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BIOTECNOLOGIA E AGRICULTURA da ciência e tecnologia aos impactos da inovação

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Resumo: O texto mostra a evolução recente da biotecnologia agrícola, sua situação no Brasil atual, e faz um balanço de seus impactos econômicos e sociais. Chama atenção para o fato de esta tecnologia ter passado rapidamente do estágio de ciência para o de inovação, com impactos significativos na economia nacional. Palavras-chave: Biotecnologia agrícola. Impactos econômicos. Transgênicos.

Abstract: The paper show the recent agriculture biotechnology evolution, the brazilian situation and does a balance of the economics and socials impacts. The paper call attention to the fact of that technology to be quickly changing from the science’s level to the innovation one, with significant impacts in the national economy.

Key words: Agricultural biotechnology. Economic impacts. Transgenic. JOSÉ MARIA FERREIRA JARDIMDA SILVEIRA

IZAIASDE CARVALHO BORGES

ANTONIO MÁRCIO BUAINAIN

om a descoberta da tecnologia do DNA recom-binante, a emergência da biotecnologia moderna nos anos 70 significou uma mudança radical no

BIOTECNOLOGIA E AGRICULTURA

da ciência e tecnologia aos impactos da inovação

padrão tecnológico e organizacional de todos os setores que direta ou indiretamente estão ligados às “ciências da vida”. A agricultura – e toda a cadeia produtiva da agroin-dústria – está entre os setores que mais impactos vem so-frendo com a descoberta dessa nova tecnologia.

Primeiramente, a biotecnologia moderna causou mudanças radicais na estrutura do mercado da indústria de fertilizantes e de sementes e, conseqüentemente, a indústria de insumos sofreu impactos. Depois, a partir de 1996, ela passou a ser introduzida na agricultura, por meio de sementes geneticamente modificadas. Finalmen-te, ela também começa a causar impacto na indústria de processamento, com a necessidade de rotulagem e

rastreamento dos produtos derivados de cultivos gene-ticamente modificados.

Este artigo visa mostrar a evolução do crescimento da produção de cultivos geneticamente modificados e seus principais impactos econômicos, a partir de 1996. Na pri-meira parte faz uma breve descrição da biotecnologia agrí-cola moderna, suas principais aplicações, sua difusão, principais produtos e produtores. Em seguida, apresenta uma análise da biotecnologia no Brasil, país com grande peso no comércio mundial de commodities, com boa infra-estrutura científica e tecnológica, mas com sérios obstá-culos institucionais que o impedem de ter grande inser-ção no comércio mundial de cultivos geneticamente modificados. E, finalmente, analisa os principais estudos de impactos econômicos da difusão dos cultivos geneti-camente modificados na agricultura, para os três grupos

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2,8 12,8 39,9 44,2 52,6 58,7 67,7 27,8 0 10 20 30 40 50 60 70 80 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 Anos Área plantada em milhões de hectares

de commodities com maior proporção de variedades gene-ticamente modificadas: soja, algodão e milho. Os impactos são estudados sobre três variáveis: custo de produção, produtividade e inserção no mercado.

BIOTECNOLOGIA E AGRICULTURA

A biotecnologia pode ser definida como um conjunto de técnicas de manipulação de seres vivos ou parte destes para fins econômicos. Esse conceito amplo inclui técni-cas que são utilizadas em grande escala na agricultura desde o início do século XX, como a cultura de tecidos, a fixação biológica de nitrogênio e o controle biológico de pragas. Mas o conceito inclui também técnicas modernas de modificação direta do DNA de uma planta ou de um organismo vivo qualquer, de forma a alterar precisamen-te as caracprecisamen-terísticas desse organismo ou introduzir novas. A técnica de transferência e modificação genética di-reta, conhecida como engenharia genética ou tecnologia do DNA recombinante, mais a genômica, ficaram conhe-cidas como “biotecnologia moderna”, em contraposição à “biotecnologia tradicional ou clássica”, que inclui as técnicas tradicionais, que manipulam seres vivos sem manipulação genética direta.

Portanto, o surgimento da biotecnologia moderna marca o início de um novo estágio para a agricultura e reserva um papel de destaque à genética molecular. Os avanços no campo da genética vegetal têm como efeito reduzir a dependência excessiva da agricultura das inovações me-cânicas e químicas, que foram os pilares da revolução verde. Além do aumento da produtividade, a biotecnologia moderna pode contribuir para a redução dos custos de produção, para a produção de alimentos com melhor qua-lidade e para a o desenvolvimento de práticas menos agres-sivas ao meio ambiente.

Assim, a principal contribuição da biotecnologia mo-derna à agricultura é a possibilidade de criar novas espé-cies a partir da transferência de genes entre duas outras distintas. Essa transferência visa ao desenvolvimento de uma planta com um atributo de interesse econômico, como é o caso das plantas resistentes a vírus ou a pragas.

Os primeiros experimentos com cultivos geneticamen-te modificados (GM) foram feitos em 1986, nos Estados Unidos e na França. A primeira variedade comercializada de uma espécie vegetal produzida pela engenharia gené-tica foi o “tomate FlavrSavr”, desenvolvido pela empresa americana Calgene e comercializada a partir de 1994 (BORÉM; SANTOS, 2001).

Entre 1987 e 2000 foram realizados mais de 11.000 en-saios de campo em 45 países, com mais de 81 cultivos GM diferentes. As culturas mais freqüentemente testadas fo-ram milho, tomate, soja, canola, batata e algodão, e as ca-racterísticas genéticas introduzidas foram tolerância a herbicidas, resistência a insetos, qualidade do produto e resistência a vírus (BORÉM; SANTOS, 2001).

A utilização de cultivos GM para fins comerciais e em grande escala iniciou-se em 1996, nos Estados Unidos, com a introdução da soja RR. Como mostra o Gráfico 1, entre 1996 e 2003, a área plantada com cultivos GM cres-ceu de 2,8 milhões para 67,7 milhões de hectares.

GRÁFICO 1

Expansão Mundial da Produção de Cultivos GM 1996-03

Fonte: James (2004).

