• Nenhum resultado encontrado

A percepção de crianças sobre o consumo sustentável no turismo: um estudo qualitativo

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A percepção de crianças sobre o consumo sustentável no turismo: um estudo qualitativo"

Copied!
76
0
0

Texto

(1)

Curso de Turismo

FERNANDA MARTINS DA SILVA

PERCEPÇÃO INFANTIL SOBRE O CONSUMO SUSTENTÁVEL NO TURISMO: UM ESTUDO QUALITATIVO

Niterói 2014

(2)

PERCEPÇÃO INFANTIL SOBRE O CONSUMO SUSTENTÁVEL NO TURISMO: UM ESTUDO QUALITATIVO

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em Turismo da Universidade Federal Fluminense como requisito final de avaliação para obtenção do título de Bacharel em Turismo

Orientadora: Prof. ª Dra. Verônica Feder Mayer

Niterói 2014

(3)

UM ESTUDO QUALITATIVO

Por

Fernanda Martins da Silva

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de graduação em Turismo da Universidade Federal Fluminense como requisito final de avaliação para obtenção do título de Bacharel em Turismo

Orientadora: Prof. ª D.Sc. Verônica Feder Mayer

Banca Examinadora

___________________________________________________________________ Presidente: Prof. ª D. Sc. Verônica Feder Mayer

--- Membro: Prof. ª M.Ed. Erly Maria Carvalho e Silva

--- Membro: Prof. Dr. Osiris Ricardo Bezerra Marques

(4)

Durante muitos anos passei por muitos momentos que me permitiram que me tornasse a pessoa que sou hoje. Experiências profissionais, gestores, família, amigos e professores são inegavelmente os principais atores dessa conquista.

Agradeço a Deus, minha força maior, que sempre me impulsionou em direção à realização de minhas metas e objetivos.

A minha mãe, Rosalina da Silva, pessoa fundamental na formação da pessoa que me tornei. Agradeço à sua luta para me proporcionar uma educação de qualidade e por me dar um exemplo pessoal de força e garra o qual seguiria por toda a vida.

Aos meus amigos, principalmente minha amiga e irmã Roberta Lopes Barbosa que sempre esteve ao meu lado nesses seis anos de amizade e que sempre me deu muita força.

A minha orientadora Verônica Feder Mayer por sua paciência com minha falta de tempo e por minhas dificuldades na elaboração deste trabalho.

Aos mestres Osiris Ricardo Bezerra Marques e Erly Maria Carvalho e Silva por estarem presentes nesse momento tão importante, uma vez que foram tão especiais e presentes em minha vida acadêmica.

Aos meus gestores profissionais, Janaína Raul, Bruno Munhon e Etinei Junior, líderes os quais me proporcionaram crescimento profissional e que me inspiram a alcançar novos patamares.

Ao meu gerente Ary Comar, por sua compreensão e ajuda na fase final desse projeto e sem a qual concluir este trabalho se tornaria algo mais difícil.

Ao diretor do colégio Equipe 1, da unidade de Alcântara, Sr. Wagner Marques, por abrir as portas de sua instituição de ensino e por proporcionar que aplicasse a pesquisa com seus alunos, crianças adoráveis e que me ajudaram tanto com seus textos.

Agradeço também a todos os meus colegas da UFF, parceiros do cotidiano universidade, que não me deixaram desistir apesar das dificuldades.

(5)

RESUMO

Na contemporaneidade destaca-se a importância que a criança assume nos processos de decisão no consumo, tanto na família, quanto na escola. Tal influência coloca as crianças no centro de um mercado em expansão, o mercado infantil. Entretanto, a maneira como o consumo vem sendo praticado, tem sido criticado por várias instituições que se utilizam do discurso da sustentabilidade como alternativa necessária para a mudança dos comportamentos de consumo atuais e induzindo o consumo. Como prática que emprega amplamente os recursos naturais, econômicos e socioculturais, a atividade turística tem como aliada a educação ambiental a fim de se almejar um consumo sustentável. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é analisar as percepções que as crianças têm do consumo sustentável no turismo. Para isso, foi realizada um a pesquisa qualitativa, exploratória e descritiva, por meio da análise de textos elaborados por crianças entre 9 e 10 anos e de suas interpretações a respeito do consumo sustentável no turismo. Os resultados da pesquisa indicam que as crianças entendem quais comportamentos são esperados dos turistas nos dias atuais, o que fica evidente nas categorias de análise percebidas, tais como interação local, consciência ambiental e interação cultural. Entretanto o conceito de sustentabilidade ainda parece pouco conhecido, apesar de sua divulgação pela mídia.

(6)

In contemporaneity stands out the importance that the child assumes in decision-making in consumption, not only in the family as well at school. Such influence puts children at the center of a growing market, the children market. However, the way that consumption has been practised, it's receiving critics by several institutions that use the speech of sustainability as a necessary alternative to change the behaviors of current consumption, and on tourism could not be different. As a practice that employs widely the natural, economic and socio-cultural resources, the tourist activity has as allied the environmental education in order to long for sustainable consumption (in tourism). Therein, the purpose of this paper is to analyze the perceptions that children have of sustainable consumption in tourism. For this, a qualitative, exploratory and descriptive research was performed through the analysis of texts produced by children between 9 and 10 years and their interpretations about sustainable consumption in tourism. The research findings indicate that children understand what behaviors are expected of tourists nowadays, which is evident in the categories of analyses realized, such as social interaction, environmental consciousness and cultural interaction. Nevertheless, the idea of sustainability still seems unfamiliar, despite its disclosure by media.

(7)

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 Etapas a serem seguidas pela atividade turística visando a 27

sustentabilidade Figura 2 Passaporte Verde 29

Figura 3 Material de divulgação da campanha Turismo Sustentável 32

Figura 4 Os seis principais fatores para uma viagem verde 34

Figura 5 Objetivos específicos da CNIJMA 52

Figura 6 Turma da Mônica 48

Figura 7 Análise de conteúdo 58

Figura 8 Aspectos da interação local percebidos pelas crianças 58

Figura 9 Aspectos da consciência ambiental percebidos pelas crianças 59

(8)

LISTA DE ABREVIATURAS

ABIT Associação Brasileira da Indústria Têxtil ANDI Agência Nacional dos Direitos da Infância APA Área de Proteção Ambiental

BBC Britsh Broadcasting Corporation

CNIJMA Conferência Nacional Infanto-juvenil Pelo Meio Ambiente CPS Consumo e Produção Sustentável

EA Educação Ambiental

ICM-BIO Instituto Candido Mendes de Biodiversidade IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IBOPE Instituto Brasileiro de Opinião e Estatística IDEB Índice de Desenvolvimento da Educação Básica INEA Instituto Estadual do Ambiente do Rio de Janeiro IPE Instituto de Pesquisas Ecológicas

IPEA Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada MEC Ministério da Educação

MMA Ministério do Meio Ambiente OMS Organização Mundial da Saúde OMT Organização Mundial do Turismo ONU Organização das Nações Unidas

PNUMA Programa das Nações Unidas Para o Meio Ambiente

SEBRAE Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. SMA Secretaria do Meio Ambiente

UC Unidades de Conservação WEF The World Economic Forum

(9)

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 12

2. TURISMO SUSTENTÁVEL: UM PANORAMA GERAL... 15

2.1. CONSUMO E SUSTENTABILIDADE ...15

2.1.1. O consumo, transições e contemporaneidade ...16

2.1.1. Tendências do consumo contemporâneo ...20

2.1.2. Consumo e desenvolvimento sustentável ...22

2.2. TURISMO SUSTENTÁVEL ... 25

2.2.1. Definição de turismo sustentável ... 25

2.2.2. Práticas e políticas promotoras do turismo sustentável ... 30

2.2.3. Impactos do turismo e o comportamento do turista ... 35

2.2.3.1. Impactos positivos do turismo e o turista sustentável ... 35

2.2.3.2. Impactos negativos do turismo e o turista insustentável ... 38

2.3. EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O TURISMO SUSTENTÁVEL ...40

2.3.1. Consumo infantil ...40

2.3.2. Educação infantil e sustentabilidade ... 44

2.3.3. Educação Ambiental para o turismo sustentável ... 48

2.3.4. A importância da EA para a atividade turística...52

2.3.5. O papel da mídia na educação sustentável ...54

3. METODOLOGIA ...57

(10)

3.4. Instrumento de pesquisa ... 59

3.5. Limitações da Pesquisa ... 60

3.6. Coleta de dados ... 61

4. PESQUISA, RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 63

4.1. Visão das crianças sobre o bom e o mau turista ... 63

4.2. O entendimento das crianças sobre sustentabilidade ... 66

4.3. A origem do conceito de sustentabilidade ... 68

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...70

(11)

1 INTRODUÇÃO

A criança é hoje entendida como não sendo mais uma parcela da sociedade sem voz, opinião ou vontades. Diferentemente do que acontecia no passado, as crianças de hoje estão cada vez mais ligadas no que acontece na sociedade atual e, como parte integrante da família e por ela valorizada, influi amplamente nos processos decisórios.

