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O PAPEL DAS REDES DE ASSOCIATIVISMO NO SETOR DE AUTO-SERVIÇO DA CIDADE DE UBERLÂNDIA (MG)

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4º ENCONTRO NACIONAL DE GRUPOS DE PESQUISA – ENGRUP, São Paulo, pp. 838-856, 2008.

O PAPEL DAS REDES DE ASSOCIATIVISMO NO SETOR DE AUTO-SERVIÇO DA CIDADE DE UBERLÂNDIA (MG)

THE PAPER OF THE NETS OF ASSOCIATIVISMO IN THE SECTOR OF SELF-SERVICE OF THE CITY OF UBERLÂNDIA (MG)

Geisa Daise Gumiero Cleps1

gdgumiero@ras.ufu.br João Paulo Gomes da Silva2

jaopaulobr@yahoo.com.br Resumo

Este trabalho faz uma análise sobre o comportamento das pequenas lojas do varejo alimentar diante da nova lógica econômica mundial, sob a perspectiva dos varejistas e dos grupos atacadistas, que, recentemente, têm procurado investir em redes associativistas de modo a fortalecer seus clientes e reduzir o poder das grandes redes varejistas. Para tanto, buscou-se identificar e caracterizar as principais redes associativistas que atuam na cidade de Uberlândia (MG) e na Mesorregião geográfica do Triângulo Mineiro, além de realizar um mapeamento de suas áreas de influência. Palavras-chave: Associativismo, auto-serviço, redes, supermercados, Uberlândia.

Abstract

This work ahead makes an analysis on the behavior of the small store of the alimentary retail of the new world-wide economic logic, under the perspective of the retailers and the wholesale groups, that, recently, they have looked to invest in associated’s nets in order to fortify its customers and to reduce the power of the great retail nets. For in such a way, one searched to identify and to characterize the main associated nets that act in

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Profa. Dra. do Instituto de Geografia/UFU e membro do Núcleo de Estudos Agrários e Territoriais – NEAT, e do Laboratório de Geografia Agrária – LAGEA/UFU.

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Graduando em Geografia. Bolsista PIBIC/FAPEMIG. Membro do Grupo de Pesquisa NEAT/LAGEA/UFU.

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the city of Uberlândia (MG) and in the region of the Mining Triangle, beyond carrying through a mapping of its areas of influence.

Keywords: Associated, self-service, networks, supermarkets, Uberlândia.

INTRODUÇÃO

Após a segunda guerra mundial, o capitalismo iniciou uma fase de mundialização, na qual se tornou o sistema vigente na maioria dos países, possibilitando a expansão e a concentração do capital. A partir de então, os fluxos de capitais e mercadorias passaram a dissolver fronteiras, transformando os modos de vida, as formas de trabalho e gerando novos hábitos de consumo.

A partir da dispersão geográfica das indústrias, dos avanços tecnológicos e das novas formas de gestão que substituiriam o fordismo, têm-se um novo ritmo de inovação e produção de mercadorias. Conseqüentemente, surgiram novos valores sociais que, por sua vez, geraram alterações no comportamento dos consumidores e no estilo dos produtos consumidos. É neste cenário que o comércio tem se desenvolvido nos últimos anos, procurando sempre satisfazer as necessidades dos mais diferentes consumidores em meio às mudanças no estilo de vida, principalmente nas grandes cidades. Foram criados espaços exclusivos para o consumo como shopping centers e supermercados que buscam acima de tudo, proporcionar agilidade no atendimento e incentivar o consumo.

A invenção das lojas de auto-serviço é uma das maiores inovações ocorridas no comércio, desde a sua criação nos EUA no início do século XX. Desde então, passou por grandes transformações. No Brasil, este formato de loja chegou no final da década de 1940, mas só se desenvolveu efetivamente a partir de 1967, ano da regulamentação do setor no país.

Na década de 1970 o governo federal incentivou a expansão do auto-serviço por meio de uma linha especial de financiamento para o setor. Porém, apenas as grandes empresas foram beneficiadas pelo programa devido as suas exigências que restringiam o acesso ao financiamento para empresas que já possuíam um número mínimo de lojas e um determinado faturamento anual mínimo. Esse incentivo

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governamental resultou em um rápido crescimento do setor supermercadista e no desenvolvimento de grandes redes de supermercados como o Grupo Pão de Açúcar, o Sendas e o Bompreço.

