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PROCURADORIA-GERAL DO TRABALHO CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

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Academic year: 2021

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CÂMARA DE COORDENAÇÃO E REVISÃO

PGT/CCR/PP 4180/2012

INTERESSADOS: SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS INDÚSTRIAS

METALÚRGICAS, MECÂNICA, DE INFORMÁTICA, MATEIAL ELÉTRICO E

ELETRÔNICO, CONTRUÇÃO, CONTRUÇÃO NAVAL, MANUTENÇÃO E

CONSERVAÇÃO DE ELEVADORES, MATERIAL BÉLICO E SIDERÚRGICO E

ARMCO STACO

ASSUNTO: LIBERDADE E ORGANIZAÇÃO SINDICAL

ASSUNTO: Liberdade e Organização Sindical 08.01.02.

EMENTA: CONTRIBUIÇÕES A ENTIDADES SINDICAIS. DIREITO DE OPOSIÇÃO. A jurisprudência do Tribunal Superior do Trabalho se firmou no sentido de que os descontos de contribuições assistenciais ou confederativas de trabalhador depende de autorização do obreiro dirigida ao seu empregador, não bastando a simples garantia do direito de oposição. Ademais, verifica-se no caso em análise, que inexiste previsão de direito de oposição ou de manifestação de vontade do trabalhador. Recurso a que se dá provimento.

RELATÓRIO

Trata-se de recurso administrativo de fls. 56 em face do

arquivamento proposto às fls. 51/52.

No referido arquivamento, a Procuradora Oficiante consignou

que não havia irregularidade no repasse ao sindicato de valor acordado

referente ao percentual de 2% do salário líquido recebido de todos os

trabalhadores a título de participação no resultados. Afirmou, ainda, que

referido acordo coletivo contou com o preenchimento de todas as formalidades

necessárias para sua concreta efetivação, vez que contou com a participação

de uma comissão de empregados, eleita por voto direto dos trabalhadores da

ARMCO STACO S.A, além de ter sido deliberada pela ampla maioria da

categoria, em Assembleia regularmente instalada.

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Às fls. 58/59, consta manifestação do Sindicato dos

Metalúrgicos do Rio de Janeiro, ratificando os termos do acordo coletivo

entabulado pela categoria profissional, eis que a referida taxa negocial é a

retribuição da categoria pelas conquistas alcançadas pelo sindicato nas

negociações com a classe econômica.

É, em síntese, o relatório.

FUNDAMENTAÇÃO

O recurso deve ser conhecido.

Observa-se, de início, que as razões do recurso interposto

aduzem discordância da recorrente com relação à taxa estipulada em acordo

coletivo. Segundo aduz, a lei de participação nos resultados não prevê a

cobrança de nenhuma taxa ou contribuição, sendo que a única contribuição

obrigatória para a entidade sindical é a contribuição sindical. Afirma, ainda,

que a CLT determina que o desconto em contracheque deve ser autorizado

pelo empregado, razão pela qual a denunciante entende que deveria ter o

direito de opor-se à cobrança.

Com a devida venia ao Órgão Oficiante, entende-se prematura

a promoção de arquivamento, pelas razões que se seguem.

A Procuradora do Trabalho Júnia Bonfante Raymundo, diante

dos esclarecimentos apresentados pelas partes, concluiu que os termos do

acordo firmado com a participação ampla da categoria dos trabalhadores deve

ser garantido, não se vislumbrando qualquer irregularidade no repasse ao

sindicato, tendo em vista que a empresa denunciada apenas cumpre as

obrigações contidas nas cláusulas pactuadas no Acordo de Participação nos

Resultados, instrumento firmado por comissão eleita de empregados, sendo

suas respectivas cláusulas objeto de aprovação em assembleia.

A cláusula 8ª do Acordo de Participação nos Resultados – 2010

(fls. 43/47) possui o seguinte teor, in verbis:

“Conforme deliberação em assembleia, realizada com os trabalhadores da empresa, fica acordado que será efetuado desconto de 2% do valor líquido recebido de cada trabalhador, a título de Participação nos Resultados e repassado a entidade Sindical, até 5 dias úteis após a quitação com os trabalhadores.”

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Da análise da cláusula acima transcrita, observa-se certa

abusividade, quando se determina o desconto da referida taxa de todos os

empregados, sindicalizados ou não, não se garantindo, contudo, qualquer

direito de oposição à cobrança.