Os motivos pelos quais se justifica a importância da criança no contexto familiar como é apontado por Mc Neal (1999) apud Veloso et al. (2012, p. 11) “são aumento do número de provedores por família; diminuição do número de crianças por família; pais mais idosos; mães solteiras; avós cada vez mais importantes; pais preocupados com o futuro das crianças e famílias desestruturadas”. Todas essas mudanças na família, levou seus progenitores a lhes dedicar mais atenção.

Tendo em vista esse contexto, pode-se dizer que a publicidade, age então, principalmente por intermédio da televisão, estimulando o imaginário dos pequenos por meio da utilização do lúdico, dos personagens favoritos e da identificação das crianças com eles. Entretanto, tal estimulo se não controlado pelos pais e também pela escola, pode incitar comportamentos consumistas, o que vai de encontro ao tema da sustentabilidade discutida nos dias atuais.

O turismo, como sendo uma atividade que oferta bens e serviços, também está inserido no contexto do consumo, ligado a essa preocupação da sustentabilidade e do comportamento de consumo irresponsável e não planejado também por parte das crianças, uma vez que elas influenciam na escolha de viagens para suas famílias.

Por essa razão, se faz necessária uma ponderação a respeito dos efeitos que essa atividade pode trazer para o meio ambiente quando vista sob a ótica do consumo turístico sustentável, uma vez que se utiliza amplamente dos recursos naturais, sociais, culturais e econômicos disponíveis no planeta:

O Turismo utiliza a diversidade natural e cultural dos espaços, bem como interfere diretamente na dinâmica socioambiental das cidades, regiões e países, além de gerar impactos positivos e negativos nos diferentes ambientes (PINHEIRO, 2011, p.469).

(12)

E por ser uma atividade que depende em grande maioria dos recursos naturais disponíveis no planeta, passou-se a ter certa preocupação a respeito de como a atividade turística vem sendo planejada, desenvolvida e consumida, com base em questões ambientais. De acordo com as palavras de Toaldo e Meyne:

Esse meio ambiente é formado pela água, pelo ar, pelo solo, pela energia solar e pelos seres vivos como a fauna e a flora. Destaca-se que o ecossistema é direito de todos na forma pela qual deve ser desfrutado sem ser destruído, pois os recursos naturais são finitos e se usados desordenadamente serão extintos (2013, pg. 661).

Também pretende-se discutir a Educação Ambiental (EA) como ferramenta de grande importância que visa contribuir para a formação de cidadãos mais conscientes e mais preocupados com a sustentabilidade e com o desenvolvimento sustentável. Tem-se como premissa a EA como instrumento essencial ao processo de mudança comportamental em relação ao consumo. Para Toaldo e Meyne:

Através da educação ambiental contínua as pessoas podem formar uma consciência ecológica crítica, tanto as crianças, como adolescentes, adultos e idosos, buscando valorização e preservação do meio ambiente, pois é muito importante que se tenha um desenvolvimento sustentável para que se possa desfrutar do meio ambiente sem extinguir seus recursos (2013, p. 662).

Assim, o tema apresentado se mostra relevante, uma vez que a criança na contemporaneidade tem voz ativa e, por isso, participa efetivamente das decisões de consumo da família, inclusive no turismo. Desta forma procura-se mostrar que as percepções das crianças podem indicar que caminhos o turismo deve seguir em prol de praticar um turismo sustentável e se elas estão sendo educadas para tal fim.

Desta maneira, o objetivo deste trabalho consiste em analisar as percepções que crianças entre 9 e 10 anos têm a respeito do consumo sustentável do turismo.

(13)

A técnica utilizada para a coleta de dados consiste na análise de conteúdo dos textos elaborados pelas crianças participantes da pesquisa. O resultado mostra que as crianças sabem dizer quais comportamentos são aceitáveis por parte dos turistas e quais não são quando o assunto é sustentabilidade no turismo.

O presente trabalho ainda tem como objetivos específicos: discutir a respeito do consumo na fase contemporânea e a importância do conceito de consumo sustentável; discorrer a respeito da sustentabilidade no turismo e evidenciar a importância da EA na prática do turismo sustentável. Desta forma, apresenta-se estruturado em capítulos de 2 a 4.

O capítulo 2 aborda a questão do consumo, desde seu surgimento, após a Revolução Industrial, até a contemporaneidade. Expõe tendências do consumo brasileiro e discorre a respeito da importância da sustentabilidade nas práticas de consumo atuais. Debate-se ainda, sobre a importância do turismo sustentável, expõe práticas promotoras do turismo sustentável no Brasil e reflete sobre os impactos gerados pela atividade turística sobre as comunidades receptoras. Por fim, discorre sobre o consumo infantil, a interface entre consumo e sustentabilidade e a relevância da Educação Ambiental como ferramenta de auxílio em favor da promoção e prática do turismo sustentável.

O capítulo 3 apresenta a metodologia utilizada na pesquisa, o grupo pesquisado, as razões e limitações da pesquisa, além do instrumento utilizado para a coleta e interpretação do material produzido pelas crianças.

O capítulo 4 apresenta os resultados da pesquisa, bem como as comparações dos resultados apresentados com os discursos mencionados no capítulo 2.

Em seguida apresentam-se as considerações finais apresenta-se os resultados obtidos e as reflexões sobre a importância e necessidade de práticas sustentáveis no turismo.

(14)

2 TURISMO SUSTENTÁVEL: UM PANORAMA GERAL

A fim de entender a importância da sustentabilidade para a atividade turística, é necessário antes analisá-la como uma atividade ligada ao consumo de produtos e serviços. Sendo assim, faz-se necessário fazer uma breve apresentação de como o consumo surgiu, bem como é praticado na atualidade e sua ligação com os conceitos recentes ligados à sustentabilidade.

Além disso, a atividade turística, por ser uma prática intimamente ligada ao consumo de produtos e serviços, também deve apresentar-se igualmente preocupada com a adoção de práticas sustentáveis desde seu planejamento até sua execução, tendo em vista sua manutenção em longo prazo.

E tendo como base o contexto da sustentabilidade na atividade turística, entende-se que a Educação Ambiental pode ser utilizada como importante ferramenta de transformação da sociedade a fim de sensibilizá-la em direção a um futuro mais consciente quanto ao uso dos recursos disponíveis no planeta.

Tal processo de mudança, justifica o olhar dirigido ao público infantil, por ser uma parcela da sociedade ativa em suas relações tanto na família quanto na escola e que deve ser preparada para padrões de consumo responsáveis. E por isso, busca-se estudar a percepção das crianças sobre o consumo sustentável no turismo, de modo que as ações promotoras do turismo sustentável sejam aplicadas o quanto antes tendo em vista manutenção dos recursos disponíveis em iguais proporções às futuras gerações.

2.1. CONSUMO E SUSTENTABILIDADE

A presente seção faz uma apresentação das transições ocorridas na sociedade de consumo e faz comparações entre elas, mostrando algumas diferenças. Discorre também a respeito da realidade do consumo brasileiro e mostra alguns dados que confirmam a teoria apresentada, mostrando que os conceitos sobre sustentabilidade e desenvolvimento sustentável são pouco conhecidos. Em seguida aborda-se a temática da sustentabilidade e suas implicações para a sociedade de consumo.

(15)

2.1.1. O consumo, suas transições e contemporaneidade

O consumo como é hoje interpretado e praticado, tem suas origens na Revolução Industrial, período de grandes transformações tecnológicas, econômicas, sociais e culturais. O avanço da produção, as mudanças da composição social, bem como o surgimento de movimentos culturais, provocaram na sociedade o interesse por outros artigos que pudessem colocar a então classe dominante, a burguesia, em destaque.

