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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

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DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL CURSO DE ENGENHARIA CIVIL

MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DAS CONSTRUÇÕES EM ADOBE NO NORTE DO ESTADO DO CEARÁ

LEONARDO VIEIRA DE MELO ABREU

(2)

2009

LEONARDO VIEIRA DE MELO ABREU

MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DAS CONSTRUÇÕES EM ADOBE NO NORTE DO ESTADO DO CEARÁ

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Orientador: Prof. M.Sc. Ricardo Marinho de Carvalho

FORTALEZA 2009

(3)

LEONARDO VIEIRA DE MELO ABREU

A145m Abreu, Leonardo Vieira de Melo

Mapeamento e caracterização das construções em Adobe no Norte do Estado do Ceará / Leonardo Vieira de Melo Abreu, 2009.

69f. ; il. color. enc.

Orientador: Prof. MSc. Ricardo Marinho de Carvalho Área de concentração: Construção Civil

Monografia (graduação) - Universidade Federal do Ceará, Centro de Tecnologia. Depto. de Engenharia Estrutural e Construção Civil, Fortaleza, 2009.

1. Construção de Adobe 2. Terra Crua 3. Déficit Habitacional I.

Carvalho, Ricardo Marinho de (orient.) II. Universidade Federal do Ceará –

Graduação em Engenharia Civil III. Título

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MAPEAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DAS CONSTRUÇÕES EM ADOBE NO NORTE DO ESTADO DO CEARÁ

Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil, da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para a obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Aprovada em ____/____/_____

BANCA EXAMINADORA

_______________________________________________________ Prof. M.Sc. Ricardo Marinho de Carvalho (Orientador)

Universidade Federal do Ceará – UFC

_______________________________________________________ Prof. D.Sc. Alexandre Araújo Bertini

Universidade Federal do Ceará – UFC

________________________________________________________ Reymard Sávio Sampaio de Melo

(5)

RESUMO

Devido ao grande déficit habitacional brasileiro e a grande contribuição da construção civil para o grave quadro da crise ambiental que o planeta vive é necessário encontrar-se soluções construtivas mais econômicas e sustentáveis, sendo o tijolo de adobe uma alternativa que deve ser seriamente considerada no combate destes problemas. O presente trabalho consiste no mapeamento das construções em adobe nos municípios de Viçosa do Ceará, Coreaú, Araquém, Sobral, Alcântras, localizados no norte do Estado do Ceará, além do município de Pindoretama, que localiza-se fora da região em comento, porém configura-se como um novo centro de construção em terra dentro do estado, demonstrando a importância e potencialidade deste sistema construtivo face ao déficit habitacional e problemas ambientais. O estudo objetiva comprovar a existência de uma cultura em construção com adobe na região supracitada, destacando as peculiaridades das técnicas de execução e produção dos tijolos de adobe, identificando possíveis problemas nos processos construtivos, além de caracterizar o solo e os tijolos de adobe utilizados na região. A metodologia consistirá em visitas aos municípios, a fim de coletar dados, coletar exemplares de tijolos de adobe e amostras de solo para ensaios em laboratório da UFC. Os resultados serão comparados entre si e com a literatura.

Palavras-chaves: tijolo de adobe, mapeamento, construções em terra, terra crua, déficit habitacional, sustentabilidade.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 – Pesagem de amostra do solo...12

Figura 02 – Solo adicionado de hexametafosfato...13

Figura 03 – Secagem de amostra do solo na estufa...13

Figura 04 – Detalhe da mistura no copo do dispersor...13

Figura 05 – Dispersor...14

Figura 06 –Proveta com amostra de solo...15

Figura 06 – Detalhe do capeamento dos corpos de prova...19

Figura 07 – Equipamento utilizado no ensaio de determinação da resistência à compressão..23

Figura 08 - Construções em terra no mundo. Fonte: SILVA (1995) in Alexandria e Lopes (2008)...17

Figura 09 - Tipos de técnicas construtivas com terra crua. Fonte: CRATerre in Faria (2002) in Oliveira (?)...18

Figura 10 - Esquema da Taipa de mão. Fonte PISANI (2008)...19

Figura 11 - Taipa de pilão. Fonte: PISANI (2008)...20

Figura 12 - Secagem de tijolos de adobe. Fonte: Grupo de Pesquisa Habis (2004) in SILVA et al (2006)...24

Figura 13 - Fôrma para produção de tijolo de adobe. Fonte: Grupo de Pesquisa Habis (2004) in SILVA et al ...24

Figura 14 - Detalhes da amarração das paredes em adobe. Fonte: Grupo de Pesquisa Habis (2004) in SILVA et al (2006) ...25

Figura 15 - Detalhes das instalações hidráulicas em adobe. Fonte: Grupo de Pesquisa Habis (2004) in SILVA et al (2006) ...25

Figura 16 - Regiões propícias á construção com adobe no Ceará. Fonte: IPECE. ...27

Figura 17 - Exemplo de construção de alto padrão em adobe nos EUA. Fonte: DETHIER, J. (?)...28

Figura 18 – Municípios visitados durante a pesquisa...30

Figura 19 – Sobreposição de sistemas construtivos em adobe e alvenaria de tijolo cerâmico...32

Figura 20 – Exemplo de construção histórica em Viçosa do Ceará...33

Figura 21 – Exemplo de construção contemporânea em Viçosa do Ceará...33

Figura 22 – Casas construídas em adobe no município de Coreaú...34

Figura 23 – Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretinhos, séc. XVIII (a); Museu Dom José (b); Teatro São João, séc. XIX (c); Escola de Música de Sobral (d)...35

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Figura 25 - Detalhe da viga baldrame no município de Alcantaras...38

Figura 26 - Detalhe da elevação da parede a partir do baldrame...38

Figura 27 - Detalhe da base de adobe antes da alvenaria...38

Figura 28 - Base de adobe antes da alvenaria ...39

Figura 29 - Detalhe da viga baldrame com tijolo cerâmico no município de Coreaú...39

Figura 30 - Detalhe da viga baldrame de pedra de mão em Moraújo...40

Figura 31 - Detalhe da viga baldrame no município de Viçosa do Ceará...40

Figura 32 - Sequência de produção de adobe: Barreiro (a); Mistura da terra com água (b); Detalhe da fôrma (c); Moldagem do tijolo (d); Tijolo recém-desmoldado (e); Processo de secagem (f)...43

Figura 33 - Sequência de produção de adobe: Barreiro (a); Detalhe da fôrma (b); Moldagem do tijolo (c); Tijolo recém-desmoldado (d); Processo de secagem (e) e (f)...45

Figura 34 – Tijolo de adobe produzido no município de Alcântaras...46

Figura 35 - Detalhe do tijolo transversal para amarrar parede...47

Figura 36 - Detalhe da amarração na parede pronta...47

Figura 37 – Detalhes das vergas e contra-vergas em concreto e madeira em Alcântaras...48

Figura 38 – Detalhe da amarração das fiadas na metade do tijolo da fiada seguinte...49

Figura 39 – Detalhe das contra-vergas em madeira e concreto...49

Figura 40 – Tijolo de adobe do município de Viçosa do Ceará...50

Figura 41 – Detalhe da amarração das fiadas na metade do tijolo da fiada seguinte em Viçosa...50

Figura 42 – Detalhes das vergas e contra-vergas em concreto e madeira em Alcântaras...51

Figura 43 – Detalhes da fixação dos armadores em residências de Viçosa do Ceará...48

Figura 44 – Tijolo de adobe de Pindoretama...51

Figura 45 – Detalhes de arremate com argamassa de cimento e areia em Viçosa...52

Figura 46 – Residência pintada com cal e residência sem revestimento em Alcântaras...53

Figura 47 – Casa revestida com argamassa de cimento e areia e pintada com tinta ...54

Figura 48 – Casa com revestimento interno com argamassa de cimento e areia e pintada com tinta...54

Figura 49 – Residências pintadas com cal e residência sem revestimento...55

Figura 50 – Detalhes da parede protegida da chuva por revestimento...55

Figura 51 – Detalhes do revestimento com cimento e areia em Viçosa do Ceará...56

Figura 52 – Detalhes de pintura com cal em Viçosa do Ceará...56

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Figura 54 – Construção residencial mais antiga no município de Alcântaras, datada do final do séc. XIX...57 Figura 55 – Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretinhos em Sobral, datada do séc. XVIII...58 Figura 56– Detalhes das construções com adobe no centro de Viçosa do Ceará...59

