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FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO (FESPSP) Presidente do Conselho Superior Angelo Del Vecchio Diretor Geral Waltercio Zanvettor

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GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

Geraldo Alckmin Governador

SECRETARIA DO EMPREGO E DAS RELAÇÕES DO TRABALHO (SERT) Secretário de Estado

Carlos Andreu Ortiz Secretário Adjunto

Aparecido de Jesus Bruzarosco Chefe de Gabinete

Tadeu Morais de Souza

Coordenador de Políticas de Emprego e Renda Pedro Nepomuceno de Souza Filho

FUNDAÇÃO ESCOLA DE SOCIOLOGIA E POLÍTICA DE SÃO PAULO (FESPSP) Presidente do Conselho Superior

Angelo Del Vecchio Diretor Geral Waltercio Zanvettor

Projeto “Elaboração da Agenda de Emprego e Trabalho Decente do Estado de São Paulo” Coordenação institucional

Aluisio Teixeira Junior Coordenação Técnica

Carla Regina Mota Alonso Diéguez Equipe técnica

Sociólogos

Isabela Oliveira Pereira da Silva Marta de Aguiar Bergamin Economista

Pedro C. Chadarevian Assistentes de Pesquisa Andrei Chikhani Massa Luciana Silveira Estagiário

Kleber Aparecido da Silva Victor Augusto Magalhães

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Relatório da Oficina 8: Região Administrativa de Ribeirão Preto

1. Dados do evento

Oficina 7: Região Administrativa de Ribeirão Preto Data: 16 e 17 de junho de 2013

Cidade: Ribeirão Preto

Local: ACIRP (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto)

2. Apresentação da proposta das oficinas

O objetivo das oficinas “Caminhos para a Agenda de Emprego e Trabalho Decente do Estado de São Paulo” é estabelecer um debate com os diversos setores da sociedade envolvidos nas questões do mundo do trabalho a partir dos quatro eixos fundamentais do conceito de Trabalho Decente para constituir a Agenda de Emprego e Trabalho Decente do Estado de São Paulo.

Para isso, o Governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria do Emprego e Relações do Trabalho (SERT), tem desenvolvido o projeto de realização de 16 oficinas nas 14 Regiões Administrativas do Estado de São Paulo e na Região Metropolitana de São Paulo baseadas no princípio do tripartismo, ou seja, convidando representantes dos empregadores, governos, trabalhadores, acrescidos da sociedade civil para discutir as demandas e carências de cada Região Administrativa do Estado de São Paulo. Realizadas ao longo do ano de 2013 em parceria com a Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (FESPSP), as oficinas buscam fomentar o encontro e o debate entre estes setores a fim de refletir sobre quais as ações que a Agenda de Emprego e Trabalho

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Decente do Estado de São Paulo deve enfatizar e que contemplem a diversidade presente nos 645 municípios do estado.

3. Dinâmica dos debates

Para debater os quatro eixos fundamentais do conceito de Trabalho Decente, os debates foram organizados em torno de temas que correspondem a cada eixo:

I. Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho II. Geração de Empregos

III. Proteção Social IV. Diálogo Social

Na oficina realizada em São Paulo, os temas foram agrupados em dois GTs (Grupo de Trabalho), sendo que o GT 1 abrigou os eixos I e II e no GT 2 foram discutidos os eixos III e IV dos conceitos fundamentais do Trabalho Decente. Cada um dos GTs contou com a participação de representantes da tríade empregadores, governo e trabalhadores, acrescidos de representantes da sociedade civil.

Os debates contaram ainda com a participação de dois mediadores em cada GT representando a FESPSP. A função dos mediadores é a de auxiliar no encaminhamento dos temas, ajudar a manter a dinâmica dos debates e realizar a relatoria do evento. As opiniões e indicativos contidos neste documento não refletem a opinião ou o posicionamento da SERT ou da FESPSP e são de inteira responsabilidade dos representantes de cada setor que compõe o GT e do consenso de seus participantes.