Na era industrial ou era moderna, o trabalho era considerado fator principal de identificação social, ou seja, era por intermédio do trabalho que a sociedade reconhecia um indivíduo e sua posição social. A então burguesia em ascensão, tinha como principal doutrina a acumulação de capital e enriquecimento, por isso, seu foco era, o trabalho. Nesse período como afirmam Barbosa e Campbell (2006, p.31) “a cultura do consumo é concebida pela expansão capitalista de mercadorias que deu origem a uma vasta acumulação de cultura material na forma de bens e locais de compra e consumo”.

Outro fator que merece destaque é o fato de que, apesar de detentora dos meios de produção, a burguesia ainda vivia sob as normas de conduta da nobreza e do clero. De acordo com Barbosa (2005, p.20), “o estilo de vida dos grupos sociais eram ditados pelas classes dominantes. Tais leis ditas suntuárias definiam o que deveria ser consumido por determinado segmento social e proibido para outros”.

Entretanto, o avanço dos processos produtivos e da diversificação da indústria, a disponibilidade de novos produtos, como artigos de luxo, por exemplo, fizeram a burguesia deslocar a centralidade de suas vidas da produção para o consumo.

Além disso, algumas mudanças do campo cultural também provocaram a centralidade da sociedade industrial do trabalho para o consumo. Os movimentos estéticos denominados Romantismo e Sentimentalismo, respectivamente, foram os principais fenômenos da época que justificam essa mudança gerando novos valores na sociedade moderna. De acordo com Campbell (2002) apud Portilho (2010, p.87):

(16)

Embora inicialmente sofrendo grande oposição moral, esses novos valores tratavam de impulsionar e justificar moralmente os benefícios do luxo e do consumo, entre ele o incentivo à produção e à prosperidade, mudando a visão do consumo como algo moralmente aceitável e virtuoso.

O surgimento dos romances, do cinema e do teatro provocou uma mudança de comportamento em relação ao consumo, pois todas essas formas de entretenimento foram responsáveis por mexer com o imaginário das pessoas de forma que elas se identificavam com seus personagens. Para Ramos (2001, p.20) “produto das técnicas modernas, a cultura de massa, substitui imagens por corpos, povoa o mundo técnico de presenças - vozes, músicas, imagens - enraíza-se na fase consumidora das sociedades”. Entende-se assim, que o consumo passa a ser estimulado, diferentemente, do que acontecia na época anterior, pois afastado do processo produtivo e a partir valorização das emoções e dos significados, o consumidor passa a ter novas necessidades que são satisfeitas pelo consumo.

Todos esses acontecimentos foram os responsáveis por compor a então sociedade pós-moderna, demarcada pelo final do século XX e início do XXI. Após a Segunda Guerra Mundial, a sociedade passa por outro período de mudanças que mais uma vez vem alterar a sociedade e suas relações de consumo e sua importância ganha ainda mais força. De acordo com Portilho (2010, p. 89):

O final do século XX e início do XXI estão sendo marcados por profundas inovações que afetam as experiências de consumo, como a globalização, o desenvolvimento de novas tecnologias de informação, a transição dos mercados para networks, os novos papéis dos gêneros, a biotecnologia, o debate ambientalista e etc.

A partir desse momento, o excesso de consumo gerado pelo sistema capitalista passa a ser questionado por seus efeitos negativos. Nesse momento, algumas vezes o consumidor é apresentado como vítima influenciável dos apelos da publicidade o que leva a crer que o consumo é praticado de forma irracional levantando assim, o debate ambiental. Alguns pensadores, como os da Escola de Frankfurt (Portilho, 2010, p.91) justificam a “mercantilização da cultura” dizendo que

(17)

A partir daí, emergiu uma cultura materialista em que mercadorias carecem de autenticidade e visam meramente a satisfazer falsas necessidades, geradas por estratégias de marketing e publicidade, o que aumentam as possibilidades de dominação ideológica.

O que entende-se nesse momento é que na fase pós-moderna, o consumidor é caracterizado como manipulado pela publicidade, o que o faz consumir sem análise prévia, levando a um comportamento predatório e ambientalmente arriscado.

Ainda de acordo com o mesmo pensamento acima, fato é que o consumo é por vezes acusado da grande maioria dos malefícios que apareceram nas sociedades contemporâneas, sendo apontado com negativo. Como afirma Barbosa (2006, p. 22)“o consumo é ambíguo porque por vezes é entendido como uso e manipulação; em outras como compra, em outras ainda como exaustão, esgotamento e realização”. Sendo assim é necessário ter cautela ao falar em consumo, pois apesar de ser praticado muitas vezes de forma desenfreada, por outro lado pode ser entendido como umas das formas de estímulo ao desenvolvimento da sociedade.

Desta forma, não há como descartar sua importância do consumo para a evolução social e, apesar da influência que a propaganda imprime sobre os cidadãos, muitas vezes de maneira deturpada, reforçando a cultura do consumo, responsabilizá-lo única e exclusivamente peresponsabilizá-los malefícios apresentados hoje, pode parecer um tanto prematuro.

Sendo assim, o marketing pode ser entendido como um facilitador do processo de troca. A importância do marketing é justificada, pois de acordo com Dias e Cassar (2005, p. 28) tomado como “uma atividade que busca atender às necessidades humanas por meio da potencialização dos mecanismos de troca entre pessoas e empresas”, o marketing tem sido alvo de estudos e análises ao longo do tempo. Ainda para Kotler e Armstrong (2003, p.5) define-se marketing “como um processo social e administrativo pelo qual indivíduos e grupos obtém o que necessitam e desejam através da criação e troca de produtos e de valor com outros”.

Assim, acredita-se que a publicidade e o marketing são responsáveis por facilitar o atendimento de desejos e emoções em relação ao produto ou serviços. Para Featherstone (1995, p.33):

(18)

Assim, as mercadorias ficam livres para adquirir uma ampla variedade de associações e ilusões culturais. A publicidade é especialmente capaz de explorar essas possibilidades, fixando imagens de romance, exotismo, desejo, beleza, realização, comunalidade, progresso científico e a vida boa dos bens de consumo mundanos, tais como sabões, máquinas de lavar, automóveis e bebidas alcoólicas.

Desta forma, o consumo deve ser entendido como um processo cultural, em que cada indivíduo se identifica com grupos de interesses comuns e tal processo de identificação é facilitado então pela publicidade. Para Bourdieu (1999) apud Portilho (2010, p.96) “o consumo é motivado, antes de mais nada, pela necessidade de agrupamentos sociais ou “frações de classe” atingirem distinção ou status reconhecido.

Contudo, é preciso entender que o consumo se praticado sem uma prévia análise, pode gerar danos irreversíveis ao ambiente e à sociedade como um todo. A tal ponto que, o comportamento irresponsável, gera um consumo desenfreado, que esgota os recursos naturais e coloca em risco a manutenção dos padrões de produção e consequentemente consumo atuais.

E pensando na questão do consumo irresponsável, desvia-se o olhar em direção à atividade turística, posto que é uma atividade intimamente ligada ao consumo de produtos e serviços turísticos, tais como hotéis, restaurantes, agências, excursões, atividades de lazer entre outros.

De acordo com dados do Ministério do Turismo (MTUR, 2012), em publicação realizada em 2012, intitulada Panorama do Turismo Internacional, o fluxo turístico internacional era de 677 milhões em 2000 e saltou para 1.035 milhões em 2012. Percebe-se que como atividade em crescimento, o turismo propõe ainda desenvolver as comunidades receptoras, pois como afirmam Dias e Cassar (2005, p.3), com o turismo, a diversidade cultural das nações é valorizada, é mais um recurso que pode ser comercializado como um todo: as festas, a música, a gastronomia, o artesanato etc.

Sendo assim, compreende-se a atividade turística como fomentadora do consumo de bens e serviços de uma localidade que, como qualquer outra atividade ligada à aquisição de produtos, deve se preocupar com os impactos que são ocasionados por ela.

(19)

A seguir, se argumentará sobre os efeitos negativos gerados pelo consumismo observado na sociedade contemporânea, nos mais diversos âmbitos da sociedade e o que mostram dados recentes sobre o consumo de alguns produtos e serviços no Brasil.

