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Análise florística e estrutural de uma área de manejo florestal no Amazonas: estudo de caso de Mezilaurus itauba (Meisn.) Taub. ex Mez

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Academic year: 2021

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INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS DA AMAZÔNIA – INPA

PROGRAMA DE PÓS–GRADUAÇÃO EM BOTÂNICA

Análise florística e estrutural de uma área de manejo florestal no

Amazonas: estudo de caso de Mezilaurus itauba (Meisn.) Taub. ex Mez

JÉSSICA INGRID DE MORAES SILVA

Manaus, Amazonas

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JÉSSICA INGRID DE MORAES SILVA

Análise florística e estrutural de uma área de manejo florestal no

Amazonas: estudo de caso de Mezilaurus itauba (Meisn.) Taub. ex Mez

Orientador (a): Dr. Niro Higuchi

Dissertação apresentada à

Coordenação do Programa Integrado de Pós–Graduação em Botânica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, como parte dos requisitos para obtenção do título de Mestre em Ciências Biológicas, área de concentração em Botânica.

Manaus, Amazonas

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À minha mãe Ines (in memorian), eu dedico.

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AGRADECIMENTOS

Ao Dr. Niro Higuchi, pela orientação e confiança na execução do projeto. Ao Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e ao Programa de Pós-Graduação em Botânica, pela formação científica e acadêmica.

Ao CNPq, pela concessão da bolsa de estudo.

Ao Dr. Adriano Lima, pelo apoio dado durante todo o projeto.

Ao Dr. Moacir Alberto Assis Campos, pela ajuda na confecção dos mapas. À empresa Mil Madeiras Preciosas e sua equipe, pelo apoio no trabalho de campo. Aos professores do Curso de Botânica, pelos conhecimentos transmitidos, em especial ao Dr. Mike Hopkins.

As colegas da pós-graduação em Botânica, pelo apoio e amizade durante essa jornada.

Aos mateiros, em especial, ao Matapi pela coleta dos espécimes.

Aos colegas e amigos do Laboratório de Manejo Florestal, Jardel, Gustavo e Márcio pela ajuda com as análises e à Tayana, Rosilena e Larissa pela amizade e companheirismo.

À Edilene Barboza, secretária do LMF, pela amizade e colaboração sempre que necessário.

Ao Dr. Flávio Alves pelo auxílio na identificação das espécies. Ao meu companheiro Jones, pelo apoio durante esses anos de estudo.

A todos os demais amigos e àqueles a quem considero muito especiais e que prestaram sua colaboração no desenvolvimento deste trabalho.

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SUMÁRIO SUMÁRIO ... vii 1 INTRODUÇÃO ... 1 2 OBJETIVOS... 3 2.1 Geral ... 3 2.2 Específicos ... 3 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 4 3.1 A Amazônia ... 4 3.2 Florística e Fitossociologia ... 5

3.3 Identificação dos indivíduos nos inventários ... 5

3.4 Espécies ameaçadas de extinção... 7

3.5 Entidades atuantes na formação de listas de espécies ameaçadas ... 8

3.5.1 IUCN ... 8 3.5.2 CITES ... 9 3.5.3 CNCFlora ... 10 3.6 Legislação ... 10 3.6.1 Resolução Nº 406, de 02 de fevereiro de 2009. ... 10 3.6.2 Decreto Nº 3.607, de 21 de setembro de 2000. ... 11

3.6.3 Portaria MMA Nº 43, de 31 de janeiro de 2014. ... 11

3.6.4 Portaria Nº 443, de 17 de dezembro de 2014. ... 12

3.7 Lauraceae ... 12

3.7.1 O gênero Mezilaurus Taub... 12

3.7.1.1 Mezilaurus itauba (Meisn.) Taub. ex Mez ... 13

4 MATERIAL E MÉTODOS ... 15

4.1 Caracterização da área ... 15

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4.3 Análise dos Dados ... 16