Os debates foram realizados tendo como base o material de pesquisa desenvolvido pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo em parceria com a SERT. Este material é composto por diagnósticos sobre as

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principais demandas de cada região administrativa de São Paulo em relação aos

temas do Trabalho Decente. A sistematização do diagnóstico de cada oficina foi disponibilizada previamente aos participantes e foi utilizada como referência para as discussões.

4. Discussão do Grupo de Trabalho 1:

Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho e Geração de Empregos

O Grupo de Trabalho contou com a participação de 20 pessoas (4 representantes dos empregadores, 6 trabalhadores, 8 representantes do governo, 2 representantes da sociedade civil). Os temas tratados foram, de acordo com o material de estudo previamente distribuído:

Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho

a. Igualdade de oportunidades e de tratamento para os grupos vulneráveis (jovens, mulheres, população negra, pessoas portadoras de deficiência e doenças crônicas, LGBT, idosos).

b. Formalização e Mercado de Trabalho.


Geração de Empregos

a. Políticas macroeconômicas de crédito e investimento para a geração de mais e melhores empregos.

b. Micro e pequenas empresas, empreendedorismo e políticas públicas de microcrédito.

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A Oficina de Ribeirão Preto teve uma característica diferenciada das demais

Oficinas até então realizadas pela qualidade do debate das questões em pauta. Durante os dois dias de discussões, duas mulheres negras representantes da sociedade civil (de movimentos sociais ligados às questões relativas a gênero, raça e classe) pautaram o debate, trazendo importantes informações sobre as dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores e trabalhadoras que habitam a periferia de Ribeirão Preto e propondo soluções para os problemas de desemprego, desqualificação e informalidade.

No primeiro dia, foi debatido o tópico sobre igualdade de oportunidades e de tratamento para os grupos vulneráveis (jovens, mulheres, população negra, pessoas portadoras de deficiência e doenças crônicas, LGBT, idosos). A fala inicial de uma das representantes da sociedade civil, que desde então marcou sua posição sobre a discriminação da população negra no mercado de trabalho, destacou sua concentração em “serviços invisíveis”. Sua colega, outra mulher negra e representante da sociedade civil que atua na periferia de Ribeirão Preto e faz um trabalho com as mulheres em situação carcerária, reforçou o argumento. Deixou claro que apesar dessa questão não aparecer como relevante para a maioria das pessoas ali presentes, era uma experiência vivenciada por ela e pelo público que atende em seu trabalho social. Destacou que a situação das mulheres negras era ainda pior, pois ainda que elas possuam curso superior, conquistam, em sua maioria, subempregos. Neste sentido, defendeu que esse problema deixasse de ser discutido apenas dentro dos movimentos feminista e negro e pudesse ser debatidos em outros espaços. Essa última fala foi ratificada por uma representante da classe trabalhadora, que pediu uma fiscalização mais rígida aos empregadores que discriminam empregados por gênero e raça.

Um representante dos empregadores que atua na área hospitalar chamou atenção para a dificuldade que o seu setor possui de cumprir as cotas para pessoas com deficiência. O problema central seria o da elevada qualificação

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exigida para atuação na área da saúde e ainda não alcançada pela população com

deficiência. Uma representante do governo também deu seu testemunho sobre a dificuldade para recrutar trabalhadores e trabalhadoras com esse perfil.

Em outro momento do debate este assunto voltou a ser tema, uma representante de trabalhadores e outra dos empregadores propuseram que além de cursos de qualificação fosse realizado um trabalho de conscientização com as famílias das pessoas com deficiência para evitar a proteção e a dependência gerada pelos benefícios concedidos quando da não inserção dessa população no mercado de trabalho.

Um representante dos empregadores lembrou do problema que as mulheres grávidas tendem a ter nas empresas: sua remoção para outras áreas e a falta de estabilidade que sentem após terem seus filhos. Após algum debate, reivindicou-se a criação de mais creches pelas empresas privadas, creche noturna e a criação de campanhas de sensibilização da classe patronal para a questão da maternidade.