Sob a égide da globalização da economia, a partir da década de 1990, verificou-se a internacionalização do varejo, com grandes operadores transnacionais (ou multinacionais) buscando consolidar uma estrutura global. Esse movimento pode ser explicado por alguns fatores, dentre os quais destacam-se: estratégia de crescimento, quando o mercado doméstico não garante metas de expansão; a saturação do mercado doméstico; o excesso de regulamentação ou, ainda, domínio desse mercado; a competição crescente e o apelo internacional de um conceito inovador de varejo (varejo global). Ou seja, a internacionalização do varejo se dá, sobretudo, porque se expandir para mercados ainda não-desenvolvidos é uma solução viável quando o mercado de origem não mais estiver respondendo satisfatoriamente às expectativas de lucro.

Assim, para sobreviver e crescer, os grandes varejistas internacionais instalam-se em novos mercados e assumem, muitas vezes, o controle de redes locais, provocando uma total reestruturação do setor. Os ambientes político e econômico também são considerados no desenvolvimento de operações internacionais.

O movimento de entrada nos novos mercados se dá, geralmente, por meio de fusões, aquisições, incorporações, crescimento orgânico (espalhando atividades comerciais através de um número de países), acordos de cooperação como franquias, joint-ventures e licenciamentos.

No mercado brasileiro a internacionalização tem sido impulsionada fundamentalmente pelos investimentos dos varejistas europeus que, numa estratégia agressiva de expansão, vieram para o Brasil mediante fusões e aquisições de empresas nacionais.

Em 1975 começou o processo de internacionalização do setor no Brasil com a instalação do primeiro hipermercado da empresa francesa Carrefour, a primeira loja da rede fora do continente europeu.

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Na década de 1990 o setor passou por um amplo processo de concentração e internacionalização. Diversas redes norte-americanas e européias entraram no mercado Brasileiro como a americana Wal-Mart e a européia Sonae. O Carrefour aumentou sua participação no setor supermercadista brasileiro por meio da aquisição de novas lojas e abertura de novos estabelecimentos. O grupo português Sonae passou a atuar no país por meio de uma joint venture com a rede Josepar. Outro exemplo da internacionalização do setor é a compra dos Supermercados Bompreço pelo grupo holandês Royal Ahold.

Wilder (2003, p. 79), afirma que o processo de internacionalização e concentração ocorreu tanto na indústria de alimentos, um dos principais fornecedores do setor supermercadista, quanto no setor de auto-serviço e gerou reflexos nas negociações entre indústria e comércio. Com a criação do plano real e a estabilização econômica, as grandes redes varejistas se fortaleceram nas negociações com seus fornecedores.

Na cidade de Uberlândia, o processo de concentração do setor supermercadista impulsionou a partir da instalação de uma loja do hipermercado

Carrefour, no ano de 1990. Uberlândia foi por muitos anos a única cidade do interior

de Minas Gerais a possuir uma loja desta rede. Em 1998 o Grupo Bretas, maior rede varejista do estado de Minas Gerais, inaugurou sua primeira loja na cidade, e hoje, Uberlândia já possui seis lojas dessa rede espalhadas por toda a cidade. Em 2006 o grupo Pão de Açúcar instalou uma loja em Uberlândia, favorecendo ainda mais a concentração do varejo alimentar nas grandes redes.

A concentração prejudicou diretamente os pequenos comerciantes já que estes dificilmente conseguiam competir com os preços baixos e incorporar as tecnologias adotadas nas grandes redes. Diante desta realidade, o pequeno varejo alimentar teve de investir em novas estratégias que garantissem a sua manutenção e crescimento em um mercado cada vez mais competitivo.

Uma alternativa encontrada foi a formação de redes de pequenos supermercados. A indústria, que antes terceirizava as vendas dos clientes pequenos e médios aos atacadistas e distribuidores, passou a ter prejuízos com o fortalecimento das grandes redes já no final da década de 1980, por isso, passou a ser mais vantajoso para as grandes indústrias negociar com as redes médias.

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O Setor Atacadista decidiu então investir em redes próprias de varejo, objetivando o fortalecimento do pequeno e médio varejo alimentar e a diminuição da dependência da indústria em relação as grandes redes de supermercados.

