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O efeito multiplicador e a distribuição de renda 2. KALECKI Demanda Efetiva e Distribuição de Renda

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(1)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

2. KALECKI

2.1. Demanda Efetiva e Distribuição de Renda

Distribuição de Renda e o Efeito Multiplicador

Kalecki, TDE, cap. 3 Poupança e investimento

O efeito do saldo da balança comercial e do déficit orçamentário Kalecki, TDE, cap. 4

Os lucros e o investimento dentro de suposições simplificadoras Kalecki, TDE, cap. 5

Introdução

Produto nacional, lucros e investimento em um modelo simplificado Modificações no investimento e no consumo em um modelo simplificado

(2)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Lucro: P = I + Ck

Consumo do capitalista: Ct = qPt–λ+ A, onde

λ reflete a defasagem na reação dos capitalistas às variações no lucro; 0 < q < 1 indica a propensão marginal a consumir dos capitalistas; e

A é constante relativa ao consumo autônomo, sujeita a modificações no LP.

Os lucros e o investimento dentro de suposições simplificadoras

“Podemos fazer a seguinte suposição, que é plausível enquanto primeira aproximação, sobre o consumo “real” dos capitalistas em um ano dado, Ct: de que ele consiste em uma parte A e uma parte proporcional a Pt – λ, o lucro real depois da dedução dos impostos de algum tempo atrás, isto é: Ct = qPt–λ+ A (5)

onde λ: indica a demora da reação do consumo dos capitalistas à mudança de sua renda corrente, q é positivo e <1 porque os capitalistas tendem a consumir apenas uma parte do incremento da renda. De fato, esta parte tende a ser bastante pequena, de forma que é provável que q seja consideravelmente menor que 1. Finalmente, A é constante a curto prazo, apesar de sujeito a modificações a longo prazo.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.73)

(3)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Lucro: P = I + Ck

Substituindo a equação do consumo (Ct = qPt–λ + A) na equação do lucro, tem-se que o lucro é determinado pelo investimento corrente e pelo lucro defasado: Pt = It + qPt–λ + A

“Suporemos, por enquanto, que tanto a balança comercial como o orçamento do Governo são equilibrados e que os trabalhadores não poupam. Nesse caso, os lucros depois da dedução dos impostos P são iguais à soma do investimento I mais o consumo dos capitalistas C:

P = I + C. (6)

Substituindo o valor de C pela equação (5), obtemos: Pt = It + qPt–λ + A. (7)

Conclui-se que os lucros “reais” ao tempo t são determinados pelo investimento corrente e pelos lucros no tempo t – λ.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.73-4)

(4)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Lucro: P = I + Ck

A substituição iterada, na equação do lucro, do consumo pelo lucro defasado e deste último pela soma do investimento e do consumo com a mesma defasagem...

“Os lucros ao tempo t – λ por sua vez serão determinados pelo investimento àquele tempo e pelos lucros ao tempo t – 2λ, e assim por diante.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.74)

A qA A q A q I q I q qI I A qA A q P q I q qI I A A A qP I q I q I A A C I q I q I A A qP I q I A C I q I P A qP I C I P A qP C C I P t t t t t t t t t t t t t t t t t t t t t t t t t t t t t t t t t                                                                  2 3 3 3 2 2 2 3 3 2 2 3 2 2 2 2 ...                   4

(5)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Lucro: P = I + Ck => Pt = (It – ω + A) / (1–q)

...leva à redefinição do lucro apenas como função do investimento defasado e da propensão marginal a consumir do capitalista (a partir da soma de duas progressões geométricas).

O efeito final da elevação do investimento sobre o lucro reflete, além da variação do investimento, a elevação do consumo do capitalista induzida pela própria elevação dos lucros ao longo do tempo.

q

A

I

q

A

q

I

P

A

qA

A

q

A

q

I

q

I

q

qI

I

P

A

qA

A

q

A

q

I

q

I

q

qI

I

P

t t t t t t t t t t t t t

        

1

1

1

...