Aproveitando o debate da dificuldade das mulheres no mercado de trabalho, uma das representantes da sociedade civil levantou a questão da falta de estrutura e de equipamentos públicos nas periferias das grandes cidades. Destacou a ausência de cursos de qualificação, de áreas de lazer, de programas de habitação e de políticas públicas efetivas que ofereçam reais oportunidades para a população pobre conquistar um espaço digno no mercado de trabalho. O representante dos empregadores destacou o trabalho realizado pelo Sistema S com a classe trabalhadora e cobrou um maior envolvimento dos sindicatos de trabalhadores nos programas de qualificação e treinamento. Outro representante patronal defendeu que a batalha dos empregadores é a de “gerar lucros pra gerar empregos” e explicou as dificuldades que as micro e pequenas empresas possuem em conceder a licença maternidade, propondo o pagamento do INSS direto à trabalhadora na concessão da licença.

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Sobre as mulheres da periferia, foi pedido que se fortalecessem ações de

criação de cooperativas. Para as mulheres em geral, solicitou-se uma maior conscientização das empresas para as mulheres que sofrem violência doméstica.

O segundo ponto do GT 1 foi “Formalização e Mercado de Trabalho”. Nele, citou-se a dificuldade da formalização nas MEIs pela baixa qualificação e escolarização do público alvo. Uma das representantes da sociedade civil aproveitou para reivindicar melhor estrutura para os EJAs, posto que muitas mulheres não têm onde deixar seus filhos para ir estudar à noite. A proposta foi tanto a do retorno do EJA diurno quanto a criação de creches noturnas (já contemplada na discussão do ponto 1).

Uma representante dos trabalhadores destacou a evasão dos jovens de cursos de qualificação por sua baixa escolaridade: a evasão seria muito alta porque eles não conseguem acompanhar os cursos.

Em relação ao tópico “Políticas macroeconômicas de crédito e investimento para a geração de mais e melhores empregos”, foi dada ênfase ao trabalho no setor sucroalcooleiro. Um representante do governo sugeriu que se criassem cursos de qualificação para os trabalhadores que estão sendo dispensados do corte da cana e da colheita de lavouras pela maquinização. Sua ideia era a de que ao menos uma parte desses trabalhadores pudesse se tornar os operadores dessas máquinas. Além disso, destacou-se que é preciso qualificá-los para o trabalho em outras culturas.

A questão do trabalhador rural levou ao debate da população imigrante e sugeriu-se a criação de estrutura voltada às famílias que acompanham o trabalhador sazonal. A representante da sociedade civil observou que a região vive um boom de construção civil que não é acompanhado por uma mão-de-obra qualificada. A partir dessa observação sugeriu-se que a partir dos CETREM’s (Centro de Triagem e Encaminhamento do Migrante) fosse realizado um trabalho

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de treinamento e qualificação, além do encaminhamento para as ocupações com

maior demanda nas cidades da região. Para tanto, seria preciso realizar um mapeamento das oportunidades reais que as cidades da região oferecem, de modo a trabalhar os cursos a partir dessa demanda.

Em seguida, iniciou-se o debate sobre “Micro e pequenas empresas, empreendedorismo e políticas públicas de microcrédito”. Neste momento, teve espaço uma série de questionamentos sobre as Comissões de Emprego, seu papel e seu funcionamento. A maioria dos presentes que não atuavam no governo desconhecia a existência das Comissões e cobrava uma maior divulgação de sua atuação, suas reuniões e eleições, bem como uma maior abertura para a participação da sociedade civil em seus debates. Para resolver o problema do desconhecimento das Comissões, em particular, e dos Programas do Governo, em geral, solicitou-se uma melhoria na publicidade dessas ações para as entidades envolvidas com o mundo do trabalho. Também foi pedido que o governo do Estado estimulasse as Prefeituras a criar Secretarias Municipais de Trabalho para a real implementação da agenda do Trabalho Decente.

