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Nordeste, uma ficção?

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Academic year: 2021

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FORTALEZA - CEARÁ,SEGUNDA-FEIRA, 1 DE FEVEREIRO DE 2021

www.opovo.com.br/vidaearte vidaearte@opovo.com.br | 3255 61 37

| DIVERSIDADE REGIONAL |

Fruto de histórico processo colonial, a construção de

imaginários sobre o Nordeste é abordada por artistas e pesquisadores. Páginas 3 e 5

Nordeste,

uma fi cção?

O Nordeste é de Alcione, Rossicléa, Clarice Lispector, Patativa do Assaré, Lázaro Ramos, Maria Bethânia e Carlus Campos — ilustrador desta reportagem do Vida&Arte. O POVO celebra as singularidades dos nove estados que integram a região

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VIDA&ARTE

FORTALEZA - CE, SEGUNDA-FEIRA, 1 DE FEVEREIRO DE 2021

􀣥

RAYMUNDO NETTO*

raymundo.netto@gmail.com *ESCREVE QUINZENALMENTE, ÀS SEGUNDAS C O N F I R A E STA E O U T R A S C O LU N A S E M W W W. O P O V O . C O M . B R / C O LU N A S

PRÓXIMA

SEMANA

R O M E U D U A R T E

PODERIA SER

BIRRA, O ZÉ ERA

TEIMOSO E AO

MESMO TEMPO

NÃO TINHA

AMBIÇÕES, NEM AS

PEQUENAS, MAIS

QUERIA O SOSSEGO

DO QUE TUDO NO

MUNDO

A Rede

Cansado de ouvir os reclamos da mulher to-dos os dias à beira do fogão, Zé Panapanã, que acabava de chegar da lida na roça, ainda salgado em suor e com as pernas “à milanesa”, largou a enxada e mergulhou na primeira rede que en-controu no alpendre.

Quando pronto o almoço, não se buliu. Nem quando a mulher, insistente, sacudia o punho da-quela rede: “Tá morto, Zé? Ôxe, nem pra comer se mexe? Avia!” E nada.

Poderia ser birra, o Zé era teimoso e ao mesmo tempo não tinha ambições, nem as pequenas, mais queria o sossego do que tudo no mundo. Dali não sairia, nem para comer, para ir ao banheiro, pitar seu cigarrinho ou dormir.

A mulher se preocupou, mas achava que o turrão não resistiria à frieza cortante da noite. Porém, ao acordar, ela o encontrou ainda mais embiocado, não se vendo nem uma brechinha do homem na rede: “Vai trabalhar hoje, não, pre-guiçoso? Aqui não tem café pra gente dorminho-ca, viu?” Não adiantava. Por mais que Solange berrasse às franjas da rede, o Zé não dava um pio. Dias depois ela decidiu consultar o farma-cêutico da cidade que, na falta de outro doutor, poderia ter com o marido: “Tá custando dentro da tipoia, seu Augusto. Não levanta pra nada,

nem pra comer, nem pras necessidades. Deve de tá doente... mas não fala nada...”

O farmacêutico estranhou a história e, por curiosidade, descambou a visita.

Chegou batendo sonoras palmas no batente da casa, como se não soubesse estar logo ali, recolhido na rede, o marido de Solange.

Arrastou um tamborete, tentou puxar conver-sa, sem sucesso. Perguntou se sentia dor, se havia diarreia, alguma anemia, dificuldade de respira-ção. Com esforço, vez ou outra ouvia um sussurro, uma espécie de “deixe estar” ou coisa parecida. Pu-xava o pano da rede tentando abri-la para examiná -lo e não conseguia. Já irritado, porém percebendo a aflição da mulher, receitou algumas mezinhas: “Deve ser somente alguma verminose associada à cisma mesmo. Paciência”.

Todavia, o certo é que nem Solange conseguia que o Zé tomasse qualquer coisa, como nem aque-les poucos sussurros se ouviam mais. Ela apelaria, então, ao jovem pároco local. Ele, de cara, denun-ciava a ausência divina no coração daquele homem que, inclusive, nunca pisara a soleira da igreja e não cumpria sequer com os seus sacramentos.

Em uma primeira visita, tentou extrair, inu-tilmente, uma tal confissão. Depois, clamando aos surdos céus, o provocou a levantar-se dali,

ameaçando-o até de excomunhão. Nada! “Está endemoninhado, só pode. Contra as forças do To-do-Poderoso ninguém pode, dona Solange. E como deixar de atender a uma esposa tão amável, cari-dosa e temente a Deus como a senhora? Só ende-moninhado!” E abraçava àquela mulher, que nem tinha ideia de que era aquilo tudo, e cuja face pou-sava agora menos inocentemente na sacra batina quase tão cerrada quanto a rede do Zé.

No domingo, uma romaria se quedava em torno da encolhida rede de Zé Panapanã. Deze-nas de fiéis da paróquia, empunhando missais, velas de todos os calibres, terços e rosários, cantavam hinos e rezavam pela cura do mari-do de Solange, que já trazia ares de viúva, mas uma viúva bem fornida, disposta, aparente-mente melhor do que antes da crise, sempre ao lado do padre, cuja oratória – confessava – lhe causava um certo frenesi.

