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Reticulados Numéricos

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Academic year: 2021

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(1)

Universidade Estadual Paulista “J´ulio de Mesquita Filho” Instituto de Biociˆencias, Letras e Ciˆencias Exatas

Reticulados Num´

ericos

Elen Cristina Mazucchi

Orientador: Prof. Dr. Antonio Aparecido de Andrade

Disserta¸c˜ao apresentada ao Departamento de Matem´atica - IBILCE - UNESP, como parte dos requisitos para a obten¸c˜ao do T´ıtulo de Mestre em Matem´atica.

Fevereiro - 2006

(2)

BANCA EXAMINADORA

Antonio Aparecido de Andrade

Professor Doutor - IBILCE - UNESP

Orientador

• Roseli Arbach Fernandes de Oliveira

Professora Doutora - FEIS - UNESP

1

Examinador

• Edson Agustini

Professor Doutor - UFU - MG

2

Examinador

• Edson Donizete de Carvalho

Professor Doutor - FEIS - UNESP

1

Suplente

• Jo˜ao Roberto Gerˆonimo

Professor Doutor - UEM - PR

2

Suplente

(3)

Aos meus pais, Jo˜ao e Ivanilda, aos meus irm˜aos, Jo˜ao Ricardo e Laiara,

ao meu namorado Fernando,

e ao meu avˆo Annibal Mazucchi (in memorian) dedico.

(4)

Agradecimentos

Ao concluir este trabalho, agrade¸co:

Primeiramente a Deus.

Ao Prof. Dr. Antonio Aparecido de Andrade, pela amizade de tantos anos, pela paciˆencia, dedica¸c˜ao e incentivo.

Aos professores do Departamento de Matem´atica da UNESP - S.J.R.Preto, em especial ao Prof. Hermes Antˆonio Pedroso, pela amizade e carinho.

Aos professores da banca examinadora: Profa. Dra. Roseli Arbach Fernandes de Oliveira

(FEIS - UNESP - Ilha Solteira), Prof. Dr. Edson Agustini (UFU - MG), Prof. Dr. Edson Donizete de Carvalho (FEIS - UNESP - Ilha Solteira) e Prof. Dr. Jo˜ao Roberto Gerˆonimo (UEM - PR).

`

A minha fam´ılia pelo apoio e compreˆens˜ao nos momentos de ausˆencia.

Aos meus pais Jo˜ao Mazucchi e Ivanilda Vieira Mazucchi que sempre me apoiaram, incen-tivaram e me mostraram que quando sonhamos e acreditamos, tudo ´e poss´ıvel.

Ao meu namorado Fernando, por estar sempre ao meu lado nos momentos dif´ıceis e por compartilhar os momentos de alegria.

`

A C´atia por compartilhar as alegrias, tristezas, dificuldades e vit´orias desde o in´ıcio da nossa caminhada.

Aos amigos do curso de P´os-gradua¸c˜ao, em especial `a Giovana, Fernanda, Francielle, Tatiane e Marcus, pela convivˆencia e amizade de tantos anos.

`

A FAPESP pelo aux´ılio financeiro.

(5)

“N´os geralmente descobrimos o que fazer percebendo aquilo que n˜ao devemos fazer. E provavelmente aquele que nunca cometeu um erro nunca fez uma descoberta.”

(6)

Resumo

Este trabalho ´e dedicado a descri¸c˜ao de alguns m´etodos alg´ebricos para obten¸c˜ao de bons reticulados. Atrav´es da teoria de ideais reticulados vimos algumas constru¸c˜oes de reticulados rotacionados, obtendo reticulados t˜ao bons quanto os j´a conhecidos. Nessas constru¸c˜oes o desempenho do reticulado est´a totalmente relacionado com a estrutura do corpo de n´umeros K com o qual estamos trabalhando.

(7)

Abstract

This work is dedicated to description of some algebraic methods for attainment of good lattices. Through the theory of ideal lattices we make some lattices constructions obtained lattices so good how much already known. In these constructions, the performance of the lattices one total is related with the structure of number field K with which we are working.

(8)

´

Indice de S´ımbolos

N: conjunto dos n´umeros naturais Z: conjunto dos n´umeros inteiros Q: conjunto dos n´umeros racionais R: conjunto dos n´umeros reais C: conjunto dos n´umeros complexos ∂f : grau do polinˆomio f

[L : K]: grau de L sobre K Q: produt´orio

P: somat´orio

det(A): determinante da matriz A (aij): matriz

χα(x): polinˆomio caracter´ıstico de α

D(α1, . . . , αn): discriminante de uma n-upla

OK: anel dos inteiros de K

#X: cardinalidade do conjunto X min(X) : m´ınimo do conjunto X a, b, . . .: ideais

ϕ(n): fun¸c˜ao de Euler para o inteiro n A[X]: anel dos polinˆomios sobre A em X

K(α1, . . . , αn): corpo obtido pela adjun¸c˜ao de α1, . . . , αn a K

ξn: e2πi/n = cos2πn + isen2πn, raiz n-´esima primitiva da unidade

x: conjugado complexo do elemento x DK: discriminante absoluto do corpo K T rL|K: tra¸co em rela¸c˜ao `a extens˜ao L/K NL|K: norma em rela¸c˜ao `a extens˜ao L/K ∆(OL|K) : diferente de L sobre K. (∆(OL|K))−1 : codiferente de L sobre K. OL: codiferente de L sobre K.

(9)

< α1, . . . , αn>: ideal gerado por α1, . . . , αn

Gal(L|K): grupo de Galois de L|K a|b : a divide b

δ(Λ) : densidade de centro do reticulado Λ div : diversidade

dp,min : distˆancia produto m´ınima

E : energia da constela¸c˜ao Eb : energia por bit

N0 : potˆencia do ru´ıdo

(10)

Sum´

ario

Introdu¸c˜ao . . . 3

1 Teoria alg´ebrica dos n´umeros 5 1.1 M´odulos Noetherianos . . . 5

1.2 Anel de inteiros . . . 11

1.3 Norma e tra¸co . . . 17

1.4 Discriminante . . . 23

1.5 An´eis de Dedekind . . . 28

1.6 Norma de um ideal . . . 32

1.7 Anel de fra¸c˜oes . . . 35

2 Corpos quadr´aticos e ciclotˆomicos 40 2.1 Corpos quadr´aticos . . . 40

2.2 Corpos ciclotˆomicos . . . 43

2.3 Ramifica¸c˜ao de ideais . . . 48

3 Codiferente e diferente 57 3.1 Codiferente . . . 57

3.2 Diferente . . . 62

4 Reticulados e ideais reticulados 68 4.1 Reticulados . . . 68

4.2 Homomorfismo canˆonico . . . 72

4.3 Ideais reticulados . . . 80

4.4 Perturba¸c˜ao do homomorfismo canˆonico . . . 82

4.5 Diversidade e distˆancia produto m´ınima . . . 84

(11)

5 Constru¸c˜oes de ideais reticulados 92

5.1 Ideais reticulados via corpos totalmente reais . . . 93

5.2 Constru¸c˜ao quadr´atica . . . 94

5.3 Constru¸c˜ao ciclotˆomica em dimens˜ao n = p−12 . . . 96

5.4 Constru¸c˜ao c´ıclica . . . 102

5.4.1 Caso I: Somente p > n se ramifica em OK. . . 103

5.4.2 Caso II: Somente p = n se ramifica em OK . . . 111

5.4.3 Caso III: Pelo menos dois primos se ramificam em OK . . . 115

5.4.4 Distˆancia produto m´ınima via a constru¸c˜ao c´ıclica . . . 119

5.5 Constru¸c˜ao mista . . . 121

5.6 M´etodo de Kr¨uskemper . . . 127

(12)

Introdu¸

ao

Em um sistema de comunica¸c˜ao digital, o objetivo ´e transmitir dados de uma fonte at´e um destino. O meio usado para esta transmiss˜ao ´e chamado de canal e pode ser um cabo coaxial, fibra ´optica, a atmosfera (no caso de ondas de r´adio), CD’s, disquetes, DVD’s (no caso de canais de armazenagem),etc.

Em um sistema tradicional, os dados gerados pela fonte s˜ao s´ımbolos de um alfabeto A. Como cada s´ımbolo tem sua probabilidade de ocorrˆencia, estes dados s˜ao processados pelo codificador de fonte, com o objetivo de eliminar redundˆancias e desta forma compactar a informa¸c˜ao.

As sequˆencias geradas pelo codificador de fonte s˜ao ent˜ao processadas pelo codificador de canal, que introduz redundˆancias gerando sequˆencias de s´ımbolos de A que s˜ao chamadas de palavras c´odigo. Para a transmiss˜ao, o modulador associa a cada palavra c´odigo x um conjunto de s´ımbolos anal´ogico, que ´e ent˜ao enviado pelo canal.

A imperfei¸c˜ao do canal gera distor¸c˜oes e o sinal recebido nem sempre coincide com o enviado. O demodulador faz ent˜ao a melhor estimativa, fornecendo uma sequˆencia r de s´ımbolos de A. Devido ao ru´ıdo, ´e poss´ıvel que r n˜ao seja uma palavra c´odigo. Ent˜ao, o decodificador de canal associar´a uma palavra c´odigo, que ´e a melhor estimativa.

Finalmente, o decodificador de fonte associar´a a esta palavra c´odigo a suposta sequˆencia original de s´ımbolos enviada. O diagrama abaixo ilustra o processo.

Fonte −→ Codif. de Fonte −→ Codif. de Canal ↓ Modulador ↓ Canal ←− Ru´ıdo ↓ Demodulador ↓

Destino ←− Decodif. de Fonte ←− Decodif. de Canal

Cada uma destas etapas gerou grandes ´areas de pesquisa, que se desenvolveram, de certa forma, independentemente.

A teoria dos c´odigos corretores de erros nasceu em 1948, com o famoso trabalho de Shannon [1], onde foi demonstrado o Teorema da Capacidade de Canal. Em linhas gerais, este

(13)

resultado diz que para transmiss˜ao de dados abaixo de uma taxa C (s´ımbolos por segundo), chamada de capacidade do canal, ´e poss´ıvel obter probabilidade de erro t˜ao pequena quanto se deseja atrav´es de c´odigos corretores de erros eficientes.

A Teoria Alg´ebrica dos N´umeros tem sido bastante ´util no desenvolvimento de c´odigos corretores de erros e reticulados. Corpos finitos foram a ferramenta chave para o desenvolvi-mento dos c´odigos bin´arios, estruturas que despertaram gradativamente o interesse dos pes-quisadores em teoria das comunica¸c˜oes. Recentemente, a preocupa¸c˜ao de perder informa¸c˜oes nas comunica¸c˜oes sem fio for¸cou os pesquisadores da teoria da codifica¸c˜ao a trabalhar com ca-nais com desvanecimento. Deste modo, novos crit´erios para a obten¸c˜ao de c´odigos vem sendo

consi-derados com a finalidade de aperfei¸coar o desempenho dos sistemas de transmiss˜ao sem fio. ´

E neste contexto que constela¸c˜oes de sinais de reticulados rotacionados tˆem sido propostas para transmiss˜ao sobre o canal Rayleigh com desvanecimento. Reticulados alg´ebricos, isto ´e, reticulados constru´ıdos via o homomorfismo canˆonico de um corpo de n´umeros alg´ebricos, s˜ao providos de uma ferramenta eficiente para constru¸c˜ao de tais c´odigos reticulados. A raz˜ao ´e que os dois principais parˆametros para a constru¸c˜ao desses c´odigos, a diversidade e a distˆancia produto m´ınima do reticulado, est˜ao diretamente relacionadas com as propriedades do corpo de n´umeros em quest˜ao.