2.1.2. As tendências do consumo contemporâneo

Como foi visto na primeira seção deste capítulo, a atitude de consumir é antiga, mas vêm sofrendo modificações ao longo do tempo. Na verdade, constata-se que o consumo atual é favorecido por vários fatores da realidade contemporânea.

Um dos fatores que vem impulsionando o consumo no Brasil é a facilidade de crédito. Hoje, diferentemente do que acontecia no passado, uma pessoa pode obter vários cartões de crédito com a mesma renda familiar. Segundo Moreira (2011, p. 110), “atualmente o crédito democratizou-se, tornou-se uma componente normal do orçamento familiar, permitindo muitas famílias antecipar regularmente uma percentagem variável de seu rendimento futuro”. Como se percebe a simplicidade do processo leva o consumidor a acreditar em um maior poder de compra, iludindo-o a respeito do pagamento. Entretanto, a facilidade de poder comprar, mesmo sem ter dinheiro, aguça o impulso da compra sem planejamento financeiro, o que pode comprometer a renda familiar e levar o indivíduo a dívidas de difícil resolução.

De acordo com a empresa de consultoria Euromonitor, em pesquisa realizada no ano de 2014 e divulgada pela British Broadcasting Corporation (BBC- Brasil) (2014, s.p), neste ano, “o intervalo de tempo entre o interesse em um produto e a decisão de comprá-lo deve diminuir ainda mais, impulsionado por opções de pagamento mais rápidas e recursos visuais que atraiam o interesse dos consumidores”. Sendo assim, as compras por impulso, facilitadas pela ampliação do crédito, são os elementos que contribuem para o aumento do consumo de forma pouco planejada.

Outro fator que impulsiona o consumo é o aumento da renda familiar, que pode ser influenciado por fatores secundários, tais como: o aumento do nível de escolaridade proporcionado pelo fácil acesso à educação, a formalização do emprego e a saída tardia da casa dos pais podem justificar o fortalecimento do consumo. Os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2013) referentes ao período entre 2002 e 2012 justificam tal afirmação. A proporção de estudantes com

(20)

ensino superior saltou de 29,2% para 52,1%; a média de anos de estudos foi de 8,1 para 9,6; a situação de trabalhadores com carteira assinada apresentou um aumento de 44,6% para 56,9% e o número de pessoas entre 25 e 34 anos que ainda moram com os pais variou de 20,5% para 24,3%

Desta forma, o consumidor passa a pensar em ter melhor qualidade de vida conquistando novos produtos e serviços que estão ligados ao seu bem estar pessoal e o familiar. Um exemplo de um dos setores que têm captado cada vez mais adeptos é o turístico, justificado pela facilidade de pagamento e de destinos ofertados aos mais variados estilos de clientes.

Outro dado que pode justificar o consumo brasileiro é o crescimento do setor de serviços. Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica aplicada (IPEA, 2014):

O grande destaque no ano foi o setor agropecuário, com alta de 7,0%, o maior em toda a série histórica, iniciada em 1996. O setor de serviços, por sua vez, obteve o segundo melhor resultado em 2013, registrando crescimento de 2,0%, e o setor industrial apresentou expansão de 1,3%, recuperando-se da queda de 0,8% exibida no ano anterior.

Sendo assim, pode-se notar que o setor de serviços é o segundo em crescimento, perdendo somente para a agropecuária, o que pode justificar talvez, o crescimento do consumo no Brasil. Ainda de acordo com o Portal Brasil (2014), a expectativa de expansão da economia do País subiu de 1,63% para 1,65%. A previsão de inflação também melhorou, ficando dentro do teto estipulado governo, segundo analistas. Outro dado importante, segundo o Portal Brasil, a previsão para o saldo da balança comercial de um superávit de US$ 3,02 bilhões. Desta maneira, tais dados sobre a sociedade brasileira, bem como a situação de seus setores econômicos podem justificar de alguma forma seu desenvolvimento e, porventura a tendência ao ato de consumir mais.

Entretanto, outros dados apontam que sociedade brasileira pouco tem se preocupado com o desperdício em com o mau uso dos recursos do planeta. A população ainda desperdiça muita água em seu uso diário. Em pesquisa encomendada pela organização AKATU à consultoria GfK Brasil, intitulada “Consciência Insustentável: consumidor moderno consciente” (2013), tal fato fica evidente: “hábitos como fechar a torneira enquanto a higiene bucal é feita e desligar

(21)

aparelhos eletrônicos quando estão fora de uso, estão despencando”. Ao analisar os dados da pesquisa, constata-se o decréscimo dos bons hábitos de consumo de 2006 para 2013: fechar torneira enquanto escova os dentes (de 75% para 67%); deixar lâmpadas acessar em ambientes desocupados (de 77% para 67%); esperar os alimentos esfriarem antes de guardar na geladeira (de 77% para 62%); desligar aparelhar quando não estão em uso (de 72% para 62%).

Ainda de acordo com a instituição AKATU (2013) citando a Organização Mundial da Saúde (OMS) o gasto individual de água para higiene pessoal e consumos diários chega a 220 litros por dia, enquanto o recomendável seria de 110 litros.

Tais elementos remetem a uma noção do que acontece na sociedade atual em termos de consumo exagerado e desperdício, evidenciando o fato de que não há preocupação por parte das pessoas com a finitude dos recursos naturais disponíveis, nem das consequências que esse mau uso pode trazer em longo prazo.

2.1.3. Consumo e desenvolvimento sustentável

Em resposta ao consumo exagerado da sociedade e ao modo de produção adotado atualmente, inicia-se um processo de reflexão mundial a respeito do sistema de produção capitalista.

O termo sustentabilidade ganha força a partir do momento em que a comunidade científica aponta à sociedade como o modo de produção industrial adotado passa a interferir nos ciclos do planeta, gerando poluição, alteração do clima e da temperatura, pobreza, fome, disparidades sociais e culturais, afetando o ser humano. A sociedade como um todo é alertada para que reveja tanto seu sistema produtivo quanto suas formas de consumo e descarte de produtos.

O marco oficial desse processo de sensibilização acontece na Conferência de Estocolmo, realizada na Suécia, em 1972, onde líderes internacionais realizam um encontro com o objetivo de discutir os rumos a serem seguidos quando se trata de meio ambiente e sociedade e suas relações e, como os agentes da cadeia produtiva poderiam se organizar de forma a minimizar os impactos produzidos por suas atividades. Entretanto, tal discurso foi duramente rebatido pelos países subdesenvolvidos que tinham como única forma de progresso a industrialização.

(22)

Em seguida, o tema foi mais amplamente discutido a partir da realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Ambiente e o Desenvolvimento, a denominada Eco-92, que ocorreu na cidade do Rio de Janeiro em 1992.

Nesse encontro internacional, realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), líderes mundiais promoveram uma série de discussões, debates e reflexões a respeito dos padrões de produção e consumo adotados pelas sociedades capitalistas desde então. Tais padrões, visto os efeitos negativos resultantes por eles produzidos, colocaram em xeque sua a vida no planeta.

O documento resultante desse encontro (ECO-92), a Agenda 21, marcou os pontos a serem corrigidos pelos países para que uma nova economia, pautada na sustentabilidade, fosse praticada.

Desde então o termo, sua aplicabilidade e vivência vêm sendo discutidos fortemente por governos, Organizações Não Governamentais (ONG´S), mídia e a sociedade em geral. A questão consiste em planejar as atividades produtivas, pensando-se na proteção dos recursos naturais, para que sejam perpetuados a longo prazo, sem prejuízo para as gerações futuras. De acordo com Sodré (2009, p. 124.):

O desenvolvimento sustentável significa compatibilidade do crescimento econômico, com desenvolvimento humano e qualidade ambiental. Portanto, o desenvolvimento sustentável preconiza que as sociedades atendam às necessidades humanas em dois sentidos: aumentando o potencial de produção e assegurando a todos as mesmas oportunidades (gerações presentes e futuras).

O dilema que aflige a todos consiste em como conciliar crescimento econômico e sustentabilidade. Manter o ritmo produtivo nos níveis atuais e, mesmo assim, falar em sustentabilidade é algo incompatível. Segundo Cavalcanti (2012), a manutenção do ritmo de crescimento econômico atual torna inviável a sustentabilidade dos recursos disponíveis.