Quanto aos atributos dos cultivos GM, há uma concen-tração nos cultivos tolerantes a herbicidas e nos resisten-tes a insetos. Em 2003, da área total com cultivos GM, 73% referiam-se a variedades tolerantes a herbicidas, 18% a variedades resistentes a insetos e 9% apresentavam as duas funções (JAMES, 2004).

Quanto aos produtos, a produção de cultivos GM está concentrada em quatro grupos de commodities de grande valor do comércio mundial: soja, milho, algodão e canola. Como mostra o Gráfico 2, a soja é o principal produto, pois responde por cerca de 60% da área mundial plantada com cultivos GM. Quanto à taxa de difusão (relação entre a produção de cultivos GM e os cultivos convencionais), a soja também se destaca dos demais, pois sua taxa de adoção em 2003 foi de cerca de 55% em relação a produção mundial, como mostra o Gráfico 3. Nos Estados Unidos e na Argentina (primeiro e terceiro maiores produtores mundiais), essa taxa atinge 85% e 99%, respectivamente.

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0,29 0,46 0,52 0,54 0,58 0,63 0,62 0,61 0,18 0,29 0,30 0,28 0,23 0,19 0,21 0,23 0,47 0,13 0,09 0,09 0,13 0,13 0,12 0,11 0,06 0,09 0,09 0,06 0,05 0,05 0,05 0,11 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Soja Milho Algodão Canola

100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Anos Em % da área plantada GRÁFICO 2

Distribuição dos Cultivos GM, por Produtos 1996-03

Fonte: Elaborado a partir de James (vários anos).

GRÁFICO 3

Taxa de Adoção de Cultivos GM, por Produtos 2003 Fonte: James (2004). 41,4 7,2 34,6 26,8 18,4 124,5 15,5 3,6 0 20 40 60 80 100 120 140 160

Soja Algodão Canola Milho

Área de Transgênicos Área de Não-Transgênicos Em milhões de hectares

(55% ) (21% ) (16% ) (11% )

Como já foi mencionado antes, a difusão dos GM tem sido acelerada. Entre 1996 e 2003, a taxa de crescimento geométrico anual da área plantada com cultivos trans-gênicos foi de 46,42%. Apesar da grande participação dos Estados Unidos, a Tabela 1 mostra que a difusão ocorreu também nos países em desenvolvimento, com destaque

para a Argentina, que apresentou no mesmo período uma taxa de crescimento geométrico anual de 80%.

Atualmente, os cultivos GM estão presentes em 18 paí-ses, os quais têm grande peso na economia regional e mundial. Os dez principais produtores de cultivos GM em 2003 tinham população de aproximadamente 3 bilhões de pessoas e PIB de US$ 13 trilhões, quase a metade dos US$ 30 trilhões do PIB mundial. Afora os Estados Unidos, estão entre os países produtores de cultivos GM: os três países mais populosos da Ásia (China, Índia e Indonésia) as três maiores economias da América Latina (Brasil, Mé-xico e Argentina) e a principal economia africana (África do Sul).

Além do peso nas economias regionais, os países pro-dutores de cultivos GM destacam-se também no comér-cio mundial de commodities. Como mostra a Tabela 2, os maiores produtores mundiais de soja, milho e algodão já adotaram cultivos GM.

A dimensão da difusão geográfica dos cultivos GM fica mais evidente quando são analisados os principais pro-dutos disponíveis e aprovados para comercialização.1

Como a produção de soja, milho e algodão é concentrada em poucos países, é natural que a quantidade de países que produzem as variedades GM não seja muito maior. A soja, por exemplo, tem 93% da produção mundial cultiva-da em apenas cinco países. No caso do milho e do algo-dão, a concentração é um pouco menor, mas ainda assim é muito elevada: os cinco maiores produtores representam

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TABELA 1

Expansão da Área Plantada com Cultivos Transgênicos 1996-03

Áreas com Em milhões de hectares Taxa de Crescimento

Cultivos Transgênicos Geométrico Anual

1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 (%) Total 2,8 12,8 27,8 39,9 44,2 52,6 58,7 67,7 46,4 Países Desenvolvidos 1,6 9,5 23,4 32,8 33,5 39,1 42,7 47,3 47,7 Estados Unidos 1,5 8,1 20,5 28,7 30,3 35,7 39 42,8 48,7 Países em Desenvolvimento 1,2 3,3 4,4 7,1 10,7 13,5 16 20,4 45,5 Argentina 0,1 1,4 4,3 6,7 10 11,8 13,5 13,9 80,0

Fonte: Elaborado a partir de James (vários anos).

TABELA 2

Participação na Produção Total dos Cinco Principais Produtores Mundiais de Soja, Milho e Algodão

Países Selecionados – 2003

Participação na Adoção de Cultivos Produtos / Países

Produção Mundial (%) GM

Soja (em grãos)

Total 93,0

Estados Unidos 35,0 Sim (85%)

Brasil 27,0 Sim (10-20%) Argentina 18,0 Sim (99%) China 9,0 Não Índia 4,0 Não M i l h o Total 71,0

Estados Unidos 40,0 Sim (30%)

China 18,0 Não

Brasil 7,0 Não

México 3,0 Sim (1)

Argentina 2,0 Sim (1)

Algodão (em plumas)

Total 71,0

China 26,0 Sim (58%)

Estados Unidos 20,0 Sim (37%)

Índia 12,0 Sim (1)

Paquistão 9,0 Sim (1)

Brasil 4,0 Não

Fonte: FNP-Agrianual (2004) e James (2004). (1) Sem informação exata sobre a taxa de adoção.

71% da produção mundial. Assim, o importante é salientar que, como mostra a Tabela 2, dentre os maiores produto-res mundiais dessas commodities, todos já produzem ou fazem experimentos de campo com cultivos GM.

A existência de restrições ao comércio de produtos GM em diversos países, especialmente na União Européia, não impediu seu vigoroso crescimento no mercado mundial. Entre 2002 e 2003, o valor comercializado com GM aumen-tou de US$ 4 bilhões para algo estimado entre US$ 4,5 bi-lhões e US$ 4,75 bibi-lhões. Em 2002, a participação mundial desse tipo de cultivo já era de 15% dos US$ 31 bilhões do mercado global de proteção de plantas e 13% dos US$ 30 bilhões do mercado de sementes. Entretanto, esse valor de mercado baseia-se apenas no preço das sementes acresci-do das taxas de tecnologias aplicáveis (JAMES, 2004).