A partir da adesão às redes, os pequenos comerciantes passam a comprar em conjunto uma quantidade maior de mercadorias. As negociações são feitas por profissionais especializados dos grupos atacadistas, facilitando as negociações com a indústria. Deste modo, os pequenos varejistas obtém maiores descontos, prazos estendidos de pagamento e melhores margens de lucro. Essa prática é chamada de associativismo.

A formação das redes beneficia os pequenos varejistas na medida em que possibilita a prática de ações semelhantes as grandes redes como investimentos em

Marketing e maior diversificação de fornecedores, além da padronização do layout

das lojas.

A criação de redes de pequenos supermercados não é uma prática exclusiva dos grandes grupos atacadistas. Grandes redes varejistas passaram a investir em lojas de vizinhança. Alguns exemplos são o Grupo Pão de Açúcar com a marca “O Barateiro”, o grupo americano Wal-Mart com a bandeira “Todo dia” e o Carrefour com as lojas de desconto “Dia%”.

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O DESENVOLVIMENTO DAS REDES ASSOCIATIVISTAS NA CIDADE DE UBERLÂNDIA – MG

Em Uberlândia, a formação das redes associativistas no setor de auto-serviço deu-se em parceria com os grandes grupos atacadistas sediados na cidade. Quatro dos cinco maiores atacadistas de Uberlândia investiram em redes próprias nos últimos anos: Martins, Peixoto, União e Aliança. O único grupo que não criou uma rede própria, o Grupo Arcom, desde 1992, atua no varejo por meio de um importante empreendimento, o “Complexo Center Shopping” composto por um shopping center, um hotel, além de um centro de convenções.

As duas maiores redes associativistas do Brasil estão sediadas na cidade: a primeira colocada no sétimo ranking ABRAS/SUPERHIPER (2007), a Rede Smart de

Supermercados, do Grupo Martins, seguida pela Rede Valor. Em 2006, a Rede

Smart teve faturamento de R$ 2,88 bilhões, com cerca de 80 associados nos seguintes estados: Ceará, Paraíba, Bahia, Goiás, Minas Gerais e São Paulo, Espírito Santo, Tocantins e Santa Catarina, além do Distrito Federal. A segunda colocada no ranking, a Rede Valor, do atacadista Peixoto, que somou R$ 850 milhões de faturamento no mesmo ano, atua nos estados de Minas Gerais, Paraná e São Paulo (ABRAS/SUPERHIPER, 2007). Esses dados demonstram a dimensão e a importância da prática do associativismo para a economia de Uberlândia e do setor de auto-serviço como um todo.

Recentemente, outros grupos atacadistas de Uberlândia investiram na formação de redes. O Atacadista União criou em 2006, a Rede SuperSim e já conta com 60 lojas associadas. O Aliança Atacadista passou a investir no varejo no ano de 2005, com a criação da Rede Biz e já possui 90 lojas associadas nos estados de Minas Gerais e Goiás (conforme pesquisa de campo realizada nos meses de novembro e dezembro de 2007). A seguir, faremos uma breve análise sobre as principais redes de associativismos existentes em Uberlândia.

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A Rede Smart

No ano 2000 o Grupo Martins, maior empresa do setor atacadista do Brasil, com mais de 217 mil clientes ativos, partindo de princípios associativistas e, com o objetivo de fortalecer seus clientes do setor de varejo alimentar, criou a Rede Smart de Supermercados. Mas o projeto é mais antigo. Na década de 1990, o grupo criou o Emporium Franquia de Varejo Ltda, o “Empório da gente”, constituído por lojas de vizinhança, com horários de funcionamento estendidos. Essas lojas tinham o objetivo de servir de modelo para o desenvolvimento de técnicas eficazes de gestão que mais tarde seriam repassadas aos seus clientes. O grupo fornecia as mercadorias, orientava quanto ao mix, ao layout e à tecnologia a ser utilizada. Após a criação da Rede Smart o grupo vendeu essas lojas.

Quando a Rede Smart de Supermercados surgiu, possuía 35 lojas associadas no Triângulo Mineiro. Hoje atua em nove estados: Ceará, Paraíba, Bahia, Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Espírito Santo, Tocantins, Santa Catarina, além do Distrito Federal. Está presente em mais de 600 cidades, com um total de 946 lojas associadas, divididas em 15 pólos regionais.

