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Análise da acidentalidade no cultivo de cereais, cultivo de soja e no armazenamento de grãos

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA GABRIEL NUNES DO NASCIMENTO

ANÁLISE DA ACIDENTALIDADE NO CULTIVO DE CEREAIS, CULTIVO DE SOJA E NO ARMAZENAMENTO DE GRÃOS

Florianópolis 2019

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GABRIEL NUNES DO NASCIMENTO

ANÁLISE DA ACIDENTALIDADE NO CULTIVO DE CEREAIS, CULTIVO DE SOJA E NO ARMAZENAMENTO DE GRÃOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho.

Orientador(a): Profª. Drª. Sybele Maria Segala da Cruz

Florianópolis 2019

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GABRIEL NUNES DO NASCIMENTO

ANÁLISE DA ACIDENTALIDADE NO CULTIVO DE CEREAIS, CULTIVO DE SOJA E NO ARMAZENAMENTO DE GRÃOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Especialista em Engenharia de Segurança do Trabalho.

Florianópolis, 26 de junho de 2019.

_____________________________________________________ Professora e orientadora Profª. Sybele Maria Segala da Cruz, Drª.

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AGRADECIMENTOS

À Deus por proporcionar-me a vida, família e amigos.

À minha família pelo apoio nas horas mais difíceis, me dando força para seguir em frente e alcançar os objetivos almejados.

À uma pessoa especial, Kátine Marchezan, que além de me ajudar muito na elaboração desse trabalho, me deu um apoio que foi fundamental e de grande valia.

À RST Engenharia e Soluções, empresa na qual eu trabalhei e que sempre me apoiaram na conclusão da especialização.

Aos colegas da turma 9 da especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho da Unisul, que se tornaram grandes amigos ao longo do curso.

À minha orientadora, professora Sybele Cruz, que me ajudou na elaboração desse trabalho. Não poderia ter escolhido outro(a) orientador(a), já que somos gaúchos e, coincidentemente, moramos e estudamos na mesma cidade.

Aos demais professores, que durante o curso nos transmitiram seus conhecimentos.

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Dedico este trabalho aos meus familiares que sempre me apoiaram em mais essa etapa concluída.

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RESUMO

O agronegócio tem sido considerado um dos setores mais importantes para a economia brasileira, gerando empregos e riqueza para o país a cada ano que passa. Com o aumento da população mundial, surge a necessidade de aumentar a produção de alimentos. A implantação da tecnologia no setor é fundamental. Para garantir uma melhor qualidade no produto e, também, uma melhor valorização, os grãos produzidos no campo são armazenados em silos. Como a produtividade dos grãos vem aumentando, a demanda por novas unidades de armazenamento também está em crescimento. Por ser considerado um espaço confinado, o trabalho em silos de armazenamento necessita de cuidados importantes com a segurança dos trabalhadores envolvidos, obedecendo as regras das normas regulamentadoras. Desta forma, este estudo buscou apresentar as taxas de incidências de acidentes do trabalho e as taxas de mortalidade de acidentes do trabalho em três classes de CNAE específicos relacionados ao agronegócio. O armazenamento de grãos em silos teve foco especial, pois não existe uma classificação especifica para essa atividade, gerando uma deficiência em dados estatísticos dos acidentes do trabalho ocorridos no setor. A pesquisa desenvolvida foi quantitativa, exploratória e descritiva, onde buscou-se os dados disponibilizados pelas bases públicas mantidas pelo governo para mostrar que a deficiência de dados específicos da atividade econômica armazenagem de grãos resulta em uma aparente inércia na prevenção de acidente.

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ABSTRACT

Agribusiness has been considered one of the most important sectors for the Brazilian economy, generating jobs and wealth for the country with each passing year. As the world's population increases, there is a need to increase food production. The implantation of the technology in the sector is fundamental. In order to guarantee a better quality in the product and also a better valorization, the grains produced in the field are stored in silos. As grain productivity is increasing, the demand for new storage units is also growing. Because it is considered a confined space, working in storage silos requires important care with the safety of the workers involved, obeying the rules of the regulatory norms. In this way, this study sought to present the incidence rates of occupational accidents and mortality rates of occupational accidents in three classes of specific CNAE related to agribusiness. Grain storage in silos had a special focus, since there is no specific classification for this activity, generating a deficiency in statistical data of occupational accidents occurred in the sector. The research developed was quantitative, exploratory and descriptive, where we searched the data provided by the public databases maintained by the government to show that the deficiency of specific data of the economic activity grain storage results in an apparent inertia in the prevention of accidents.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Mapa da produção agrícola no Brasil. ... 17

Figura 2 – Fluxograma de estruturação da classe do CNAE 01.11-3 – Cultivo de cereais e 01.15-6 – Cultivo de soja ... 29

Figura 3 – Fluxograma de estruturação da classe do CNAE 52.11-7 – Armazenamento ... 30

Figura 4 – Acidentes ocorridos no Brasil com trabalhadores das classes de CNAE 01.11-3 – Cultivo de cereais, 01.15-6 – Cultivo de soja e 52.11-7 – Armazenamento. ... 36

Figura 5 – Acidentes ocorridos no Rio Grande do Sul com trabalhadores das classes de CNAE 01.11-3 – Cultivo de cereais, 01.15-6 – Cultivo de soja e 52.11-7 – Armazenamento. ... 36

Figura 6 – Taxa de incidência de acidentes do trabalho ocorridos no Brasil e no Rio Grande do Sul entre os anos 2008 à 2017, para 1.000 vínculos ativos. ... 40

Figura 7 - Silo que desabou em Júlio de Castilhos matando dois trabalhadores. ... 49

Figura 8 - Silo que desabou matando quatro trabalhadores em Canarana - MT. ... 49

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Descrição das atividades incluídas no setor de Armazenamento ... 33 Quadro 2 – Quantidade de vínculos ativos no Brasil e no Rio Grande do Sul, por CNAE específico. ... 34 Quadro 3 - Quantidade de estabelecimentos no Brasil e no Rio Grande do Sul, por CNAE específico. ... 35 Quadro 4 – Agentes causadores com maiores ocorrências em acidentes de trabalho ocorridos no Brasil, por atividade econômica. ... 37 Quadro 5 – Agentes causadores com maiores ocorrências em acidentes de trabalho ocorridos no Rio Grande do Sul, por atividade econômica. ... 38 Quadro 6 – Partes do corpo atingida com maiores ocorrências em acidentes de trabalho ocorridos no Brasil, por atividade econômica. ... 39 Quadro 7 – Partes do corpo atingida com maiores ocorrências em acidentes de trabalho ocorridos no Rio Grande do Sul, por atividade econômica. ... 39 Quadro 8 – Porcentagem de acidentes do trabalhos pelo total de acidentes ocorridos no Brasil, por atividade econômica, para 1.000 vínculos ativos. ... 41 Quadro 9 – Porcentagem de acidentes de trabalhos pelo total de acidentes ocorridos no Rio Grande do Sul, por atividade econômica. ... 42 Quadro 10 – Taxa de incidência de acidentes de trabalhos pelo número de vínculos ativos no Brasil, para 1.000 vínculos ativos. ... 43 Quadro 11 – Taxa de incidência de acidentes de trabalhos pelo número de vínculos ativos no Rio Grande do Sul, para 1.000 vínculos ativos. ... 43 Quadro 12 – Taxa de mortalidade de acidentes do trabalho pelo número de vínculos ativos no Brasil, para 1.000 vínculos ativos. ... 44 Quadro 13 – Taxa de mortalidade de acidentes do trabalho pelo número de vínculos ativos no Rio Grande do Sul, para 1.000 vínculos ativos. ... 44 Quadro 14 – Ocupações com maiores ocorrências em acidentes de trabalho ocorridos no Brasil, por atividade econômica. ... 46 Quadro 15 – Ocupações com maiores ocorrências em acidentes de trabalho ocorridos no Rio Grande do Sul, por atividade econômica. ... 47

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LISTA DE SIGLAS

AEAT – Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho AEPS – Anuário Estatístico da Previdência Social CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho CBO – Classificação Brasileira de Ocupações

CIPATR – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural CLT – Consolidação das Leis Trabalhistas

CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento

D.O.U. – Diário Oficial da União

EPC – Equipamento de Proteção Coletiva EPI – Equipamento de Proteção Individual INSS – Instituto Nacional do Seguro Social MT – Mato Grosso

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego NR – Norma Regulamentadora

ONU – Organização das Nações Unidas PET – Permissão de Entrada e Trabalho PIB – Produto Interno Bruto

