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IMPACTO DA TI NA GESTÃO DE NEGÓCIOS: UM ESTUDO COM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (MPE)

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IMPACTO DA TI NA GESTÃO DE

NEGÓCIOS: UM ESTUDO COM MICRO

E PEQUENAS EMPRESAS (MPE)

Guilherme Lerch Lunardi (FURG) gllunardi@furg.br Decio Dolci (FURG) dbdolci@gmail.com Pietro Cunha Dolci (UFRGS) pcdolci@gmail.com

É amplamente reconhecida a importância das micro e pequenas empresas (MPE) para um país atingir e sustentar o seu desenvolvimento sócio-econômico, formando uma estrutura de divisão do trabalho adequada e melhorando economias regionais e communidades. No Brasil, houve um substancial crescimento no número de MPE, alcançando em 2010 a maior taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) entre países membros do G20 e do Bric Paralelamente, na medida em que a aquisição de tecnologia da informação (TI) se torna mais acessível financeiramente, populariza-se o uso da TI na administração dos negócios dessas empresas. Um cenário estimulador para a realização de pesquisas que investiguem questões relacionadas à TI nas MPE brasileiras. O presente artigo tem por objetivo verificar o impacto da TI na administração das MPE, relacionando o uso da TI às atividades administrativas exercidas nas diversas áreas funcionais das MPE brasileiras. Realiza-se uma pesquisa survey junto a 4.341 MPE localizadas em 29 cidades da região sul do Estado do Rio Grande do Sul, cujos respondentes eram os proprietários de suas respectivas empresas, sendo que parte delas usa computadores e Internet e outra não. O instrumento utilizado avalia dez diferentes constructos da gestão de negócios: Planejamento, Clientes, Pessoas, Fornecedores, Qualidade e Produtividade, Ponto de Venda, Estoques, Vendas, Crédito e Caixa. De modo a se analisar o impacto da TI na gestão de negócios das MPE, três análises foram realizadas: a primeira, comparando-se a gestão de negócios das empresas que afirmaram utilizar computador no seu trabalho com empresas não informatizadas; a segunda, comparando-se a gestão de negócios das empresas que afirmaram utilizar internet para o trabalho com aquelas empresas sem internet; e a terceira, analisando-se os possíveis relacionamentos entre o uso do computador e da internet no trabalho e a realização das diferentes atividades administrativas investigadas. Os resultados mostram diferenças significativas entre as empresas informatizadas e não informatizadas, tanto em termos de uso de computadores como de Internet, no que se refere ao nível de execução das atividades

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administrativas investigadas, sendo maior a diferença nas questões relacionadas a suprimentos, clientes e planejamento. Também o estudo revelou uma relação positiva e significativa estatisticamente entre a quantidade de recursos computacionais disponibilizados na empresa e o nível de atividades administrativas realizadas Espera-se que esta pesquisa possa auxiliar os executivos de diferentes MPE a melhor planejarem seus projetos de TI, sem esquecer que muito

Palavras-chaves: Tecnologia da Informação, micro e pequenas empresas, gestão de negócios

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3 1. Introdução

No cenário econômico atual, é amplamente reconhecida a importância das micro e pequenas empresas (MPE) para um país atingir e sustentar o seu desenvolvimento sócio-econômico, sendo fundamentais não só para a criação de empregos e distribuição de renda (BERRY, 2002) como também, em alguns países desenvolvidos, na produção de patentes e geração de empregos para profissionais que trabalhem com alta tecnologia (BHARATI, 2010). No Brasil, houve um substancial crescimento no número de MPE, mais de 17% da população estavam à frente de alguma atividade empreendedora em 2010, conforme mostra a pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM, 2010), alcançando a maior taxa de Empreendedores em Estágio Inicial (TEA) entre países membros do G20 (grupo que integra as maiores economias do mundo) e do Bric (grupo que reúne os emergentes Brasil, Rússia, Índia e China). Paralelamente, na medida em que a aquisição de tecnologia da informação (TI) se torna mais acessível financeiramente, populariza-se o uso da TI na administração dos negócios dessas empresas (LUNARDI, DOLCI e MAÇADA, 2010).

As MPE desempenham um papel fundamental na revitalização e desenvolvimento da economia nacional em muitos países, fornecendo vários bens e serviços, formando uma estrutura de divisão do trabalho adequada e melhorando economias regionais e comunidades (BERISHA-NAMANI, 2009). No Brasil, as MPE em 2004 representavam 98% (4 milhões de 4,1 milhões) das empresas existentes no país, sendo responsáveis por 21% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, 57,2% da força de trabalho que possui carteira assinada e 26% do pagamento total de salários (MCT, 2004; INDRUINAS, 2007). A TEA de 17,5% em 2010, no Brasil, mostra que 21,1 milhões das 120 milhões de pessoas da população adulta estavam à frente de atividades empreendedoras no ano. Em números absolutos de empreendedores, apenas o registrado na China é maior (GEM, 2010).