...

2 3 3 2 2 3 3 3 2 2         

(6)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Lucro apenas como função do investimento defasado e da propensão marginal a consumir do capitalista – coeficientes decrescentes (desenvolvimento apresentado por Kalecki).

“Fica claro assim que os lucros ao tempo t são função linear do investimento ao tempo t – λ, t – 2λ etc. e que os coeficientes de investimento, It, It – λ, It – 2λ etc., nessa relação, serão 1, q, q2 etc.

respectivamente. Ora, q, conforme foi dito acima, é menor que 1, e é provável que seja consideravelmente menor que 1. Dessa forma, a série de coeficientes 1, q, q2, ... será rapidamente decrescente e consequentemente,

entre It, It – λ, It – 2λ..., somente os coeficientes relativamente perto no tempo contarão na determinação dos lucros Pt. Os lucros desse modo serão função tanto do investimento corrente como do investimento do passado recente; ou, falando em termos aproximados, os lucros seguem o investimento com um hiato temporal. Dessa forma, podemos escrever como equação aproximada: Pt= f(It–ω) (8)

onde ω é o hiato temporal envolvido.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.74)

 

                  t t t t t t t I f P A qA A q A q I q I q qI I P 2 2 3 3 ... 3 2 *Complementar 6

(7)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Lucro apenas como função do investimento defasado e da propensão marginal a consumir do capitalista – coeficientes decrescentes (desenvolvimento apresentado por Kalecki).

“A forma da função f pode ser determinada da seguinte maneira: voltemos um pouco à equação (7) e coloquemos em lugar de P seu valor dado pela equação (8): f(It–ω) = It + qf (It–ω–λ) + A.

Essa equação deverá ser válida qualquer que seja o decurso no tempo do investimento It. Assim, deverá dar cobertura inter alia ao caso onde o investimento é mantido por algum tempo num nível estável, de forma que tenhamos It = It–ω = It–ω–λ. Daí, f (It) = It + qf (It) + A

ou f(It) = (It + A) / (1–q)” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.74)

 

 

 

 

q A I I f A I qf I I f A I qf I I f P A qP I P t t t t t t t t t t t t                1     *Complementar

(8)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Lucro apenas como função do investimento defasado e da propensão marginal a consumir do capitalista – coeficientes decrescentes (desenvolvimento apresentado por Kalecki).

“Como essa igualdade é válida para qualquer nível de It, ela nos dá a forma da função f. Podemos então escrever a equação (8) como:

Pt= (It – ω+ A) / (1–q) (8′)

A significância da equação (8′) é que reduz o número de determinantes dos lucros de dois para um, devido a levar em consideração a dependência do consumo dos capitalistas para com os lucros passados, conforme nos dá a equação (5). Os lucros, de acordo com a equação (8′), são determinados completamente pelo investimento, achando-se envolvido um certo hiato temporal. Ademais, o investimento depende de decisões de investir ainda mais remotas no passado. Conclui-se que os lucros são determinados pelas decisões passadas de investir.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.74-5)

 

 

q A I P q A I I f I f P A qP I P t t t t t t t t t                1 1    *Complementar 8

(9)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Conforme visto anteriormente...a parcela relativa dos salários e ordenados na renda bruta do setor privado é igual a:

W/Y = α + B/Y , onde 0 < α < 1 e B é cte CP, sujeito a modificações a LP

Introdução

“A fórmula para a parcela relativa dos salários e ordenados na renda bruta do setor privado estabelecida no capítulo 2 (p. 61) é:

V/Y = α + B/Y ( 4 )

onde V é o valor “real” dos salários e ordenados e Y é a renda bruta “real” do setor privado. O coeficiente α é positivo e < 1 e a constante B, que está sujeita a modificações a longo prazo, também é positiva.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.79)

(10)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Como a renda é determinada pelo lucro e pelo parâmetro de distribuição...

...e o lucro é determinado pelo investimento e pela propensão a consumir do capitalista...