PR – Paraná

RS – Rio Grande do Sul SC – Santa Catarina

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 13 2. OBJETIVOS... 15 2.1. OBJETIVO GERAL ... 15 2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 15 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 16 2.1. AGRONEGÓCIO BRASILEIRO ... 16

2.2. SILOS DE ARMAZENAMENTO DE GRÃOS ... 18

2.3. ACIDENTES DE TRABALHO ... 18

2.4. RISCOS OCUPACIONAIS NO AMBIENTE DE TRABALHO ... 19

2.4.1. Riscos físicos ... 19

2.4.2. Riscos químicos ... 19

2.4.3. Riscos biológicos ... 19

2.4.4. Riscos ergonômicos ... 20

2.4.5. Riscos de acidentes ... 20

2.1. COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO – CAT ... 20

2.5. NORMA REGULAMENTADORA 31 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA, SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQUICULTURA ... 21

2.5.1. Disposições Gerais – Obrigações e Competências – Das Responsabilidades .... 21

2.5.2. Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural – SESTR ... 22

2.5.3. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – CIPATR ... 22

2.5.4. Secadores ... 23

2.5.5. Silos ... 23

2.5.6. Ergonomia ... 23

2.5.7. Transporte de Cargas ... 24

2.5.8. Fatores Climáticos ... 24

2.5.9. Medidas de Proteção Pessoal ... 24

2.6. NORMA REGULAMENTADORA 33 – SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS ... 25

2.6.1. Responsabilidades do empregador ... 25

2.6.2. Responsabilidades do trabalhador: ... 26

2.6.3. Responsabilidades do supervisor: ... 26

2.6.4. Responsabilidades do vigia: ... 27

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3. METODOLOGIA DA PESQUISA ... 28

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 33

4.1. VISÃO SOCIOECONÔMICA DO SETOR ... 33

4.2. VISÃO DA SEGURANÇA DO TRABALHO ... 36

4.3. TAXAS DE ACIDENTES DO TRABALHO ... 40

4.4. OCORRÊNCIA DE ACIDENTES DO TRABALHO E AS OCUPAÇÕES OS TRABALHADORES ... 45

4.5. ACIDENTES DE TRABALHO EM SILOS DE ARMAZENAMENTO DE GRÃOS 48 5. CONCLUSÃO ... 52

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1. INTRODUÇÃO

A agricultura, considerada essencial para o meio de vida de agricultores e suas famílias durante séculos, tornou-se uma atividade de produção comercial em um mundo que necessita alimentar uma população que está em constante crescimento. Um estudo realizado pela Organização das Nações Unidas – ONU apontou que a população mundial é de 7,6 bilhões de habitantes, devendo alcançar os 8,6 bilhões de habitantes até 2030 (GUEVANE, 2017).

Em virtude do crescimento populacional e da transformação da agricultura familiar para o agronegócio, tem-se as mudanças nos processos de produção agrícola, tanto na parte tecnológica quanto na parte organizacional, com o intuito de aumentar a produtividade. A primeira e importante mudança foi a introdução de equipamentos mecânicos em diversas atividades agrícolas, substituindo a mão-de-obra por máquinas.

O Brasil tem importante papel no agronegócio, aparecendo como o segundo maior produtor de soja, liderando a exportação mundial do grão (MARINHO et al., 2017). O agronegócio que gera riqueza para o Brasil, é considerado uma das locomotivas da economia do país, empregando um a cada três trabalhadores. A relevância do agronegócio para a economia brasileira, que reúne toda a cadeia produtiva (insumos, agropecuária, indústria e serviços), pode ser vista claramente pelo PIB (Produto Interno Bruto), onde a estimativa de participação foi de 21,6% em 2018 (MAPA, 2019).

Segundo um levantamento realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB, o Brasil foi responsável por 34,7% da produção mundial de soja na safra 2017/2018. Dentre os estados brasileiros, o Rio Grande do Sul aparece como sendo o terceiro produtor brasileiro de soja, com 14,5% da produção do grão na safra 2017/2018 (EMBRAPA, 2018b). .Após a colheita, os grãos são transportados para os locais de armazenamento, onde são recebidos, beneficiados, armazenados, conservados e por fim, vendidos (WEBER, 2005). Os grãos podem ser armazenados a granel, ou seja, trata-se do armazenamento em silos, que são estruturas individuais, normalmente construídas com chapas metálicas, podendo ser também, construídos em concreto. Com os bons resultados de produção obtidos no campo, surge a necessidade de armazenar os grãos por longos períodos de tempo para garantir uma maior qualidade e também possibilitar a comercialização em qualquer época do ano, propiciando um maior valor pelo produto. Para tanto, é preciso que a instalação de novas unidades de armazenamento acompanhem o crescimento da produtividade (EMBRAPA, 2018a).

Por apresentarem características de um espaço confinado, os processos de armazenamento oferecem riscos à saúde e integridade física dos trabalhadores envolvidos.

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Além disso, durante o cumprimento de suas atividades laborais, os trabalhadores poderão estar expostos à riscos ocupacionais (físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentes), como riscos de queda em altura, soterramento, incêndios e/ou explosões, choque elétrico, entre outros também estão presentes (RANGEL JR., 2008). Assim, devem-se existir cuidados para não comprometer a saúde e segurança dos trabalhadores.

Acidentes de trabalho em silos de armazenamento de grãos têm se repetido enquanto o agronegócio brasileiro bate recordes ano pós ano, mostrando uma consequência pouco conhecida da modernização do campo (FELLET, 2018). O Ministério do Trabalho e Emprego – MTE, através das normas regulamentadoras, como a NR-31, que trata da segurança e saúde no trabalho na agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura, e a NR-33, que trata da segurança e saúde nos trabalhos em espaços confinados, além das demais normas existentes, estabelece regras de proteção e medidas de segurança a serem seguidas para prevenir possíveis acidentes que venham afetar a saúde e integridade física dos trabalhadores.

1.1. JUSTIFICATIVA

A expansão da agricultura, juntamente com a modernização e a mecanização agrícola contribui para uma maior produção de grãos a cada ano que passa. Por outro lado, o ambiente em que os trabalhadores estão expostos vem se transformando em locais que oferecem riscos eminentes à saúde e à integridade física se não tomados alguns cuidados essenciais. Infelizmente, tragédias em um setor com alta produtividade e que está em constante ascensão, que é o agronegócio brasileiro, estão cada vez mais frequentes.

Os acidentes com máquinas e ferramentas manuais estão entre os que ocorrem com maior frequência. Soterramento nos silos, quedas ou atropelamentos por máquinas agrícolas tem grande destaque nas ocorrências de acidentes nestes ambientes de trabalho. Desde o período de modernização no agronegócio, mudanças estão sendo estabelecidas, porém, mesmo nos dias atuais, os acidentes de trabalho neste ramo representam um problema relevante, pois a ausência de informações tem predominado, como por exemplo, deixar de informar sobre um acidente ocorrido.

Segundo a Previdência Social, o empregador é obrigado a comunicar sobre todos os acidentes (típico, de trajeto ou doença ocupacional) ocorridos com seus colaboradores, mesmo que não haja afastamento de suas atividades, até o próximo dia útil ao do ocorrido. O próprio trabalhador, o dependente, o sindicato, o médico ou autoridades públicas poderão comunicar a ocorrência de um acidente de trabalho em qualquer período após o ocorrido, não eximindo a

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responsabilidade do empregador. No caso de óbito, a comunicação deve ser feita imediatamente. O empregador que deixar de comunicar um acidente de trabalho dentro do prazo está sujeito à auto de infração.

A importância do estudo dos acidentes de trabalho ocorridos está no conhecimento que poderá ser gerado, uma vez que todos os acidentes são evitáveis. Assim conhecer ajudará na prevenção de novas ocorrências.

Assim sendo, o presente estudo se justifica pelo número de acidentes de trabalho na agricultura com relação ao cultivo de cereais e cultivo de soja, principalmente na etapa de armazenamento dos grãos. Há uma preocupação com os acidentes ocorridos sem registro de CAT, independente do motivo dos mesmos. Há também o interesse em problematizar a inexistência de um CNAE específico para o setor de armazenamento de grãos, pois os acidentes ocorridos neste setor são registrados no CNAE que compreende a operação de armazém e depósito para todo tipo de produtos.

2. OBJETIVOS

2.1. OBJETIVO GERAL

Analisar os acidentes de trabalho relacionados à agricultura, no cultivo de cereais, cultivo de soja e armazenamento de grãos, no período de 2008 à 2017. Na busca de informações que possam subsidiar programas de prevenção mais específicos para o setor.

