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DO CONFESSIONAL AO INTERRELIGIOSO: O SAGRADO E A DIVERSIDADE RELIGIOSA, NOVAS PERSPECTIVAS

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Academic year: 2021

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DIVERSIDADE RELIGIOSA, NOVAS PERSPECTIVAS

SANTOS, Elói Corrêa dos1 - ASSINTEC/SEED - PR NIZER, Carolina do Rocio2 - DEB/SEED - PR Grupo de Trabalho - Ensino Religioso Agência Financiadora: Secretaria de Estado da Educação do Paraná

Resumo

O objetivo deste trabalho é apresentar um relato da experiência pedagógica nas Escolas Públicas do Estado do Paraná com a disciplina de Ensino Religioso, discutindo as nuanças da passagem epistemológica do modelo confessional para a nova perspectiva inter-religiosa. Neste sentido, o presente texto está divido em dois momentos. O primeiro trata da ruptura na legislação com a proposta proselitista e a possibilidade de superação deste modelo pelo enfoque inter-religioso onde a disciplina de Ensino Religioso passa a ter um caráter de área de conhecimento que tem como objetivo fomentar o conhecimento que favoreça o repúdio a toda forma de discriminação e o respeito à diversidade cultura e religiosa, definindo, no caso do Estado do Paraná, como objeto de estudo o Sagrado, pois o mesmo contempla o trabalho com as diversas tradições religiosas nas instituições escolares. No segundo momento apresentaremos as ações realizadas pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná por meio da sua equipe pedagógica, tais como: produção de diretrizes curriculares, material didático, formação continuada de professores que atuam na disciplina de Ensino Religioso nas Escolas Públicas do Estado, bem como demais eventos que compõem a formação do professor, na busca pela implementação e efetivação do Ensino Religioso como disciplina escolar conforme propõe o artigo 33 da Lei de Diretrizes e Bases (LDB 9394/96). Assim, os principais desafios da disciplinas de Ensino Religioso é superar as tradicionais aulas de religião e de valores e inserir conteúdos que tratem da rica diversidade cultural e religiosa do Brasil e do Mundo contribuindo desta maneira com a formação da básica do cidadão e o exercício da cidadania.

Palavras-chave: Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso. Sagrado. Respeito à

Diversidade.

1 Mestrando em Geografia da Religião e pesquisador do Núcleo Paranaense de Pesquisa em Religião

(NUPPER)– UFPR. Especialista em Filosofia – PUC/PR. Formado em Filosofia – Universidade Estadual do Centro Oeste (UNICENTRO) . Técnico pedagógico da Associação Inter-religiosa de Educação (ASSINTEC). E-mail: eloi_correa@seed.pr.gov.br

2 Especialista em Psicopedagogia - Faculdades Curitiba. Formada em História – Universidade Tuiuti do Paraná.

Técnica da Educação Básica na disciplina de Ensino Religioso na Secretaria de Estado da Educação do Paraná. E-mail: carolnizer@seed.pr.gov.br

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Introdução

A disciplina de Ensino Religioso no Brasil em seu processo histórico é marcada pela forte influência colonizadora. Neste sentido, nas diversas legislações e abordagens metodológicas que regeram a disciplina esteve se pautado em um modelo confessional e proselitista. Embora no período do Brasil colônia não se identifique a nomenclatura de Ensino Religioso, a inclusão deste tema na educação brasileira e que se perpetuou até a Constituição da República de 1891, é possível identificar atividades de evangelização que tinha como meta da educação aulas voltadas para o ensino da doutrina católica com o objetivo de induzir os povos indígenas ao abandono das suas crenças e dos seus costumes, levando-os a submissão dos preceitos e sacramentos da Igreja Católica Apostólica Romana, como podemos identificar no documento Ratio Studiorum que diz:

Cada um dos ministérios mais importantes da nossa Companhia é ensinar ao próximo todas as disciplinas convenientes ao nosso Instituto, de modo a levá-lo ao conhecimento e amor do Criador e Redentor nosso, tenha o Provincial como dever seu zelar com todo empenho para que aos nossos esforços tão multiformes no campo escolar corresponda plenamente o fruto que exige a graça da nossa vocação. (FRANÇA, 1952, p. 15).