Se for considerado também o volume de comércio das três principais commodities com cultivos GM, o valor do mercado mundial é bem maior do que os US$ 4,5 bilhões. A Tabela 3 apresenta um valor subestimado do volume de produção e de exportação mundial de cultivos GM em 2003. Esses valores estão subestimados porque não incluem a produção de canola e porque não é possível mensurar cor-retamente a produção em países como o Brasil devido à vasta produção clandestina.

Tomando como base os dados sobre as taxas de ado-ção apresentados por James (2004) estima-se que a ção total de cultivos GM dos três principais produ-tos foi de aproximadamente US$ 30 bilhões em 2003 (Tabe-la 3). Já as exportações de cultivos GM de soja, algodão e milho em 2003, foi de aproximadamente US$ 8,3 bilhões. A soja é o principal produto GM em termos de volume de ex-portações, representando 90% das exportações de culti-vos GM em 2003.

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TABELA 3

Volume Estimado da Produção e da Exportação Mundial de Cultivos GM, por Produtos

2003

Volume da Produção Produção

e Exportação Soja Algodão Milho Total

Produção Total Em milhões de toneladas 196 19 599 814 Em milhões de US$ (1) 41.885 890 57.264 100.039 Taxa de Adoção de Transgênicos (%) 55,0 21,0 11,0 Produção de Transgênicos Em milhões de toneladas 108 4 66 178 Em milhões de US$ (1) 23.037 187 6.299 29.523 Exportação Em milhões de toneladas 63 6,6 76 146 Em milhões de US$ (1) 13.463 309 7.265 21.037 Taxa de Adoção de Transgênicos (%) 55,0 21,0 11,0 Exportação de Transgênicos Em milhões de toneladas 35 1 8 44 Em milhões de US$ (1) 7.405 65 799 8.269 Fonte: James (2004); FNP (2004).

(1) Calculado com base no preço de primeira entrega em Chicago.

BIOTECNOLOGIA AGRÍCOLA NO BRASIL

O Brasil é um país com grande potencial para o desen-volvimento da biotecnologia agrícola. Em primeiro lugar, é um país detentor de grande diversidade biológica e o mais rico em plantas, animais e microorganismos, com cerca de 20 % do total existente. No caso de plantas superiores, o Brasil possui cerca de 55 mil espécies, o equivalente a 21% do total classificado em todo o mundo. Essa elevada con-centração de biodiversidade mostra que existe um eleva-do número de genes tropicais e de genomas funcionais (VALOIS, 2001).

Em segundo lugar, dentre os países em desenvolvimen-to, o Brasil é considerado um Super NARS. Ou seja, é um país que possui um forte sistema nacional de pesquisa agrícola (TRAXLER, 2000). O Brasil é o único país tropical considerado um grande player no cenário agrícola mun-dial. Essa posição foi conquistada com muitos anos de

pes-quisa científica voltada para um melhor aproveitamento das suas vantagens naturais: clima tropical e subtropical, cer-rados (que permitem rápida expansão da área cultivada e aumento rápido da produtividade) e germoplasma selecio-nado e adaptado de grande variabilidade (obrigação fren-te à grande variabilidade ambiental). A pesquisa científica contribuiu não apenas para o aumento da produtividade, mas também para a melhora na qualidade dos produtos e para o aumento da diversificação da produção. A produ-ção de soja na região Centro-Oeste e a de frutas na região Nordeste são exemplos da contribuição da pesquisa para a diversificação.

No caso da biotecnologia, o Brasil possui uma ampla rede de pesquisa, que tem a liderança do setor público, mas conta também com a participação de empresas priva-das. Nas pesquisas genômicas, por exemplo, diversas eta-pas foram realizadas com a ajuda do setor privado.

Atualmente existem no Brasil diversos grupos em ins-tituições públicas e universidades que estão desenvolven-do pesquisas com transgenia e genômica. Em 2000 havia 6.616 pesquisadores trabalhando com biotecnologia no país, distribuídos em 1.718 grupos e 3.814 linhas de pes-quisas. As ciências agrárias lideravam os grupos, com 1.075 linhas de pesquisa. Grande parte dessa pesquisa estava concentrada em instituições públicas, mas, nos últimos anos, vem crescendo a participação das empresas priva-das (SALLES FILHO, 2000).

Como mostra o Quadro 1, as pesquisas com transgenia no país têm a liderança da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa e de algumas universidades pú-blicas. As pesquisas são direcionadas não apenas ao de-senvolvimento de transgênicos com “propriedades agro-nômicas” (como resistência a pragas e tolerância a agrotóxicos), mas também com modificações na qualidade de produto, como é o caso da pesquisa para o desenvol-vimento de um eucalipto com maior produção de celulose. Outra área de destaque no Brasil é a da genômica. As pesquisas genômicas tiveram início em maio de 1997, com a iniciativa da Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp em organizar a Rede ONSA (do in-glês, Organização para o Seqüenciamento e Análise de Nucleotídeos), que é um instituto virtual de genômica for-mado inicialmente por 30 laboratórios de diversas institui-ções de pesquisa do Estado de São Paulo.

Além da Fapesp, o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) e o Conselho Nacional de Pesquisa – CNPq estão financiando diversos projetos genomas no país. Em de-zembro de 2000, eles lançaram o Projeto Genoma

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Brasilei-ro com a participação de 25 laboratórios de biologia molecular, distribuídos em todas as regiões geográficas do país (DAL POZ et al., 2004).

Há financiamento para diversos estudos genômicos no campo da saúde humana,2 mas grande parte deles está

vol-tada para a resolução de problemas da agricultura. O Qua-dro 2 mostra, de forma resumida, os principais estudos genômicos de plantas e de outros organismos de interes-se para agricultura deinteres-senvolvidos nos últimos anos. Afo-ra esses, iniciou-se em 2002, com financiamento da Fapesp, o estudo do genoma funcional do boi, que poderá ter gran-de impacto na pecuária brasileira.

