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EDUCAÇÃO ESPECIAL OU EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

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Academic year: 2021

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EDUCAÇÃO ESPECIAL OU EDUCAÇÃO INCLUSIVA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES

Diones Carlos de Souza Almeida1

Programa de Pós-graduação em Geografia (PPGEO) do Instituto de Geografia (IG), da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Rua Rio Maránon, 72 - Bairro Mansour, Uberlândia/MG, CEP: 38.414-452 (34) 9153-2809

dionescarlos@click21.com.br

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho resulta-se a partir de reflexões mais amplas, que após se debruçar sobre a temática da Educação Especial e Educação Inclusiva julgou necessário algumas notas esclarecedoras; pois, acredita-se que a Inclusão Escolar tem por várias vezes sido interpretada de uma forma tendenciosa (para não se falar em equivocada).

Nesse sentido, todo profissional da educação (incluindo-se os professores de Geografia) ou qualquer outro sujeito que esteja envolvido com este setor, já ouviu falar ou se deparou em algum momento com a questão da Educação Especial e da Educação Inclusiva, pois são temas correntes nos atuais debates sobre políticas públicas educacionais, tanto em nível nacional quanto internacionalmente.

No Brasil, a questão vem ganhando projeção desde a segunda metade da década de 1990, particularmente com a aprovação da Lei de Diretrizes e Bases – LDB, Lei n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996 – (BRASIL, 1996).

1

Graduado (Bacharel e Licenciado) em Geografia. Mestrando em Geografia no programa de Pós-graduação do Instituto de Geografia da Universidade Federal de Uberlândia (UFU). Bolsista pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES).

O autor agradece à professora/orientadora Dr.ª Adriany de Ávila Melo Sampaio pelas sugestões apresentadas no decorrer da realização do trabalho.

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Na prática, o assunto tem sido alvo de polêmicas, que em parte deve-se às questões de natureza teórico-conceitual, refletindo em concepções equivocadas sobre a temática. Assim, Educação Especial e Educação Inclusiva são confundidas como sinônimos.

Nesse sentido, busca-se contextualizar a temática dando alguns subsídios para uma compreensão menos distorcida dos fatos, de modo que a comunidade escolar (professores, diretores, coordenadores, alunos, familiares/responsáveis etc.) entenda de uma forma mais clara as distintas facetas do processo de Inclusão Escolar, que se configuram; e assim, desconstruir preconceitos, paradigmas e estigmas cristalizados no processo de ensino e aprendizagem.

2 CONTEXTUALIZANDO A EDUCAÇÃO ESPECIAL

A Educação Especial, de um lado por ser parte de uma discussão relativamente atual (ou a tônica da atualidade), ainda é um assunto pouco compreendido. Por outro lado, em decorrência da complexidade específica que a temática tem em seu bojo, geram-se alguns questionamentos básicos, porém imprescindíveis no entendimento das atuais políticas públicas educacionais.

Nessa perspectiva, buscam-se elementos que possam subsidiar, ao menos em parte, no entendimento das seguintes indagações: O que é Educação Especial? Que tipo de clientela deve ser assistida pela Educação Especial?

Para ajudar na compreensão, abaixo são destacadas passagens de documentos (nacionais e internacionais) que tratam da questão da Educação Especial.

Na versão em vigor da atual carta magna do Brasil, traz-se no corpo do texto da Constituição Federal de 1988, no artigo 208, inciso III que “O dever do Estado

com a Educação será efetivado mediante a garantia de: [...] atendimento educacional especializado2 aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino [...].” (BRASIL, 1988).

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Mantoan (2006, 2008) adverte para o fato que, ainda, persiste uma associação do antigo modelo de Educação Especial com a atual proposta de Atendimento Educacional Especializado (AEE), haja vista que são concepções distintas, mas que sustentam práticas excludentes.

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Nessa primeira passagem, destaca-se, portanto, o dever do Estado à assistência educacional de pessoas com deficiência; logo, tendo seus direitos quanto ao processo de ensino e aprendizagem assegurados de preferência nas escolas de ensino regular.

Já a Lei de Diretrizes e Bases - LDB, n.º 9.394, de 20 de dezembro de 1996 -, que em seu Capítulo V, artigo 58, afirma: “Entende-se por educação especial, para

os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais.