Deve-se destacar que a Seção de Dissídios Coletivos do TST,

ao apreciar recurso ordinário interposto pelo Ministério Público do Trabalho,

acolheu a pretensão ministerial para indeferir a homologação de cláusula

ofensiva ao seu Precedente Normativo nº 119, mesmo que assegurado o

direito de oposição do trabalhador, segundo acórdão que exibe a seguinte

ementa:

“DISSÍDIO COLETIVO. HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO. RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO (...) omissis. CLÁUSULA 16 - DESCONTOS ASSISTENCIAIS. Ainda que houvesse a previsão do direito de oposição ao desconto, esse não seria capaz de convalidar a incidência da contribuição assistencial aos empregados não associados ao sindicato, mormente ante as disposições do art. 545 da CLT. O fato é que a cláusula 16, pactuada e homologada pelo Regional, ao impor o desconto da contribuição assistencial, indistintamente, a toda a categoria profissional, contraria o disposto no Precedente Normativo nº 119 da SDC do TST, que, em observância aos artigos 5º, XVII e XX, 8º, V, e 7º, X, da Constituição Federal, limita a incidência desse tipo de desconto apenas aos empregados filiados ao ente sindical. Assim, dá-se provimento parcial ao recurso ordinário interposto pelo Ministério Público do Trabalho para homologar, em parte, a cláusula 16, reduzindo o valor do desconto a 50% de um dia de salário, já reajustado, e de uma só vez, limitando a sua incidência aos trabalhadores associados ao Sindicato profissional.” ( RO - 12676-95.2010.5.04.0000 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 13/06/2011, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: 01/07/2011)”

No mesmo sentido:

“DISSÍDIO COLETIVO DE NATUREZA ECONÔMICA. NUTRICIONISTAS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. RECURSO ORDINÁRIO INTERPOSTO PELO SINDICATO DOS HOPITAIS E ESTABELECIMENTOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE DA REGIÃO SERRANA E OUTROS. 1) CONTRIBUIÇÃO ASSISTENCIAL. PRECEDENTE NORMATIVO 119 DO TST. A incidência do desconto da contribuição assistencial a todos os empregados, incluindo os não sindicalizados, contraria o disposto no Precedente Normativo nº 119 da SDC/TST, que, em observância aos artigos 5º, XVII e XX, 8º, V, e 7º, X, da Constituição Federal, limita a obrigatoriedade da contribuição

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assistencial ou de outra assemelhada apenas aos empregados filiados ao ente sindical. Por outro lado, mesmo havendo a previsão do direito de oposição ao desconto, esse não é capaz de convalidar a incidência da contribuição aos empregados não associados, mormente ante as disposições do art. 545 da CLT, segundo o qual se permite o desconto pelo empregador, somente se devidamente autorizado pelo trabalhador - obviamente que não pela ausência de manifestação contrária por parte do obreiro. E, ainda, entende esta Seção Especializada que, independentemente de o valor ter sido aprovado, pela categoria, em assembleia geral, mostra-se razoável que seja descontado do trabalhador associado o equivalente a 50% de um dia de salário, já reajustado, e de uma só vez. Nesse contexto, dá-se provimento parcial ao recurso para, reformando-se a decisão regional, reduzir o valor da contribuição assistencial a 50% de um dia do salário, já reajustado, a ser descontado de uma só vez, e limitar a sua incidência aos trabalhadores associados ao Sindicato profissional, nos termos do Precedente Normativo nº 119 da SDC desta Corte. 2) DEMAIS PROPOSTAS IMPUGNADAS. Providas parcialmente, conforme a jurisprudência normativa desta Corte. Recurso ordinário parcialmente provido.” ( RO - 97700-33.2006.5.04.0000 , Relatora Ministra: Dora Maria da Costa, Data de Julgamento: 13/09/2010, Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Data de Publicação: 24/09/2010) (não grifado no original)

Desse modo, para a efetivação de tais descontos, necessária

expressa autorização do trabalhador dirigida ao seu empregador, não

bastando simples garantia do direito de oposição. No caso presente, mais

grave ainda é a constatação de que não há, sequer, a possibilidade de

oposição descrita no acordo entabulado.

A Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical

do MPT (CONALIS) cancelou sua Orientação nº 03 da, em sua 5ª reunião,

realizada em 16.08.2011, cujo texto era o seguinte:

“É possível a cobrança de contribuição assistencial/negocial dos trabalhadores, filiados ou não, aprovada em assembléia geral convocada para este fim, com ampla divulgação, garantida a participação de sócios e não sócios, realizada em local e horário que facilitem a presença dos trabalhadores, desde que assegurado o direito de oposição, manifestado perante o sindicato por qualquer meio eficaz de comunicação, observados os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, inclusive quanto ao prazo para o exercício da oposição e ao valor da contribuição.”

