O CARBONO NOS SOLOS
ESTABILIDADE, QUANTIDADE E VARIABILIDADE
O material não consolidado (rególito) também é
determinante das funções do solo
O
solo
localiza-se na parte superior do
material não consolidado
que constitui a superfície da crosta terrestre, exibindo na
generalidade, espessura relativamente pequena
Rocha consolidada Rególito Rocha consolidada Rególito Rególito Rególito
Os solos desempenham múltiplas funções ….
Produção de biomassa (agricultura e floresta)
Acumulação, filtração e transformação (substâncias, água,..)
Biodiversidade (habitats, espécies e genes)
Ambiente físico e cultural para os humanos
Fonte de matérias primas
Actua como reservatório de carbono
Arquivo de património geologico e arqueológicoAh Btn C Ah E Bhs Ah A/B Bo BC Ah E Bhs C
O SOLO E O CICLO DO CARBONO
Resíduos vegetais (MO do solo) Planta CO2 CO2 Dejectos ATMOSFERA SOLO Reacções no solo Difusão para a atmosfera CO3=, HCO 3-Actividade biológica - Humificação
PERDAS POR LIXIVIAÇÃO (Ca, Mg, K,....CO3=, HCO
O carbono pode permanecer no solo durante milhares de anos
Essa estabilidade deve-se à estrutura das moléculas húmicas e à estabilização e protecção da matéria orgânica pela fracção mineral do solo – agregação
associada à actividade biológica
Esquema da molécula de ácidos húmicos
Protecção pelas superfícies dos minerais (agregados)
RESERVATÓRIOS E FLUXOS DE CARBONO
Biótico 560 Pg Desflorestação 1,6 Pg yr-1 Fotossíntese 120 Pg yr-1 Respiração plantas 60 Pg yr-1 Atmosférico 760 Pg +3,5 Pg yr-1 0,6 ± 0,2 Pg yr-1 Oceânico 38400 Pg + 2,3 Pg yr-1 - Camada superficial: 670 Pg - Camada profunda: 36 730 Pg - Total C orgânico: 1000 Pg Combustíveis fósseis 4130 Pg Carvão: 3510 Pg Petróleo: 230 Pg Gás: 140 Pg Turfa: 250 Pg 92,3 Pg yr-1 90 Pg yr-1 Pedológico SOC: 1550 Pg SIC: 950 Pg 7,0 Pg yr-1 Combustão1Pg=10
15g
A QUANTIDADE DE CARBONO NOS SOLOS DE
PORTUGAL
A QUANTIDADE CARBONO ORGÂNICO DEPENDE DO
TIPO DE SOLO
ESSA QUANTIDADE DEPENDE DA PROFUNDIDADE
CONSIDERADA
0
5
10
15
20
AT
CM
LP
LV
RG
kg m
-20-30 cm
0-100 cm
AT – ANTROSSOLOS; CM – CAMBISSOLOS; LP - LEPTOSSOLOS LV – LUVISSOLOS; RG - REGOSSOLOS
Quantidade de carbono orgânico em Grupos de Solos
de Referência desenvolvidos sobre rocha granítica
Profundidade do solo (cm)
0
3
6
9
12
0-10
0-30
0-100
0-150
Podzóis
Arenossolos
kg C m-2Quantidade de carbono orgânico em solos arenosos
Tipo e profundidade do solo
Esboço simplificado da Carta de Solos de Portugal segundo o Sistema WRB (2006)
Urge organizar
a carta dos solos de Portugal para suporte da quantificação da quantidade de carbono neles acumuladaLeptossolos
Vertissolos
“Solonchaks” (Solos Salinos) Arenossolos, Podzóis
Fluvissolos
Cambissolos, Regossolos, Umbrissolos, Antrossolos Cambissolos, Regossolos, Leptossolos
Cambisols, Regossolos
Calcissolos, Regossolos, Cambissolos
Luvissolos, Planossolos
O CARBONO NAS CAMADAS
SUPERFICIAIS DOS SOLOS
Carbono orgânico (%) <1 1-2 2-5 5-10 10-25 25-35 >35 Jones et al. (2004)
O teor de carbono no
horizonte superficial
do solo apresenta uma
enorme variabilidade
no espaço europeu
kg C m-2
A quantidade de carbono orgânico nos solos (até 30 cm de profundidade)
em Portugal está associada ao clima (precipitação, R) e a outros factores…
•Clima (precipitação, temperatura,..)