O presente trabalho est´a dividido em cinco cap´ıtulos. Os Cap´ıtulos 1, 2 e 3 s˜ao dedica-dos a Teoria Alg´ebrica dos N´umeros, onde apresentamos alguns conceitos e resultados que ser˜ao utilizados no decorrer do trabalho. No Cap´ıtulo 4 definimos reticulados alg´ebricos e fornecemos o M´etodo de Minkowiski para gera¸c˜ao de reticulados no Rn. Ainda neste

cap´ıtulo introduzimos a teoria de ideais reticulados, descrevendo seus principais resultados. No Cap´ıtulo 5 apresentamos cinco constru¸c˜oes de Zn-reticulados rotacionados. Tais cons-tru¸c˜oes s˜ao: constru¸c˜ao quadr´atica, constru¸c˜ao ciclotˆomica, constru¸c˜ao c´ıclica, constru¸c˜ao mista e finalmente uma constru¸c˜ao via o m´etodo de Kr¨uskemper.

(14)

Cap´ıtulo 1

Teoria alg´

ebrica dos n´

umeros

Neste cap´ıtulo introduzimos conceitos importantes da Teoria Alg´ebricos dos N´umeros tais como elementos inteiros sobre an´eis, norma e tra¸co de elementos. Enfocamos tamb´em as principais propriedades dos an´eis Noetherianos, dos an´eis de Dedekind e an´eis de fra¸c˜oes.

O objetivo deste cap´ıtulo ´e introduzir conceitos que ser˜ao usados nos cap´ıtulos posteriores, e os resultados podem ser encontrados nas referˆencias [2], [3], [4], [5] e [6].

1.1

odulos Noetherianos

Nesta se¸c˜ao apresentamos os conceitos de m´odulos e m´odulos Noetherianos juntamente com suas principais propriedades.

Defini¸c˜ao 1.1.1 Seja A um anel. Um A-m´odulo M ´e um grupo abeliano (aditivo) munido de uma aplica¸c˜ao A × M −→ M, denotado por (a, m) −→ am, tal que, para quaisquer a, b ∈ A e x, y ∈ M, tem-se:

i) a(x + y) = ax + ay; ii) (a + b)x = ax + bx; iii) (ab)x = a(bx); iv) 1x = x.

Defini¸c˜ao 1.1.2 Sejam A um anel e M um A-m´odulo. Um subconjunto N ⊂ M n˜ao vazio ´e um A-subm´odulo de M se, com as opera¸c˜oes herdadas de M, tamb´em ´e um A-m´odulo.

(15)

Defini¸c˜ao 1.1.3

1. Um A-m´odulo M ´e dito finitamente gerado se existem x1, . . . , xr ∈ M tais que

M = Ax1+ · · · + Axr, e neste caso, dizemos que x1, · · · , xr formam um sistema de

geradores de M.

2. Um conjunto de elementos x1, . . . , xr ∈ M s˜ao linearmente independentes (sobre

A) se a igualdade

r

X

i=1

aixi = 0, com ai ∈ A, implicar que a1 = · · · = ar = 0.

3. Se al´em disso, x1, . . . , xs formarem um sistema de geradores de M, ent˜ao eles formam

uma base de M.

Observa¸c˜ao 1.1.1 ´E importante lembrar que nem todo m´odulo finitamente gerado possui uma base. Um A-m´odulo que possui uma base ´e chamado de A-m´odulo livre, e o n´umero de elementos da base ´e chamado de posto de A.

Defini¸c˜ao 1.1.4 Sejam M um A-m´odulo e I1 ⊂ I2 ⊂ · · · ⊂ In ⊂ · · · uma sequˆencia

crescente de A-subm´odulos de M. Esta ´e uma sequˆencia estacion´aria se existir n0 ∈ N tal

que In= In0 para todo n ≥ n0. A defini¸c˜ao ´e an´aloga para sequˆencia decrescente estacion´aria.

Defini¸c˜ao 1.1.5 Sejam A um anel e M um A-m´odulo. Dizemos que M ´e um A-m´odulo Noetheriano se satisfaz uma das seguintes condi¸c˜oes:

1) Toda fam´ılia n˜ao vazia de A-subm´odulos de M tem um elemento maximal. 2) Toda sequˆencia crescente de A-subm´odulos de M ´e estacion´aria.

3) Todo A-subm´odulo de M ´e finitamente gerado.

Dizemos que A ´e um anel noetheriano se A considerado como um A-m´odulo for noethe-riano.

Proposi¸c˜ao 1.1.1 Todo anel principal A ´e noetheriano.

Demonstra¸c˜ao: Considere uma sequˆencia crescente de A-subm´odulos de M , I1 ⊂ I2 ⊂ · · · ⊂ In⊂ · · · .

Como A ´e principal, todos os ideais de A s˜ao principais e como os subm´odulos de A s˜ao exatamente os ideais de A, segue que os subm´odulos de A s˜ao principais. Temos que I =

[

n∈N

In ´e um ideal de A. Agora, notemos que In⊂ I = hai, para todo n ∈ N e a ∈ In0, para

algum n0 ∈ N, pois a ∈ hai = I =

[

n∈N

In. Como a ∈ In0 e a ∈ hai segue que I = hai ⊂ In0.

(16)

Teorema 1.1.1 Sejam A um anel principal, M um A-m´odulo livre de posto n, e M0 um A-subm´odulo de M. Ent˜ao:

i) M0 ´e livre de posto q, 0 ≤ q ≤ n.

ii) Se M0 6= h0i, ent˜ao existe uma base {e1, . . . , en} de M e elementos n˜ao nulos a1, . . . , aq∈

A tal que {a1e1, . . . , aqeq} ´e uma base de M0 e que ai divide ai+1, para i = 1, 2, . . . , q − 1.

Demonstra¸c˜ao: Para M = h0i o resultado ´e trivial. Consideremos portanto M 6= h0i. Seja L(M, A) o conjunto das formas bilineares sobre M . Para u ∈ L(M, A), u(M0) ´e um subm´odulo de A, um ideal de A. Como todo ideal de A ´e principal, podemos escrever u(M0) = Aau, com au ∈ A. Pela Proposi¸c˜ao (1.1.1), segue que A ´e um anel Noetheriano,

ent˜ao existe u ∈ L(M, A) tal que Aau ´e maximal entre todos os Aav, v ∈ L(M, A). Seja

{x1, x2, . . . , xn} uma base de M , a qual o identifica com An. Seja Pri : M → A a proje¸c˜ao na

i-´esima coordenada, isto ´e, Pri(xj) = δij. Como M

0 6= h0i, para pelo menos um i, 1 ≤ i ≤ n,

Pri(M

0) 6= h0i. Consequentemente, a

u 6= 0. Pela nossa constru¸c˜ao, existe e0 ∈ M0 tal que

u(e0) = au. Mostremos que para todo v ∈ L(M, A), au | v(e0). Se d = mdc(au, v(e0)), existem

b, c ∈ A tais que d = bau+ cv(e0), ou seja, d = (bu + cv)e0. Como w = bu + cv ´e uma forma

linear sobre M , Aau ⊂ Ad ⊂ w(M0). Pela maximalidade de Aau segue que Ad = Aau, o que

implica que au | v(e0). Em particular, au | Pri(e

0), ent˜ao, P ri(e 0) = a ubi, com bi ∈ A. Fa¸ca e = n X i=1

bixi, ent˜ao e0 = aue. Como u(e0) = au = auu(e), segue que u(e)=1. Mostremos que :

1. M = Ker(u) ⊕ Ae.

2. M0 = (M0∩ Ker(u)) ⊕ Ae0, onde e0 = a ue

1. Para todo x ∈ M, x = u(x)e+(x−u(x)e). Observe que u(x−u(x)e) = u(x)−u(x)u(e) = 0, pois u(e) = 1, ent˜ao x − u(x)e ∈ Ker(u). Isto mostra que Ae + Ker(u) = M . Al´em disso, Ae ∩ Ker(u) = ∅. Portanto, M = Ker(u) ⊕ Ae.

2. Para y ∈ M, u(y) = bau, com b ∈ A, tal que y = baue + (y − u(y)e) + be0+ (y − u(y)e).

Al´em disso, temos que y − u(y)e ∈ Ker(u) e y − u(y)e = y − be0 ∈ M0, ou seja,

y − u(y)e ∈ (M0 ∩ Ker(u)) e be0 ∈ Ae0 ⊂ Ae, e isto conclui (2).

Finalmente vamos a demonstra¸c˜ao do teorema. i) Faremos por indu¸c˜ao sobre o posto q de M0. Se q = 0, M0 = h0i e n˜ao h´a o que provar. Se q > 0, M0 ∩ Ker(u) tem rank q − 1 (de acordo com (2)) e portanto, M0 ∩ Ker(u) ´e livre, de acordo com a hip´otese de indu¸c˜ao. Como a soma em (2) ´e direta, obtemos uma base para M0, adicionando e0 a base

(17)

de M0 ∩ Ker(u). Consequentemente, M0 ´e livre de posto q. ii) Faremos indu¸c˜ao sobre n,

o posto de M . Novamente, se n = 0 n˜ao h´a o que provar. Suponhamos ent˜ao n > 0. Pelo item i), Ker(u) ´e livre de posto n − 1, j´a que a soma em (1) ´e direta. Aplicaremos a hip´otese de indu¸c˜ao para o m´odulo livre Ker(u) e para o subm´odulo M0 ∩ Ker(u): se M0∩ Ker(u) 6= h0i, existem q ≤ n, uma base {e2, . . . , en} de Ker(u) e elementos a2, . . . , aq

de A n˜ao nulos, tal que {a2e2, . . . , aqeq} ´e uma base para M0∩ Ker(u), e tal que ai | ai+1,

para 2 ≤ i ≤ q − 1. Com as mesmas nota¸c˜oes acima, seja a1 = au e e1 = e. Ent˜ao, de acordo

com (1), {e1, e2, . . . , en} ´e uma base para M e de acordo com (2), e do fato de e0 = a1e1,

segue que {a1e1, a2e2, . . . , aqeq} ´e uma base para M0. Falta mostrar que a1 | a2. Seja v

uma forma linear sobre M definida pela rela¸c˜ao v(e1) = v(e2) = 1 e v(ei) = 0, para i ≥ 3.

Ent˜ao a1 = au = v(aue1) = v(e0) ∈ v(M0), ent˜ao Aau ⊂ v(M0). Pela maximalidade de Aau,

conclu´ımos que v(M0) = Aau = Aa1. Como a2 = v(a2e2) ∈ v(M0), temos que a1 ∈ Aa2, e

isto implica que a1 | a2, e isto conclui a demonstra¸c˜ao.

Proposi¸c˜ao 1.1.2 Sejam A um anel, M um A-m´odulo e N um subm´odulo de M. Ent˜ao M ´e noetheriano se, e somente se, M

N e N s˜ao noetherianos.

Demonstra¸c˜ao: Suponha que M ´e noetheriano. Seja (Mn)n≥0 uma sequˆencia crescente de

A-subm´odulos de N . Ent˜ao (Mn)n≥0tamb´em ´e uma sequˆencia crescente de A-subm´odulos de

M . Como M ´e noetheriano, segue que (Mn)n≥0 ´e estacion´aria. Portanto, N ´e noetheriano.