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO...1 0 2. OBJETIVOS ... 11 2.1. Objetivos específicos ... 11 3. ESTRUTURA DO TRABALHO ... 12 4. METODOLOGIA ... 12 4.1. Revisão bibliográfica...10

4.2. Visitas aos municípios...11

4.3. Ensaio de determinação da granulometria do solo...11

4.4. Ensaio de resistência à compressão...13

5. CONSTRUÇÕES EM TERRA...16 5.1. Adobe...19 5.1.1. Definição...19 5.1.2. Vantagens e Desvantagens...20 5.1.3. Tipo de Solo...21 5.1.4. Dimensões...22 5.1.5. Produção...22

5.2. Déficit Habitacional e Crise Ambiental: Adobe como solução Sustentável...25

6. CARACTERIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS VISITADOS...28

6.1. Alcântaras...30 6.2. Viçosa do Ceará...31 6.3. Moraújo...33 6.4. Coreaú e Araquém...33 6.5. Sobral...35 6.6. Pindoretama...35 7. PROCESSOS CONSTRUTIVOS...36 7.1. Fundações...36 7.1.1. Alcântaras...37

7.1.2. Coreaú, Araquém e Moraújo...38

7.1.3. Viçosa do Ceará...39

7.2. Produção do tijolo de adobe...40

7.2.1. Alcântaras...41

7.2.2. Coreaú e Araquém...42

7.2.3. Viçosa do Ceará...43

7.3. Alvenaria...45

7.3.1. Alcântaras...45

7.3.2. Coreaú, Araquém e Moraújo...48

7.3.3. Viçosa do Ceará...49

7.3.4. Resistência à compressão do tijolo e composição do solo...51

7.4. Revestimento e pintura...52 7.4.1. Alcântaras...53 7.4.2. Coreaú e Araquém...54 7.4.3. Viçosa do Ceará...55 7.5. Instalações...56 8. CONCLUSÃO...57 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...59 ANEXOS...63

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1. INTRODUÇÃO

Segundo Dethier (2002) apud Alexandria e Lopes (2008) a terra vem sendo utilizada, pelos homens, desde o surgimento dos primeiros povoados, há milhares de anos, para edificar cidades inteiras, templos e palácios, igrejas, mesquitas, etc. Ainda hoje existem cidades inteiras de pé totalmente construídas em terra, como a cidadela de Arg-é Bam, no Irã, fundada há séculos. No resto do mundo, inclusive no Brasil, temos vários exemplos de cidades com construções históricas em terra, como em Portugal, América central, América do sul, África, ou seja, em todos os continentes do planeta.

A crise ambiental que assola o planeta requer a busca por novas tecnologias de produção de bens para a humanidade, e na produção de habitações não é diferente. Sendo a construção civil uma das formas de intervenção humana mais degradantes para a natureza, é preciso encontrar-se novos materiais e técnicas construtivas que possibilitem uma relação saudável entre o meio ambiente e o desenvolvimento da civilização humana (Faria (2002) apud Alexandria e Lopes (2008)).

Além da crise ambiental, outro problema assola países subdesenvolvidos e em desenvolvimento: o déficit habitacional. Estima-se que o déficit habitacional no Brasil seja de 7,935 milhões de domicílios, sendo 6,543 milhões, urbano, e 1,392 milhão, rural (Fundação João Pinheiro, 2006). Segundo a Fundação João Pinheiro (2006), 95% da população enquadrada no déficit habitacional possui renda até 3 salários mínimos, configurando um problema de proporções colossais para os governos de todas as esferas políticas, já que sem auxílio do governo essa camada significativa da população não tem condições de conseguir qualquer linha de crédito para financiar a construção de suas moradias.

É nesse contexto de grave crise ambiental, enormes déficits populacionais, crise ambiental e escassez de recursos (financeiros, tecnológicos e naturais) que as construções em terra podem ser consideradas uma excelente alternativa para enfrentar-se esses novos desafios da humanidade.

Apesar das inúmeras vantagens que o adobe apresenta, ainda encontra-se muita resistência ao seu uso por parte da sociedade. Iglesias (1993) apud Alexandria e Lopes (2006) afirma que: ”é o fato de se associar as obras de prestígio às técnicas e materiais modernos, que

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favorece o preconceito às tradicionais formas de construção com terra, fazendo com que se considere a construção com terra, como precária e símbolo de baixo “status social”. Grande parte das pessoas nunca sequer ouviu falar em tijolo de adobe. Talvez por ser um material “sem patrocínio” das grandes empresas, pois encontra-se abundantemente na natureza e pode ser adquirido por todos sem maiores custos financeiros, não interesse aos grandes centros estudá-lo. Contudo é necessário que as universidades empenhem-se em demonstrar à sociedade (governantes principalmente) a potencialidade do uso do adobe como alternativa ao déficit habitacional e aos problemas ambientais.

2. OBJETIVOS

O presente trabalho objetiva identificar que as cidades parte do estudo possuem construções em terra (com tijolos de adobe), estudando e comparando as peculiaridades deste tipo de construção entre os municípios selecionados, comprovando a existência de uma cultura em construção em terra no estado, bem como a viabilidade deste tipo de construção em face às dificuldades encontradas por camadas mais marginais da população local.

2.1. Objetivos específicos

- Identificar construções em terra nos municípios de Viçosa do Ceará, Coreaú, Araquém, Moraújo, Sobral, Alcântaras e Pindoretama: o mapeamento servirá para identificar os locais de maior relevância em construções em adobe na região;

- Caracterizar e comparar os processos construtivos e de produção do tijolo de adobe entre cada município: a comparação das técnicas construtivas e de produção possibilitará a constatação da uniformidade das mesmas ou, se evidenciadas diferenças entre os processos, o motivo de as mesmas existirem;

- Comparar os tipos de solo entre os municípios a fim de verificar a composição do material utilizado na produção dos tijolos de adobe das regiões;

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3. ESTRUTURA DO TRABALHO

Este relatório está dividido em oito capítulos, incluindo este. O primeiro é a introdução, onde será dada uma idéia geral do tema abordado neste trabalho, assim como explicitado a importância do mesmo. O segundo capítulo trata dos objetivos do trabalho, explicitando seus objetivos específicos. Em seguida temos o presente capítulo que trata da estrutura do trabalho e o quarto capítulo que trata da metodologia. O quinto capítulo traz a revisão bibliográfica sobre o assunto, onde foram abordados os processos construtivos , bem como questões sobre o déficit habitacional e a crise ambiental. O capítulo seis traz a caracterização dos municípios estudados, ressaltando seus aspectos sócio-econômicos. O capítulo sete trata da descrição dos processos construtivos em cada município. O capítulo oito traz as conclusões a que se chegou com o presente estudo.

4. METODOLOGIA

A metodologia do trabalho divide-se em três etapas:

1 – Revisão Bibliográfica 2 – Visitas aos municípios 3 – Ensaios em laboratório

A seguir as etapas serão detalhadas.

4.1.Revisão bibliográfica

A revisão bibliográfica foi realizada baseando-se na literatura existente sobre o assunto. Foram utilizadas como base de consulta artigos de várias bases de pesquisa como, por exemplo, o Infohab, congressos internacionais, como o SIACOT, entre outros.

A revisão bibliográfica serviu para dar embasamento teórico ao estudo, procurando-se dar umas visão geral sobre as vantagens das construções em terra, a sua importância, bem como detalhar aspectos técnicos, como as etapas construtivas por exemplo, a fim de se comparar as informações colhidas na literatura com a realidade dos municípios estudados.

(13)

4.2.Visitas aos municípios

Foram realizadas visitas aos municípios de Alcântaras, Coreaú, Moraújo, Araquém, Viçosa do Ceará e Pindoretama, selecionados na pesquisa para realizar o levantamento das informações necessárias ao desenvolvimento da pesquisa.

