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COMPARAÇÃO DO SANGRAMENTO PÓS-OPERATÓRIO ENTRE A CIRURGIA ASSISTIDA POR COMPUTADOR E A CONVENCIONAL NA ARTROPLASTIA TOTAL DO JOELHO

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Arq. Bras. Med. Naval, Rio de Janeiro, 71 (1): 52-56

COMPARAÇÃO DO SANGRAMENTO

PÓS-OPERATÓRIO ENTRE A CIRURGIA ASSISTIDA

POR COMPUTADOR E A CONVENCIONAL NA

ARTROPLASTIA TOTAL DO JOELHO

Anderson Antonio da Costa¹

CMG (Md) Claudio Luis da S. Fraga2

1o Ten (RM2-Md) Daniel Guinim Macedo³

Felipe Campos da Costa Rabello Cabral4

RESUMO

Na artroplastia total do joelho (ATJ), há uma perda sanguínea considerável que aumenta as taxas de morbimortalidade.2 Alguns

métodos auxiliam na redução do sangramento per e pós-operatório, e a cirurgia assistida por computador minimiza as perdas san-guíneas pós-operatórias. Objetivo: Avaliar, comparando à técnica convencional, a diminuição do sangramento pós-operatório em pa-cientes submetidos à artroplastia total do joelho assistida por computador. Métodos: Realizamos um estudo retrospectivo da perda sanguínea pós-operatória em 48 pacientes submetidos à artroplastia total do joelho divididos em dois grupos: um grupo submetido à cirurgia assistida por computador e outro ao procedimento convencional. Utilizamos como parâmetro de avaliação o volume sanguíneo contido no dreno de sucção a vácuo e a diminuição nos níveis de hemoglobina. Ambos os procedimentos foram realizados pelo mes-mo cirurgião, na mesma instituição, com a mesma abordagem cirúrgica. A única diferença entre as técnicas empregadas foi o uso dos guias intramedulares femoral e tibial para alinhamento dos componentes na cirurgia convencional e o uso de pinos ósseos para adap-tação dos sensores na técnica assistida por computador. Resultados: A drenagem média observada foi de 706 ml no grupo assistido por computador, e 1.047 ml no grupo convencional. A diferença entre os grupos (341 ml) foi considerada estatisticamente significante (p = 0,0005). A diminuição média nos níveis de hemoglobina foi de 2,3 g∕dl no grupo assistido por computador e de 3,2 g∕dl no grupo convencional, apresentando uma diferença de 0.9 g/dl entre as médias, também considerada estatisticamente significante (p = 0,0007). Conclusão: Na artroplastia total do joelho assistida por computador, houve uma redução no volume da drenagem sanguínea e menor queda nos níveis de hemoglobina no pós-operatório comparada à abordagem cirúrgica convencional, comprovada estatisticamente.

Palavras-chave: perda sanguínea pós-operatória/cirurgia; artroplastia do joelho/métodos; cirurgia assistida por computador; joelho/cirurgia; ortopedia/métodos.

INTRODUÇÃO

A osteoartrose do joelho é uma doença degenerativa, cuja prevalência está crescendo, devido a um aumento da expectativa de vida. A artroplastia total do joelho (ATJ) tem como principal indicação o alívio da dor, possibilitando a correção do alinhamento e, em alguns casos, melhora do arco de movimento e da marcha.1

Na ATJ há uma perda sanguínea considerável que aumenta as taxas de morbimortalidade.2 Alguns métodos auxiliam na

redu-ção do sangramento per e pós-operatório, como o uso do manguito pneumático,3 cirurgias minimamente invasivas e substâncias

antifibrinolíticas.4

Com a incorporação de novas tecnologias na prática médica, existe a cirurgia assistida por computador para realização de alguns procedimentos ortopédicos, entre eles a ATJ. Nosso artigo objetiva avaliar se a cirurgia assistida por computador contribui para a re-dução do sangramento.

Recebido em 12/4/2010

Aceito para publicação em 18/5/2010

1 Médico Assistente da Clínica de Traumato-Ortopedia do Hospital Naval Marcílio Dias, Encarregado do Grupo de Joelho da Clínica de Traumato-Ortopedia

do Hospital Naval Marcílio Dias e Membro Titular da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia.