Foi ali, naquele instante divinal, que alguém apontou de joelhos para a rede que se abria lenta-mente. Todos, boquiabertos, se abraçando ou fa-zendo o sinal da cruz, testemunharam sair da fres-ta aberfres-ta da rede uma borbolefres-ta cujas asas batiam incessantes, carregando a criaturinha para onde avermelhava o horizonte e para longe daqueles ba-rulhosos vizinhos.

O

MELHOR

DA A G E N DA C U LT U R A L

Q U E R D I V U L GA R S E U E V E N T O ?

A G E N DA O P O V O @ G M A I L . C O M

INFORMAÇÕES SOBRE ATRAÇÕES, DATAS E HORÁRIOS SÃO DE RESPONSABILIDADE DOS ORGANIZADORES DOS EVENTOS

AULA DE MÚSICA

OPORTUNIDADE

PARA ARTISTAS

AO VIVO

O guitarrista e compositor Felipe Cazaux transmite seus conhecimentos sobre composição de música em aula on-line nesta segunda-feira, 1°, às 14 horas. Durante o evento ao vivo, denominado “Composição e Prática de Conjunto”, o artista apresenta uma nova obra e revela o passo a passo de sua construção. Além disso, a iniciativa contará com a presença de Hamilton de Castro e Netto de Souza, que abordarão as principais dificuldades enfrentadas por músicos. Fomentado pela Lei Aldir Blanc, o conteúdo será exibido no canal do Youtube de Felipe Cazaux e tem parceria do Laboratório de Música do Porto Iracema das Artes.

Quando: segunda-feira, 1°, às 14 horas Onde: no canal do Youtube de Felipe Cazaux

ANCESTRALIDADE DO HOMEM

CURTA-METRAGEM

O personagem principal do curta-metragem “Felino - bicho homem” é um ser híbrido, que transita entre as ideias do feminino e do masculino. Nesta dualidade, percorrer energias que são, ao mesmo tempo, antagônicas e complementares. Dirigida e criada pelo ator Andree Ximenes, a obra cearense utiliza elementos das narrativas do cinema, da moda e da performance teatral. O conteúdo, que tem produção dos artistas independentes Ivna Melo, Zé Filho, Viny Holanda, Paulo Nepomuceno e Matheus Melo, será transmitido on-line nesta terça-feira, 2 de fevereiro, às 20 horas.

Quando: terça-feira, 2 de fevereiro, às 20 horas Onde: no canal do Youtube de Andree Ximenes

Mais informações: no perfil do Instagram @andreeximenes

LUTA DO POVO ANACÉ

FOTOGRAFIA

O povo indígena Anacé luta pelo reconhecimento de sua terra na Serra da Japuara. Considerado um território ancestral, o lugar serve de moradia e produção alimentar, além de conservar a espiritualidade dessa população. Desde 2018, a reivindincação é chamada de “Retomada de São Sebastião”. Nesta perspectiva, a mostra fotográfica “Anacé - Memórias da retomada de São Sebastião” registra o trabalho de reconhecimento desse povo, o cotidiano na aldeia e a ascensão de novos caciques. Com 23 imagens disponibilizadas no site do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura, a exposição é o resultado da parceria entre o pesquisador Iago Barreto, a fotógrafa Rafaela Anacé e o Cacique Climério Anacé.

Quando: disponível desde sexta-feira, 29

Onde: no site do Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura

(www.dragaodomar.org.br)

INSCRIÇÕES

O Sesc Ceará abriu inscrições para artistas e outros profissionais do setor enviarem trabalhos para compor a programação do primeiro semestre da instituição. Os projetos podem ser aceitos em diversas linguagens, como artes cênicas, artes visuais, literatura, música, além de propostas de ações

formativas. O resultado está previsto para ser divulgado em 1° de março. Edital completo e inscrições estão disponíveis no site do Sesc.

Quando: até 12 de fevereiro Onde: no site do Sesc Ceará

CINEMA EM CASA

EM FEVEREIRO

O Cinema #EmCasaComSesc adicionou novos títulos ao seu catálogo, que estarão disponíveis durante o mês de fevereiro. Um dos destaques é o documentário “Outro Sertão”, de Adriana Jacobsen e Soraia Vilela. O longa acompanha as experiências do escritor João Guimarães Rosa durante estadia na Alemanha nazista. Entre imagens de arquivo, documentos e entrevistas, a obra adiciona outros aspectos em sua biografia. Além desse filme, há também “Adam”, de Maryam Touzani; “Onde está você, João Gilberto?”, de Georges Gachot; e “Asterix e o Segredo da Poção Mágica”, de Louis Clichy e Alexandre Astier.