As visitas foram auxiliadas por moradores das localidades que responderam aos questionamentos feitos, assim como serviram de guia na região, a fim de otimizar o tempo das visitas.

Os detalhes dos processos construtivos, da produção dos tijolos de adobe foram registrados nas visitas através de conversas com os moradores, bem como através de registros fotográficos.

Foram colhidas amostras de solo e exemplares de tijolos das regiões visitadas e tijolos para serem ensaiados na universidade.

4.3. Ensaio de determinação da granulometria do solo

Foram realizados ensaios granulométricos em Coreaú, Alcântaras, Moraújo e Pindoretama.

O objetivo do ensaio de determinação granulométrica do solo foi o de se conhecer as dimensões das partículas das amostras dos solos da região, assim como se obter a proporção entre as mesmas.

Foi utilizado o Método da Sedimentação em água destilada, pois as partículas do solo eram muito finas, impossibilitando a utilização do Método do Peneiramento.

O método utilizado baseia-se na Lei de Stokes, a qual diz que partículas em meio aquoso depositam-se com velocidades proporcionais aos seus diâmetros (apostila do LMC/UFC).

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A seguir são listados os procedimentos relativos ao ensaio. Os procedimentos listados a seguir foram todos retirados da apostila do Laboratório de Mecânica dos Solos da Universidade Federal do Ceará – LMC/UFC.

1. Peneira-se a amostra do solo com a peneira n° 10 (2,0 mm) e retira-se cerca de 100g do material que passar na peneira;

Figura 01 – Pesagem de amostra do solo.

2. Coloca-se o material numa vasilha, adicionando 125 cm³ da solução hexametafosfato de sódio com concentração de 45,7g do sal para 1000 cm³ de solução;

Figura 02 – Solo adicionado de hexametafosfato.

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Figura 03 – Secagem de amostra do solo na estufa.

4. Após as 24 horas, transferiu-se toda a mistura para o copo do dispersor;

Figura 04 – Detalhe da mistura no copo do dispersor.

5. Submeteu-se a mistura à ação do dispersor, por aproximadamente 15 minutos;

Figura 05 – Dispersor.

6. Transferiu-se o material para uma proveta graduada;

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8. Agitou-se a proveta e imediatamente após a agitação colocou-se a proveta sobre uma bancada e disparou-se um cronômetro;

Figura 6 –Proveta com amostra de solo

9. Mergulhou-se o densímetro na proveta;

10. Fez-se e leituras do densímetro correspondentes aos tempos de 30 segundos, 1, 2, 4, 8, 15, 30 minutos, 1, 2, 4, 8, 24 horas;

Terminadas as leituras, foi despejada e lavada a solução na peneira n° 200 (0,074mm). O material que ficou retido na peneira foi transferido para uma cápsula e seco na estufa por 24 horas. O material seco foi passado num conjunto de peneiras (1,2 – 0,6 – 0,42 – 0,30 – 0,15 – 0,074 mm de diâmetro ou n° 16, 30, 40, 50, 100, 200) sendo então pesadas as proporções que ficaram retidas em cada peneira.

Foi utilizada uma tabela em excel elaborada pelo próprio LMC/UFC a fim de determinar as granulometria das amostras de solo estudadas. (ANEXO II)

4.4. Ensaio de resistência à compressão

Os tijolos de adobe trazidos foram moldados em corpos de prova com as dimensões de 7cm x 7cm x 7cm, conforme orienta o projeto da norma brasileira. Os corpos de prova foram moldados em fôrmas de madeira confeccionadas no próprio Laboratório de Materiais de Construção da Universidade Federal do Ceará.

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Após deslmodados, foi feito o capeamento dos corpos de prova com argamassa de cimento e areia de praia num traço de 1:3 num dos lados dos exemplares sendo os mesmos deixados em processo de cura por 24h. Então foi repetido o processo para o outro lado dos corpos de prova.

Figura 07 – Detalhe do capeamento dos corpos de prova

Após o capeamento, foi realizado o ensaio à compressão dos corpos de prova no equipamento do Laboratório de Materiais de Construção da UFC.

Figura 08 – Equipamento utilizado no ensaio de determinação da resistência à compressão

5. Construções em Terra

A humanidade sempre construiu com terra ao longo de sua história. O material foi e é utilizado para a construção das mais diversas formas, desde de simples casas até grandes palácios e igrejas. Segundo Oliveira (?) são encontradas referências ao uso da terra crua na

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construção no velho testamento da Bíblia, portanto antes da Era Cristã. Mortada (2003) afirma que são encontradas construções em terra no Egito datando de 5000 anos atrás, sendo citada, inclusive, a construção de algumas pirâmides, bem como no Iraque, Peru, Paquistão, etc. Este mesmo autor cita ainda que a Muralha da China tem seu núcleo feito em terra, além de existirem referências ao uso de terra em construções no Alcorão. A figura a seguir mostra a localização das construções em terra crua no mundo.

Figura 09 - Construções em terra no mundo. Fonte: SILVA (1995) in Alexandria e Lopes (2008)

Como se pode observar, a utilização de terra crua na construção é uma tecnologia milenar, sendo apontada por Lourenço (2002) como a técnica construtiva mais antiga e mais utilizada do mundo. Porém, apesar de ser uma tecnologia antiga, ainda é usada no presente. Como forma de expressar a significância das construções em terra no mundo contemporâneo, Dethier e Guillaud (1994) apud Alexandria e Lopes (2006) afirmam que 30% da população mundial vivem em construções feitas com terra.

Santiago (2001) apud Motta et al (2004) afirma que “construções ditas em terra são aquelas em que o solo é utilizado de maneira que adquira consistência sem que haja a queima”. Segundo Oliveira (2002) conceitua-se terra crua como: “a designação genérica que se dá aos materiais de construção produzidos com solo, porém, sem passar pelo processo de cozimento (queima)”. A autora afirma ainda que devido às diferenças culturais e naturais de uma região para outra, existem diferenças das técnicas construtivas em terra crua de região para região, sendo divididas pelo grupo CRATerre em 12 tipos, conforme figura a seguir extraída de Faria (2002) in Oliveira (?):

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Figura 10 - Tipos de técnicas construtivas com terra crua. Fonte: CRATerre in Faria (2002) in Oliveira (?)

Das técnicas mostradas na figura 01, destacamos o adobe (moldada em formas), taipa de mão ou pau-a-pique (armada) e a taipa de pilão (comprimida), pois são as mais comuns no Brasil.

Milanez (1958) apud Oliveira (?) diz que na época da chegada dos portugueses ao Brasil, os índios não conheciam a técnica de construção em terra crua. Os índios utilizavam madeira e vegetação pra construir suas moradias. Portanto foram os europeus que trouxeram a técnica de construção em terra para o Brasil, na forma de adobe, taipa-pilão e pau-a-pique (taipa de mão).

A técnica em taipa de mão é utilizada, principalmente, como vedação e em conjunto de uma estrutura independente (LOPES e INO, 2000). Neste mesmo trabalho, os autores definem taipa de mão como “A taipa de mão, também conhecida como taipa de sopapo, taipa de sebe, estuque, tapona, barro armado ou pau-a-pique, é uma variedade de

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construção em terra, que consiste basicamente de uma malha interna de madeira, bambu, ou outro material, preenchida com barro”. Já em outro trabalho, Lopes e Ino (2000) citam Di Marco (1984) para definir taipa de mão como “preenchimento com uma mistura de água, terras e fibras, de uma ossatura interna de madeira ou bambu, formada por ripas horizontais e verticais, com amarração feita de tiras de couro, cipó, barbante, prego ou arame. Esta mistura é jogada com as mãos do lado de dentro e de fora ao mesmo tempo, e apertada sobre a trama da parede”.

Figura 11 - Esquema da Taipa de mão. Fonte PISANI (2008)

Pisani (2007) afirma que a taipa de pilão é assim chamada devido a mesma ser socada (ou apiloada) com o uso de um pilão. Segundo a autora a execução desta técnica consiste em preparar uma argamassa de barro e socá-la entre formas (taipais) laterias de madeira que, sustentam a argila enquanto úmida. Uma característica do sistema é as paredes serem grossas, chegando a ter 120 cm de espessura.