2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Realizar um levantamento, através dos dados disponibilizados pela Previdência Social, dos acidentes de trabalho relacionados ao cultivo de cereais, cultivo de soja e armazenamento de grãos no Brasil e no estado do Rio Grande do Sul;

 Determinar, através dos dados de acidentes levantados, as taxas de incidência de acidentes do trabalho e as taxas de mortalidade por acidentes do trabalho;

 Analisar o perfil dos CAT registrados nas atividades econômicas estudadas, como ocupação do trabalhador, agente causador e parte do corpo atingida;

 Problematizar a inexistência de CNAE específico para atividade de armazenamento de grãos;

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. AGRONEGÓCIO BRASILEIRO

O agronegócio brasileiro tem importância mundial na produção de alimentos, sendo fundamental para o andamento da economia do país. Porém, a palavra agronegócio conceitua-se de forma complexa, abordando desde as atividades agrícolas exercidas na zona rural até as indústrias e serviços. Segundo Coelho (2013 apud BURANELLO, 2013, p. 16):

O agronegócio não se limita, assim, especificamente à plantação e cultivo das commodities agrícolas (cana, soja, milho, trigo, café etc.), embora esta atividade esteja no centro da rede agronegocial. Também a integram a produção e comercialização de sementes, adubos e demais insumos, distribuição, armazenamento, logística, transporte, financiamento, conferência de qualidade e outros serviços, bem como o aproveitamento de resíduos de valor econômico. É, na verdade, a interligação racional de todas essas atividades econômicas que compõem o agronegócio, e não cada uma delas em separado. [...] O agronegócio é a rede em que se encontram o produtor rural (que sabe plantar e colher soja, mas não compreende e não quer se expor aos riscos da variação dos preços) e a trading (cuja expertise é o mercado internacional de commodities agrícolas, e os instrumentos financeiros que podem poupar os produtores rurais das oscilações dos preços). Cada um, cuidando daquilo que sabe fazer melhor, contribui para a plena eficiência da integração racional da rede de negócios.

Nos países em desenvolvimento, a agricultura consiste principalmente na produção familiar, onde o principal objetivo é produção de alimentos para garantir a sobrevivência. Já nos países desenvolvidos a agricultura transformou-se em uma atividade comercial, onde a produção de alimentos é composta pela transformação, a comercialização e distribuição, formando assim, um sistema de agroindústria (ABRAMOVAY, 2007).

A produção de soja no Brasil iniciou no estado do Rio Grande do Sul, por apresentar características regionais equiparadas aos países em que já se produziam o grão, como países da Ásia e Estados Unidos. Na década de 60, o cultivo do grão migrou para outros estados brasileiros, começando por Santa Catarina e Paraná, pois as características climáticas da região Sul favoreciam o plantio. Posteriormente, nos anos 80, Mato Grosso do Sul e demais estados passaram a cultivar a soja (GAZZONI, 2008). Nas últimas décadas, o cultivo de soja passou a ser o principal commoditie agrícola do Brasil, destacando a importância da agricultura para o crescimento econômico do país.

Em 2003, o Brasil passou por um momento importante na economia, o mercado externo valorizando os commodities e os investimentos na infraestrutura agrícola em alta, proporcionaram uma aceleração no crescimento do país, expandindo exponencialmente o agronegócio brasileiro (BLACK, 2015). Da década de 90 até a safra de 2018 a produção de soja

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no Brasil aumentou de 20 milhões de toneladas para 119 milhões de toneladas, duplicando a produtividade e triplicando a área plantada. Em 1990, o Rio Grande do Sul era líder na produção do grão, sendo ultrapassado pelo Mato Grosso e pelo Paraná (CONAB, 2019).

Figura 1 – Mapa da produção agrícola no Brasil.

Fonte: CONAB (2019).

Os investimentos na tecnologia para o mercado do agronegócio, com apoio do governo através do crédito rural, tem sido fundamental para a expansão da safra de soja nos estados brasileiros. O Rio Grande do Sul foi um dos estados que mais recebeu incentivos do governo para aumentar a produção do grão, pois tem importante participação nas exportações do país. Da área total do estado destinada agricultura, cerca de 90% são de lavouras de produção de grãos (FEE, 2018).

O plantio da soja ocupa a maior área entre as culturas da agricultura brasileira, sendo o maior consumidor insumos agrícolas, alavancando a cadeia produtiva do agronegócio do país. A cultura desse grão engloba o maior complexo industrial do Brasil, responsável por exportar um valor significantemente superior ao valor de carnes exportados em 2017 (HIRAKURI et al., 2018).

O aumento na demanda por produtos agrícolas acompanhado da desvalorização do produto primário, induziu os trabalhadores rurais a estenderem suas jornadas de trabalho, para poderem arcar com os custos de produção cada vez mais elevados. Essa situação colaborou para que as ocorrências de acidentes de trabalho aumentassem (RODRIGUES & SILVA, 1986).

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2.2. SILOS DE ARMAZENAMENTO DE GRÃOS

Silos são estruturas construídas em chapas metálicas ou em concreto, normalmente localizados em fazendas, empresas cerealistas e portos, com o objetivo de armazenar e conservar grãos sem precisarem ser ensacados.

Os silos possuem tecnologia mecanizada para movimentar e descarregar a carga, além de sistema de aeração e termômetro para controle da temperatura interna para preservar a qualidade dos grãos armazenados.

Atualmente, no Brasil, os silos metálicos são os mais utilizados devido suas características como durabilidade e qualidade em conservar os grãos, facilidade e rapidez na montagem e economia de espaço (WEBER, 2005). Para um melhor desempenho durante a operação, os silos metálicos possuem sistema para espalhar uniformemente os grãos, portas para inspeção, suspiros, escadas e plataformas para descanso em seu interior e exterior.

2.3. ACIDENTES DE TRABALHO

Segundo a Previdência Social, os acidentes de trabalho tem as seguintes classificações:  Acidente de trabalho por motivo típico: é aquele ocorrido durante o desenvolvimento da atividade laboral do trabalhador, causando lesão corporal ou alteração funcional, perdendo ou reduzindo a capacidade para o trabalho, de forma temporária ou permanente, ou até mesmo, levando a óbito;

 Acidente de trabalho por motivo no trajeto: é aquele que ocorre durante o deslocamento do trabalhador, no percurso de sua residência até o local de trabalho ou vice-versa, causando lesão corporal ou alteração funcional, perdendo ou reduzindo a capacidade para o trabalho, de forma temporária ou permanente, ou até mesmo, levando a óbito;

 Doença do trabalho: é aquela provocada ou gerada durante o desenvolvimento da atividade laboral do trabalhador, em função de condições especiais do trabalho executado, sendo reconhecida pelo Ministério do Trabalho e Emprego ou pela Previdência Social.

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2.4. RISCOS OCUPACIONAIS NO AMBIENTE DE TRABALHO

Durante a atividade laboral, os trabalhadores podem estar expostos a vários fatores que oferecem riscos à saúde e integridade física dos mesmos. Estes fatores são conhecidos como riscos ocupacionais ou riscos ambientais, sendo classificados como: físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e de acidentes. Na grande maioria das vezes, os acidentes de trabalho ou as doenças do trabalho estão relacionados a um ou mais destes riscos (ZOCCHIO, 2002).

Ambientes de trabalho que não ofereçam condições favoráveis as atividades exercidas podem aumentar o risco de acidentes, diminuir a produtividade, aumentar custos de produção e causar danos à saúde dos trabalhadores (IIDA, 2005).

2.4.1. Riscos físicos

Consideram-se riscos físicos todas as formas de energia em que o trabalhador possa estar exposto. São elas: ruídos, vibrações, temperaturas extremas (frio excessivo ou calor elevado), pressões, radiações ionizantes e não ionizantes, umidade, entre outras (ZOCCHIO, 2002)

2.4.2. Riscos químicos

Considera-se risco químico toda possibilidade de exposição à agentes químicos, que são substâncias, compostos ou produtos que possam penetrar no organismo através das vias respiratórias nas formas de gases, fumos, poeiras, vapores, névoas ou neblinas, ou ainda, pelo contato ou absorção pelo organismo através da pele ou ingestão. Os riscos químicos podem trazer ao trabalhador incômodos e desconfortos, problemas de saúde, invalidez e morte (BRASIL, 2017).

2.4.3. Riscos biológicos

Considera-se risco biológico toda probabilidade de exposição ocupacional à agentes biológicos, que são microrganismos como vírus, bactérias, fungos, protozoários, entre outros (BRASIL, 2017).