Fundamentais para a renovação do sistema econômico, as MPE abrem caminho a novos modelos de idéias e negócios, removem produtos e processos ineficientes, que por sua vez, levam ao desenvolvimento econômico (SCHUMPETER, 1982). Assim, empresas menores são necessárias para equilibrar o mercado através do aumento da concorrência e redução de ameaças de práticas monopolistas. Portanto, não é surpreendente o apoio que tais empresas recebem em diversas regiões, como na Comunidade Européia, em que apoiar as pequenas empresas é uma das prioridades para o crescimento econômico, criação de emprego e coesão econômica e social (EC, 2006; SANTOS et al., 2011). No Brasil, o papel de destaque das MPE na economia ganhou ainda mais força com a entrada em vigor da Lei Geral da Micro e Pequena Empresa, em 2007, e da Lei do Empreendedor Individual, em 2008, leis decisivas para impulsionar o empreendedorismo no Brasil (SEBRAE, 2010).

No entanto, há evidências que as MPE apenas mais recentemente começaram a realizar maiores investimentos em TI e usufruir de parte de seus benefícios (PALVIA e PALVIA,1999; LUNARDI e DOLCI, 2006; LUNARDI, DOLCI e MAÇADA, 2010). A TI é um dos fatores mais importantes de qualquer atividade empresarial, seja de produção de bens ou prestação de serviços, recebendo grande volume de investimentos; nos Estados Unidos, quase metade de todo o investimento anual privado envolve TI (LAUDON e LAUDON, 2007). A maior utilização destas tecnologias é freqüentemente associada à maior disponibilidade de informações, qualidade do trabalho, padronização e eficiência na realização das tarefas. Além desses potenciais benefícios, investir em TI tornou-se uma obrigação para muitas organizações, seja para acompanhar o que a concorrência tem adotado ou atender às exigências de fornecedores, clientes ou governo (LUNARDI, DOLCI e

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4 MAÇADA, 2010). Ainda que o aumento do uso da TI ocorra principalmente nas funções operacionais e administrativas, sendo muito pouco em atividades estratégicas e de apoio à decisão (LIMA, 2007), cresce o interesse em compreender melhor o relacionamento entre TI e práticas administrativas nas MPE (FINK e DISTERER, 2006).

No que se refere a estudos sobre TI nas MPE brasileiras, há muito pouca literatura científica, podendo-se destacar os estudos de Moraes et. al (2004), Prates e Ospina (2004), Lunardi e Dolci (2006). Um dos estudos, de Lunardi, Dolci e Maçada (2010), analisa o relacionamento entre a adoção da TI e o seu impacto no desempenho organizacional percebido. Mostram que os principais motivos que têm levado às MPE a adotarem TI estão relacionados principalmente a pressões externas que a empresa enfrenta e à existência de um ambiente organizacional favorável. Também identifica que o motivo que mais afeta o desempenho organizacional é a adoção da TI para atender às necessidades internas da empresa.

No sentido de aumentar o conhecimento sobre TI nas MPE brasileiras, seguindo a linha de pesquisa de Lunardi, Dolci e Maçada (2010), o presente artigo tem por objetivo verificar o impacto da TI na administração das MPE, relacionando o uso da TI às atividades administrativas exercidas nas diversas áreas funcionais das MPE brasileiras. É válido destacar que variações nas definições sobre o tamanho de uma empresa (ATKINS e LOWE, 1997) prejudicam estudos comparativos. Enquanto alguns pesquisadores definem o tamanho da empresa apenas pelo número de empregados, outros têm usado o número de funcionários e as vendas anuais. A definição do tamanho da empresa algumas vezes também pode estar relacionada com o setor da empresa. Além disso, diferentes economias também têm definições específicas de MPE (ABOUZEEDAN e BUSLER, 2004). No Brasil, conforme a lei complementar Nº 123, de 2006 (RECEITA FEDERAL, 2006), a definição de microempresa e de empresa de pequeno porte se dá em função da receita bruta anual, micro empresas quando aufere receita bruta igual ou inferior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e empresas de pequeno porte, receita bruta superior a R$ 240.000,00 (duzentos e quarenta mil reais) e igual ou inferior a R$ 2.400.000,00 (dois milhões e quatrocentos mil reais).

2. Contexto Teórico

O presente estudo tem por objetivo mostrar associações entre o uso da TI e as atividades administrativas exercidas nas diversas áreas funcionais das MPE brasileiras. A partir da revisão bibliográfica realizada com esse propósito, primeiramente, apresentam-se definições e classificações referentes a potenciais utilizações organizacionais da TI nas empresas e, após, certos estudos sobre TI nas MPE.

2.1. Utilizações Organizacionais da TI

Conforme Alter (1999), empresas consistem de sistemas de trabalho inter-relacionados e competem num ambiente de negócio. Em um sistema de trabalho, os participantes humanos desempenham processos de negócios usando informação, tecnologia, e outros recursos para produzir produtos para clientes internos e externos, sendo, um processo de negócio, um conjunto de atividades logicamente relacionadas (LAUDON e LAUDON, 2007). É válido observar que alguns desses processos podem estar inseridos em uma área funcional específica da empresa, outros em várias áreas funcionais.