...segue que a renda é determinada pelo investimento, dados os parâmetros de distribuição e da propensão a consumir do capitalista.

W/Y = α + B/Y Y = P + W = W = Y – P (Y – P)/Y = α + B/Y Y – P = αY + B Y – αY = P + B q A I P t t    1 



q

q B A I Y t t        1 1 1       1 B P Y t t 10

(11)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

...segue que a renda é determinada pelo investimento, dados os parâmetros de distribuição e da propensão a consumir do capitalista.

Produto nacional, lucros e investimento em um modelo simplificado

“Temos portanto as seguintes equações para a determinação do produto nacional bruto:

Yt = (Pt + B) / (1 – α) (9′) Pt = (It – ω + A) / (1–q) (8′)

É claro que a renda bruta ou produto bruto, Yt, é completamente determinada pelo investimento, It – ω.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.80)

I

q P

(12)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Vale notar que a equação do multiplicador de Kalecki pode ser reescrita de forma mais geral em termos das propensões marginais a consumir das diferentes classes, ponderadas por sua participação na renda.

No caso específico em que a propensão marginal a consumir do trabalhador é igual a 1 (qw=1), então a equação geral se transforma na equação do multiplicador de Kalecki.

Sendo possível, portanto, derivar o valor da propensão marginal média a consumir da economia (qm) e a poupar da economia (sm), assim como o multiplicador (m).

w k

k w t q q q q B A I Y            1 1 12

.[

] 1 m t w k k w t m k w t m I A B q q s q q B A I q q q B A I Y                  



k

k t k k t k k t t q q B A I q q q B A I q q B A I Y                        1 1 1 . 1 1 1 1 . 1 1        

(13)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

O efeito multiplicador em um modelo simplificado

Quão maior a propensão marginal a consumir do capitalista e a participação dos salários na renda, maior o multiplicador.

Exemplo 1 I = 10, q = 0,8, α = 0,5, A=B=0 P = 10 / (1-0,8) = 50 Y = 50 / (1-0,5) = 100 Y = 10 /[(1-0,5)(1-0,8)] = 100 Y = 10/0,1 = 10/(1-0,9) = 10.10 = 100 q A I P t t     1 



q

q B A I q q B A I Y t t k t             1 1 1 1 1       1 B P Y t t Y = P + W => W = 50 = Cw P = I + Ck = 10 + 40 = 50 Y = P + W = I + Ck + Cw Y = 50 + 50 = 10 + 40 + 50 = 100

(14)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

O efeito multiplicador em um modelo simplificado

Quão maior a propensão marginal a consumir do capitalista e a participação dos salários na renda, maior o multiplicador.

q A I P t t     1 



q

q B A I Y t t        1 1 1       1 B P Y t t 14 Exemplo 2 I = 10, q’ = 0,9, α = 0,5, A=B=0 P = 10 / (1-0,9) = 100 Y = 100 / (1-0,5) = 200 Y = 10 /[(1-0,5)(1-0,9)] = 200 Y = 10/0,05 = 10/(1-0,95) = 10.20 = 200 Y = P + W => W = 100 = Cw P = I + Ck = 10 + 90 = 100 Y = P + W = I + Ck + Cw Y = 100 + 100 = 10 + 90 + 100 = 200

(15)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Modificações na distribuição de renda, dados os gastos dos capitalistas, alteram a renda da economia, pois alteram o salário e o consumo dos trabalhadores, ou seja, o multiplicador, enquanto os lucros permanecem inalterados. q A I P t t     1 



q

q B A I Y t t      1 1 1

1

B

P

Y

t t Exemplo 3 I = 10, q = 0,8, α’ = 0,4, A=B=0 P = 10 / (1-0,8) = 50 Y = 50 / (1-0,4) = 83,3 Y = 10 /[(1-0,4)(1-0,8)] = 83,3 Y = 10/0,12 = 10/(1-0,88) = 10.8,33 = 83,3 Y = P + W => W = 33,3 = Cw P = I + Ck = 10 + 40 = 50 Y = P + W = I + Ck + Cw Y = 50 + 33,3 = 10 + 40 + 33,3 = 83,3

(16)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Modificações na distribuição de renda, dados os gastos dos capitalistas, alteram a renda da economia, pois alteram o salário e o consumo dos trabalhadores, enquanto os lucros permanecem inalterados.