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Figura 12 - Taipa de pilão. Fonte: PISANI (2008)

A outra técnica trazida pelos europeus é a do adobe, cujo destaque dado à técnica reside no fato da mesma ser de simples execução e ótimos resultados em termos de conforto e resistência.

5.1. Adobe

5.1.1. Definição

Lourenço (2005) define adobe como “tijolos de terra crua, preparados em moldes e secos ao sol”. Já Santiago (2001) apud Motta et al (2004) define adobe como “os tijolos de barro secos ao sol ou à sombra, em locais arejados, sem que sejam submetidos à queima pelo fogo”. Gutierrez (1972) apud Oliveira (?) diz que “o adobe como sistema de construção, se pode descrever como a superposição de blocos de barro misturado com palha, secados ao sol, que se unem entre si com uma argamassa similar a sua constituição interna”. Percebe-se que a técnica e, adobe não passa por nenhum processo de industrialização mais elaborado, sendo constituído basicamente por terra crua moldada por uma forma de madeira, feita artesanalmente. Na definição de Gutierrez (1972) apud Oliveira (?) é citada a palha como

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componente do tijolo de adobe. A palha pode ser utilizada a fim de melhorar características mecânicas do tijolo, sendo o seu emprego na produção de tijolos de adobe, facultativo. O mesmo verifica-se com a questão da secagem do tijolo: tanto ele pode ser seco ao sol como à sombra.

Quanto á sua resistência à compressão, Motta et al (2004) afirma ter encontrado resultados de até 2,08 MPa. Já Silva (2007) encontrou valores médios da ordem de 1,4 MPa. Portanto, percebe-se que o tijolo de adobe é um tijolo com uma boa resistência à compressão, não apresentando a fragilidade estrutural preconceituosamente lhe atribuída.

5.1.2. Vantagens e Desvantagens

Segundo Pinto (1993) apud Alexandria e Lopes (2008) “a terra é um produto que tem potencialidades cada vez maiores, graças às suas capacidades térmicas, à sua longevidade, à sua abundância, à sua degradabilidade”. Motta et al (2004) afirmam que a construção de casas em adobe traz uma série de vantagens de natureza social e construtiva para um país com problemas habitacionais como o Brasil. As autoras continua afirmando que em países desenvolvidos como França, Estados Unidos e Portugal a prática de construir com adobe é utilizada por parcela da população rica. Dentre as vantagens citadas por Motta et al (2004) destacamos as seguintes:

a) Simplicidade (menos técnica);

b) Rapidez e facilidade de execução e produção, sem necessidade de mão-de-obra especializada;

c) Menor poluição ambiental (sem queima do tijolo); d) Fácil acesso à matéria prima;

Silva (2006) cita o baixo consumo energético, o baixo custo de produção, o uso de recursos renováveis e abundantes, facilidade de produção e a melhora da auto-estima dos moradores, através da participação destes no processo construtivo. Mchenry (1984) apud Oliveira (?) cita a baixa transmissão sonora pelas paredes, sendo também o adobe à prova de fogo. Alexandria e Lopes (2008) lista o conforto térmico, o bom desempenho construtivo e baixo custo, principalmente nos locais onde o acesso aos materiais convencionais é difícil.

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Silva (2006) cita como desvantagem do adobe a necessidade de proteção da parede contra umidade, seja de água de chuva, seja por capilaridade da fundação. Motta et al registra as seguintes desvantagens: menor homogeneidade do que nas construções com terra apiloada, a secagem do tijolo mais lenta em climas frios, baixa resistência à umidade, necessitando a alvenaria de impermeabilização especial.

5.1.3. Tipo de Solo

O tipo de solo utilizado na produção do adobe deve ter entre 70-80% de areia e 20-30% de argila (Motta et al, 2004). Os autores ainda afirmam que apesar da proporção entre areia e argila sugerida, na prática verifica-se que existem muitas divergências na dosagem do adobe. Hernadez et al (1983) apud Corrêa et al (2006) diz que a proporção ideal para a produção de adobes é de 50% de areia, 30% de silte e 20% de argila. O mesmo autor, citando Martinez (1979), aponta uma mistura ideal com 20% de argila, 40 a 55% de areia e o resto de silte. Mchenry (1984) apud Oliveira (?) afirma que “o ideal para o uso da terra na construção das paredes é o solo conter quatro elementos: areia grossa, areia fina, silte e argila”. A camada de terra é constituída por três tipos de partículas: areia, silte e argila. Faria (2002) apud Oliveira (?) afirma que a técnica em terra crua ser utilizada depende da quantidade de cada uma dessas

partículas no solo. Portanto é mister observar que ao utilizar-se da técnica de adobe é preciso

se conhecer o tipo de solo da região, pois não é todo tipo de solo que é adequado à construção com tijolos de adobe. Neste sentido Mchenry (1984) apud Oliveira (?) diz que a melhor prática para determinar se o solo é adequado para construir-se com tijolos de adobe é fazer alguns exemplares de tijolos com o material local. Já Faria (2002) apud Oliveira (?) diz que os principais ensaios para caracterizar o solo são:

a) ensaios de determinação do teor de umidade natural do solo e da massa específica aparente do solo em estado solto;

b) determinação da concentração de nutrientes e metais no solo; c) determinação da distribuição granulométrica;

d) determinação do limite de liquidez e limite de plasticidade ou, ensaios de consistência;

e) determinação do limite de contração; f) ensaio de absorção do azul de metileno.

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Mchenry (1984) apud Oliveira (?) ainda ressalta que é importante notar que a camada superficial do solo deve ser retirada (cerca de 30 a 40 cm), pois a mesma contém muita matéria orgânica, tornando inadequado seu uso para construção. Esta camada inicial é denominada solo, enquanto que a camada imediatamente inferior a ela, portanto adequada para uso, é denominada terra.

5.1.4. Dimensões

Segundo Motta et al (2004) o tijolo de adobe apresenta formas e dimensões diversas, variando dependendo da região. Ortega (1983) apud Corrêa et al (2006) afirma que em Benin na África as dimensões usadas são 29 cm x 9 cm x 9cm. Milanez (2000) afirma que a medida mais utilizada no Brasil é a de 20 cm x 20 cm x 40 cm. Contudo, Oliveira (?) afirma que na região de Tiradentes, MG, as dimensões mais comuns são 10 cm x 12 cm x 25 cm e da Silva (2007) relata dimensões de 10 cm x 28 cm x 14 cm em Pirituba, São Paulo.

5.1.5. Produção

Para a produção do tijolo de adobe, Oliveira (?) afirma que a terra deve ser peneirada e misturada com água até a obtenção de uma mistura plástica (barro). O barro é amassado por animais ou com os próprios pés dos trabalhadores, devendo ser deixado em descanso por dois dias (Silva, 2000).Passados os dois dias de descanso é preciso amassar novamente a mistura para então colocá-la em fôrmas, geralmente de madeira, a fim de dar a forma do tijolo. Logo em seguida a forma é retirada e o tijolo é colocado para secar, não devendo encostar em outro tijolo. Faria (2002) faz algumas recomendações para a produção dos tijolos, como utilizar terra próxima ao local de trabalho, reservar uma área para a secagem dos tijolos, tentando proteger os tijolos das intempéries, assim como medidas ergonômicas que visem à saúde do trabalhador.

As fôrmas utilizadas para a produção dos tijolos de adobe são de tamanhos variados, existindo fôrmas com capacidade para produzir apenas uma unidade do tijolo, bem como fôrmas com capacidade para 16 tijolos. Oliveira (?) diz que as formas devem ser colocadas em terreno o mais nivelado possível, a fim de evitarem-se imperfeições nos tijolos.

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Figura 13 - Secagem de tijolos de adobe. Fonte: Grupo de Pesquisa Habis (2004) in SILVA et al (2006)

Figura 14 - Fôrma para produção de tijolo de adobe. Fonte: Grupo de Pesquisa Habis (2004) in SILVA et al (2006)

5.1.6. Processo construtivo

As fundações de uma construção em adobe são simples, geralmente sapata corrida de alvenaria de pedra em toda a extensão da parede ou de concreto ciclópico, executada com pedras de mão (Oliveira (?)). Faria (2002) afirma que a ligação entre a sapata corrida da fundação e a alvenaria pode ser feita apoiando-se diretamente a parede sobre a fundação.

