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Universidade Estadual de Maringá, 11 a 14 de junho de 2018.

Anais

ISSN online:2326-9435 XXIII SEMANA DE PEDAGOGIA-UEM XI Encontro de Pesquisa em Educação

II Seminário de Integração Graduação e Pós-Graduação

O COMPROMISSO TODOS PELA EDUCAÇÃO E O INTERESSE DOS EMPRESÁRIOS PELA EDUCAÇÃO PÚBLICA

BUCZEK, Yohana Graziely de Oliveira yohanagraziely@gmail.com NEVES, Sandra Garcia (orientadora) sandragarcianeves@bol.com.br (UNESPAR)

Políticas educacionais e gestão escolar

Introdução

Essa pesquisa está sendo desenvolvida no Programa de Iniciação Cientifica (PIC) da Universidade Estadual do Paraná, campus de Campo Mourão com vigência de agosto de 2017 à julho de 2018. Partimos do pressuposto de que a educação constitui-se um complexo social, originado a partir da categoria trabalho, mas que não se limita a ela, pelo contrário possui autonomia relativa e articulação ontológica em relação a sua categoria fundante e função social especifica na reprodução social.

Entendida como complexo social, a educação possui função social específica na reprodução da sociedade historicamente constituída, enquanto totalidade social. A educação é um elemento de mediação entre o indivíduo e o gênero humano de modo a influenciá-los para que ajam de modo socialmente desejável.

Importante ressaltarmos, que a educação enquanto complexo social, altera sua relação com a totalidade social de acordo com o modo de produção estabelecido, mas não perde sua natureza ontológica de mediação para a reprodução da sociedade. Observamos que na sociedade capitalista a educação formal passa a ser destinada a classe trabalhadora em geral e passa a cumprir uma nova função substancial na ordem da reprodução social (MOREIRA; MACENO, 2012)

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2 Dessa forma, objetivamos nessa pesquisa discutir os interesses de grupos de empresários da iniciativa privada na educação pública brasileira, especificamente na política educacional intitulada Todos Pela Educação (TPE) proposta e implementada no governo Lula. A inquietação principal que move nossa pesquisa é quais os interesses dos empresários de iniciativa privada na educação pública destinada a classe trabalhadora. Isto posto, nosso problema de pesquisa está estruturado a partir do seguinte questionamento: que tipo de educação tem sido destinada a classe trabalhadora na sociedade do Capital e com qual objetivo? Para a realização dessa pesquisa utilizaremos como fundamentação teórico-metodológica o Materialismo Histórico-Dialético elaborado por Marx e Engels para a compreensão da realidade social do homem a partir das relações humanas desenvolvidas por meio do trabalho, na sociabilidade do Capital e ainda conforme aponta Netto (1987), para a compreensão da essência das relações sociais de produção, estabelecidas historicamente na sociedade burguesa. Segundo Tonet (2013), o Materialismo Histórico-Dialético nos remete a uma abordagem histórica e ontológica do ser social. Conforme o autor acima citado, é imprescindível considerarmos a realidade material e objetiva posta no meio social e que permeiam as relações humanas ao longo da história. Nesse sentido, conforme Tonet (2013, p. 80-81), o ponto de partida para a análise do objeto a partir do Materialismo Histórico-Dialético constitui-se a partir de

[...] aquilo que de mais imediato aparece: indivíduos, reais e ativos, que se encontram em determinadas condições materiais de vida, condições essas, por sua vez, que já são o resultado da atividade passada de outros indivíduos e que continuam a ser modificadas pela atividade presente. Indivíduos cujo primeiro ato, imposto pela necessidade de sobrevivência, é a transformação da natureza, ou seja, o trabalho.

Com o interesse de compreender esse objeto de pesquisa, dividimos a nossa pesquisa em três momentos. No primeiro momento, explicitamos acerca da natureza da crise estrutural do Capital e as saídas encontradas pela burguesia na Reforma do Estado e Implementação do projeto neoliberal para sua possível superação. No segundo momento discorremos de forma breve sobre a Reforma do Estado no Brasil e por último entendemos como a Reforma do Estado possibilitou a entrada dos empresários do setor privado na educação, e a relação destes com o governo Lula no Compromisso Todos pela Educação.