Sob essa perspectiva, um sistema de informação é um tipo particular de sistema de trabalho que usa a tecnologia da informação para capturar, transmitir, armazenar, recuperar, manipular ou apresentar informações, sendo a tecnologia da informação, o hardware e o software utilizados nos sistemas de informação (ALTER, 1999). Entretanto, muitas vezes, para fins

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5 didáticos, encontram-se as tecnologias da informação relacionadas ao gerenciamento de banco de dados e às redes de comunicação em separado do hardware e do software, como em Laudon e Laudon (2007) e O’Brien e Marakas (2007).

Segundo Laudon e Laudon (2007), os sistemas de informação além de dar suporte à tomada de decisões, à coordenação e ao controle, também auxiliam os gerentes e trabalhadores a analisar problemas, visualizar assuntos complexos e criar novos produtos. Dolci e Becker (2007), percebendo o uso intensivo da Internet nas empresas, facilitando a troca de informações ponto a ponto ou intermediada por base de dados, entre pessoas e processos, demonstram a utilização organizacional da TI não só no apoio à estruturação e à direção, mas, também, no apoio à interação. De fato, determinados padrões solucionaram problemas de interação entre diferentes organizações, possibilitando a interligação entre parceiros, favorecendo, inclusive, a desintermediação (DESANTICS e MONGE, 1999).

Examinando as atividades presentes nas diferentes áreas funcionais das empresas – vendas e marketing; produção e operações; financeira e contábil; recursos humanos, entre outras –, percebe-se que é vasto o potencial uso da TI. Adotando uma perspectiva funcional para classificar um processo, em que se classifica esse segundo a sua principal função organizacional, são alguns exemplos de processos da área de vendas e marketing: processamento de pedidos, análise de preços, previsão de tendência de vendas; da área de produção e operações: controle de maquinário, planejamento de produção, controle da qualidade de insumos e produtos, localização de instalações; da área financeira e contábil: controle do caixa e contas bancárias, análise do crédito, contas a receber, orçamento e planejamento de lucros; da área de recursos humanos: planejamento de funcionários, cálculo do pagamento de salários e análise de remuneração (LAUDON e LAUDON, 2007).

Observando os processos sob outra perspectiva, do operacional ao estratégico, percebem-se algumas atividades essencialmente operacionais, enquanto outras se caracterizam por exigir de quem realiza a atividade maior poder de análise das informações. Tal percepção propicia classificar os sistemas quanto ao tipo de apoio à decisão: sistemas de processamento de transações para realizar transações rotineiras necessárias ao funcionamento da empresa; sistemas de informações gerenciais para disponibilizar consultas e relatórios relativos ao desempenho corrente da organização; sistemas de apoio a decisão para ajudar na tomada de decisões não rotineiras, não havendo um procedimento de resolução totalmente predefinido e sistemas de apoio ao executivo para auxiliar em decisões não rotineiras, em que os dados são menos estruturados e exige do decisor uma maior capacidade de avaliação e percepção (LAUDON e LAUDON, 2007).

2.2. TI nas MPE

As pequenas empresas têm desempenhado um papel fundamental no nível de emprego e nas economias de todas as sociedades industriais relevantes. Seu papel como uma importante fonte de inovação e crescimento tem sido enfatizado na pesquisa contemporânea (BRAUNERHJELM, 2008). No entanto, a adoção da TI nas MPE acentuou-se apenas a partir do final da década de 1990, conforme Palvia e Palvia (1999), quando o uso dos microcomputadores cresceu entre 30 e 80% nestas empresas, variando em função da localização e natureza do negócio, sendo seu uso quase que restrito às funções operacionais e administrativas e não em atividades estratégicas e de apoio à decisão (ALBANO, 2001). Embora tenham muitas das necessidades administrativas presentes nas empresas de grande porte, as MPE ainda permanecem excluídas dos benefícios propiciados por tecnologias mais inovadoras (LIMA, 2007).

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6 Na academia, o tópico TI nas MPE tem recebido atenção dos pesquisadores desde a década de 1980 (FINK e DISTERER, 2006). Os primeiros estudos mostraram que o gerenciamento dos sistemas de informação nas MPE é diferente das grandes organizações que podiam pagar para contratar especialistas e gestores para maximizar a utilização desses recursos. Nos anos 1990, os estudos foram marcados por investigações interessadas principalmente em levantar os fatores que influenciam a adoção e entre os objetivos desses estudos estava o desejo de estabelecer fatores-chave que guiariam as pequenas empresas a serem mais bem sucedidas na adoção e utilização da TI. Mais recentemente, nos anos 2000, as questões foram direcionadas para examinar o estágio de maturidade da TI em pequenas empresas. Estes critérios, segundo Fink e Disterer (2006), incluem estratégia (alinhamento de TI, melhoria contínua, construção de parcerias com as partes interessadas), estrutura (liderança compartilhada da TI, envolvimento da equipe no gerenciamento), sistemas (planejamento de TI, seleção de sistemas, contratação de consultores de TI externos), pessoal (gerência sênior, conhecimento de TI), estilo (reuniões regulares), habilidades (habilidades de TI) e valores compartilhados (qualidade de serviço ao cliente e melhoria contínua).