Essa proposição foi alterada sob influência do positivismo no Brasil República, buscando neutralidade religiosa, mas que já denotava um impulso contrário ao proselitismo catequética. Estabeleceu-se um debate entre os defensores do ensino confessional e os partidários do princípio republicano da educação laica. Esta questão foi parcialmente resolvida na Constituição da Era Vargas ao propor: “O Ensino Religioso será de matrícula facultativa e ministrado de acordo com os princípios da confissão religiosa do aluno manifestada pelos pais e responsáveis e constituirá matéria dos horários normais das escolas públicas” (BRASIL, 1934).

Desta forma procurou-se por meio do caráter facultativo salvaguardar o direito de liberdade de crença para estudantes não católicos e por outro lado garantiu-se a permanência da disciplina na educação pública ainda que de maneira confessional. Visto que, aqueles indivíduos que não eram adeptos da religião hegemônica do momento histórico, participando ou não das aulas de Ensino Religioso não tinham sua opção religiosa contemplada nas instituições escolares que frequentavam.

Os primeiros fôlegos da ruptura entre o modelo confessional e a possibilidade do modelo inter-religioso começam a aparecer na década de 60, quando o caráter confessional foi

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suprimido da Constituição de 1967, ainda que apenas na legislação porque na prática as aulas continuavam sendo confessionais e relegadas a diletantes voluntários oriundos das igrejas cristãs.

A possibilidade de uma virada epistemológica, metodológica e pedagógica se concretizou com a nova redação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional de 1996 e na correção de sua redação, em 1997, pela Lei 9.475 em seu artigo 33 da LDBEN que prescreve:

Art. 33 – O Ensino Religioso, de matrícula facultativa, é parte integrante da formação básica do cidadão e constitui disciplina dos horários normais das escolas públicas de Educação Básica assegurado o respeito à diversidade religiosa do Brasil, vedadas quaisquer formas de proselitismo.

§1º – Os sistemas de ensino regulamentarão os procedimentos para a definição dos conteúdos do Ensino Religioso e estabelecerão as normas para a habilitação e admissão de professores.

§2º – Os sistemas de ensino ouvirão entidade civil, constituída pelas diferentes denominações religiosas, para a definição dos conteúdos do ensino religioso.

A legislação aponta para a necessidade de se substituir o modelo confessional pelo método inter-religioso e aconfessional, onde a disciplina de Ensino Religioso é tratada como área de conhecimento e adota práticas e metodologias escolarizantes, ou seja, seus conteúdos e métodos desenvolvem-se no sentido da escolarização do Ensino Religioso.

A mudança na lei subtraiu os aspectos confessionais da disciplina rompendo com o modelo que a vinculava a catequese, cristianização ou quaisquer tipos de doutrinação religiosa e ou ideologização. Com essa mudança legal, os profissionais da educação e gestores se colocaram a tarefa e desafio de repensar os paradigmas que regulavam o Ensino Religioso até então.

A experiência pedagógica do Ensino Religioso no Estado do Paraná

A partir das questões apontadas anteriormente, surgiram grandes debates no meio acadêmico e educacional, retomando o problema da liberdade religiosa devido à pressão das tradições religiosas e da sociedade civil organizada. Nesse contexto, e com a nova redação da LDB, o Ensino Religioso perdeu sua função catequética, pois com a manifestação do pluralismo religioso na sociedade brasileira, o modelo curricular, centrado na doutrinação passou a ser intensamente questionado.

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Um momento marcante na história do Ensino Religioso no Paraná aconteceu com a fundação da “Associação Inter-religiosa de educação e cultura” (ASSINTEC), nos anos de 71 e 72 por um pequeno grupo de caráter ecumênico3. Em 2013 a instituição faz quarenta anos de existência a percorreu uma trajetória paralela às transformações legais e pedagógicas que organizaram a disciplina de Ensino Religioso nas escolas do Paraná. Algumas vezes a instituição esteve na vanguarda se antecipando à demanda didático pedagógicas da disciplina e em outras vezes teve que se adequar as alterações legais.

