A Cobrança de Demurrage
e o
I. Demurrage. Conceito. Natureza Jurídica.
II. A cobrança de Demurrage e o Projeto de
CCom.
III. Principais Inovações. PL 1572/2011 Câmara
dos Deputados. Emenda 56 (Art. 111 à 119)
IV. PL 487/2013 Senado Federal.
V. Sobrestadia. Termo de Retirada. Prescrição.
VI. Resolução nº 4.271 – ANTAQ de 04/08/2015
I. Demurrage. Conceito. Natureza Jurídica.
Demurrage é termo
técnico típico do direito
marítimo, significando,
basicamente,
sobrestadia, isto é,
avanço além do tempo,
demora, do latim
demorari, do inglês
delay.
Natureza Jurídica
Segundo a jurisprudência dominante de nossos
tribunais, demurrage ou sobrestadia é indenização
pré-fixada em benefício do transportador, em razão
do descumprimento contratual. (Superior Tribunal de
Justiça, Recursos Especiais nº 678.100/SP, Min.
Relator Castro Filho, DJ 05.09.05; 176.903/PR,
Outra parcela menor da jurisprudência entende que
a sobrestadia tem natureza de cláusula penal, ou
seja, de uma multa contratual.
A partir desse entendimento, o consignatário
poderia invocar em seu favor a redução da
penalidade com base nos artigos 412 e 413 do
Código Civil Brasileiro, sustentando que o valor da
demurrage não pode exceder o valor do próprio
container e que os valores devem ser reduzidos com
base nas diárias de leasing.
A jurisprudência dominante entende que a
demurrage é indenização contratual em favor
do
transportador
para
compensar
os
prejuízos
com
a
indisponibilidade
do
A Cobrança de Demurrage e o
Projeto de Código Comercial
Atualmente
está
tramitando
na
Câmara
dos
Deputados e no Senado Federal os Projetos de Lei
1572/2011 e 487/2013 que visam instituir o “Novo
Código Comercial para o Brasil”.
No atual Projeto de Lei do Senado há inclusive a
proposição de um livro próprio para o “Direito
Comercial Marítimo”
Principais Inovações
PL 1572/2011 – Câmara dos Deputados
Emenda 56 – Arts. [111 à 119]
Subseção III
Da Sobrestadia de unidades de carga
Art. 869. É lícita a previsão de cobrança, pelo
transportador,
de
contraprestação
pela
sobrestadia de unidade de carga se, no seu
embarque ou desembarque, ela ficar retida por
período superior ao acordado contratualmente.
Art. 870. A sobrestadia de unidade de carga somente
pode ser cobrada pelo transportador se estiver
expressamente
prevista
no
contrato
ou
no
conhecimento.
Comentários: Da leitura deste artigo extrai-se que a
demurrage somente poderá ser cobrada caso a tarifa
esteja expressamente discriminada no conhecimento de
transporte (Bill of Lading). Em relação ao agente de
carga,
prevalecerá
a
tarifa
discriminada
no
conhecimento
filhote
emitido
pelo
transportador
contratual (NVOCC).
Art. 871. A responsabilidade pelo pagamento dos
valores devidos em decorrência da sobrestadia de
unidades de carga recai exclusivamente sobre
aquele que a reteve em sua posse para além do
prazo estabelecido e do eventual garantidor da
obrigação.
Comentários: Com base neste artigo poderá ser
discutida a responsabilidade solidária do agente de
carga.
Art. 872. O termo de retirada de unidade de carga que preencher os requisitos previstos neste artigo, devidamente assinado por duas testemunhas e acompanhado do respectivo contrato ou conhecimento, consiste em título executivo extrajudicial.
Comentários: A expressão título executivo traduz o documento indispensável ao processo executivo. Art. 614, I do CPC e artigo 585 do CPC - São títulos executivos extrajudiciais VIII - todos os demais títulos a que, por disposição expressa, a lei atribuir força executiva. Rito Executivo – Celeridade (Rapidez + Agilidade).
Prazo para pagamento do devedor: 03 dias. Prazo para Embargos do Devedor: 15 dias (Regra Geral Sem efeito suspensivo). Execução se realiza no interesse do credor. Inversão do ônus probatório.