Assim, se justifica o uso do termo desenvolvimento sustentável. Cavalcanti (2012, p.37) enfatiza a importância de diferenciar crescimento de desenvolvimento, quando os distingue, explicando que “crescimento é o aumento quantitativo da escala física, enquanto o desenvolvimento significa melhoria qualitativa ou florescimento de potencialidades”.

(23)

Logo, percebe-se a importância do uso correto do termo desenvolvimento sustentável, o que para a atividade turística se torna imprescindível, uma vez que se utiliza amplamente da natureza e dos recursos que dela são fruto, tais como a paisagem. Desta forma, não seria correto falar em crescimento, mas sim, em desenvolvimento sustentável, que seria aprimorar as potencialidades de cada região ou localidade, economicamente, sem comprometer a capacidade de renovação da natureza e logo, a manutenção da vida na Terra.

Porém a discussão não reside somente no fator produtivo, mas também no consumista. O processo produtivo, baseado em um modelo capitalista de produção, surge para atender às necessidades de consumo da sociedade que são reforçadas pela influência do marketing e da propaganda, gerando um comportamento compulsivo e desenfreado por adquirir sempre novos e mais modernos produtos. O consumo passa a ser uma forma com a qual os indivíduos se identificam entre si e perante a sociedade, num jogo onde quem mais consome ganha notoriedade e importância. Para Oliveira e Cândido (2013, p.3):

Esse materialismo que fundamenta a sociedade ocidental moderna se concentra nos valores que favorecem o hedonismo, o individualismo, o egoísmo e o utilitarismo que impregnam os indivíduos de um comportamento direcionado ao consumo como uma forma de representação e identidade social tornando o indivíduo naquilo que ele consome.

Consumir consiste na principal atividade que propulsiona a sociedade a continuar crescendo e se desenvolvendo, sem pensar nas consequências que o consumo sem análise prévia pode gerar. Por isso, ter conhecimento dos termos sustentabilidade e desenvolvimento sustentável pode ajudar o ser humano a refletir melhor sobre seus atos e escolhas.

No Brasil, o conhecimento sobre os termos sustentabilidade e desenvolvimento sustentável ainda se apresenta modesto, fato que preocupa, uma vez que não estar a par do tema ou desconhecê-lo por completo, talvez signifique que o brasileiro ainda pense pouco nas repercussões de atos de consumo. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA, 2012, p.2) 22 em cada 100 brasileiros afirmam ter ouvido falar da Conferência “Rio +20”. Ainda segundo o MMA mais da metade da população brasileira ainda não conhece o significado do conceito de “desenvolvimento sustentável”.

(24)

Assim, pode até ser que o termo sustentabilidade ou desenvolvimento sustentável sejam continuamente discutidos pela sociedade, governantes e líderes mundiais, porém torna-se improvável o alcance de uma mudança nos padrões de consumo se a sociedade como um todo não possuir o conhecimento adequado sobre o termo, buscando, desta maneira, sua aplicabilidade real.

Tal entendimento vai ao encontro das práticas realizadas pela atividade turística que se utiliza amplamente dos recursos naturais, culturais, sociais e econômicos de forma a propiciar mais oportunidades e melhores condições de vida para as populações que se utilizam da atividade.

Pensar em turismo em longo prazo, significa pensar e implementar a sustentabilidade como instrumento de mudança social.

2.2. TURISMO SUSTENTÁVEL

Nesta seção, discorre-se sobre o conceito de turismo sustentável e dialoga-se a respeito da importância do planejamento turístico, bem como a importância da participação de todos os atores sociais (governantes, empresários, comunidade e turistas) na promoção da sustentabilidade no turismo. Em seguida, apresentam-se dois exemplos de ações promotoras do turismo sustentável aplicados à sociedade brasileira. Posteriormente, reflete-se a respeito dos impactos gerados pelo turismo e pela presença do turista na localidade receptora.

2.2.1. Definição de turismo sustentável

Entre tantas atividades econômicas que são desempenhadas, o Turismo é apontado como uma das áreas mais promissoras nos próximos anos. Em pesquisa, realizada recentemente pela Organização Mundial do Turismo (OMT), as chegadas de turistas internacionais cresceram cerca de 5% em 2013 atingindo um recorde e 1.087 milhões de chegadas de acordo com a última pesquisa intitulada UNWTO World Tourism Barometer. Ainda segundo a mesma pesquisa para 2014 as expectativas de crescimento ficarão em cerca de 4% a 4,5%.

(25)

Sendo assim, por ser uma atividade que se utiliza dos recursos naturais, ela, mais do que qualquer outra atividade, deve se preocupar com a sustentabilidade, uma vez que sua sobrevivência depende de práticas planejadas do sistema turístico.

Para países abaixo da linha da pobreza, como os localizados na África, por exemplo, segundo a Organização Mundial do Turismo (OMT, 2010) “a atividade turística se converteu em seu principal ativo”. Tal fato pode ser justificado ainda segundo a OMT (2010) pois, “a cultura, a arte, as paisagens, a fauna e a flora constituem grandes valores”.

Somado a isso, pode-se dizer, que os agentes promotores do Turismo, tanto do setor público quanto do setor privado, devem elaborar suas políticas e práticas de forma a contribuir não somente para o sucesso de um negócio em particular, mas também para que este possa gerar lucro, renda e emprego em longo prazo para a localidade. Para Ruschmann (1997, p.10) “o planejamento é fundamental e indispensável para o desenvolvimento turístico equilibrado e em harmonia com os recursos físicos, culturais e sociais das regiões receptoras”. Segundo o Código de Ética do Turismo (2001):

Todos os agentes do desenvolvimento turístico têm o dever de salvaguardar o meio ambiente e os recursos naturais na perspectiva de um crescimento econômico saudável, constante e sustentável, capaz de satisfazer equitativamente as necessidades e aspirações das gerações presentes e futuras.

Para tanto, a prática do Turismo Sustentável deve ser pautada no planejamento prévio de todas as estruturas e logísticas relacionadas ao Turismo, bem como hotéis, resorts, restaurantes, transportes e segurança entre outros. Entretanto, é preciso de antemão entender a que o conceito de Turismo Sustentável se refere e interpretá-lo para que se sua aplicabilidade seja correta e dirigida.

Pensando nisso, se faz necessária uma reflexão a respeito dos efeitos que essa atividade pode trazer para o meio ambiente quando vista sob a ótica do consumo turístico sustentável, uma vez que se utiliza amplamente dos recursos naturais, sociais, culturais e econômicos disponíveis no planeta:

Há um gama infindável de definições que acabam por dificultar a real interpretação do fenômeno. Para Dias (2003; p.67) “essa circunstância coloca em

(26)

risco o papel principal a ser desempenhado pelos agentes turísticos na implantação dos princípios do desenvolvimento sustentável, pois a falta de precisão pode levar a seu uso meramente retórico”.

Desta forma, o termo Turismo Sustentável deve ser entendido e difundido à sociedade para que esta tenha em mente os reais benefícios que esta prática pode trazer às localidades que se utilizam do turismo, não somente como entendimento conceitual, mas que compreendam a real importância da aplicação do termo em seu cotidiano. Para World Comission of Enviroment and Development (1987) apud Ruschmann (1997, p.8): o turismo sustentável é “aquele que atende às necessidades dos turistas atuais sem comprometer a possibilidade de usufruto dos recursos pelas gerações futuras”.

Mas o que de fato significa praticar um Turismo Sustentável? Quais etapas são importantes de serem seguidas a fim de atingir essa prática? Listam-se, na figura 1, segundo Dias (2003), algumas das etapas que devem ser seguidas a fim de se atingir uma atividade turística com foco na sustentabilidade

(27)

Etapas a serem seguidas pela atividade turística para ser considerada sustentável

Conhecer em profundidade o espaço socioeconômico no qual se pretende

desenvolver o turismo, a fim de se conhecer as características atuais e potenciais.

Compreenda que o planejamento deve ser integral considerando todos os aspectos: econômicos, ambientais, culturais, territoriais, para que, assim, o desenvolvimento turístico seja adequado.

Esperar que haja uma modificação na legislação com o objetivo de se adaptar às novas ideias sobre o meio ambiente.

Gerenciar a demanda turística para definir distintas áreas de atuação em um mesmo território, distribuindo melhor o fluxo sem a necessidade de controle do mesmo.