Quando: durante o mês de fevereiro Onde: sescsp.org.br/cinemaemcasa

LITERATURA EM PAUTA

DEBATES

Com o objetivo de celebrar a produção literária atual, a Amazon realiza a “Semana Amazon de Literatura” até domingo, 7 de fevereiro. Diariamente, o evento traz mesas-redondas e palestras sobre assuntos que envolvem os mercados da literatura e da editoração. Nesta segunda-feira, 1°, às 12 horas, os escritores Eduardo Moreira e Jessé Souza se unem ao mediador Walter Nunes para abordar a escrita sobre política em períodos de instabilidade. Mais tarde, às 19 horas, as autoras Jéssica Macedo, Katherine Laccom’t, Nana Pauvolih e Calrissa Wolff discutem as perspectivas para o gênero do romance no futuro.

O quê: “Escrevendo sobre política em tempos

de turbulência”, com Eduardo Moreira, Jessé Souza e Walter Nunes, às 12 horas; e “O futuro do romance”, com Jéssica Macedo, Katherine Laccom’t, Nana Pauvolih e Clarissa Wolff, às 19 horas

Quando: até domingo, 7 de fevereiro Onde: no site amazon.com.br/

semanadeliteratura NA TALIA KA TAOKA / DIVULG A ÇÃO

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FORTALEZA - CE, SEGUNDA-FEIRA, 1 DE FEVEREIRO DE 2021

􀢭

NORDESTE

&

No idos de 1936, o poeta re-cifense Manuel Bandeira versou “Os Voluntários do Norte”, troça sobre as desavenças entre lite-ratos do norte e do sul do País: “Quando o menino de engenho/ Chegou exclamando: – “Eu te-nho, Ó Sul, talento também!,/ Faria, gesticulando,/ Saiu à rua gritando:/ – ‘São os do Norte que vêm!’”. A rixa entre regiões, que atravessa décadas, é fruto do histórico processo colonial — mas, até hoje, constrói este-reótipos de subalternidade sobre Norte e Nordeste do Brasil.

Publicada no último dia 21 de janeiro, a reportagem de capa da revista Veja São Paulo intitula-se “A Capital do Nordeste: os novos migrantes que reinventam o de-sign, a gastronomia, as startups e outras atividades da metró-pole, que completa 467 anos”. O especial de aniversário da terra da garoa estampa, entre cactos e chão de madeira, seis nordes-tinos que ascenderam socioeco-nomicamente com a migração. Na sexta-feira, 29, a cantora paranaense Karol Conká foi acu-sada de xenofobia ao criticar o modo de expressão da advogada paraibana Juliette Freire, ambas confinadas no Big Brother Brasil.

A reportagem da Veja São Paulo e a fala de Conká geraram debate nas redes sociais sobre xenofobia, reducionismos e clas-sismo — e ampliaram, sobretu-do, o debate sobre a construção imaginária do Nordeste. Afinal, o Nordeste é uma ficção? “O Nordeste é uma região que sur-ge no final da década de 1910. O conceito aparece só como uma

| IMAGINÁRIOS SOCIAIS |

Debates nas redes sobre xenofobia

e reducionismos regionais suscitam

questionamento: como se constrói

o Nordeste?

“O Nordeste

é sempre pensado como

um espaço parado no tempo”

CARL US CAMPOS FORTALEZA - CE, , DE DE BRUNA FORTE bruna.forte@opovo.com.br

O POVO MAIS

MAIS.OPOVO.COM.BR

Leia mais informações e entrevista completa com o pesquisador Durval Muniz

O sotaque das artes brasileiras

Nas artes, o debate sobre a construção de imaginários nordestinos atravessa a criação de personagens. Carri Costa e Karla Karenina, grandes nomes da comédia cearense, mantém o sotaque como força em seus trabalhos.

“Não faltava gente tentando imitar meu sotaque de forma estereotipada pra fazer graça — de forma muito natural, como se fosse muito agradável — e perguntar coisas do tipo: ‘Como vai a terrinha?’. Essa palavra ‘terrinha’ e a expressão ‘artistas da terra’ eu não consigo digerir bem. O contrário não acontece, não se vê um cearense imitar um carioca ou um paulista numa conversa

pra fazer graça”, pontua Karla, que interpretou a personagem Meirinha na Escolinha do Professor Raimundo

Ator, diretor, produtor cultural e fundador do Teatro da Praia, Carri Costa resgata a vocação ao humor das brenhas do sertão — em seus amores e dores, para ele, tão universais quanto os experimentados no eixo Rio-São Paulo.

“Os personagens que eu construo na minha linha dramatúrgica são desprovidos de qualquer estereótipo pejorativo, mas eles são de

conotação regional sim, têm sotaque, têm um jeito de pensar e de agir dentro de uma cultura. Eu não acho que o eixo Rio-São Paulo tem uma

linguagem mais universal. Quando a gente fala da alma humana, em perspectiva dramática ou cômica, a gente tá falando da alma universal”, defende Carri.

Diretor da Companhia Cearense de Molecagem, Carri destaca não ter que se enquadrar no jeito que o Sul e o Sudeste produzem teatro. “Não, eu tenho que produzir do meu jeito, com as minhas características, com as minhas raízes, com a minha cor, com o meu sabor, com o meu jeito. Somos alguém porque nós temos raízes, nós temos piso, a gente ‘vem de’. Existem Fernandas Montenegros em todas as capitais desse Brasil”.   