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3 O capital é uma relação social por sua essência contraditória em que as crises fazem parte de seu ciclo de reprodução e são condições para sua expansão e elevação a um patamar superior de dominação (TONET, 2012). Desde a década de 1970 até os dias atuais vivemos a crise estrutural do sistema produtivo do Capital. Crise essa provocada em decorrência do histórico do seu desenvolvimento que se difere das crises cíclicas anteriores por afetar a totalidade das relações constituintes do complexo social, conforme aponta Mészáros (2010).

As análises do autor acima referido mostram que a partir da segunda década do século XX, o modelo de produção predominante foi o sistema taylorista/fordista1. Esse sistema de produção cumpriu seu papel na produção em larga escala de mercadorias com poucos níveis de diferenciação e tornou-se obsoleto entre o fim da década de 1960 e início da década de 1970 com a instauração de uma crise própria do setor produtivo.

Esse fato se deve conforme apontam os estudos de Mészáros (2010), ao alto desenvolvimento alcançado pelas forças produtivas nesse período, o que provocou uma crise de super produção das mercadorias. Essa crise, inicialmente atinge os países com o capitalismo mais desenvolvido naquele período e logo se estende aos países periféricos, alcançando proporções mundiais.

A referida crise possui natureza estrutural na medida em que atinge as três esferas da produção: produção, circulação e consumo com interação dialética entre seus limites. (MÉSZÁROS, 2010). Ressaltamos com base em Marx (2013), que as três esferas da produção de mercadorias são interdependentes entre si e a superação dos limites intrínsecos de cada uma delas promove a reprodução dinâmica do Capital, o que configura o seu processo de domínio e expansão enquanto sistema.

A partir disso, Mészáros (2010), explicita que a crise do Capital se diferencia e torna-se fundamentalmente estrutural a partir do momento que atinge o conjunto dessas três esferas, e afeta a totalidade do mecanismo de expansão do Capital, impedindo o deslocamento das contradições existentes entre as esferas, como era possível numa crise anterior de tipo cíclica. Em consequência a esse fato, ao invés da crise ficar restrita a uma esfera em particular, ela atinge o conjunto das esferas da reprodução, torna-se universal, global e contínua de forma que os efeitos da crise são sentidos em outros complexos sociais particulares, como a educação e a política, por exemplo.

A esse respeito, escreve Mészáros (2010, p. 78)

Seu modo normal [do Capital] de lidar com as contradições é intensifica-la, transferia-las para um nível mais elevado, desloca-las para um plano diferente,

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4 suprimi-las quando possível e, quando elas não puderem mais ser suprimidas, exportá-las para uma esfera ou

um país diferente.

De acordo com o autor, a impossibilidade do deslocamento das contradições na crise estrutural afeta todo o ciclo de produção e reprodução do Capital, a tal ponto que se torna perigoso e ameaçador para a sobrevivência desse sistema, o que obriga a burguesia a buscar por saídas para retomar suas taxas de lucro e seu patamar de expansão.

Em meio a esse contexto, os escapes encontrados pela burguesia para solucionar a crise em curso foram a reestruturação produtiva do trabalho e a implementação do projeto neoliberal. A primeira alternativa efetivou-se com a implementação do modelo toyotista2 de produção, em substituição ao anterior taylorista/fordista devido ao fato de não atender mais aos interesses de reprodução do Capital. Sobre a reestruturação do processo de trabalho, pontua Antunes (2009, p. 49)

O quadro crítico, a partir de 70, expresso de modo contingente como crise do padrão produtivo de acumulação taylorista/fordista, já era expressão de uma crise estrutural do capital que se estendeu até os dias atuais e fez com que, entre tantas outras consequências, o capital implementasse um vastíssimo processo de reestruturação, visando recuperar seu ciclo reprodutivo.

Dessa forma, conforme Antunes (2009), a implementação do modelo toyotista trouxe grandes consequências para a classe trabalhadora refletidas na intensificação da exploração da força de trabalho no processo produtivo, o desmonte dos direitos trabalhistas, a precarização das condições de trabalho, entre outras.