2 Chefe da Clínica de Traumato-Ortopedia do Hospital Naval Marcílio Dias.

3 Médico Assistente da Clínica de Traumato-Ortopedia do Hospital Naval Marcílio Dias.

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PACIENTES E MÉTODOS

Avaliamos retrospectivamente os prontuários de 70 pacientes submetidos à ATJ no Hospital Naval Marcílio Dias, entre o período de março de 2005 a julho de 2007. Todos os pacientes foram sub-metidos a uma rotina pré-operatória, que consiste na avaliação clíni-ca pelo cirurgião, clíni-cardiologista e anestesista, além da realização de exames pré-operatórios (com dosagem dos níveis de hemoglobina sanguínea).

No pós-operatório, todos os pacientes são encaminhados a uma unidade de cuidados semi-intensivos, onde se realiza a medida do volume drenado no pós-operatório imediato, primeiro e segundo dias. Após 48 horas, é retirado o dreno de sucção e solicitado hemo-grama de controle. Realizamos em todos os pacientes a profilaxia da trombose venosa profunda com uso de heparina de baixo peso mo-lecular na dose de 40 mg subcutânea iniciada no primeiro dia pós-operatório e mantida diariamente até o décimo dia de pós-pós-operatório. Avaliamos as perdas sanguíneas através do volume sanguíneo drenado, nas primeiras 48 horas, e a diferença dos níveis de hemo-globina (Hb) calculada pela seguinte fórmula: hemohemo-globina pré-ope-ratória subtraída da hemoglobina pós-opepré-ope-ratória.

Incluímos neste artigo, apenas pacientes com osteoartrose pri-mária do joelho.

Estabelecemos como critérios de exclusão a ausência de infor-mações adequadas no prontuário (falta do registro do volume dre-nado e/ou ausência de exames pré e pós-operatórios); os pacientes

que tiveram o dreno retirado antes de completar 48 horas; os porta-dores de doenças hematológicas; os medicados com anticoagulan-tes e os submetidos à artroplastia de revisão.

Foram descartados do estudo 22 pacientes, por não se enqua-drarem nos critérios acima descritos. Os 48 restantes foram divididos conforme o tipo de procedimento. No grupo A: cirurgia convencional – 22 pacientes (Tabela 1) e, no grupo B: a cirurgia assistida por com-putador – 26 pacientes (Tabela 2).

Caso Iniciais Sexo Idade Hb pré Hb

pós Hb drenadoVol. isquemiaΔt

1 MWA F 72 13,9 11,4 2,5 630 98 2 ASO F 66 13,7 10,2 3,5 1.080 90 3 JAO M 68 13,8 10,4 3,4 850 110 4 OLM F 72 12,5 9,4 3,1 1.070 87 5 ECL M 66 14,5 11,6 2,9 1.230 89 6 OMM F 68 13,4 10,5 2,9 960 105 7 MAS F 80 12,5 8,2 4,3 1.720 109 8 CSS F 68 13,7 10,8 2,9 1.250 112 9 GFS M 68 14,9 12,9 2 890 114 10 TMG F 66 13,3 9,9 3,4 870 97 11 JBM F 79 13,2 11,2 2 950 99 12 GFS M 68 14,9 10,9 4 1.600 108 13 VAA F 65 14,4 12 2,4 680 79 14 MVE F 77 13,9 10,8 3,1 500 83 15 DBM M 74 14,2 10,6 3,6 1.320 86 16 TJO F 74 12,5 8,7 3,8 1.450 88 17 IBB F 65 13,5 9,5 4 1.540 97 18 MMS M 60 12,1 9,8 2,3 650 79 19 NAD F 70 13,4 10,6 2,8 890 110 20 SMS F 73 12,4 8,3 4,1 1.100 115 21 CRD M 70 14,1 9,7 4,4 1.120 101 22 MMA F 65 14,7 11,9 2,8 680 92

M: masculino; F: feminino; Idade: idade em anos; Hb pré: hemoglobina pré-operatória (g/dl); Hb pós: hemoglobina pós-pré-operatória (g/dl);

