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PROPOSTA DE USO E OCUPAÇÃO SUSTENTÁVEL NA SUB-BACIA DO CÓRREGO DO QUILOMBO SÃO CARLOS (SP).

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Fábio Noel Stanganini

Universidade Federal de São Carlos fnsgeo@gmail.com

PROPOSTA DE USO E OCUPAÇÃO SUSTENTÁVEL NA SUB-BACIA DO CÓRREGO

DO QUILOMBO – SÃO CARLOS (SP).

Edson Augusto Melanda Universidade Federal de São Carlos melanda@ufscar.br 750

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CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO PARA O PLANEAMENTO URBANO,

REGIONAL, INTEGRADO E SUSTENTÁVEL (PLURIS 2018)

Cidades e Territórios - Desenvolvimento, atratividade e novos desafios

Coimbra – Portugal, 24, 25 e 26 de outubro de 2018

PROPOSTA DE USO E OCUPAÇÃO SUSTENTÁVEL NA SUB-BACIA DO CÓRREGO DO QUILOMBO – SÃO CARLOS (SP).

F. N. Stanganini e E. A. Melanda

RESUMO

O trabalho visou avaliar e criar uma proposta de uso sustentável para sub-bacia do córrego do Quilombo, localizado no Município de São Carlos/SP, que faz parte do eixo de crescimento urbano da cidade. A sub-bacia tem um alto potencial de captação de recursos hídricos superficiais, fundamental para atividades agropecuárias e abastecimento, a partir dessas questões, foi realizado um diagnóstico ambiental através de imagens de satélite e dados obtidos em trabalhos acadêmicos, assim como a geração de produtos cartográficos com a ferramenta Qgis 2.18. A partir dos dados obtidos na área de estudo e a avaliação da atual situação, foram sugeridas propostas de uso sustentável da região, visando reduzir os impactos ambientais. Concluiu-se no trabalho, que a participação da população é imprescindível, e que outras pesquisas devem ser incentivadas, oferecendo aos gestores uma orientação para tomada de decisão, que considere a capacidade de suporte dos recursos naturais como fator principal na construção e expansão de novas áreas na sub-bacia.

1 INTRODUÇÃO

Com o aumento populacional, o deslocamento de populações e a alta demanda por moradias, tornaram-se inevitável é necessária à expansão das áreas urbanas, e consequentemente um processo de urbanização desordenado. Desta forma, onde existiu algum tipo de cobertura vegetal, seja ela do tipo herbácea arbustiva ou arbórea, tendem a tornarem-se edificações, imóveis rurais, parques, estradas, dentre outros.

Tal procedimento traz o comprometimento da qualidade ambiental e de vida da população, devido à grande importância que áreas de cobertura vegetal, especialmente a cobertura arbórea, apresentam para a proteção e conservação do solo, na amenidade da temperatura e dos ventos, assim como na manutenção da biodiversidade.

O nível de urbanização ou o seu crescimento determinam as mudanças no padrão do uso e ocupação do solo e podem causar impactos negativos com relação à vegetação, hidrologia

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e geomorfologia. Em termos hidrológicos, o resultado da urbanização em forma de superfície impermeabilizada é refletido no aumento do volume e da taxa de escoamento superficial dos rios (TUCCI, 2008).

O crescimento da área urbana do município ao longo dos anos, representa a necessidade de diagnosticar e identificar os impactos ambientais, assim como, planejar ações que venham a prevenir a degradação dos recursos hídricos superficiais, principalmente com o aumento de áreas impermeabilizadas.

O monitoramento e a predição da expansão urbana são informações básicas de que necessitam os gestores locais de uso do solo e de recursos hídricos para o planejamento de longo prazo, antes que mudanças irreversíveis venham a ocorrer (CONWAY & LATHROPET, 2005).