Este tópico contou ainda com uma rodada de troca de experiências de membros de Comissões ali presentes. Entre outras coisas, reclamaram da ausência do envolvimento de membros do governo, da ausência de um especialista em projetos que pudesse encaminhar as demandas dos munícipios de maneira efetiva e da absoluta falta de retorno aos planos de trabalho enviados à Comissão Estadual. Mais uma vez, houve insinuações de favorecimento político para o atendimento das demandas solicitadas.

O tema que se seguiu foi “Rendimentos adequados”. Nele, cobrou-se uma maior fiscalização do cumprimento da legislação trabalhista nas indústrias da região (depoimentos deram conta de que as usinas descontam o tempo das refeições da folha de pagamentos e de que os pisos salariais não são respeitados), e pediu-se que se destacasse que os benefícios não compõem o salário real.

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Finalmente, a representante da sociedade civil solicitou que fosse incluído um

ponto sobre a equidade salarial para gênero e raça.

Indicativos do Grupo de Trabalho 1: Princípios e Direitos Fundamentais do Trabalho e Geração de Empregos

 Formação humanista do indivíduo que está no comando da empresa para sensibilizá-lo para a inserção da população vulnerável (jovens, mulheres, população negra, pessoas com deficiência e doenças crônicas, LGBT, idosos) no mercado de trabalho;

 Fiscalização mais rígida para o empregador que discrimina a população vulnerável (jovens, mulheres, população negra, pessoas com deficiência e doenças crônicas, LGBT, idosos);

 Criar incentivos ao profissional que queira estudar e se qualificar;

 Melhorar a infraestrutura de lazer, cultura, esporte, ensino e creche nas periferias da RA de Ribeirão Preto;

 Políticas públicas direcionadas para crianças e adolescentes;

 Aumento de cursos profissionalizantes para as mulheres na periferia;  Conscientização da classe patronal e trabalhadora para a importância da licença maternidade e para a estabilidade pós-licença;

 Valorizar o trabalhador de carreira porque ele possui experiência e qualificação;

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 Fiscalização do cumprimento da PLR, conforme estabelecida na

Constituição Federal;

 Estimular a participação dos sindicatos nas periferias;

 Fiscalizar e controlar o uso de verbas públicas subutilizadas;

 Criar incentivos fiscais para a contratação das trabalhadoras domésticas;  Pagamento do INSS direto ao trabalhador e concessão da licença maternidade para as microempresas;

 Cotas para negros no mercado de trabalho;

 Criar programas de avaliação do funcionalismo público;

 Melhorar a divulgação das cotas para pessoas com deficiências;  Melhorar a divulgação do mecanismo de suspensão dos benefícios;  Criar programas de estímulos para o deficiente e para as famílias para o seu ingresso no mercado de trabalho;

 Melhorar ensino de base para que os jovens possam acompanhar os programas de qualificação e diminuir a evasão;

 Melhorar os mecanismos de readaptação dos trabalhadores antes da concessão da aposentadoria por invalidez nos setores público e privado;

 Fortalecimento para a criação de cooperativas de mulheres para a inserção no mercado de trabalho;

 Conscientização nas empresas privadas da inserção de mulheres que sofrem violência doméstica no mercado de trabalho;

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 Melhorar a divulgação do que é e como funciona a abertura do MEI,

assim como divulgar a obrigatoriedade da gratuidade do contador;

 Trabalhar a demanda das comunidades mais fragilizadas com o SEBRAE;

 Voltar a oferta do EJA no período diurno;  Creche noturna;

 Realizar um estudo da População Economicamente Ativa e dos postos de trabalho informais para conhecimento da quantidade de vagas formais que ainda precisam ser preenchidas;

 Criar mecanismos de inserção da população excluída do mercado de trabalho;

 Buscar as pessoas que estão fora da informalidade e conscientizá-los da necessidade de se inserir no mercado de trabalho;

