Nutrição parenteral no
adulto
Dra. Maysa Penteado Guimarães
Médica Clínica Geral e Nutróloga pela ABRAN
Especialista em Nutrição Enteral e Parenteral pela SBNPE Membro do corpo clínico do IMeN – Instituto de
Metabolismo e Nutrição
Desnutrição
Desnutrição
Desnutrição
A doença mais prevalente em hospitais
A prevalência da desnutrição aumenta, à medida que aumenta o tempo de
internação
Maior mortalidade e tempo de internação: relação direta com a desnutrição ou risco
nutricional
IBRANUTRI
• Estudo brasileiro • 4000 pacientes
• Prevalência de desnutrição de 48,1% • Sendo que 12,6% desnutrição grave
W aitzberg D L, Caiaffa W T,Correia M I. Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional Hospitalar (IBRANUTRI). Braz J Clin Nutr 1999;14:124 -134
Desnutrição multifatorial
• Doença – Síndromes consuptivas • Hipermetabolismo • Tratamento – QT/ RT – Intervenções cirúrgicas• Aspectos sócio-econômicos prévios à internação
• Jejum prolongado
Desnutrição multifatorial
• Doença – Síndromes consuptivas • Hipermetabolismo • Tratamento – QT/ RT – Intervenções cirúrgicas• Aspectos sócio-econômicos prévios à internação
• Jejum prolongado
Pior prognóstico com oferta
calórica inadequada
Estudo prospectivo observacional
TI em UTI > 5 dias
N = 48, 11 ± 8 dias de VM, TI em UTI = 15 ± 9 dias
Mortalidade em 30 dias = 38%
Início da NE = 3,1 ± 2,2 dias
Balanço calórico = - 12.600 ± 10.520 Kcal
Conclusões:
Balanço calórico negativo se correlaciona com pior prognóstico Aumento de complicações infecciosas
Villet S, et al Hypocaloric Feeding in the ICU Clinical Nutrition 24:205-209, 2005
Balanço calórico,
quando negativo:
Em pacientes graves:
• aumenta as complicações
infecciosas e não infecciosas • maior tempo de VM e tempo de internação (hospitalar e UTI)
Villet, 2005
Quanto maior o balanço calórico negativo, principalmente acima de 5000 calorias na primeira semana de TN em pacientes graves, maior morbi-mortalidade.
Rosenfeld, 2009
A nutrição parenteral é uma terapia importante na tentativa de assegurar uma oferta
História
• 1966 – Dudrick: glicose hiperosmolar e hidrolisado de proteína em cães
• Hiperalimentação sem lipídeos
Surgery; 64:134-142., 1968 Dudrick SJ, Wilmore DW, Vars HS, Rhoads JE.
História
• 1966 – Dudrick: glicose hiperosmolar e hidrolisado de proteína em cães.
Hiperalimentação sem lipídeos
• Manutenção do estado nutricional, crescimento e desenvolvimento por período prolongado
História
• 1967 – Bishop: hospital pediátrico da Filadélfia
• Por 22 meses uma criança, com atresia maciça do intestinal delgado, foi mantida com NPT exclusiva
• Marco inicial para a aplicabilidade segura da nutrição parenteral total
Legislação
• 1998: Portaria 272/MS/SNVS
• Definição:
Solução ou emulsão composta de carboidratos, aminoácidos, lipídios,
vitaminas e minerais, estéril e apirogênica, acondicionada em recipiente de vidro ou
Objetivo
• Fornecer os elementos necessários à demanda nutricional de pacientes que possuem a via gastrointestinal
impossibilitada de ser utilizada em razão de causas anatômicas, infecciosas ou