Além do setor público, a rede de pesquisa e inovação no Brasil conta com a participação ativa do setor privado. Um estudo realizado em 2001 pela Fundação Biominas, com base em dados da Base de Dados Tropicais (BDT) e da As-sociação Brasileira de Empresas de Biotecnologia (Abrabi), identificou a existência de 304 empresas de biotecnologia no país, distribuídas em 10 segmentos de mercado, dentre as quais, 37 atuam em agronegócios (JUDICE, 2004).

Uma parte considerável das empresas de biotecnologia no mercado de agronegócios produz e comercializa se-mentes melhoradas e conta com a participação das gran-des empresas multinacionais, como Monsanto e Dupont. Mas também existem empresas que atuam em outros seg-mentos, como a produção de mudas e matrizes e a produ-ção de inoculantes e de controle biológico (FONSECA et al., 2004).

Entretanto, apesar de existir uma forte rede de pesqui-sas e desenvolvimento e de o país ser um grande produtor e exportador agrícola, a difusão de organismos genetica-mente modificados na agricultura é muito inferior à realiza-da nos outros competidores no comércio internacional,

como os Estados Unidos e Argentina. Em 2003, a produ-ção de transgênicos no Brasil representava apenas 4% da produção mundial. Além disso, a soja RR era o único pro-duto transgênico produzido no país, embora este também fosse produtor de milho e algodão (JAMES, 2004).

A dificuldade para criar um quadro regulatório estável e coerente nos últimos oito anos foi a principal causa para o atraso do Brasil em relação aos seus concorrentes. Ape-sar do Decreto no 1.752, de 20 de dezembro de 1995, que

regulamentou a Lei de Biossegurança e conferiu a CTNBio o poder de emitir pareceres conclusivos, uma ação judicial movida pelo Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e pelo Greenpeace impede a produção e a comer-cialização desses produtos desde 1998.

Entretanto, essa situação não impediu a difusão clandestina da soja transgênica no país, principalmente no estado do Rio Grande do Sul. O grande volume de colheita transgênica nesse estado forçou o governo federal a emitir, em 2003, uma medida provisória que liberava essa colheita.

Em 2004, a área cultivada com soja transgênica no Bra-sil foi de 5.610 milhões de hectares – o equivalente a qua-se um terço da área cultivada com soja convencional. Mas, considerando-se as vantagens da soja transgênica para os produtores e um possível avanço no quadro regulatório da biossegurança, as projeções são de aumento da parti-cipação da soja transgênica na produção brasileira.

Assim, a aprovação e sanção recente de uma Lei de Biossegurança criaram grandes expectativas em diversos setores envolvidos com alguma atividade no campo da biotecnologia: instituições públicas de pesquisa, univer-sidades, empresas privadas nacionais e estrangeiras e fun-dos de investimento ao capital de risco.

QUADRO 1

Pesquisas da Embrapa para o Desenvolvimento de Plantas Geneticamente Modificadas

Produtos Instituição

• Plantas que produzem hormônios Embrapa/Unicamp

• Mamão resistente ao vírus da manda anelar Embrapa

• Feijão tolerante ao vírus do mosaico dourado Embrapa

• Soja tolerante à herbicida Embrapa

• Milho com alto teor de metionina Embrapa

• Milho e Sorgo resistente à alumínio Embrapa

• Batata resistente a vírus Embrapa

• Arroz resistente a insetos Universidade Federal do Rio de Janeiro

• Laranja resistente a vírus Allelyx

• Maracujá resistente a doenças Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Esalq • Eucalipto com maior produção de celulose Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz – Esalq

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OS IMPACTOS ECONÔMICOS DOS CULTIVOS GENETICAMENTE MODIFICADOS

Neste item será feita uma análise dos impactos econô-micos da difusão da biotecnologia moderna na agricultura. A principal questão é saber se o uso da nova tecnologia aumenta a competitividade do produtor agrícola perante seus concorrentes. Para isso, serão analisados os impac-tos sobre o nível de cusimpac-tos de produção e de produtivida-de e a inserção dos cultivos GM no mercado.

A literatura sobre os impactos dos cultivos GM ainda é muito escassa. Grande parte dos estudos está concentra-da nos impactos sobre custos e produtiviconcentra-dade na produ-ção de soja RR nos Estados Unidos e na Argentina, de algodão Bt na China e de milho Bt na Espanha e nos Esta-dos UniEsta-dos.

Impactos Econômicos Diretos: Custos e Produtividade

A seguir, serão mostrados os principais impactos eco-nômicos dos cultivos GM comercializados atualmente no mundo, segundo seus atributos: tolerância a herbicida e resistência a insetos.

Cultivos Tolerantes a Herbicidas – A soja RR é o

princi-pal produto do grupo dos cultivos GM tolerantes a herbicidas. Foi desenvolvida com a introdução do gene da bactéria Agrobacterium tumefaciens em seu DNA. Essa bactéria vive naturalmente no solo e é resistente ao glifosato – um herbicida de amplo espectro. Assim, a soja que recebe o gene dessa bactéria também torna-se resis-tente.

Segundo Bonny (2003), uma das principais vantagens da soja RR é a simplificação do trabalho de remover as ervas daninhas. Na soja convencional, os produtores precisam fazer diversas aplicações de herbicidas e mesmo assim muitas são de difícil controle. Assim, a soja RR facilita a gerência da erva daninha, simplifica o uso de herbicidas e reduz o risco e falta de controle sobre as pragas.

Além dessas vantagens, alguns autores também rela-tam impactos significativos sobre os custos de produção e produtividade. Segundo Hubbell e Welsh (1998), em 1996, nos Estados Unidos, a adoção da soja RR provocou uma redução de custos por hectare entre US$ 17 e US$ 30 no país como um todo. Moschini et al. (2000) estimou um ga-nho de custo de US$ 20 por hectare. Em alguns estados, a diferença de custos entre a soja RR e a tradicional foi in-significante, como é o caso do Estado de Iowa (DUFFY, 2001). Em outros, a diferença de custos chegou a US$ 40 ou mais (GIANESSI et al., 2002).

Na Argentina, os principais benefícios da soja RR para os produtores foram a redução dos custos de produção e a expansão da área plantada. De acordo com Trigo et al. (2003), a grande vantagem da soja RR foi a redução do custo variável, principalmente a redução dos gastos com herbi-cidas, máquinas e mão-de-obra. A redução dos custos desses três fatores foi mais que suficiente para compensar o aumento do custo com sementes.