Hb: diminuição dos níveis de hemoglobina (g/dl); Vol. drenado: volume sanguíneo drenado pelo dreno de sucção; t isquemia: tempo de isquemia. Tabela 1: Casuística dos pacientes do grupo convencional segundo número de ordem, iniciais, sexo, idade, valores de hemoglobina pré e pós-operatória, diminuição nos valores de hemoglobina, volume drenado e tempo de isquemia

M: masculino; F: feminino; Idade: idade em anos; Hb pré: hemoglobina pré-operatória (g/dl); Hb pós: hemoglobina pós-operatória (g/dl); Hb: diminuição dos níveis de hemoglobina (g/dl); Vol. drenado: volume sanguíneo drenado pelo dreno de sucção; t isquemia: tempo de isquemia.

Caso Iniciais Sexo Idade Hb pré Hb pós Hb Vol.

drenado t isquemia 1 OKP F 71 12,6 10,2 2,4 1.030 160 2 IBH F 71 13,2 12,5 0,7 390 140 3 TJO F 74 13,6 12,2 1,4 550 154 4 JRS M 72 14,3 13,5 0,8 360 118 5 VRS M 73 14,7 12,1 2,6 530 125 6 NAD F 69 13,8 10,6 3,2 600 140 7 MMI F 63 14,1 9,5 4,6 1.040 129 8 ELS M 72 12,9 11,4 1,5 650 115 9 JPC M 73 15,2 12,7 2,5 1.300 137 10 MDN F 67 12,8 11,5 1,3 700 148 11 OGR F 60 13,3 10.1 3,2 650 143 12 AMC F 76 12,5 11,7 0,8 400 128 13 MVP F 75 11,2 9,4 1,8 580 125 14 JGO M 70 14,1 12,3 1,8 600 135 15 MVE F 78 12,3 10,8 1,5 700 122 16 DFA M 66 14,2 12,1 2,1 700 133 17 ISW M 69 15,6 12,1 3,5 850 128 18 ERS F 72 13,7 10,2 3,5 950 122 19 EMS M 66 14,9 13,1 1,8 720 170 20 JDC F 72 12,9 9,2 3,7 530 134 21 VBS F 67 13,9 11,7 2,2 320 129 22 OPC F 68 13,3 10,6 2,7 1.200 121 23 CRM M 70 14,1 12,4 1,7 430 162 24 TTS F 74 14,2 11,2 3 620 133 25 EDR F 57 11,4 9,4 2 600 145 26 UFG M 69 13,3 10,2 3,1 1.350 122

Tabela 2: Casuística dos pacientes do grupo submetido à cirurgia assistida por computador segundo número de ordem, iniciais, sexo, idade, valores de hemoglobina pré e pós-operatória, diminuição nos valores de hemoglobina, volume drenado e tempo de isquemia

Medidas descritivas

Variável N Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão

Idade (anos) 22 60 80 68 69,7 4,97

Tabela 3: Análise descritiva da idade dos pacientes do grupo submetido à cirurgia convencional

Tabela 4: Análise descritiva da idade dos pacientes do grupo submetido à cirurgia assistida por computador

Medidas descritivas

Variável N Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão

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No grupo A eram 15 pacientes do sexo feminino e sete do mascu-lino, enquanto no grupo B, 16 eram do sexo feminino e 10 do masculi-no. Nos dois grupos, a média de idade foi semelhante (Tabelas 3 e 4).

Os resultados foram analisados de forma estatística com auxílio do programa BioEstat versão 3.0.5 E o estudo foi avaliado e aprova-do pela comissão de ética aprova-do hospital.

TÉCNICA CIRÚRGICA

Todas as cirurgias foram realizadas pelo mesmo cirurgião, na mesma instituição, utilizando a mesma técnica anestésica (raquia-nestesia). Posicionado o paciente em decúbito dorsal horizontal. Foi realizada a isquemia do membro inferior ipsilateral com o uso de manguito pneumático automático ajustado com a pressão de 400 mmHg, após exsanguineação com faixas de compressão elástica.

A via de acesso utilizada foi a retinacular parapatelar medial6

com joelho fletido a 90°. Seguiram-se os cortes ósseos e o balanço ligamentar, sem preservação do ligamento cruzado posterior.