“Uma vez que a equação (9′) reflete os fatores que determinam a distribuição da renda nacional, também podemos dizer: a renda bruta, Yt, se desloca até um ponto em que os lucros sobre ela, determinados pelos “fatores de distribuição”,

correspondem ao nível de investimento It – ω. O papel dos “fatores de

distribuição” é assim o de determinar a renda ou o produto com base nos lucros, que por sua vez são determinados pelo investimento. O mecanismo dessa determinação da renda já foi descrito no cap. 3 (ver p. 66).

Daí se conclui diretamente que as modificações na distribuição da renda ocorrem não por meio de uma modificação dos lucros, P, mas através de uma mudança na renda bruta ou produto, Y.

Imaginemos, por exemplo, que, devido à elevação do grau de monopólio, a parcela relativa dos lucros na renda bruta aumente. Os lucros permanecerão sem alteração, já que continuarão a ser determinados pelo investimento, que depende das decisões de investir originadas no passado, mas os salários e ordenados reais e a renda bruta ou produto irão cair. O nível de renda ou produto irá declinar até o ponto em que a parcela relativa dos lucros mais elevada permitir auferir o mesmo nível absoluto de lucros.” (Kalecki, M.

(17)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Elevações nos salários, supondo capacidade ociosa e preços constantes (ou seja, redução do mark-up), não altera o montante total de lucros, mas eleva a participação dos salários na renda, o total dos salários e o total da renda, para um dado gasto dos capitalistas, em função da elevação do multiplicador. Exemplo 4 I = 10, q = 0,8, α’ = 0,6, A=B=0 P = 10 / (1-0,8) = 50 Y = 50 / (1-0,6) = 125 Y = 10 /[(1-0,6)(1-0,8)] = 125 Y = 10/0,08 = 10/(1-0,92) = 10.12,5 = 125 Y = P + W => W = 75 = Cw P = I + Ck = 10 + 40 = 50 Y = P + W = I + Ck + Cw Y = 50 + 75 = 10 + 40 + 75 = 125

“Segue-se, do que foi dito acima, que um aumento salarial, refletindo um aumento do poder sindical, leva – contrariamente aos preceitos da Economia Clássica – a um acréscimo do emprego. E, inversamente, uma queda dos salários, refletindo um enfraquecimento do poder sindical, leva a um declínio do emprego. A fraqueza dos sindicatos numa depressão econômica, representada pela permissão de cortes de salário, contribui mais para ampliar o desemprego do que para suavizá-lo”. (Kalecki, M. (1979[1971]), p.99)

(18)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

O efeito multiplicador em um modelo simplificado

Variações no investimento impulsionam o lucro e o consumo do capitalista; e o investimento e o consumo do capitalista, ao gerarem pagamento de salários, impulsionam o consumo do trabalhador.

A variação total da renda é maior do que a variação do investimento devido aos efeitos deste sobre o consumo do capitalista e do trabalhador.

Quão maior o investimento e o multiplicador, maior o produto e emprego da economia. 18 DYt  DPt 1 DPt  DIt 1 q DYt  DIt 1

1 q

q A I P t t    1 



q

q B A I Y t t      1 1 1       1 B P Y t t

(19)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

O efeito multiplicador em um modelo simplificado

Exemplo 5 I’ = 20, q = 0,8, α = 0,5, A=B=0 P = 20 / (1-0,8) = 100 Y = 100 / (1-0,5) = 200 Y = 20 /[(1-0,5)(1-0,8)] = 200 Y = 20/0,1 = 20/(1-0,9) = 20.10 = 200 Y = P + W => W = 100 = Cw P = I + Ck = 20 + 80 = 100 Y = P + W = I + Ck + Cw Y = 100 + 100 = 20 + 80 + 100 = 200 10