Para assentar tijolos de adobe é utilizada a mesma massa usada na sua confecção. Segundo Silva (2000) as juntas entre os tijolos não devem ter espessura maior que 1 a 2 cm, sendo necessário atentar para a “amarração” da parede, ou seja, o trespasse de metade de um tijolo em relação ao outro. O autor ainda diz que devem ser confeccionadas vergas de madeira sobre as portas e janelas da casa.

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Figura 15 - Detalhes da amarração das paredes em adobe. Fonte: Grupo de Pesquisa Habis (2004) in SILVA et al (2006)

Silva et al (2006) diz que as instalações hidráulicas podem der executadas fazendo-se rasgos para as passagens com o uso de talhadeira e martelo, sendo depois preenchidos com argamassa de areia e cal.

Figura 16 - Detalhes das instalações hidráulicas em adobe. Fonte: Grupo de Pesquisa Habis (2004) in SILVA et al (2006)

Silva (2000) lista algumas recomendações para as construções em adobe:

a) Deve-se construir sempre em terreno plano, ligeiramente elevado. Não se deve construir em ladeiras muito íngremes, nem em zonas alagadiças;

b) Deve-se manter uma distância mínima de 1 metro entre portas e janelas e também para as quinas da casa;

c) A planta baixa da casa deve ter um formato, o mais próximo possível do quadrado, para garantir maior estabilidade à construção;

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d) Deve-se proteger contra as chuvas utilizando telhados com beirais largos.

5.2. Déficit habitacional e Crise Ambiental: adobe como solução sustentável

Devido ao desenvolvimento tecnológico, a população tem aumentado bastante, o que acarreta aumento na necessidade de habitações por parte da população.

No Brasil, o déficit habitacional medido pela Fundação João Pinheiro (FJP) em 2006 foi de 7,935 milhões de domicílios, sendo 6,543 milhões, urbano, e 1,392 milhão, rural. No mesmo estudo, a Fundação João Pinheiro afirma que 90,7% da população enquadrada dentro do déficit habitacional possuem renda de até três salários mínimos, o que configura um grave problema social, dado que essa camada da população não tem acesso a alguma linha de crédito a fim de financiar a aquisição de moradia.

O déficit habitacional no Estado do Ceará, medido em 2006 pela FJP, é da ordem de 415.155 unidades, sendo 316.406 unidades, urbano e 97.749, rural. Desse universo temos que 94,9% da população que compõe o déficit possuem renda mensal de até três salários mínimos.

O crescimento da população humana trouxe outro problema, além do grande déficit habitacional: a poluição. O planeta está à beira de um colapso devido ao consumo exagerado dos recursos naturais, sendo a construção civil uma das atividades que mais impacta no meio ambiente. Alexandria e Lopes (2006) afirmam que “a construção civil apresenta-se como uma das atividades mais impactantes do meio ambiente, pois além do uso de recursos naturais, utilizados como matéria-prima e como fonte de energia para a produção e transporte de materiais, gera considerável quantidade de entulho nas obras”. Já Morel et al (2001) apud Alexandria e Lopes (2008) afirmam que “que, em toda parte do mundo, a indústria da construção civil é responsável por altos níveis de poluição do meio ambiente, em decorrência da energia consumida durante as etapas de extração, processamento e transporte da matéria prima”. Dado a importância dos problemas apresentados nos parágrafos anteriores é imperativo que se encontre uma solução sustentável para resolver ou amenizá-los.

Devido às vantagens já citadas no item 1.2.2 deste trabalho, como exemplo, a facilidade de produção e execução, o tijolo de adobe apresenta-se como uma excelente

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alternativa para combater tanto o grave quadro sócio-ambiental. Porém, o tijolo de adobe, assim como as construções em terra crua em geral (taipa de pilão, taipa de mão, etc) não podem ser consideradas soluções para combater o déficit em todos os locais, pois o tipo de solo determina se é possível ou não a construção em adobe. Neste sentido, Pinto (1993) apud Alexandria e Lopes afirma que “é preciso que se dê a terra o seu devido valor e lugar, com suas virtudes e qualidades, mas também com suas limitações, como qualquer outro material de construção nos dias atuais”.

No Ceará podemos verificar que nem todas as regiões do Estado são propicias à construção com adobe. Podemos observar na figura que a região nordeste do Ceará, objeto de estudo deste trabalho, é rica em solo do tipo argiloso, assim como as outras três áreas destacadas por círculos pretos.

Figura 17 - Regiões propícias á construção com adobe no Ceará. Fonte: IPECE.

Apesar de o tijolo das construções em terra crua apresentarem-se como sustentáveis e de baixo custo no combate ao déficit habitacional e à crise ambiental, existem barreiras ao seu uso a serem vencidas. Alexandria e Lopes (2008) dizem que, com surgimento de novos materiais e tecnologias, as construções em terra foram discriminadas e repudiadas, sendo associadas à pobreza, relegando seu uso para as camadas mais pobres da população. Silva (2000) afirma que a Revolução Industrial provocou uma rejeição aos produtos

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manufaturados, sendo as construções em terra sumariamente desprezadas. Provando-se que o preconceito da sociedade é infundado, temos exemplos de inúmeras construções em terra de alto padrão. Nas palavras de Silva (2000), “uso destes materiais aqui tão rejeitados, é considerado elemento de vanguarda arquitetônica em países desenvolvidos”, como Alemanha, França, que possuem centros de estudos sobre o material. Outro fator que não contribui para o aumento do emprego de construções em terra no Brasil é o fato de que não existem grandes grupos econômicos impulsionando seu desenvolvimento, pois a matéria prima utilizada é facilmente retirada dos chamados “barreiros” e, no caso dos tijolos de adobe, a produção dos mesmos não necessita de processo industrial mais elaborado.

Figura 18 - Exemplo de construção de alto padrão em adobe nos EUA. Fonte: DETHIER, J. (?)

Para vencer as os preconceitos e falta de investimentos em pesquisas é necessário conferir um caráter mais técnico às construções em terra. Em países desenvolvidos, como a França, essa preocupação é antiga. Dethier (?) cita que, ao longo da história, quando faltaram materiais mais modernos (aço, concreto, etc) para construção de obras civis (guerras, crises energéticas, financeiras, etc), fez-se necessário o uso de outros matérias, como a terra crua. Com isso surgiram grupos de pesquisa espalhados pela Europa (CRATerre na França, por exemplo) que contribuíram e ainda contribuem bastante para o desenvolvimento das construções em terra no mundo.

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Devido aos problemas sociais e ambientais mencionados nos parágrafos anteriores, o Brasil não pode dar-se ao luxo de não investir em tecnologias que combatam ou minimizem problemas como imenso déficit habitacional. É preciso provar-se que existe uma cultura de construção em adobe em determinadas áreas do país, caracterizando técnicas de construção, de produção dos tijolos, etc. A caracterização e mapeamento de regiões cuja população tem o hábito de construir em adobe possibilitaria a comparação entre as diferentes técnicas de construção e daria cabimento à introdução de melhorias nos processos construtivos e de produção de tijolo, o que permitiria, ao se atingir um certo ponto de melhoria nos processos construtivos, a aceitação da sociedade e principalmente dos governos de todas as esferas políticas da técnica em construção em adobe.

6. CARACTERIZAÇÃO DOS MUNICÍPIOS VISITADOS

Os municípios alvo da pesquisa localizam-se na região norte do estado do Ceará, e são os seguintes: Alcântaras, Coreaú (junto com distrito de Araquém), Viçosa do Ceará, Moraújo e Sobral, além do município de Pindoretama, que, por se tratar de um novo centro de construção em adobe no Ceará, foi incluído na pesquisa apesar de não estar na região supracitada.

A população total dos municípios é de 293.339 habitantes, assim como o PIB total dos municípios é de R$ 1.789.907.000,00 (IBGE 2007)

A escolha da região norte, assim como a do município de Pindoretama, para o desenvolvimento do trabalho deveu-se a orientações dadas pelo professor da Universidade Federal do Ceará Ricardo Marinho de Carvalho, que já havia realizado visitas à região e tinha conhecimento de que o sistema de construção em adobe era muito comum nas localidades escolhidas.

