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2. TURISMO SUSTENTÁVEL: UM PANORAMA GERAL

2.2. TURISMO SUSTENTÁVEL

2.2.3. Impactos do turismo e o comportamento do turista

2.2.3.1. Os impactos positivos do turismo e o turista sustentável

Observa-se, como já mencionado no capítulo anterior, que o turismo é uma atividade que pode trazer inúmeros benefícios para a comunidade que o recebe, trazendo renda, valorização da cultura, infraestruturas básicas e de apoio ao turismo, aumento da exigência de escolaridade, diversificação de serviços, entre tantos outros. Se bem planejado, a atividade turística, se torna um produto de grande atratividade por longos anos. Como diz Oliveira (2011, p.1), o planejamento das atividades turísticas no contexto atual deve ser alicerçado em princípios que tragam viabilidade econômica, justiça social e equilíbrio ambiental a todo o conjunto de ações e atividades relacionadas ao turismo

Esse planejamento deve ser aplicado a todos os atores do cenário turístico e devem partir dos governantes as iniciativas iniciais de apoio e sustentação. Em seguida, a responsabilidade se deve àqueles que oferecem os serviços turísticos de forma que sua atividade perdure, impulsionando a economia local, gerando novos postos de trabalho e novas oportunidades de crescimento. A partir de então a comunidade que aceita o turismo deve cobrar dos setores público e privado que sejam reguladas as atividades, a fim de que a atividade não cause estranheza entre visitantes e habitantes e que ambos possam reconhecer um no outro a riqueza que o turismo traz no intercâmbio de culturas.

Porém, a responsabilidade não reside somente na comunidade que recebe o turista, ele também deve ter consciência das atitudes que são dele esperadas, pois a comunidade que o recebe espera o melhor da interação entre eles, bem como que o

destino seja por eles mantido e promovido a outros. Segundo o Código de Ética do Turismo (2010, p.4):

Os agentes do desenvolvimento turístico e os próprios turistas deverão prestar atenção às tradições e práticas sociais e culturais de todos os povos, incluindo as minorias nacionais e as populações autóctones, e reconhecerão suas riquezas.

Sendo assim, compreende-se que o turista deve respeitar a cultura local, bem como a cultura pertencente a região que o acolhe.

Como se pode observar na seção 2.2.2, muitas são as campanhas e teorias sobre como praticar um turismo sustentável e, ainda sim, desfrutar de boas férias. Percebe-se que, ter um comportamento sustentável em momentos de lazer não se mostra fácil, pois requer muitas etapas, pesquisas e planejamento. Porém, se o desejo de todos é contribuir para a manutenção dos atuais destinos disponíveis à visitação, o caminho a ser seguido é esse.

O turista de hoje, por ser um consumidor consciente e interligado ao mundo, tem ampla oferta de produtos e serviços e por seu poder de decisão e escolha pode estimular o mercado produtor a fabricar produtos de acordo com suas exigências. O poder de influência do turista que escolhe este ou aquele produto turístico pode ser decisivo até mesmo para a manutenção dos produtos e serviços disponíveis. Assim, ao exigir de seus fornecedores produtos adequados à sua orientação sustentável, o turista exige que o prestador do serviço naturalmente se adeque às suas necessidades.

O perfil do turista consciente é bem específico, pois diferentemente do turista de massa, esse turista busca por destinos que ofereçam um turismo mais personalizado, ou mais elitizado, não se importando em pagar mais por isso. Para Ruschmann (1997, p. 17) “o turismo “brando”, ecológico, naturalista, personalizado em grupos pequenos de pessoas tendem a caracterizar os fluxos turísticos do futuro”. De acordo com o Responsible Travel Report (2014), segundo a figura 4, para que uma viagem seja dita “verde” (ou sustentável, ou ambientalmente correta) o turista deve pensar em seis principais fatores:

Seis principais fatores para que a viagem seja considerada “verde”

Modos de Transporte Considere andar a pé ou de bicicleta durante a

sua viagem, utilizando os transportes públicos, alugar veículos híbridos, e viajar de comboio em vez de avião, sempre que possível.