(BRASIL, 1996).

Nessa colocação, percebe-se um desdobramento maior sobre a questão, trazendo a concepção de modalidade de ensino e educandos portadores de necessidades especiais.

Quanto à modalidade de ensino, deve-se ficar claro que a Educação Especial não se restringe a uma etapa específica do processo de escolarização, equivalendo-se a afirmação de que por equivalendo-ser uma modalidade é transversal a todos os níveis de ensino (infantil, fundamental, médio, superior), isto é, a Educação Especial se faz presente tanto na Educação Básica quanto no Ensino Superior.

Sobre educandos portadores de necessidades especiais (assim como excepcionais, são terminologias de diferentes épocas para designar alunos com necessidades educacionais especiais), ou seja, remete-se ao indivíduo que faz uso dos serviços prestados por essa modalidade de ensino.

A Declaração de Salamanca, realizada na Espanha, em cidade que leva seu nome, durante os dias 07 a 10 de junho de 1994, afirma que “[...] o termo

‘necessidades educacionais especiais’ refere-se a todas aquelas crianças ou jovens cujas necessidades educacionais especiais se originam em função de deficiências ou dificuldades de aprendizagem. [...]” (UNESCO, 1994, p. 03).

Nesse contexto, toda criança com deficiência é também uma pessoa com necessidades educacionais especiais, mas esta nem sempre é uma pessoa com deficiência, isto é, as necessidades educacionais especiais envolvem as deficiências (seja ela de origem física, intelectual, sensorial ou múltipla), porém não se restringe

Ver ainda decreto n.º 6.571, de 17 de setembro de 2008, para saber mais sobre esse serviço (BRASIL, 2008).

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a ela; e ainda, podendo ser de caráter definitivo ou temporário, assim como acontece com os indivíduos em situação de dificuldade de aprendizagem.

Vale a ressalva, que além das pessoas com deficiência, também é público alvo da Educação Especial, os superdotados (altas habilidades) e aqueles com dificuldades de aprendizagem (como, por exemplo, os disléxicos, entre outros).

Portanto, os alunos com deficiência (auditiva, intelectual, visual e múltipla) são de competência da Educação Especial, porém não somente; esse público corresponde a um dos grupos atendidos por essa modalidade de ensino, não se limitando a ela.

3 CONTEXTUALIZANDO A EDUCAÇÃO INCLUSIVA

A Educação Inclusiva tem sido o imperativo nos debates e discussões sobre as políticas públicas educacionais, tanto em nível nacional quanto internacionalmente.

Resumidamente, sua principal meta seria o equacionamento de todos (ou de grande parte) dos problemas que estão caracteristicamente presentes nas instituições de ensino, remetendo-se às práticas excludentes, seletivas e segregacionistas, na medida em que tem como parâmetros para o processo de ensino e aprendizagem, os princípios de homogeneidade e quantidade.

Um modelo de educação a partir da filosofia inclusiva seria exatamente o contrário do exposto acima; assim, haveria uma educação pautada na

individualidade de cada sujeito, que a partir de seu potencial respeitar-se-ia tempos

e espaços para a construção efetiva do saber.

Como princípio para uma verdadeira e efetiva Educação Inclusiva, tem-se a

igualdade do acesso e permanência de todo e qualquer ser humano ao ensino e à

educação, que é um direito inerente a todos e promotor da dignidade humana, portanto, inalienável (ONU, 1948).

Com efeito, a Educação Inclusiva pauta-se no direito de todos à educação, tese defendida na Conferência Mundial de Jomtien, na Tailândia, onde em 1990 foi elaborada a Declaração Mundial sobre Educação para Todos (UNESCO, 1990).

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“Nesse contexto, a palavra TODOS assume seu pleno significado, não

havendo espaço para as diferenças relativas às condições sociais, econômicas, políticas, religiosas, culturais, étnicas etc.” (SILVA, 2009, p.26).

Assim, entende-se que além das pessoas com deficiência, o cigano, o homossexual, o índio, o judeu, o negro etc., isto é, todo aquele que compõe as minorias e/ou o grupo marginalizados (socialmente desfavorecidos e/ou minorias), constituir-se-ão com base na premissa inclusiva, o seu público alvo: alunos com necessidades educacionais especiais, pois em algum momento do processo de ensino e aprendizagem, o sujeito independentemente de sexo, de idade, de opção religiosa, de origem étnica, de orientação sexual e/ou de deficiência precisará provisoriamente ou por tempo definitivo de uma atenção maior, que o coloca na condição de especial com base na subjetividade/individualidade, além dos casos tradicionais de dificuldade de aprendizagem.