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2.4.4. Riscos ergonômicos

Consideram-se riscos ergonômicos todo e qualquer risco que possa causar ao trabalhador desconforto fisiológico ou psicológico. Esforços físicos, jornada de trabalho excessiva, levantamento e transporte manual de peso, monotonia, entre outros, podem causar desconforto ao trabalhador. A presença de riscos ergonômicos não necessariamente implica em risco grave de acidente de trabalho.

2.4.5. Riscos de acidentes

Consideram-se riscos de acidentes toda situação que coloque a integridade e bem estar físico e psíquico do trabalhador em risco. Máquinas ou equipamentos sem proteção ou operando de forma inadequada, arranjo físico inadequado, ferramentas defeituosas ou impróprias para uso, iluminação inadequada, falhas em instalações elétricas, presença de animais peçonhentos, armazenamento impróprio de produtos, probabilidade de incêndios ou explosões, entre outras situações que possam levar a ocorrência de acidentes (ZOCCHIO, 2002).

2.1. COMUNICAÇÃO DE ACIDENTE DO TRABALHO – CAT

O registro da Comunicação do Acidente de Trabalho – CAT é importante tanto para o trabalhador, para a instituições como sindicatos, MTE e SUS, quanto para o empregador, pois através do registro deste documento, será possível obter dados que servirão como base para analises estatísticas e causas de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais.

Os profissionais envolvidos na área da saúde e segurança dos trabalhadores podem ter acesso à informações mais precisas através dos históricos de CAT registrados, auxiliando-os nas alterações das formas de organização do trabalho, propondo mudanças em máquinas e equipamentos quando possível ou a inclusão de EPI´s durante o exercício das atividades laborais dos trabalhadores.

Ainda, o registro de CAT, por menor que seja o acidente, serve para que o trabalhador tenha direito a assistência da Previdência Social, através de auxílio-doença, caso um ferimento leve evolua para uma situação mais grave. A CAT servirá para comprovar que o problema teve origem durante atividade laboral, além de auxiliar na composição de dados estatísticos sobre acidentes de trabalho (GUSMÃO; OLIVEIRA; GAMA, 2013).

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2.5. NORMA REGULAMENTADORA 31 – SEGURANÇA E SAÚDE NO TRABALHO NA AGRICULTURA, PECUÁRIA, SILVICULTURA, EXPLORAÇÃO FLORESTAL E AQUICULTURA

A NR-31 foi publicada no D.O.U. – Diário Oficial da União através da Portaria n° 86 do Ministério do Trabalho e Emprego de 03 de março de 2005 com o objetivo de determinar regras na organização e no ambiente de trabalho, planejando e desenvolvendo conjuntamente as atividades da agricultura, pecuária, silvicultura, exploração florestal e aquicultura com segurança, saúde e meio ambiente do trabalho (BRASIL, 2018).

2.5.1. Disposições Gerais – Obrigações e Competências – Das Responsabilidades Conforme consta no item 3.1.3.3 da norma, cabe ao empregador rural ou equiparado: a) garantir adequadas condições de trabalho, higiene e conforto, definidas nesta Norma Regulamentadora, para todos os trabalhadores, segundo as especificidades de cada atividade e as características de cada região, desde que não acarrete riscos à saúde e segurança do trabalhador;

b) realizar avaliações dos riscos para a segurança e saúde dos trabalhadores e, com base nos resultados, adotar medidas de prevenção e proteção para garantir que todas as atividades, lugares de trabalho, máquinas, equipamentos, ferramentas e processos produtivos sejam seguros e em conformidade com as normas de segurança e saúde;

c) promover melhorias nos ambientes e nas condições de trabalho, de forma a preservar o nível de segurança e saúde dos trabalhadores;

d) cumprir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares sobre segurança e saúde no trabalho;

e) analisar, com a participação da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes no Trabalho Rural - CIPATR, as causas dos acidentes e das doenças decorrentes do trabalho, buscando prevenir e eliminar as possibilidades de novas ocorrências;

f) assegurar a divulgação de direitos, deveres e obrigações que os trabalhadores devam conhecer em matéria de segurança e saúde no trabalho;

g) adotar os procedimentos necessários quando da ocorrência de acidentes e doenças do trabalho;

h) assegurar que se forneça aos trabalhadores instruções compreensíveis em matéria de segurança e saúde, bem como toda orientação e supervisão necessárias ao trabalho seguro;

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i) garantir que os trabalhadores, através da CIPATR, participem das discussões sobre o controle dos riscos presentes nos ambientes de trabalho;

j) informar aos trabalhadores:

1. os riscos decorrentes do trabalho e as medidas de proteção implantadas, inclusive em relação a novas tecnologias adotadas pelo empregador;

2. os resultados dos exames médicos e complementares a que foram submetidos, quando realizados por serviço médico contratado pelo empregador;

3. os resultados das avaliações ambientais realizadas nos locais de trabalho.

k) permitir que representante dos trabalhadores, legalmente constituído, acompanhe a fiscalização dos preceitos legais e regulamentares sobre segurança e saúde no trabalho; l) adotar medidas de avaliação e gestão dos riscos com a seguinte ordem de prioridade: 1. eliminação dos riscos;

2. controle de riscos na fonte;

3. redução do risco ao mínimo através da introdução de medidas técnicas ou organizacionais e de práticas seguras inclusive através de capacitação;

4. adoção de medidas de proteção pessoal, sem ônus para o trabalhador, de forma a complementar ou caso ainda persistam temporariamente fatores de risco.

2.5.2. Serviço Especializado em Segurança e Saúde no Trabalho Rural – SESTR Segundo o item 3.1.6 da norma, o SESTR representa um serviço para o desenvolvimento de técnicas integradas às práticas de gestão de segurança, saúde e meio ambiente do trabalho, para que o ambiente de trabalho ofereça segurança e saúde e a preservação da integridade física do trabalhador rural. Deve ser composto por profissionais especializados, como médico do trabalho, engenheiro de segurança do trabalho, enfermeiro do trabalho, técnico de segurança do trabalho e auxiliar de enfermagem do trabalho. O dimensionamento do SESTR é feito através do número de trabalhadores envolvidos no estabelecimento.

2.5.3. Comissão Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural – CIPATR A CIPATR é formada por representantes indicados pelo empregador e representantes eleitos pelos empregados de acordo com o número de trabalhadores envolvidos no estabelecimento. A formação deve ser na mesma proporção, ou seja, o número de representantes do empregador deve ser o mesmo dos representantes dos empregados.

(23)

O empregador rural ou equiparado terá que proporcionar treinamento aos membros da CIPATR, abordando assuntos referentes a saúde e segurança no trabalho.

2.5.4. Secadores

Conforme a NR-31, o empregador ou equiparado deverá adotar medidas de segurança para evitar incêndios nos secadores, mantendo limpos os sistemas de injeção e tomada do ar quente, mantendo regulado o sistema de queima e mantendo o sistema elétrico em boas condições. Os filtros de ar dos secadores também devem ser mantidos limpos.

2.5.5. Silos

O item 31.14 da norma dispõe sobre as adequações nos silos de armazenamento de grãos. Devendo serem construídos com os equipamentos de uso tanto interno quanto externo que garantam a segurança dos trabalhadores enquanto desenvolvem suas atividades.

Durante a operação dos silos, é obrigatório o controle e prevenção de riscos que possam ocasionar explosões ou incêndios. Os agentes químicos, físicos e biológicos também devem ser controlados. Não é permitido o acesso de trabalhadores no interior do silo sem que haja um meio seguro para saída ou resgate. Nos silos totalmente fechados só é permitido o acesso ao interior após renovação do ar ou com a utilização de equipamento de proteção respiratória adequado ao trabalho, devendo ser medido a concentração de oxigênio e o limite de explosão do material estocado.

O material deverá ser estocado no interior do silo de forma que não ofereça risco de acidentes, como deslizamento do material. Deverão ser utilizados equipamentos de proteção como cintos de segurança e linhas de vida, sendo que quando um trabalhador adentrar no interior do silo, outro trabalhador deverá permanecer de vigia no exterior do mesmo.

Durante os intervalos em que não haver operação no silo, o empregador ou equiparado deverá providenciar a limpeza dos mesmos para remover as poeiras acumuladas.

2.5.6. Ergonomia

Segundo o item 31.10 da referida norma, o empregador ou equiparado deverá proporcionar condições de conforto e segurança no trabalho, seguindo os princípios ergonômicos que atendam as características dos trabalhadores, devendo as máquinas e equipamentos, além dos mobiliários e ferramentas, oferecerem condições de boa postura,

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visualização, movimentação e operação. Nas atividades que forem realizadas em pé, o trabalhador tem direito a pausas para descanso.