4.3.1 Análise Estrutural ... 16

4.3.2 Estudo de caso de itaúba ... 18

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO ... 20

5.1 Aspectos florísticos ... 21

5.2. Estudo fitossociológico... 22

5.3 Similaridade florística entre as áreas exploradas ... 24

5.4 Distribuição diamétrica ... 25

5.3 O problema de itaúba (Mezilaurus itauba) ... 27

5.4 Guia básico de identificação em campo de M. itauba, M. synandra e M. duckei ... 31

6 CONCLUSÃO ... 34

6 REFERÊNCIAS ... 35

7 ANEXO ... 45

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Curva de acumulação de espécies (a) e curva de acumulação das famílias botânicas (b). ... 20 Figura 2. Nível de identificação dos 14.426 indivíduos amostrados no ambiente florestal estudado. Amazonas, Brasil. ... 21 Figura 3. As cinco principais famílias com maior número de gênero (A) e número de indivíduos (B). ... 23 Figura 4. Dendrograma de dissimilaridade de Bray-Curtis, para as áreas exploradas em diferentes anos. ... 25 Figura 5. Distribuição dos 14.426 indivíduos por classe diamétrica (DAP < 10 cm) amostrados no ambiente florestal estudado. Amazônia Central, Amazonas, Brasil. ... 26 Figura 6. Distribuição dos indivíduos arbóreos, em porcentagem, de Mezilaurus spp. em classes de diâmetro. ... 26 Figura 7. Indivíduos identificados em campo como itaúba (M. itauba). ... 27 Figura 8. Mapa de distribuição de M. duckei, M. itauba e M. synandra coletados nos municípios de Itacoatiara, Silves e Itapiranga, Amazonas, Brasil. ... 29 Figura 9. Mezilaurus duckei, A: tronco, B: face adaxial da folha, C: face abaxial da folha, D: ramo da folha, E: pecíolo. ... 31 Figura 10. Mezilaurus itauba, A: tronco, B: face adaxial da folha, C: face abaxial da folha, D: ramo da folha, E: pecíolo. ... 32 Figura 11. Mezilaurus duckei, A: tronco, B: face adaxial da folha, C: face abaxial da folha, D: ramo da folha, E: pecíolo. ... 33

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Lista das categorias de ameaças conforme a IUCN. ... 8 Tabela 2. Parâmetros fitossociológicos (DR-densidade relativa; DoR- dominância relativa; FR-frequência relativa) das 10 famílias com maior Valor de Importância (VI). ... 23 Tabela 3. Parâmetros fitossociológicos (DR-densidade relativa; DoR-dominância relativa; FR-frequência relativa) das 10 espécies de maior VI (valor de importância) ... 24

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Resumo

Análise florística e estrutural de uma área de manejo florestal no

Amazonas: estudo de caso de Mezilaurus itauba (Meisn.) Taub. ex Mez

A floresta amazônica é considerada a maior reserva de floresta tropical contínua do mundo e em razão de sua extensão e a complexidade associada à realização de inventários florestais, a mesma possui muitas lacunas sobre seu conhecimento. Com o objetivo de ampliar esse conhecimento, foi realizada a caracterização e a análise da estrutura horizontal da comunidade de vegetação arbórea em floresta de terra firme na região de Itacoatiara, Silves e Itapiranga, no estado do Amazonas (AM). Trata-se de uma área de concessão de manejo florestal pertencente à empresa Precious Woods Amazon (Mil Madeiras da Amazônia). Os dados utilizados são decorrentes de inventário florestal, realizado no ano de 2010 pela equipe do Laboratório de Manejo Florestal (LMF) localizado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). Foram registrados 14.426 indivíduos arbóreos, distribuídos em 236 espécies, 157 gêneros e 55 famílias botânicas. Desses indivíduos, 4.835 foram determinados em nível específico, 8.098 em nível genérico, 1.288 apenas como família, 175 somente por nome popular e 30 registros não tem qualquer identificação. As famílias com maior diversidade de gênero foram: Fabaceae (26), Euphobiaceae (10), Annonaceae (7), Apocynaceae (7) e Arecaceae (7). As cinco famílias que apresentaram maior número de indivíduos foram: Sapotaceae (1.908), Lecythidaceae (1.759), Burseraceae (1.414), Fabaceae (1.380) e Lauraceae (1.056) totalizando mais de 52% dos indivíduos amostrados. Tais famílias foram seguidas de Chrysobalanaceae (753), Arecaceae (707), Annonaceae (666), Euphorbiaceae (516) e Moraceae (472). As dez famílias citadas perfazem, aproximadamente 80% dos indivíduos encontrados na área. Por outro lado, Ebenaceae, Calophyllaceae, Ochnaceae e Bixaceae contribuíram com apenas um indivíduo cada. As curvas de acumulação de espécies (curva do coletor), tanto para as espécies como para famílias botânicas, demonstraram que as amostragens foram suficientes para caracterizar a composição florística da área de estudo. Com a inclusão das 12 últimas parcelas (10% da área amostrada), houve um incremento de apenas seis espécies (1,9% da riqueza da área) e de apenas uma nova família botânica (0,6%). Foi possível observar a formação de dois grupos com similaridade em torno de 45% pelo método de agrupamento UPGMA. Não foi observada nenhuma relação de agrupamento desses dois grupos com os anos da exploração, contudo, há uma relação