A propagação dessa crise alcança proporções alarmantes, e em 1980 encontra-se instaurada a nível mundial. Diante desse cenário crítico, a política neoliberal passa a ser difundida por organismos multilaterais como o Banco Mundial (BM), Fundo Monetário Internacional (FMI) e Banco Interamericano do Desenvolvimento (BID). A esse respeito, Leher (2010) afirma que essas instituições convocam representantes de todos os países do mundo para o Consenso de Washington, nesse evento foi discutido sobre a situação econômica da crise mundial e a partir dessa discussão o neoliberalismo foi entendido como alternativa a essa crise e implementado a nível mundial.

O neoliberalismo é entendido por Moraes (2001, p. 27) como “[...] uma ideologia, uma forma de ver o mundo social, uma corrente de pensamento”. Essa ideologia política defende a não intervenção do Estado na economia, porém essa medida é propagada a demais setores como

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5 a educação, por exemplo, em que ocorre a chamada de empresas privadas para a oferta desse serviço público por meio de parcerias público-privadas.

Convém destacar que independente das medidas adotadas pelo Capital para a supressão dessas crises, a ocorrência delas é inevitável devido ao desenvolvimento do capitalismo. Por meio da supressão das crises ocorridas periodicamente no Capital, o sistema encontra uma forma de expandir sua capacidade de produção e provocar mudanças em suas condições de acumulação que serão medidas paliativas que não impedirão a recorrência de crises futuras.

IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO NEOLIBERAL NO BRASIL

No caso do Brasil, o marco da implementação do projeto neoliberal3 se deu a partir da Reforma do Estado com a criação do Ministério da Administração e Reforma do Estado (MARE) e a proposição do Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado por Luís Carlos Bresser Pereira, que ocupava o cargo de Ministro da Fazenda do Brasil nesse momento.

A explicação para a crise no discurso liberal de Bresser-Pereira (1998) se dava em virtude de uma atuação equivocada do Estado, que devido sua forte intervenção na economia e altos gastos sociais ocasionou uma crise de caráter fiscal. Nesse discurso, desconsiderava-se que a crise era em decorrência do sistema produtivo do Capital. Para Bresser-Pereira (1998, p. 22) “[...] reformar o Estado significa, antes de mais nada, definir seu papel, deixando para o setor privado a para o setor público não-estatal as atividades que lhe são especificas”.

Com o intuito de diminuir as atribuições do Estado e transferi-las para a sociedade civil organizada, é proposto no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado o processo de publicização, ou seja, a descentralização dos serviços públicos de responsabilidade do Estado para o setor público não-estatal de “[...] serviços de educação, saúde, cultura e pesquisa científica” (BRASIL, 1995, p. 13).

A política de cunho neoliberal da Reforma do Estado tinha como objetivo difundir a ideia de um Estado ineficiente como forma de estabelecer por meio do processo de publicização as parcerias entre os setores público e privado (PPP). Porém, uma análise mais aprofundada de sua essência nos permite verificar que se trata de uma atuação do Estado em defesa do Capital, na medida em que o Estado se retira da obrigatoriedade de oferta desses serviços, abre novos campos de atuação para o mercado, abrindo possibilidades de acumulação para o Capital.

Sobre esse aspecto, destacamos os estudos de Domingues (2017, p. 86) ao afirmar que “É nessa perspectiva que o Estado ‘se retira’ aparentemente de algumas demandas populares e

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6 passa essas atribuições para o setor privado ou para a sociedade civil. A educação é uma dessas demandas que sofre os efeitos do capital”. De acordo com a autora, a PPP faz parte de um projeto mais amplo de sociedade que coloca a educação pública como indústria de serviços a ser governada para a construção de uma sociedade de mercado.

Isto posto, entendemos que a Reforma do Estado propiciou as condições políticas e materiais para a inserção do empresariado brasileiro na educação pública ligado a um projeto mais amplo relacionado a necessidade do Capital alcançar um novo patamar de acumulação em tempos de crise estrutural.