Segundo Trigo et al. (2003), a soja transgênica não só causou impacto sobre os custos de produção, como tam-bém sobre o rendimento e os volumes de produção e co-mércio. Na Argentina, a soja RR contribuiu para o aumento da área com plantio direto e, conseqüentemente, para o aumento da área plantada. Entre 1996 e 2003, a área planta-da com soja aumentou de 6,4 milhões para 12,8 milhões de

QUADRO 2

Estudos Genômicos no Brasil: Plantas, Fitopatógenos e Microorganismos de Interesse para a Agricultura

Projeto Instituição

• Xylella fastidiosa Fapesp e Fundecitrus

• Genoma Cana Fapesp e Canavialis

• Programa Genoma do Estado do Paraná Universidade Federal do Paraná/MCT/CNPq

• Programa Genoma do Estado do Rio de Janeiro Universidade Federal do Rio de Janeiro/MCT/CNPq

• Rede Genômica no Estado da Bahia Universidade Estadual de Campinas/MCT/CNPq

• Genoma da Laranja Alellyx

• Genoma Xanthomonas Fapesp

• Projeto Forests Fapesp

• Genoma da Banana Embrapa

• Leifsonia xyli Fapesp

• Genoma do Café Embrapa

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TABELA 4

Impactos da Adoção de Algodão Bt nas Principais Regiões Produtoras 1999-2001

Participação

Variações no Custo dos Insumos e do Rendimetno após a Taxa de Variação na

na Produção Introdução do Algodão Bt (Em %) Adoção do Produtividade

Países/Regiões Mundial Algodão BT Induzida pelo

(Em %) (Em %) Algodão Bt

Inseticidas Sementes Mão-de-Obra Rendimento

Austrália 4,3 -80 80 -2 0 25 3,24 China 15,1 -82 220 -9,5 15 58 7,65 Índia 16 -49 386 34 58 25 10,2 E U A 15,5 -80 80 -2 0 37 1,74 Canadá 2,7 -77 166 -15 8,5 30 1,49 América Latina 7,5 -46 166 17 33 5 1,85 África do Sul 1,3 -25 110 -8 18 40 8,21

África Central e Ocidental 5,1 -25 110 -8 18 25 5,29

Fonte: Elbehri; Macdonald (2005).

hectares. Como essa expansão ocorreu através da combi-nação de plantio direto-soja de segunda, não houve a subs-tituição de outros cultivos (TRIGO et al., 2003).

A introdução da soja GM na Argentina apresentou ain-da dois outros resultados: aumento do rendimento e ain-das ex-portações. Entre 1996 e 2003, o rendimento na produção de soja na Argentina aumentou cerca de uma tonelada por hectare: passou de 1.720 kg/ha para 2.764 kg/ha. Já a expor-tação, somando a de grãos e a de derivados (farelos e óleo), mais do que triplicou em sete anos (TRIGO et al., 2003).

O aumento da produção de soja na Argentina nesse período objetivou essencialmente o mercado externo. Em 2003, 97% da produção de farelo e 99,5% de óleo foram exportadas. No mesmo ano, esses dois produtos argenti-nos representaram, respectivamente, 41,3% e 47,9% das exportações mundiais (FNP, 2004).

Cultivos Resistentes a Insetos – A principal vantagem

econômica dos cultivos GM resistentes a insetos é a redu-ção dos gastos com inseticidas, implicando uma reduredu-ção no custo variável de produção. Assim, as vantagens de utilizar a variedade GM dependerão da participação dos gastos com inseticidas na planilha de custos do produtor. Quanto maior for a incidência de pragas, maiores serão as vantagens da variedade GM.

Os dois principais produtos resistentes a insetos co-mercializados atualmente são o algodão Bt e o milho Bt. O algodão Bt contém um gene da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt), resistentes a pragas de insetos e foi cultivado pela primeira vez em 1996, na Austrália, Méxi-co e nos Estados Unidos. Posteriormente foi introduzido

comercialmente em outros seis países: Argentina, China, Colômbia, Índia, Indonésia e África do Sul (JAMES, 2004). O algodão Bt é muito eficiente para combater pragas de lagartas, como a rosada do algodoeiro (Pectinophora gossypiella), e a cápsula do algodoeiro (Helicoverpa zea) e é parcialmente eficiente contra a lagarta do broto do ta-baco (Heliothis virescens) e a lagarta negra (Spodoptera frugiperda). Essas pragas prejudicam a produção em di-versas zonas produtoras de algodão, mas existem outras que não são combatidas pelo Bt e que continuam necessi-tando do uso de praguicidas químicos. Como conseqüên-cia, os efeitos do algodão Bt nas diversas regiões produ-toras serão diferentes, dependendo da intensidade de incidências de pragas suscetíveis ao Bt.

A produção de algodão convencional depende decisi-vamente dos inseticidas químicos para combater os inse-tos. Segundo o Relatório da FAO (Food and Agriculture Organization of the United Nations), a produção de algo-dão consome cerca de 25% de todos os praguicidas agrí-colas utilizados em todo o mundo. Na China – que é o maior produtor de algodão do mundo – até 1998, cerca de 20% do custo total da produção de algodão era com inse-ticidas (HUANG et al., 2003).

Os resultados mais evidentes do uso do algodão Bt são a redução dos custos, o aumento do rendimento e da pro-dutividade. A Tabela 4 apresenta um resumo de estudos dos impactos do algodão Bt nos diversos países produto-res. Os dados mostram que em todos os países houve re-dução de custos e incrementos de produtividade, com o seguinte padrão geral: os ganhos de produtividade foram significativos na Ásia (China e Índia) e na África do Sul,

(9)

mas foram pequenos nos Estados Unidos. Em compensa-ção, a redução dos custos com inseticidas foi maior nesse país do que nos demais, com exceção da China. A Índia, que teve o maior aumento da produtividade, também apre-sentou maior aumento no custo com sementes.