Estimula a participação da população, pois sem integração social não se pode conceber um desenvolvimento turístico sustentável.

Assegura que haja preocupação constante com a qualidade ambiental como elemento fundamental para o desenvolvimento turístico.

Planejar as atividades turísticas de forma a minimizar ao máximo seus impactos ambientais, principalmente em período de baixa temporada, com a recuperação de áreas degradadas.

Estabelecer mecanismos de proteção da fauna e da flora.

Incentivar fiscalmente ações de empresas que possuem iniciativas ambientais.

Fig.1: Etapas a serem seguidas pela atividade turística visando à sustentabilidade. Fonte: Elaboração própria baseado em Dias (2003)

Como se pode entender da figura 1 algumas ações são importantes para a que um destino turístico se torne sustentável. A seguir se discorrerá a respeito de cada uma das etapas apontadas por Dias (2003).

Antes de adotar o turismo como prática econômica, faz necessária uma avaliação prévia da região, visando estudar se o local tem características naturais e construídas propícias ao desenvolvimento turístico. Verificar se a localidade suporta um fluxo de turista além dos já residentes; se há fácil acesso e vias em bom estado; se há infraestrutura adequada para o recebimento de visitantes, tais como,

(28)

acomodações, alimentação e lazer; se as estruturas de apoio existem e quais são necessárias; verificar se os serviços básico têm distorções ou precisam ser ajustados, entre outros. Percebe-se assim, que planejamento deve acontecer em todos os âmbitos: econômico, social, cultural e territorial, pois qualquer defasagem em qualquer um desses aspectos pode gerar impactos em outro.

Controlar a demanda é outro aspecto importante, pois a chegada de grande fluxo de turistas ao local visitado pode gerar danos estruturais, ambientais e socioeconômicos que poderiam dificultar a manutenção da atividade turística. Esse controle pode ser feito pela estruturação de um calendário de eventos ou propiciar o desenvolvimento de várias atividades com o objetivo de distribuir mais uniformemente o volume de turistas de acordo com suas preferências

Permitir e estimular a participação da comunidade no desenvolvimento local são primordiais, pois serão os moradores que serão os anfitriões da localidade. Devem ser consultados sobre a elaboração e aplicação de produtos e serviços, bem como serem preparados para receber o turista, por meio da educação profissional, gerando entusiasmo e busca por melhor colocação profissional.

Preocupar-se com o meio ambiente também é crucial para o desenvolvimento turístico, uma vez que a atividade se apropria dos recursos que a natureza oferece para estruturar uma localidade como atrativa. Da mesma forma, deve-se preocupar com a elaboração de leis que protejam a fauna e flora dos impactos negativos que, porventura podem ocorrer.

Finalmente para que o desenvolvimento turístico perdure e seja estimulado, o governo deve incentivar as empresas que adotam posturas eficientes, produtivas, mas igualmente alinhadas com os princípios da sustentabilidade.

Sendo assim, observa-se que a base do turismo sustentável situa-se de forma geral no planejamento. Seja pelo estudo da área onde se pretende implantar a atividade, seja a aplicabilidade de leis ou a consulta da população local, cada estrutura implantada deve ser estudada antes de sua inserção de forma que a atividade turística seja acolhida e reconhecida por todos aqueles que fazem parte do processo de desenvolvimento da região.

(29)

2.2.2. Práticas e políticas promotoras do turismo sustentável no Brasil

Com o objetivo de promover o turismo sustentável, várias ações são desenvolvidas e promovidas pelo governo brasileiro com a finalidade de alavancar o turismo sustentável no Brasil. Tais ações têm o intuito de promover a adoção de comportamentos sustentáveis por parte daqueles que viajam, ou seja, dos turistas e para que sejam feitas reflexões a respeito da prática turística, bem como seus impactos no âmbito econômico, social, e cultural.

Como exemplo ações desenvolvidas por órgãos governamentais, pode-se citar a campanha Passaporte Verde, desenvolvido pela Força Tarefa Internacional, formada por um grupo de 20 países, liderado pela França e do qual o Brasil faz parte. O projeto foi realizado em parceria com o MMA, o Mtur, o PNUMA e o Governo Federal. O conteúdo apresentado pela campanha visa apresentar informações para uma viagem mais consciente. Segundo o site da campanha “trata-se de uma iniciativa que visa disseminar um conjunto de informações e de dicas de consumo consciente no turismo. Ainda de acordo com o site (Passaporte Verde, 2014):

O lema da campanha “Passaporte Verde, Turismo Sustentável por um Planeta Vivo” é um apelo para o exercício da cidadania ambiental global e visa influenciar o turista a assumir o seu papel como um agente que pode contribuir para a conservação do meio ambiente, buscando um relacionamento saudável com a natureza, com as comunidades e com a cultura dos destinos turísticos que visita.

A figura 2 apresentada abaixo, utilizada na campanha, ilustra de forma simples o objetivo proposto, pois pode-se interpretar o turismo sustentável como a junção de práticas na atividade turística que levem em consideração, a cultura, a paisagem, as pessoas e a interação entre esses elementos.

(30)

Fig. 2: Passaporte Verde

Fonte: Google Imagens, 2014

O Município de Paraty – Estado do Rio de Janeiro foi selecionado como o destino-piloto da Campanha Passaporte Verde no Brasil e estruturado como um destino referência para o turismo sustentável por meio das ações de divulgação da campanha e das ações conjuntas entre os Ministérios do Turismo e do Meio Ambiente. Para a divulgação da campanha Passaporte Verde foi criado um website que apresenta as informações de escolhas e comportamentos sustentáveis, que tragam benefícios para a localidade visitada sem agressão ao meio ambiente.

Entre as ações criadas para preparar o destino para a campanha estão: incentivo à implementação de unidades produtivas, ou seja, turismo de base comunitária, qualificação da cadeia produtiva do turismo, implantação de infraestrutura básica e turística e, também, ações de educação ambiental desenvolvidas pelo Ministério do Meio Ambiente.

(31)

A campanha revela como o turista pode se tornar um consumidor responsável por meio de atitudes que se preocupem com a conservação do meio ambiente. As informações de viagem vão desde a escolha do destino, o meio de transporte utilizado para chegar até a localidade escolhida até seu retorno e compartilhamento de experiências e visam contribuir para que o turista adote uma postura responsável no turismo e mostrando de que forma suas atitudes podem contribuir para a conservação do meio ambiente e das sociedades que o recebem. Ainda se dividem em etapas de fácil entendimento que serão aqui resumidas:

Antes da viagem: colher informações sobre o destino a ser visitado, tais como atrativos naturais e culturais, meios de hospedagem que se preocupem com a preservação do meio ambiente e dos recursos naturais; quantidade mínima necessária de bagagem; meios de transporte menos poluentes utilizados para chegar ao destino;

Durante a viagem: não levar nada do ambiente natural; não deixar resíduos nas localidades que visita; valorizar a cultura local pela aquisição de produtos feitos artesanalmente, atentado para o material utilizado; não adquirir animais silvestres.

Após a viagem: compartilhe sua experiência de férias, bem como todas as escolhas feitas antes da viagem, a fim de estimular comportamentos e escolhas semelhantes.

Observa-se que a campanha revela que através de atitudes simples, como o consumo responsável e o uso racional dos recursos naturais, podemos favorecer a economia e o desenvolvimento dos destinos que o turista visita.

Compreende-se, portanto, que o turismo sustentável é uma prática claramente possível, mas que necessita de planejamento e envolvimento ambiental constante, tanto do setor público quanto do privado, como também da sociedade em geral, para que as atividades ditas turísticas e as que dela dependem possam se perpetuar com qualidade e sem prejuízo aos recursos naturais disponíveis.

Ainda se referindo a Paraty, O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICM-Bio), é outro exemplo de instituição que tem como um de seus objetivos a promoção do turismo sustentável. De acordo com a instituição sua responsabilidade consiste em executar as ações do Sistema Nacional de Unidades de Conservação, podendo propor, implantar, gerir, proteger, fiscalizar e monitorar as Unidades de Conservação (UCs) instituídas pela União (ICM-BIO, 2014).

