, mais estudos são necessários a fim de minimizar tal perda e proporcionar a criação de estratégias de tratamento.

Os estudos apontam que para um melhor rendimento da capacidade respiratória é importante a realização de um programa de exercícios.

Cabe ressaltar também que foi verificado que exercícios podem favorecer a preservação e o desenvolvimento da autonomia dos idosos e favorecer a melhora da sua função pulmonar.

Palavras-chave: músculos respiratórios, idoso, fisioterapia. REFERÊNCIAS

CADER, S. et al. Efeito do treino dos músculos inspiratórios sobre a pressão inspiratória máxima e a autonomia funcional de idosos asilados. Motricidade. Santa Maria da Feira, v. 3, n. 1, p. 279-88, 2007.

CARVALHO FILHO, E. T.; LEME, L. E. G. Envelhecimento do sistema respiratório. In PAPALÉO NETO, M.; CARVALHO FILHO, E. T. Geriatria: fundamentos, clínica e terapêutica. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 2002. p. 291-295.

FONSECA, M. A. et al. Programas de treinamento muscular respiratório: impacto na autonomia funcional de idosos. Rev Assoc Med Bras, v. 56, n. 6, p. 642-648, 2010. GORZONI, M. L.; RUSSO, M. R. O envelhecimento respiratório. In: FREITAS, E. et al. Tratado de geriatria e gerontologia. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006. p. 596. IBGE. 2011. Primeiros resultados definitivos do Censo 2011. Disponível em:

<http://saladeimprensa.ibge.gov.br/noticias?view=noticia&id=1&busca=1&idnoticia=1866>. Acesso em: 9 abr. 2014.

IDE, M. R. et al. Exercícios respiratórios na expansibilidade torácica de idosos: exercícios aquáticos e solo. Fisioterapia em Movimento. Curitiba, v. 20, n. 2, p. 33-40, abr./jun. 2007.

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JANSSENS, J. P.; PACHE, J. C.; NICOD, L. P. Physiological changes in respiratory function associated with aging. Eur Respir J, v. 13, n. 1, p. 197-205, 1999.

ROSSI, E.; SADER, C. S. O envelhecimento do sistema osteoarticular. In: FREITAS, E. et al. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2002. p. 792-796. RUIVO, S. et al. Efeito do envelhecimento cronológico na função pulmonar: comparação da função respiratória entre adultos e idosos saudáveis. Rev Port Pneumol, Lisboa, v. 15, n. 4, p. 629-53, ago. 2009. Disponível em: <http://www.scielo. oces.mctes.pt/scielo.php?pid= S0873- 21592009000400005 HYPERLINK>. Acesso em: 21 mar. 2014.

SANTOS, L. J.; SANTOS, C. I.; HOFMANN, M. M. Força muscular respiratória em idosos submetidos a duas modalidades de treinamento. RBCEH, Passo Fundo, v. 8, n. 1, p. 29-37, jan./abr. 2011.

SIMÕES, R. P. et al. Influência da idade e do sexo na força muscular respiratória. Fisioterapia e Pesquisa, v. 14, n. 1, p. 36-41, 2007.

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