As diferenças entre os impactos sobre os custos, mos-tradas na Tabela 4, explicam-se pelas diferenças climáti-cas, que afetam a incidência de pragas. Nas regiões onde o uso de inseticidas é muito intenso, o algodão Bt é mais competitivo do que o tradicional – mesmo com o aumen-to do cusaumen-to da semente – pois a redução nos gasaumen-tos com inseticidas é muito grande (considerando que a participa-ção destes na planilha de custos é muito maior do que a participação da semente). Nos Estados Unidos, por exem-plo, em apenas dois estados – Louisiana e Tennessee – não houve aumento da produtividade com a utilização do algodão Bt. As diferenças regionais dos impactos estão relacionadas com a incidência de pragas. Eles são mais elevados nas regiões que têm maior incidência e que, por-tanto, utilizam grandes quantidades de inseticidas (MARRA et al., 2002).

O país que mais se beneficiou da queda no custo de produção foi a China. Entre 1999 e 2001, os gastos com inseticidas tiveram uma redução de 80%. Um estudo rea-lizado com 482 unidades produtivas de algodão – 337 produtores de algodão GM e 45 de algodão convencional – mostrou que, em média, o número de aplicações de in-seticidas por hectare nas unidades que produzem algodão Bt é um terço das demais. A quantidade (kg/ha) e o custo (em US$/ha) nas unidades produtoras de Bt é um sexto do das demais unidades (HUANG et al., 2003).

Além da redução dos gastos com inseticidas, o algo-dão Bt trouxe outras vantagens para os produtores. Nor-malmente a utilização de inseticidas químicos está relacio-nada com um inconveniente: as pragas desenvolvem resistências, o que, na ausência de outro produto eficien-te, inviabiliza a produção. Mas, no caso da tecnologia Bt, a ação contra as pragas estão sempre presentes na planta. Considerando que os agricultores aplicam os inseticidas químicos somente depois de detectar a presença das pra-gas e seus estragos, a tecnologia Bt impede a perda parci-al da lavoura. Além disso, a eficiência dos inseticidas quí-micos, ao contrário do Bt, depende também das condições metereológicas, já que a chuva pode impedir a ação dos produtos jogados sobre as plantas. Por fim, o algodão Bt oferece aos agricultores mais certeza de combate às pragas, já que é eficiente contra os insetos que têm criado resistência aos inseticidas químicos disponíveis (HUANG et al., 2003).

Os estudos com o milho Bt mostram resultados muito parecidos com os do algodão. A utilização do milho Bt também causou impactos positivos sobre a produtivida-de, sobre o lucro e sobre os custos de produção. Mas a amplitude desses impactos variou em função da incidên-cia de pragas em cada região (BROOKES, 2003).

Como no caso do algodão, a redução nos custos da pro-dução de milho convencional também está diretamente re-lacionada com a intensidade em que é aplicado inseticida. O estudo de Brookes (2003) comparou os custos das duas principais regiões produtoras de milho na Espanha – Sarinena e Barbastro. Na região de Sarinena, onde o uso de inseticidas era intenso, a redução do custo total de pro-dução foi de 23,5% em média; mas, em alguns casos, che-gou a 83,5%. Já na região de Barbastro, onde o uso de in-seticidas era muito reduzido, a adoção do milho Bt causou um aumento de 18,5% no custo total de produção, porque os custos mais elevados com sementes não foram compen-sados com a redução dos custos com inseticidas.

Além dos impactos sobre o custo, a utilização do milho Bt está permitindo um maior aproveitamento da safra para a produção de alimento humano e animal. Uma pesquisa recente em 107 unidades produtivas, mostrou que os ní-veis de fumonisinas (toxinas) encontradas nos grãos de milho Bt foram menores do que nas variedades conven-cionais. Por isso, a produção de milho Bt aumenta a por-centagem de grãos de milho que podem ser utilizados para consumo humano e rações (HAMMOND et al., 2004).

A Inserção no Mercado

Para a difusão de um novo produto não bastam custos de produção mais baixos ou rendimentos mais elevados: é necessário, também, que esse produto seja aceito pelo mercado consumidor. No caso dos cultivos GM, a aceita-ção do mercado está relacionada não apenas com a prefe-rência do consumidor, mas também com as regulamenta-ções existentes nos países compradores.

Os Estados Unidos, como grande produtor e grande exportador de produtos agrícolas, adotam o “princípio da equivalência substancial”, que considera o cultivo GM equivalente ao convencional. Já a União Européia, grande importadora de produtos agrícolas, adotou o “princípio da precaução”, que considera o cultivo GM diferente do convencional, portanto, a Europa acredita que o cultivo e o consumo de produtos GM podem causar problemas ainda desconhecidos sobre o meio ambiente e a saúde humana e animal.

(10)

Essa divergência entre os países que cultivam produ-tos GM – sobretudo Estados Unidos e Argentina – e a União Européia tem servido de argumento para os defen-sores da tese “Brasil livre de transgênicos”. Segundo es-tes, as supostas barreiras aos produtos GM colocadas pela Europa cria um mercado para os produtos convencionais. Assim, o Brasil, livre de transgênicos, poderia ser o gran-de fornecedor para esses mercados.

Entretanto, a evolução recente do mercado de produtos GM mostra que essa tese não se sustenta. No caso do mer-cado de soja, por exemplo, a evolução recente não indica nenhuma vantagem da soja convencional em relação à soja GM.

Nos últimos dez anos ocorreram duas modificações na estrutura do mercado mundial de soja: uma, do lado da demanda; e outra, do lado da oferta. Primeiro, houve um aumento significativo de participação da Ásia – sobretu-do da China – nas importações mundiais. Pelo lasobretu-do da ofer-ta, houve um aumento da participação do Brasil nas expor-tações mundiais.

Entre os críticos da adoção de transgênicos no Brasil, há uma tendência em interpretar esse aumento espetacu-lar das exportações brasileiras como uma sinalização ine-quívoca de que o mercado consumidor dá preferência à soja tradicional. Entretanto, existem outros dados que dificul-tam essa interpretação de que a “preferência por soja con-vencional” explica isoladamente o aumento das exporta-ções brasileiras. Há outras variáveis que devem ser consideradas, dentre as quais destacam-se:

- o desempenho comercial da Argentina;

- o aumento dos custos de produção da soja nos EUA; - as mudanças na estrutura da demanda mundial; - o desempenho comercial do Rio Grande do Sul; - a evolução do preço da soja convencional.