O mapa a seguir dá uma perspectiva da localização das cidades visitadas e dos respectivos tipos de solos.

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Figura 19 – Municípios visitados durante a pesquisa. Fonte: IPECE

Percebe-se que o tipo de solo predominante na região é o argissolo, o que é um dos fatores que torna a região bastante propícia a ter construções em adobe.

Em geral são municípios com população de baixo poder aquisitivo além de predominar o ambiente rural. Possuem PIB per Capita abaixo da média estadual, além de não terem um Índice de Desenvolvimento Urbano – IDH alto.

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MUNICÍPIOS área (km²)

população 2007 (hab) ranking IDH

Ceará (184 mun) escolaridade (%) pib 2006 (R$) pib per capita 2006 (R$)

rural urbana total ensino

fund esino médio Alcântaras 139 7182 3088 10.270 144 97,16 44,65 23.180.000,00 2.263,00 Coreaú 776 9.059 10.375 21.171 161 91,73 63,93 49.353.000,00 2.716,00 Araquém - - - 7.000 - - - - - Moraújo 416 4773 3232 8.005 156 100 55,46 21.545.000,00 2.828,00 Viçosa 1.312 36351 16504 52.855 158 100 57,87 120.709.000,00 2.474,00 Pindoretama 73 6.768 10.375 17.143 36 98,24 67,08 47.616.000,00 2.716,00 Sobral 2.123 - - 176.895 7 96,74 71,94 1.527.504.000,00 8.688,00

Pelos dados apresentados podemos perceber que a população dos municípios não tem condições financeiras para utilizar sistemas construtivos tidos como mais modernos, a exemplo do tijolo cerâmico. Por este motivo o uso do adobe acaba sendo uma solução bastante utilizada pelos moradores da região, pois, além do fator sócio-econômico, o tipo de solo propicia o uso do adobe.

O município de Sobral, apesar de não ter construções atuais em adobe, possui várias construções históricas com o material, sendo importante ter-se o conhecimento disso, pois é imperativo conservar o patrimônio histórico estadual e, para isso é preciso conhecer de que material os mesmos são construídos.

6.1. Alcântaras

Alcântaras situa-se à 285 km de Fortaleza, possui uma população de 10.270 habitantes, sendo 3.088 da área urbana e 7.182 da área rural, e tem um PIB de R$ 23.180.000,00 (IBGE/IPECE 2007). O município possui um IDH de 0,609, ocupando a 144ª posição entre os 184 municípios cearenses. (IBGE/IPECE 2007).

Como se pode observar existe uma clara predominância do ambiente rural em relação ao urbano, com 70% da população residindo na zona rural. Além disso, o município possui um PIB per Capita de R$ 2.263,00 o qual fica bem abaixo do indicador estadual, que é de R$ 5.636,00 (IBGE/IPECE 2007)

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A cidade de Alcântaras possui tanto construções históricas como construções novas em adobe. Porém, muitas construções possuem sistemas mistos, ou seja, parte em adobe, parte em alvenaria de tijolo cerâmico.

Figura 20 – Sobreposição de sistemas construtivos em adobe e alvenaria de tijolo cerâmico

O município possui grande parte das suas construções em adobe.

6.2. Viçosa do Ceará

Situada à 366 km de Fortaleza, Viçosa do Ceará possui um população de 52.855 habitantes, sendo 16.504 da zona urbana e 36.351 da zona rural. Tem um PIB de R$ 120.709.000,00 e IDH de 0,593, sendo o 158° município do ranking do estado do Ceará.

A cidade de Viçosa possui um grande histórico de construções em adobe, sendo quase que totalmente construída com tijolo cru. Possui tanto construções históricas como atuais.

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Figura 21 – Exemplo de construção histórica em Viçosa do Ceará

Figura 22 – Exemplo de construção contemporânea em Viçosa do Ceará

O solo da cidade de Viçosa é classificado pelo IPECE como sendo do tipo argissolo, o mesmo solo existente na cidade de Alcântaras e predominante na região.

À exemplo de Alcântaras, possui um baixo IDH, com PIB per Capita de R$ 2.474,00, também abaixo da média do estado. Além disso, segundo, também, classificação do IPECE, possui um solo argiloso o que, junto com o baixo poder aquisitivo da população, torna o uso das construções em terra bastante comum no município.

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6.3. Moraújo

O município de Moraújo situa-se à 308 km de Fortaleza, possui uma população de 8.005 habitantes, sendo 3.232 da área urbana e 4.773 da área rural, e tem um PIB de R$ 21.545.000,00 (IBGE/IPECE 2007). O município possui um IDH de 0,594, ocupando a 156ª posição entre os 184 municípios cearenses. (IBGE/IPECE 2007)

6.4 Coreaú e Araquém

Coreaú situa-se à 300 km de Fortaleza, possui uma população de 21.171 habitantes, sendo 12.112 da área urbana e 9.059 da área rural, e tem um PIB de R$ 23.180.000,00 (IBGE/IPECE 2007). O município possui um IDH de 0,609, ocupando a 144ª posição entre os 184 municípios cearenses. (IBGE/IPECE 2007). Já Araquém é o maior distrito de Coreaú, possuindo aproximadamente 7.000 habitantes.

O município e o distrito têm parte considerável de suas construções em adobe, sendo um reflexo tanto do solo favorável como do baixo poder aquisitivo da população.

Figura 23– Casas construídas em adobe no município de Coreaú

6.5. Sobral

A cidade de Sobral é a segunda mais rica do Estado do Ceará, com PIB de R$ 1.527.504.000,00. Com uma população de 176.895 habitantes apresenta um IDH de 0,699 ocupa a 7ª posição no ranking estadual do IDH.

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A importância de Sobral na questão das construções em adobe reside na sua riqueza histórica, com igrejas construídas no século 18, inclusive com sua catedral construída totalmente em adobe.

(a) (b)

(c) (d)

Figura 24 – Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Pretinhos, séc. XVIII (a); Museu Dom José (b); Teatro São João, séc. XIX (c); Escola de Música de Sobral (d).

As construções históricas de Sobral concentram-se no centro da cidade, conforme o mapa a seguir:

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Figura 25 – Área de Preservação do Patrimônio Histórico de Sobral Fonte: IPHAN

6.6. Pindoretama

O município de Pindoretama situa-se a 45 km de Fortaleza, possui uma população de 17.143 habitantes, sendo 10.375 da área urbana e 6.768 da área rural, e tem um PIB de R$ 47.616.000,00 (IBGE/IPECE 2007). O município ocupa a 36ª posição entre os 184 municípios cearenses. (IBGE/IPECE 2007)

Apesar de o município estar numa posição de destaque no que se refere ao ranking do IDH no estado, cabe lembrar que o Estado do Ceará é um dos mais pobres do Brasil, não estando o município em comento livre do problema habitacional. Por este motivo é que o município conta com um grupo de pesquisadores que estão tentando instaurar uma cultura em construção com terra entre os moradores.

7. PROCESSOS CONSTRUTIVOS

Apesar de o processo construtivo em adobe na região ser parecido, existem algumas peculiaridades em alguns subsistemas construtivos, como, por exemplo, a viga

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baldrame no município de Coreaú ser executada com tijolo cerâmico, ou a alvenaria em Alcântaras ser executada com fiada dupla, com uma amarração das paredes diferenciada.

O município de Pindoretama irá compor a análise granulométrica do solo e de resistência à compressão.

A seguir serão detalhados os seguintes subsistemas construtivos: fundações, alvenaria, revestimento, instalações e coberta, além da produção do tijolo de adobe à exceção de Sobral, pois município não possui construções atuais em adobe, apenas possuindo construções históricas.

7.1. Fundações

As fundações das construções em adobe dos municípios visitados são, em regra, executadas em viga baldrame com pedra de mão argamassada. Porém, algumas peculiaridades ocorrem em certos municípios, como é o caso de Coreaú, onde os moradores executam as vigas baldrames tanto com tijolo cerâmico como com pedra de mão.

Abaixo é apresentada uma tabela com o resumo dos materiais utilizados na execução dos baldrames.