Segundo Montaño e Souza (2016), incorporar a dimensão da viabilidade ambiental (espacial e temporal) nos processos de tomada de decisão tem sido um grande desafio para planejadores e administradores públicos e privados. No âmbito das políticas públicas voltadas para as questões de meio ambiente e desenvolvimento, tem sido criado e aprimorado diversos instrumentos que contribuem, uma vez empregados corretamente, para a compatibilização das atividades antrópicas com a capacidade do meio em suporta-las, a fim de maximizar a qualidade de vida das populações humanas e minimizar os impactos ambientais negativos, determinando padrões de qualidade já estabelecidos.

O presente trabalho visa elaborar uma análise do crescimento da área urbana da cidade de São Carlos-SP em 2017 a partir de imagens de satélite e comparar as mudanças previstas no atual Plano Diretor Municipal, em uma sub-bacia hidrográfica. Coletando informações, que apontem através de mapas temáticos, limitações, e a partir dos resultados, sugerir medidas de adequações, a fim de auxiliar na construção de políticas públicas municipais, e o desenvolvimento de um plano de adequação ambiental, no que tange aos recursos hídricos superficiais, prevendo a instalação de novos loteamentos ao longo dos próximos anos.

2 ASPECTOS METODOLÓGICOS

A sub-bacia do córrego do Quilombo, situa-se no centro do Estado de São Paulo no Município de São Carlos/SP entre as coordenadas 25°19’ 24°77’ S e 53°18’ 53°14’ W, com altitudes variando entre 800 e 860 metros. O município possui uma área de 1.140,92 km² sendo dividido em nove sub-bacias hidrográficas, determinada de modo a abranger a área da sub-bacia do Quilombo, que faz divisa com os Municípios de Descalvado e Luiz Antônio.

O município os está localizado na região central do Estado, entre os paralelos 22°00’ e 22°30’ S e 47°30’ e 48°00’ W, a aproximadamente 230 km a noroeste da capital, tendo como principais estradas a SP- 310 e SP – 318, situado sobre o divisor de águas de duas Unidades de Gerenciamento dos Recursos Hídricos - UGRHI, ao norte do Mogi- Guaçu e ao sul do Tietê-Jacaré (Figura 1). Percorrendo uma extensão de aproximadamente 40 km até desembocar no Rio Mogi-Guaçu.

Os tipos de vegetação são as matas mesófilas, cerradão, cerrado, campo cerrado e campo limpo, além de áreas de eucalipto. Compreende uma área de aproximadamente 466 km².

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As sub-bacias hidrográficas urbanas são compostas por uma variedade de feições, ou seja, existem diversas classes de uso e ocupação da terra, e que apresentam características que são distintas. Assim, a elaboração de material cartográfico permite uma análise da real situação da área urbana e da ocupação do solo. Os mapas temáticos de uso e ocupação foram gerados a partir da análise interpretativa das imagens, assim como pela classificação supervisionada.

A metodologia do trabalho foi construída através de etapas, sendo elas: primária etapa inventário: produção das bases cartográficas; segunda etapa: tratamento das informações e elaboração do sistema com o uso de ferramentas de geoprocessamento; terceira etapa: análise e diagnóstico do meio físico; quarta etapa: elaboração do material cartográfico final. A escala de trabalho adotada para a sub-bacia foi de 1:50.000.

A aplicação teve como intuito, a atual situação do processo de expansão urbana sobre os recursos hídricos na sub-bacia hidrográfica, a partir de dados de satélite, combinados com o uso de mapas temáticos de uso e ocupação, assim como uma caracterização da atual situação da bacia do córrego do Quilombo, no que concerne a disponibilidade hídrica. A figura (1) apresenta as sub-bacias que compõem o município de São Carlos/SP. A figura (1) apresenta as sub-bacias que compõem o município de São Carlos/SP.