Foi utilizada a prótese total cimentada (Search-Evolution, da Aesculap, Alemanha) sem artroplastia do componente patelar.

Após realização da ATJ, o sistema de drenagem de sucção a vácuo foi instalado no interior da articulação, realizada sutura por planos e cura-tivo compressivo associado à imobilização não gessada. A liberação da isquemia só foi realizada após realização do curativo e da imobilização. Não ocorreu o clampeamento do dreno no pós-operatório.

Como única diferença entre os dois grupos, destacamos a utiliza-ção da perfurautiliza-ção da medular da tíbia e do fêmur para colocautiliza-ção dos guias para alinhamento da prótese no grupo convencional e uso de pinos bicorticais de 4 mm para instalação dos sensores de posicio-namento do navegador, que no caso, foi o Orthopilot® da Aesculap, Alemanha (Figura 1).

transmitindo ao computador informações do posicionamento, em uma sequência de referências ósseas por ele solicitadas, cujos dados per-mitem uma reconstrução tridimensional da área, informando: alinha-mento, posicionamento ideal para realização dos cortes ósseos, tama-nho dos componentes femoral e tibial, tamatama-nho do polietileno.

Figura 1: Navegador cirúrgico Orthopilot® da Aesculap.

O navegador utilizado funciona pela emissão de ondas infraver-melhas (Figura 2), que são refletidas por sensores fixados aos po-sicionadores (femoral e tibial) e guias de instrumentação (Figura 3),

Figura 2: Emissor e receptor infravermelho do navegador.

Figura 3: Sensores refletores infravermelhos, fixados aos posicionadores tibial e femoral do navegador.

ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para elaboração e processamento dos dados estatísticos, uti-lizamos o programa de análise estatística BioEstat versão 3.0 e com o teste paramétrico T-Student (t-test; utilizado quando o ta-manho das amostras é igual ou inferior a 30 unidades para cada grupo e as variantes desconhecidas) avaliamos as duas amos-tras. Os resultados foram considerados estatisticamente signifi-cativos, quando apresentaram probabilidade de significância in-ferior a 5% (p < 0,05). Tendo, portanto, 95% de confiança nas conclusões apresentadas.

RESULTADOS

A média do volume sanguíneo drenado foi de 706 ml (intervalo de confiança (IC) da amostra de 95% = de 591 a 820 ml) no grupo assistido por computador, e 1.047 ml (IC 95% = 898 a 1.195 ml) no grupo convencional (Gráfico 1). Desse modo, a diferença entre as médias (341 ml; IC 95% = 162 a 520 ml) foi estatisticamente signifi-cativa (p = 0,0005) (Tabela 5).

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Também foi observado que a média da diminuição nos níveis de hemoglobina no grupo assistido por computador foi de 2.3 g∕dl (IC 95% =1,9 a 2,7 g∕dl) contra 3,2 g∕dl (IC 95% = 2,9 a 3,5 g∕dl) no gru-po convencional (Gráfico 2). Portanto, a diferença entre as médias (0,9 g∕dl; IC 95% = 0,4 a 1,4 g∕dl) foi estatisticamente significante (p = 0,0007), confirmando que há diferença estatística na redução do volume sanguíneo drenado entre os grupos (Tabela 6).

tido à cirurgia assistida por computador (Gráfico 3). Essa diferença, de 37 minutos, no tempo total de isquemia foi estatisticamente signifi-cante (p = 0,000) e creditado a curva de aprendizado do procedimen-to, sem que nenhuma complicação maior tenha ocorrido (Tabela 7).

Gráfico 1: Perda média sanguínea (ml) pelo dreno de sucção a vácuo nos grupos do estudo: grupo A – cirurgia convencional e grupo B – cirurgia assistida por computador.

Tabela 5: Análise descritiva da perda sanguínea entre os grupos

Medidas descritivas

Cirurgia N Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão p

Convencional 22 500 1.720 1.015 1.047 335,2 0,0005

Assistida por computador 26 320 1.350 633 706 282,6

Entretanto, foi observado um aumento médio de 37 minutos (IC 95% = 30 a 45minutos) no tempo total de isquemia do grupo submeti-do à cirurgia assistida por computasubmeti-dor. Sensubmeti-do o tempo médio submeti-dos pa-cientes submetido à cirurgia convencional de 98 minutos (IC 95% = 93 a 103 min) e 135 minutos (IC 95% = 130 a 141 min) no grupo

subme-Gráfico 2: Diminuição da média nos níveis de hemoglobina (Hb) nos grupos do estudo: grupo A – cirurgia convencional e grupo B – cirurgia assistida por computador.