2.5.7. Transporte de Cargas

O carregamento e descarregamento de cargas em caminhões devem ser feitos em condições seguras, obedecendo as características de cada tipo de carroceria. Em caminhões com carrocerias abertas, como as do tipo graneleiro, não é permitida a permanência do trabalhador sobre a carga durante o descarregamento.

2.5.8. Fatores Climáticos

As atividades deverão ser interrompidas imediatamente na ocorrência de condições climáticas que ofereçam risco à saúde e segurança do trabalhador.

2.5.9. Medidas de Proteção Pessoal

O item 31.20 da norma estabelece que empregador ou equiparado forneça, de forma gratuita, para cada trabalhador, os equipamentos de proteção individual (EPI´s) sempre que as medidas de proteção coletivas não forem suficientes ou tecnicamente inviáveis, oferecendo riscos aos trabalhadores. Os EPI’s também deverão ser fornecidos enquanto as medidas de proteção coletiva estiverem sendo implementadas ou quando houver uma situação de emergência.

São responsabilidades do empregador ou equiparado fornecer os EPI’s adequados, em funcionamento e em perfeito estado de conservação, para cada risco em que o trabalhador esteja exposto, orientar e exigir o uso dos mesmos, sendo que o Ministério do Trabalho e Emprego poderá determinar o uso de EPI’s específicos para cada atividade, quando pressupor necessário. Já o trabalhador é responsável por utilizar de forma adequada e para a finalidade para qual foi destinada, mantendo-os conservados para o uso.

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2.6. NORMA REGULAMENTADORA 33 – SEGURANÇA E SAÚDE NOS TRABALHOS EM ESPAÇOS CONFINADOS

A NR-33 foi publicada no D.O.U. – Diário Oficial da União através da Portaria n° 202 do Ministério do Trabalho e Emprego de 22 de dezembro de 2006 com o objetivo de determinar os requisitos mínimos para identificar os espaços confinados e reconhecer, avaliar, monitorar e controlar os riscos presentes nestes espaços (BRASIL, 2012).

Segundo a NR-33, espaço confinado é qualquer área ou ambiente que não é projetado para a ocupação humana de forma contínua, pois possui meios limitados de entrada e saída, com ventilação insuficiente em remover contaminantes e com deficiência ou enriquecimento de oxigênio.

Os espaços confinados são ambientes que ficam fechados por médios ou longos períodos de tempo e precisam ser acessados esporadicamente por trabalhadores que realizam limpeza, inspeção, manutenção ou resgate (MORAES, 2009). Por ser um espaço confinado, expõe o trabalhador a riscos de doenças e acidentes relacionados ao trabalho, podendo levar a óbito. As estatísticas que apontam os acidentes ou mortes nestes locais são imprecisas, pois são distribuídas em outras categorias como por exemplo: explosões, incêndios ou situações envolvendo produtos perigosos.

As principais causas que ocasionam acidentes nestes locais são: ausência de sinalização para identificar o local, falta de treinamentos, falta de atenção aos riscos presentes, presença de gases inertes imperceptíveis e operação de resgate sem treinamento.

Todo espaço confinado deve ser considerado pelo trabalhador como sendo inseguro para entrada e permanência, somente após verificação da condição segura para trabalho e com a Permissão de Entrada e Trabalho – PET por escrito emitida, é que trabalhador poderá iniciar suas atividades. Devem existir sinalização na entrada, proibindo a entrada de pessoas não autorizadas (BRASIL, 2012).

2.6.1. Responsabilidades do empregador

a) indicar formalmente o responsável técnico pelo cumprimento desta norma; b) identificar os espaços confinados existentes no estabelecimento;

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d) implementar a gestão em segurança e saúde no trabalho em espaços confinados, por medidas técnicas de prevenção, administrativas, pessoais e de emergência e salvamento, de forma a garantir condições adequadas de trabalho;

e) garantir a capacitação continuada dos trabalhadores sobre os riscos, as medidas de controle, de emergência e salvamento em espaços confinados;

f) garantir que o acesso ao espaço confinado somente ocorra após a emissão, por escrito, da PET;

g) fornecer às empresas contratadas informações sobre os riscos nas áreas onde desenvolverão suas atividades e exigir a capacitação de seus trabalhadores;

h) acompanhar a implementação das medidas de segurança e saúde dos trabalhadores das empresas contratadas provendo os meios e condições para que eles possam atuar em conformidade com esta norma;

i) interromper todo e qualquer tipo de trabalho em caso de suspeição de condição de risco grave e iminente, procedendo ao imediato abandono do local;

j) garantir informações atualizadas sobre os riscos e medidas de controle antes de cada acesso aos espaços confinados (BRASIL, 2012).

2.6.2. Responsabilidades do trabalhador:

a) colaborar com a empresa no cumprimento da norma;

b) utilizar adequadamente os equipamentos fornecidos pela empresa;

c) comunicar as situações de risco para sua segurança e saúde ou de terceiros, que sejam do seu conhecimento;

d) cumprir os procedimentos e orientações recebidos nos treinamentos de espaços confinados (BRASIL, 2012).

2.6.3. Responsabilidades do supervisor: a) emitir a PET antes do início das atividades;

b) executar os testes, conferir os equipamentos e os procedimentos contidos na PET; c) assegurar que os serviços de emergência e salvamento estejam disponíveis e que os

meios para acioná-los estejam operantes;

d) cancelar os procedimentos de entrada e trabalho quando necessário; e) encerrar a PET após o término dos serviços;

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2.6.4. Responsabilidades do vigia:

a) manter continuamente a contagem precisa do número de trabalhadores autorizados no espaço confinado e assegurar que todos saiam ao término da atividade;

b) permanecer fora do espaço confinado, junto à entrada, em contato permanente com os trabalhadores autorizados;

c) adotar os procedimentos de emergência, acionando a equipe de salvamento, pública ou privada, quando necessário;

d) operar os movimentadores de pessoas;

e) ordenar o abandono do espaço confinado sempre que reconhecer algum sinal de alarme, perigo, sintoma, queixa, condição proibida, acidente, situação não prevista ou quando não puder desempenhar efetivamente suas tarefas, nem ser substituído por outro vigia; f) o vigia não poderá exercer outra tarefa enquanto estiver monitoramento o trabalho no

espaço confinado (BRASIL, 2012).

2.6.5. Permissão de Entrada e Trabalho – PET

A cada entrada em espaço confinado, antes de iniciar as atividades, deve ser emitido uma PET, que é um documento que serve para orientar os trabalhadores quanto aos procedimentos de trabalho e, também, os testes a serem executados e a conferência dos equipamentos. A PET deve prever todos os equipamentos que serão usados nas atividades. Nenhuma atividade poderá ser iniciada em espaço confinado sem que haja a emissão da PET e, a mesma deverá ser encerrada após o encerramento das atividades. A emissão da PET é de responsabilidade do empregador, e o supervisor que irá reconhecer e avaliar os risos, propondo medidas de segurança (BRASIL, 2012).

(28)

3. METODOLOGIA DA PESQUISA

A pesquisa desenvolvida tem abordagem quantitativa, pois os dados levantados foram quantificados (FONSECA, 2002) com o intuito de resultar em um retrato real dos acidentes com os trabalhadores envolvidos durante o cultivo de cereais, cultivo de soja e durante a etapa de armazenamento de grãos. Considerando os objetivos do estudo, a pesquisa se classifica como exploratória descritiva. A pesquisa exploratória permite uma aproximação com o problema, uma vez que envolve o levantamento bibliográfico (GIL, 2008). Como a pesquisa engloba a busca de uma quantidade importante de informações, a mesma também se classifica como sendo uma pesquisa descritiva, pois envolverá a análise documental com a descrição dos dados (GIL, 2008).

Para realização da análise dos acidentes de trabalho relacionados à agricultura, no cultivo de cereais, cultivo de soja e durante o armazenamento de grãos, houve o levantamento dos dados disponibilizados pela Previdência Social através do Anuário Estatístico de Acidentes de Trabalho – AEAT. Os dados são referentes ao período de 2008 à 2017, considerando os acidentes ocorridos no Brasil e os acidentes ocorridos no estado do Rio Grande do Sul. Assim, houve a necessidade de explorar as classificações econômicas disponíveis no site do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, que apresenta os códigos da Classificação Nacional de Atividade Econômica (CNAE 2.0).

A Figura 2 apresenta o fluxograma com a estruturação das classes 01.11-3 do CNAE que se refere ao Cultivo de Cereais (arroz, trigo, milho, aveia, entre outros) e 01.15-6 referente ao Cultivo de Soja, pertencente ao grupo de Produção de Lavouras Temporárias, na divisão de Agricultura, Pecuária e Serviços Relacionados.