(20)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

O efeito multiplicador em um modelo simplificado

Modificações no investimento e no consumo em um modelo simplificado

“Dadas as relações entre os lucros e o investimento e a renda bruta e os lucros, conforme expressas nas equações (8′) e (9′), qualquer modificação do investimento provoca uma nítida modificação da renda. Uma elevação do investimento em ∆It – ω provoca, com um hiato temporal, uma elevação dos lucros em

∆Pt = ∆It – ω / (1–q)

Ademais, uma elevação dos lucros em ∆P provoca uma elevação da renda bruta ou produto em

∆Yt = ∆Pt / (1–α) ou

∆Yt = ∆lt–ω / (1 – α)(1 – q)” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.81-2)

(21)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

O efeito multiplicador em um modelo simplificado

“Deve-se lembrar que q é o coeficiente que indica a parte de ∆P, o incremento dos lucros, que será dedicada ao consumo; e que α é o coeficiente que indica a parte de ∆Y, o incremento da renda bruta, que vai para salários e ordenados. Tanto 1 – q como 1 – α são < 1, de modo que ∆Yt > ∆It – ω.

Em outras palavras, a renda bruta ou produto aumenta mais que o investimento, devido ao efeito da elevação do investimento sobre o consumo dos capitalistas (fator 1/1–q) e sobre a renda dos trabalhadores (fator 1/1–α). Uma vez que aqui se supõe que o consumo dos trabalhadores seja igual à sua renda, isso quer dizer que a renda aumenta mais que o investimento, devido à influência do aumento do investimento sobre o consumo dos capitalistas e dos trabalhadores.

Durante a depressão, a queda do investimento também motiva uma redução do consumo, de modo que a queda do nível de emprego é maior do que a que se origina diretamente da contração da atividade investidora.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.82)

(22)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Poupança e Investimento

O investimento gera lucro e poupança de mesma magnitude e simultaneamente a sua realização. Neste sentido, poupança não financia o investimento, mas é um fluxo sempre igual e determinado pelo investimento.

Y = P + W = I + Ck + Cw P = I + Ck + Cw – W

(Y – C) = (P – Ck) + (W – Cw) = I S = Sk + Sw = I

Poupança e investimento

“Devemos salientar que a igualdade entre poupança e investimento (...) será válida em todas as circunstâncias. Particularmente, ela será independente do nível da taxa de juros, que a teoria econômica costumava considerar o fator de equilíbrio entre a procura e a oferta de capita l novo. (...) Se o investimento aumenta em um certo valor, a poupança a partir dos lucros é pro tanto maior.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.70) ← ← ← 22 ←

(23)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Lucro, Poupança e Investimento

Variações no investimento geram elevação imediata do lucro e da poupança no mesmo montante.

P = I + Ck (P – Ck) = Sk = I

Os efeitos da elevação do lucro sobre o consumo do capitalista (Ct = qPt–λ + A ) e seus impactos subsequentes sobre os lucros ocorrem ao longo do tempo, sem alterar a igualdade entre poupança e investimento.

P = I +Ck (P – Ck) = Sk = I

“Imaginemos que tanto o investimento como portanto a poupança e também os lucros se apresentem constantes por algum tempo. Imaginemos que haja então uma súbita mudança no investimento. A poupança aumentará imediatamente junto com o investimento e os lucros também subirão na mesma proporção. Contudo, o consumo dos capitalistas subirá somente depois de algum tempo, como resultado desse aumento primário dos lucros. Dessa forma, os lucros ainda estarão aumentando depois de já se ter detido o aumento do investimento e da poupança.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.75)

(24)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

O efeito multiplicador em um modelo completo

(balança comercial, déficit orçamentário e poupança do trabalhador)