 Qualificar os trabalhadores para trabalhar no maquinário da cana-de-açúcar;

 Oferecer mais cursos de alfabetização e qualificação para os trabalhadores sazonais;

 Mapear a mão de obra avulsa, levantar as necessidades de mão de obra a partir das demandas da região (prestação de serviços e agricultura) e oferecer cursos de formação a partir dessas demandas;

 Realizar programas de qualificação na área de construção civil;

 Firmar parcerias entre o Estado e os sindicatos dos trabalhadores para oferta de cursos de curta duração;

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 Articular programas de qualificação e cursos de curta duração com a

população do CETREM (Centro de Triagem e Encaminhamento do Migrante) para oferecer uma ocupação;

 Melhorar os programas de qualificação da mão de obra nos Presídios e Fundação Casa, bem como sensibilizar os empresários para sua contratação;

 Organizar mesas redondas regionais com governo, sindicatos e empresariado para discutir a questão da mão de obra desempregada;

 Fortalecer o diálogo social nas Comissões;

 Fortalecer a participação dos membros do governo nas Comissões;  Comissão de Emprego precisa ter um técnico especializad em projetos para evitar a rejeição dos Planos de Trabalho;

 Firmar parcerias com os agentes sociais para promover troca de informações;

 Estimular a criação de Secretarias Municipais de Trabalho para implantar a agenda do Trabalho Decente;

 Centralizar a divulgação dos programas relativos ao trabalho já existentes para todas as entidades envolvidas;

 Agilizar as vagas das Frentes de Trabalho com critério igualitário para todas as cidades;

 Melhorar a fiscalização do Ministério do Trabalho nas indústrias da região;

 Punição para os patrões que não pagam o piso salarial estabelecido em Lei;

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 Garantir a equidade salarial para pessoas de gênero, cor e idades

diferentes que cumprem as mesmas funções;

 Salário decente é o aumento real e não a concessão de benefícios;  Aumento salarial compatível com o aumento do custo de vida;  Fazer cumprir o piso salarial.

5. Discussão do Grupo de Trabalho 2: Proteção Social e Diálogo Social

O GT foi auto designado por seus participantes, de acordo com a representatividade tripartite, em dinâmica coletiva realizada na primeira sessão do primeiro dia das oficinas. Foram 19 participantes no primeiro dia e 11 participantes no segundo dia. Os temas debatidos foram:

Trabalho infantil

Um representante dos trabalhadores (Fecomerciários) apresentou os dados de trabalho infantil da RA de Ribeirão Preto com base no IBGE e os malefícios decorrentes dessa forma de trabalho a ser abolida. O grupo (representantes de governo e de trabalhadores) debateu os dados relativos ao trabalho informal desse grupo etário (10 a 17 anos): os números, a municipalização do fenômeno e questionamento do levantamento dos dados. Um representante do governo argumentou sobre a necessidade de explicar porque as crianças não podem trabalhar e de se descobrir porque elas estão trabalhando. Trata-se não de erradicar o trabalho infantil, mas de compreender por que estão trabalhando.

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Um representante sindical afirmou que há crianças (12-13 anos) que trabalham

como empregados domésticos meio período após a aula, recebendo R$ 180,00 por mês. Um representante dos trabalhadores relata que na Região Oeste do estado de SP, há trabalho infantil não detectado, não fiscalizado. E, ainda, que há um problema de precarização e utilização ampla de trabalho infantil na periferia urbana de Ribeirão Preto.

Um representante dos trabalhadores diz que é preciso lidar com esse problema considerando as especificidades regionais, ou seja, divulgando quem contrata essas crianças a partir de um levantamento sobre o tema. A representante do governo pergunta de onde começar a fiscalizar. Ela mesma indica que isso deve começar pela escola de período integral: nela, seria possível diagnosticar a situação social das crianças - abuso sexual, maus tratos, trabalho escravo e trabalho infantil, diagnosticados a partir de sua experiência como diretora de escola. Um representante sindical, professor, salienta que é mais fácil diagnosticar esses problemas em cidades menores, onde todos se conhecem, o que seria uma vantagem para a região.