A Rede Smart usa bandeira única para todas as lojas da rede. Padroniza os materiais promocionais, fachada, comunicação interna e treinamento de pessoal de seus associados. O nome particular das lojas é preservado, bem como a administração que continua independente.

O Grupo Martins oferece apoio administrativo aos associados à rede por meio do “Programa de Relacionamento Martins”, mais precisamente do SOMAR (o setor do programa de relacionamento responsável por prestar assessoria ao pequeno varejo alimentar). Além disso, o grupo criou, em 1988, a “Universidade Martins do Varejo” – UMV, com o objetivo de oferecer capacitação e profissionalização para os varejistas e a transferência de novas técnicas de gestão.

A UMV promove diversos cursos, fóruns e possui uma revista a “Vitrine do Varejo”. De acordo com informações do Grupo Martins, desde a sua fundação, cerca de 198 mil pessoas já fizeram algum tipo de treinamento na Universidade Martins do

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Varejo. Além disso, o Martins possui um banco, o “TRIBANCO”, que tem por objetivo financiar a criação de pequenos supermercados e a associação à Rede Smart.

Na Mesorregião Geográfica do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, a Rede Smart possui 33 lojas em 17 cidades (Mapa 1). Mais de metade das lojas estão concentradas em apenas duas cidades, Uberlândia (10 lojas associadas) e Araguari (8 lojas associadas). Esta concentração possivelmente deve-se à proximidade entre as duas cidades e pelo fato de o surgimento da Rede ter acontecido em Uberlândia, o principal pólo de desenvolvimento da região.

Mapa 1

O tamanho das lojas associadas à Rede Smart varia de 400 à 500 m². Normalmente, as lojas possuem diversas seções como padaria, açougue entre outras. Segundo informações do Grupo Martins, a rede possui em média 25 funcionários por loja e 4 check-outs. A Rede Smart possui marcas próprias nos

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segmentos de limpeza, higiene, alimentos, bebidas e bazar. (Pesquisa de campo, nov./2007)

A Rede Smart possuía no ano de 2007, oito lojas na cidade de Uberlândia (Quadro 1), localizadas nos seguintes bairros: Aparecida, Chácaras Tubalina, Patrimônio, Guarani, Seringueira, General Osório, Jardim Brasília e Martins. Durante a realização desta pesquisa foram visitadas duas lojas (aproximadamente 25% do total) escolhidas de forma aleatória. Ambas as empresas foram fundadas a pelo menos 15 anos e aderiram à rede no ano de 2005.

No processo de admissão de novos varejistas à rede, é cobrada uma taxa no valor de dez mil dólares. Para tanto, exige-se a padronização da fachada, comunicação visual interna, sacolas, materiais promocionais e, inclusive, treinamento de funcionários. Mensalmente é cobrada uma taxa administrativa no valor de mil reais (Pesquisa de campo, nov. / 2007).

QUADRO 1: LOCALIZAÇÃO DAS LOJAS ASSOCIADAS À REDE SMART EM UBERLÂNDIA

Razão Social Bairro

Empório São Luis B. Chác. Tubalina Supermercado Econômico B. Aparecida Doce e CIA Empório B. Patrimônio

Empório Joab B.Guaraní

Supermercado Kaiana B. Seringueira Super Prátiko B. General Osório Supermercado Sorriso B. Jardim Brasília Supermercado Lunasa B. Martins

Org.: SILVA, J.P. G., 2007.

Fonte: Grupo Martins, pesquisa de campo, nov./2007.

As lojas associadas à Rede Smart estão localizadas principalmente em bairros periféricos e populosos, no entanto, existem lojas tanto em bairros de classe média quanto em bairros de baixa renda.

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Questionados durante a pesquisa sobre as principais razões que levaram à adesão à rede, os lojistas apontaram a facilidade de acesso a campanhas publicitárias e folhetos promocionais como principal fator motivacional, seguido da melhoria no poder de negociação com os fornecedores.

Segundo os varejistas, a principal vantagem percebida após a adesão foi o aumento no poder de negociação com os fornecedores, possibilitando acesso a maior variedade de mix e a assessoria administrativa/financeira oferecida pela rede aos associados. Os investimentos feitos após a adesão foram direcionados principalmente para a aquisição de novos equipamentos, bem como para a informatização das lojas e para a compra de gôndolas. Os principais produtos adquiridos via rede são os de higiene e beleza.