Assim como o Ensino Religioso no Brasil passou por etapas confessionais, multiconfessionais, leigo e por fim torna-se inter-religioso, a ASSINTEC também se transformou neste percurso, passando da confessionalidade a inter-religiosidade. Neste sentido, mesmo no período de sua criação, a instituição rompeu com paradigmas ao propor um diálogo entre as tradições religiosas cristãs, o que foi um grande avanço para época.

É importante ressaltar que, atualmente, a ASSINTEC é uma entidade civil, livre, equitativa, democrática e aberta a todas as manifestações culturais, religiosas, espirituais e místicas. Está organizada em uma diretoria composta de membros de diversas tradições religiosas e, também, de uma equipe pedagógica constituída por professores com formação na área do Ensino Religioso.

Sua finalidade é colaborar com as secretarias estadual e municipal de educação na efetivação do Ensino Religioso Escolar de acordo com a legislação vigente, bem como, promover o diálogo inter-religioso e a mobilização das diversas tradições religiosas, místicas e filosóficas na disponibilização de informações sobre o sagrado como foco do fenômeno religioso, contribuindo, assim, para a organização dos conteúdos do Ensino Religioso.

No final de 2005, a Secretaria de Estado da Educação (SEED), movida pelos questionamentos oriundos deste processo de discussão realizada entre a SEED, Núcleos Regionais de Ensino (NRE), Escolas e Professores, encaminhou os questionamentos ao Conselho Estadual de Educação (CEE), que em 10/02/2006 aprovou a Deliberação n.º 01/06, que visa instituir novas normas para o Ensino Religioso no Sistema Estadual de Ensino do Paraná.

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Ecumênico: adj. Relativo a toda a terra habitada ou habitável; universal. Este termo comumente é usado para se referir a atos que reúnem lideranças Católicas e Evangélicas, contudo, na etimologia da palavra significa toda e qualquer área habitada por humanos, ou seja, faz referência a todos os seres humanos, conceito muito próximo ao termo laico (ver informático 33).

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Os avanços delineados a partir desta Deliberação são notáveis, como o repensar do objeto da área, o compromisso com a formação docente, a consideração da diversidade religiosa no Estado, a necessidade do diálogo/estudo na escola sobre as diferentes leituras do Sagrado na sociedade. Cumpre destacar que essa disciplina de ensino tem por base a diversidade expressa nas diferentes expressões religiosas. Assim sendo, o foco no Sagrado e em diferentes manifestações, possibilitam a reflexão sobre a realidade contida na pluralidade desse assunto, numa perspectiva de compreensão sobre si (sua religiosidade) e a do outro, na diversidade universal do conhecimento humano e de suas diferentes formas de ver o Sagrado. “Etimologicamente, o termo Sagrado se origina do termo latim sacrátus e do ato sagrar. Como adjetivo, refere-se ao atributo de algo venerável, sublime inviolável e puro” (DCE, 2008, p. 47). Para Eliade (2001, p. 17), que fundamenta teoricamente as Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso, o Sagrado é uma experiência denominada de hierofania, ou seja, “a manifestação de algo ‘diferente’ – de uma realidade que não pertence ao nosso mundo – em objetos que fazem parte integrante do nosso mundo ‘natural’, ‘profano’”.

O homem ocidental moderno experimenta um certo mal-estar diante de inúmeras formas de manifestações do sagrado: é difícil para ele aceitar que, para certos seres humanos, o sagrado possa manifesta-se em pedras ou árvores, por exemplo. Mas, como não tardaremos a ver, não se trata de uma veneração da pedra como pedra, de um culto da árvore como árvore. A pedra sagrada, a árvore sagrada não são adoradas como pedra ou como árvore, mas justamente porque são hierofanias, porque ‘revelam’ algo que já não é nem pedra, nem árvore, mas o sagrado. (ELIADE, 2001, p. 18).