metabólicas e como parte da terapêutica em certas doenças que necessitem de
Objetivo
• Fornecer os elementos necessários à demanda nutricional de pacientes que possuem a via gastrointestinal
impossibilitada de ser utilizada em razão de causas anatômicas, infecciosas ou
metabólicas e como parte da terapêutica
em certas doenças que necessitem de repouso intestinal e/ou pancreático
Indicações
Trato gastro-intestinal não funcionante
Necessidade de repouso intestinal ou má-absorção ◦ Pancreatite aguda
◦ Peritonite
◦ Obstrução intestinal ◦ Fístulas de alto débito ◦ Vômitos/Diarréia
◦ Síndrome do intestino curto Pré-operatório
◦ Desnutrição com perda de peso > 15% do peso habitual
Contra-indicações
Capacidade de consumir e absorver nutrientes via oral ou
via enteral
Instabilidade hemodinâmica
Disfunção hepática importante
Hipertrigliceridemia/Hiperlipidemia
Vantagens
Oferta fácil Prescrito = Infundido Sem necessidade de TGI funcionanteDesvantangens
Atrofia Intestinal (GALT, mucosa) Metabólicas (hiperglicemia) Imunossupressão Desequilíbrio (AA, Lipídeos) Trombose VenosaTipos de NP
• Tempo de utilização e osmolaridade da solução
• Periférica: baixa concentração de nutrientes maior volume
sem desnutrição grave tempo < 7 dias
Tipos de NP
• Tempo de utilização e osmolaridade da solução
• Central: alta concentração de nutrientes menor volume
pode ser indicada se desnutrição grave tempo mais prolongado
Componentes
Macronutrientes Cho, ptn, lip
Micronutrientes
Oligoelementos (Selênio e Zinco) Polivitamínicos
Componentes
Macronutrientes • Carboidratos: 50% OC
• Proteínas: 20% OC • Lipídeos: 30% OC
Carboidratos
• O mais usado é a glicose anidra (3,75Kcal/g).
• A concentração varia de 2,5 a 70%.
• A glicose é o componente da NP que mais altera a osmolaridade da solução.
Carboidratos
Faixa etária Recomendação
Adultos normais Máx: 7g/kg/d
Pacientes acamados estáveis Máx: 7mg/kg/min
Proteínas
• Proteínas: geralmente tem um mix completo de aminoácidos em uma concentração de 8 a 10%. Existem soluções específicas para
determinados casos.
• Ótima razão para síntese protéica: essenciais 40 a 50% e não essenciais 50 a 60%
Proteínas
• AA essenciais com histidina
• AA ramificados (Fisher) 4 e 8% • AA totais 10%
• AA totais 10% com taurina
Proteínas
• Quantidade de nitrogênio
Proteínas
• Quantidade de nitrogênio • 1 g ptn tem 16% de N
• Exemplo: 100g de ptn 16g de N • Relação cal não proteicas/gN
Proteínas
• Quantidade de nitrogênio • 1 g ptn tem 16% de N
• Exemplo: 100g de ptn 16g de N • Relação cal não proteicas/gN
Proteínas
• Quantidade de nitrogênio • 1 g ptn tem 16% de N
• Exemplo: 100g de ptn 16g de N • Relação cal não proteicas/gN
Proteínas
• Quantidade de nitrogênio • 1 g ptn tem 16% de N
• Exemplo: 100g de ptn 16g de N • Relação cal não proteicas/gN
Demanda de Nitrogênio
GRUPO PACIENTES
Normal Baseada em estudos com pacientes normais ou ambulatoriais
Moderada Pacientes hospitalizados em cirurgias eletivas, câncer, doença inflamatória intestinal.