ARTES

localização entre norte e leste, uma mera referência geográfica. A partir daí, no entanto, o concei-to começa a ser trabalhado por políticos, por intelectuais, por quem representa as elites agrá-rias desse espaço que vive alguns processos como a perda do espa-ço econômico e político”, explica Durval Muniz, professor da Uni-versidade Estadual da Paraíba.

Na obra “A invenção do Nor-deste e outras artes” (1999), Dur-val defende que a região não é recortada apenas como unidade econômica, política ou geográfi-ca, mas também como uma ho-mogeneidade cultural e étnica. Nos discursos hegemônicos, nas mídias centralizadas, nas piadas xenófobas e no senso comum ainda arraigado de preconceitos, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe per-dem singularidades.

“O preconceito tem a ver com sulistas que se veem como bran-cos e veem nordestinos como pardos, mestiços e negros. Há um corpo do nordestino — é o cabeça chata, o pequeno, o baixo, o subnutrido… A nossa cultura é vista como não industrial, não moderna; é uma cultura arte-sanal, folclórica. O Nordeste é sempre pensado como um espa-ço parado no tempo, um espaespa-ço que não tem história porque foi construído a partir da memória”, enfatiza Durval.

Autora do livro “Sertões Con-temporâneos” (2018), a profes-sora da Universidade Estadual da Bahia (Uneb) Gislene Moreira Gomes adiciona que a academia ainda corrobora com esses pre-conceitos. “A gente fez um con-gresso em Juazeiro da Bahia com grandes pesquisadores da

Comu-nicação do País inteiro. Fazendo o convite para alguns professo-res, os de São Paulo retornavam: ‘A ideia é massa, mas como é que eu vou praí? Eu vou de jegue?’. Quando esses pensadores che-gavam no sertão, mesmo diante de todas essas transformações, continuavam repetindo estereó-tipos como se o sertão e as pes-soas que fazem o sertão conti-nuassem miseráveis, flageladas da seca; como se fôssemos feitos para não pensar”, exemplifica.

Em entrevista ao jornal Cor-reio, parceiro do O POVO na Rede Nordeste, Gislene senten-cia: as elites brasileiras sudes-tina e sulista se consideram o

colonizador português. “A gente não pode repetir o erro de re-forçar esse regionalismo porque o Brasil é complexo. Somos um povo mestiço e precisamos ur-gente encarar nossas sombras, essa relação com esse processo de colonização. A gente precisa curar a ferida da escravidão e do extermínio indígena. O nordesti-no tem voz, poder e capacidade. A gente constrói a fronteira e a diferença para demarcar nosso espaço de poder”.

Para Luiz Tadeu Feitosa, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da UFC, é fundamen-tal observar a atuação da mídia

nas instâncias simbólicas de criação e reconfiguração desses imaginários sobre o Nordeste. “Limitar as complexidades do Brasil enquanto fenômeno a uma pauta discutida por meia dúzia de editores, repórteres e produ-tores é ter um jornalismo factual desprovido de leituras mais fide-dignas. Essas visões que se nos apresentam ora caóticas, ora deturpadas, ora estereotipadas e ora mais aproximadas do real são fruto de um processo civili-zatório muito denso”, conceitua.

“Qualquer tentativa de clas-sificação do Nordeste é sofrível e equivocada. O que nós temos é absolutamente grandioso,

com-plexo, híbrido, plural e dinâmico porque está sempre se renovan-do. Somos uma pluralidade de seres que não cabe num codi-nome — somos seres culturais, vivos, dinâmicos. A cultura dos nordestinos não cabe nessas no-ções cristalizadas”, finaliza Luiz Tadeu Feitosa.

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VIDA&ARTE

FORTALEZA - CE, SEGUNDA-FEIRA, 1 DE FEVEREIRO DE 2021

􀏄

O que é e como jogar

1. O jogo é constituído de 81 quadrados numa grade de 9 x 9 quadrados, subdivivida em nove grades menores de 3 x 3 quadrados. 2. Cada fileira (vertical e horizontal) deverá conter números de 1 a 9. 3. Cada grade menor, de 3 x 3 quadrados, deverá conter números de 1 a 9.

4. Nas fileiras horizontais e verticais da grade maior, cada número deverá aparecer uma só vez.

SUDOKU

PALAVRAS CRUZADAS

23 DE SETEMBRO A 22 DE OUTUBRO 23 DE OUTUBRO A 21 DE NOVEMBRO 22 DE NOVEMBRO A 21 DE DEZEMBRO 21 DE JUNHO A 22 DE JULHO 23 DE JULHO A 22 DE AGOSTO 23 DE AGOSTO A 22 DE SETEMBRO

22 DE DEZEMBRO A 20 DE JANEIRO 21 DE JANEIRO A 19 DE FEVEREIRO 20 DE FEVEREIRO A 20 DE MARÇO 21 DE MARÇO A 20 DE ABRIL 21 DE ABRIL A 20 DE MAIO 21 DE MAIO A 20 DE JUNHO

Brincar

Os mundos de Liz.