A adesão é vista como positiva pelos supermercadistas. Metade dos entrevistados, afirmaram que o faturamento da loja, após a adesão, aumentou significativamente e os demais afirmaram que o faturamento manteve-se estável.

A Rede Valor

A rede Valor de Supermercados é uma empresa do Grupo Peixoto, um dos maiores atacadistas-distribuidores do Brasil e da cidade de Uberlândia. O Grupo Peixoto possui cerca de 90.000 clientes ativos e atua em mais de 4.000 cidades brasileiras. Seus principais clientes (42% do total) são as empresas do pequeno e médio varejo alimentar.

A Rede Valor começou a ser idealizada em 1989, mas começou a atuar apenas no ano 2000. De acordo com o grupo, a rede tem como principal objetivo promover o desenvolvimento, o fortalecimento e a profissionalização do pequeno e médio varejo, ou seja, o Grupo Peixoto busca com a Rede Valor garantir o desenvolvimento e a sobrevivência do pequeno varejista, frente a concorrência das grandes redes.

Hoje, a Rede Valor atua em três estados: Minas Gerais (Triângulo Mineiro e Região Sul), Paraná (Região Norte do estado) e São Paulo (Campinas, Ribeirão

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Preto, Grande São Paulo, Vale do Paraíba e Litoral Norte). Possui 239 lojas associadas com 677 check-outs e 3225 funcionários. A Rede Valor ocupa a segunda posição no ranking das Centrais de Compras e Negócios ABRAS de 2007.

Uma das características da rede é a não interferência na gestão interna das lojas associadas. Assim, a marca valor não pode ser caracterizada como franquia, mas sim, como uma bandeira que reúne varejistas com interesses e características comuns. Há cobrança de uma taxa administrativa para os associados, no entanto, o valor desta taxa não foi informado pela rede.

A Rede Valor possui uma marca exclusiva - os produtos Valor, nos segmentos de alimentos, bazar, manutenção do lar, papéis, produtos de limpeza, produtos de higiene pessoal e utilidades domésticas. A marca Valor possui cerca de 300 itens e consegue ser competitiva por meio da negociação direta entre o Atacadista Peixoto e as indústrias fornecedoras.

As lojas associadas à rede possuem em média 350 m² de área de vendas, com uma média de quatro check-outs. Para se associar à rede há exigências na padronização da fachada, comunicação visual interna, nos materiais promocionais e das sacolas. Cada loja possui em média 12 funcionários.

A Rede Valor de Supermercados possui 12 lojas na Mesorregião Geográfica do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, distribuídas em sete cidades (Mapa 2). Nessa região, as lojas associadas estão presentes apenas em cidades com pelo menos quinze mil habitantes (Pesquisa de campo, nov./2007).

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Mapa 2:

Em 2007 a Rede Valor possuía quatro lojas associadas na cidade de Uberlândia, localizadas nos bairros Marta Helena, Martins, Mansour e Parque dos Eucaliptos. Durante a realização desta pesquisa, foram visitadas duas lojas associadas à rede, representando 50% do total.

Estas lojas possuem em média 425 m² de área de vendas, cerca de 20 funcionários por loja e três check-outs. Portanto, as lojas de Uberlândia são relativamente maiores que as lojas das demais cidades em que a rede atua.

Entre as razões que levaram os lojistas a se associar à Rede foram destacados: melhoria na negociação com os fornecedores e a modernização e a padronização da loja. A Rede Valor oferece uma assessoria para a padronização do

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A rede oferece apoio administrativo aos lojistas, porém, nem todos utilizam esse auxílio. Os principais produtos comprados via rede são os de higiene/limpeza e os produtos de marca própria. Quanto ao faturamento, metade dos lojistas afirmam que o faturamento de sua loja manteve-se estável após a adesão e a outra metade acredita que houve um ligeiro aumento de seus ganhos. Mas, de maneira geral, a adesão é vista como positiva pelos associados (Pesquisa de campo, nov./2007).