•Tipo de solo
•Textura/estrutura
•Morfologia do terreno (relevo)
•Sistema de uso da terra
•Práticas de uso do solo
Adaptado de Brady & Weil (1999) RB/MOA – Resíduos vegetais/ matéria orgânica activa
MOH – Matéria orgânica humificada
SISTEMA DE USO E VARIAÇÃO DA QUANTIDADE DE C ORGÂNICO NO SOLO
INTERVENÇÃO HUMANA NO CICLO DO CARBONO
RB/MOA
MOH
SISTEMA INICIAL
ABANDONO FLORESTA
NOVO SISTEMA DE USO AGRICULTURA
Estratégias de acréscimo de carbono no solo
Sistemas de uso da terra (agricultura, floresta, pastagens,..)
Recuperação do solo e regeneração florestal
Retenção de biomassa florestal residual e resíduos de culturas
Aplicação de resíduos orgânicos (estrumes, compostados,..)
Minimização da perturbação do solo (cultivo mínimo….)
Culturas de cobertura; gestão das pastagens
Práticas agroflorestais
Conservação do solo e da água e eficiência da irrigação
Eficiência de uso de nutrientes (fertilizantes)
Área de cultura cerealífera
Pastagem melhorada
Sistema de uso da terra na área de “montado”
Pastagem natural versus pastagem melhorada (30 anos)
Pastagem natural
Sistema “montado”
0 1 2 3 0 1 2 3 0-10 10-20 20-30 0 1 2 3 0-10 10-20 20-30 0 1 2 3 0 1 2 3 kg C m-2 kg C m-2
ÁREA ABERTA
SOB AS ÁRVORES
Profundidade (cm) Profundidade (cm)
Pastagem melhorada
Pastagem natural
Cultura de cereal
Acréscimos de CARBONO no solo associados às árvores
r=6 m
112 kg C /árvore 0-10 cm 10-20 cm 33% 66% 100% 133% 200%0
20
40
60
80
100
120
Total% do raio de projecção da copa
O acréscimo de carbono facilita a circulação
da ÁGUA no solo
0
20
40
60
80
100
<2 2-100 >100
<2 2-100 >100
PM
PN
Sob as árvores
Área aberta
Frequência (%)
Condutividade hidráulica (mm/h)
PM – Pastagem melhorada;
PN – Pastagem natural
A POROSIDADE do solo aumenta com o
acréscimo de carbono
0
20
40
60
80
100
b
b
Fora da copa
a
b
Sob a copa
PM PN
Valor normal para a textura do solo considerado
Porosidade
BIODIVERSIDADE
SUSTENTABILIDADE
RESISTÊNCIA
À DEGRADAÇÃO
(erosão, desertificação,...)EFICIÊNCIA DO USO
DE RECURSOS
SEQUESTRO
DE
CARBONO
O SEQUESTRO DE CARBONO
E A SUSTENTABILIDADE
DOS ECOSSISTEMAS
Destino do carbono transferido para a atmosfera (actividade humana) 7,6 Pg C yr-1 ATMOSFERA 3,2 ±(1,0) Pg C yr-1 OCEANOS 2,1± (0,6) Pg C yr-1 2,3 Pg C yr-1 PRODUTIVIDADE TERRESTRE ???
25,2 25,3 22,9 24,5 7,0 7,0
7,5 5,9
23,7 23,7 23,7 23,7 32,7 32,7 32,7
Mineral soil layer (0-20 cm) Harvesting residues and/or organic layers
0 Time (yr) Treatments 0 10,5 R S I W 0 10,5 0 10,5 0 10,5 10 20 30 40 50 60 t C ha -1
%
N
(0
-10
cm)
0.16 0.14 0.12 0.10 0 1 2 5 16 Floresta virgem Ag ricultura Abandono e crescimento
de floresta secundária
INTERVENÇÃO HUMANA NO CICLO DO N
Variação do teor de N no solo em consequência das intervenções antrópicas nos ecossistemas (Adaptado de Stevenson & Cole, 1999)
Uso da terra de acordo com a Classificação da Capacidade da Terra
(“Land Capability Classification”, USDA)
… it is an interpretation….it depends on the probable interactions between the kind of soil and the alternative systems of management …. management systems are changing … economic conditions change .. knowledge grows… land users are being offered new things….(C. Kellog, 1961)
90 80 70 60 50 40 30 20 1850 1870 1890 1910 1930 1950 1970 1990 Carbo n o o rg ân ico t/ h a NPK + calagem Não fertilizado Interrupção da adição de estrume em 1871 Adição de estrume (35 t ha-1 yr-1) Ano
A variação da quantidade de resíduos orgânicos aplicados ao solo reflecte-se em forte variação da quantidade de carbono orgânico acumulado no solo