Para mostrar que M

N ´e noetheriano, sejam

S = { subm´odulos de M que cont´em N } e T = { subm´odulos de M N}. A aplica¸c˜ao ϕ : S −→ T definida por ϕ(L) = L

N, para L ∈ S, ´e uma bije¸c˜ao de S em T . Assim, se (Mn)n≥0 ´e uma sequˆencia crescente de A-subm´odulos de

M

N, ent˜ao (ϕ

−1(M n))n≥0

tamb´em ´e uma sequˆencia crescente A-subm´odulos de M. Como M ´e noetheriano, segue que (ϕ−1(Mn))n≥0 ´e estacion´aria, e portanto (Mn)n≥0 ´e estacion´aria. Assim,

M

N ´e noetheriano. Reciprocamente, suponhamos que M

N e N s˜ao noetherianos. Seja (Mn)n≥0 uma sequˆencia crescente de A-subm´odulos de M . Assim, (N ∩ Mn)n≥0 ´e uma sequˆencia crescente de

A-subm´odulos N . Como N ´e noetheriano, segue que (N ∩ Mn)n≥0´e estacion´aria, ou seja, existe

k ∈ N tal que Mn∩ N = Mn+1∩ N, ∀n ≥ k e Mn N = Mn+1 N , ∀n ≥ k.

(18)

Sabemos, que Mn⊆ Mn+1, ∀n ≥ k. Se x ∈ Mn+1, ent˜ao existe y ∈ Mntal que x+M1 = y+N .

Assim, x − y ∈ N ∩ Mn+1 = N ∩ Mn. Logo, x − y ∈ Mn e como y ∈ Mn segue que x ∈Mn.

Portanto, Mn = Mn+1, ∀n ≥ k e assim, M ´e noetheriano.

Corol´ario 1.1.1 Se M1, . . . , Mns˜ao A-m´odulos noetherianos ent˜ao o produto M1×· · ·×Mn

´e um A-m´odulo noetheriano.

Demonstra¸c˜ao: Faremos a prova por indu¸c˜ao sobre n. Para n = 2, identificamos M1 '

M1×{0} ⊆ M1×M2 e definimos a fun¸c˜ao ϕ : M1×M2 −→ M2 tal que ϕ(0, y) = y. Como ϕ ´e

um homomorfismo sobrejetor, segue que M1 × M2

ker ϕ ' M2, onde ker ϕ = M1× {0}. Como M2 ´e noetheriano, segue que M1× M2

M1× {0}

' M2 ´e noetheriano e pela Proposi¸c˜ao (1.1.2), segue que

M1× M2 ´e noetheriano. Suponhamos agora, por hip´otese de indu¸c˜ao, que M = M1× · · · ×

Mn−1´e noetheriano. Como Mn´e noetheriano, segue do caso n = 2, que M = M1× · · · × Mn

´e um A-m´odulo noetheriano.

Corol´ario 1.1.2 Se A ´e um anel noetheriano e M ´e um A-m´odulo finitamente gerado, ent˜ao M ´e um A-m´odulo noetheriano.

Demonstra¸c˜ao: Seja {e1, . . . , en} um conjunto de geradores do A-m´odulo M . Temos que a

aplica¸c˜ao ϕ : An −→ M definida por ϕ(a1, . . . , an) = a1e1+ · · · + anen, ´e um homomorfismo

sobrejetor. Assim, pelo Teorema do Homomorfismo, temos que A

n

ker ϕ ' M . Como A ´e noetheriano, pelo Corol´ario (1.1.1), segue que An ´e noetheriano. Pela Proposi¸c˜ao (1.1.2),

segue que M ´e um A-m´odulo noetheriano.

Proposi¸c˜ao 1.1.3 Em um anel noetheriano A todo ideal cont´em um produto de ideais pri-mos.

Demonstra¸c˜ao: Sejam A um anel noetheriano e F o conjuntos dos ideais de A que n˜ao cont´em um produto de ideais primos. Suponhamos F 6= ∅. Como A ´e noetheriano, segue que F tem um elemento maximal M . Temos que M n˜ao ´e um ideal maximal, pois caso contr´ario, M seria primo e assim, M 6∈ F . Assim, existem x, y ∈ A − M tal que xy ∈ M . Notemos que M ( hxi + M e M ( hyi + M . Logo, hxi + M e hyi + M n˜ao pertencem a F . Assim,

p1p2. . . pn⊆ hxi + M e q1q2. . . qn ⊆ hyi + M,

onde pi, qj s˜ao ideais primos de A, e

(19)

o que ´e um absurdo. Portanto, F = ∅.

Corol´ario 1.1.3 Em um dom´ınio noetheriano, todo ideal n˜ao nulo cont´em um produto de ideais primos n˜ao nulos.

Demonstra¸c˜ao: An´aloga a Proposi¸c˜ao (1.1.3).

Defini¸c˜ao 1.1.6 Seja A um anel. Dizemos que a ∈ A ´e nilpotente se an= 0, para algum

n ≥ 0. Dizemos que A ´e um anel reduzido se o ´unico elemento nilpotente de A ´e o zero. Corol´ario 1.1.4 Se A ´e um anel noetheriano reduzido, ent˜ao o ideal nulo de A ´e uma intersec¸c˜ao finita de ideais primos n˜ao nulos de A.

Demonstra¸c˜ao: Pela Proposi¸c˜ao (1.1.3), temos que o ideal nulo de um anel noetheriano cont´em um produto de ideais primos. Portanto, h0i =

g

Y

i=1

pei

i . Vamos mostrar que h0i = g

\

i=1

pei

i . Temos que h0i ⊆ p1∩ . . . ∩ pg. Por outro lado, se x ∈ p1∩ . . . ∩ pg, ent˜ao xe1+e2+···+eg ∈

pe1

1 . . . p eg

g = h0i. Como A ´e reduzido, segue que x = 0. Portanto, h0i = g

\

i=1

pei

i .

Lema 1.1.1 Se A1, A2 s˜ao ideais de um anel A e A1+ A2 = A ent˜ao A1A2 = A1∩ A2 .

Demonstra¸c˜ao: Temos que A1A2 ⊂ A1 e A1A2 ⊂ A2 e assim A1A2 ⊂ A1∩ A2. Agora,

suponhamos que x ∈ A1∩A2. Por hip´otese, A1+A2 = A, assim, existem elementos a1 ∈ A1,

a2 ∈ A2 tal que 1 = a1 + a2. Logo, x = a1x + a2x ´e a soma de dois elementos de A1A2.

Assim, A1∩ A2 ⊂ A1A2. Portanto, A1A2 = A1∩ A2 .

Lema 1.1.2 Se A ´e um anel e {A1, . . . , An} ´e um conjunto finito de ideais de A, tais que

Ai+ Aj = A, para i 6= j, ent˜ao A/ n Y i=1 Ai ' n Y i=1 A/Ai.

Demonstra¸c˜ao: Faremos a prova por indu¸c˜ao sobre n. Para o caso n = 2, seja a aplica¸c˜ao ϕ : A −→ A/A1× A/A2,

definida por ϕ(a) = (a + A1, a + A2), com a ∈ A. Assim ker(ϕ) = A1 ∩ A2, uma vez que,

ϕ(x) = (¯0, ¯¯0) se, e somente se, (x+A1, x+A2) = (¯0, ¯¯0) se, e somente se, x+A1 = ¯0 e x+A2 = ¯¯0

se, e somente se x ∈ A1 e x ∈ A2, se e somente se, x ∈ A1∩ A2. Quanto a sobretividade,

(20)

Como A1 + A2 = A, existem elementos a1 ∈ A1, a2 ∈ A2 tais que 1 = a1 + a2. Seja,

x = a1z + a2y. Como a2 ≡ 1(modulo A1) e a1 ≡ 1(modulo A2) segue que x ≡ y(modulo A1)

e x ≡ z(modulo A2), isto ´e, x + A1 = y + A1 e x + A2 = z + A2, ou seja, ϕ ´e sobrejetora.

Portanto, A/A1∩ A2 ' A/A1× A/A2, e pelo Lema (1.1.1), temos que

A/A1A2 ' A/A1 × A/A2.

Agora, supomos que o resultado ´e verdadeiro para ∀k < n. Fazendo b = A2. . . An, temos

que A1+ b = A, uma vez que A1+ Ai = A, para i ≥ 2, e assim, existem elementos ci ∈ A1

e ai ∈ Ai tais que ci+ ai = 1. Logo, 1 = n

Y

i=2

(ci + ai) = c + a2. . . an, onde c ´e a soma dos

termos que cont´em no m´ınimo um ci como fator. Logo, c ∈ A1. Como a2. . . an ∈ b, segue

que A1+ b = A. Pelo caso n = 2, segue que A/A1b ' A/A1× A/b, e por hip´otese de indu¸c˜ao

temos que A/ n Y i=1 Ai ' n Y i=1 A/Ai.

Defini¸c˜ao 1.1.7 Um espa¸co vetorial V sobre um corpo K ´e uma K-´algebra se existe uma multiplica¸c˜ao em V satisfazendo,

1. a(b+c)=ab+ac, ∀a, b, c ∈ V,

2. a(αb)=(αa)b=α(ab), ∀α ∈ K e a, b ∈ V, 3. a(bc)=(ab)c, ∀a, b, c ∈ V,

4. ∃1V ∈ V ; a1V = a = 1Va, ∀a ∈ V

Observa¸c˜ao 1.1.2 Se ab = ba, ∀a, b ∈ V , dizemos que V ´e uma K-´algebra comutativa.

1.2

Anel de inteiros

Nesta se¸c˜ao, apresentamos o conceito de anel de inteiros e faremos um estudo sobre as suas principais propriedades.

Defini¸c˜ao 1.2.1 Sejam B anel e A um subanel de B. Dizemos que um elemento α ∈ B ´e inteiro sobre A, se α ´e raiz de um polinˆomio mˆonico com coeficientes em A, ou seja, existem a0, . . . , an−1∈ A, n˜ao todos nulos, tal que αn+ an−1αn−1+ · · · + a1α + a0 = 0. Essa

(21)

Exemplo 1.2.1 Se α = √5 +√7 ∈ R, temos que α ´e inteiro sobre Z, pois α ´e raiz do polinˆomio x4 − 24x2+ 4 ∈ Z[x].

Teorema 1.2.1 Sejam A ⊆ B an´eis e α ∈ B. S˜ao equivalentes as seguintes afirma¸c˜oes: i) α ´e inteiro sobre A.

ii) O anel A[α] ´e um A-m´odulo finitamente gerado.

iii) Existe um subanel R do anel B tal que R ´e um A-m´odulo finitamente gerado que cont´em A e α.

Demonstra¸c˜ao: i) ⇒ ii) Temos que A[α] = {P

iaiαi : ai ∈ A}. Por hip´otese, temos que α

´e inteiro sobre A, assim, existem a0, . . . , an−1 ∈ A, n˜ao todos nulos, tais que

αn+ an−1αn−1+ · · · + a1α + a0 = 0.

Seja M = [1, α, . . . , αn−1] um A-m´odulo finitamente gerado. Vamos mostrar que A[α] = M .