Um representante do governo afirmou que as crianças não trabalham porque querem e, sim, para ajudar os pais, que estão na miséria, desemprego ou trabalho informal. Para ela, essa situação é produto de políticas públicas para além da esfera do mundo do trabalho. Um representante sindical questionou o que o governo estaria fazendo por essas crianças e jovens. Neste sentido, um representante do governo pediu a publicização dos dados do IBGE sobre o assunto.

Um representante sindical destacou que crianças da periferia trabalham porque são tratadas pela publicidade como consumidores; querem consumir e por isso buscam seu próprio dinheiro.

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Um representante dos empregadores questionou qual seria o encaminhamento

após divulgar os casos de trabalho infantil. Propõe que o governo estadual desonere a folha de pagamento para geração de empregos, endossada por todos os presentes. O representante do governo ressaltou a importância dos programas de transferência de renda, que deveriam também ser municipais.

Trabalho escravo

Um representante sindical relatou a existência de trabalho escravo na região. Outro representante dos trabalhadores relatou que na região de São José do Rio Preto as próprias prefeituras lançam mão dessa forma de trabalho, por vezes, pagando trabalhadores diaristas sem contrato. Um representante dos empregadores alegou que alojamentos da construção civil em Ribeirão Preto também apresentam condições degradantes. Debateu-se entre representantes sindicais, patronais e governo a notificação e publicização do trabalho escravo, aliciadores e empresas que lançam mão da prática: a legalidade, o tratamento midiático.

Informalização e precarização

Um representante dos empregadores ressaltou a diferença entre técnicos e comerciários, propondo melhor qualificação dos comerciários para que recebam salários melhores. Um representante sindical levantou a questão de que as pessoas na periferia têm uma mentalidade que associa informalidade à mobilidade no emprego. Outro representante sindical declarou ser informal por opção própria, mas que tem consciência da necessidade de se recolher contribuições previdenciárias, algo que ele faz.

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Um representante patronal diz que o trabalho informal passa pela necessidade

de sobrevivência: ser formal ou informal não é motivo de reflexão, mas as pessoas vão se conscientizando por meio da mídia. O trabalho informal que prejudica a cidade é a "feirinha do Brás" (em referência ao comércio informal de ambulantes), que tem se espalhado em "feiras relâmpago" em cidades do interior, prejudicando o comércio local. Ele ressalta que essas pessoas não querem, por opção, proteção social própria do trabalho formal.

Um representante sindical salienta que há um contrato social para uma parcela da sociedade pagadora de impostos, e outro para quem opta por viver na informalidade, que recebe os serviços básicos de proteção social pagos pela economia formal. O grupo discutiu a informalidade, o livre arbítrio e a necessidade de que as mudanças sociais sejam feitas de baixo pra cima, em referência à horizontalidade dos processos políticos. A informalidade aparece relacionada à questão de sobrevivência na fala de um representante patronal e a um repúdio popular à noção de que os impostos pagos por todos traz benefícios sociais.

Um representante do governo argumentou que há simplicidade e ignorância por parte de alguns empregadores que oferecem vagas no PAT e declaram que não pretendem registrar o candidato contratado. Um representante do governo relatou que não consegue preencher as vagas de emprego de sua cidade em função de salários e jornadas de trabalho rejeitadas pelos trabalhadores que preferem a informalidade para ganhar mais dinheiro.

O representante sindical sugeriu um indicativo que foi aprovado pelo grupo, com uma sugestão de destaque por parte de um representante dos empregadores, que ressalta que o MEI não foi amplamente publicizado. Uma representante sindical levantou a questão do trabalho terceirizado, pelo qual um empresário paga muito dinheiro a outro empresário que, por sua vez, repassa pouco dinheiro aos empregados na forma de salário. Essa situação levaria alguns trabalhadores a fazerem trabalhos informais ("bicos") para complementar a renda.