O MOVIMENTO TODOS PELA EDUCAÇÃO: RELAÇÃO ENTRE EMPRESÁRIOS E EDUCAÇÃO NO GOVERNO LULA

É no governo de Fernando Collor de Mello (1990-1992) que a agenda neoliberal é oficialmente aberta no Brasil. Porém, devido sua incapacidade de colocá-la em pauta devido ao “despreparo de Collor para operar a governabilidade necessária ao capital” os setores dominantes pediram seu impeachment. (LEHER, 2010, p. 36)

Na sequência de Collor de Mello é eleito como presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), e é em seu governo e nos subsequentes que o projeto neoliberal é de fato implementado com a efetivação das pautas acordadas no Consenso de Washington de acordo com as necessidades do Capital internacional. Nesse sentido, corrobora Leher (2010, p. 38)

[...] A partir da eleição de Cardoso (1995-2002) é possível aprofundar com maior consistência política e jurídica, a implementação do decálogo de medidas do Consenso de Washington em conformidade com o FMI e o Banco Mundial. [...] Desse modo, os elaboradores do governo Cardoso puderam recontextualizar o Consenso objetivando adequá-lo a realidade brasileira sem perder de vista a correlação de forças entre os setores dominantes e os subalternos.

Ressaltamos com base em Leher (2010), no que confere a educação no período do governo de FHC a adoção de medidas que objetivavam adequar a educação ao contexto de crise estrutural, no sentido de qualificar a força de trabalho de forma precarizada, de acordo com os moldes neoliberais, que dispensava formação cultural e científica para os trabalhadores. A educação e a escola em particular cumpriram um importante papel para produzir conformidade e consenso na população no sentido de difundir a ideia de eficiência das reformas educacionais em curso (DOMINGUES, 2017)

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7 Na disputa eleitoral a presidência de 2002, sai vitorioso o candidato Luís Inácio Lula da Silva com sua proposta de política de conciliação de classes. O então presidente não rompe com a política neoliberal em curso, pelo contrário, aprofunda-a ainda mais as medidas iniciadas por FHC. (LEHER, 2010). O governo de Lula inicia-se marcado pela aliança com empresários de vários setores alinhados com os interesses do Capital internacional, o que promoveu a ascensão de frações da burguesia brasileira ao poder. Nesse momento histórico a economia do Brasil passa a ser entendida como a de países emergentes, dessa forma novas prioridades são elencadas para o país, dentre elas: o crescimento econômico, qualificação de força de trabalho e geração de empregos, para que essas prioridades sejam alcançadas foram necessárias reformas na educação, as quais ocorreram mediante recomendações do Banco Mundial. (MARTINS, 2013) Nesse contexto neoliberal de ajustes que vão ao encontro dos interesses dos empresários e do Capital internacional, Lula aprova a Lei nº 11.079 em 30 de dezembro de 2004 que regulamenta as normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública. Essa legislação regulamenta o processo de oferta de serviços públicos mediante parcerias entre as esferas dos setores público e privado. (BRASIL, 2004)

Surge um movimento de fortalecimento entre Estado, empresariado e sociedade civil para a reorganização da educação pública. Em meio a esse cenário surge em 2006, o Movimento Todos pela Educação (TPE), política educacional de cunho empresarial ofertada por meio de PPP. De acordo com o site oficial, Todos pela Educação (A), esse movimento conta com a participação e patrocínio de importantes grupos empresariais do país: Grupo Gerdau, Instituto Ayrton Senna, Fundação Bradesco, Itaú, Fundação Lemann, Grupo Suzano, Instituto Natura e Fundação Roberto Marinho.

Martins (2013), ressalta que esses empresários não se inserem na educação de forma neutra ou por boa vontade em contribuir com a educação, pelo contrário, são sujeitos de influentes lideranças que contam com o apoio do governo e defendem uma proposta de educação de acordo com sua concepção de mundo, baseada na classe social a que pertencem.

De acordo com o site oficial, os empresários do TPE acreditam que somente a ação dos governos não é o suficiente para superar a desigualdade construída historicamente em nosso país. Dessa forma, convocam outros segmentos da sociedade para colaborar com esse processo: “A participação dos diversos segmentos da sociedade, reunidos em torno de metas comuns e alinhadas com as diretrizes das políticas públicas educacionais, é fundamental para promover o salto de qualidade de que a Educação brasileira necessita” (TODOS PELA EDUCAÇÃO (B)).