Temos que αn= −(a

n−1αn−1+ · · · + a1α + a0), ou seja, αn ∈ [1, α, . . . , αn−1]. Agora, vamos

provar por indu¸c˜ao que αj ∈ [1, α, . . . , αn−1

], para j ∈ N. Temos que αj ∈ [1, α, . . . , αn−1],

∀j ≤ n. Suponhamos por hip´otese de indu¸c˜ao que αj ∈ [1, α, . . . , αn−1] e mostremos que

αj+1 ∈ [1, α, . . . , αn−1]. Por hip´otese de indu¸c˜ao existem b

0, . . . , bn−1 ∈ A tal que αj = bn−1αn−1+ · · · + b1α + b0. Assim, αj+1 = αjα = (bn−1αn−1+ · · · + b1α + b0)α = bn−1αn+ · · · + b1α2+ b0α = bn−1(−an−1αn−1− · · · − a1α − a0) + · · · + b1α2+ b0α = −bn−1an−1αn−1− · · · − bn−1a1α − bn−1a0 + · · · + b1α2+ b0α = −a0bn−1+ (−bn−1a1+ b0)α + · · · + (bn−2− bn−1an−1)αn−1, ou seja, αj ∈ [1, α, . . . , αn−1

], para j ∈ N. Por outro lado, [1, α, . . . , αn−1] ⊂ A[α]. Assim, [1, α, . . . , αn−1] = A[α]. Portanto, A[α] ´e um A-m´odulo gerado por 1, α, . . . , αn−1. Para ii)⇒

iii) como α ∈ A[α] e A ⊂ A[α], ´e suficiente tomar R = A[α]. Finalmente, para iii)⇒ i) seja R = hy1, . . . , yni um A-m´odulo finitamente gerado tal que A ⊂ R ⊂ B e α ∈ R, ou seja,

(22)

aij ∈ A, com 1 ≤ i, j ≤ n, de modo que              αy1 = a11y1+ · · · + a1nyn αy2 = a21y1+ · · · + a2nyn .. . αyn= an1y1+ · · · + annyn. Logo,              (α − a11)y1− a12y2− · · · − a1nyn = 0 −a21y1+ (α − a22)y2− · · · − a2nyn = 0 .. . −an1y1− an2y2− · · · + (α − ann)yn = 0.

Na forma matricial, temos        (α − a11) −a12 · · · −a1n −a21 (α − a22) · · · −a2n .. . ... . .. ... −an1 · · · (α − ann)               y1 y2 .. . yn        =        0 0 .. . 0        .

Seja D o determinante da matriz dos coeficientes do sistema linear. Pela regra de Cramer, temos que Dyj = 0, para j = 1, . . . , n. Como 1 ∈ R, segue que 1 =

n X j=1 cjyj, com cj ∈ A, e assim, D = D · 1 = D n X j=1 cjyj= n X j=1

cjDyj = 0. Observemos que D ´e uma equa¸c˜ao de

dependˆencia integral de α uma vez que D = αn+ b

n−1αn−1+ · · · + b0 = 0, onde cada bi ∈ A.

Portanto, α ´e inteiro sobre A.

Corol´ario 1.2.1 Sejam A ⊆ B an´eis, e sejam α1, . . . , αn ∈ B. Se α1 ´e inteiro sobre A,

α2 ´e inteiro sobre A[α1], . . . e αn ´e inteiro sobre A[α1, . . . , αn−1], ent˜ao A[α1, . . . , αn] ´e um

A-m´odulo finitamente gerado.

Demonstra¸c˜ao: Se α1 ´e inteiro sobre A, ent˜ao pelo Teorema (1.2.1), temos que A[α1]

´e um A-m´odulo finitamente gerado. Assim, suponhamos que R = A[α1, . . . , αn−1] seja

um A-m´odulo finitamente gerado por {v1, v2, . . . , vn} e que αn seja inteiro sobre R =

A[α1, . . . , αn−1]. Pelo Teorema (1.2.1), temos que R[αn] ´e um R-m´odulo finitamente gerado.

Assim, existe {w1, . . . , ws} ⊂ R[αn] tal que

R[αn] = A[α1, . . . , αn] = s X i=1 Rwi = s X i=1 n X j=1 ajvj ! wi = X j,i ajvjwi.

(23)

Logo, {vjwi} para i = 1, . . . , s e j = 1, . . . , n, gera R[αn] como um A-m´odulo. Portanto,

A[α1, . . . , αn] ´e um A-m´odulo finitamente gerado.

Observa¸c˜ao 1.2.1 Quando B = C, o corpo dos complexos, e os coeficientes do polinˆomio s˜ao n´umeros racionais, dizemos simplesmente que α ´e um n´umero alg´ebrico. Se os coefi-cientes do polinˆomio mˆonico s˜ao n´umeros inteiros, α ´e chamado inteiro alg´ebrico.

Exemplo 1.2.2 O elemento α = √13 ´e um inteiro alg´ebrico, pois ´e raiz do polinˆomio mˆonico x2 − 13 ∈ Z[x]. O elemento α =2 +3 ´e um inteiro alg´ebrico, pois ´e raiz do

polinˆomio mˆonico x4 − 10x2+ 1 ∈ Z[x].

Corol´ario 1.2.2 Sejam A ⊆ B an´eis. Se α, β ∈ B s˜ao inteiros sobre A, ent˜ao α ± β, αβ s˜ao inteiros sobre A.

Demonstra¸c˜ao: Temos que α ± β, αβ pertencem a A[α, β]. Pelo Corol´ario (1.2.1), temos que A[α, β] ´e um A-m´odulo finitamente gerado e pelo Teorema (1.2.1), segue que α ± β, αβ s˜ao inteiros sobre A.

Teorema 1.2.2 Se α ´e uma raiz de um polinˆomio mˆonico, onde os coeficientes s˜ao inteiros alg´ebricos, ent˜ao α ´e um inteiro alg´ebrico.

Demonstra¸c˜ao: Seja αn+ a

n−1αn−1+ · · · + a1α + a0, tal que ai, para i = 1, . . . , n − 1

perten¸ca ao conjunto dos n´umeros complexos que s˜ao ra´ızes de polinˆomios mˆonicos com coeficientes em Z. Fazendo B = Z[a0, . . . , an−1, α], b0 = a0, . . . , bn−1= an−1 e bn = α temos,

pelo Corol´ario (1.2.1), que Z[b0, . . . , bn] ´e um Z-m´odulo finitamente gerado. Pelo Teorema

(1.2.1) segue que α ´e um inteiro alg´ebrico.

Defini¸c˜ao 1.2.2 Sejam A ⊆ B an´eis. Dizemos que B ´e inteiro sobre A se todo elemento de B ´e inteiro sobre A.

Exemplo 1.2.3 Dentre os an´eis que satisfazem esta condi¸c˜ao est´a o anel dos inteiros de Gauss, Z[i], pois todo elemento a + bi de Z[i] ´e raiz do polinˆomio x2− 2ax + (a2+ b2) ∈ Z[x].

Defini¸c˜ao 1.2.3 Sejam A ⊆ B an´eis.

(1) OB = {α ∈ B : α ´e inteiro sobre A} ´e chamado anel de inteiros de A em B.

(2) Se A ´e um dom´ınio e B = K o corpo de fra¸c˜oes de A, dizemos que OB ´e o anel de

inteiros de A em K. Al´em disso, se A = OB dizemos que A ´e um anel integralmente

(24)

Proposi¸c˜ao 1.2.1 Sejam A ⊆ B an´eis. Ent˜ao A ⊆ OB ⊆ B.

Demonstra¸c˜ao: Pelo Corol´ario (1.2.2), temos que OB ´e um subanel de B . Agora, se

α ∈ A, ent˜ao α ´e raiz do polinˆomio p(x) = x − α, que tem coeficientes em A. Assim, α ∈ OB. Portanto, A ⊆ OB⊆ B.

Proposi¸c˜ao 1.2.2 Sejam A ⊆ B ⊆ R an´eis. Assim, R ´e inteiro sobre A se, e somente se, R ´e inteiro sobre B e B ´e inteiro sobre A.

Demonstra¸c˜ao: Suponhamos que R ´e inteiro sobre A. Se α ∈ R, ent˜ao existem a0, . . . , an−1∈

A, n˜ao todos nulos, tal que

αn+ an−1αn−1+ · · · + a0 = 0.

Como A ⊂ B, segue que ai ∈ B, para i = 0, 1, . . . , n − 1, ou seja, α ´e inteiro sobre B.

Portanto, R ´e inteiro sobre B. Agora, seja α ∈ B. Como B ⊂ R, segue que α ∈ R, ent˜ao, por hip´otese α ´e inteiro sobre A. Portanto, B ´e inteiro sobre A. Reciprocamente, seja α ∈ R. Como R ´e inteiro sobre B, segue que existem b0, . . . , bn−1∈ B, n˜ao todos nulos, tal que

αn+ bn−1αn−1+ · · · + b0 = 0.

Seja C = A[b0, . . . , bn−1]. Logo, α ´e inteiro sobre C. Como B ´e inteiro sobre A, segue que os

b0is s˜ao inteiros sobre A. Pelo Corol´ario (1.2.1), segue que C[α] = A[b0, . . . , bn−1, α] ´e um

A-m´odulo finitamente gerado. Pelo Teorema (1.2.1), temos que α ´e inteiro sobre A. Portanto, R ´e inteiro sobre A.

Proposi¸c˜ao 1.2.3 Sejam A ⊆ B an´eis com B um dom´ınio e inteiro sobre A. Ent˜ao A ´e um corpo se, e somente se, B ´e um corpo.

Demonstra¸c˜ao: Suponha que A seja um corpo. Seja α ∈ B, α 6= 0. Como B ´e inteiro sobre A ent˜ao α ´e inteiro sobre A e, portanto, pelo Teorema (1.2.1) segue que A[α] ´e um espa¸co vetorial finitamente gerado sobre A, pois A ´e um corpo. Seja

ϕ : A[α] −→ A[α]

b 7−→ bα, ∀ b ∈ A[α].

Temos que ϕ ´e A-linear e Ker(ϕ) = {b ∈ A[α] : ϕ(b) = 0} = {0}, pois ϕ(b) = 0 se, e somente se, bα = 0 e como B ´e um dom´ınio e α 6= 0 segue que b=0. Deste modo, ϕ ´e injetora e como estamos considerando espa¸cos de mesma dimens˜ao finita, segue que ϕ ´e sobrejetora.

(25)

Portanto ϕ ´e bijetora. Assim, como 1 ∈ A[α] segue que exite b0 ∈ A[α] tal que b0α = 1, ou

seja, α ´e invers´ıvel em B. Portanto B ´e um corpo. Reciprocamente, seja α ∈ A, α 6= 0. Como A ⊂ B ent˜ao α ∈ B e como B ´e um corpo segue que α−1 ∈ B. Como B ´e inteiro sobre A, e α−1 ∈ B segue que

(α−1)n+ a

n−1(α−1)n−1+ · · · + a1(α−1) + a0 = 0,

com ai ∈ A n˜ao todos nulos. Multiplicando por αn−1, obtemos

α−1+ an−1+ · · · + a1αn−2+ a0αn−1= 0

e ent˜ao

α−1 = −(an−1+ · · · + a1αn−2+ a0αn−1) ∈ A.

Portanto A ´e um corpo.

Proposi¸c˜ao 1.2.4 Se A ´e um dom´ınio, ent˜ao OB ´e um anel integralmente fechado.

Demonstra¸c˜ao: Seja K o corpo de fra¸c˜oes de A. Assim, K tamb´em ´e o corpo de fra¸c˜oes de OB. Seja α ∈ K inteiro sobre OB. Como OB ´e inteiro sobre A segue da Proposi¸c˜ao (1.2.2)

que α ´e inteiro sobre A e, portanto, α ∈ OB. Assim, OB ´e um anel integralmente fechado.