A Rede Biz

A Rede Biz de Supermercados é uma marca do Aliança Atacadista, empresa sediada em Uberlândia e que atua no mercado desde 1995. Hoje, o Aliança Atacadista possui mais de 25 mil clientes ativos. Opera em cerca de mil cidades de oito estados brasileiros (Bahia, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo e Tocantins), e no Distrito Federal. O Aliança Atacadista também possui filiais em Brasília (DF), Catalão(GO), Aramina (SP), Vitória da Conquista (BA) e Feira de Santana (BA).

A Rede Biz foi criada no ano de 2005. Atualmente passa por um processo de formalização da identidade jurídica e, em breve, deve tornar-se uma empresa independente do Aliança Atacadista. Possui um total de 90 lojas associadas em dois estados: Minas Gerais e Goiás. Está presente em 15 cidades mineiras, com 75 lojas associadas. Já em Goiás, a rede conta com 15 lojas associadas em quatro cidades. Uma das possíveis causas da rápida expansão desta rede é a ausência de cobrança de taxas administrativas e de percentual sobre o faturamento das lojas, o que torna a associação ainda mais vantajosa para os pequenos varejistas.

Em Minas Gerais a rede possui lojas associadas em Uberlândia, Araguari, Tupaciguara, Nova Ponte, Patrocínio, São João da Serra Negra, Patos de Minas, Presidente Olegário, Lagoa Formosa, Varjão de Minas e Uberaba (Mapa 3). No estado de Goiás a Rede está presente nas cidades de Catalão, Goiandira, Ouvidor e Três Ranchos (Pesquisa de campo, nov. / 2007).

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A Rede Biz possui um total de 700 funcionários nas lojas associadas. Cada uma possui em média sete funcionários e até quatro check-outs. As principais mercadorias adquiridas via rede são os produtos de cesta básica, seguidos pelos de higiene e beleza. A reposição das mercadorias compradas via Rede ocorre em média duas vezes por semana (Pesquisa de campo, nov./2007).

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A localização das lojas da rede varia conforme o tamanho das cidades. Em cidades médias as lojas estão concentradas principalmente em bairros periféricos e populosos, enquanto que nas cidades pequenas as lojas se encontram na área central.

A Rede Biz possui 20 lojas em Uberlândia localizadas principalmente na zona oeste da cidade. De acordo com os lojistas, as principais razões que levaram à adesão das lojas foram à melhoria no poder de barganha com fornecedores, maior facilidade no acesso a campanhas publicitárias e o fortalecimento diante dos concorrentes, além do aumento do poder de negociação com fornecedores.

Nenhum dos lojistas visitados recebe apoio administrativo da rede, mas todos vêem a adesão como positiva para suas empresas e afirmam que, após a adesão ocorreu aumento no faturamento.

A Rede SuperSim

A Rede SuperSim é uma empresa ligada ao União Atacado, empresa com sede na cidade de Uberlândia. O Atacado União é uma das maiores empresas do setor, ocupando a sexta posição no ranking de 2007, da Associação Brasileira dos Atacadistas Distribuidores - ABAD. O União atua em 17 estados brasileiros e atende a mais de 60 mil clientes entre pequenos e médios varejistas do país, distribuídos por 2.200 cidades.

No ano de 2006 o União Atacado entrou no mercado do varejo alimentar com a bandeira da Rede SuperSim de supermercados. Hoje a rede possui 60 lojas associadas, 52 dessas na Mesorregião Geográfica do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, conforme demonstra o mapa 4:

Esta rede é caracterizada pelo tamanho reduzido das lojas associadas, as quais têm em média 150 m² e, no máximo, dois check-outs. Assim, pode-se dizer que esta rede, é composta basicamente por lojas de vizinhança de pequeno porte, localizadas principalmente em bairros periféricos menores. Em Uberlândia, no entanto, há uma loja de conveniência associada à Rede Super Sim no Pratic Center (conjunto de lojas existentes no Piso Superior do Terminal Central de ônibus).

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A Rede SuperSim possui 23 lojas em Uberlândia, Destas, quatro foram visitadas durante a realização desta pesquisa. As lojas visitadas são relativamente recentes, têm em média um ano de fundação e aderiram à rede no ano de 2007.

Como nas demais redes, há exigência de padronização de todo o layout das lojas. Existe cobrança de uma taxa administrativa cujo valor não foi informado. Os lojistas associados recebem da rede apoio administrativo sob a forma de cursos e seminários. A freqüência de reposição de mercadorias para as lojas é semanal e os principais produtos comprados via rede são os de higiene e beleza (Pesquisa de campo, dez./2007).