Tabela 6: Análise descritiva da diminuição dos níveis de hemoglobina entre os grupos

Medidas descritivas

Cirurgia N Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão p

Convencional 22 2 4,4 3,19 3,2 0,72 0,0007

Assistida por computador 26 0,7 4,6 2,28 2,3 0,99

Observamos que, nos critérios avaliados, houve diferença esta-tisticamente significante (p < 0,05), validando a utilização da cirurgia assistida por computador na ATJ.

DISCUSSÃO

Estudos recentes demonstram que a ATJ realizada pela técnica assistida por computador, proporciona melhor alinhamento dos com-ponentes e do joelho, quando comparado à técnica convencional.7,8

Na ATJ há uma perda sanguínea considerável. Keating e cola-boradores9 observaram que pacientes com níveis de hemoglobina pré-operatória menor do que 13 g∕dl possuem maior incidência de hemotransfusão no pós-operatório.

Na técnica assistida por computador, realizamos cortes ósseos mais econômicos, quando comparada à técnica convencional, não perfuramos o canal medular justificando a diminuição do sangramen-to pós-operatório.

Em nosso serviço, a liberação do dreno de sucção é feita tão lo-go seja restabelecido o fluxo sanguíneo no membro operado (após o curativo). Estudos recentes demonstraram não haver diferenças es-tatísticas significativas entre a liberação imediata ou após uma hora do término do procedimento.10,11

Segundo Schuh e colaboradores,12 a liberação da isquemia para

realização de hemostasia pré fechamento de planos não interfere no sangramento pós-operatório.13

Na técnica convencional, Ko e colaboradores14 demonstraram

que a utilização do plug ósseo autólogo, extraído dos cortes ósseos, diminuiria o sangramento pós-operatório. No nosso estudo, apesar da utilização do plug ósseo nas cirurgias realizadas pela técnica con-vencional, o resultado foi inferior ao da cirurgia assistida por compu-tador, em que não há utilização do mesmo.

Gráfico 3: Tempo médio de isquemia em minutos nos grupos do estudo: grupo A – cirurgia convencional e grupo B – cirurgia assistida por computador.

Tabela 7: Análise descritiva do tempo de isquemia entre os grupos

Medidas descritivas

Cirurgia N Mínimo Máximo Mediana Média Desvio padrão p

Convencional 22 79 115 97,5 98 11,5 0

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Como desvantagens da técnica assistida por computador cita-mos a aquisição do navegador, instrumental e sensores utilizados; e o treinamento da equipe que, sendo uma nova técnica, aumentou em média o tempo da cirurgia em 35 minutos. Estudos americanos demonstraram que, além do custo de aquisição do navegador (em média US$ 500 mil) houve um aumento de US$ 600 a US$ 2 mil, por procedimento. No nosso hospital, o aparelho fica em consignação e o custo com a aquisição dos sensores foi de aproximadamente US$ 1.200 por procedimento.

Ressaltamos que, após o treinamento e a adaptação da equipe, houve a redução gradual do tempo cirúrgico, fato relacionado com a curva de aprendizado.

CONCLUSÃO

Este artigo demonstrou uma significante redução do sangramento pós-operatório na técnica assistida por computador. Fato corroborado por um menor volume sanguíneo drenado e por uma menor queda nos níveis de hemoglobina, quando comparados à técnica cirúrgica convencional. Portanto, a cirurgia assistida por computador é eficaz na redução do sangramento pós-operatório na artroplastia total do joelho, diminuindo o potencial de morbimortalidade do procedimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Como citar este artigo: Costa AA, Fraga CLS, Macedo DG, Cabral FCCR. Comparação do sangramento pós-operatório entre a cirurgia assistida por computador e a convencional na artroplastia total do joelho. Arq Bras Med Naval.2010;71(1):52-56.

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