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A IMAGEM REAL E A IMAGEM IDEAL DO PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA: (RE)VISITANDO OS PCNs E DCNs

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Academic year: 2021

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A IMAGEM REAL E A IMAGEM IDEAL DO PROFESSOR DE LÍNGUA

PORTUGUESA: (RE)VISITANDO OS PCNs E DCNs

Edilian Bezerra Arrais1

RESUMO

Este ensaio discute aspectos idealizados da identidade do professor de Língua Portuguesa do ensino fundamental e médio a partir da análise dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e das Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs).

Palavras-Chave: docente, identidade, documentos oficiais, língua portuguesa

RESUMEN

Este ensayo analiza aspectos idealizados de la identidad del profesor de lengua portuguesa en la educación primaria y secundaria a partir del análisis de los Parámetros Curriculares Nacionales (PCN) y las Directrices Curriculares Nacionales (DCN).

Palabras claves: enseñanza, identidad, documentos oficiales, lengua portuguesa

INTRODUÇÃO

Durante o período da graduação nos deparamos com inúmeros textos que são cotidianamente apresentados pelos professores. A leitura da maioria desses textos é feita de forma (muito) superficial. Sabedores da importância de tal leitura para nossa formação docente, preparamos uma lista das leituras que pretendemos colocar em dia, tão logo finalize o curso de graduação: ‘ler Machado, Amado, Guimarães Rosa e aqueles teóricos que nos apaixonaram sem medo (de equívoco na análise) e principalmente sem data para entregar o relatório dos textos lidos’. Com a cabeça cheia de planos e coração, listamos os textos que são de suma importância para a nossa formação e dizemos a nós mesmos: ‘os lerei mais detidamente’. Ocorre que Pasárgada2 não é ali e, logo somos tragados pela realidade de novas demandas e

novos desafios que surgem com a prática docente.

1 Graduada em Letras Português/Espanhol pelo Centro Universitário Ítalo-Brasileiro (UniÍtalo), professora de Língua

Portuguesa na rede estadual (SEE/SP) e pós-graduanda pela PUC/MG em Ensino de Língua Portuguesa.

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Um dos materiais que carece ser periodicamente (re)visitado por estudantes de licenciaturas e docentes, é sem dúvida, o conjunto de textos que regulamenta o nosso dia-a-dia em sala de aula,— a saber os PCNs e DCNs e demais documentos correlatos.

Dada a importância dos PCNs e DCNs, este ensaio tem como objetivo discutir de que modo o professor de Língua Portuguesa é descrito nestes documentos. Olhando para esses textos, buscamos compreender qual é o papel docente frente à formação, à construção da vida cidadã e o desenvolvimento dos alunos.

(RE)VISITANDO OS DOCUMENTOS OFICIAIS — CONTEXTO DE PRODUÇÃO, O QUE SÃO E PARA QUESERVEM?

Os documentos estão inseridos em um movimento de reformas do sistema educacional brasileiro. Os PCNs começaram a ser elaborados em 1995, e foram concluídos em 1997, não sendo princípios atemporais.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais estão situados historicamente — não são princípios atemporais. Sua validade depende de estarem em consonância com a realidade social, necessitando, portanto, de um processo periódico de avaliação e revisão, a ser coordenado pelo MEC. (BRASIL, 1997, p. 29)

O que são os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs)

Segundo Menezes (2002), os PCNs são

um conjunto de textos, cada um sobre uma área de ensino, que serve para nortear a elaboração dos currículos escolares em todo o país. Os PCNs não constituem uma imposição de conteúdos a serem ministrados nas escolas, mas são propostas nas quais as Secretarias e as unidades escolares poderão se basear para elaborar seus próprios planos de ensino.

De acordo com Brasil (1998, p.5), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), são documentos elaborados com o intuito de “de um lado, respeitar diversidades regionais, culturais, políticas existentes no país e, de outro, considerar a necessidade de construir referências nacionais comuns ao processo educativo em todas as regiões brasileiras”.

Pode-se afirmar que a ideia central desse texto é a de apresentar referências gerais para o ensino nesse nível, incluindo-se aí os seus objetivos e a metodologia, a fim de que as instituições escolares definam, em função das comunidades, os seus projetos políticos pedagógicos.

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Além do documento introdutório, compõem ainda os PCNs uma série de outros volumes, um para cada área do conhecimento abordada no ensino fundamental. Nesses volumes é que estão os parâmetros curriculares, propriamente ditos, desmembrados em objetivos, conteúdos, tratamentos didáticos e critérios de avaliação. A ideia da eleição desses conteúdos é oferecer aos alunos a oportunidade de se apropriarem deles como instrumentos para refletir e mudar sua própria vida.

