Apesar de positivo, ritmo de contratações na Construção diminui
Em abril a Construção Civil criou 22.224 novas vagas com carteira assinada em todo o País, resultado da diferença entre 146.389 admissões e 124.165 desligamentos. Este foi o menor saldo de postos de trabalho gerados pelo setor em 2021, conforme os dados do novo Caged divulgados pela Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia. A média de 44.327 novos empregos formais, registrada no primeiro bimestre do ano, caiu para 23.215 nos meses de março e abril. Isso significa que o setor reduziu em quase 50% o ritmo de criação de vagas. O número de trabalhadores admitidos na Construção, em abril (146.389) foi o menor do ano. Portanto, fica evidenciando que o mercado de trabalho da Construção Civil perdeu dinamismo.Os indicadores do mercado imobiliário, divulgados pela Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), demonstraram queda expressiva no número de lançamentos de janeiro a março de 2021, em relação ao 4º trimestre de 2020: -58,0%. Nesta mesma base de comparação, o recuo das vendas foi bem menor: -12,4%. Com esse resultado, a oferta (estoque) de unidades residenciais novas disponíveis para comercialização continuou caindo (-13,1%). Em relação aos três primeiros meses de 2020 os lançamentos registraram uma pequena elevação de 3,7%, enquanto as vendas apresentaram um aumento significativo: 27,1%. Assim, as vendas continuam expressivas, indicando que a demanda por imóveis permanece forte. Entretanto, o aumento exagerado nos custos da construção, e a falta de previsibilidade de uma solução
definitiva para este problema, têm levado os empresários do setor a adiar novos empreendimentos. Esse movimento reflete no mercado de trabalho, e contribui para resultados menos expressivos na geração de vagas.
Indicadores do Mercado Imobiliário Nacional
Caso o setor não estivesse vivenciando a maior elevação de seus custos dos últimos anos, poderia estar contribuindo ainda mais para a criação de emprego. O índice Nacional de Custo da Construção (INCC), calculado e divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), acumulou, nos últimos 12 meses encerrados em abril, alta de 12,99%. Neste mesmo período, o custo com materiais e equipamentos aumentou quase 30%, o que correspondeu a maior elevação para o período desde 1998.
Nos últimos 12 meses encerrados em abril, os condutores elétricos, de acordo com o INCC, registraram elevação superior a 80% em seus preços. Tubos e conexões de ferro e aço, e vergalhões e arame de aço ao carbono também apresentaram altas significativas: 72,41% e 67,45%, respectivamente. Importante ressaltar que a elevação do custo com material está acontecendo num ambiente macroeconômico onde a inflação projetada para 2021 é de 5,24%. Esses aumentos exagerados tem conseguido conter o avanço das atividades da Construção.
É necessário ressaltar que não se pode atribuir o resultado do mercado de trabalho na Construção, em abril, ao agravamento da pandemia, provocada pelo novo Coronavírus. Isso porque o setor, que é essencial, continuou trabalhando. Além disso, conforme os resultados da Sondagem Nacional da Indústria da Construção, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com o apoio da CBIC, o nível de atividade do setor, apesar de ter registrado pequena melhora em abril, permanece em baixo patamar desde o início do ao. E, mesmo com o ritmo de atividades ainda menor do que o usual, a Construção Civil continua apresentando resultados positivos no mercado de trabalho, o que é especialmente importante diante das dificuldades apresentadas pela economia nacional.
Sondagem Nacional da Indústria da Construção
Fonte: Confederação Nacional da Indústria (CNI).
Alguns fatores como a melhora do mercado externo, a alta nos preços das commodities, e a queda de atividades num ritmo inferior ao previsto inicialmente, estão levando os analistas a revisarem suas projeções de crescimento para o País. A pesquisa Focus, realizada semanalmente pelo Banco Central, com analistas de mercado financeiro, têm registrado expectativas mais positivas para o Produto Interno Bruto (PIB) do País em 2021. Assim, mesmo considerando o cenário interno com a vacinação ainda em processo lento e as novas cepas do novo Coronavirus, o levantamento realizado em 21/05/2021 estimou crescimento de 3,52% para a economia brasileira. Já no relatório de 23 de abril a estimativa era de 3,09%.
Entretanto, o mercado de trabalho do País está bastante fragilizado. O número de desempregados atingiu o patamar de 14,423 milhões de pessoas, no trimestre dezembro a fevereiro de 2021, conforme o resultado da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Continua, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Neste cenário, a Construção Civil tem muito a contribuir e já demonstrou isso inúmeras vezes. Em 2020, por exemplo, foi o maior gerador de novos postos de trabalho com carteira assinada (105.248 novos postos de trabalho). Assim, é muito preocupante a perda de dinamismo na geração de emprego no setor.
das metodologias do Caged e do novo Caged, observa-se que foi o maior número de vagas gerado pela Construção desde 2012 (170.544).
Obs.: Resultados de 2012 a 2019: Caged. Resultados de 2020 e 2021: novo Caged.
Em abril, o estado de São Paulo foi o maior gerador de novas vagas na Construção (5.859). Em segundo lugar está o estado de Minas Gerais (2.340) seguido de perto por Goiás (2.165), Santa Catarina (2.021) e Paraná (2.021). Neste mês, cinco estados apresentaram saldos negativos: Sergipe (-173), Roraima (-209), Amapá (-220) e Rio Grande do Norte (-453).
Diante de um cenário caracterizado pelo desabastecimento e alta expressiva nos preços dos seus insumos, o que tem levado o adiamento de novos empreendimentos, o crescimento projetado para a Construção foi revisado de 4% para 2,5%. A consequência é a menor geração de vagas. Os fatores macroeconômicos, como o avanço do processo de vacinação e o andamento das reformas estruturantes (administrativa e tributária) podem redirecionar o País para o crescimento. Especialmente a Construção Civil, para voltar a incrementar o ritmo de suas atividades, precisa urgente de um choque de oferta dos seus insumos. Não se pode mais esperar, sob o risco de se comprometer o resultado positivo que ainda se espera para o setor.
. Resultados do mercado de trabalho formal na Construção Civil – Abril 2021