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8 O TPE é uma forma de transpor o projeto econômico neoliberal em curso para o campo da educação. Para dar legitimidade a esse movimento, Lula aprova ainda em 2007 o Decreto nº 6.094 que dispõe sobre a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, que ao longo do texto explicita a participação e a colaboração de entes públicos e privados, organizações sociais, classes empresariais e sociedade civil para a melhoria da qualidade da educação básica. (BRASIL, 2007)

Leher (2010, p. 58) afirma que é por meio desse documento no governo Lula que os empresários passam a “ter uma ascendência sistêmica sobre a educação por meio do Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE)” e dessa forma, que os empresários passam a subordinar a educação pública a seus interesses e recebem em troca do governo isenções tributárias.

Martins (2009), entende o TPE como uma proposta de educação nos ditames neoliberais, dotado de estratégias de hegemonia da classe burguesa no campo da educação da classe trabalhadora, no sentido de oferecer uma educação restrita a esse classe que vive do trabalho, sem nenhuma perspectiva de formação humana.

Na atual conjuntura de crise estrutural, o Capital se vê na obrigação de assumir a educação da classe trabalhadora, e dessa forma adéqua-a as necessidades do mercado, oferecendo aos trabalhadores uma educação de caráter flexível, que permite apenas desenvolver as competências e habilidades necessárias ao processo produtivo.

Afirmamos então que a educação é parte constituinte estratégica do complexo social que pode contribuir para reproduzir ou superar essa forma de sociabilidade, por isso se configura como um campo constante de disputa hegemônica e luta de classes. Na atual forma de organização da sociedade, ela assume papel fundamental na produção e reprodução do Capital no sentido de produzir consenso e qualificar a força de trabalho necessária.

Considerações finais

O Capital supera suas crises e continua sua reprodução a partir da intensificação da exploração da força de trabalho, pelo fato de ser a única mercadoria que cria mais valor. A partir disso, intentamos nessa breve discussão, explicitar o papel estratégico que a educação institucionalizada cumpre na sociedade de classes, mediante a qualificação da força de trabalho que o Capital necessita. Devido a esse caráter é um campo de disputa de interesses políticos e hegemônicos que se traduzem como luta de classes.

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9 Com a reestruturação produtiva em curso como medida adotada para recuperação da crise do Capital surge um novo projeto para a educação dos trabalhadores que atendesse o novo regime de acumulação do Capital. Esse projeto de educação da burguesia consegue espaço na escola pública mediante a Reforma do Estado de caráter neoliberal.

O Movimento TPE vai ao encontro da proposta de educação de cunho neoliberal, traz uma forma de atuação uma nova relação entre Estado e sociedade. Essa relação tem em sua essência uma alteração da forma de promoção de políticas públicas pelo Estado, dessa forma a educação é descentralizada do Estado e marcada pelo empresariamento, o que lhe imprime um caráter de mercadoria.

O TPE é estruturado a partir dessa nova relação e contribui para subsidiar práticas de mercado no campo da educação pública com o discurso de aumento da qualidade e eficiência. Dessa maneira, oferece ao trabalhador uma formação mutilada, que o permite apenas desenvolver suas competências técnicas para o trabalho ao passo que elimina todas as possibilidades de desenvolvimento enquanto ser humano.

Referências

ANTUNES, R. Os Sentidos do Trabalho. São Paulo: Boitempo, 2009.

BRASIL. Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. Brasília, 1995.

BRASIL. Casa Civil. Lei n. 11.079 de 30 de dezembro de 2004. Institui normas gerais para licitação e contratação de parceria público-privada no âmbito da administração pública. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/lei/l11079.htm>. Acesso em: 25 de maio de 2018.

BRASIL. Decreto n. 6.094, de 24 de abril de 2007. Dispõe sobre a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, pela União Federal, em regime de colaboração com Municípios, Distrito Federal e Estados, e a participação das famílias e da comunidade, mediante programas e ações de assistência técnica e financeira, visando a mobilização social pela melhoria da qualidade da educação básica. Disponível em:

<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2007/decreto/d6094.htm>. Acesso em 25 de maio de 2018.