Nas MPE, assim como nas demais empresas, os sistemas de informação podem ser usados para suportar as atividades presentes nos diferentes processos de negócios – vendas, contas a receber, engenharia de produto, gerenciamento de estoques, processamento de compras, controle de contas a pagar, gerenciamento da qualidade, planejamento da produção, planejamento de distribuição e transporte, entre outros, conforme ilustrado na seção 2.1. Contudo, conforme, Gable e Stewart (1999), na maioria das implantações de sistemas de informações nas MPE, os aplicativos são para processamento de transações, subordinados às necessidades contábeis; a experiência gerencial para planejar, organizar e controlar o uso dos recursos de informação da empresa é baixo e os gestores normalmente subutilizam tais sistemas.

Similarmente, destacam-se positivamente o apoio da TI nos processos contábeis e financeiros nos estudos de Beheshti (2004), ao pesquisar o impacto da TI nas MPE dos Estados Unidos da América. No referido estudo, foi identificado que é baixo o impacto da TI no desenvolvimento estratégico das empresas pesquisadas. No que diz respeito aos processos para atender os clientes, a TI mostra-se bem mais relevante para as empresas prestadoras de serviços do que para as indústrias. Conforme o autor, os proprietários das MPE percebem mais claramente o uso da TI na automatização de processos existentes, melhorando a eficiência e produtividade no negócio, não visualizando o uso da TI para novas oportunidades de negócio.

No Brasil, Lunardi e Dolci (2006) desenvolveram e validaram um modelo baseados em Leite (2004) para avaliar os benefícios da TI em MPE. Usaram cinco diferentes categorias – mecanização, redução de perdas, expansão da capacidade operacional, processo decisório e uso estratégico –, sendo todas elas validadas estatisticamente. Dos potenciais benefícios analisados, destacam-se como os principais os associados à redução de perdas e à expansão da capacidade operacional, principalmente no que se refere aos ganhos de produtividade da empresa e auxílio no seu controle interno. Também mostra que a TI tem sido utilizada com menor intensidade para auxiliar os processos decisórios, conclusão semelhante a estudos citados anteriormente nesta seção. Por outro lado, os benefícios relacionados à mecanização foram os menos percebidos, contradizendo, conforme apontam os autores, algumas pesquisas anteriormente realizadas.

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7 O estudo caracteriza-se como uma pesquisa survey, realizada junto a 4.341 MPE localizadas em 29 cidades da região sul do Estado do Rio Grande do Sul, cujos respondentes eram os proprietários de suas respectivas empresas. A pesquisa ocorreu de abril a novembro de 2010, envolvendo a aplicação de um instrumento fechado elaborado pelo SEBRAE/RS, avaliando a gestão de negócios das MPE gaúchas. O instrumento era formado por três blocos: um contendo informações cadastrais da empresa e do proprietário (como nome fantasia, razão social, endereço, código da atividade econômica principal, data de abertura da empresa, número de funcionários, segmento, faturamento, sexo e escolaridade), outro contendo informações gerais (como número de computadores e uso de internet) e o último bloco composto por 37 questões fechadas, avaliando a gestão de negócios da empresa, sob a perspectiva de atividades administrativas desempenhadas, sejam elas de planejamento, execução ou controle. Os critérios de seleção da amostra exigiam que a empresa fosse formalizada (possuindo CNPJ) e não tivesse mais do que quatro funcionários registrados em carteira. A caracterização da amostra do estudo é apresentada na Tabela 1.

Característica n %

Segmento

Comércio Serviços Indústria

Não soube classificar/Não informou

3.385 836 47 73 78,0 19,2 1,1 1,7 Ano de Fundação Antes de 2006 Entre 2006 e 2008 Depois de 2008 Não informou 2.152 932 978 279 49,6 21,5 22,4 6,4 Número de funcionários Nenhum Um Dois Três Quatro Não informou 2.335 779 516 323 384 4 53,8 17,9 11,9 7,4 8,8 0,1 Gênero Feminino Masculino 2.032 2.309 46,8 53,2 Escolaridade

Ensino Fundamental (completo ou incompleto) Ensino Médio (completo ou incompleto) Graduação (concluída)

Pós-Graduação (especialização, mestrado ou doutorado) Não informou 1.042 2.569 560 154 16 24,1 59,4 12,9 3,5 0,4

Empresa possui computador

Sim Não 2.665 1.676 61,4 38,6

Empresa utiliza Internet

Sim Não 2.544 1.797 58,6 41,4 Média de computadores = 1,03; Desvio-padrão = 1,14

Média de dias que utiliza a internet = 2,57; Desvio-padrão = 2,37

Tabela 1. Caracterização da Amostra

O instrumento utilizado avalia dez diferentes constructos da gestão de negócios, quais sejam: Planejamento, Clientes, Pessoas, Fornecedores, Qualidade e Produtividade, Ponto de Venda, Estoques, Vendas, Crédito e Caixa – definidos pelo SEBRAE/RS no início da pesquisa. Da

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8 mesma forma, propuseram uma escala de 3 pontos, variando de uma situação em que não realiza a atividade administrativa (1) até a sua realização por completo (3). A forma de contato utilizada foi a entrevista pessoal, sendo o questionário aplicado no local de atuação da empresa.