Proposi¸c˜ao 1.2.5 Se A ´e um anel principal, ent˜ao A ´e um anel integralmente fechado. Demonstra¸c˜ao: Seja K o corpo de fra¸c˜oes de A. Seja α ∈ K inteiro sobre A tal que α = a

b, com a, b ∈ A e mdc(a, b) = 1. Assim, existem ai ∈ A, i = 0, 1, . . . , n − 1, n˜ao todos nulos,

tal que αn+ an−1αn−1+ · · · + a0 = 0. Substituindo α por a b, temos que a b n + an−1 a b n−1 + · · · + a0 = 0.

Multiplicando por bn, obtemos

an+ an−1an−1b + · · · + a0bn= 0,

isto ´e,

(26)

Logo b divide ane como mdc(a, b) = 1, segue que b divide a, o que implica que a = bc. Usando novamente o fato de mdc(a, b) = 1, temos que existem x0, y0 ∈ A tal que ax0 + by0 = 1.

Assim, bcx0 + by0 = 1 o que implica que b(cx0 + y0) = 1. Assim, b ´e invers´ıvel em A e

α = ab−1 ∈ A. Portanto, A integralmente fechado.

Exemplo 1.2.4 O anel Z dos n´umeros inteiros ´e integralmente fechado, pois ´e principal. Todo dom´ınio fatorial ´e integralmente fechado.

1.3

Norma e tra¸

co

Nesta se¸c˜ao, apresentamos os conceitos de norma e tra¸co de elementos. Tamb´em provamos que o anel de inteiros ´e um A-m´odulo livre, onde A ´e um anel principal.

Sejam A ⊆ B an´eis, onde B ´e um A-m´odulo livre de posto finito n. Seja {e1, . . . , en}

uma base de B sobre A e seja σ : B −→ B um homomorfismo. Assim, σ(e1) = a11e1+ a12e2+ · · · + a1nen,

σ(e2) = a21e1+ a22e2+ · · · + a2nen,

.. .

σ(en) = an1e1+ an2e2+ · · · + annen,

com aij ∈ A, onde 1 ≤ i, j ≤ n. Assim,

    σ(e1) .. . σ(en)     = [aij]     e1 .. . en     .

Defini¸c˜ao 1.3.1 Definimos o tra¸co de σ por T rB|A(σ) = n

X

i=1

aii, a norma de σ por

NB|A(σ) = det(aij) e o polinˆomio caracter´ıstico de σ por χB|A(x) = det(xI − σ).

Assim, temos que: T rB|A(σ + σ 0 ) = T rB|A(σ) + T rB|A(σ 0 ) NB|A(σσ 0 ) = NB|A(σ)NB|A(σ 0 )

χB|A(x) = det(xI − σ) = xn− (T rB|A(σ))xn−1+ · · · + (−1)ndet(σ).

Defini¸c˜ao 1.3.2 Sejam A um anel e B um A-m´odulo livre. Considere o endomorfismo σα : B −→ B definido por σα(x) = αx, com α ∈ B. O tra¸co de α ∈ B ´e definido por

T rB|A(α) = T rB|A(σα), a norma de α ∈ B por NB|A(α) = det(σα) e o polinˆomio caracter´ıstico

(27)

Vale ressaltar que quando n˜ao houver d´uvidas a respeito dos an´eis com os quais estamos trabalhando, denotaremos T rB|A, NB|A e χB|A(x) simplesmente por T r, N e χ(x).

Sejam Q ⊆ K ⊆ L corpos, onde K ⊆ L ´e uma extens˜ao finita. Se α, α0 ∈ L e a ∈ K, ent˜ao valem as seguintes propriedades:

1. T rL|K(α + α0) = T rL|K(α) + T rL|K(α0) 2. T rL|K(aα)=aT rL|K(α) 3. T rL|K(a) = [L : K]a 4. NL|K(a) = a[L:K] 5. NL|K(aα) = a[L:K]N L|K(α) 6. NL|K(αα0) = NL|K(α)NL|K(α0), e se K ⊆ M ⊆ L temos que 7. NL|K(α) = NM|K(NL|M(α)) 8. T rL|K(α) = T rM|K(T rL|M(α)).

Proposi¸c˜ao 1.3.1 Seja K um corpo de caracter´ıstica zero ou um corpo finito. Sejam L uma extens˜ao alg´ebrica de grau n de K, α um elemento de L e α1, . . . , αn as ra´ızes do polinˆomio

minimal de α sobre K. Ent˜ao T r(α) = α1 + · · · + αn, N (α) = α1. . . αn e χ(x) = (x − α1)

(x − α2) · · · (x − αn).

Demonstra¸c˜ao: Primeiramente faremos a demonstra¸c˜ao para o caso em que α ´e um ele-mento primitivo de L sobre K, ou seja, L = K[α]. Se f (x) o polinˆomio minimal de α sobre K, ent˜ao L ´e K-isomorfo a hf (x)iK[x] e {1, α, . . . , α

n−1

} ´e uma base de L sobre K. Tomando f (x) = xn+ a

n−1xn−1+ · · · + a0, com ai ∈ K, temos que a matriz do endomorfismo σα com

respeito a esta base ´e dada por

M =        0 0 · · · 0 −a0 1 0 · · · 0 −a1 .. . ... . .. ... ... 0 0 · · · 1 −an−1        .

(28)

Assim, det(xI − σα) ´e o determinante da matriz xIn− M =        x 0 · · · 0 a0 −1 x · · · 0 a1 .. . ... . .. ... ... 0 0 · · · −1 x + an−1        .

Calculando o determinante da matriz acima, obtemos o polinˆomio caracter´ıstico em α, que ´e igual a f (x), o polinˆomio minimal de α. Por defini¸c˜ao,

χ(x) = det(xI − σα(x)) = det(xIn− M ) = xn− (T r(σα))xn−1+ · · · + (−1)ndet(σα).

Como α ´e primitivo temos que

χ(x) = (x − α1)(x − α2) · · · (x − αn) = xn− n X i=1 αi ! xn−1+ · · · + (−1)n n Y i=1 αi ! . Logo, T r(σα) = T r(α) = n X i=1 αi e N (σα) = N (α) = n Y i=1

αi. Para o caso geral, seja r =

[L : K[α]]. ´E suficiente mostrar que o polinˆomio caracter´ıstico χ(x) de α, com rela¸c˜ao a L sobre K, ´e igual a r-´esima potˆencia do polinˆomio minimal de α sobre K. Seja {y1, . . . , yq}

uma base de K[α] sobre K e seja {z1, . . . , zr} uma base de L sobre K[α] com n = qr. Seja

M = (aih) a matriz do endomorfismo de K[α] sobre K com rela¸c˜ao a base {y1, . . . , yq}.

Assim, αyi = X h (aih)yh e α(yizj) = X h aihyh ! zj= X h aih(yhzj). Logo,              αy1z1 = a11y1z1+ a12y2z1+ · · · + a1qyqz1 αy2z1 = a21y1z1+ a22y2z1+ · · · + a2qyqz1 .. . αyqz1 = aq1y1z1+ aq2y2z1+ · · · + aqqyqz1.

Ordenamos a base {yizj} de L sobre K, de modo que a matriz do endomorfismo seja da

seguinte forma M1 =        M 0 · · · 0 0 0 M · · · 0 0 .. . ... . .. ... ... 0 0 · · · 0 M        ,

(29)

isto ´e, M repete r-vezes na diagonal como blocos na matriz M1. A matriz xIn− M1, consiste

de r-blocos diagonais, cada um tem a forma xIq− M , e consequentemente, det(xIn− M1) =

det(xIq− M )r. Assim, χ(x) = (det(xIn− M1)) e (det(xIq− M )) ´e o polinˆomio minimal de

α sobre K, de acordo com a primeira parte da demonstra¸c˜ao.

Observa¸c˜ao 1.3.1 Segue pela Proposi¸c˜ao (1.3.1), que T rL|K(α) = rT rK[α]|K(α) e NL|K(α) = (NK[α]|K(α))r e χ

L|K(α) = (χK[α]|K(α))

r, onde r = [L : K[α]].

Exemplo 1.3.1 Seja L = Q(√−1). Seja α = 3 +√−1 ∈ Q(√−1) e χ(x) = x2− 6x + 10 o

polinˆomio minimal de α sobre Q. Ent˜ao T rL|Q(α) = 6 e NL|Q(α) = 10.

Exemplo 1.3.2 Sejam L = Q(√5,√−1), K = Q(−1) e F = Q. Sejam α = 3 + √−1 e r = [L : Q(√−1)] = 2. Pelo Exemplo (1.3.1), temos que NK|F(α) = 10 e T rK|F(α) = 6. Assim, pela Observa¸c˜ao (1.3.1), temos que NL|F(α) = (NK|F(α))2 = 102 = 100 e T r

L|F(α) =

2(T rK|F(α)) = 2 · 6 = 12.

Proposi¸c˜ao 1.3.2 Se A ´e um dom´ınio, K seu corpo de fra¸c˜oes, K ⊆ L uma extens˜ao finita e α ∈ L um elemento inteiro sobre A, ent˜ao os coeficientes do polinˆomio caracter´ıstico de α s˜ao inteiros sobre A. Em particular, T r(α) e N (α) s˜ao inteiros sobre A.

Demonstra¸c˜ao: Pela Proposi¸c˜ao (1.3.1), temos que χ(x) = (x − α1)(x − α2) · · · (x − αn).

Como os coeficientes de χ(x) s˜ao somas e produtos dos αi, ´e suficiente mostrar que os αi

ao inteiros sobre A. Pela Teoria de Galois, existe um K-homomorfismo σi : K[α] −→ K[αi],

definido por σi(α) = αi, para i = 1, . . . , n. Como α ´e inteiro sobre A, segue que

αn+ an−1αn−1+ · · · + a0 = 0,

com ai ∈ A, n˜ao todos nulos. Aplicando σi, obtemos

σi(α)n+ an−1σi(α)n−1+ · · · + a0 = 0,

ou seja, αi ´e inteiro sobre A.

Corol´ario 1.3.1 Se A ´e um anel integralmente fechado, ent˜ao os coeficientes do polinˆomio caracter´ıstico de α, T r(α) e N (α) s˜ao elementos de A.

Demonstra¸c˜ao: Seja χ(x) o polinˆomio caracter´ıstico de α. Os coeficientes do polinˆomio s˜ao elementos de K e s˜ao inteiros sobre A. Como A ´e integralmente fechado, segue que os coeficientes est˜ao em A. Portanto, T r(α) e N (α) s˜ao elementos de A.

(30)

Proposi¸c˜ao 1.3.3 Sejam A um anel integralmente fechado, K seu corpo de fra¸c˜oes, L uma extens˜ao finita de K de grau n e OL o anel dos inteiros de A em L. Sejam {α1, . . . , αn}

uma base de L sobre K, onde det(T r(αiαj)) 6= 0 e α ∈ L. Se T r(αβ) = 0 para todo β ∈ L,

implica α = 0.

Demonstra¸c˜ao: Como α = a1α1 + a2α2 + · · · + anαn, onde ai ∈ K, para i = 1, . . . , n,

´e suficiente mostrar que T r(ααj) = 0, para j = 1, . . . , n, ent˜ao α = 0. Assim, para j =

1, . . . , n, temos que

0 = T r(ααj) = a1T r(α1αj) + a2T r(α2αj) + · · · + anT r(αnαj).