Parágrafo único. O Termo referido no caput deve conter:
I – A identificação do embarcador e do consignatário da
carga; (shipper e consignee)
II – A identificação das unidades de carga que estão
sendo retiradas. (número e sigla da unidade de carga)
III – O prazo para a devolução livre de cobrança de
encargos. (free-time)
IV – O valor, a periodicidade e a gradação da penalidade
Parecer encaminhado à
ABDM: Recomendamos a
comprovação da devolução do contêiner mediante
apresentação do comprovante de devolução da
unidade.
Exposição de motivos: É sabido que existem casos em
que o consignatário/ importador assina o termo de
retirada, porém não devolve a unidade de carga. Assim,
tem-se que o título executivo (termo de retirada)
somente seria líquido com a efetiva devolução do
equipamento.
Liquidez: A liquidez implica na
determinação do quantum debeatur, passível de
aferição mediante simples operação aritmética.
Art. 873. A sobrestadia de unidade de carga não é devida se o atraso na restituição decorrer de fato imputável direta ou indiretamente ao próprio transportador ou de caso fortuito ou de força maior (atraso comprovadamente causado pelo transportador ou evento de caso fortuito ou força maior). Fato/Ocorrência imprevisível ou difícil de prever que gera um ou mais efeitos/consequências inevitáveis. Art. 393 CCB - Há quem entenda que Caso fortuito – Evento da Natureza – Ex. Tempestade. Atos de Deus. Força Maior – Ação do Homem. Ex. Greve. Parágrafo único. A contagem da sobrestadia que já tiver sido iniciada, não se suspende na intercorrência de caso fortuito ou força maior.
Art. 874. Independentemente da sobrestadia de unidade de carga, o transportador pode demandar judicialmente a busca e apreensão da unidade de carga depois de decorridos trinta dias do termo do prazo para devolução, independentemente de prévia notificação.
§ 1º. Somente é admissível a busca e apreensão de unidade com carga ainda nela acondicionada, na hipótese de a unidade encontrar-se nas próprias dependências finais do consignatário ou destinatário, quando o juiz determinará seu esvaziamento às expensas destes.
Comentários: Segundo esse dispositivo, não caberia o ajuizamento da ação de busca e apreensão quando o contêiner estiver no Terminal ou for objeto de apreensão ou abandono. Aplica-se geralmente nos casos
§ 2º. A liminar de busca e apreensão pode ser deferida
independentemente de prestação de caução.
§ 3º. As partes podem convencionar no termo de retirada
da unidade de carga prazo maior do que o previsto neste
artigo.
Art. 875. É lícita a exigência de prestação de garantias reais
ou fidejussórias para as obrigações decorrentes da
sobrestadia de unidade de carga, podendo a garantia ser
prestada no próprio termo de recebimento do container ou
em
instrumento
apartado.
Comentários: Este artigo colide com o Decreto 19.473, de
1930 e outros dispositivos. O transportador tem a obrigação
de entregar a carga no lugar de destino, reputando-se não
escrita qualquer cláusula em sentido diverso.
Art. 876. Aplicam-se subsidiariamente ao
termo de retirada de unidade de carga as
disposições
pertinentes
ao
depósito
voluntário, no que couber.
Prescrição
Art. 171. Prescreve, em geral, no prazo de cinco anos,
contados da data em que poderia ter sido exercida, a
pretensão relativa à aplicação deste Código ou da
legislação comercial
.Art. 172. Prescreve:
II – em um ano, a pretensão:
k) de cobrança de frete, estadias e sobrestadias de embarcações, a contar do dia da entrega da carga, se outra não for a prescrição decorrente da natureza do título;
l) de cobrança de sobrestadias de contêineres, a contar do dia da devolução da unidade ou do momento em que for considerada perdida;
Comentários: Prazo de 01 ano conforme o art. 449, III do Código
RESOLUÇÃO Nº 4.271 - ANTAQ, DE 4 DE AGOSTO DE 2015
Art. 1º Aprovar a proposta de Norma que dispõe sobre os direitos e deveres dos usuários e das empresas que operam nas navegações de apoio marítimo, apoio portuário, cabotagem e longo curso, e estabelece infrações administrativas, na forma do Anexo desta Resolução.Observação: Art. 2º O Anexo da Norma de que trata o art. 1º não entrará em vigor e será submetido à audiência pública.
Comentários: Audiência pública em 17/09. Suspensão do prazo para o envio de sugestões que terminaria no dia 02 de Outubro de 2015 e