Compensações e política ambiental Calcule e compense o dióxido de carbono

emitido por sua viagem e compre- a partir de empresas com políticas que considerem os

impactos ambientais, econômicos e

sociocultural.

Dinheiro gasto localmente Certifique-se de que a população local irá se

beneficiar de sua viagem por gastar dinheiro em comunidade ou empresas de propriedade local e trabalhar com os operadores turísticos e pousadas que empregam pessoas locais.

Conservação ambiental Escolha uma viagem que fortaleça os esforços

de conservação para e aumenta a integridade natural dos locais que visita, incluindo áreas protegidas e habitats da vida selvagem.

Respeito pela cultura local Mergulhe e aceite as diferenças de outras

culturas; aprender sobre seus costumes e normas sociais antes de visitar, e falando a língua deles, quando possível.

Utilização de recursos naturais Reduzir, reutilizar e reciclar ... e considerar o uso eficiente de água, energia e materiais de construção, bem como o método de eliminação de resíduos utilizado pelo seu operador turístico ou estabelecimento de hospedagem.

Fig. 4: Os seis principais fatores para uma viagem “verde”

Fonte: Elaboração própria baseado em Responsible Travel Report, 2014

Compreende-se pela figura 4 que diversos são os fatores a serem considerados pelo turista ao realizar uma viagem responsável, principalmente em relação ao que a comunidade anfitriã tem a oferecer e a postura adotada em uma viagem pode ser fator determinante para a sustentabilidade do turismo na região.

Endente-se que o turista tem a função de também manter a atividade turística por meio de uma postura adequada e respeitosa pelas pessoas e pelo lugar visitado. A atenção ao patrimônio cultural material e imaterial de determinada comunidade é pratica fundamental da atividade turística, uma vez que a localidade ficará conhecida pela divulgação dos elementos de sua cultura. Segundo o Mtur (2010):

A utilização turística dos bens culturais pressupõe sua valorização, promoção e a manutenção de sua dinâmica e permanência no tempo como símbolos de memória e identidade. Valorizar e promover significam difundir o conhecimento sobre esses bens, facilitar seu acesso e usufruto a moradores e turista.

Cabe ressaltar ainda que o turista tem o papel fundamental no que diz respeito a moldar a atividade turística em uma região. Algumas atitudes de prudência, negação e até denuncia podem coibir e inibir atividades que prejudiquem a imagem da região. Um exemplo que ilustra essa situação é a recusa que um turista faz ao se negar a aceitar a exploração sexual infantil em áreas de grande concentração turística, principalmente de estrangeiros, pois essa conduta pode manchar a imagem de uma localidade perante à comunidade nacional e internacional. Segundo o Mtur (2014) “a lei brasileira não penaliza somente quem pratica, mas também quem facilita ou age como intermediário. É inaceitável, portanto, que os equipamentos turísticos sejam utilizados por pessoas dispostas a explorar ou abusar sexualmente de crianças e adolescentes”.

Salienta-se o fato de o turista estar sempre em busca da experiência, das emoções e recordações que a viagem traz, o contato com a comunidade, com a cultura e com os costumes locais. Segundo pesquisa feita pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE, 2012, p. 23) o turista quer sentir no destino aquilo que ele não vive em casa. A constante procura por “emoção” converte o turismo de experiência em uma das principais tendências do setor atualmente. Sendo assim o contato com outras culturas e o intercâmbio de ideias e experiências tornam a viagem um momento marcante que o turista levará na memória.

Desta forma, pode-se dizer que ser um turista sustentável é uma prática simples, mas que requer atenção e planejamento. Assim, quando o turista que usufrui de certa localidade se preocupa com todas as etapas envolvidas na viagem, ele não só contribui para a manutenção da atividade turística como também a promove.

2.2.3.2. Os impactos negativos do turismo e o turista insustentável

Logo após analisar os benefícios que a atividade turística pode trazer e quais atitudes devem ser tomadas tanto por parte de que oferecem o serviço turístico, quanto por parte daqueles que desfrutam dele, faz-se também necessária uma reflexão sobre os possíveis impactos negativos que a atividade gera quando não estruturada.