Fig. 1 Mapa das Sub-bacias do Município de São Carlos – SP

Segundo Montaño e Souza (2016), são consideradas diferentes situações do uso de recursos hídricos a fim de identificar eventuais limitações a ocupação territorial impostas por diferentes regimes de uso (consuntivo e não consuntivo), os quais implicam uma demanda especifica relacionada a uma determinada quantidade de agua, ou capacidade de diluição de efluentes.

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Neste sentido, classificar o potencial da bacia do córrego do Quilombo, quanto ao atual processo de ocupação, assim como os impactos ambientais sobre os recursos hídricos no território, diante da eminente ocupação da região.

Os dados do meio físico, foram coletados através de levantamentos bibliográficos e cartográficos, assim como trabalhos de campo. Os resultados obtidos foram sistematizados e representados via cartografia temática, gerando uma serie de mapas, interpretados que permitiram uma análise detalhada da área de trabalho. Constituindo a possibilidade de um modelo de planejamento e gestão integrados com possiblidade de desenvolvimento sustentável para região.

Foram elaborados e compilados mapas temáticos de hidrografia, geologia, pedologia, hipsometria e uso do solo nas escalas 1:50.000, em conjunto com dados relacionados a bacia do córrego do Quilombo. As escalas foram escolhidas de acordo com as bases de dados disponíveis nos órgãos oficiais.

3 DISCUSSÕES E RESULTADOS

3.1 Os Impactos sobre os Recursos Hídricos Superficiais

O Estado de São Paulo foi divido em 22 Unidades de Gerenciamento de Recursos Hídricos (UGRHI) pela Lei Estadual 9034/94, que aprovou o Plano Estadual de Recursos Hídricos. O município faz parte da décima terceira unidade, conhecida como Tietê/Jacaré, as principais sub-bacias que abastecem o município, são Feijão e Monjolinho. A classificação da UGRHI, segundo sua vocação, obedece ao estabelecido na Lei 9.034, de 27 de dezembro de 1994.

As transformações territoriais que ocorrem no Brasil, em um curto período de tempo, aceleram o processo, e as mudanças sociais e econômicas, que ao longo dos atuais anos mudaram as paisagens urbanas. O crescimento acelerado e desordenado da maioria das cidades brasileiras, a partir da década de 1960, resultou na ocupação de áreas desfavoráveis ao uso urbano, ocasionando, por sua vez, desequilíbrios ao meio ambiente.

A partir de 1970, o processo de urbanização alcança novo patamar, tanto do ponto de vista quantitativo, quanto do ponto de vista qualitativo. Consecutiva à revolução demográfica dos anos 1950 desenvolve-se, primeiramente, uma urbanização aglomerada, com o aumento do número e da população respectiva – dos núcleos com mais de 20 mil habitantes. Em seguida, uma urbanização concentrada, com a multiplicação das cidades e tamanho intermediário, para alcançarmos depois, o estágio da metropolização, com o aumento considerável do número de cidades milionárias e de grandes cidades médias, entorno de 500 mil habitantes (SANTOS, 1993).

O advento de crescimento das cidades ditas médias é hoje um grande objeto de pesquisa dos planejadores regionais. Entender como essas aglomerações urbanas irão evoluir, de forma a conciliar os diversos ciclos de desenvolvimento econômico pelos quais algumas delas passam, e o desenvolvimento que a atual geração espera, pleiteando o desenvolvimento sustentável.

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Neste sentido, o planejamento urbano ambiental, vinculado à crescente necessidade de ordenar as áreas urbanas, principalmente em cidades de porte médio que ao longo dos anos vêm se tornando áreas com maior adensamento populacional na qual a tendência ao crescimento e expansão é maior, tem sido tema de grande interesse nas últimas décadas. Um dos aspectos mais importantes que justificam a necessidade de reformas no modelo de planejamento do uso dos recursos hídricos e a necessidade de aumentar a eficiência da gestão e o aproveitamento da água para enfrentar a crescente necessidade por usos múltiplos, em particular em razão da grande demanda em concentrações urbanas, na indústria, agricultura e geração de energia (FLAVIN, 2001).