Mapa 4:

Org. Elab.: SILVA, J. P. G.,2007.

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Considerações Finais

Diante das transformações ocorridas no sistema produtivo mundial e, em meio à globalização, a partir da década de 1990 as redes de distribuição, tanto atacadistas quanto varejistas, foram forçadas a adotar novas estratégias que colaborassem para a sua manutenção e expansão, em um mercado cada vez mais exigente e competitivo. Dentre essas novas estratégias destaca-se a prática do associativismo pelas pequenas e médias empresas do auto-serviço alimentar.

Esta modalidade comercial favorece as pequenas empresas, na medida em que proporciona maior poder de negociação com a indústria e facilidade de acesso a campanhas publicitárias. Assim, o associativismo fornece os meios necessários para que os pequenos varejistas possam se expandir com ações semelhantes a das grandes redes.

Durante a realização desta pesquisa foi possível perceber que o associativismo é uma estratégia que tem sido amplamente adotada pelos varejistas - visto que atualmente cerca de 40% das lojas de auto-serviço da cidade estão associadas em alguma rede – principalmente em função do incentivo dado pelos grupos atacadistas.

A lógica do associativismo foi rapidamente incorporada pelo pequeno varejo da cidade de Uberlândia, já que as duas maiores redes de associações de supermercados – a Rede Smart, do Grupo Martins e a Rede Valor, do Grupo Peixoto – estão sediadas na cidade.

Em Uberlândia, as redes com maior número de lojas associadas são aquelas que oferecem maior flexibilidade aos varejistas, seja pela ausência de taxas administrativas, seja pela permissão da associação de diversos formatos de loja em uma mesma rede.

O crescimento do associativismo na cidade nos últimos anos indica um fortalecimento das lojas de bairro, que têm se utilizado dessa modalidade comercial para se adequar às novas exigências do mercado e têm procurado explorar de forma mais eficaz suas potencialidades, como a localização e maior conhecimento sobre os hábitos dos consumidores.

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Um fato importante tratado nesta pesquisa diz respeito às áreas de atuação das redes sediadas em Uberlândia. Todas as redes estudadas possuem lojas em outras cidades da Mesorregião do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba, sendo que três delas possuem lojas em outros estados do país. Este fato demonstra a importância e a influência de Uberlândia em nível regional e até mesmo nacional.

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Referências:

ABAD – Associação Brasileira de Atacadistas e Distribuidores. Disponível em: <http://www.abad.com.br/index2.html>. Acesso em 18 out./2007.

ABRAS – Associação Brasileira dos Supermercados. Disponível em: <http:// www.abrasnet.com.br/index_produto.htm>. Acesso em 21 set./2007.

ALIANÇA ATACADISTA. Disponível em:

<http://www.aliancaatacadista.com.br/historia.php>. Acesso em 04 jan./2008. CASTELLS, M. A Sociedade em Rede. Tradução de Roneide V. Majer. 2 ed. São

Paulo: Paz e Terra, 1999. 617 p.

CLEPS, G. D. G. Estratégias de Reprodução do Capital e as Novas Espacialidades Urbanas: O comércio de auto-serviço em Uberlândia (MG). 317 f. Tese (Doutorado em Geografia) - Instituto de Geociências e Ciências Exatas, UNESP / Rio Claro, 2005.

DOTTO, D. M. R. Redes de Empresas de Pequeno Porte do Setor Supermercadista do Rio Grande Do Sul – A cooperação Comercial e os Reflexos no Mercado Consumidor. 239 f. Tese (Doutorado em Desenvolvimento Regional) – UNISC/ Sta. Cruz do Sul, 2006.

REDE SMART DE SUPERMERCADOS. Disponível em:

<http://www.redesmart.com.br/Login.aspx> Acesso em 16 out. 2007.

REDE VALOR DE SUPERMERCADOS. Disponível em

<http://www.peixoto.com.br:8080/redevalor/index.php>. Acesso em 16 out./2007. REVISTA SUPERHIPER. São Paulo: ABRAS (vários números).

WILDER, A. Mudanças no Setor Supermercadista e a formação de Associações de Pequenos Supermercados. 208 f. Tese (mestrado em Economia Aplicada) - Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, USP/ Piracicaba, 2003.

Referências

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