Relação Gasto Energético/Nitrogênio de acordo com grupos de pacientes
Atender à demanda de Calorias/Nitrogênio está baseada em evidência clínica
Trauma/Queimados
Sepsis
Oncologia
Doencas Inflamatorias Intestinais (DII) ex. Crohn Cirurgia Demanda de N2 elevada Demanda de N2 moderada Demanda de N2 normal
Lipídeos
• é mais que um simples nutriente que fornece energia
• considerado um nutriente específico
capaz de: modular a resposta - inflamatória
- imunológica - metabólica
Lipídeos
Faixa etária/situação Dose recomendada
Adultos ou = 2,5 g/kg
Lipídeos
• Saturados: Sem ligações duplas na cadeia Ex: Ácido palmítico
• Monoinsaturados: Apenas uma ligação dupla na cadeia
Ex: Ácido oléico
• Polinsaturados: Duas ou mais ligações duplas na cadeia
Óleo de soja
• Rica em ác. graxos poli insaturados de cadeia longa
• Fonte de ác. graxos essenciais
• Participa da síntese de eicosanóides • EL mais usada no mundo
TCM
• Rápido clareamento plasmático • Facilita esvaziamento gástrico
• Fonte energética facilmente disponível • Menor peroxidação
• Efeito anti-inflamatório adicional
Óleo de oliva
• Menos suceptível à peroxidação • Efeito imunológico neutro
Óleo de peixe
• Vantagem: efeito anti-inflamatório do w3
• Atenção: excesso de w3 ou w6 na NPT pode causar imunossupressão
• Uma boa resposta imunológica depende de uma boa relação w6:w3 2:1 a 4:1
1. Wanten GJA, Calder PC. Am J Clin Nutr. 2007;85(5):1171-1184.
2. Calder PC. Braz J Med Biol Res. 2003;36(4):433-446.
3. Hayashi N, et al. JPEN. 1998;22(6):363-367.
4. Waitzberg DL, et al. JPEN. 2006;30(4): 351-367.
5. Grimm H, et al. JPEN. 1994;18(5):417-421.
Ω-3
Ω-6
Ω-9
• PUFA primário no óleo
de peixe (EPA, DHA e ác. a-linolenico)1
• Efeito
antiinflamatório2,3 e
imunossupressivo4,5 é
dose -dependente
• Alvo para oxidação
(múltiplas duplas ligações)6
• PUFA primário no óleo
de soja (ác. linoleico)1
• Pro-inflamatório4,7 e
immunosuppressor4,7,8
• Alvo para oxidação
(multiplas duplas ligações)6
• MUFA primário no óleo
de oliva (ác. oleico)1 • Dá suporte a resposta inflamatória intrínsica normal do hospedeiro9-11 • Menos propensa a oxidação (1 dupla ligação)6
6. Eritsland J. Am J Clin Nutr. 2000;71(suppl 1):197S-201S.
7. Furukawa K, et al. Nutrition. 2002;18(3):235-240.
8. Battistella FD, et al. J Trauma. 1997;43(1):52-58.
9. Granato D, et al. JPEN. 2000;24(2):113-118.
10. Buenestado A, et al. JPEN. 2006;30(4):286-296.
11. Cury-Boaventura MF, et al. Life Sci. 2006;78(13):1448-1456.
PUFA, polyunsaturated fatty acid; EPA, eicosapentaenoic acid; DHA, docosahexaenoic acid; MUFA, monounsaturated fatty acid.
Conclusão
A nutrição parenteral é benéfica quando bem indicada e acompanhada Não é uma simplesdieta. Faz parte da terapêutica clínica para recuperação do organismo Quando bem monitorada, a segurança está bem estabelecida
Obrigada!
Etiologia Potencial da Imunossupressão Sistêmica Induzida pela NPT
• Oferta calórica excessiva
• Hiperglicemia
• Esteatose Hepática
• Excesso TCL IV
• Disfunção do SRE
• Excesso PGE2
• Alteração da função de macrófagos
• Menor relação de oferta de AA
• Sem glutamina
• TGI em desuso
• Atrofia de mucosa intestinal
• Atrofia GALT
Jeejeebhoy KN, Am J Clin Nutr 2001
• Disfunção intestinal, doença crítica, pancreatite, doença
inflamatória intestinal, trauma e sepse - É salvadora!
• NPT não causa atrofia intestinal ou translocação bacteriana
em humanos.
• O excesso de nutrientes aumenta as complicações -
especialmente na sepse.
• NPT sob os cuidados de EMTN não causa mais complicações do
que a NET.
• Os perigos da NPT são exagerados.
• NPT é benéfica no tratamento da desnutrição, mas não cura
todas as doenças.
• NPT é uma alternativa tão eficaz quanto a NET, quando o risco
de desnutrição existe e a NET não é tolerada.