Ressalte-se que os estudos de planejamento dos recursos hídricos, dependendo do seu escopo, deverão contemplar regiões hidrográficas ou bacias com mais de uma unidade de gerenciamento de recursos hídricos (SILVA, et al., 2016).

A grande crise da água, prevista para o ano de 2020, tem preocupado cientistas das diversas áreas no mundo inteiro, e o caminho que poderá conduzir ao caos hídrico já é trilhado, representando, dentre outros, sério problema de saúde pública (WREGE, 2000).

Estima-se que, no início deste século, mais da metade da população mundial viverá em zonas urbanas. Até o ano 2025, essa proporção chegará aos 60%, compreendendo cerca de 5 bilhões de pessoas. O crescimento rápido da população urbana e da industrialização está submetendo a graves pressões os recursos hídricos e a capacidade de proteção ambiental de muitas cidades. Uma alta proporção de grandes aglomerações urbanas está localizada em torno de estuários e em zonas costeiras. Essa situação leva à poluição pela descarga de resíduos municipais e industriais combinada com a exploração excessiva dos recursos hídricos disponíveis, ameaçando o meio ambiente marinho e o abastecimento de água doce (AGENDA 21, 1996). Existe um consenso, entre órgãos e secretárias de administração pública, que trabalham com a gestão dos recursos hídricos, a necessidade de priorizar estudos sobre os mananciais que fazem parte do contexto do processo de crescimento urbano, priorizando aspectos, como produção e abastecimento de água de novas áreas de expansão, que fazem parte desse espaço. O município de São Carlos tem como áreas de abastecimento, as sub-bacias do feijão e monjolinho, com vazão média estimada de 2,275 e 2,329 m3/s1, ambas as bacias encontram-se quase em sua totalidade antropizada. A tabela 1 representa o grau de urbanização dos últimos 35 anos do Município.

Com o aumento da população urbana nas últimas décadas, os impactos ambientais cresceram proporcionalmente, alcançando aspectos e características que necessitam de novas técnicas de abordagem, como os seguintes, a) disposição de efluentes domésticos; b) erosão e alteração da paisagem pela agricultura e urbanização; c) alteração de rios, margens, canais, canalização, drenagem e inundações; d) impermeabilização de grandes áreas e mudanças do uso e ocupação da terra.

Na medida em que a disponibilidade de áreas diminui, os riscos aumentam, e novas áreas são loteadas sem o devido cuidado. Estudos baseados em aspectos técnicos, demonstram a possibilidade de agravamento de danos ambientais e potencialização de impactos já existentes.

Montano e Souza (2016) relatam alguns exemplos de projetos e impactos nos recursos hídricos superficiais, como: (a) indústrias descarregando efluentes provenientes de

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operações rotineiras ou de acidentes e derramamentos; (b) resíduos provenientes de estacoes de tratamento de agua e esgoto, após tratamento primário, secundário ou terciário; (c) projetos envolvendo aterros ao longo de rios, estuários e áreas costeiras; (d) mineração superficial, com alteração na hidrologia e fontes não pontuais de poluição; (e) construção de represas para abastecimento, regulação de vazão ou geração de energia; (f) canalização de rios para melhorias no escoamento; (g) desmatamento e desenvolvimento agrícola, resultando em poluição difusa carregada com nutrientes e pesticidas, e projetos de irrigação e (h) resíduos perigosos provenientes do comercio, aterros sanitários, industriais, com poluição difusa.

Tabela 1 Grau de urbanização do município de São Carlos (SP)

Dados do Censo do IBGE e da Prefeitura Municipal Ano Grau de Urbanização População Urbana Área Urbanizada em Km² 1980 92,21% 119.535 36,45 1990 93,66% 153.762 38,90 2000 95,04% 192.565 60,01 2010 95,99% 221.950 80,82 2015 97,56% 241.389 102,70

Alterações e mudanças no uso do solo tendem a alterar o ciclo hidrológico, principalmente pelo uso inadequado, como desmatamento de áreas de preservação permanente, supressão da vegetação nativa, grandes áreas de monocultura e seu uso intensivo, provocando impactos sobre a área urbanizada atual e futuras áreas de crescimento da cidade.