(32)

Segundo o ICM-BIO (2014) a Área de Proteção Ambiental (APA) Cairuçu e o Parque Nacional da Serra da Bocaina, UC federais geridas pelo ICM-Bio, em parceria com a Reserva Ecológica da Juatinga, gerida pelo Instituto Estadual do Ambiente do Estado do Rio de Janeiro (INEA), vem desenvolvendo a campanha TURISMO SUSTENTÁVEL: turista satisfeito, renda para a comunidade e natureza preservada.

A campanha se utiliza de um elaborado material de divulgação que orienta e estimula o turista a ter atitudes sustentáveis dentro dessas localidades tomando como base os princípios do turismo sustentável.

(33)

Fig. 3: Material de divulgação da campanha Turismo Sustentável Fonte: ICM-BIO, 2014

(34)

Como observa-se, a prática do turismo sustentável se encontra difundida por algumas instituições de importância no setor, tais como o Ministério do Turismo e o ICM-Bio que tem como objetivo promover o turismo sustentável por meio da sensibilização da população o dos turistas quanto ao cuidado com o meio ambiente natural e os efeitos positivos desse comportamento tanto para quem mora, quanto para quem visita à região.

2.2.3. Impactos do turismo e o comportamento do turista.

2.2.3.1. Os impactos positivos do turismo e o turista sustentável

Observa-se, como já mencionado no capítulo anterior, que o turismo é uma atividade que pode trazer inúmeros benefícios para a comunidade que o recebe, trazendo renda, valorização da cultura, infraestruturas básicas e de apoio ao turismo, aumento da exigência de escolaridade, diversificação de serviços, entre tantos outros. Se bem planejado, a atividade turística, se torna um produto de grande atratividade por longos anos. Como diz Oliveira (2011, p.1), o planejamento das atividades turísticas no contexto atual deve ser alicerçado em princípios que tragam viabilidade econômica, justiça social e equilíbrio ambiental a todo o conjunto de ações e atividades relacionadas ao turismo

Esse planejamento deve ser aplicado a todos os atores do cenário turístico e devem partir dos governantes as iniciativas iniciais de apoio e sustentação. Em seguida, a responsabilidade se deve àqueles que oferecem os serviços turísticos de forma que sua atividade perdure, impulsionando a economia local, gerando novos postos de trabalho e novas oportunidades de crescimento. A partir de então a comunidade que aceita o turismo deve cobrar dos setores público e privado que sejam reguladas as atividades, a fim de que a atividade não cause estranheza entre visitantes e habitantes e que ambos possam reconhecer um no outro a riqueza que o turismo traz no intercâmbio de culturas.

Porém, a responsabilidade não reside somente na comunidade que recebe o turista, ele também deve ter consciência das atitudes que são dele esperadas, pois a comunidade que o recebe espera o melhor da interação entre eles, bem como que o

(35)

destino seja por eles mantido e promovido a outros. Segundo o Código de Ética do Turismo (2010, p.4):

Os agentes do desenvolvimento turístico e os próprios turistas deverão prestar atenção às tradições e práticas sociais e culturais de todos os povos, incluindo as minorias nacionais e as populações autóctones, e reconhecerão suas riquezas.

Sendo assim, compreende-se que o turista deve respeitar a cultura local, bem como a cultura pertencente a região que o acolhe.

Como se pode observar na seção 2.2.2, muitas são as campanhas e teorias sobre como praticar um turismo sustentável e, ainda sim, desfrutar de boas férias. Percebe-se que, ter um comportamento sustentável em momentos de lazer não se mostra fácil, pois requer muitas etapas, pesquisas e planejamento. Porém, se o desejo de todos é contribuir para a manutenção dos atuais destinos disponíveis à visitação, o caminho a ser seguido é esse.

O turista de hoje, por ser um consumidor consciente e interligado ao mundo, tem ampla oferta de produtos e serviços e por seu poder de decisão e escolha pode estimular o mercado produtor a fabricar produtos de acordo com suas exigências. O poder de influência do turista que escolhe este ou aquele produto turístico pode ser decisivo até mesmo para a manutenção dos produtos e serviços disponíveis. Assim, ao exigir de seus fornecedores produtos adequados à sua orientação sustentável, o turista exige que o prestador do serviço naturalmente se adeque às suas necessidades.

O perfil do turista consciente é bem específico, pois diferentemente do turista de massa, esse turista busca por destinos que ofereçam um turismo mais personalizado, ou mais elitizado, não se importando em pagar mais por isso. Para Ruschmann (1997, p. 17) “o turismo “brando”, ecológico, naturalista, personalizado em grupos pequenos de pessoas tendem a caracterizar os fluxos turísticos do futuro”. De acordo com o Responsible Travel Report (2014), segundo a figura 4, para que uma viagem seja dita “verde” (ou sustentável, ou ambientalmente correta) o turista deve pensar em seis principais fatores:

(36)

Seis principais fatores para que a viagem seja considerada “verde”

Modos de Transporte Considere andar a pé ou de bicicleta durante a

sua viagem, utilizando os transportes públicos, alugar veículos híbridos, e viajar de comboio em vez de avião, sempre que possível.

Compensações e política ambiental Calcule e compense o dióxido de carbono

emitido por sua viagem e compre- a partir de empresas com políticas que considerem os

impactos ambientais, econômicos e

sociocultural.

Dinheiro gasto localmente Certifique-se de que a população local irá se

beneficiar de sua viagem por gastar dinheiro em comunidade ou empresas de propriedade local e trabalhar com os operadores turísticos e pousadas que empregam pessoas locais.

Conservação ambiental Escolha uma viagem que fortaleça os esforços

de conservação para e aumenta a integridade natural dos locais que visita, incluindo áreas protegidas e habitats da vida selvagem.

Respeito pela cultura local Mergulhe e aceite as diferenças de outras

culturas; aprender sobre seus costumes e normas sociais antes de visitar, e falando a língua deles, quando possível.

Utilização de recursos naturais Reduzir, reutilizar e reciclar ... e considerar o uso eficiente de água, energia e materiais de construção, bem como o método de eliminação de resíduos utilizado pelo seu operador turístico ou estabelecimento de hospedagem.

Fig. 4: Os seis principais fatores para uma viagem “verde”

Fonte: Elaboração própria baseado em Responsible Travel Report, 2014

Compreende-se pela figura 4 que diversos são os fatores a serem considerados pelo turista ao realizar uma viagem responsável, principalmente em relação ao que a comunidade anfitriã tem a oferecer e a postura adotada em uma viagem pode ser fator determinante para a sustentabilidade do turismo na região.

Endente-se que o turista tem a função de também manter a atividade turística por meio de uma postura adequada e respeitosa pelas pessoas e pelo lugar visitado. A atenção ao patrimônio cultural material e imaterial de determinada comunidade é pratica fundamental da atividade turística, uma vez que a localidade ficará conhecida pela divulgação dos elementos de sua cultura. Segundo o Mtur (2010):

A utilização turística dos bens culturais pressupõe sua valorização, promoção e a manutenção de sua dinâmica e permanência no tempo como símbolos de memória e identidade. Valorizar e promover significam difundir o conhecimento sobre esses bens, facilitar seu acesso e usufruto a moradores e turista.

(37)

Cabe ressaltar ainda que o turista tem o papel fundamental no que diz respeito a moldar a atividade turística em uma região. Algumas atitudes de prudência, negação e até denuncia podem coibir e inibir atividades que prejudiquem a imagem da região. Um exemplo que ilustra essa situação é a recusa que um turista faz ao se negar a aceitar a exploração sexual infantil em áreas de grande concentração turística, principalmente de estrangeiros, pois essa conduta pode manchar a imagem de uma localidade perante à comunidade nacional e internacional. Segundo o Mtur (2014) “a lei brasileira não penaliza somente quem pratica, mas também quem facilita ou age como intermediário. É inaceitável, portanto, que os equipamentos turísticos sejam utilizados por pessoas dispostas a explorar ou abusar sexualmente de crianças e adolescentes”.

Salienta-se o fato de o turista estar sempre em busca da experiência, das emoções e recordações que a viagem traz, o contato com a comunidade, com a cultura e com os costumes locais. Segundo pesquisa feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2012, p. 23) o turista quer sentir no destino aquilo que ele não vive em casa. A constante procura por “emoção” converte o turismo de experiência em uma das principais tendências do setor atualmente. Sendo assim o contato com outras culturas e o intercâmbio de ideias e experiências tornam a viagem um momento marcante que o turista levará na memória.