FUNDAÇÕES

LOCAL Pedra de mão Tijolo Cerâmico

Alcântras X

Coreaú/Araquém X X

Moraújo X

Viçosa do Ceará X

A seguir serão detalhados os processos construtivos relativos à execução das fundações das construções em adobe dos municípios estudados.

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7.1.1. Alcântaras

As fundações no município de Alcântaras são feitas em viga baldrame com pedra de mão, sendo executadas da seguinte forma: primeiramente é cavada uma vala com profundidade aproximada de um metro e largura aproximada de 40 cm. Então a vala é preenchida com pedra de mão junto com a própria argamassa do adobe, misturada com água. Não foi relatado nenhum tipo de impermeabilização do baldrame, sendo os tijolos de adobe ora assentados diretamente sobre a viga baldrame, ora assentados sobre uma base mais larga de adobe, que é executada sobre o próprio baldrame.

Figura 26 - Detalhe da viga baldrame no município de Alcantaras

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Figura 29 - Base de adobe antes da alvenaria

7.1.2. Coreaú, Araquém e Moraújo

O município de Coreaú, juntamente com seu mais importante distrito, Araquém, possui uma peculiaridade no que diz respeito às fundações das construções em adobe: elas são executadas com tijolo cerâmico dobrado.

Figura 30 - Detalhe da viga baldrame com tijolo cerâmico no município de Coreaú.

Isto se deveu ao fato de que na época das eleições municipais os candidatos distribuíram tijolos ceramicos para a população, porém, em quantidade insuficiente para a construção de uma unidade habitacional. Então o moradores utilizaram os tijolos para executar as fundações das casas em adobe, conforme mostra a figura 24.

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Porém, também são encontradas fundações convencionais do tipo baldrame de pedra argamassada, tanto em Coreaú como em Moraújo.

Figura 31 - Detalhe da viga baldrame de pedra de mão em Moraújo

7.1.3. Viçosa do Ceará

As fundações no município de Viçosa do Ceará são executadas em viga baldrame, com pedra de mão argamassada.

Figura 32 - Detalhe da viga baldrame no município de AViçosa do Ceará

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A produção do tijolo de adobe na região varia pouco de região para região. Por conta disto será relatado o processo básico de produção e então serão apontadas eventuais particularidades dos municípios.

A produção de adobe na região pode se dá tanto para revenda como para consumo próprio. Em Viçosa do Ceará, município onde a cultura de construção em adobe é muito viva, a produção é para venda, e preço do milheiro chega à R$ 100,00 aproximadamente. Já em outros municípios, como Alcântaras, a produção de adobe é predominantemente para consumo próprio, onde a maioria da população sabe produzir o tijolo de adobe.

O início da produção do tijolo de adobe se dá com a extração da terra do barreiro, que fica próximo do local de armazenagem, no caso de produção para venda, ou próximo ao local da construção em adobe, no caso de produção para consumo próprio. A extração se dá com o auxílio de uma pá. A terra extraída não é peneirada, o que faz com que muitas impurezas, como pequenos gravetos, fiquem incrustadas nos tijolos.

Em seguida a terra é misturada com água usando-se uma enxada para tal fim. A quantidade de água acrescentada não segue um padrão definido, sendo a experiência do produtor imprescindível. É acrescentado água até que a mistura fique coesa. Após o acréscimo de água, a mistura é deixada em repouso por 24 horas.

Passadas as 24 horas de repouso é novamente acrescentado água ao material e novamente procede-se à mistura do mesmo. A mistura é então diretamente moldada, com as mãos, em fôrmas de madeira confeccionadas pelos próprios produtores. As fôrmas de madeira variam de município para município, sendo encontradas com dimensões de 30cm x 30cm x 7cm a 40cm x 22cm x 7cm. Algumas fôrmas possuem um acabamento melhor que outras, sendo por exemplo revestida com fórmica na sua parte interior.

A fôrma é retirada imediatamente após a moldagem, sendo o tijolo posto em repouso por um período que varia de dois a 4 dias, a depender do município. Os tijolos de adobe são postos para repousar diretamente no solo, sem contato uns com os outros e secam ao sol.

Terminado o processo de secagem, o tijolo está pronto para uso, sendo que no caso de produção para revenda ele ainda é estocado em pilhas de tijolos, sem proteção.

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A seguir serão apontadas as particularidades, quando houver, na produção dos tijolos de adobe em cada município.

7.2.1. Alcântaras

O adobe não é comercializado na região, salvo casos excepcionais, onde é cobrado o valor aproximado de R$ 50,00 o milheiro. Cada construtor produz seu próprio adobe. O tijolo de adobe é uma boa solução para as famílias de baixa renda da região, pois, como constatado nas conversas com moradores, o milheiro de tijolo cerâmico chega a custar R$ 400,00 na região.

As formas para confecção do adobe são de dimensões variadas, sendo a mais comum a de 30x30x7 cm, que molda dois tijolos de uma vez. São feitas somente de madeira de madeira da região, sem uso de PVC ou fórmica para facilitar a desforma.

A desmoldagem do tijolo é realizada logo após a moldagem, tendo-se o cuidado de molhar a fôrma antes do processo de moldagem.

Depois de desmoldado o tijolo de adobe fica em repouso, diretamente no solo, secando ao sol por 48 horas, estando pronto para uso após a secagem.

(44)

(c) (d)

(e) (f)

Figura 33 - Sequência de produção de adobe: Barreiro (a); Mistura da terra com água (b); Detalhe da fôrma (c); Moldagem do tijolo (d); Tijolo recém-desmoldado (e); Processo de secagem (f)

7.2.2. Coreaú, Araquém e Moraújo

O tijolo de adobe nestes municípios é produzido para consumo próprio.

As fôrmas são de madeira, confeccionadas pelos próprios produtores e possuem, geralmente, dimensões de 40 cm x 22 cm x 7 cm não sendo incomum fôrmas com dimensões diferentes das citadas A exemplo de Alcântaras, como as fôrmas não são revestidas com PVC ou fórmica ou qualquer outro matéria que auxilie na desforma, é necessário que as fôrmas sejam molhadas antes da moldagem, a fim de facilitar a desmoldagem.

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Após serem desmoldados, os tijolos são secos ao sol por um período de 2 dias, deiretamente em contato com o solo, sem contato uns com os outros.

7.2.3. Viçosa do Ceará

Em Viçosa do Ceará, o adobe é produzido para revenda, sendo de aproximadamente R$ 100,00 o preço do milheiro. Por ser um município onde a cultura de adobe está mais presente – quase que a totalidade das construções no município é em adobe – existem pessoas que são especialistas na produção dos tijolos, sendo o seu preço um pouco superior ao de outros municípios, como Alcântaras, que em raras exceções produz adobe para revenda a um preço aproximado de R$ 50,00 por milheiro, pelo fato de que o grande uso de adobe pela população possibilita a comercialização do tijolo de adobe.

As fôrmas usadas na moldagem do tijolo são de madeira e são confeccionadas pelo próprio produtor do adobe para a produção de um único tijolo. As mesmas são ainda revestidas na parte interna com fórmicapara facilitar a desfôrma.

O tijolo desformado é deixado secando ao sol por no mínimo 4 dias, quando então é armazenado em pilhas de tijolos até a venda do mesmo.

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(c) (d)

(e) (f)

Figura 34 - Sequência de produção de adobe: Barreiro (a); Detalhe da fôrma (b); Moldagem do tijolo (c); Tijolo recém-desmoldado (d); Processo de secagem (e) e (f).

7.3.Alvenaria

As dimensões dos tijolos de adobe em regra seguem aproximadamente as mesmas dimensões, porém, é comum encontrar localidades que utilizem fôrmas de dimensões diferentes das expostas no quadro abaixo. Porém, nota-se um padrão no que tange ao processo executivo das alvenarias com tijolo de adobe: os equipamentos utilizados no processo são os mesmos em todas as cidades visitadas, a amarração das fiadas é a mesma, com exceção do município de Alcântaras, que por conta de ter um tijolo com dimensões menores, faz uma espécie de parede dupla de adobe, com uma amarração um pouco diferente.

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Abaixo segue um quadro com o resumo das informações coletadas à respeito das alvenarias em adobe nos municípios visitados.