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Um representante dos empregadores responde que é necessário fazer

distinção entre empresas e empresas, já que algumas podem ser terceirizações desonestas que não respeitam os salários compatíveis com as convenções coletivas.

Migração para o trabalho

Um representante sindical afirmou que há casos de trabalhadores que, sendo migrantes, acabam ficando nas cidades mesmo sem qualificação para exercer trabalho informal para sobrevivência própria. O "gato" (aliciador) busca trabalhadores para a construção civil e para a cultura da laranja. Uma representante sindical diz que atualmente nem é necessário aliciar e que os trabalhadores vêm sozinhos desde que se passou a divulgar Ribeirao Preto como a "Califórnia brasileira". Alguns chegam com doenças contagiosas: ela cita um caso de meningite de uma família de trabalhadores que vieram de outros lugares para trabalhar na cidade e que estão em quarentena em um sítio. Ela conta outros casos de trabalho de migrantes, de informalidade e de atividades criminosas.

Uma representante de governo conta que em sua cidade (Altinópolis) os trabalhadores migrantes vinham todos de uma mesma região, em condições de trabalho informal e degradante, impossibilitados de serem absorvidos pela economia local em função do tamanho desta e de suas baixas qualificações para o mercado de trabalho urbano. Denúncias foram feitas aos orgaos competentes para que nao fossem mais contratados em condições indignas. A prefeitura local estabeleceu parcerias com o sistema S para verificar em quais condições aquelas pessoas poderiam ser requalificadas. Hoje uma parcela significativa consegue se inserir de forma qualificada na construção civil.

Um representante de governo afirma que de fato, há escassez de cursos de mão de obra para outras ocupações da construção civil, como pintores. Já um

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representante patronal pede que a representante de governo esclareça como

chegaram a estabelecer as parcerias para os cursos de qualificação.

Debateu-se o direito de ir e vir e de "fechar" as cidades para o recebimento de migrantes. Um representante de governo destaca a necessidade do diálogo ser tripartite. Outro representante de governo relata o "fechamento" de Campinas no final da década de 1980. A cidade fez isso, segundo ele, porque houve desenvolvimento acelerado e inchaço do município, inclusive do poder político. Ele relatou sua vivencia pessoal desse período como um exemplo do que pode ocorrer em Ribeirão Preto.

O grupo debateu o acolhimento de trabalhadores migrantes pelas cidades nas quais são recebidos. Um representante dos empregadores destacou a importância das comissões de emprego. Um mediador, a partir dessa fala, propôs um indicativo da criação de uma comissão específica; a proposta foi rejeitada pelo grupo. O debate seguiu com ênfase na proteção social municipal e surgiu uma nova proposta direcionada à qualificação de trabalhadores migrantes sazonais. O representante dos empregadores destacou que não se pode esquecer os trabalhadores locais porque isso seria perigoso. O grupo pede para ouvir um pouco mais da experiência de uma representante do governo (Altinópolis). Após debate com o grupo e intervenção da mediação, o representante dos empregadores retirou seu destaque, concordando em tese com a proposta.

Um representante sindical propõe que os dois tópicos sejam unificados e relata as dificuldades de inserção em uma empresa específica de administração de plano de saúde. Ele relata que os empregados filiados aos seus sindicatos desejam como benefícios, e exige do sindicato, benefícios de lazer como pousadas, casas de praia, etc, por vezes desconsiderando conquistas sindicais conseguidas pelo sindicato, como aumento salarial, plano de saúde: "o trabalhador sindicalizado quer status". Seu sindicato tem convênio com faculdades e universidades privadas, além de hoteis de luxo, ainda que com descontos reputados como baixos pelo

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representante (de 3% a 5%) e, ainda assim, seus trabalhadores demandam

descontos mais altos.