Caracterizando-se, portanto, a Educação Inclusiva em um contexto mais amplo, que aquele definido pela Educação Especial, cujos princípios questionam o modelo de escola tradicional.

4 CONSIDERAÇÕES

A partir das ideias aqui apresentadas, entende-se que Educação Especial e Educação Inclusiva são concepções distintas, mas que se imbricam no processo histórico-político-social, em que a primeira se faz presente no interior dos debates da segunda, mas que a esta não se restringe.

Em consonância, com o atual paradigma educacional brasileiro adotado pela sua correspondente Constituição Federal (1988), juntamente com documentos internacionais e nacionais como a Declaração Mundial sobre Educação para Todos (1990) e a Declaração de Salamanca (1994), a legislação educacional (LDB de 1996) vigente ratifica e reitera o modelo de Educação Inclusiva no país.

Entretanto, há de se avaliar melhor as consequências de tal posicionamento, na medida em que a Educação Inclusiva tem sido adotada como panacéia para o sistema de ensino brasileiro, revelando-se em um posicionamento acrítico daqueles

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envolvidos com a questão, haja vista que não se tem avançado consideravelmente para além do campo do discurso.

Nesse sentido, surge uma questão que envolve tanto à Educação Especial quanto à Educação Inclusiva, remetendo-se à visão/compressão da diferença, ou seja, do “outro”; por conseguinte: será que nos debates relativos a esses modelos de educação, o “outro” tem sido contemplado em sua magnitude e complexidade? Pois, percebe-se que as discussões têm minimamente afetado os fatos, promovendo ações superficiais, que em vez de transformar a realidade tem servido, na verdade, para conservá-la.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal. 1988.

BRASIL, Decreto nº 6.571, de 17 de setembro de 2008. Dispõe sobre o atendimento educacional especializado, regulamenta o parágrafo único do art. 60 da Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, e acrescenta dispositivo ao Decreto nº 6.253, de 13 de novembro de 2007.

BRASIL. Ministério da Educação. Lei de Diretrizes e Bases. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília: MEC/SEF, 1996.

MANTOAN, Maria Teresa Égler. INCLUSÃO ESCOLAR: CAMINHOS,

DESCAMINHOS, DESAFIOS, PERSPECTIVAS. In: MANTOAN, Maria Teresa Égler. (Org.). O desafio das diferenças nas escolas. Petrópolis: Vozes, 2008. p. 29-41.

MANTOAN, Maria Teresa Égler. O direito de ser, sendo diferente, na escola. In: RODRIGUES, David (Org.). Inclusão e educação: doze olhares sobre a educação inclusiva. São Paulo: Summus, 2006. p. 183-209.

ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos. 1948. Disponível em: <http://www.onu-brasil.org.br/documentos_direitoshumanos.php>. Acesso em: 08 fev. 2010.

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Graduação. Sistema de Bibliotecas. Padrão PUC Minas de normalização: normas da ABNT para apresentação de artigos de periódicos científicos. Belo Horizonte, 2008. Disponível em <http://www.pucminas.br/ biblioteca/>. Acesso em: 27 maio 2010.

RODRIGUES, Maria Rita Campello. Criança com Deficiência Visual e sua família. In: SAMPAIO, Marcos Wilson et al. Baixa visão e cegueira: os caminhos para a

reabilitação, a educação e a inclusão. Rio de Janeiro: Cultura Médica, 2010. Cap. 22, p. 283-298.

SILVA, Lázara Cristina da. POLÍTICAS PÚBLICAS E FORMAÇÃO DE PROFESSORES: Vozes e Vieses da Educação Inclusiva. 2009. 344 f. Tese (Doutorado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia.

UNESCO. Declaração de Salamanca e linha de ação sobre necessidades educativas especiais. Brasília: CORDE, 1994.

UNESCO.. Declaração Mundial sobre Educação para Todos: plano de ação para satisfazer as necessidades básicas de aprendizagem. Jomtien/Tailândia, 1990.

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