3.1. Caracterização da Amostra

Pôde-se perceber que as empresas investigadas eram predominantemente do ramo comercial (78%), destacando-se empreendimentos como lojas de confecções, locadoras de CD e DVD, bares e lancherias, padarias, mercearias, minimercados, ferragens e etc. Quanto ao ano de fundação, percebe-se que quase metade da amostra possui mais de cinco anos de existência (49,6%), enquanto o número de empresas que iniciaram suas atividades nos últimos dois anos supera o grupo de empresas que possui de três a cinco anos. Esses dados corroboram com as pesquisas realizadas com MPE quanto à elevada taxa de novos empreendimentos que abrem a cada ano e do número de empresas que acaba fechando as suas portas em menos de cinco. Com relação ao número de funcionários, percebe-se um grande predomínio das empresas que não possuem empregados registrados com carteira. Esse fato pode ser justificado pelo grande número de empresas familiares que contam com membros da família como força de trabalho sem, entretanto, formalizarem sua situação. Da mesma forma, é crescente o número de empreendedores individuais, que consiste em uma nova classe de empresários formalizados que, por lei, não podem ter mais do que um funcionário registrado em carteira.

No que diz respeito ao gênero dos proprietários dessas MPE, percebe-se um equilíbrio entre homens e mulheres, com um leve predomínio para o gênero masculino. Já quanto ao grau de escolaridade, os empresários com ensino médio incompleto ou completo (já estando ou não na universidade) formam o maior grupo entre os respondentes investigados. Constata-se, ainda, que o número de empresários com pós-graduação (especialização, mestrado ou doutorado) não chega a 4% do total de respondentes.

Com relação à informatização dessas empresas, mais de 60% delas afirmou possuir computador, o que mostra certo avanço quando comparado a estudos anteriores, onde em 2002 este número se aproximava de 50% (SEBRAE, 2003). Este incremento pode ser explicado pela diminuição progressiva dos custos de aquisição dessas tecnologias, ou ainda pela busca de vantagens competitivas ou até mesmo por exigências legais (LUNARDI, DOLCI e MAÇADA, 2010). Outra constatação interessante é que 95,5% das empresas informatizadas também afirmaram possuir internet, evidenciando a influência dessa tecnologia no dia-a-dia dessas empresas.

3.2. Validação do Instrumento

Após a coleta de dados, procedeu-se aos procedimentos de validação do instrumento. Embora os dez constructos propostos para compor o questionário tivessem respaldo na literatura acadêmica de administração, dada a natureza subjetiva com que as questões foram elaboradas e inseridas no instrumento, a sua simples aplicação não se caracteriza como uma medida suficiente para validar as diferentes escalas propostas (MALHOTRA, 2001). Assim, dois testes estatísticos foram realizados com os dados coletados: (i) a análise fatorial, que teve o propósito de formar grupos de variáveis associadas entre si, elaborados através das cargas fatoriais identificadas; e (ii) o alfa de Cronbach, de modo a confirmar a fidedignidade das escalas propostas. Buscou-se, com isso, confirmar os constructos propostos na etapa anterior. A análise fatorial (com rotação Varimax) confirmou oito dos dez fatores propostos, obedecendo a dois critérios: o grau de associação entre as variáveis e o grau de subjetividade das mesmas. Cinco questões foram eliminadas do instrumento original (“Você sabe quais são

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seus principais concorrentes, onde estão localizados e quais os seus diferenciais”, “Você cumpre os compromissos assumidos com seus clientes”, “Você busca diversificar os fornecedores e pesquisar constantemente os valores dos itens que adquire”, “Você sabe como calcular a produtividade de sua empresa” e “Sua empresa possui uma previsão/controle de vendas”) por apresentarem baixas cargas fatoriais nos fatores propostos inicialmente. Os oito

fatores explicam 54,4% das variações das medidas originais (32 questões), o que indica um razoável nível de representação dos dados. Após a confirmação dos construtos, procedeu-se a uma análise fatorial exploratória nos blocos (AFE), de modo a observar-se a unidimensionalidade dentro do conjunto de indicadores de cada fator. A realização da AFE revela se um indicador está presente em outro construto, comprometendo desta forma a confiabilidade do indicador. Neste procedimento, o instrumento manteve o mesmo número de itens da análise fatorial realizada anteriormente, indicando forte correlação entre os itens alocados em cada um dos fatores. A Tabela 2 apresenta as cargas fatoriais de cada construto, de acordo com a sua formação nos fatores e dentro do seu próprio bloco.