 

w k

t t q q M X T G I Y        D   D  D  D  1 1

 

w k

k w t t q q q q B A M X T G I Y                1 1

 

k w t w t t q q M X T G Y q A I P           1 I, (G-T), (X-M) qk α Y = P + W = I + Ck + Cw + (G-T) + (X-M) qw

 

k w t w t t q q M X T G Y q I P   D   D  D   D  D  1 24

(25)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Modelo completo: balança comercial, déficit orçamentário e poupança do trabalhador (desenvolvimento) 𝑌𝐵 = 𝐼 +𝐶 +𝐶 + 𝐺 + 𝑋 − 𝑀 = 𝑊 + 𝑃 + 𝑇 𝑌 = 𝐼 +𝐶 +𝐶 + 𝐺 − 𝑇 + 𝑋 − 𝑀 = 𝑊 + 𝑃 (renda disponível) 𝑃 = 𝐼 +𝐶 + 𝐶 − 𝑊 + 𝐺 − 𝑇 + 𝑋 − 𝑀 como Ck = qkP + A e Cw = qwW 𝑃 = 𝐼 + 𝑞 𝑃 + 𝐴 + 𝑞 − 1 𝑊 + 𝐺 − 𝑇 + 𝑋 − 𝑀 = 𝐼 + 𝑞 𝑃 + 𝐴 + 𝑞 − 1 𝑌 − 𝑃 + 𝐺 − 𝑇 + 𝑋 − 𝑀 = 𝐼 + 𝑞 𝑃 + 𝐴 + 𝑞 − 1 𝑌 − 𝑞 − 1 𝑃 + 𝐺 − 𝑇 + 𝑋 − 𝑀 𝑃 − 𝑞 𝑃 + 𝑞 − 1 𝑃 = 𝐼 + 𝐴 + 𝑞 − 1 𝑌 + 𝐺 − 𝑇 + 𝑋 − 𝑀 𝑞 − 𝑞 𝑃 = 𝐼 + 𝐴 + 𝑞 − 1 𝑌 + 𝐺 − 𝑇 + 𝑋 − 𝑀 𝑃 = 𝐼 + 𝐴 + 𝑞 − 1 𝑌 + 𝐺 − 𝑇 + 𝑋 − 𝑀 𝑞 − 𝑞 ∆𝑃 = ∆𝐼 + 𝑞 − 1 ∆𝑌 + ∆ 𝐺 − 𝑇 + ∆ 𝑋 − 𝑀 𝑞 − 𝑞 *Complementar

(26)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Modelo completo: balança comercial, déficit orçamentário e poupança do trabalhador (desenvolvimento) 𝑃 = 𝐼 + 𝐴 + 𝑞 − 1 𝑌 + 𝐺 − 𝑇 + 𝑋 − 𝑀 𝑞 − 𝑞 𝑌 = 𝑃 + 𝐵 1 − 𝛼 = 𝐼 + 𝑞 − 1 𝑌 + 𝐺 − 𝑇 + 𝑋 − 𝑀 + 𝐴 + 𝐵 𝑞 − 𝑞 𝑞 − 𝑞 1 − 𝛼 𝑌 𝑞 − 𝑞 1 − 𝛼 − 𝑞 − 1 𝑌 = 𝐼 + 𝐺 − 𝑇 + 𝑋 − 𝑀 + 𝐴 + 𝐵 𝑞 − 𝑞 𝑌 𝑞 − 𝑞 − 𝛼𝑞 + 𝛼𝑞 − 𝑞 + 1 = 𝐼 + 𝐺 − 𝑇 + 𝑋 − 𝑀 + 𝐴 + 𝐵 𝑞 − 𝑞 𝑌 = 𝐼 + 𝐺 − 𝑇 + 𝑋 − 𝑀 + 𝐴 + 𝐵 𝑞 − 𝑞 1 − 𝛼𝑞 + 𝛼𝑞 − 𝑞 = 𝐼 + 𝐺 − 𝑇 + 𝑋 − 𝑀 + 𝐴 + 𝐵 𝑞 − 𝑞 1 − 𝛼𝑞 + 𝛼𝑞 − 𝑞 𝑌 = 𝐼 + 𝐺 − 𝑇 + 𝑋 − 𝑀 + 𝐴 + 𝐵 𝑞 − 𝑞 1 − 𝛼𝑞 + 1 − 𝛼 𝑞 ∆𝑌 = ∆𝐼 + ∆ 𝐺 − 𝑇 + ∆ 𝑋 − 𝑀 1 − 𝛼𝑞 + 1 − 𝛼 𝑞 *Complementar 26