Na forma matricial, temos que        T r(α1α1) T r(α2α1) · · · T r(αnα1) T r(α1α2) T r(α2α2) · · · T r(αnα2) .. . ... . .. ... T r(α1αn) T r(α2αn) · · · T r(αnαn)               a1 a2 .. . an        =        0 0 .. . 0        .

Como det(T r(αiαj)) 6= 0 segue que a1 = a2 = · · · = an= 0. Portanto, α = 0.

Corol´ario 1.3.2 Com as mesmas hip´oteses da Proposi¸c˜ao (1.3.3), segue que a aplica¸c˜ao ρ : L −→ HomK(L, K) definida por ρ(α) = Sα, onde Sα(β) = T r(αβ), ´e um isomorfismo.

Demonstra¸c˜ao: Temos que ρ ´e homomorfismo, uma vez que se α1, α2 ∈ L, ent˜ao

ρ(α1+ α2)(β) = Sα1+α2(β) = T r((α1+ α2)β)

= T r(α1β) + T r(α2β) = Sα1(β) + Sα2(β) = ρ(α1)(β) + ρ(α2)(β)

ρ(aα)(β) = Saα(β) = T r(aαβ) = aT r(αβ) = aSα(β) = aρ(α)(β),

para todo β ∈ L.

Agora, seja α ∈ L tal que ρ(α) = 0. Ent˜ao, ρ(α)(β)=Sα(β) = T r(αβ) = 0, ∀β ∈ L.

Pela Proposi¸c˜ao (1.3.3) temos que α = 0, provando assim que ρ ´e injetora. Finalmente, ρ ´e sobrejetora, pois dimKL = dimK(HomK(L, K)). Portanto, ρ ´e um isomorfismo.

Teorema 1.3.1 Se A ´e um anel integralmente fechado, K seu corpo de fra¸c˜oes, K ⊆ L uma extens˜ao finita de grau n e OL o anel dos inteiros de A em L, ent˜ao OL ´e um A-subm´odulo de um A-m´odulo livre.

(31)

Demonstra¸c˜ao: Seja {α1, . . . , αn} uma base de L sobre K. Como toda extens˜ao finita

´e alg´ebrica, segue que todos os αi s˜ao alg´ebricos sobre K, ou seja, existem ai ∈ A, para

i = 0, 1, . . . , n, n˜ao todos nulos, tais que

anαni + an−1αn−1i + · · · + a0 = 0.

Supondo que an 6= 0 e multiplicando esta equa¸c˜ao por an−1n , temos que anαi ´e inteiro sobre

A, uma vez que

an−1n (anαni + · · · + a0) = (anαi)n+ an−1(anαi)n−1+ · · · + an−1n a0 = 0.

Seja, anαi = zi ∈ OL, para i = 1, . . . , n. Vamos mostrar que {z1, . . . , zn} ´e uma base de

L sobre K. Suponhamos que b1z1 + b2z2 + · · · + bnzn = 0, onde bi ∈ A, para i = 1, . . . , n.

Assim,

b1anα1+ b2anα2 + · · · + bnanαn= 0.

Como {α1, . . . , αn} ´e uma base de L sobre K segue que bian = 0 e, portanto, bi = 0 para

i = 1, . . . , n. Portanto, {z1, . . . , zn} ´e linearmente independente e como possui n elementos

segue que ´e uma base de L sobre K. Pelo Corol´ario (1.3.2) existe uma base dual {y1, . . . , yn}

tal que

ρ(zi)(yj) = Szi(yj) = T r(ziyj) = δij, para i, j = 1, . . . , n.

Agora, se α ∈ OL ent˜ao αzi ∈ OL, para i = 1, . . . , n. Pelo Corol´ario (1.3.1) segue que

T rL|K(αzi) ∈ A, para i = 1, . . . , n. Como α = c1y1+· · ·+cnyn, com ci ∈ K, para i = 1, . . . , n,

segue T r(αzi) = ci ∈ A, para i = 1, . . . , n. Portanto, OL ´e um subm´odulo de um A-m´odulo

livre gerado por {z1, . . . , zn}.

Corol´ario 1.3.3 Com as mesmas hip´oteses do Teorema (1.3.1), se A ´e um dom´ınio prin-cipal, ent˜ao OL ´e um A-m´odulo livre de posto n.

Demonstra¸c˜ao: Pelo Teorema (1.1.1) temos que um subm´odulo de um A-m´odulo livre ´e livre de posto menor ou igual a n. Pelo Teorema (1.3.1), segue que OL cont´em uma base de n elementos de L sobre K. Logo, OL tem posto n.

Corol´ario 1.3.4 Com as mesmas hip´oteses do Teorema (1.3.1), se A ´e um dom´ınio prin-cipal e se A ⊆ OL ´e um ideal, ent˜ao A ´e um A-m´odulo livre de posto n.

(32)

Demonstra¸c˜ao: Sejam {e1, . . . , en} uma base de OL e α ∈ A, α 6= 0. Assim, αe1, . . . , αen∈

A e s˜ao linearmente independentes sobre A, uma vez que se α1αe1 + · · · + αnαen = 0, com

αi ∈ A, para i = 1, . . . , n, ent˜ao αiα = 0 para i = 1, . . . , n. Como A ´e um dom´ınio segue que

αi = 0, para i = 1, . . . , n.

Proposi¸c˜ao 1.3.4 Seja A um anel noetheriano e integralmente fechado. Sejam K o corpo de fra¸c˜oes de A, K ⊆ L uma extens˜ao finita de grau n e OL o fecho inteiro de A em L. Ent˜ao OL ´e um A-m´odulo finitamente gerado e OL ´e um anel noetheriano.

Demonstra¸c˜ao: Pelo Teorema (1.3.1), OL ´e um subm´odulo de um A-m´odulo livre de posto n. Pelo Corol´ario (1.1.2), temos que OB´e um A-m´odulo noetheriano e, portanto, finitamente

gerado. Como os ideais de OL s˜ao A- subm´odulos de OL, segue que satisfazem a condi¸c˜ao de maximilidade da Defini¸c˜ao (1.1.5). Portanto, OL ´e um anel noetheriano.

1.4

Discriminante

Nesta se¸c˜ao apresentamos o conceito de discriminante, enfocando suas principais proprieda-des.

Defini¸c˜ao 1.4.1 Sejam B um anel e A um subanel de B tal que B ´e um A-m´odulo livre de posto finito n. Dado (α1, . . . , αn) ∈ Bn, definimos seu discriminante por

DB/A(α1, . . . , αn) = det(T r(αiαj)).

Quando n˜ao houver d´uvidas denotaremos o discriminante de (α1, . . . , αn) simplesmente por

D(α1, . . . , αn).

Exemplo 1.4.1 Se K = Q(√7) ´e um corpo de n´umeros e {1,√7} ´e uma base de K sobre Q, ent˜ao D(1,√7) = T r(1) T r(√7) T r(√7) T r(√72) = 2 0 0 14 = 28.

Proposi¸c˜ao 1.4.1 Sejam A ⊂ B, an´eis, tal que B ´e um A-m´odulo livre de posto n e (α1, . . . , αn) ∈ Bn. Se (β1, . . . , βn) ∈ Bn ´e um conjunto de elementos de B tais que βi =

n

X

j=1

aijαj, com aij ∈ A, ent˜ao

(33)

Demonstra¸c˜ao: Sejam βp = n X i=1 apiαi e βq = n X j=1 aqjαj, com api, aqj ∈ A. Assim, βpβq = n X i=1 apiαi n X j=1 aqjαj = n X i,j=1 apiaqjαiαj, e T r(βpβq) = T r( n X i,j apiaqjαiαj) = n X i,j apiaqjT r(αiαj).

Na forma matricial, temos que (T r(βpβq)) = (api)(T r(αiαj))(aqj)t. Pela Defini¸c˜ao (1.4.1)

te-mos que D(β1, . . . , βn) = det(T r(βpβq)). Logo, D(β1, . . . , βn) = det((api)(T r(αiαj))(aqj)t) =

det(api)det(T r(αiαj))det(aqj)t= det(aij)2D(α1, . . . , αn).

Observa¸c˜ao 1.4.1 A Proposi¸c˜ao (1.4.1) afirma que o discriminante de quaisquer duas bases de B sobre A s˜ao associados, isto ´e, a matriz (aij) que expressa uma base em termos da

outra, admite matriz inversa com entradas em A. Portanto, ambos det(aij) e det(aij)−1 s˜ao

invers´ıveis em A.

Defini¸c˜ao 1.4.2 Sejam B um anel e A um subanel de B, tal que B ´e um A-m´odulo livre de posto finito n. O discriminante de B sobre A ´e um ideal em A, definido por,

DB/A = hDB/A(α1, . . . , αn)i,

onde {α1, . . . , αn} ´e uma base de B sobre A.

Proposi¸c˜ao 1.4.2 Sejam B um anel e A ⊆ B um subanel tal que B ´e um A-m´odulo livre de posto finito n. Se DB/A cont´em um elemento que n˜ao ´e um divisor de zero, ent˜ao, para que

(α1, . . . , αn) ∈ Bn seja uma base de B sobre A, ´e necess´ario e suficiente que, D(α1, . . . , αn)

gere DB/A.

Demonstra¸c˜ao: Se {α1, α2, . . . , αn} ´e uma base de B sobre A, ent˜ao pela Proposi¸c˜ao (1.4.1),

segue que D(α1, . . . , αn) gera DA/B. Reciprocamente, suponhamos que d = D(α1, . . . , αn)

gera DA/B. Sejam {e1, . . . , en} uma base de DA/B, d0 = D(e1, . . . , en) e αi = n

X

j=1

aijej com

aij ∈ A, 1 ≤ i ≤ n. Pela Proposi¸c˜ao (1.4.1), segue que d = det(aij)2d0. Por hip´otese,

Ad = DB/A = Ad0. Logo, existe um elemento b ∈ A tal que d0 = bd. Assim, d = det(aij)2bd

e, portanto, d(1 − det(aij)2b) = 0. Temos que d n˜ao ´e um divisor de zero, pois se fosse

todo elemento de Ad = DA/B seria um divisor de zero, contrariando a hip´otese. Logo,

1 − det(aij)2b = 0 e, portanto, det(aij) ´e invers´ıvel. Assim, a matriz M = [aij] ´e invers´ıvel.

Portanto, {α1, . . . , αn} ´e uma base de B sobre A.

Lema 1.4.1 (Lema de Dedekind) Se G ´e um grupo, K um corpo, e σ1, . . . , σn

homomor-fismos distintos de G no grupo multiplicativo K∗, ent˜ao {σ1, . . . , σn} ´e linearmente

(34)

Demonstra¸c˜ao: Suponhamos que os σi0s s˜ao linearmente dependentes. Seja m

X

i=1

aiσi =

0, com ai ∈ K uma combina¸c˜ao linear com m m´ınimo e ai 6= 0, para todo i = 1, 2, . . . , m.

Logo, para qualquer x ∈ G, temos que

a1σ1(x) + a2σ2(x) + · · · + amσm(x) = 0. (1.1)

Como os homomorfismos s˜ao distintos, segue que existe c ∈ G tal que σ1(c) 6= σm(c). Agora,

como cx ∈ G, segue que

a1σ1(cx) + a2σ2(cx) + · · · + amσm(cx) = 0 (1.2)

e ent˜ao

a1σ1(c)σ1(x) + a2σ2(c)σ2(x) + · · · + amσm(c)σm(x) = 0. (1.3)

Multiplicando (1.1) por σ1(c), obtemos

a1σ1(c)σ1(x) + a2σ1(c)σ2(x) + · · · + amσ1(c)σm(x) = 0. (1.4)

Subtraindo (1.3) de (1.4) obtemos

a2σ2(x)(σ2(c) − σ1(c)) + · · · + amσm(x)(σm(c) − σ1(c)) = 0. (1.5)

Como isso vale para todo x ∈ G e m ´e m´ınimo, segue que am(σm(c) − σ1(c)) = 0. Como

σm 6= 0, segue que σm(c) = σ1(c) para todo c ∈ G, o que ´e um absurdo.