Os impactos no solo urbano e consequentemente nos recursos hídricos superficiais, tendem a aumentar e tornar-se cumulativos, ocasionando danos ao patrimônio púbico e privado com maior frequência, como enchentes, deslizamentos e erosões. A figura 2 apresenta ás áreas de Aptidão para captação de água para abastecimento superficial.

Montaño e Sousa (2016), descrevem, que, o município de São Carlos apresenta uma condição hidrográfica bastante peculiar. Excetuando-se alguns trechos de rios que constituem o limite de seu território, todos os outros rios e córregos tem suas nascentes dentro do município. Desse modo, optou-se por subdividir o território em função das bacias hidrográficas de seus principais cursos de água, especificando seus exutórios na divisa do município.

Importante ressaltar, que apenas quatro sub-bacias são consideradas aptas para captação e abastecimento, de um universo de dez sub-bacias que compõem o território do município, sendo que, essas áreas aptas ainda não foram ocupadas, mas tendem a ser, já que estão

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próximas do eixo de expansão, segundo dados do Plano Diretor Municipal, principalmente a sub-bacia do córrego do Quilombo, ao qual é fonte deste trabalho.

Fig. 2 Sub-bacias Aptas e Não Aptas do Município de São Carlos – SP Fonte: Montaño e Souza, 2016. Adaptado pelo autor, 2018.

Segundo as informações de Montaño e Souza (2016), a sub-bacia do Quilombo tem uma área total de aproximadamente 466 km², sendo que a vazão estimada é de cerca de 6,613 m³/s-1, sendo a maior entre todas ás sub-bacias do município. A tabela 2 apresenta as vazões médias de cada sub-bacia.

As informações, colaboram para elaboração de estudos de viabilidade de captação desses recursos, visto que, a região da sub-bacia como relatado, é um dos eixos de expansão, e merece um cuidado maior por parte dos planejadores, já que grande parcela da área é composta por vegetação nativa e monoculturas (cana-de-açúcar, eucaliptos e laranja), com tendência a troca de usos. A retirada dessa vegetação e da cultura agrícola, vai causar impactos ambientais significativos, como assoreamento dos rios e córregos, erosões e uma grande possibilidade de perda da estimativa de captação de água superficial.

É importante ressaltar ainda que, em áreas que o processo de urbanização é recente, o não uso de técnicas de remediação tende a ocasionar uma carga de sedimentos que podem alcançar os rios, acelerando a evolução de erosões em determinados períodos. Com isso, a intensificação e efeito das alterações ocorrem de forma mais rápida e acelerada. A figura 3 demonstra o uso e ocupação da terra atual da sub-bacia do córrego do Quilombo e a área urbana da cidade, construído a partir de técnicas de classificação supervisionada e imagem de alta resolução espacial do satélite Sentinel 2A.

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Tabela 2 Vazões estimadas nos exutórios das sub-bacias consideradas Sub-bacias Área de contribuição

aproximada (km²) Vazão Estimada (m³/s-1) Qmed Monjolinho 273 2,329 Jacaré-guaçu 809 7,275 Feijão 250 2,275 Quilombo 466 6,613 Araras 184 3,128 Cabaceiras 143 2,463 Chibarro 50 0,712 Pântano 24 0,293 Mogi 1 12.483 230,938 Mogi 2 12.733 235,434

Fonte: Montaño e Souza, 2016.

A caracterização através do mapa de uso e ocupação da terra, demonstra que a região da sub-bacia é parte do eixo de crescimento da cidade, tanto na sua porção sul como na sua porção oeste, medidas que visem a construção de mecanismos que atenuem os impactos ambientais, com auxílio de ferramentas de SIG e instrumentos relacionados com o Plano Diretor Municipal, devem ser levados em consideração.