ALVENARIA

LOCAL Dimensões (cm) Resistência

compressão (MPa) Assentamento vergas

contra-vergas

Alcântras 30x20x7 / 27x14x7 1,0MPa / 3,0MPa massa de adobe madeira /

concreto

madeira / concreto

Coreaú/Araquém 40x22x7 1,0 MPa massa de adobe madeira /

concreto

madeira / concreto

Moraújo 40x22x7 1,0 MPa massa de adobe madeira /

concreto

madeira / concreto

Pindoretama 23x12x12 0,4 MPa - - -

Viçosa do Ceará 40x22x7 1,7 MPa massa de adobe madeira /

concreto

madeira / concreto

A seguir será detalhada a técnica executiva de cada município integrante deste estudo.

7.3.1. Alcântaras

Como não há uniformidade nas dimensões das fôrmas para produção dos tijolos de adobe, foram encontradas duas dimensões distintas de tijolos de adobe, uma de 27 x 14 x 7 cm e outra de 30 x 20 x 7 cm. Porém, o tijolo de dimensões de 27x14x7 cm é mais utilizado na região.

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A elevação é executada de maneira peculiar: as fiadas de tijolos são duplas, deixando a parede com uma espessura de 30 cm, fora o revestimento, devido a soma das medidas de dois tijolos de 14 cm mais aproximadamente 1 cm da junta entre eles. Então a cada cinco ou seis fiadas é colocado um tijolo transversalmente na parede, a fim de amarrar a parede.

Figura 36 - Detalhe do tijolo transversal para amarrar parede

Figura 37 - Detalhe da amarração na parede pronta

Os equipamentos utilizados para a elevação da alvenaria são os mesmos utilizados na elevação de alvenaria comum: colher de pedreiro, prumo e régua.

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Não existe controle preciso das dimensões das juntas entre os tijolos, sendo comum serem maiores que dois centímetros.

A argamassa utilizada para assentamento dos tijolos é a mesma utilizada para confeccioná-los, sem qualquer adição de cal, cimento ou outro material.

Foram encontradas tanto vergas de concreto como de madeira, o mesmo ocorrendo com as contra-vergas.

(50)

7.3.2. Coreaú, Araquém e Moraújo

As dimensões do tijolos de adobe de Coreaú e Araquém e Moraújo são, em regra, 40 cm x 22 cm x 7 cm. Existem outras dimensões na região, porém esta é a mais usual.

A elevação da alvenaria respeita a amarração convencional de alvenaria, conforme a figura 33, além de serem utilizados como equipamentos no processo, a colher de pedreiro, prumo e régua. Não é realizado controle de junta entre os tijolos, o que é característico na região.

Figura 39 – Detalhe da amarração das fiadas na metade do tijolo da fiada seguinte

A argamassa utilizada no assentamento é, também, a mesma utilizada na preparação do tijolo em si.

As vergas e contra-vergas são tanto de concreto como de madeira.

(51)

7.3.3. Viçosa do Ceará

As dimensões dos tijolos de adobe encontrados no município de Viçosa co Ceará e distritos é de 40cm x 22cm x 7cm.

Figura 41 – Tijolo de adobe do município de Viçosa do Ceará

A elevação das paredes é executada de maneira tradicional, tomando-se o cuidado para amarrar um tijolo de uma fiada na metade do tijolo da outra fiada.

(52)

É utilizada a mesma argamassa usada na produção do adobe para o assentamento dos tijolos. Não é realizado nenhum controle de espessura de juntas entre os tijolos, sendo utilizados para a elevação da alvenaria equipamentos convencionais, como colher de pedreiro, prumo e régua.

Foram encontradas tanto vergas e contra-vergas de madeira como de concreto.

Figura 43 – Detalhes das vergas e contra-vergas em concreto e madeira em Alcântaras

As construções em adobe do município realizam o chumbamento de armadores de rede com argamassa de cimento e areia.

(53)

7.3.4. Resistência à compressão do tijolo e composição do solo

Foi encontrada uma resistência à compressão variando de 0,8 MPa a 3,0 MPa. Essa diferença deve-se ao fato de que, mesmo com a semelhança do tipo de solo da região (argissolo), existem variações deste tipo de solo na própria região. As granulometrias dos solos são apresentadas a seguir:

Local granulometria (%) fck

(MPa) areia grossa areia média areia fina silte argila

Alcântaras 1 4 22 28 26 20 3,0 Alcântaras 2 9 23 18 27 24 1,0 Viçosa - - - 1,7 Coreaú/Araquém 4 5 25 40 26 1,0 Pindoretama 5 14 53 19 14 0,8 Moraújo 5 5 31 36 23 1,0

Apesar de a amostra “Alcântaras 1” ter apresentado um granulometria parecida com a amostra “Alcântaras 2”, ela apresentou uma resistência a compressão bem mais alta, de 3,0 MPa. O tijolo que deu origem à referida amostra era visivelmente mais resistente que os demais, tornando, inclusive, o processo de destorroamento muito mais árduo. A coloração do tijolo também era diferente: enquanto os outros eram de cor avermelhada, o tijolo que originou a amostra “Alcântaras 1” tinha coloração acinzentada. Os resultados dos ensaios de garnulometria não foram conclusivos em relação ao estabelecimento de uma relação entre a composição granulométrica do solo e a sua resistência à compressão. Concluí-se que são necessários maiores estudos sobre a composição do solo de Alcântaras, com ensaios que envolvam questões minerológicas das partículas do solo do município.

A amostra de Pindoretama apresentou resistência à compressão mais baixa que as demais amostras. Isso era esperado, pois o solo da região não está de acordo com o indicado para produção de adobe, contendo muita areia.

(54)

7.4. Revestimento e pintura

Geralmente o revestimento das paredes na região é executado com a própria massa do adobe acrescida de cal. Porém, é comum encontrar revestimentos feitos com argamassa de cimento e areia. Comum também é encontrar unidades habitacionais sendo arrematadas com argamassa de cimento e areia.

Figura 46 – Detalhes de arremate com argamassa de cimento e areia em Viçosa.

A pintura das construções em adobe é executada geralmente com cal. Em algumas construções de padrão mais elevado observa-se o emprego de revestimentos mais nobres, como demonstra a figura 42.

Existem também unidades habitacionais sem revestimento algum, ficando os tijolos de adobe a mostra.

LOCAL

Revestimento Pintura

Cal Massa de

adobe Cal Outro

Alcântras X X X X

Coreaú/Araquém X X X

Moraújo X X X

(55)

7.4.1. Alcântaras

O revestimento interno e externo, o qual nem sempre é feito, no município de Alcântaras é realizado com uma argamassa de areia, cal e massa de adobe.

Figura 47 – Residência pintada com cal e residência sem revestimento em Alcântaras.

Porém, são encontrados, comumente, mistura de sistemas construtivos, o que possibilitou a observação de revestimentos executados com argamassa de cimento.

Figura 48 – Casa revestida com argamassa de cimento e areia e pintada com tinta .

As paredes de adobe não são protegidas contra as chuvas. Não se faz o prolongamento dos beirais das casas para tal fim. Foi relatado pelos moradores do local que as paredes resistem às chuvas sem problemas.

(56)

A pintura das casas é geralmente realizada com cal, sendo que, devido também à mistura de sistemas construtivos, são encontradas pinturas com materiais mais nobres.

Figura 49 – Casa com revestimento interno com argamassa de cimento e areia e pintada com tinta a base de cal

7.4.2. Coreaú, Araquém e Moraújo

O revestimento das paredes é feito com argamassa de produção do tijolo de adobe e cal. A exemplo de Alcântaras, às vezes o revestimento das paredes não é feito, ficando o tijolo de adobe aparente.

Figura 50 – Residências pintadas com cal e residência sem revestimento

Os moradores do município procuram proteger com revestimento somente as paredes susceptíveis a chuvas, deixando as outras sem revestimento.

(57)

Figura 51 – Detalhes da parede protegida da chuva por revestimento

7.4.3 Viçosa do Ceará

No município de Viçosa do Ceará percebe-se claramente que ocorre uma mistura de sistemas: alvenaria em adobe e revestimento com argamassa de cimento e areia.

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