Desta forma, pode-se dizer que ser um turista sustentável é uma prática simples, mas que requer atenção e planejamento. Assim, quando o turista que usufrui de certa localidade se preocupa com todas as etapas envolvidas na viagem, ele não só contribui para a manutenção da atividade turística como também a promove.

2.2.3.2. Os impactos negativos do turismo e o turista insustentável

Logo após analisar os benefícios que a atividade turística pode trazer e quais atitudes devem ser tomadas tanto por parte de que oferecem o serviço turístico, quanto por parte daqueles que desfrutam dele, faz-se também necessária uma reflexão sobre os possíveis impactos negativos que a atividade gera quando não estruturada.

Segundo Vail, s.d. apud Martovani (2014, s.p.) “Após passarmos as últimas décadas fazendo o que nos dá vontade, é hora de mudar e perceber que viajar é um

(38)

privilégio, e que nós somos hóspedes em outra cultura”. Observa-se então, que igualmente na seção anterior, deve-se analisar cuidadosamente que impactos negativos as viagens podem gerar no destino receptor e que cada um deve tomar o cuidado necessário para que suas ações não tornem prejudiciais àqueles que tem como atividade econômica o turismo.

Deve-se atentar ao fato de muitas vezes a atividade turista desapropriar as comunidades receptoras de suas atividades de origem, o que pode causa rejeição ao turismo e, consequentemente aos turistas. Para Coriolano (2006, p.369):

Nessa produção espacial faz-se necessário considerar a luta dos diferentes atores locais: os nativos usuários do espaço litorâneo que tendem a defender suas propriedades, ou bens de usos, contrapondo-se aos interesses dos empresário, dos agentes imobiliários e do próprio estado que se interessam pelo valor de troca do espaço, pois o transformaram em mercadoria.

Como o turismo se apropria em sua maioria do ambiente natural e igualmente do construído para sua promoção, a cautela do turista deve estar centrada em não invadir uma localidade, consumir tudo o que a comunidade tem a oferecer e sair deixando suas marcas e impressões negativas.

Alguns comportamentos por parte dos turistas podem acabar por degradar a localidade e ameaçar a atividade turística. A exploração sexual é um dos pontos negativos, os quais merecem atenção. Segundo o Código de Ética do Turismo (p. 4) “a exploração de seres humanos, em qualquer de suas formas, principalmente a sexual, e em particular quando afeta as crianças, fere os objetivos fundamentais do turismo e estabelece uma negação de sua essência”. O turismo quando associado ao sexo, em especial o de crianças, traz uma percepção negativa da localidade, o que, de fato, é o contrário do que se pretende com a atividade.

Quando não planejado, mesmo que inconscientemente, o turista pode estimular um turismo irregular, predatório e prejudicial às comunidades receptoras e inúmeros são os exemplos a serem dados. Segundo Mantovani (2014, s.p) apud Vail (2014):

Apesar dos benefícios econômicos que o turismo pode trazer para comunidades, quando esse processo ocorre sem infraestrutura e planejamento, ele pode se transformar em um desastre para o meio ambiente e para os moradores do lugar: o lixo se acumula em locais abertos, grandes operadoras estrangeiras se apropriam do dinheiro que os turistas trazem, os

(39)

preços de produtos básicos vão às alturas, animais mudam seu comportamento, e por aí vai.

Devido a isso é que uma viagem bem planejada previne que uma localidade que já esteja afetada negativamente pelo turismo, continue a receber visitação por parte de turista engajados e preocupados com sustentabilidade desses destinos.

O turismo de massa é um dos que mais trazem prejuízos à comunidade, pois por um determinado período de tempo, localidades receptoras encontram-se invadidas por muitos ou até milhares de turistas em uma região. Além da situação de grande fluxo de pessoas em circulação, outros fatores podem causar irritações à população local: aumento dos preços, engarrafamentos, aumento dos acidentes e da violência, queda na qualidade dos produtos e serviço, e também degradação ambiental.

Sendo assim, na próxima seção será discutida a questão da educação ambiental como ferramenta de auxílio na formação de turistas mais conscientes em relação às suas escolhas de viagem.

2.3. EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O TURISMO SUSTENTÁVEL

Nessa presente seção, será feita uma breve discussão sobre o consumo infantil, bem como apresentar a importância da criança do processo de aquisição de produtos. Em seguida discorre-se sobre a educação ambiental, bem como a situação da educação brasileira na atualidade, tentando assim, esclarecer o motivo pela qual a educação ambiental apresenta-se ainda pouco aplicada nas escolas de todo o país. Posteriormente fala-se da importância da educação ambiental para a atividade turística. Por fim dialoga-se a respeito da influência da mídia em relação ao público infantil e apresenta-se alguns bons exemplos dessa influência.

2.3.1. Consumo Infantil

Nos últimos anos o mercado de produtos e serviços destinados às crianças vem crescendo substancialmente alavancados pela mídia. Segundo Zylberkan (2014, s.p.):

(40)

De acordo com a Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), o público infantil abocanha cerca de 0,5% do mercado publicitário e as inserções que falam diretamente com as crianças representam 0,1% do total de anúncios na TV aberta na faixa em que os menores de 12 anos são 50% da audiência.

Hoje, as crianças não consideradas como parte integrante ativa da sociedade, pois a todo momento influenciam pais e familiares em seus processos decisórios, principalmente os de compra.

Percebendo esse fato, as empresas passaram a enxergar a criança como um segmento de mercado a ser fomentado, fato que se evidencia pela crescente oferta de produtos e serviços destinados aos pequenos. Segundo Mc Neal (1999, p.14) “alguns serviços adultos foram adaptados para crianças, serviços de banco, serviços de investimentos [...] algumas agências de viagens começaram a se especializar em planejar viagens para as crianças”.

Outros dados ressaltam a influência da criança no mundo do consumo. O segmento infantil já responde 15% do setor da moda e apresenta um crescimento de 6% ao ano, segundo dados da Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT). O setor movimenta cerca de R$ 50 bilhões ao ano (Finco, 2013, s.p.).

Entende-se que as crianças passam ter um papel ativo na sociedade e para atingi-las as empresas direcionam muitos esforços de marketing, principalmente por intermédio da propaganda.

Isso posto, ao falar em consumo infantil, se mostra necessário falar daqueles que revelam as crianças o lúdico mundo do consumo, ou seja o marketing e a propaganda. Seja por intermédio da televisão, da internet ou qualquer outro veículo de comunicação, a publicidade hoje é dita como uma das principais influências que a crianças e a sociedade em geral recebem em direção ao consumo.

Muitas vezes, vulneráveis aos apelos televisivos a que são expostas, as crianças têm pouca consciência crítica para entender ou interpretar as mensagens a ela dirigidas e, por isso pais, familiares e educadores têm um papel fundamental no cotidiano dos pequenos, no sentido de filtrar o que é benéfico ou não. Segundo a Agência Nacional dos Direitos da Infância (ANDI) “atualmente, cabe lembrar, é cada vez mais predominante a presença das mídias no cotidiano de crianças e jovens,

Referências

Documentos relacionados

De acordo com Piaget e Inhelder (1988) a teoria sobre o desenvolvimento cognitivo, pressupõe que os seres humanos ao longo de sua vida passam por uma série de

“O gabarito preliminar da prova prático-profissional corresponde apenas a uma expectativa de resposta, podendo ser alterado até a divulgação do padrão de

A década final do século XIX e as iniciais do XX foram marcadas por uma expansão da atividade maçônica brasileira, que se explica tanto pelo processo de federalização das

Então se esse requisito obrigatório não for legível, abre um leque de probabilidades para uma interpretação errada do profissional, podendo acarretar graves danos à saúde

13 de Fevereiro; (ii) ou a entidades residentes em território português sujeitas a um regime especial de tributação. Não são igualmente dedutíveis para efeitos de

Ocorre que, passados quase sete anos da publicação da Lei n o  12.651/2012 e pacificadas as discussões sobre a sua aplicação, emendas a uma medida provisória em tramitação

The provisional measure addresses the necessary extension of the deadline for entry into the Environmental Regularization Program (PRA), but also contains amendments that aim

174 deixado de ser Princeps e continuar governando, uma associação entre as mortes dos dois candidatos mais próximos para a sucessão imperial, o começo da ascensão