O crescimento populacional e consequente ocupação de novas áreas, aumento no consumo de água e recursos energéticos, é a necessidade de organizar e planejar o uso do solo, assim como compatibilizar esse atual modelo de ocupação com a proteção ambiental, assim como melhorar a qualidade de vida. Segundo Santos (2004), é que surge o termo planejamento ambiental. A autora citada afirma que o planejamento ambiental fundamenta-se na interação e integração dos sistemas que compõem o ambiente, tem o papel de estabelecer as relações entre os sistemas ecológicos e os processos da sociedade, das necessidades socioculturais das atividades e interesses econômicos, a fim de manter a máxima integridade possível dos seus elementos componentes (SILVA et al, 2016).

3.2 Técnicas de Planejamento e Gestão Ambiental

Os Planos Diretores, Planos de Bacias e ZEE (zoneamento ecológico – econômico), são instrumentos centrais na solução dos processos de ocupação territorial, na contribuição técnico-científica entre as relações ambientais e antrópicas e na discussão do processo de crescimento de áreas urbanas sobre ambientes ainda não ocupados, integrando dados e organizando a tomada de decisão.

Tomamos como exemplo, a gestão dos recursos hídricos em bacias hidrográficas, que tem como principal instrumento o planejamento territorial, este se constitui pelos Comitês de Bacias Hidrográficas Estaduais ou Interestaduais (CBHEI). Em que, são atendidas as relativas normas legais e técnicas, referentes ao uso dos recursos hídricos em cada comitê, desta forma garantindo aos municípios e sociedade civil o processo de tomada de decisão, embasados na construção de planos e projetos em consonância com outros instrumentos de planejamento, gestão, gerenciamento e ordenamento.

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Fig. 3 Sub-bacia do Córrego do Quilombo e o uso e ocupação da terra atual Segundo a Lei Federal nº 9.433/1997, que institui a Política Nacional de Recursos Hídricos, cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos, cada plano representa planos diretores de recursos hídricos, voltados para organização, planejamento e ordenamento das bacias, que visam orientar a aplicação das leis e instrumentos, os quais tem como finalidade o planejamento das ações em longo prazo, permitindo desta forma a elaboração de programas e projetos estabelecidos por cada comitê.

O plano de bacias, devem conter etapas bem caracterizadas, como, diagnóstico, prognóstico e plano de ações, contemplando, tantos os recursos superficiais como subterrâneos, deixando claro metas de curto, médio e longo prazo, assim como ações para o alcance das metas estabelecidas.

Outro instrumento, que deveria ter sua efetivação no que concerne a esse tipo de intervenção, é o zoneamento ambiental. Criado há mais de três décadas, constante na Política Nacional de Meio Ambiente (artigo 9., inciso II) como um instrumento de gestão ambiental, percebe-se que a sua implementação pratica ainda não tem conseguido fazer valer toda a potencialidade desse que pode ser considerado o instrumento de gestão ambiental mais dinâmico dentre todos os instrumentos preconizados na referida Política (MONTAÑO e SOUZA, 2016).

A ZEE, como instrumento de ordenamento e organização territorial, que estabelece medidas e padrões claros de proteção ambiental, visando assegurar a qualidade dos recursos hídricos, do solo, assim como a conservação da biodiversidade, estabelecendo e garantindo uma busca ao desenvolvimento sustentável, segundo o Decreto 4.297 de 2002,

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ao qual regulamentou o zoneamento ambiental. Com isso, assegurando a obrigatoriedade da implantação de planos, obras e atividades públicas e privadas.

A Constituição Federal de 1988 enfatizou os ordenamentos territorial e regional como instrumentos de planejamento, elementos de organização e de ampliação da racionalidade espacial de ações e políticas públicas. A despeito disso, não houve a efetivação de uma política articulada de ordenamento do território, não significando, contudo, a inexistência de instrumentos que pudessem colaborar para isso (PERES, 2016).