As Tabelas 5 e 6 mostram a evolução das exportações mundiais de soja entre 1993 e 2002. O que se observa é uma mudança significativa nesse período, com uma queda da participação dos Estados Unidos e um aumento da partici-pação do Brasil e da Argentina. Mesmo com um aumento absoluto de cerca de oito milhões de toneladas, as expor-tações dos Estados Unidos caíram de 75% da exportação mundial, em 1993, para 55%, em 2002.

Essa queda de market-share da soja dos Estados Unidos foi resultado de dois problemas: queda na produ-tividade e aumento dos custos (WILKINSON, 2002; PEREIRA, 2004). E esses dois problemas não estão relacionados com o uso da soja GM.

O aumento dos custos de produção não está relaciona-do com o aumento relaciona-dos custos de sementes, mas sim com o aumento dos custos fixos – principalmente o custo da ter-ra. Os custos fixos nos Estados Unidos, em 2000, eram 75% maiores do que no Brasil e 50% maiores do que na Argen-tina (WILKINSON, 2002).

Já a queda na produtividade é devida a eventos climá-ticos e não ao uso da semente GM. Só em 2003, os Estados Unidos perderam cerca de 13 milhões de toneladas de soja em relação a sua estimativa inicial, que era de 80 milhões de toneladas (PEREIRA, 2004).

Do mesmo modo, o aumento da produtividade no Bra-sil também não está relacionado com a baixa taxa de ado-ção de soja GM, porque esse aumento na produado-ção nacio-nal é devido principalmente ao aumento da produtividade no Rio Grande do Sul, estado com maior taxa de adoção de soja GM no Brasil (PEREIRA, 2004).

Quanto à suposta dificuldade de exportar a soja GM, os dados das Tabelas 5 e 6 mostram que não foi somente o Brasil que aumentou sua participação, mas também a Ar-gentina – que tem uma taxa de adoção de soja GM de qua-se 100% (TRIGO et al., 2003). Esqua-se aumento das

exporta-TABELA 5

Evolução das Exportações de Soja em Grão dos Três Maiores Produtores Mundiais Estados Unidos, Brasil e Argentina – 1993-02

Em mil toneladas

Ano Total Estados Unidos Brasil Argentina

1993 27.761 19.511 4.190 2.428 1994 31.849 18.126 5.367 2.942 1995 31.624 22.992 3.493 2.526 1996 36.684 25.960 3.647 2.056 1997 39.669 26.375 8.340 490 1998 38.004 20.701 9.287 2.864 1999 45.517 24.090 8.917 3.065 2000 53.799 27.192 11.517 4.123 2001 53.594 28.934 15.675 7.211 2002 62.074 27.433 15.970 6.112 Fonte: FNP (2004). TABELA 6

Evolução do Market-Share dos Três Maiores Exportadores Mundiais de Soja em Grão

Estados Unidos, Brasil e Argentina – 1993-2002

Ano EUA Brasil Argentina

1993 0,75 0,16 0,09

1996 0,82 0,12 0,06

2002 0,55 0,32 0,12

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ções da Argentina não corrobora a tese de que a adoção de cultivos GM implica em perda de competitividade externa.

Além da exportação de soja em grãos, a Argentina apre-sentou excelente desempenho na exportação de derivados da soja. Ela é atualmente a maior exportadora de farelo de soja do mundo – posição que era ocupada pelo Brasil até 1997. A Tabela 7 mostra que, entre 1996 e 2003, enquanto a exportação de farelo de soja do Brasil aumentou de oito para 14 milhões de toneladas, a da Argentina aumentou de oito para 18 milhões de toneladas. Em 2003, a Argentina respondeu por 41,3% das exportações mundiais de farelo e por 48% das de óleo de soja (FNP, 2004).

Assim, os estudos mostram que a adoção de trans-gênicos na Argentina, ao invés de prejudicá-la comercial-mente, garantiu sua maior participação no mercado mun-dial no decorrer da década de 90. A Argentina tem um sério problema de escassez de terra. No entanto, a adoção de transgênicos contribuiu para o aumento da produtividade e para o aumento da área de plantação direta – o que

per-mitiu o aumento da produção de soja sem prejuízos para a produção de outras culturas importantes para sua eco-nomia, como o milho e o trigo (TRIGO et al., 2003).

No caso do Brasil, as exportações do Rio Grande do Sul não foram prejudicadas pela introdução da soja GM. O Rio Grande do Sul é o terceiro maior produtor de soja do Brasil. Em 2003, sua produção foi de 9,8 milhões de toneladas, cifra superada apenas pelo Mato Grosso, com 15,2 milhões de toneladas, e pelo Paraná, com 11,2 milhões de toneladas (FNP, 2004). É o estado brasileiro com maior taxa de adoção de soja transgênica. Pelo Gráfico 4, observa-se que a participação desse estado na exportação brasileira de soja aumentou de 5%, em 1996, para 20%, em 2003.

Além do aumento das exportações do Rio Grande do Sul, não foi observada nenhuma tendência de diferenciação entre o preço da soja desse estado do das demais regiões do país, como mostra o Gráfico 5. A comparação entre o preço da soja exportada do Rio Grande do Sul e o preço médio dos demais estados não corrobora a tese de que

TABELA 7

Exportação de Farelo de Soja, segundo Principais Produtores Mundiais Estados Unidos, Brasil e Argentina – 1996-03

Em milhões de toneladas Produtores Mundiais 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 E U A 6 8 6 7 7 7 6 5 Argentina 8 8 12 14 14 15 17 18 Brasil 11 10 10 10 9 11 13 14 Fonte: FNP (2004). GRÁFICO 4

Participação na Exportação Total de Soja Rio Grande do Sul – 1996-03

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior / Secretaria de Comércio Exterior – Secex. Elaboração dos autores. 1.018 2.286 2.150 1.570 2.185 2.720 3.029 4.287 40 302 283 104 265 483 347 839 0 500 1.000 1.500 2.000 2.500 3.000 3.500 4.000 4.500 5.000 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 Total

Rio Grande do Sul Rio Grande do Sul em %

(12)

279 294 234 178 190 174 190 216 284 301 230 175 189 170 194 221 0 50 100 150 200 250 300 350 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

Brasil Rio Grande do Sul Em US$

Anos

GRÁFICO 5

Evolução do Preço Médio da Soja Exportada Brasil e Rio Grande do Sul – 1996-03

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior / Secretaria de Comércio Exterior – Secex. Elaboração dos autores. existe um preço diferenciado para a soja convencional, pois

os preços são praticamente os mesmos.