Assim, para a DCE de Ensino Religioso (2008) as formas de interpretar o Sagrado são entendidas como resultado das representações construídas historicamente no âmbito das diversas culturas e tradições religiosas e filosóficas. Ou seja, nas instituições escolares não se pretende vivenciar a manifestação do Sagrado e nem aceitar os ensinamentos das tradições religiosas, trata-se de conhecer e problematizar.

Para auxiliar na compreensão do objeto de estudo da disciplina foi definido para as instituições escolares, três conteúdos basilares, conhecidos como conteúdos estruturantes que são: Paisagem Religiosa, Universo Simbólico Religioso e Texto Sagrado, os mesmos não devem ser entendidos isoladamente, uma vez que estão relacionados.

Cumpri observar que tais conteúdos estruturantes não têm tradição no currículo de Ensino Religioso e o que se pretende é romper com os conteúdos que, historicamente, têm sido tratados nesta disciplina, já que esses não mais contemplam as especificidades da disciplina, pondo em risco o sentindo fundamental da educação (BIACA, 2006).

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Os conteúdos estruturantes são referencias para compreensão do Sagrado e são eles que orientaram na organização dos conteúdos básicos da disciplina. Para melhor compreensão de como está estruturado os conteúdos da disciplina de Ensino Religioso para as escolas públicas do estado, apresenta-se o seguinte esquema:

SAGRADO

Conteúdos Estruturantes

Paisagem Religiosa

Universo Simbólico

Religioso Texto Sagrado

Conteúdos Básicos

6º ano

Organização Religiosa Lugares Sagrados Textos Sagrados orais

ou escritos Símbolos Religiosos 7º ano Temporalidade Sagrada Festas Religiosas Ritos Vida e Morte

Figura 1 - Conteúdos da disciplina de Ensino Religioso. Fonte: Organizado pelos autores, com base em Biaca (2006).

Com isso, a disciplina pretende contribuir para o reconhecimento e respeito às diferentes expressões religiosas advindas da elaboração cultural dos povos, bem como possibilitar o acesso às diferentes fontes da cultura sobre o fenômeno religioso.

O Ensino Religioso e o processo de escolarização

Não se pode negar a trajetória histórica do Ensino Religioso no Brasil, mas diante da sociedade atual, esta disciplina requer uma nova forma de ser vista e compreendida no currículo escolar.

Tendo em vista que o conhecimento religioso insere-se como patrimônio da humanidade, e em conformidade com a legislação brasileira que trata do assunto, o Ensino Religioso. Em seu currículo pressupõe promover aos educandos a oportunidade de processo

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de escolarização fundamental para se tornarem capazes de entender os movimentos religiosos específicos de cada cultura, possuir o substrato religioso, de modo a colaborar com a formação da pessoa. A sociedade civil, hoje, reconhece como direito os pressupostos desse conhecimento no espaço escolar, bem como a valorização da diversidade em todas as suas formas, pois a sociedade brasileira é composta por grupos muito diferentes.

O Ensino Religioso, tratado nesta perspectiva, contribuiu também para superar a desigualdade étnico-religiosa e garantir o direito Constitucional de liberdade de crença e expressão, conforme Art. 5º, inciso VI, da Constituição Brasileira. Porém, isso se deu na medida em que a disciplina de Ensino Religioso e o corpo docente também contribuíram para que, no dia-a-dia da escola, o respeito à diversidade fosse construído.

É certo que não se pode negar que as relações de convivência entre grupos diferentes é marcada pelo preconceito, sendo esse um dos grandes desafios da escola. Segundo Costella (2004, p. 101), “uma das tarefas da escola é fornecer instrumentos de leitura da realidade e criar as condições para melhorar a convivência entre as pessoas pelo conhecimento, isto é, construir os pressupostos para o diálogo”, neste sentido a disciplina de Ensino Religioso tem muito a contribuir.