Entretanto, o discurso dos gestores públicos no que tange a proteção ambiental e sustentabilidade, em busca de cidades mais sustentáveis, em muitos casos é meramente figurativo, pautados em planos e projetos sem efetivação ou prática. O desenvolvimento das cidades, a questão ambiental tem como pano de fundo, o processo de organização social, com planejamento, ordenamento e uma constante luta por espaços mais justos e com qualidade de vida.

Como colocado anteriormente, todo o território da sub-bacia do córrego do Quilombo, apresenta alto potencial de aptidão de recursos hídricos e grande importância para espécies endêmicas da região. O avanço do processo de urbanização dessa região, associado a agricultura, desmatamentos irregulares, troca de usos da terra, como também o crescimento não planejado e a ocupação de áreas inaptas, são fatores que aumentam a preocupação de um ambiente que deveria estar sendo preservado.

Com isso, torna-se, importante o conhecimento e diagnóstico das atividades antrópicas que estão ocorrendo na região de trabalho, para que possa ser realizada a avaliação e os atuais impactos da ocupação e alteração dos usos da terra, desta maneira, garantindo e evitando que novos impactos venham ocorrer.

3.3 Proposta de Uso Sustentável da Sub-bacia

Com o intuito de estabelecer uma proposta para prevenção, conservação, organização e planejamento do uso sustentável da Sub-bacia do Córrego do Quilombo, as diretrizes e metas que descrevem a proposta estão descritas a seguir.

Desenvolver uma política de educação ambiental junto as escolas, tendo como princípio a ideia de preservação.

Criação de grupos de trabalho junto aos bairros, auxiliando na disseminação do uso sustentável da área entre o órgão público e instituições. Procurar realizar fóruns/seminários com o intuito de discutir as melhorias que devem ser realizadas visando uma maior preservação ambiental da região. A implantação de corredores ecológicos, já que parte da sub-bacia tem grande parcela de áreas de agricultura, com o intuito de ligação entre os fragmentos de vegetação.

Visando minimizar os danos causados ao meio ambiente, a realização do projeto tem como premissa a pesquisa, em que parceiros como órgãos públicos, empresas com responsabilidade social e ambiental e universidade auxiliem nesta construção.

4 CONCLUSÕES

Localizada inteiramente no município de São Carlos, a sub-bacia do Córrego do Quilombo contempla uma variedade de usos da terra, onde o destaque atual fica está por conta dos

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loteamentos que estão sendo construídos. O avanço dessas atividades, tendem a modificar significantemente a cobertura da vegetação, consequentemente a proteção dos solos, principalmente no que tange a retirada de matas ciliares e vegetação nativa. A ausência da vegetação, a falta de proteção do solo e as mudanças de uso, tendem a agravar os problemas ambientais.

A supressão de áreas de mata nativa, tendem a desencadear uma série de problemas ambientais, como erosão, assoreamento, contaminação dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos e perda do potencial de captação de recursos hídricos.

Outra questão preponderante, é que aliado a retirada da vegetação, e consequentemente o acelerado processo de ocupação por loteamentos, estão ligados à aceleração de processos erosivos, causando em um futuro próximo a perda da capacidade de armazenagem de água da bacia.

O trabalho possibilitou uma integração entre diferentes fontes de dados e informações, cujo intuito é informar através de representações cartográficas o atual momento da sub-bacia do córrego do Quilombo, no diagnóstico dos recursos hídricos, os impactos ambientais do processo de loteamento da sub-bacia, e elaborar propostas de uso sustentável da mesma. De modo geral, é necessário, elaborar políticas públicas ambientais que, respeitem áreas de preservação ambiental, subsidiar aspectos técnicos através de instrumentos e ferramentas, além de educação ambiental, gestão e planejamento do processo de ocupação.

REFERÊNCIAS

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