Se, do lado da oferta, a grande mudança na década passada no mercado mundial de soja foi o aumento da participação da América Latina – especialmente Argentina e Brasil – do lado da demanda a grande novidade foi o aumento da participação da Ásia na importação mundial. Sua participação passou de 30%, em 1996/97, para 72%, em 2003/04. Grande parte desse aumento da demanda asiática foi resultado do aumento da demanda da China, que em 2003/04 representou 29% da importação mundial: a mesma participação da União Européia (Tabela 8).

A expansão do mercado asiático pode reduzir os possíveis ganhos com a soja tradicional, uma vez que os

principais compradores da região – Japão e China – têm mostrado indiferença quanto à escolha entre a soja con-vencional e a GM. O Japão continua importando quase 100% dos Estados Unidos; e a China, em 2002, comprou praticamente o mesmo tanto dos Estados Unidos e do Brasil (PEREIRA, 2004).

Em termos absolutos, o Brasil aumentou suas exporta-ções tanto para a União Européia quanto para a Ásia. Po-rém, em termos relativos, a participação desta última au-mentou de 12% para 38%, entre 1996 e 2003, enquanto que a participação da Europa caiu de 82% para 53% (Gráfico 6). Dada a indiferença dos países asiáticos em relação ao tipo da soja, quanto maior a participação deles no mercado comprador, menor será a possibilidade de o Brasil conseguir

TABELA 8

Importação Mundial de Soja, segundo Regiões 1996-2004

Regiões 1996/97 2003/04 Participação (%)

(Em mil ton. métricas) (Em mil ton. métricas) 1996/97 2003/04

Total 35.412 64.102 100,0 100,0 União Européia 14.572 18.296 41,0 29,0 China 2.274 18.500 6,0 29,0 Japão 5.043 5.050 14,0 8,0 Taiwan 2.632 2.260 7,0 4,0 Tailândia 550 1.800 2,0 3,0 Sub-Total Ásia 10.499 27.610 30,0 43,0 México 2.720 5.000 8,0 8,0 Outras 7.621 13.196 22,0 21,0 Fonte: FNP (2004).

(13)

82,6 74,9 72,1 78,0 63,9 62,6 56,6 53,6 12,4 16,4 20,0 13,2 23,0 27,5 34,8 38,7 5,0 8,7 7,9 8,9 13,1 9,9 8,6 7,6 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003

União Européia Ásia (1) Outros

Anos Em % 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 GRÁFICO 6

Exportação de Soja, segundo Principais Compradores Brasil – 1996-03

Fonte: Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior / Secretaria de Comércio Exterior – Secex. Elaboração dos autores. (1) Exclui o Oriente Médio.

um preço melhor para a soja convencional. Além do mais, com a redução de custos da soja transgênica, o aumento da competitividade da Argentina e de outros países poderá resultar na perda de participação da soja brasileira no mercado mundial. Se a Ásia continuar aumentando sua participação no mercado mundial, tudo indica que a competitividade terá como base a variável “preço”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este trabalho objetivou analisar a evolução e os impac-tos econômicos da difusão dos cultivos geneticamente mo-dificados na agricultura. As principais conclusões foram: - a difusão dos cultivos geneticamente modificados está relacionada a ganhos econômicos para os produtores agrícolas, como: redução de custos, aumento da produtivi-dade e aumento da eficiência na administração do controle de pragas;

- os impactos positivos dos cultivos GM dependem das especificidades de cada região. No caso dos cultivos re-sistentes a insetos, os ganhos dependerão da incidência de pragas. A redução nos gastos com inseticidas deverá ser grande o suficiente para compensar o aumento do cus-to com sementes;

- apesar das divergências internacionais quanto à forma de regular a pesquisa, a produção e o comércio dos culti-vos GM, não há nenhuma evidência empírica de que esses

cultivos têm baixa competitividade em comparação com os cultivos convencionais. A Argentina, o país com a maior taxa de adoção de soja transgênica, conseguiu aumentar significativamente sua exportação de soja em grãos e deri-vados. Nos últimos dez anos houve um grande aumento da participação da Ásia no mercado consumidor de soja e esta, ao contrário da União Européia, não apresenta restri-ções ao comércio de cultivos GM. E por fim, não há evi-dências empíricas que comprovem a tese de que os produ-tos convencionais têm a preferência do mercado, e, portanto, apresentam um preço maior do que os genetica-mente modificados.

NOTAS

1. A concentração geográfica dos cultivos GM comercializados re-flete, em grande medida, a geografia anterior à sua introdução, já que no momento inicial eles substituem cultivares não genetica-mente modificados.

2. A rede de estudos genômicos criada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia e pela Fapesp inclui diversos estudos relacionados à saúde humana: o genoma humano do câncer, genoma do parasita Schistosoma mansoni e o seqüenciamento do genoma do parasita Leptospira interrogans, entre outros.

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JOSÉ MARIA FERREIRA JARDIM DA SILVEIRA: Engenheiro Agrônomo,

Doutor em Economia, Professor Assistente Doutor do Instituto de Economia da Unicamp. Coordenador do Núcleo de Estudos Agrícolas do IE/Unicamp e Pesquisador do Geopi/IG-Unicamp. Conselheiro do Conselho de Informação em Biotecnologia (jmsilv@eco.unicamp.br). IZAIAS DE CARVALHO BORGES: Economista, Mestre em Economia pelo

Instituto de Economia da Unicamp e Pesquisador do NEA/IE-Unicamp (icborges@eco.unicamp.br).

ANTONIO MÁRCIO BUAINAIN: Economista e Advogado, Doutor em

Econo-mia, Professor Assistente Doutor do Instituto de Economia da Unicamp. Pesquisador do NEA e do Geopi (buainain@eco.unicamp.br).

Artigo recebido em 1 de junho de 2005. Aprovado em 30 de junho de 2005.

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