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Tal cancelamento, ao que parece, estaria na esteira do

entendimento mais recente do Tribunal Superior do Trabalho, em reforço da

impossibilidade de contribuição assistencial de trabalhadores não associados

ao sindicato profissional, em que pese assegurado o direito de oposição.

Ademais, a referida orientação expressamente previa a ampla divulgação do

instrumento, o que parece foi feito no caso presente, eis que as assembleias

contaram com representativa presença de trabalhadores, e que deveria ser

assegurado o direito de oposição, manifestado perante o sindicato por

qualquer meio eficaz de comunicação, observados os princípios da

proporcionalidade e razoabilidade, inclusive quanto ao prazo para o exercício

da oposição e ao valor da contribuição, o que não se verificou no caso ora em

exame.

Em manifestações anteriores, em consultas promovidas pela

Câmara de Coordenação e Revisão nos autos processos PGT/CCR 14709/2011,

14657/2011, 14776/2011, 14870/2011 e 15747/2011, o Coordenador

Nacional da Coordenadoria Nacional de Promoção da Liberdade Sindical

(CONALIS), Ricardo José Macedo de Britto Pereira, se manifestando sobre o

tema, aduziu que:

“A CONALIS, em sua última reunião nacional, realizada em 16 de agosto de 2011, cancelou a Orientação nº 03, que tratava da cobrança de contribuição assistencial, admitindo-a do trabalhador não filiado ao sindicato, desde que se assegurasse o direito de oposição. Na ocasião, várias hipóteses foram levantadas, como a de aprovar nova orientação acatando a jurisprudência do TST (PN 119 e OJ 17 da SDC), que não admite a cobrança de qualquer contribuição, que não a prevista em lei, de trabalhador não filiado a sindicato. Por outro lado, alguns cogitaram apenas em aperfeiçoar a redação da orientação nº 03.

O fato é que ambas propostas foram rejeitadas, pelo menos naquele momento, entendendo a maioria que a questão merecia um amadurecimento antes de uma decisão definitiva.

Ao ver da CONALIS, portanto, o cancelamento da Orientação não significou a adoção do entendimento de que agora os procuradores devem atuar de acordo com a jurisprudência do TST.

Considerando que o tema é extremamente polêmico e uma atuação incisiva pode trazer um prejuízo na relação que vem sendo construída entre o MPT e os sindicatos pela CONALIS e pelos procuradores em geral, cremos que a CCR, salvo melhor juízo, poderia acatar a avaliação feita pelo Procurador no caso concreto, ainda que ele não tenha seguido a jurisprudência do TST.

Deve-se ressaltar que o STF possui diversos julgados no sentido do não cabimento de recurso extraordinário em tema de contribuição assistencial, por não possuir status constitucional. Sendo assim, a

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posição que seja tomada na matéria, favorável ou contra a contribuição assistencial não contraria a Constituição.

No presente caso, o Procurador oficiante vislumbrou problemas em relação à cláusula questionada e designou audiência para esclarecer determinados pontos, concluindo pela inexistência de violação ao ordenamento jurídico.

Como a Orientação nº 3 deixava a critério do Procurador o juízo de razoabilidade da cobrança bem como tempo e modo da oposição, mesmo com o seu cancelamento, a posição pessoal do Coordenador é no sentido de ratificar, a não ser em casos evidentemente abusivos, a decisão do Procurador.”

Portanto, verifica-se que, por ora, há indefinição da

Coordenadoria especializada quanto ao tema, tal não ocorrendo, como visto,

no âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, que esposa entendimento mais

favorável aos trabalhadores e que tem o condão de evitar cobranças

efetivadas sem expressa autorização, além da constatação de que, no

presente caso, ausentes cláusulas que prevejam o direito de oposição.

Desse modo, não há respaldo legal para a cobrança de

contribuições nos moldes em que se verifica no caso em tela - sem a

autorização expressa do trabalhador -, face ao comando expresso do artigo

545 da CLT, conforme mencionado pelo recorrente, tampouco há respaldo

jurisprudencial, na esteira de entendimento já firmado no âmbito do Tribunal

Superior do Trabalho, mormente porque inexiste, no instrumento firmado

entre as partes, com a participação da entidade sindical, previsão de oposição

ou de manifestação de vontade do trabalhador quanto à sua participação no

custeio das atividades das entidades sindicais.

CONCLUSÃO

Pelo exposto, dou provimento ao recurso interposto e não

homologo a promoção de arquivamento, devolvendo os autos à origem para a

adoção das providências pertinentes.

Brasília, 25 de abril de 2012.

JAIME ANTÔNIO CIMENTI

Membro da CCR – Relator

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