Portanto, o Ensino Religioso visa a propiciar aos educandos a oportunidade de identificação, de entendimento, de conhecimento, de aprendizagem em relação às diferentes manifestações religiosas presentes na sociedade, de tal forma que tenham a amplitude da própria cultura em que se insere. Essa compreensão deve favorecer o respeito à diversidade cultural religiosa, em suas relações éticas e sociais diante da sociedade, fomentando medidas de repúdio a toda e qualquer forma de preconceito e discriminação e o reconhecimento de que, todos nós, somos portadores de singularidade.

Para Costella (2004, p. 104), o Ensino Religioso

[...] não pode prescindir da sua vocação de realidade institucional aberta ao universo da cultura, ao integral acontecimento de pensamento e da ação do homem: a experiência religiosa faz parte desse acontecimento, com os fatos e sinais que a expressam. O fato religioso, como todos os fatos humanos, pertencem ao universo da cultura e, portanto, tem uma relevância cultural, tem uma relevância em sede cognitiva.

Assim, o Ensino Religioso permitirá que os educandos possam refletir e entender como os grupos sociais se constituem culturalmente e como se relacionam com o Sagrado. E, ainda, compreender suas trajetórias, suas manifestações no espaço escolar, estabelecendo relações entre culturas, espaços e diferenças, para que no entendimento destes elementos o

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educando possa elaborar o seu saber, passando a entender a diversidade de nossa cultura, marcada pela religiosidade.

A formação continuada para os professores que atuam na disciplina de Ensino Religioso

A partir da elaboração da DCE de Ensino Religioso a SEED vem promovendo a formação continuada de professores da disciplina com o intuito instrumentalizar a escola pública para o fomento ao respeito à diversidade cultural e religiosa, distanciando-se cada vez mais do proselitismo em sala de aula.

Pois entende-se que não basta somente definir conteúdos a serem trabalhados em sala de aula com a disciplina de Ensino Religioso e que a alteração da prática docente não depende somente da aceitação de uma sociedade pluralista e legislações que assegurem a disciplina nos horários escolares. É preciso ir além e contribuir no processo do conhecimento por meio da formação continuada e incentivo para a produção de materiais didático-pedagógicos que venham auxiliar o professor na sua prática diária.

Neste sentido, elencamos algumas das ações implementadas no Estado do Paraná: Simpósio de Ensino Religioso, Visita Técnica em Lugares Sagrados, Jornada de Ensino Religioso, Formação em Ação e a Contação de História.

Desta forma, os simpósios são eventos de formação continuada ofertados pela SEED que visam a valorização dos professores da rede estadual pública. Este momento são espaços de encontro presencial nos quais os professores têm a oportunidade de participar de cursos com docentes das Instituições Superiores para aprofundar seus conhecimentos sobre os conteúdos da disciplina.

As Visitas Técnicas em Lugares Sagrados são aulas de campo, que segundo Stefanello (2009) permitem a expansão da capacidade de construção do conhecimento, uma vez que percebe o espaço. Possibilitando assim sair da rotina de estudos, o que estimula o aprendizado, a criatividade e o raciocínio.

Os lugares sagrados construídos possuem uma significação simbólica da presença do sagrado é a instância da experiência com as tradições religiosas, expressas na paisagem dos templos, santuários, casa de oração, mesquita, sinagoga. Segundo Gil Filho (2008), o espaço sagrado se apresenta como palco privilegiado das práticas religiosas. Por ser o próprio mundo da percepção, ele carrega marcas distintivas da religião, conferindo singularidades peculiares aos mundos religiosos. Assim, propor uma prática de Visita Técnica em Lugares Sagrados é

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oportunizar os professores o contato com este mundo próprio das religiões e conhecer os diversos lugares sagrados para uma melhor fundamentação, como também, superar qualquer forma de preconceito, pois a metodologia de visitação contribui para uma melhor dimensão e fundamentação dos conteúdos a serem tratados em sala de aula, definidos nas Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso.

A Jornada de Ensino Religioso aconteceu nos dias 20 e 21 de agosto de 2012 foi um evento que possibilitou o encontro entre professores da Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED), da Secretaria Municipal de Educação (SME), com pesquisadores das Instituições Superiores do Paraná (IES) e com a equipe pedagógica da Associação Inter-Religiosa de Educação (ASSINTEC). O evento possibilitou a discussão e a reflexão sobre a proposta do currículo adotado no Paraná e o trabalho realizado nas escolas do Paraná.