Proposi¸c˜ao 1.4.3 Sejam K um corpo, L uma extens˜ao finita de K de grau n e σ1, . . . , σn

os n K-isomorfismos distintos de L em um corpo algebricamente fechado F contendo K. Se {α1, . . . , αn} ´e uma base de L sobre K, ent˜ao

D(α1, . . . , αn) = det(σi(αj))2 6= 0.

Demonstra¸c˜ao: Temos que D(α1, . . . , αn) = det(T r(αiαj)). Como o tra¸co de αiαj ´e a

soma dos seus conjugados, segue que D(α1, . . . , αn) = det(T r(αiαj)) = det( n X k=1 σk(αiαj) = det( n X k=1

σk(αi)σk(αj)) = det(σk(αi))det(σk(αj)) = (det(σi(αj))2, uma vez que

       σ1(α1) σ2(α1) · · · σn(α1) σ1(α2) σ2(α2) · · · σn(α2) .. . ... . .. ... σ1(αn) σ2(αn) · · · σn(αn)               σ1(α1) σ1(α2) · · · σ1(αn) σ2(α1) σ2(α2) · · · σ2(αn) .. . ... . .. ... σn(α1) σn(α2) · · · σn(αn)        = n X k=1 σk(αiαj).

(35)

Se det(σk(αj)) = 0, ent˜ao existem a1, . . . , an ∈ F, n˜ao todos nulos, tal que n

X

i=1

aiσi(αj) = 0

para todo j. Se α ∈ L, ent˜ao α =

n

X

i=1

biαi, com bi ∈ K, e por linearidade conclu´ımos que n

X

i=1

aiσi(α) = 0. Mas isto contradiz o Lema de Dedekind e portanto det(σk(αj)) 6= 0.

Corol´ario 1.4.1 Sejam K um corpo, L uma extens˜ao finita de K de grau n e σ1, σ2, . . . , σn

os K-isomorfismos distintos de L em um corpo algebricamente fechado F contendo K. Ent˜ao a forma bilinear ψ : L × L −→ R definida por ψ(α, β) = T r(αβ) ´e n˜ao degenerada, isto ´e, se T r(αβ) = 0 para todo β ∈ L, ent˜ao α = 0.

Demonstra¸c˜ao: Seja {α1, . . . , αn} uma base de L sobre K. ´E suficiente mostrar que se

T r(ααj) = 0, para todo j = 1, . . . , n, ent˜ao α = 0. Temos que α = a1α1+ a2α2+ · · · + anαn,

com ai ∈ K, i = 1, . . . , n. Assim, se a1T r(α1αj)+a2T r(α2αj)+· · ·+αnT r(αnαj) = T r(ααj) =

0, para todo j = 1, . . . , n, ent˜ao obtemos o seguinte sistema linear homogˆeneo        T r(α1α1) T r(α1α2) · · · T r(α1αn) T r(α2α1) T r(α2α2) · · · T r(α2αn) .. . ... . .. ... T r(αnα1) T r(αnα2) · · · T r(αnαn)               a1 a2 .. . an        =        0 0 .. . 0        .

Da Proposi¸c˜ao (1.4.3), temos que det(T r(αiαj) 6= 0 e, portanto, o sistema possui solu¸c˜ao

´

unica dada por a1 = a2 = · · · = an= 0. Portanto, α = 0.

Defini¸c˜ao 1.4.3 Sejam K uma extens˜ao finita de Q, A = Z e OK o anel de inteiros alg´ebricos de K. Temos que OK ´e um Z-m´odulo livre de posto [K : Q], cuja base ´e cha-mada de base integral, e seu discriminante ´e chamado de discriminante absoluto. Observa¸c˜ao 1.4.2 Temos que base integral de OK ´e uma Q-base de K mas nem toda Q-base de K consistindo de inteiros alg´ebricos ´e uma base integral de OK.

Exemplo 1.4.2 Temos que {1, √5} ´e uma Q-base de K = Q(√5), mas n˜ao ´e uma base integral de OK, pois o elemento 1+

√ 5

2 ´e raiz de x

2− x − 1 e portanto inteiro alg´ebrico, mas

n˜ao ´e combina¸c˜ao linear, com coeficientes em Z, de 1 e √5.

Proposi¸c˜ao 1.4.4 Se K ´e um corpo, L = K[α] uma extens˜ao finita de K de grau n e f (x) o polinˆomio minimal de α sobre K, ent˜ao,

(36)

D(1, α, . . . , αn−1) = (−1)12n(n−1)N (f0(α)),

onde f0(α) ´e a derivada de f (x) aplicada a α.

Demonstra¸c˜ao: Se α1, . . . , αn s˜ao as ra´ızes de f (x) em alguma extens˜ao de K, ent˜ao s˜ao

conjugados de α. Pela Proposi¸c˜ao (1.4.3) temos que D(1, α, . . . , αn−1) = (det(σi(αj))) 2

= det(αij)2, com i = 1, . . . , n e j = 0, . . . , n − 1. Como det(αj

i) ´e um determinante de

Vander-monde segue que

det(αji)2 = " Y 1≤k<i≤n (αi− αk) #2 = Y 1≤k<i≤n [(αi− αk)(αi− αk)] = (−1)12n(n−1) Y 1≤k<i≤n, i6=k (αi− αk) = (−1)12n(n−1) n Y i=1 " n Y k=1, k6=i (αi− αk) # = (−1)12n(n−1) n Y i=1 f0(αi) = (−1)12n(n−1)N (f0(α)).

Exemplo 1.4.3 Se K = Q, L = Q(√3) e f (x) = x2− 3 o polinˆomio minimal de3 sobre

Q, ent˜ao D(1, √

3) = (−1)2·12 N (f0(

3)) = −N (2√3) = −22N (√3) = −4(√3)(−√3) = 12. Lema 1.4.2 Sejam A um anel e B1, . . . , Bg an´eis contendo A, tais que sejam A-m´odulos

livres finitamente gerados. Seja B =

g

Y

i=1

Bi, como um produto de an´eis, ent˜ao,

DB/A = q

Y

i=1

DBi/A.

Demonstra¸c˜ao: Faremos a prova por indu¸c˜ao sobre g. Para o caso g = 2, considere {x1, . . . , xn} uma base de B1 sobre A e {y1, . . . , ym} uma base de B2 sobre A. Com a

identi-fica¸c˜ao natural de B1em B1×{0} e B2em {0}×B2, podemos considerar {x1, . . . , xn, y1, . . . , ym}

uma base de B = B1 × B2. Como xi = (xi, 0) e yi = (0, yi) segue que xiyi = 0 e assim

T r(xiyi) = 0. Logo, D(x1, . . . , xn, y1, . . . , ym) = det   T r(xixj) 0 0 T r(yiyj)  

(37)

= det(T r(xixj)) det(T r(yiyj)) = D(x1, . . . , xn)D(y1, . . . , ym).

Portanto, DB/A = DB1/ADB2/A =

2

Y

i=1

DBi/A. Agora, suponhamos verdadeiro para g − 1,

ou seja, se C = g−1 Y i=1 Bi, ent˜ao DC/A = g−1 Y i=1

DBi/A. Logo, B = C × Bg, identificando C com

C × {0} e Bg com {0} × Bg. Usando o caso g = 2, temos por hip´otese de indu¸c˜ao que

DB/A = DC/ADBg/A= g−1 Y i=1 DBi/ADBg/A= g Y i=1 DBi/A.

Observa¸c˜ao 1.4.3 Com as mesmas hip´oteses do Lema (1.4.2), prova-se analogamente que se α ∈ B ent˜ao χB|A(α) = g Y i=1 χBi/A(α), NB|A(α) = g Y i=1 NBi|A(α) e T rB|A(α) = g Y i=1 T rBi|A(α).

Lema 1.4.3 Sejam K um corpo e L uma K-´algebra comutativa de dimens˜ao finita. Ent˜ao L ´e reduzido se, e somente se, DL/K6= {0}.

Demonstra¸c˜ao: Se L ´e reduzido pelo Corol´ario (1.1.4), segue que h0i =

g

\

i=1

qi, onde os qi

ao ideais primos distintos de L. Assim, L/qi ´e um dom´ınio e uma K-´algebra de dimens˜ao

finita. Logo, L/qi´e uma extens˜ao alg´ebrica sobre K, ou seja, L/qi´e inteiro sobre K. Como K

´e corpo, temos pela Proposi¸c˜ao (1.2.3), que L/qi ´e corpo. Portanto os ideais qi s˜ao maximais

e consequentemente qi+ qj = L, para i 6= j. Pelo Lema (1.1.2), segue que g Y i=1 L/qi = L/ g Y i=1 qi = L/h0i = L

e, pelo Lema (1.4.2), temos que DL/K =

g

Y

i=1

D(L/qi)/K. Pela Proposi¸c˜ao (1.4.3), temos que D(L/qi)/K 6= h0i o que implica que DL/K 6= h0i. Reciprocamente, suponhamos que L n˜ao ´e reduzido. Assim, existe x ∈ L, x 6= 0, x nilpotente. Seja {x1, . . . , xn} uma base de L

sobre K com x = x1. Ent˜ao xxj ´e nilpotente, para todo j = 1, . . . , n. Logo, se definirmos

θxxj : L −→ L, onde θxxj(a) = axxj, para a ∈ L, temos que θxxj possui os autovalores todos

nulos, e portanto T rL|K(xxj) = 0. Logo, a matriz tra¸co (T rL|K(xxj)) tem uma linha nula o

que implica que D(x1, . . . , xn) = 0 e assim DL/K= {0}, o que ´e um absurdo.

1.5

An´

eis de Dedekind

(38)

Em geral, em um anel, a fatora¸c˜ao de seus elementos n˜ao ´e ´unica, pois se considerarmos Z[

−5], temos que 6 = 2·3 = (1+√−5)(1−√−5), mas nesta se¸c˜ao veremos que a fatora¸c˜ao ´e ´unica para ideais de um anel de Dedekind.

Defini¸c˜ao 1.5.1 Dizemos que um anel A ´e um anel de Dedekind se satisfaz as seguintes condi¸c˜oes:

1) A ´e integralmente fechado. 2) A ´e noetheriano

3) Todo ideal primo n˜ao nulo de A ´e maximal.

Proposi¸c˜ao 1.5.1 Se A ⊆ B s˜ao an´eis e p ⊂ B ´e um ideal primo, ent˜ao p ∩ A ´e um ideal primo de A.

Demonstra¸c˜ao: Considere a aplica¸c˜ao ϕ : A −→ Bi −→ B/p, onde i ´e a inclus˜π ao e π ´e a proje¸c˜ao. A fun¸c˜ao ϕ = π ◦ i ´e um homomorfismo, pois π e i s˜ao homomorfismo e ker(ϕ) = A ∩ p, pois ϕ(x) = π ◦ i(x) = π(x) = x + p e ϕ(x) = ¯0 se, e somente se, x ∈ p ∩ A. Portanto, A/p ∩ A ' Im(ϕ) ⊂ B/p. Como B/p ´e um dom´ınio, segue que A/p ∩ A ´e um dom´ınio. Portanto, p ∩ A ´e um ideal primo de A.