Segundo Brasil (1998, p. 19), em linhas gerais, espera-se o domínio da língua, oral e escrita, como elemento fundamental para a participação social efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica: “Pela linguagem os homens e as mulheres se comunicam, têm acesso à informação, expressam e defendem pontos de vista, partilham ou constroem visões de mundo, produzem cultura”.

O que são as Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs)

As DCNs têm origem na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, que assinala ser incumbência da União "estabelecer, em colaboração com os estados, Distrito Federal e os municípios, competências e diretrizes para a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, que nortearão os currículos e os seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar a formação básica comum".

Menezes (2002) as define como

normas obrigatórias para a Educação Básica que orientam o planejamento curricular das escolas e sistemas de ensino, fixadas pelo Conselho Nacional de Educação (CNE). As DCNs têm origem na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1996, que assinala ser incumbência da União "estabelecer, em colaboração com os Estados, Distrito Federal e os Municípios, competências e diretrizes para a educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio, que nortearão os currículos e os seus conteúdos mínimos, de modo a assegurar a formação básica comum".

As DCNs diferentemente dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), são leis, dando as metas e objetivos a serem buscados em cada curso, já os PCNs, são apenas referências curriculares.

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O PAPEL DO PROFESSOR FRENTE À FORMAÇÃO DO ALUNO

O ensino-aprendizagem da Língua Portuguesa é apresentado pelos PCNs como uma tríade: o aluno, a língua e professor.

Pode-se considerar o ensino e a aprendizagem de Língua Portuguesa, como prática pedagógica, resultantes da articulação de três variáveis: o aluno; os conhecimentos com os quais se opera nas práticas de linguagem; a mediação do professor. (BRASIL, 1998, p. 28).

Quanto ao aluno, é colocado como sujeito cognoscente, isto é, aquele que tem autonomia no processo de construção do seu conhecimento — “O primeiro elemento dessa tríade — o aluno — é o sujeito da ação de aprender, aquele que age com e sobre o objeto de conhecimento” (BRASIL, 1998). O ideal preconizado nos PCNs alude à independência individual como forma de aprendizado.

Em relação ao segundo elemento — a língua, objeto do conhecimento, a recomendação é de que cada escola, junto aos seus professores busquem selecionar conteúdos e articulá-los às diversas competências e habilidades que se quer desenvolver.

Chegamos finalmente ao terceiro elemento da tríade — o professor.

O professor deve estar consciente de que dele se espera que saiba dispor dos conhecimentos próprios de sua especialidade. No caso do professor de Língua Portuguesa, a expectativa é que saiba adequar seu discurso a um bate-papo menos formal na resolução de um impasse cotidiano ou a uma aula mais expositiva [...] (BRASIL, 2002, p. 75) (grifo nosso).

Fica claro nos documentos que um dos requisitos básicos do professor de Língua Portuguesa é que este domine a sua área de conhecimento, sabendo equilibrar aulas expositivas e momentos mais informais.

Espera-se ainda, que haja uma interação entre professores — conteúdo — alunos, isto é, o conhecimento não está acabado, podendo ser construído e ressignificado por professores e alunos durante o processo.

A organização de atividades de ensino e aprendizagem, a relação cooperativa entre professor e aluno, os questionamentos e as controvérsias conceituais, influenciam o processo de construção de significado e o sentido que alunos atribuem aos conteúdos escolares. (BRASIL, 1998, p. 72)

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indicam a necessidade imperiosa de se considerar, no processo educacional, a indissociável relação entre conhecimentos, linguagem e afetos, como constituinte dos atos de ensinar e aprender. Esta relação essencial, expressa através de múltiplas formas de diálogo, é o fundamento do ato de educar, concretizado nas relações entre as gerações, seja entre os próprios alunos ou entre eles e seus professores.

O professor figuraria como mediador das relações de aprendizagem, cabendo a este analisar, refletir e tomar decisões em função das necessidades de aprendizagem de seus alunos. O aluno já não é mero receptor passivo. O professor deixa de ser o centro irradiador do conteúdo e o aluno tabula rasa. Portanto, há um deslocamento no eixo-pedagógico: muda-se a valorização de como e quem ensina para quem aprende e como aprende.

CONCLUSÃO

Não poderíamos chegar às linhas finais deste ensaio sem, uma vez mais, observar a importância que os documentos têm para docentes e estudantes de licenciaturas. (Re)visitar os documentos oficiais, buscando entender as visões teórico-metodológicas ali apresentadas, é essencial para compreendermos onde estamos e qual percurso queremos fazer dentro do complexo processo educacional brasileiro.

Apesar de terem quase duas décadas de existência, esses documentos ainda são

desconhecidos para professores que já estão em sala de aula e para estudantes de licenciatura

(de fato, não há nos cursos de graduação muito espaço para a leitura e o estudo dos materiais). Também não podemos deixar de perceber que, embora os documentos apresentem o aluno como coautor na construção do conhecimento, é atribuída ao professor a responsabilidade pela formação, não apenas linguística, mas da vida cidadã do aluno — o que está prescrito nos PCNs no tocante aos temas transversais e ao próprio uso da língua como prática social.