Um representante patronal pede a palavra e afirma o problema da não-participação de empregadores em sindicatos de suas categorias: "não são participativos", priorizando seus assuntos privados. Algumas lideranças sindicais afirmam que vão fechar porque os sindicatos não são lucrativos. O grupo discute o imposto sindical e arrecadação das centrais sindicais. O representante patronal ressalta que as centrais sindicais tomaram o lugar das federações e das confederações e que os empregadores que se dedicam a essa atividade pagam suas despesas de próprio bolso, ao contrário dos representantes sindicais dos trabalhadores, que podem se dedicar com exclusividade a essa atividade.

Outro representante patronal destaca a diferença entre representante e representatividade e que empresas não procuram se sindicalizar, em particular as micro empresas. Um representante sindical relata que há apenas 4 sindicalistas em seu sindicato destinados à atender o estado inteiro. O grupo debate trabalhadores que, pertencentes a uma categoria, não pagam contribuição ao sindicato e a obrigatoriedade de atendê-los.

Um representante de governo questionou os representantes sindicais o que poderia ser feito pelo Trabalho Decente para um empregado que não utiliza os sindicatos. Um representante patronal respondeu que tais ações quando executadas não são divulgadas na mídia, enquanto um representante sindical afirmou que os sindicatos não se responsabilizam pelos trabalhadores não sindicalizados.

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Indicativos do Grupo de Trabalho 2: Princípios e Direitos Fundamentais do

Trabalho e Geração de Empregos

 O grupo propõe que as escolas municipais e estaduais sejam de período integral com educação integral;

 Desenvolvimento de aparelhos públicos com atividades extracurriculares em contraturno;

 O grupo propõe a publicidade das discussões sobre o trabalho infantil nas escolas, porque essa discussão não chega nas pessoas mais simples;

 O grupo propõe a divulgação televisiva dos dados regionais de trabalho infantil, em cadeia regional, notificando as secretarias, conselhos tutelares e conselhos municipais dos direitos da criança e do adolescente dos municípios nos quais o problema ocorre, inserindo também os municípios em uma "lista negativa";  Propõe que o governo estadual desonere a folha de pagamento para geração

de empregos;

 O grupo propõe melhoria nas condições de trabalho dos agentes comunitários de saúde, que trabalham em condições precarizadas, sem equipamentos de proteção individual;

 O grupo propõe que os municipios da região respeitem o piso salarial e os direitos trabalhistas;

 O grupo propõe o respeito ao piso salarial dignos para os pais das crianças em condições de trabalho infantil;

 Propõe melhorar a logística e o número de fiscais do Trabalho na região;  Ampliar divulgação do disque denúncia do trabalho escravo;

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 Ampliar a estrutura de fiscalização dos municípios, com convênio federal, em

relação as condições degradantes dos trabalhadores rurais e urbanos;

 Publicizar o que é o trabalho escravo e o tráfico de pessoas, divulgando os nomes dos aliciadores, as empresas que lançam mão desse expediente, bem como as cidades nas quais essas práticas ocorrem, quando comprovados judicialmente os atos ilícitos;

 Ampliar a oferta da qualificação e formação dos trabalhadores que fazem uso da força física, provenientes do campo e cidade;

 Qualificar os trabalhadores comerciários para que recebam melhores salários, em relação a lei em tramitação que regulamenta a profissão do comerciário;  O grupo propõe maior e melhor informação e conscientização dos benefícios

do trabalho formal, inclusive a publicização da figura do microempreendedor individual (MEI);

 O grupo propõe o desenvolvimento de uma parceria entre estado e municípios responsável por criar politicas voltadas para os trabalhadores migrantes;

 O grupo propõe a conscientização da importância e do real papel dos sindicatos, federações e confederações;

 Fortalecimento do diálogo social entre os sindicatos de trabalhadores e empregadores, melhorando o entrosamento entre as partes;

 O grupo propõe o aumento do número de fiscais do trabalho na RA de Ribeirão Preto;

 A conscientização dos profissionais da educação acerca do trabalho e exploração infantil.

Referências

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