A EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
*Josiane Camargo **Luciano Leal Loureiro RESUMO
Antigamente a Educação Física tinha objetivo de formar homens para guerra, que pudessem suportar a nova ordem de política econômica e social. Ao passar dos anos a Educação Física começou a ser praticada pelos homens e mulheres, mas nesse meio tempo foram divididos os conteúdos entre eles. Os homens praticariam esportes como futsal, handebol e outros, e as mulheres deveriam praticar ginástica rítmica e voleibol. Mas no decorrer dos anos isso mudou completamente, levando a prática de qualquer conteúdo por ambos os sexos. Recentemente os professores de Educação Física estão tendo dificuldade de convencer os alunos que o processo de ensino de Educação física não é formar atletas, e sim vivenciar e compreender a importância de cada atividade no seu desenvolvimento corporal. Neste processo em evolução o futsal ocupa grande importância por englobar em sua prática muito mais do que o jogo em si, levando ao praticante aprender a ganhar, perder, cooperar, respeitar e ser respeitando.
Palavras chaves: Educação Física, conteúdos e professor. INTRODUÇÃO
No Brasil, a Educação Física teve início no final do século XIX, e vem passando por grandes dificuldades, principalmente para transmitir aos alunos, o que realmente significa a prática física na escola.
Pensando nisso, devemos refletir sobre o importante papel do professor na construção do conhecimento sobre a cultura corporal durante as aulas de Educação Física, as dificuldades que o professor enfrenta no decorrer das aulas, explicar para alunos que a Educação Física, é formada por vários ensinamentos corporais.
É preciso lembrar que no Brasil, a Educação Física teve início no final do século XIX [... ] a principal preocupação era de formar homens que pudessem suportar a nova ordem de política, econômica e social, com o objetivo de forma indivíduos fortes e saudáveis para servir no Exército. (Rabiovich, 2007.p 21).
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*Acadêmica da disciplina Estágio III em Educação Física do curso Educação Física da ULBRA Guaíba **Docente do curso de Educação Física da ULBRA Guaíba e orientador deste trabalho.
Finck (2010) afirma que antigamente objetivo das aulas de Educação Física na escola era vinculado à formação de uma geração capaz de suportar o combate e a luta para atuar na guerra, e mais importante, selecionar indivíduos “perfeitos” e excluir os incapacitados, tendo como concepção dominante da Educação Física naquela época o higienismo cujo a preocupação central era com os hábitos de higiene e saúde, valorizando o desenvolvimento físico e da moral a partir dos exercícios.
Podemos relembrar que anos atrás, a Educação Física, segundo Sousa e Altmann (1999), era praticada por homens e mulheres, os conteúdos eram divididos entre eles. Aos homens era permitido jogar futebol e basquete, esportes que exigiam maior esforço e confronto corpo a corpo, e às mulheres a suavidade de movimentos e distância de corpos, por isso que praticavam ginástica rítmica e voleibol. Mas com tempo essas diferenças foram mudando e hoje ambos os sexos praticam qualquer esporte.
Segundo Paes (2001) é comum a Educação Física ser compreendida como simples prática desportiva, mas durante as décadas 70 e 80, as aulas de Educação Física eram muito repetitiva e seletivas, não tinham nenhuma preocupação com a educação dos alunos nem com ensino.
Ao longo dos anos, a Educação Física escolar passou por grandes mudanças no seu contexto, segundo Betti e zuliani (2002 apud Betti,1994.p.75) se tornou uma área que trata da cultura corporal e que tem como finalidade introduzir e integrar o aluno nessa esfera, formando o cidadão que vai produzi-la, reproduzi-la e também transformá-la para usufruir de jogos ,dança, esportes, ginástica e lutas procurando uma melhora na qualidade de vida .
É importante salientar o que afirma Darido (2003,p.18), “a Educação Física ao longo do tempo, priorizou os conteúdos numa dimensão quase exclusivamente procedimental, o saber fazer, e não o saber sobre cultura corporal ou como se deve ser’’.
Analisando Moreira (2004) podemos constatar que é necessário ao profissional de Educação Física presente na escola desenvolver algumas competências como o conhecimento adquirido na formação, saber relacionar o científico com a prática, tornar a prática da educação uma contribuição para vida do individuo e também adquirir boa qualidade de vida.
A Educação Física ultrapassa, segundo Darido e Júnior (2007), a idéia de estar voltada apenas para ensino do gesto correto no movimento. Cabe ao professor deixar o aluno explorar seu conhecimento antes de corrigi-lo, isto orienta o professor a interpretar, relacionar e analisar com seus alunos a importâncias de cada prática corporal.
Portanto, Moreira et.all (2004,p.19) escrevem que ‘’a prática da Educação Física assume um papel de construção de uma cultura reflexiva e não mais a prática pela prática ,o movimento pelo movimento, separando aptos de inaptos’’.