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bem clara entre os grupos e a riqueza de espécies. A diversidade da área de estudo, de acordo com o índice de Shannon (H’), foi de 4,12 ± 0,08 demonstrando uma grande diversidade de espécies em comparação com outros estudos realizados na Amazônia. A distribuição diamétrica dos indivíduos seguiu o padrão típico encontrado em florestas naturais tropicais, denominado “J reverso”. Na presente dissertação, foi realizado também estudo de caso com a espécie Mezilaurus itauba, inclusa na lista de espécies ameaçadas de extinção da IUCN. O objetivo foi verificar se as árvores identificadas no inventário florestal com o nome de M.s itauba correspondiam exatamente a esta espécie ou a outras e quantas espécies estavam incluídas com essa identificação. Foram realizadas coletas de material botânico dos espécimes citados pelas madeireiras como M. itauba para a confirmação da identificação. Foram obtidas 72 amostras, deste total, 40% foram da espécie M. duckei (29 indivíduos), 38% de M. itauba (27 ind.), 18% de M. synandra (13 ind.), Licaria sp 1. (3%) e Licaria sp 2. (1%). A distribuição diamétrica dos indivíduos de Mezilaurus spp. também seguiu o padrão exponencial negativo, porém as duas primeiras classes apresentaram valores muito semelhantes. Segundo os critérios da IUCN (2001) M. synandra deve ser considerada Menos Preocupante (LC), pois apresenta ampla distribuição e em diferentes habitats no Brasil. Mezilaurus duckei é restrita ao estado do Amazonas e apesar da contribuição do presente estudo, a mesma ainda possui poucas coletas. Devido a sua distribuição estreita, necessita de um estudo mais aprofundado, devendo a espécie ser considerada como Dados Deficientes (DD). A espécie M. itauba deve deixar de ser considerada Vulnerável (VU) e passar a ser categorizada como Menos Preocupante (LC), pois apresenta ampla distribuição no Brasil e em outros países amazônicos.

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Abstract

Floristic and structural analysis of a forest management area in

Amazonas: case study of Mezilaurus itauba (Meisn.) Taub. ex Mez

The Amazon rainforest is the largest tropical rainforest reserve the world and because of its extension and the complexity associated with forest inventories, it has many gaps about its knowledge. In order to increase this knowledge, characterization and analysis of the horizontal structure of the tree vegetation community in “terra firme” forest in the Itacoatiara, Silves and Itapiranga region, in the state of Amazonas (AM) was carried out. It is an area of concession of forest management belonging to Precious Woods Amazon company. The data used are derived from forest inventory, carried out in 2010 by the Forest Management Laboratory (LMF) team located at the National Institute of Amazonian Research (INPA). There were 14,426 arboreal individuals, distributed in 236 species, 157 genera and 55 botanical families. From these individuals, 4,835 were determined at specific level, 8,098 at generic level, 1,288 only as a family, 175 only by popular name and 30 samples have no identification. The families with the greatest genera diversity were: Fabaceae (26), Euphobiaceae (10), Annonaceae (7), Apocynaceae (7) and Arecaceae (7). The five families that presented the highest number of individuals were: Sapotaceae (1,908), Lecythidaceae (1,759), Burseraceae (1,414), Fabaceae (1,380) and Lauraceae (1,056) a total of more than 52% of the individuals sampled. Such families were followed by Chrysobalanaceae (753), Arecaceae (707), Annonaceae (666), Euphorbiaceae (516) and Moraceae (472). The ten mentioned families totalize approximately 80% of the individuals found in the area. On the other hand, Ebenaceae, Calophyllaceae, Ochnaceae and Bixaceae contributed with only one individual each. The species accumulation curves (collector curve) for both species and botanical families showed that the samplings were sufficient to characterize the floristic composition of the study area. With the inclusion of the last 12 plots (10% of the sampled area), there was an increase of only six species (1.9% of area wealth) and only one new botanical family (0.6%). It was possible to observe the formation of two groups with similarity around 45% by the grouping method UPGMA. No association between these two groups was observed within the years of the exploration, however, there is a clear relationship between the groups and the species richness. The diversity of the study area, according to the Shannon index (H '), was of 4,12 ± 0,08 demonstrating a great diversity of species in