BRESSER-PEREIRA, LuÍs Carlos. A Reforma do Estado nos anos 90: Lógica e Mecanismos de Controle. Revista de Cultura e Política Lua Nova. São Paulo, n.45, p.49-95, 1998. Disponível em <http://www.scielo.br/pdf/ln/n45/a04n45.pdf> acesso em 08 mai. 2018. DOMINGUES, Analéia. A inserção do grupo positivo de ensino no sistema educacional público: a educação sob o controle do empresariado. Tese. Universidade Federal de Santa Catarina 2017.

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10 LEHER, Roberto. 25 anos da educação pública: notas para um balanço do período. In:

Guimarães, Cátia; Brasil, Isabel; Morosini, Márcia Valéria. Trabalho, educação e saúde: 25 anos de formação politécnica no SUS. Rio de Janeiro: EPSJV, 2010, p. 29-72.

MARTINS, André Silva. A Educação Básica no século XXI: o projeto do organismo “Todos pela Educação”. Práxis Educativa, Ponta Grossa, v.4, n.01, p.21-28, jan/jun. 2009.

MARX, K. O Capital: crítica da economia política Livro I o processo de produção do capital. São Paulo: Boitempo, 2013.

MÉSZÁROS, I. Atualidade Histórica da Ofensiva Socialista. São Paulo: Boitempo, 2010. MORAES, Reginaldo. Neoliberalismo: de onde vem, para onde vai? São Paulo: Editora Senac, 2001.

MOREIRA, Luciano Accioly Lemos; MACENO, Talvanes Eugênio. Educação, reprodução social e crise estrutural do capital. In: BERTOLDO, Edna; MOREIRA, Luciano Accioly Lemos; JIMENEZ, Susana. (orgs.). Trabalho, Educação e Formação Humana: frente à necessidade histórica da revolução. São Paulo: Instituto Lukács, 2012.

NETTO, José Paulo. O que é marxismo. 4.ed. São Paulo: Brasiliense, 1987. TODOS PELA EDUCAÇÃO (A). Quem somos. Disponível em:

<https://www.todospelaeducacao.org.br/quem-somos/o-tpe/>. Acesso em: 20 de maio de 2018.

TODOS PELA EDUCAÇÃO (B). Quem Somos. Disponível em:

<https://www.todospelaeducacao.org.br/quem-somos/o-todos/>. Acesso em: 22 de maio de 2018.

TONET, Ivo. Educação contra o capital. São Paulo: Instituto Lukács, 2012.

TONET, Ivo. Método Científico: uma abordagem ontológica. São Paulo: Instituto Lukács, 2013.

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1 De acordo com Antunes (2009), o padrão produtivo taylorista/ fordista tinha sua estrutura com base no trabalho

parcelar, fragmentado com a decomposição de tarefas que reduzia o trabalho operário a um conjunto repetitivo de atividades. Esse trabalho possuía uma linha rígida de produção responsável por articular os diferentes trabalhos resultantes de ações individuais e os interligar, ditando o ritmo e o tempo necessário para o cumprimento das tarefas. Esse processo produtivo tinha como característica marcante a produção em série do fordismo e o trabalho cronometrado do taylorismo com explicita separação entre elaboração e execução.

2 Conforme Antunes (2009), o modelo toyotista de produção se difere do anterior por apresentar-se como um

padrão produtivo organizacional e tecnologicamente avançado, com técnica de gestão da força de trabalho advindas da fase informacional além de contar com introdução de computadores e robótica no processo produtivo e na oferta de serviços. Esses aspectos tornam a produção mais flexível, ao mesmo tempo em que a gestão da força de trabalho preserva as condições de trabalho alienado e estranhado. O novo perfil de trabalhador requerido é o “polivalente”, “multifuncional”, “qualificado” para trabalhar na estrutura horizontalizada objetiva a redução do tempo de trabalho e consequentemente maior produção e exploração da força de trabalho.

3 As principais características do projeto neoliberal vão ao encontro das ideias defendidas pelo Estado Mínimo,

convém destacarmos: privatização das empresas estatais, desregulamentação das leis trabalhistas e uma transferência crescente de serviços sócias para serem ofertados pelo setor privado.

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