Indicadores Bloco F1 F2 F3 F4

Pessoas

Você treina seus funcionários para que eles conheçam os

produtos/serviços de sua empresa ,848 ,841 Você consegue identificar necessidades de treinamento ,792 ,831

Sua empresa possui uma equipe de vendas ,761 ,730

A equipe possui objetivos e estratégias de ação definidas ,715 ,687

A equipe possui metas de venda ,598 ,475

Você tem conhecimento da legislação trabalhista ,471 ,372 Caixa

Você possui informações referentes as suas disponibilidades

financeiras existentes ,731 ,649

Sua empresa controla as entradas e saídas de dinheiro ,711 ,642

Você sabe calcular o preço de venda do serviço/produto ,691 ,632

Sua empresa possui um controle para verificar os compromissos

a pagar ,683 ,610

Você sabe como calcular a necessidade de capital de giro ,630 ,593 Ponto de Venda

Você costuma fazer promoções nas datas comemorativas do ano ,803 ,797

Você faz contato com seus clientes para informá-los de

promoções ,769 ,731

Você sabe quais são as ações de promoção que são mais

adequadas ao seu negócio ,756 ,704

Você se preocupa em destacar seu ponto de venda dos da

concorrência ,581 ,489

Gestão de Suprimentos

Você sabe quanto tem em produtos e em valores no seu estoque ,778 ,682

Você utiliza alguma ferramenta para gerir a entrada e saída de

mercadorias ,741 ,628

Você realiza anotações referentes ao desempenho do fornecedor ,668 ,622

Você possui um cadastro básico de fornecedores ,666 ,609

Você controla os novos pedidos de mercadoria com o que já tem

no estoque ,577 ,507

Initial eigenvalue 7,36 2,31 1,60 1,45

% variância explicada – rotated (54,4%) 23,0% 7,2% 5,0% 4,5% KMO medida de adequação da amostra (KMO = 0,91)

Teste de Bartlet: qui-quadrado = 37082,161 (p = 0,000)

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10 Sua empresa gerencia as cobranças de crédito em atraso ,859 ,842

Sua empresa consegue verificar a taxa de inadimplência ,841 ,786

Sua empresa possui um controle formal para verificar os valores

a receber de clientes ,775 ,661

Qualidade

Você avalia se a qualidade oferecida por sua empresa está de

acordo com a expectativa de seus clientes ,767 ,641 Sua empresa possui alguma forma de padronização para garantir

a qualidade e a agilidade ,719 ,614

Você busca conhecer quais os fatores que influenciam na decisão

de compra de seu cliente ,689 ,465

Indicadores Bloco F1 F2 F3 F4

Planejamento

Você costuma colocar no papel aquilo que deseja para seu

negócio ,749 ,813

Sua empresa possui definições de objetivos e Metas ,733 ,639

Você busca informações a respeito do seu mercado de atuação ,682 ,468 Clientes

Você sabe onde estão localizados seus clientes ,783 ,658

Sua empresa possui um cadastro de clientes ,759 ,651

Você conhece as expectativas de seus clientes ,666 ,502

Initial eigenvalue 1,34 1,23 1,1 1,0

% variância explicada – rotated (54,4%) 4,2% 3,9% 3,4% 3,2% KMO medida de adequação da amostra (KMO = 0,91)

Teste de Bartlet: qui-quadrado = 37082,161 (p = 0,000)

Tabela 2. Análise Fatorial (rotação Varimax)

A fidedignidade dos fatores foi apontada pelos coeficientes do alfa de Cronbach. O instrumento apresentou valor igual a 0,89, enquanto os coeficientes dos fatores situaram-se entre 0,54 e 0,80, apontando boa consistência interna em cinco dos oito constructos (Tabela 3). Os constructos Planejamento, Clientes e Qualidade apresentaram coeficientes abaixo do indicado pela literatura (que deve variar entre 0,60 e 0,70 para estudos de natureza exploratória – Malhotra (2001)), mas por estarem próximos desse limite foram mantidos para análise. Constructos Número de itens Coeficiente Alfa 1. Pessoas 6 0,80 2. Crédito 3 0,77 3. Caixa 5 0,72 4. Gestão de Suprimentos 5 0,72 5. Ponto de Venda 4 0,70 6. Planejamento 3 0,57 7. Clientes 3 0,54 8. Qualidade 3 0,54

Tabela 3. Alfa de Cronbach dos fatores do instrumento 4. Resultados

De modo a se analisar o impacto da TI na gestão de negócios das MPE, três análises foram realizadas: a primeira, comparando-se a gestão de negócios das empresas que afirmaram utilizar computador no seu trabalho com empresas não informatizadas; a segunda,

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11 comparando-se a gestão de negócios das empresas que afirmaram utilizar internet para o trabalho com aquelas empresas sem internet; e a terceira, analisando-se os possíveis relacionamentos entre o uso do computador e da internet no trabalho e a realização das diferentes atividades administrativas investigadas.

Na primeira análise utilizou-se o teste t de student, objetivando verificar a existência de diferença estatística significativa (ao nível de 5%) entre a percepção dos empresários das MPE que possuem computador contra aqueles que não possuem esse recurso. Comprovou-se a existência de diferença estatística significativa em todas as oito variáveis analisadas, apontando um maior nível de execução de atividades administrativas para as empresas informatizadas (Tabela 4).