A Figura 3 apresenta o fluxograma com a estruturação da classe 52.11-7 do CNAE de Armazenamento, que pertence ao grupo de Armazenamento, Carga e Descarga, na divisão Armazenamento e Atividades Auxiliares dos Transportes.

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Figura 2 – Fluxograma de estruturação da classe do CNAE 01.11-3 – Cultivo de cereais e 01.15-6 – Cultivo de soja

Fonte: IBGE (2019), elaborado pelo autor.

A - Agricultura, Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aquicultura 01 - Agricultura, Pecuária e Serviços Relacionados 01.1 - Produção de lavouras temporárias 01.11-3 - Cultivo de Cereais 01.15-6 - Cultivo de Soja 01.2 - Horticultura e floricultura 01.3 - Produção de lavouras permanentes 01.4 - Produção de sementes e mudas certificadas 01.5 - Pecuária 01.6 - Atividades de apoio à agricultura e à pecuária; atividades de pós-colheita 01.7 - Caça e serviços relacionados 02 - Produção Florestal 03 - Pesca e Aquicultura

(30)

Figura 3 – Fluxograma de estruturação da classe do CNAE 52.11-7 – Armazenamento

Fonte: IBGE (2019), elaborado pelo autor.

H - Transporte, Armazenagem e Correio 49 - Transporte Terrestre 50 - Transporte

Aquaviário 51 - Transporte Aéreo

52 - Armazenamento e Atividades Auxiliares dos Transportes 52.1 - Armazenamento, carga e descarga 52.11-7 - Armazenamento 52.2 - Atividades auxiliares dos transportes terrestres 52.3 - Atividades auxiliares dos transportes aquaviários 52.4 - Atividades auxiliares dos transportes aéreos 52.5 - Atividades relacionadas à organização do transporte de carga 53 - Correio e Outras Atividades de Entrega

(31)

A fim de analisar os dados dos acidentes ocorridos em setores do agronegócio, como cultivo de cereais, cultivo de soja e armazenamento de grãos, tem-se a obtenção dos dados por meio do AEAT, dos anos de 2008 à 2017.

Após a obtenção dos dados, houve a compilação dos mesmos, por meio de tabelas de cada variável em relação ao ano e ao CNAE. Para calcular as taxas de incidência de acidentes de trabalho e as taxas de mortalidade e, assim, chegar aos indicadores de acidentes do trabalho, foram utilizadas as equações adotadas pela Previdência Social que seguem abaixo. A apresentação dos resultados está através de quadros e gráficos.

 Taxa de incidência de acidentes do trabalho: calcula-se o número total de acidentes do trabalho ocorridos pelo número médio anual de vínculos para 1.000 vínculos ativos. A escolha do número médio anual de vínculos no denominador, de outro modo que utilizar o número médio de trabalhadores, justifica-se para minimizar a imprecisão no resultado do indicador, visto que, um trabalhador pode exercer mais de um vínculo em um mesmo CNAE;

𝑛º 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜

𝑛º 𝑚é𝑑𝑖𝑜 𝑎𝑛𝑢𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑣í𝑛𝑐𝑢𝑙𝑜𝑠 𝑥 1.000

 Porcentagem de acidentes do trabalho por atividade específica (CNAE) pelo total de acidentes ocorridos: calcula-se o número total de acidentes do trabalho ocorridos em cada atividade específica (CNAE) pelo número total de acidentes do trabalho para 1.000 vínculos ativos;

𝑛º 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝐶𝑁𝐴𝐸

𝑛º 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑑𝑜 𝑡𝑟𝑎𝑏𝑎𝑙ℎ𝑜 𝑥 1.000

 Taxa de incidência de acidentes do trabalho pelo número de vínculos ativos por atividade específica (CNAE): calcula-se o número total de acidentes do trabalho ocorridos pelo número de vínculos ativos em cada atividade específica (CNAE) para 1.000 vínculos ativos;

𝑛º 𝑡𝑜𝑡𝑎𝑙 𝑑𝑒 𝑎𝑐𝑖𝑑𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝐶𝑁𝐴𝐸

(32)

 Taxa de mortalidade pelo número de vínculos ativos por atividade específica (CNAE): calcula-se o número de óbitos ocorridos pelo número de vínculos ativos em cada atividade específica (CNAE) para 100.000 trabalhadores;

𝑛º ó𝑏𝑖𝑡𝑜𝑠 𝑝𝑜𝑟 𝐶𝑁𝐴𝐸

(33)

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1. VISÃO SOCIOECONÔMICA DO SETOR

Ultimamente o agronegócio no Brasil tem apresentado resultados econômicos que demonstram a importância do setor para a economia do país, empregando grande parte dos trabalhadores (BUAINAIN et al., 2014). Segundo dados do CEPEA (2018), o agronegócio foi responsável por empregar cerca de 20% do trabalhadores formais e informais do país.

Para a realização deste estudo, foram escolhidos três códigos de CNAE que representam setores do agronegócio brasileiro. A proposta do estudo foi levantar os dados de acidentes de trabalho ocorridos nos seguintes CNAEs: 01.11-3 – Cultivo de cereais, 01.15-6 – Cultivo de soja e 52.11-7 – Armazenamento.

A classe de CNAE de Cultivo de cereais envolve as subclasses de Cultivo de arroz, Cultivo de milho, Cultivo de trigo e o Cultivo de outro cereais. Para o Cultivo de soja foi estabelecido um código de classe de CNAE específico (IBGE, 2019).

A classe de Armazenamento, onde são registrados os acidentes ocorridos nos silos de armazenamento de grãos, envolve além da operação em silos para armazenamento de grãos, como também a operação de armazém e depósito para todo tipo de produtos, depósitos de mercadorias em geral, tanques de armazenamento de produtos líquidos ou gasosos, armazéns refrigerados e outros. Também estão inclusos na mesma classe, os serviços de guarda móveis, documentos e arquivos (IBGE, 2019). Porém, não tem uma classe específica para o armazenamento em silos, o que provoca uma ausência de estatísticas oficiais exatas sobre acidentes em silos de grãos no Brasil.

O Quadro 1 a seguir, apresenta todas as classes da atividade econômica que estão incluídas no CNAE 52.11-7 - Armazenamento.

Quadro 1 – Descrição das atividades incluídas no setor de Armazenamento

CNAE Descrição da atividade

5211-7/01 ARMAZÉNS GERAIS (EMISSÃO DE WARRANT) 5211-7/01 DEPOSITO GERAL (EMISSÃO DE WARRANT)

5211-7/02 DEPOSITO DE MOVEIS NÃO ASSOCIADO AO TRANSPORTE DE MUDANÇAS; SERVIÇOS DE

5211-7/02 GUARDA DE DOCUMENTOS E ARQUIVOS NÃO ASSOCIADO AO TRANSPORTE DE MUDANÇAS; SERVIÇOS DE

5211-7/02 GUARDA MÓVEIS NÃO ASSOCIADO AO TRANSPORTE DE MUDANÇAS; SERVIÇOS DE

5211-7/02 GUARDA-MÓVEIS; SERVIÇOS DE

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5211-7/99 ARMAZENAGEM DE GRÃOS POR CONTA DE TERCEIROS; SERVIÇOS DE 5211-7/99 ARMAZENAGEM DE MERCADORIAS EM GERAL POR CONTA DE

TERCEIROS; SERVIÇOS DE

5211-7/99 ARMAZENAGEM DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS POR CONTA DE TERCEIROS; SERVIÇOS DE

5211-7/99 ARMAZENAGEM DE PRODUTOS AGRÍCOLAS POR CONTA DE TERCEIROS; SERVIÇOS DE

5211-7/99 ARMAZENAMENTO DE CARGAS POR CONTA DE TERCEIROS; SERVIÇOS DE

5211-7/99 ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS EM GERAL POR CONTA DE TERCEIROS 5211-7/99 ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS EM ZONA FRANCA POR CONTA DE

TERCEIROS

5211-7/99 ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS PERIGOSOS POR CONTA DE TERCEIROS

5211-7/99 CÂMARAS FRIGORÍFICAS; SERVIÇOS DE ARMAZENAMENTO POR CONTA DE TERCEIROS

5211-7/99 DEPOSITO DE PRODUTOS POR CONTA DE TERCEIROS

5211-7/99 DEPÓSITOS DE MERCADORIAS PARA TERCEIROS, EXCETO ARMAZÉNS GERAIS E GUARDA-MÓVEIS

5211-7/99 GUARDA VOLUMES NÃO VINCULADA A ATIVIDADE DE TRANSPORTE; SERVIÇOS DE

5211-7/99 SILO; SERVIÇOS DE ARMAZENAMENTO POR CONTA DE TERCEIROS

O Quadro 2 representa o número de vínculos ativos contratados sob o regime de Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aqueles que prestam serviço ao empregador tanto na zona urbana quanto na zona rural, de forma contínua, mediante remuneração. Tem-se apresentados os dados separados por CNAE, que compreendem o período de 2008 à 2017 referentes aos contribuintes empregados no Brasil e no estado do Rio Grande do Sul.