(27)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Poupança dos trabalhadores

Quão maior a poupança dos trabalhadores, menores os lucros e salários e, portanto, a renda da economia, associada a um menor multiplicador.

Exemplo 6

I = 10, qk = 0,8, qw’ = 0,9, α=0,5, A = B = (G –T ) = (X – M) = 0

Y = P + W => W = 33,33

Y = I + Ck + Cw = I + qkP + A + qwW = 10 + 0,8.33,33 + 0,9.33,33 Y = 10 + 26,67 + 30 = 66,67

(28)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Elevação dos salários com poupança dos trabalhadores

Supondo capacidade ociosa e preços constantes (↓mark-up), há elevação da renda, acompanhada de redução dos lucros.

Exemplo 7 I = 10, qk = 0,8, qw’ = 0,9, α’=0,6, A = B = (G –T ) = (X – M) = 0 Y = P + W => W = 42,86 Y = I + Ck + Cw = I + qkP + A + qwW = 10 + 0,8.28,57 + 0,9.42,86 Y = 10 + 22,86 + 38,57 = 71,43 28

(29)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Gastos autônomos e o efeito multiplicador

Variações no investimento, déficit orçamentário e saldo da balança comercial impactam a renda na proporção do multiplicador.

Exemplo 8 I’ = 20 ou I=10 e (G-T)’ = 10 ou I = 10 e (X-M)’ = 10 ou ... qk = 0,8, qw’ = 0,9, α=0,5, A = B = 0 𝑌 = 𝐼 + 𝐺 − 𝑇 + 𝑋 − 𝑀 + 𝐴 + 𝐵 𝑞 − 𝑞 1 − 𝛼𝑞 + 1 − 𝛼 𝑞 𝑌 = 20 1 − 0,5.0,9 + 1 − 0,5 0,8 = 20 0,15 = 20 1 − 0,85 = 20.6,6667 = 133,33 𝑃 = 𝐼 + 𝐴 + 𝑞 − 1 𝑌 + 𝐺 − 𝑇 + 𝑋 − 𝑀 𝑞 − 𝑞 𝑃 = 20 + 0,9 − 1 133,33 0,9 − 0,8 = 66,67 Y = P + W => W = 66,67 Y = I+(G-T) + (X-M) + Ck + Cw = I+(G-T) + (X-M) + qkP + A + qwW Y = 20 + 0,8.66,67 + 0,9.66,67 = 20 + 53,34 + 60 = 133,34

(30)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Gastos autônomos e o efeito multiplicador

Variações no investimento, déficit orçamentário e saldo da balança comercial impactam a renda na proporção do multiplicador.

Exemplo 8 (continuação) I’ = 20 ou I=10 e (G-T)’ = 10 ou I = 10 e (X-M)’ = 10 ou ... qk = 0,8, qw’ = 0,9, α=0,5, A = B = 0 ∆𝑌 = ∆𝐼 + ∆ 𝐺 − 𝑇 + ∆ 𝑋 − 𝑀 1 − 𝛼𝑞 + 1 − 𝛼 𝑞 ∆𝑌 = 10 1 − 0,5.0,9 + 1 − 0,5 0,8 = 10 0,15 = 10 1 − 0,85 = 10.6,6667 = 66,67 ∆𝑃 = ∆𝐼 + 𝑞 − 1 ∆𝑌 + ∆ 𝐺 − 𝑇 + ∆ 𝑋 − 𝑀 𝑞 − 𝑞 ∆𝑃 = 10 + 0,9 − 1 66,67 0,9 − 0,8 = 33,34 30