Para compreender a prática da Educação Física, Neto et.all (2009) dizem que a escolha dos conteúdos deve ser construída a partir da educação dos alunos, pois muitas vezes o professor de Educação Física passa por críticas e problemas durante o andamento de suas aulas devido ao mau planejamento dos conteúdos.
Para Scarpato (2007) o objetivo da Educação Física para o aluno não deve significar o simplesmente brincar e jogar, e sim vivenciar e compreender a importância de cada conteúdo para a sua vida corporal.
As aulas de Educação Física devem ultrapassar o ensino dos esportes, da ginástica, da dança entre outras modalidades. O professor deve informar ao aluno o motivo desta prática, para que ele leve estes ensinamentos para toda sua vida (DARIDO E JÚNIOR, 2007).
Para Paes (2001) o professor de Educação Física deve proporcionar ao aluno a oportunidade de conhecer, tomar gosto, aprender e manter interesse por todos os ensinos como esporte, dança e ginástica, e outras.
Nas aulas o aluno deve tornar-se o centro do processo de ensino –aprendizagem, o professor deve ser o mediador entre o conhecimento e o aluno, explicando a importância de cada atividade corporal.
Levando em conta esta concepção, podemos afirmar que a Educação Física deve relacionar-se com todas as práticas físicas, indo além da escola. As pessoas buscam exercitar-se por diversos motivos, como lazer, saúde e pela melhora do exercitar-seu condicionamento físico, sendo então fundamental estes conhecimentos durante sua vida como estudante, e que desta forma levem isto para a vida adulta (BETTI, 1991).
Segundo Kunz (1994), o esporte como conteúdo hegemônico impede o desenvolvimento de objetivos mais amplos na educação física, como o sentido expressivo, criativo e comunicativo.
Na Educação Física escolar os conteúdos deveriam ser todos praticados e estudados em aula, pois ela é uma disciplina como todas as outras, tem suas concepções
didáticas, tem seus objetivos, as habilidades e técnicas, tendo um papel fundamental nas interações sociais. (KUNZ, 2001).
Para Betti e Zuliani (2002, p.80) os conteúdos da Educação Física em geral constituem uma grande oportunidade para observar o comportamento social dos alunos, se eles são cooperativos com os colegas ou companheiros de equipe, se respeitam as limitações impostas pelas regras , solidariedade a empatia.
Para reforçar estes aspectos, podemos afirmar que “o esporte é praticado independente dos motivos que levam a essa prática, seja pelo lazer, pelo rendimento ou como Educação Física escolar [...] impedindo assim que um horizonte de outras possibilidades de movimentos possam ser realizados. (KUNZ, 2001).
A mídia exerce grande influência nas aulas em geral, e na Educação Física isto não é diferente, a grande mídia coloca sempre em evidência o futebol, o que reflete de forma direta no comportamento dos alunos. Cabe ao professor de Educação Física filtrar e analisar, adaptando de forma coerente os conteúdos de sala de aula. (MOREIRA, 2004).
Os ensinamentos da Educação Física, segundo Finck (2010) são fundamentais e necessários nas aulas. É período da vida que as crianças tem oportunidade de vivenciar e praticar os exercícios , buscando uma melhor qualidade de vida e trazendo para o educando um melhor aspecto no desenvolvimento social.
Segundo Neto (2009), “a utilização do esporte nas aulas pode representar um excelente meio de promover a interdisciplinaridade”. Durante a os esportes, os alunos necessitam reproduzir certas práticas sociais como aceitação dos colegas, a cooperação e o respeito ao professor.
Muitos profissionais da área da Educação Física, optam por realizar atividades que estão na mídia, deixando de lado a oportunidade de oferecer conteúdos relacionados à saúde e qualidade de vida (fFINCK, 2010).
Um dos grandes problemas encontrados pelos professores de Educação Física é o fato dos alunos gostarem exclusivamente de um conteúdo, não querendo participar das aulas que envolvam outras atividades. Gradativamente se afastam das aulas chegando ao ponto de trazerem atestados médicos, alegando alterações de saúde ou informações dos pais que praticam exercícios físicos fora da escola. (FERREIRA, 2006).
Dentre os esportes praticados na escola podemos destacar o futsal, que surgiu nos anos 30, foi criado na Associação Cristã de Moços de Montevidéu,Uruguai onde as peladas de várzea começaram a ser adaptadas as quadras de basquete e pequenos salões. Por volta 1942, fizeram do futsal o esporte mais praticado naquele país tanto por crianças como por adultos. Já por volta de 1993, foram criadas as primeiras regras fundamentais no futsal; foi usado o tamanho da quadra de basquete, trave e área do handebol e o goleiro do pólo aquático. (FERREIRA,2002)
O esporte mais praticado na escola podendo ser praticado por qualquer idade, segundo Santana (2004) é o futsal. Ele busca desenvolver a formação de capacidades técnicas e táticas, onde os alunos podem desenvolver capacidades cognitivas de percepção, antecipação e tomada de decisões. O futsal é uma iniciação esportiva do processo de ensino-aprendizagem pelo qual o individuo adquire e desenvolve as técnicas básicas para o desporto.