Quadro 2 – Quantidade de vínculos ativos no Brasil e no Rio Grande do Sul, por CNAE específico.

Ano 01.11-3 – Cultivo de cereais 01.15-6 – Cultivo de soja 52.11-7 – Armazenamento

BRASIL RS BRASIL RS BRASIL RS

2008 70.906 19.802 80.970 7.843 63.986 2.845 2009 70.075 20.379 84.467 8.052 67.854 2.771 2010 68.709 20.472 89.351 8.215 74.348 3.205 2011 69.337 19.637 99.060 8.707 78.189 3.403 2012 68.620 19.654 106.469 8.709 84.865 3.391 2013 69.813 20.182 112.428 8.939 84.718 3.527 2014 70.538 20.722 117.957 9.100 85.783 3.350 2015 69.713 20.710 122.149 9.735 82.167 3.224 2016 69.679 20.722 124.377 9.999 78.953 3.278 2017 70.229 20.724 128.833 10.069 80.034 2.987 Fonte: RAIS (2019).

(35)

Observa-se que no Cultivo de cereais, o número de vínculos ativos no Brasil permaneceu constante no período analisado. Já o Cultivo de soja apresentou um aumento de 59% no número de vínculos ativos desde 2008 até 2017, acompanhando o aumento na produção desse grão. O setor de Armazenamento também apresentou aumento de 34% até o ano de 2014. Após este ano, com a chegada da crise econômica no país em meados de 2014, é possível perceber nitidamente a queda no número de vínculos ativos, onde os números começam decrescer (CASTRO, 2017).

No Rio Grande do Sul, a situação foi semelhante, onde o Cultivo de cereais não apresentou aumento significativo no número de vínculos ativos. No Cultivo de soja o aumento foi de 28% e o Armazenamento apresentou um aumento até 2013 e voltou a decrescer, chegando em 2017 com praticamente o mesmo número de vínculos ativos que em 2008 (RAIS, 2019).

O Quadro 3 representa o número de estabelecimentos cadastrados com os CNAEs analisados. Tem-se apresentados os dados que compreendem o período de 2008 à 2017 referentes aos estabelecimentos cadastrados no Brasil e no estado do Rio Grande do Sul.

Quadro 3 - Quantidade de estabelecimentos no Brasil e no Rio Grande do Sul, por CNAE específico.

Ano 01.11-3 – Cultivo de cereais 01.15-6 – Cultivo de soja 52.11-7 – Armazenamento

BRASIL RS BRASIL RS BRASIL RS

2008 19.082 4.651 19.183 2.711 2.717 132 2009 18.946 4.713 19.654 2.790 2.871 147 2010 19.451 4.866 20.527 2.917 3.131 166 2011 19.535 4.784 21.319 3.037 3.298 172 2012 19.209 4.769 22.022 3.087 3.381 177 2013 19.341 4.849 23.589 3.198 3.523 205 2014 19.811 5.078 24.660 3.293 3.593 203 2015 19.644 5.130 25.623 3.478 3.637 196 2016 19.600 5.150 26.684 3.637 3.642 189 2017 19.615 5.122 26.679 3.648 3.728 179 Fonte: RAIS (2019).

O número de estabelecimentos cadastrados com o CNAE 01.11-3 – Cultivo de cereais, apresentou um aumento de 3% do ano de 2008 para 2017 no Brasil. No Rio Grande do Sul o aumento foi de 10%.

O CNAE 01.15-6 – Cultivo de soja e o CNAE 5211-7 apresentaram similarmente um aumento de cerca de 38% nos estabelecimentos no Brasil e cerca de 35% de aumento no estado do Rio Grande do Sul, comparando o ano de 2008 com 2017.

(36)

4.2. VISÃO DA SEGURANÇA DO TRABALHO

O total de acidentes de trabalho registrados no CNAE 01.11-3 – Cultivo de cereais, 01.15-6 – Cultivo de soja e no CNAE 52.11-7 – Armazenamento estão representados na Figura 4 referente ao Brasil e na Figura 5 referente ao Rio Grande do Sul.

Figura 4 – Acidentes ocorridos no Brasil com trabalhadores das classes de CNAE 01.11-3 – Cultivo de cereais, 01.15-6 – Cultivo de soja e 52.11-7 – Armazenamento.

Fonte: AEAT (2017).

Figura 5 – Acidentes ocorridos no Rio Grande do Sul com trabalhadores das classes de CNAE 01.11-3 – Cultivo de cereais, 01.15-6 – Cultivo de soja e 52.11-7 – Armazenamento.

Fonte: AEAT (2017). 738 739 736 864 808 747 1577 492 431 420 832 1.101 1.113 1.288 1.383 1.385 1.273 1.191 1.319 1.327 2.021 2.110 2.131 2.000 1.992 1.871 1.716 1.650 1.60 8 1.551 0 500 1000 1500 2000 2500 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

01.11-3 - Cultivo de cereais 01.15-6 - Cultivo de soja 52.11-7 - Armazenamento

198 187 233 265 246 248 215 124 127 106 34 47 45 63 64 57 45 38 38 48 63 114 112 96 106 86 90 63 58 74 0 50 100 150 200 250 300 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

(37)

As Figura 4 e Figura 5 acima, representam o número de acidentes do trabalho ocorridos nas três classes de atividades econômicas estudadas, demonstrando os ocorridos no Brasil e no Rio Grande do Sul. Pode-se observar situações divergentes, onde no Brasil predominou os acidentes do trabalho ocorridos no setor de Armazenamento, seguido pelo Cultivo de soja. Já no Rio Grande do Sul, a predominância foi do Cultivo de cereais, seguido pelo Armazenamento. Os dados de ocorrência de acidentes do trabalho não acompanham os dados de vínculos ativos. O Quadro 4 apresenta os agentes causados, para cada atividade econômica estudada, que frequentemente se envolvem em acidentes do trabalho no Brasil, no período de 2012 à 2018 (SMARTLAB, 2018).

Quadro 4 – Agentes causadores com maiores ocorrências em acidentes de trabalho ocorridos no Brasil, por atividade econômica.

CNAE Ocorrência (%) Agente causador

01.11-3 Cultivo de cereais 11% - Máquina agrícola 10% - Animal vivo 7% - Motocicleta 01.15-6 Cultivo de soja 13% - Máquina agrícola 8% - Animal vivo 8% - Motocicleta 52.11-7 Armazenamento 9% - Motocicleta

6% - Veículo rodoviário motorizado - Empilhadeira

5%

- Metal (inclui liga ferrosa e não ferrosa, tubo, placa, perfil, trilho, vergalhão, arame, porca, rebite, prego, etc)

Fonte: SMARTLAB (2018).

Observa-se no quadro acima que, nas três classes de CNAE estudadas, a motocicleta aparece como sendo frequente agente causador de acidente do trabalho no Brasil, ou seja, acidente de trajeto. Acidentes envolvendo motocicletas estão caracterizando a substituição do transporte público coletivo pela mesma, para o deslocamento do trabalhador da residência até o trabalho e vice-versa. Segundo a então senadora Ana Amélia Lemos relatou, a procura pela motocicleta está cada vez maior para substituir o transporte público precário e caro, e pelo intenso trânsito nas grandes metrópoles, dificultando a mobilidade da população, fazendo da motocicleta a única alternativa restante para fugir do caos (EM DISCUSSÃO, 2012).

A semelhança no levantamento dos dados envolvendo a motocicleta como agente causador, aponta que os trabalhadores estão ficando mais propensos a se acidentar durante o trajeto de suas residências até o trabalho ou no retorno do trabalho. Porém, a contagem dos acidentes de trajeto apresenta dados inconfiáveis, pois o registro desse tipo de acidente é feito de forma equivocada, sem especificar a natureza do acidente. O trabalhador está sujeito a sofrer acidente de trajeto além do seu deslocamento da residência para o local de trabalho, como

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também durante o desenvolvimento de sua atividade laboral, ou então, sofrer um acidente de trajeto intencional objetivando uma indenização pecuniária. Aliás, há uma certa divergência no entendimento de um acidente de trajeto, pois o mesmo dependerá da avaliação do trajeto utilizado pelo trabalhador de forma habitual ou uma possível alteração intencional nesse trajeto, dentre outros (CORDEIRO, 2018).