DANIEL BRANDÃO

www.estudiodanielbrandao.com

Os Intrépidos.

KARLSON GRACIE E BRENO TAVEIRA

@karlsongracie

Reserva.

DHIOW

adivinhadindi.tumblr.com

HORÓSCOPO PERSONARE

www.personare.com.br | a.martins@personare.com.br

PEIXES

AQUÁRIO

CAPRICÓRNIO

SAGITÁRIO

ESCORPIÃO

LIBRA

VIRGEM

LEÃO

CÂNCER

GÊMEOS

TOURO

ÁRIES

Como indica o trânsito lunar entre seu signo e o segmento fi nanças-comunicação, saber os limites e as possibilidades poderá lhe ajudar a não se desviar do caminho. Ter prazeres de qualidade e com responsabilidade deverá ser o objetivo da semana, pois Vênus encontra Saturno e Júpiter no setor social.

A Lua se desloca pela casa de crise, por seu signo e o setor material, dando oportunidade para fazer ajustes íntimos e práticos. Vênus na área familiar aspectada conjuntamente a Saturno e Júpiter possibilita que as relações íntimas sejam cheias de cumplicidade, o que irá agregar valor ao dia a dia.

A Lua nos setores de amizades, de crise e em seu signo, irá favorecer ajustes entre o coletivo e o individual. Vênus irá encontrar

Saturno e Júpiter no setor comunicativo, fazendo com que você se mostre aberto a acordos com o entorno e a ter uma imagem mais diplomática e respeitável. A Lua estará no eixo

família-prazeres-cotidiano, fazendo com que você dê valor a situações de aconchego. A vida íntima terá importância neste momento com Vênus na oitava casa em conjunção a Saturno e Júpiter, apurando a percepção sobre questões estruturais da sua existência, como os afetos.

Dar valor as pessoas de confi ança é o mote, já que Vênus encontra Saturno e Júpiter no setor de relacionamentos. A Lua transita no eixo comunicação-família-prazeres, mostrando que o diálogo será uma ferramenta para ajuste e melhorar sua qualidade de vida. Busque demonstrar comprometimento!

Procure zelar por estabilidade e cultivar hábitos saudáveis, pois são essenciais ao bem-estar. O cotidiano estará em destaque em seus aspectos práticos e humanos, já que Vênus entra no setor das rotinas, em conjunção com Saturno e Júpiter, e o trânsito da Lua pelo eixo fi nanças-comunicação-família.

O cuidado com o patrimônio e com o próprio corpo será maior. Vênus no setor material conjunta a Saturno e Júpiter tende a lhe fazer se dedicar sobre o que agrega valor à sua vida. A Lua no eixo trabalho-amizades-crise aponta para a necessidade de ajustes territoriais em seus relacionamentos.

O céu da semana é marcado pelo trânsito lunar no eixo espiritualidade-profi ssão-amizades, que pede ajustes no trabalho e nos relacionamentos. A preservação pela sua imagem tende a se elevar com Vênus unida a Saturno e Júpiter em seu signo e você terá mais consciência do seu potencial como pessoa.

A Lua estará entre o setor íntimo e o de trabalho, causando mudanças emocionais e práticas. Vênus no setor de crise exige que você tenha atenção com as adversidades amorosas, pois isto fará com que faça um importante exercício de autocrítica, já que o astro encontra Saturno e Júpiter. A Lua no eixo

relacionamentos-intimidade-espiritualidade exige refl exões e ajustes importantes na sua vida, de questões materiais a afetos. Nessa semana o céu é marcado pelo ingresso de Vênus no setor de amizades, aspectada a Saturno e Júpiter, favorecendo o cultivo vínculos seletos e maduros.

A Lua transita no eixo cotidiano-relacionamentos-intimidade pede ajustes importantes no dia a dia, na convivência e internamente. O momento indica que você irá se comprometer com suas vocações por conta da passagem de Vênus para o setor do trabalho e seu encontro com Saturno e Júpiter.

A Lua se desloca no eixo social-cotidiano-relacionamentos, exigindo ajustes entre o público e o privado. Vênus no setor espiritual encontrará Saturno e Júpiter e isso aponta a probabilidade de se comprometer com seus ideais de vida, além de cultivar valores elevados do ponto de vista existencial.

O SANTO

Santa Brígida

O ANJO

Ierathel

Brígida nasceu princesa, em 1303, na Suécia. Sua família forneceu santos, além de construir mosteiros, igrejas e hospitais. Desde a infância, tinha o dom das revelações divinas e mantinha obras de caridade para os pobres. Casou-se com um homem cristão, e tiveram oito filhos. Brígida foi dama de companhia da rainha Bianca. Por isso, frequentava cortes luxuosas, mas não se corrompeu. Após a morte de um filho, o casal

peregrinou ao santuário de Santiago de Compostela. O marido ficou enfermo e, ao se curar, ingressou em um mosteiro até morrer. Viúva, Brígida entrou na vida monástica com objetivo de fundar um mosteiro duplo, que deu origem à Ordem do Santo Salvador, sob as Regras de são Agostinho. Com apoio do rei da Suécia, construiu e instaurou 78 mosteiros na Europa. Morreu em 1373 e foi canonizada em 1391. Este Anjo ajuda a confundir conspiradores, protege contra pessoas que atacam judicialmente. Interfere na propagação das luzes e na libertação da sociedade. Quem nasce sob sua influência é inteligente, equilibrado e maduro. Tem forte iniciativa e perseverança. Sua vida é clara e plena de alegria. Sustenta aparência nobre e refinada. Terá proteção contra forças negativas e capacidade de conhecer o futuro.