Tabela 4 – Gestão de negócios nas MPE informatizadas e nas não informatizadas

Pôde-se perceber que em todos os constructos analisados as empresas que possuem computador obtiveram média superior às demais empresas. Com relação às atividades ligadas ao planejamento, à gestão de suprimentos e aos clientes, essas diferenças são mais acentuadas. A gestão de suprimentos pode ser potencializada com o uso da TI, especialmente através de sistemas que permitam controlar a entrada e saída de produtos, além de direcionar futuras compras e acompanhamento das ordens efetuadas junto aos fornecedores – atividades predominantemente operacionais, o que corrobora com resultados de estudos prévios (ALBANO, 2001; LIMA, 2007). Diferentemente, é o caso do constructo clientes, em que o enfoque do uso da TI é mais informacional, havendo a necessidade de explorar o uso de bancos de dados que contenham informações a respeito dos seus clientes, bem como histórico de compras e suas preferências. Chama a atenção o constructo planejamento, que normalmente é apontado na literatura como um aspecto pouco impactado pela TI nas MPE e que nesta pesquisa aparece como sendo facilitada pelo uso do computador.

A segunda análise também foi realizada utilizando-se o teste t de student, verificando dessa vez a existência de diferença estatística significativa (ao nível de 5%) entre a percepção dos empresários das MPE que utilizavam internet no trabalho contra aqueles que não a possuíam. Da mesma forma que o teste anterior, comprovou-se a existência de diferença estatística significativa em todas as oito variáveis analisadas, apontando para uma melhor gestão aquelas empresas que fazem uso da internet para o seu trabalho (Tabela 5).

Variáveis n Média Diferença p

Internet Sem Internet Sem

1. Planejamento 2.544 1.796 2,27 1,92 0,35 0,000

2. Gestão de Suprimentos 2.544 1.796 2,17 1,87 0,30 0,000

Variáveis N Média Diferença p

Computador Sem Computador Sem

1. Planejamento 2.665 1.675 2,25 1,92 0,33 0,000 2. Gestão de Suprimentos 2.665 1.675 2,17 1,85 0,32 0,000 3. Clientes 2.665 1.675 2,27 1,98 0,29 0,000 4. Pessoas 2.665 1.675 2,12 1,84 0,28 0,000 5. Crédito 2.665 1.675 2,36 2,10 0,26 0,000 6. Caixa 2.665 1.675 2,33 2,13 0,20 0,000 7. Ponto de Venda 2.665 1.675 2,07 1,91 0,16 0,000 8. Qualidade 2.665 1.675 2,34 2,21 0,13 0,000

(12)

12 3. Clientes 2.544 1.796 2,28 1,99 0,29 0,000 4. Pessoas 2.544 1.796 2,13 1,85 0,28 0,000 5. Crédito 2.544 1.796 2,37 2,11 0,26 0,000 6. Caixa 2.544 1.796 2,33 2,14 0,19 0,000 7. Ponto de Venda 2.544 1.796 2,08 1,91 0,17 0,000 8. Qualidade 2.544 1.796 2,35 2,20 0,15 0,000

Tabela 5 – Gestão de negócios nas MPEs que utilizam a internet no trabalho e as que não utilizam Da mesma forma que no teste anterior, os constructos Planejamento, Gestão de Suprimentos e Clientes aparecem como aqueles cuja diferença entre as empresas que possuem tecnologia – desta vez utilizando a internet no seu dia-a-dia – é mais acentuada que as demais. A internet pode auxiliar as MPE tanto na busca quanto na recuperação de informações sobre o seu negócio, seus clientes e até mesmo seus fornecedores (TURBAN et

al., 2010). Além disso, permite uma maior aproximação de seus parceiros, seja consultando

sites de fornecedores ou ainda utilizando ferramentas de comunicação tanto com os fornecedores quanto seus clientes. Segundo Chong et al. (2009) o uso de tecnologias, especialmente a internet, torna a comunicação mais eficiente e efetiva entre os fornecedores e clientes, possibilitando um melhor fluxo informacional.

A terceira análise utilizou-se do coeficiente de correlação de Pearson (Tabela 6) com o intuito de analisar os possíveis relacionamentos entre o uso do computador e da internet com o desempenho da gestão de negócios das empresas estudadas. Este mesmo coeficiente já foi utilizado em outros trabalhos da área de SI, buscando observar as relações existentes entre diferentes variáveis e a tecnologia de informação (YIU, GRANT e EDGAR, 2007). Os resultados apontam para uma baixa correlação positiva entre o uso do computador e da internet na gestão de negócios dessas empresas.