Os acidentes do trabalho envolvendo máquinas agrícolas aparecem em ambas as classes relacionada ao cultivo de cereais e soja, pois a máquina agrícola é indispensável e equipamento principal neste setor, estando os trabalhadores mais propensos a se acidentar com este tipo de agente causador. Já o animal vivo, como causador de acidente do trabalho, além dos animais em produção na propriedade rural, inclui os animais peçonhentos, que normalmente estão presentes nas atividades de Cultivo de cereais e Cultivo de soja.

Na atividade de Armazenamento, aparecem além da motocicleta, também o veículo rodoviário motorizado, que inclui o caminhão utilizado na carga, transporte e descarga de produtos. A empilhadeira que é utilizada nas manobras de produtos tanto no interior quanto exterior dos armazéns e o metal, normalmente presente nesse tipo de ambiente.

O Quadro 5 apresenta os agentes causados, para cada atividade econômica estudada, que frequentemente se envolvem em acidentes do trabalho no Rio Grande do Sul, no período de 2012 à 2018 (SMARTLAB, 2018).

Quadro 5 – Agentes causadores com maiores ocorrências em acidentes de trabalho ocorridos no Rio Grande do Sul, por atividade econômica.

CNAE Ocorrência (%) Agente causador

01.11-3 Cultivo de cereais 14% - Animal vivo 10% - Máquina agrícola 7% - Motocicleta 01.15-6 Cultivo de soja 15% - Máquina agrícola 11% - Animal vivo 7% - Trator 52.11-7 Armazenamento 8% - Motocicleta

- Metal (inclui liga ferrosa e não ferrosa, tubo, placa, perfil, trilho, vergalhão, arame, porca, rebite, prego, etc)

6%

- Veículo rodoviário motorizado

- Chão (superfície utilizada para sustentar pessoas)

5% - Escada permanente cujos degraus permitem apoio

Fonte: SMARTLAB (2018).

Assim como nos dados obtidos anteriormente para o Brasil, para as três atividades estudadas, o estado do Rio Grande do Sul (Quadro 5) apresentou agentes causadores

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semelhantes. A motocicleta novamente aparece como agente causador nas três atividades, reforçando a caracterização da motocicleta como causador de acidente de trajeto.

O Quadro 6 apresenta as partes do corpo atingidas frequentemente em acidentes do trabalho ocorridos no Brasil, para cada atividade econômica estudada, no período de 2012 à 2018 (SMARTLAB, 2018).

Quadro 6 – Partes do corpo atingida com maiores ocorrências em acidentes de trabalho ocorridos no Brasil, por atividade econômica.

CNAE Ocorrência (%) Parte do corpo atingida

01.11-3 Cultivo de cereais

20% - Dedo

9% - Pé (exceto artelhos) 6% - Joelho

- Mão (exceto punho ou dedos)

01.15-6 Cultivo de soja 23% - Dedo 9% - Pé (exceto artelhos) 5% - Joelho 52.11-7 Armazenamento 18% - Dedo 11% - Pé (exceto artelhos) 6% - Joelho - Ombro Fonte: SMARTLAB (2018).

Pode-se observar com a apresentação do quadro acima, a similaridade nos dados das atividades econômicas analisadas, sendo que, o dedo, o pé e o joelho estão entre as partes do corpo atingidas frequentemente nas ocorrências de acidentes do trabalho no Brasil.

O Quadro 7 apresenta as partes do corpo atingidas frequentemente em acidentes do trabalho ocorridos no estado do Rio Grande do Sul, para cada atividade econômica estudada, no período de 2012 à 2018 (SMARTLAB, 2018).

Quadro 7 – Partes do corpo atingida com maiores ocorrências em acidentes de trabalho ocorridos no Rio Grande do Sul, por atividade econômica.

CNAE Ocorrência (%) Parte do corpo atingida

01.11-3 Cultivo de cereais 19% - Dedo 11% - Pé (exceto artelhos) 8% - Ombro 01.15-6 Cultivo de soja 22% - Dedo 10% - Pé (exceto artelhos)

6% - Perna (do tornozelo ao joelho) - Perna (do tornozelo a bacia)

52.11-7 Armazenamento 19% - Dedo 10% - Pé (exceto artelhos) 6% - Joelho - Ombro

- Mão (exceto punho ou dedos) Fonte: SMARTLAB (2018).

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Os dados apresentados para o Rio Grande do Sul (Quadro 7) diferem um pouco dos dados apresentados no Brasil, porém, nas três classes de CNAE analisadas, o dedo e o pé aparecem como sendo as partes do corpo mais frequentemente atingidas em acidentes do trabalho.

4.3. TAXAS DE ACIDENTES DO TRABALHO

A Figura 6 a seguir, representa a taxa de incidência de acidentes de trabalho ocorridos no Brasil e no estado do Rio Grande do Sul, que é a intensidade que os acidentes de trabalho acontecem, onde é calculado o número de acidentes de trabalho ocorridos com número de trabalhadores expostos à possíveis acidentes de trabalhos, ou seja, é contabilizado apenas os trabalhadores contribuintes à Previdência Social. A taxa é expressa para cada mil trabalhadores. Não estão sendo levados em conta, os trabalhadores autônomos, os militares e os servidores públicos estatutários que possuem seu próprio regimento da Previdência Social ou que contribuem individualmente (AEAT, 2017).

Figura 6 – Taxa de incidência de acidentes do trabalho ocorridos no Brasil e no Rio Grande do Sul entre os anos 2008 à 2017, para 1.000 vínculos ativos.

Fonte: AEAT (2017).

As taxas apresentadas na Figura 6 são de grande importância para avaliar os níveis de segurança em que os trabalhadores estão expostos e também, para avaliar a atenção e eficácia das medidas de segurança propostas pelas empresas para evitar um acidente de trabalho e assim,

17,3 16,2 14,4 13,9 13,2 12,9 12,6 11,4 11,3 10,9 22,7 21,7 19,0 17,8 16,5 17,2 17,1 15,5 15,8 14,8 0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Taxa de incidência de acidentes do trabalho

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zelar pela saúde e integridade física dos trabalhadores envolvidos. Percebe-se que a taxa de incidência de acidentes do trabalho caiu significativamente tanto no Brasil quanto no estado do Rio Grande do Sul, onde tinha-se 17,3 acidentes do trabalho a cada mil trabalhadores no Brasil e 22,7 acidentes a cada mil trabalhadores no Rio Grande do Sul em 2008, passando para 10,9 acidentes no Brasil e 14,8 acidentes no Rio Grande do Sul em 2017, para cada mil trabalhadores. Segundo especialistas, não foram os acidentes de trabalhos que diminuíram, e sim, os trabalhadores com carteira assinada. Diante da crise econômica houve aumento no número de trabalhadores informais. O orçamento do governo destinado à fiscalização por parte dos auditores do Ministério do Trabalho e Emprego – MTE também foi cortado em virtude da crise, afetando os resultados dos registros de acidentes de trabalho. Um levantando realizado pelo Ministério Público do Trabalho – MPT em parceria com a Organização Internacional do Trabalho – OIT, apontou através do Observatório Digital de Saúde e Segurança do Trabalho que apenas um em cada sete acidentes de trabalho são notificados, visto que os acidentes com trabalhadores informais não são contabilizados. A crise econômica trouxe, além disso, outro grave problema para segurança dos trabalhadores, onde empresas pequenas e médias, que representam cerca de 90% da totalidade do país, cortam gastos no setor para diminuir custos (FRANÇA, 2018).

O Quadro 8 a seguir apresenta as taxas de incidência de acidentes do trabalho pelo total de acidentes ocorridos no Brasil, distinguindo as três atividades econômicas analisadas. E o Quadro 9 apresenta as taxas de incidência de acidentes do trabalho pelo total de acidentes ocorridos no Rio Grande do Sul.

Quadro 8 – Porcentagem de acidentes do trabalhos pelo total de acidentes ocorridos no Brasil, por atividade econômica, para 1.000 vínculos ativos.

CNAE 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 01.11-3 0,976 1,008 1,049 1,199 1,132 1,041 2,214 0,791 0,736 0,764 01.15-6 1,101 1,501 1,587 1,787 1,937 1,929 1,787 1,914 2,252 2,415 52.11-7 2,673 2,877 3,038 2,775 2,790 2,606 2,409 2,651 2,746 2,823

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