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FORTALEZA - CE, SEGUNDA-FEIRA, 1 DE FEVEREIRO DE 2021

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CLOVISHOLANDA@OPOVO.COM.BR | *ESTA COLUNA É PUBLICADA TODOS OS DIAS

CLÓVIS

HOLANDA

MERCADO

CLÍNICA JÓRIO DA ESCÓSSIA 

Benção & brinde

O renomado odontólogo Jório da Escóssia Jr. inaugurou dias atrás, com benção proferida por padre Fernando seguida de brinde, sua mais nova e moderna clínica no BS Design. Restrito ao corpo clínico e família, momento formalizou início da nova etapa. Vale frisar que a clínica da Antônio Sales segue funcionando com diversas especialidades na área da saúde. Seguem registros...

MAR &

PROPÓSITOS

A invenção do nordeste

Durval Muniz é professor titular aposentado da Universidade Federal do Rio Grande do Norte e atualmente professor visitante da Universidade Estadual da Paraíba

REPRODUÇÃO F

A

CEBOOK

| ENTREVISTA |

Durval Muniz reflete sobre de novos imaginários regionais

“A visão do Nordeste pela mí-dia do Sudeste é um fracasso ab-surdo”, define Durval Muniz de Albuquerque Júnior, professor visitante da Universidade Esta-dual da Paraíba. O pesquisador, autor da obra “A invenção do Nordeste e outras artes” (1999), reflete sobre a importância de novos olhares sobre as singula-ridades da região.

OP: A construção do Nordes-te é uma herança colonial? Durval: Sim. Gilberto Freyre

tem uma centralidade muito grande na ideia de Nordeste e na ideia de Brasil com suas obras “Casa-Grande & Senza-la” (1933) e “Nordeste” (1937). Toda a formulação da ideia de Nordeste de Freyre é centrado na sociedade colonial, na

sau-dade do engenho, na sauda-de da escravidão, na saudasauda-de de uma sociedade patriarcal, estamental, uma sociedade onde cada um sabe o seu lu-gar, onde se tem hierarquias de classe, de raça e de gêneros muito claras. Qualquer movi-mento de contestação a essas divisões muito claras, essa nostalgia desse Nordeste onde cada um sabe o seu lugar volta com muita força. O nordestino é pensado como uma figura masculina, como sertanejo, coronel, cangaceiro, jagunço; como a figura do cabra macho, centrado no falo.

OP: Como propor outros e reconstruir imaginários so-bre o Nordeste?

Durval: A reconstrução desse

imaginário tem que ser um trabalho das artes, da polí-tica, das ciências sociais, dos meios de comunicação, da educação. Pra você ter uma ideia, quando eu estudei lá nos anos 1960, 1970, meu li-vro de leitura, de História e de Geografia se chamava “Nordeste”. Nós estávamos em plena ditadura e éramos praticamente alfabetiza-dos no regionalismo. Quan-do cheguei na universidade, nos anos 1980, sete em cada 10 monografias eram sobre esse nordeste do cangaço, da seca, do coronelismo, do messianismo… A própria universidade reproduz esse imaginário. As mudanças não se dão de uma hora pra outra, mas é importante essa crítica. (Bruna Forte) Jório da Escóssia e Nathália

da Escóssia Duarte

Regina e Consuêlo Dias Branco, Graça Dias Branco da Escóssia

Ruth Estite, Nathália da Escóssia Duarte, Jório da Escóssia, Lauren Beatriz e Célia Kawano

Fátima Santana, Silvana Fialho, Jório da Escóssia, Consuêlo Feitosa e Nathália da Escóssia Duarte

Graça e Jório da Escóssia Jr.

Padre Fernando profere a benção sobre a clínica Giovano Ferraresi, Giuliano Sartori,

Rodrigo Tavares e Erick Fontenele

Diretor comercial da Diagonal, João Fiuza Filho, e diretor executivo, Carlos Fiuza comemoram o desempenho nas vendas do Connect Beira Mar Power By Housi. Empreendimento, recém-lançado pela construtora em parceria com a Housi, já alcançou 60% de vendas em um mês, desde que apresentado ao mercado. Na rua Idelfonso Albano, 300, projeto promete alta valorização e tem rentabilidade estimada de 8% a 12% ao ano, o que o torna um atraente aos investidores. Sucesso!