(31)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Produto Nacional Bruto em uma economia aberta, com governo e poupança dos trabalhadores

Produto Nacional Bruto: YB = P + W + T = I + Ck + Cw + G + (X-M) Lucro: P = I + Ck + (Cw – W) + (G – T) + (X – M)

A elevação na poupança do trabalhador reduz os lucros dos capitalistas, enquanto a elevação do déficit orçamentário ou do saldo da balança comercial eleva os lucros acima dos gastos dos capitalistas.

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(32)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Produto Nacional Bruto em uma economia aberta, com governo e poupança dos trabalhadores

“Conclui-se diretamente daí que um acréscimo do saldo da balança comercial elevará os lucros pro tanto, desde que os demais componentes não se alterem. (O mecanismo aí operante é o mesmo que foi descrito na página 66). (...) Conclui-se diretamente do que foi dito a cima que o saldo da balança comercial permite o aumento dos lucros a cima do nível que seria determinado pelo investimento e pelo consumo dos capitalistas. É desse ponto de vista que se poderia considerar a luta pelos mercados externos. (...)

Um déficit orçamentário tem efeito semelhante ao de um saldo positivo na balança comercial. Ele também permite um aumento dos lucros a cima do nível determinado pelo investimento privado e pelo consumo dos capitalistas. (...) Os armamentos e as guerras, em geral financiados pelos déficits orçamentários, são também uma fonte dessa espécie de lucros.” (Kalecki, M. (1977[1954]), p.71-2)

(33)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Poupança e Investimento em uma economia aberta, com governo e poupança dos trabalhadores

Alterações na balança comercial [inversamente relacionada à poupança externa: (X-M)=-(M-X)=-Sx], no déficit orçamentário [inversamente relacionado à poupança do governo: (G-T)=-(T-G)=-Sg] e na poupança do trabalhador [(W-Cw)=Sw] não alteram a poupança total nem o investimento. P = I + Ck + (Cw – W) + (G – T) + (X – M)

(P – Ck) + (W – Cw) = I + (G – T) + (X – M) Sp = Sk + Sw = I – Sg – Sx

S = Sk + Sw + Sg + Sx = I

↑Sg =↓(G-T) ou ↑Sx =↓(X-M) ou ↑Sw =↑(W-Cw) ↓P =↓(P-Ck) = ↓Sk Permanece válida a igualdade: S = Sk + Sw + Sg + Sx = I

(34)

O efeito multiplicador e a distribuição de renda

Poupança e Investimento em uma economia aberta, com governo e poupança dos trabalhadores

“Assim, por exemplo, em nenhuma hipótese um eventual nível baixo da “poupança privada” — que nada mais é que a poupança na definição usual, adotada por Kalecki — poderia ser “reforçado” por um aumento quer da “poupança do governo”, quer da “poupança externa”. Ao contrário: dado o investimento, tais aumentos teriam necessariamente o efeito de diminuir ainda mais a poupança privada! (...) (E)nquanto por um lado a poupança privada não pode se modificar independentemente, por outro lado qualquer alteração autônoma nas poupanças “externa” e “pública” implicará fatalmente alteração inversa e da mesma magnitude na poupança privada, para um dado investimento; da mesma forma que uma alteração no investimento ceteris paribus provocará efeito direto e de igual magnitude, apenas sobre a poupança privada e não sobre os outros dois componentes, que são basicamente autônomos. A conclusão rigorosa à luz do PDE é que, para um dado nível de investimento, a poupança privada é determinada pelos outros dois componentes de “poupança”, variando inversamente com cada um deles. Em outras palavras, a suposta complementaridade entre os componentes de poupança é mera aparência enganosa: a poupança privada sempre se reduz pro tanto frente a um aumento autônomo das “poupanças” pública e externa, tanto quanto frente a uma redução autônoma do

Referências

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