Segundo Vail, s.d. apud Martovani (2014, s.p.) “Após passarmos as últimas décadas fazendo o que nos dá vontade, é hora de mudar e perceber que viajar é um

privilégio, e que nós somos hóspedes em outra cultura”. Observa-se então, que igualmente na seção anterior, deve-se analisar cuidadosamente que impactos negativos as viagens podem gerar no destino receptor e que cada um deve tomar o cuidado necessário para que suas ações não tornem prejudiciais àqueles que tem como atividade econômica o turismo.

Deve-se atentar ao fato de muitas vezes a atividade turista desapropriar as comunidades receptoras de suas atividades de origem, o que pode causa rejeição ao turismo e, consequentemente aos turistas. Para Coriolano (2006, p.369):

Nessa produção espacial faz-se necessário considerar a luta dos diferentes atores locais: os nativos usuários do espaço litorâneo que tendem a defender suas propriedades, ou bens de usos, contrapondo-se aos interesses dos empresário, dos agentes imobiliários e do próprio estado que se interessam pelo valor de troca do espaço, pois o transformaram em mercadoria.

Como o turismo se apropria em sua maioria do ambiente natural e igualmente do construído para sua promoção, a cautela do turista deve estar centrada em não invadir uma localidade, consumir tudo o que a comunidade tem a oferecer e sair deixando suas marcas e impressões negativas.

Alguns comportamentos por parte dos turistas podem acabar por degradar a localidade e ameaçar a atividade turística. A exploração sexual é um dos pontos negativos, os quais merecem atenção. Segundo o Código de Ética do Turismo (p. 4) “a exploração de seres humanos, em qualquer de suas formas, principalmente a sexual, e em particular quando afeta as crianças, fere os objetivos fundamentais do turismo e estabelece uma negação de sua essência”. O turismo quando associado ao sexo, em especial o de crianças, traz uma percepção negativa da localidade, o que, de fato, é o contrário do que se pretende com a atividade.

Quando não planejado, mesmo que inconscientemente, o turista pode estimular um turismo irregular, predatório e prejudicial às comunidades receptoras e inúmeros são os exemplos a serem dados. Segundo Mantovani (2014, s.p) apud Vail (2014):

Apesar dos benefícios econômicos que o turismo pode trazer para comunidades, quando esse processo ocorre sem infraestrutura e planejamento, ele pode se transformar em um desastre para o meio ambiente e para os moradores do lugar: o lixo se acumula em locais abertos, grandes operadoras estrangeiras se apropriam do dinheiro que os turistas trazem, os

preços de produtos básicos vão às alturas, animais mudam seu comportamento, e por aí vai.

Devido a isso é que uma viagem bem planejada previne que uma localidade que já esteja afetada negativamente pelo turismo, continue a receber visitação por parte de turista engajados e preocupados com sustentabilidade desses destinos.

O turismo de massa é um dos que mais trazem prejuízos à comunidade, pois por um determinado período de tempo, localidades receptoras encontram-se invadidas por muitos ou até milhares de turistas em uma região. Além da situação de grande fluxo de pessoas em circulação, outros fatores podem causar irritações à população local: aumento dos preços, engarrafamentos, aumento dos acidentes e da violência, queda na qualidade dos produtos e serviço, e também degradação ambiental.

Sendo assim, na próxima seção será discutida a questão da educação ambiental como ferramenta de auxílio na formação de turistas mais conscientes em relação às suas escolhas de viagem.

2.3. EDUCAÇÃO INFANTIL PARA O TURISMO SUSTENTÁVEL

Nessa presente seção, será feita uma breve discussão sobre o consumo infantil, bem como apresentar a importância da criança do processo de aquisição de produtos. Em seguida discorre-se sobre a educação ambiental, bem como a situação da educação brasileira na atualidade, tentando assim, esclarecer o motivo pela qual a educação ambiental apresenta-se ainda pouco aplicada nas escolas de todo o país. Posteriormente fala-se da importância da educação ambiental para a atividade turística. Por fim dialoga-se a respeito da influência da mídia em relação ao público infantil e apresenta-se alguns bons exemplos dessa influência.

2.3.1. Consumo Infantil

Nos últimos anos o mercado de produtos e serviços destinados às crianças vem crescendo substancialmente alavancados pela mídia. Segundo Zylberkan (2014, s.p.):

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