TIAGO LOPES / DIVULG

A ÇÃO JOÃO FILHO T A VARES

A estilista Marina Bitu, única cearense a figurar no seleto grupo de criadores à venda na Shop2Gether, tem novidade. Em parceria com a psicóloga Yasmim Nobre apresenta a SAU. Além da beleza das peças, marca se propõe a conectar mulheres ao mar e a causas de impacto social. Amanhã à tarde, início às 17h30min, dupla lança a plataforma de vendas online durante exposição de fotos da campanha na Galeria de Arte Mariana Furlani. Na foto, modelos no vestido Jericoacoara, bordado de pedras naturais como quartzo verde, olho de tigre e jaspe vermelho. 

DESEMPENHO

Completou seu primeiro ano de gestão a defensora pública geral Elizabeth Chagas. Marca do trabalho foi o aperfeiçoamento e modernização tecnológica garantindo mais de 900 mil atuações do órgão em 2020. Nos próximos concursos da instituição, um já engatado para breve, 20% vagas serão reservadas para negros.

TUDO BRANCO

Amanhã, 2 de fevereiro, é Dia de Iemanjá. Tradicionalmente, grupo de cearenses viajava à capital baiana para as festividades, que este ano foram canceladas em virtude da pandemia. Baiana e com apê no Corredor Vitória, Gil Santos vai jogar seu balaio em homenagem ao orixá e fazer suas preces. Para quem acredita ou não, pego esse gancho para desejar uma semana de paz. Vamos trabalhar! Ruth Estite, Nathália da Escóssia Duarte, Jório

da Escóssia, Lauren Beatriz e Célia Kawano

Fátima Santana, Silvana Fialho, Jório da Escóssia, Consuêlo Feitosa e Nathália da Escóssia Duarte

Graça e Jório da Escóssia Jr.

Padre Fernando profere a benção sobre a clínica

Diretor comercial da Diagonal, João Fiuza Filho, e diretor executivo, Carlos Fiuza comemoram o desempenho nas vendas do Connect Beira Mar Power By Housi. Empreendimento, recém-lançado pela construtora em parceria com a Housi, já alcançou 60% de vendas em um mês, desde que apresentado ao mercado. Na rua Idelfonso Albano, 300, projeto promete alta valorização e tem rentabilidade estimada de 8% a 12% ao ano, o que o torna um atraente aos investidores. Sucesso!

ao mar e a causas de impacto social. Amanhã à tarde, início às 17h30min, dupla lança a plataforma de vendas online durante exposição de fotos durante exposição de fotos da campanha na Galeria de Arte Mariana Furlani. Na foto, modelos no vestido Jericoacoara, bordado de pedras naturais como quartzo verde, olho de tigre e jaspe vermelho. 

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vida&arte

FORTALEZA - CE, SEgundA-FEiRA, 1 dE FEvEREiRO dE 2021

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Cinema

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Não faz nenhum sentido co-meçar a escrever sobre “O Tigre Branco” sem deixar evidente, logo de cara, que a atuação de Adarsh Gourav é absolutamente arrebatadora. Em um trabalho marcante, o ator indiano de 26 anos domina todas as cenas do recente lançamento original da Netflix, que no Brasil já está en-tre os mais vistos da plataforma após estrear no dia 22 de janeiro.

A história é toda narrada por Balram Halwai, justamente o personagem de Gourav, em seu primeiro papel como protago-nista e também em sua primei-ra aparição em um projeto in-ternacional. Ele já se apresenta como alguém que precisou to-mar decisões radicais para sair de uma casta muito inferior na aldeia de Laxmangarh, onde servia aos desejos da bizarra avó, para se tornar um empre-sário bem sucedido numa Índia cheia de contrastes, muito bem captados pela fotografia de Pao-lo Carnera. Para começar a tra-jetória, contada em flashbacks e com boa dose de humor ácido, seu primeiro passo é conseguir emprego como motorista do filho de um mafioso com liga-ções governamentais e capaz de grandes atrocidades. Já na fun-ção, seus planos vão tomando forma, ou guiados por estraté-gia ou pelo acaso.

Baseado no premiado livro do jornalista Aravind Adiga, lançado em 2008, e com di-reção sem furos do norte-a-mericano Ramin Bahrani (“99 Homes”, “Man Push Cart”, “Fahrenheit 451”), “O Tigre Branco” é um relato de um país

repleto de miséria, corrupção e desigualdade, mas também moderno, inteligente e demo-crata. Tais paradoxos estão presentes o tempo todo, como na fala de Balram logo nos dois primeiros minutos de exibição, enquanto medita: “O empre-sário indiano tem que ser ético e antiético, crente e descrente, malicioso e sincero, tudo ao mesmo tempo”, justificando sua capacidade de empreen-dedorismo acima de tudo.