Afirma Ferreira (2002) que o futsal, na escola, deve ter uma formação básica, desenvolvendo as habilidades físico-mentais: consciência corporal, coordenação, flexibilidade, ritmo, agilidade, equilíbrio, percepção de espaço temporal e descontração.
Segundo Darido e Júnior (2007) as aulas de futsal devem valorizar a tradição de jogos recreativos e brincadeiras para depois ensinar o jogo em si com técnicas e táticas.
O futsal tem dois principais fundamentos, segundo Voser (2003): a fase do ataque, quando a equipe tem a posse de bola e procurando mantê-la e tentar criar situações de finalizações e a marcação de gols; e a fase de defesa, quando equipe não tem a posse de bola e procura apoderar–se dela, tentando impedir a criação de situações de finalizações e a marcação de gol.
Para Ferreira (2002) os principais fundamentos básicos do futsal são o passe, a recepção, a condução,o drible,o chute,a marcação e o arremesso.
A importância do trabalho do futsal no ensino fundamental, nos PCN’s (1998) é muito grande, a cooperação em grupo, respeitando o outro e exigindo para si o mesmo respeito, atitudes de solidariedade; interação dos ambos sexos, desenvolvimento as capacidades físicas, cognitivas e afetivas. Conhecer e diferenciar as referências de valores e atitudes presentes nas práticas da cultura corporal exercida profissionalmente, nas quais,
obviamente, a vitória, a derrota, a regra e a transgressão da regra adquirem grande importância.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao refletir sobre as práticas corporais na escola, e analisar as literaturas que abordam este tema, pude constatar que a Educação Física é uma disciplina bastante importante. É o único espaço onde os alunos têm oportunidade de realizar atividades corporais, com a freqüência de pelo menos duas ou três vezes por semana.
A Educação Física é formada por um conjunto de conteúdos muito importante que podem e devem ser explorado com os alunos.
Na teoria acontece tudo isso, entretanto no exercício da prática nada disso é encontrado. Vimos “professores bola” que na hora de dar aula deixam os alunos à vontade fazendo o que querem, sem interferir para orientá-lo o seu conhecimento em momento algum.
Nas escolas a disciplina de Educação Física ainda é desvalorizada pelas outras, porque muitos educadores físicos são aqueles “professores-bola” que não estão nem um pouco preocupados com o desenvolvimento físico e mental do aluno. Em razão destas atitudes os alunos acabam abandonando as aula, optando por buscar clubes e academias para praticar atividade física ou exercícios físicos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BETTI, M. O que a semiótica inspira ao ensino da Educação Física. Discorpo, n. 3, p. 25-45, 1994b.
MOREIRA, Evando Carlo, (org). Educação física escolar: desafios e propostas. Jundai, SP: Fontoura, 2004.
FERREIRA, Vanja. Educação Física Escolar: desenvolvendo habilidades. Rio de Janeiro: Sprint, 2006.
NETO, Vicente Molina... [et AL]l Quem aprende? Pesquisa e formação em Educação física escolar. Ijui: Unijuí, 2009.
PAES, Roberto Rodrigues. Educação física escolar: o esporte como conteúdo pedagógico do ensino fundamental. Canoas: Ulbra, 2001.
DARIDO, Suyara Cristina Júnior & SOUZA, Osmar Moreira. Para ensinar Educação física: Possibilidades de intervenção na escola. Campinas: Papirus. 2007.
SCARPATO, Marta. Educação física – como planejar as aulas na educação básica. São Paulo: Avercamp, 2007.
RABINOVICK, Shelly Blecher.O espaço movimento na educação infantil: formação e experiência profissional. São Paulo: Phorte, 2007.
FERREIRA, Ricardo Lucena. Futsal e a iniciação. 6e . Rio de janeiro: Sprint, 2002..
FINK, Silvia Christina Madrid. A educação física e o esporte na escola; cotidiano , saberes e formação –Curitiba: ibepex 2010
VOSER, Rogério. Futsal. Princípios técnicos e táticos. -2 ed.- Canoas: Ulbra, ,2003. KUNZ, Elenor. Transformações didáticos- pedagógicos do esporte. Ijuí: Unijuí. 2001. BETTI, Mauro. .Educação física e sociedade. São Paulo: Movimento, 1991.
SANTANA, Wilton Carlos de. Futsal: apontamentos pedagógicos na iniciação e na especialização. Campinas: Autores Associados, 2004.
Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física/Secretaria de Educação Fundamental. - Brasília: MEC/SE, 1998.
Disponível em: http://www3.mackenzie.br/editora/index.php/remef/article/viewFile/1363/106 Acessado em: 06/04/2011.
Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/%0D/ccedes/v19n48/v1948a04.pdf acesso em 07/04/2011.