Em 2013 a Jornada de Ensino Religioso acontecerá nos dias 21 e 22 de outubro na UFPR e terá como tema central a importância do modelo inter-religioso consequência da virada epistemológica ocorrida com a disciplina e a escolarização da mesma. Nesta Jornada ocorrerão momentos culturais com apresentação artísticas de várias tradições religiosas, contação de história, apresentação de práticas pedagógicas de professores da rede Estadual e Municipal e o relato da experiência das Técnicas responsáveis pelo Ensino Religioso na Secretaria Estadual de Educação do Paraná e Secretaria Municipal de Educação de Curitiba, bem como oficinas com pesquisadores e doutores na área.

Todas as ações aqui apresentadas visam a superação das tradicionais aulas de religião e de valores por meio do trabalho com o objeto de estudo o Sagrado e o tratamento da disciplina com conteúdos básicos definidos na DCE de Ensino Religioso que são: Organizações Religiosas, Lugares Sagrados, Textos Sagrados orais ou escritos, Símbolos Religioso, Temporalidade Sagrada, Ritos, Vida e Morte.

Produção de material didático - Caderno Pedagógico e o Informativo da Assintec

Levando em consideração que o conhecimento religioso é importante para a sociedade e a necessidade de materiais didáticos que auxiliem na prática docente e oportunizem conhecimentos sobre o conteúdo da disciplina definidos nas DCE, a SEED elaborou um caderno pedagógico intitulado “O Sagrado no Ensino Religioso”2.

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A construção do caderno pedagógico parte dos conteúdos definidos nas DCE de Ensino Religioso com o “objetivo de analisar e compreender o sagrado enquanto o cerne da experiência religiosa do universo cultural, que se contextualiza no cotidiano social de inter-relação dos diversos sujeitos” (BIACA, 2006, p. 14).

O caderno está estruturado didaticamente, com uma apresentação geral do Ensino Religioso na Escola Pública. Encaminha orientações legais, objetivos e também as principais diferenças entre as ‘aulas de religião’ e o Ensino Religioso como disciplina escolar. Está dividido em 8 unidades temáticas. Já as unidades estão divididas em fundamentação sobre o conteúdo abordado, texto destinado aos professores e encaminhamento metodológico, destinado aos educandos. (BIACA, 2006, p. 11).

O caderno é material didático que auxilia o planejamento do professor nas aulas de Ensino Religioso. Além dele, o professor tem a autonomia de utilizar outros materiais (textos e atividades para o aluno) como por exemplo o Informativo da Assintec. Esses materiais estão em consonância com as Diretrizes da Educação Básica de Ensino Religioso.

REFERÊNCIAS

BIACA, V. O sagrado no ensino religioso. Curitiba: SEED, 2006.

BRASIL. Constituição (1934). Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil. Rio de Janeiro: Assembleia Nacional Constituinte, 1934.

______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 23 dez. 1996.

COSTELLA, D. O fundamento epistemológico do ensino religioso. In: JUNQUEIRA, S.; WAGNER, R. (Orgs.). O ensino religioso no Brasil. Curitiba: Champagnat, 2004. ELIADE, M. O sagrado e o profano. São Paulo: Martins Fontes, 2001.

FRANÇA, L. O método pedagógico jesuítico: o Ratio Studiorium. Rio de Janeiro: Agir, 1952.

GIL FILHO, S. F. Espaço sagrado: estudos em geografia da religião. Curitiba: Ibpex, 2008. PARANÁ. Conselho Estadual de Educação. Deliberação nº 03/02. Diário Oficial do Estado, Curitiba, 2002.

______. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares de Ensino Religioso. Curitiba: SEED, 2008.

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STEFANELLO, A. C. Didática e avaliação da aprendizagem no ensino de geografia. São Paulo: Saraiva, 2009.

Referências

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