Planeja-

mento Clientes Pessoas

Supri- mentos

Quali- dade

Ponto de

Venda Crédito Caixa

Computa-dores ,253(**) ,284(**) ,280(**) ,286(**) ,096(**) ,115(**) ,189(**) ,203(**) ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 4340 4340 4340 4340 4340 4340 4340 4340 Internet ,315(**) ,313(**) ,259(**) ,295(**) ,149(**) ,158(**) ,213(**) ,210(**) ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 ,000 4340 4340 4340 4340 4340 4340 4340 4340

Tabela 6 – Gestão de negócios nas MPEs e a correlação com a informatização e a internet

Mesmo existindo uma baixa correlação entre as práticas de gestão de negócios das MPE e a utilização de computadores e internet, pode-se ressaltar alguns aspectos. A gestão dos suprimentos e clientes estão mais correlacionadas com a utilização de computadores da empresa, pois ambos constructos são mais relacionados com aspectos de controle onde a utilização de computadores podem auxiliar. Cadastro, localização e expectativas dos clientes, por exemplo, podem ser controlados e realizados utilizando tecnologias simples, como processadores de textos e planilhas, que auxiliam os gestores. Similarmente, essas tecnologias podem ser utilizadas para controlar estoques, entradas/saídas de produtos, cadastros de fornecedores e considerações sobre o desempenho do fornecedor.

Já internet, mais correlacionada com clientes e planejamento, pode ser utilizada para buscar informações a respeito do mercado de atuação e conhecer mais as expectativas dos clientes. Para desempenhar essas atividades, podem-se utilizar ferramentas na web com questionários e

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13 outras formas de captar a percepção dos clientes perante os produtos e/ou serviços oferecidos pelas MPE. A utilização da internet, segundo Oh, Cruickshank e Anderson (2009), auxilia na redução de custos e aumenta a eficiência em atividades como pesquisa de mercado e gerenciar as relações com os clientes.

5. Considerações Finais

O presente estudo investigou o impacto da TI na administração das MPE, relacionando o uso da TI às atividades administrativas exercidas nas diversas áreas funcionais das MPE do sul do Brasil. Foram mensurados os impactos da informatização, através da utilização de computadores, e do uso da internet na gestão de negócios, operacionalizadas pelos construtos: Planejamento, Clientes, Pessoas, Fornecedores, Qualidade e Produtividade, Ponto de Venda, Estoques, Vendas, Crédito e Caixa. Essa pesquisa foi realizada em um momento no qual o Brasil se destaca positivamente no cenário mundial no aspecto empreendedorismo. Na medida em que a TI se torna mais acessível financeiramente às MPE, cresce a importância de estudos que contribuam para a adoção e uso adequados da TI por essas empresas.

Essa pesquisa mostra diferenças significativas entre as empresas informatizadas e não informatizadas, tanto em termos de uso de computadores como de Internet, no que se refere ao nível de execução das atividades administrativas investigadas, sendo maior a diferença nas questões relacionadas a suprimentos, clientes e planejamento. Também o estudo revelou uma relação positiva e significativa estatisticamente entre a quantidade de recursos computacionais disponibilizados na empresa e o nível de atividades administrativas realizadas. Foi identificado que o uso dos computadores está mais relacionados com aspectos internos nas MPE, para controlar estoques e entradas/saídas de produtos e atividades de cadastros para auxiliar a tomada de decisão dos gestores dessas empresas. Essas constatações estão de acordo com Laudon e Laudon (2007), onde os autores colocam que os sistemas de informação proporcionam suporte à tomada de decisões e ao controle das atividades nas empresas.

A internet é mais utilizada para aspectos relacionados ao mercado externo, na obtenção de informações sobre fornecedores e clientes, este último possibilitando utilizar ferramentas via web para melhor conhecê-los e possibilitar a criação de ações para atender suas expectativas. Segundo Dolci e Becker (2007), o uso da internet nas empresas, facilita a troca de informações ou intermediada por base de dados, entre pessoas e processos, demonstram a utilização organizacional da TI não só no apoio à estruturação e à direção, mas, também, no apoio à interação entre as empresas com seus fornecedores e clientes.

Os resultados obtidos na presente pesquisa são estimuladores no sentido em que demonstram que os investimentos em TI realizados pelas MPE brasileiras, identificados nessa pesquisa através da aquisição de computadores e acesso à internet, estão sendo convertidos em melhores práticas administrativas. Espera-se que esta pesquisa possa auxiliar os executivos de diferentes MPE a melhor planejarem seus projetos de TI, sem esquecer que muito do sucesso da implantação de uma tecnologia passa pela estrutura que a organização possui e pela identificação dos benefícios esperados, riscos e custos envolvidos na sua adoção. Dessa forma, a TI poderá exercer um impacto ainda maior no desempenho dessas organizações, justificando assim a realização de tais investimentos.

Como limitações do estudo, pode-se destacar a escala likert utilizada, proposta pelo SEBRAE/RS, que possuía apenas três pontos, sendo este problema minimizado pelo tamanho significativo da amostra, passando de 4000 MPE. Além disso, os resultados e as implicações obtidas neste estudo devem levar em conta alguns cuidados no que diz respeito à amostra

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14 estudada, a qual foi realizada em algumas cidades do extremo sul do Rio Grande do Sul, limitando, portanto, sua possibilidade de generalização.

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