Por tratarem de questões sociais contemporâneas, que tocam profundamente o exercício de cidadania, os temas transversais oferecem inúmeras possibilidades para o uso vivo da palavra, permitindo muitas articulações com a área de Língua Portuguesa. (BRASIL, 1998, p. 40)

Os documentos apresentam uma imagem idealizada do professor de Língua Portuguesa — um sujeito que domina as diferentes teorias, inclusive àquelas que norteiam os próprios documentos (das áreas de Psicologia, Antropologia, Sociologia, Linguística etc.), a exemplo a resolução do CNE/CEB 04/98 de 29 de janeiro de 1998.

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As evidências de pesquisas e estudos nas áreas de Psicologia, Antropologia, Sociologia e Linguística, entre outras Ciências Humanas e Sociais, indicam a necessidade imperiosa de se considerar, no processo educacional, a indissociável relação entre conhecimentos, linguagem e afetos, como constituinte dos atos de ensinar e aprender.

Nota-se que uma série de exigências do professor em relação aquilo que ele deve oferecer em sala de aula e, não discordamos das tais exigências. Entretanto, pensamos que elas devem vir acompanhadas de boa qualidade de formação inicial e continuada.

O reconhecimento de que há uma lacuna na formação do profissional docente só aparece em 2002 no PCN+, quando dedica-se boa parte das últimas recomendações em relação ao parâmetro de Volume Linguagens, Códigos e suas Tecnologias para abordar esse aspecto tão importante.

No PCN+ reconhece-se a desvalorização do profissional docente, bem como um sucateamento do seu local de trabalho, o que entendemos ser ao menos um vislumbre da imagem real do professor brasileiro, em especial aquele que trabalha na rede pública de ensino.

Em um plano geral, deparamo-nos com um quadro de desvalorização da profissão docente, em que o profissional é levado a dar aulas muitas vezes em condições inadequadas para o desenvolvimento de uma prática pedagógica produtiva. A precariedade das instalações dos aparelhos escolares, as dificuldades e carências da clientela, a falta de perspectivas no plano financeiro levam muitas pessoas a desistirem precocemente de uma vocação que, em outras condições, teria tudo para frutificar (BRASIL, 2002, p. 85).

Os documentos são extensos, sua leitura densa e bastante exaustiva, entretanto é de suma importância que o docente se inteire das diversas vozes (da instituição, das teorias, etc.) que se enunciam nos documentos.

Identificadas as vozes, cabe ao docente localizar a sua voz no texto, seja concordando ou discordando. O material não é algo a ser seguido às cegas, mas um parâmetro, como o próprio nome sugere e, se bem aproveitado, nos levará ao pensamento crítico do contexto em que estamos inseridos, bem como deixará claro que imagem temos construído de nós mesmos e que representação de professor temos apresentado aos nossos alunos.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro

e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais.

Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. Disponível em portal.mec.gov.br Acesso em 30/03/12.

LOPES, Rita de Cassia Soares. Caderno temático: A relação professor-aluno e o processo

ensino-aprendizagem. Secretaria de Estado da Educação do Paraná Superintendência de

Educação Universidade Estadual de Ponta Grossa. Programa de Desenvolvimento Educacional- PDE, 2008. Disponível em http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1534-6.pdf Acesso em 12/02/2015.

MENEZES, Ebenezer Takuno de; SANTOS, Thais Helena dos. "PCNs (Parâmetros

Curriculares Nacionais)" (verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira -

EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2002,

http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=117 Acesso em 12/02/2015.

_______________."DCNs (Diretrizes Curriculares Nacionais)" (verbete). Dicionário Interativo da Educação Brasileira - EducaBrasil. São Paulo: Midiamix Editora, 2002, http://www.educabrasil.com.br/eb/dic/dicionario.asp?id=96, visitado em 12/02/2015.

_____________. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais:

terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental: introdução aos parâmetros curriculares nacionais. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. Disponível em

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_____________. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Básica. Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão. Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica. Conselho Nacional da Educação. Câmara Nacional de Educação Básica. Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais da Educação Básica / Ministério da

Educação. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Currículos e Educação Integral.

Brasília: MEC, SEB, DICEI, 2013. Disponível em http://portal.mec.gov.br Acesso em 12/02/15.

_______. CB/CNE. Diretrizes Curriculares para a Educação Básica. 1998. Acesso em 12/02/15.

_____________. Secretaria de Educação Fundamental. PCN+ Orientações Educacionais

Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Secretaria de Educação

Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 2002b. Disponível em portal.mec.gov.br Acesso em 12/02/15.

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