Sermos informados pre-cocemente do sucesso da

empreitada de Balram não minimiza em nada o impacto da dualidade moral em que ele é envolvido, até porque o valor está na forma com que a teia de acontecimentos vai sendo moldada, enquanto o motorista serve ao casal de patrões Ashok (Rajkummar Rao) e Pinky (Priyanka Cho-pra Jonas), sempre tomados por brigas entre ficar na Índia ou voltar aos Estados Unidos, onde moram e se conhece-ram. Tal construção está ro-deada de culpas, traumas e

coragem, permitindo que o talento de Adarsh Gourav fi-que ainda mais notável. Com brilhantismo, passamos a acompanhar uma figura per-dendo a ingenuidade e me-nosprezando a então lealdade para se deixar levar por am-bição, crueldade e um desejo de vingança acumulado desde a infância. Assim, torcer para o sucesso de Balram é irre-levante - ele chegará ao seu objetivo - mas se envolver e compreender, ou não, suas atitudes, é fundamental.

| baseado em best seller |

Novo filme da Netflix, “O Tigre Branco” é drama com

protagonista marcado pelo sucesso ao usar métodos não convencionais para enriquecer na Índia

Ascensão do Anti-herói

Adarsh gourav tem atuação arrebatadora vivendo o motorista do filho de um mafioso

FOTOS divuLg

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O Tigre Branco

Co-produção Índia - Estados Unidos

Disponível para assinantes da Netflix

Direção: Ramin Bahrani

125 minutos Fernando Graziani fernandograziani@opovo.com.br

A depressão e os relacionamentos

‘Clausura’, dirigido por dado Fernandes, tem Haroldo guimarães e Cristhal Machado no elenco ALEx MEiRA

| cearense |

Dirigido por Dado Fernandes, “Clausura” estreou no Youtube da Tamassa Filmes

O isolamento social obrigou pessoas de vários lugares do mundo a permanecer em casa. Sem previsão para terminar, a pandemia acarreta incertezas na população e gerou inúmeras consequências no cotidiano. A imposição de uma convivência familiar entre quatro paredes, por exemplo, criou uma sobre-carga emocional que culminou no aumento de casais que bus-cam o divórcio. O futuro ainda impreciso intensificou os casos de pessoas com sintomas de an-siedade e depressão. A partir de reflexões sobre esses cenários, o diretor Dado Fernandes lançou no Youtube o curta-metragem “Clausura” no último sábado, 30.

No enredo, Waldir (Haroldo Guimarães) e Alice (Cristhal Ma-chado) estão casados há aproxi-madamente 15 anos. Por motivos diferentes, os dois abandonaram seus sonhos de juventude. Ela - uma mulher branca - desejava ter uma vida tranquila e seguir

carreira como dançarina. Ele - um homem negro - precisou abandonar o futebol depois de problemas no joelho, tornando-se alcoólatra e depressivo.

Com essas frustrações que carregam em si, enfrentam des-gastes no relacionamento. Entre discussões e divergências, atra-vessam temas como racismo estrutural, diferenças de classe social, depressão, alcoolismo e feminismo. “Gosto de fazer coi-sas que tem a ver com a socie-dade. Quando roteirizo, pesquiso sobre o que está acontecendo com o mundo para servir como uma voz de reflexão”, explica o diretor Dado Fernandes. E a pandemia trouxe muitas ques-tões que poderiam ser abor-dadas: “vi que poderia falar de vários assuntos simultâneos em um só. O tema principal é a de-pressão e, a partir dela, as outras coisas são mudadas”.

Filmada em dois dias, a obra contou com tempos recordes, de

acordo com o profissional. “Sou-be da Lei Aldir Blanc e comecei a fazer o que antes eu tinha so-mente argumentos escritos. O tempo foi ficando curto. O pro-cesso de escrita do roteiro, con-tratação da equipe, filmagem, etc., durou cerca de um mês e meio”, afirma.

Mas o período de produção do curta-metragem não foi o único desafio. Outras situações foram impostas, principalmente, por causa da pandemia. “Eu conheci o lugar de filmagem só por foto. Vi o imóvel um dia antes de co-meçar a gravar. Outra questão é que a equipe não podia se re-unir. Então as conversas com os atores, por exemplo, aconteciam on-line”, recorda.

Apesar disso, ainda deu continuidade à sua proposta de sempre desafiar o elenco. Com “Clausura”, Haroldo Gui-marães, conhecido por suas atuações em “Cine Holliúdy” e “Shaolin do Sertão”, estreia em

seu primeiro trabalho no gê-nero de drama. Já a atriz Cris-thal Machado, que tem car-reira consolidada no teatro, realiza sua primeira produção na sétima arte. “Gosto de tirar os atores da zona de conforto, de trabalhar com o que eles não estão acostumados”, opina Dado Fernandes.

A trilha sonora conta com a música “A dor de uma lágri-ma”, da cantora Mel Mattos. Produzida durante o isola-mento social rígido, a canção relata a trajetória de um ca-sal que, durante a quarente-na, está à beira de um divór-cio. Esta composição surgiu de um processo de trabalho

entre a artista e o diretor, que são casados.

O filme, realizado pela Ta-massa Filmes, foi contemplado na lei Aldir Blanc, por meio da Secretaria da Cultura de Forta-leza (Secultfor). Também conta com roteiro de Dado Fernan-des, além de co-roteirização de Camilo Vidal. (Clara Menezes)

Referências

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