Teorema 1.5.1 Sejam A um anel de Dedekind, K seu corpo de fra¸c˜oes, K ⊆ L uma extens˜ao finita de grau n e OL o anel dos inteiros de A em L. Ent˜ao OL ´e um anel de Dedekind. Demonstra¸c˜ao: Pelas Proposi¸c˜oes (1.2.4) e (1.3.4), temos que OL ´e integralmente fechado e noetheriano, respectivamente. Assim, falta mostrar que todo ideal primo n˜ao nulo de OL ´e maximal. Seja p ⊂ OB um ideal primo n˜ao nulo. Como A ⊂ OL segue pela Proposi¸c˜ao

(1.5.1) que p ∩ A ´e um ideal primo de A. Vamos mostrar que p ∩ A ´e n˜ao nulo. Seja α ∈ p e α 6= 0. Como p ⊂ OL segue que α ∈ OL. Assim, existem ai ∈ A, para i = 0, . . . , n − 1, n˜ao

todos nulos, tais que

αn+ an−1αn−1+ · · · + a0 = 0,

e que n seja m´ınimo. Logo, a0 6= 0, pois caso contr´ario, obter´ıamos uma equa¸c˜ao de grau

menor. Assim,

a0 = α(−αn−1− an−1αn−2− · · · − a1) ∈ αOL∩ A ⊂ p ∩ A.

Portanto, p ∩ A 6= 0. Como p ∩ A ´e um ideal primo de A e A ´e Dedekind segue que p ∩ A ´e um ideal maximal de A e assim A

p∩ A ´e corpo. Seja a aplica¸c˜ao ϕ : A

i

−→ OL −→π OL

(39)

onde i ´e a inclus˜ao e π ´e a proje¸c˜ao. Assim, A

p∩ A ' Im(ϕ) ⊂ OB

p . Como OL ´e inteiro sobre A, segue que OL

p ´e inteiro sobre A

p∩ A. Pela Proposi¸c˜ao (1.2.3), temos que OL

p ´e um corpo. Portanto, p ´e maximal.

Defini¸c˜ao 1.5.2 Sejam A um dom´ınio e K seu corpo de fra¸c˜oes. Um ideal fracion´ario de A (ou de K em rela¸c˜ao a A) ´e um A-m´odulo I ⊆ K tal que existe d ∈ A − {0} onde dI ⊆ A. Em particular, os ideais inteiros de A s˜ao ideais fracion´arios, basta considerar d=1.

Proposi¸c˜ao 1.5.2 Se A ´e um dom´ınio noetheriano, ent˜ao todo ideal fracion´ario I de A ´e um A-m´odulo finitamente gerado.

Demonstra¸c˜ao: Como I ´e um ideal fracion´ario de A, segue que existe d ∈ A − {0} tal que dI ⊆ A. Assim, I ⊆ d−1A. A aplica¸c˜ao ϕ : A −→ d−1A, tal que ϕ(x) = d−1x, x ∈ A ´e um isomorfismo. Assim, A ´e isomorfo a d−1A. Como A noetheriano, temos que d−1A ´e noetheriano. Logo, I ´e um A-m´odulo finitamente gerado.

Lema 1.5.1 Sejam A um anel e p um ideal primo de A. Se p cont´em um produto de ideais a1, . . . , an de A, ent˜ao p cont´em pelo menos um dos ai.

Demonstra¸c˜ao: Se aj 6⊆ p, ∀j = 1, . . . , n, ent˜ao existe αj ∈ aj e αj 6∈ p. Como p ´e primo,

segue que α1. . . αn 6∈ p. Mas α1. . . αn ∈ a1. . . an ⊂ p, o que ´e um absurdo. Portanto, p

cont´em aj para algum j = 1, . . . , n.

Lema 1.5.2 Sejam A ´e um anel de Dedekind que n˜ao ´e corpo, K o seu corpo de fra¸c˜oes e M um ideal maximal de A, ent˜ao o conjunto N = {x ∈ K : xM ⊂ A} ´e um ideal fracion´ario de A.

Demonstra¸c˜ao: Seja M um ideal maximal de A. Como A n˜ao ´e um corpo, segue que M 6= {0}. Consideremos N = {x ∈ K : xM ⊂ A}. Temos que N ´e um ideal fracion´ario, pois N ´e um A-m´odulo tal que N ⊆ K e se c ∈ M, c 6= 0, temos que cN ⊆ A. Portanto, N ´e um ideal fracion´ario de A.

Proposi¸c˜ao 1.5.3 Sejam A um anel de Dedekind que n˜ao ´e um corpo e K o seu corpo de fra¸c˜oes. Ent˜ao, todo ideal maximal M de A ´e invers´ıvel.

(40)

Demonstra¸c˜ao: Considere o ideal fracion´ario N = {x ∈ K : xM ⊂ A}. Vamos mostrar que N M = A. Pela defini¸c˜ao de N temos N M ⊂ A. Por outro lado, A ⊂ N , pois M ´e um ideal de A. Assim, M = MA ⊂ MN ⊂ A. Como M ´e maximal, segue que M = N M ou N M = A. Suponhamos que M = N M e consideremos α ∈ N . Ent˜ao αM ⊂ M, α2M ⊂ αM ⊂ M e αnM ⊂ M, para todo n ∈ N. Seja d ∈ M , d 6= 0. Ent˜ao, dαn ∈ A.

Portanto, A[α] ´e um ideal fracion´ario. Como A ´e noetheriano, pela Proposi¸c˜ao (1.5.2), segue que A[α] ´e um A-m´odulo finitamente gerado. Pelo Teorema (1.2.1), segue que α ´e inteiro sobre A. Sendo A integralmente fechado, segue que α ∈ A. Assim, N ⊂ A e como A ⊂ N segue que N = A. Falta mostrar que esta igualdade ´e imposs´ıvel. Seja a ∈ M. Pela Proposi¸c˜ao (1.1.3), temos que hai = aA ⊃ p1p2. . . pn, onde os pis s˜ao ideais primos n˜ao

nulos de A, com n o menor valor poss´ıvel. Assim, M ⊃ aA ⊃ p1p2. . . pn. Pelo Lema (1.5.1),

M cont´em um dos pi, para algum i = 1, . . . , n. Sem perda de generalidade, digamos que

seja p1, isto ´e, M ⊃ p1. Como A ´e Dedekind, segue que M = p1, pois p1 ´e maximal. Agora,

considere p = q2. . . qn. Ent˜ao, aA ⊃ Mq e aA 6⊃ q, pela minimalidade de n. Assim, existe

b ∈ q e b 6∈ hai tal que Mb ⊂ hai. Logo, b

aM ⊆ A e assim b

a ∈ N . Como b 6∈ hai segue que b

a 6∈ A. Assim, n 6= A. Portanto, MN = A.

Teorema 1.5.2 Se A ´e um anel de Dedekind, que n˜ao ´e um corpo e F ´e o conjunto dos ideais primos de A, ent˜ao todo ideal fracion´ario b n˜ao nulo de A ´e um produto de ideais primos de A, de modo ´unico, isto ´e, b =

n

Y

i=1

pei

i , onde e1, . . . , en s˜ao inteiros positivos.

Demonstra¸c˜ao: Se b ´e um ideal fracion´ario de A, ent˜ao existe d ∈ A − {0} tal que db ⊆ A. Como b = (db)(d−1A) segue que ´e suficiente mostrar o resultado para ideais inteiros. Seja F a fam´ılia dos ideais inteiros de A, n˜ao nulos, que n˜ao s˜ao um produto de ideais primos de A. Suponhamos que F 6= ∅. Como A ´e noetheriano, segue que F tem um elemento maximal M. Temos que M 6= A, pois A ´e o produto da cole¸c˜ao vazia de ideais primos. Assim, M ⊆ p, onde p ´e um ideal maximal de A. Pelo Lema (1.5.3), temos que q = {x ∈ K : xp ⊂ A} ´e tal que pq = A. Como M ⊆ p segue que M q ⊆ pq = A. Al´em disso, como A ⊂ q, segue que M = M A ⊂ M q ⊂ A. Temos que M ( M q, pois se M = M q e se α ∈ q, ent˜ao αM ⊂ M , α2M ⊂ αM ⊂ M e αnM ⊂ M , para todo n ∈ N. Assim, se d ∈ M − {0}, ent˜ao

dαn ∈ M ⊆ A. Portanto, A[α] ´e um ideal fracion´ario de A. Como A ´e noetheriano, pela Proposi¸c˜ao (1.5.2), segue que A[α] ´e um A-m´odulo finitamente gerado. Pelo Teorema (1.2.1), segue que α ´e inteiro sobre A, e sendo A integralmente fechado, segue que α ∈ A. Portanto, q⊂ A e assim q = A. Mas isto ´e imposs´ıvel, pois se q = A, ent˜ao p = pA = pq = A, o que

(41)

´e um absurdo, pois p ´e um ideal primo. Pela maximilidade de M e como M ⊆ M q temos que M q 6∈ F , ou seja, M q = p1. . . pn, onde pi, para i = 1, . . . , n, s˜ao ideais primos de A.

Multiplicando por p em ambos os lados, temos que M = p1. . . pnp, o que ´e um absurdo, pois

M ∈ F . Portanto, F = ∅.

Defini¸c˜ao 1.5.3 Sejam A um dom´ınio e K seu corpo de fra¸c˜oes. Sejam b e c ideais fra-cion´arios de A. Dizemos que b divide c se existe um ideal inteiro m de A tal que c = bm. Lema 1.5.3 Sejam A um dom´ınio, K seu corpo de fra¸c˜oes e b e c ideais fracion´arios de A. Ent˜ao b divide c se, e somente se, c ⊆ b

Demonstra¸c˜ao: Se b divide c ent˜ao existe um ideal m ⊆ A tal que c = bm ⊆ b. Por outro lado, se c ⊆ b ent˜ao cb−1 ⊆ bb−1 = A. Mas isto implica que cb−1 ´e um ideal inteiro tal que (cb−1)b = c. Portanto, b divide c.

Corol´ario 1.5.1 O conjunto dos ideais fracion´arios de A formam um grupo.

Demonstra¸c˜ao: Pelo Lema (1.5.3), temos que todo ideal m de A ´e invers´ıvel. Al´em disso, A ´e o elemento neutro e a multiplica¸c˜ao de ideais ´e associativa.

Defini¸c˜ao 1.5.4 Sejam A um anel de Dedekind e K seu corpo de fra¸c˜oes. O grupo quociente C(A) = I(A)

F (A) ´e chamado grupo das classes de ideais de A, onde I(A) ´e o grupo dos ideais fracion´arios n˜ao nulos de A, e F (A) ´e o subgrupo dos ideais fracion´arios principais de A.

Nota¸c˜ao: h = #C(A).

Observa¸c˜ao 1.5.1 Se A ´e um dom´ınio de Dedekind, ent˜ao, A ´e principal se, e somente se, h = 1.

1.6

Norma de um ideal

Nesta se¸c˜ao definimos a norma de um ideal do anel de inteiros de um corpo de n´umeros e veremos algumas propriedades, dentre elas que a norma ´e multiplicativa. Para isso, conside-raremos K um corpo de n´umeros de grau finito n e OK o anel de inteiros de K.

Defini¸c˜ao 1.6.1 Seja a um ideal de OK. A norma de a ´e definida como N (a) = # OK a

 .

Referências

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