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comparison with other studies realized in the Amazon. The diameter distribution of the individuals followed the typical pattern found in tropical natural forests, called "Reverse J". In this dissertation, a case study was also carried out with the species Mezilaurus itauba, included in the list of endangered species of IUCN. The objective was to verify if the identified trees in the forest inventory to the name of M. itauba corresponded exactly to this species or to others and how many species were included in this identification. Collections of botanical material from the specimens cited by the loggers as M. itauba were carried out to confirm the identification. A total of 72 samples were obtained, of which 40% were of the species M. duckei (29 individuals), 38% of M. itauba (27 ind.), 18% of M. synandra (13 ind.), Licaria sp 1. (3%) and Licaria sp 2. (1%). The diameter distribution of the individuals of Mezilaurus spp. also followed the negative exponential pattern, but the first two classes showed very similar values. According to the criteria of IUCN (2001) M. synandra should be considered Least Concern (LC), because it presents a wide distribution and in different habitats in Brazil. Mezilaurus duckei is restricted to the state of Amazonas and despite the contribution of the present study, it still has few collections. Due to its narrow distribution, it needs further study, and the species should be considered as Data Deficient (DD). The M. itauba species should no longer be considered Vulnerable (VU) and should be categorized as Least Concern (LC), since it has a wide distribution in Brazil and other Amazonian countries.

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1 INTRODUÇÃO

A floresta amazônica detém uma das maiores biodiversidades do mundo, contudo, pouco ainda se sabe sobre as espécies que a compõem, com estimativas pouco confiáveis em relação ao número de espécies presentes (Carneiro 2004). Muitas áreas permanecem sem inventários, espécies novas ainda estão sendo descobertas (Ribeiro et al. 1999). Steege et al. (2016) listaram 11.676 espécies de árvores para a Amazônia, contudo, Cardoso et al. (2017) citaram apenas 6.727 espécies arbóreas. Tais divergências, nas estimativas de número de espécies, evidenciam a dificuldade de quantificar a diversidade de plantas da Amazônia e sua distribuição e isso deve-se principalmente a baixa densidade de coletas (Hopkins 2007).

O conhecimento florístico e fitossociológico das florestas são condições essenciais para a conservação de diversidade. A adequada identificação e o conhecimento dos seus padrões de distribuição são informações básicas para a eficácia na execução de projetos de manejo e outros projetos florestais de caráter sustentável e, consequentemente, para a conservação e preservação das espécies ameaçadas (Oliveira e Amaral 2004). Por essa razão, as atividades de manejo direcionadas à Amazônia precisam ser respaldadas no conhecimento dos seus ecossistemas, contribuindo assim para a valorização, conservação e uso racional de sua riqueza florestal (Carneiro 2004).

A identificação correta de uma árvore é uma atividade fundamental em qualquer área da ciência que envolva plantas, caso contrário, os dados gerados perdem seu valor científico. Considerando a extensão geográfica da Amazônia e o alto índice de biodiversidade, a identificação botânica torna-se uma atividade muito complexa, porém, extremamente relevante no processo de conhecimento dos componentes vegetais dessa biodiversidade (Martins-da-Silva 2002).

Em áreas de manejo florestal, a identificação correta de uma árvore é obrigatória, está prevista em Lei. De acordo com a Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA), de 02 de fevereiro de 2009, deve-se adotar procedimentos técnico-científicos para garantir a verdadeira identidade das espécies florestais da Unidade de Manejo Florestal (Brasil. Resolução Nº 406, de 02 de fevereiro de 2009). Porém, os inventários florestais são frequentemente baseados em nomes vernaculares (populares), sendo que estes variam bastante de uma região para outra, e até em um mesmo local, provocando confusão e, às vezes, até mesmo erros irreparáveis. Neste caso,

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não existe uma padronização entre as nomenclaturas vernacular e científica, podendo uma espécie receber diversos nomes populares, bem como várias espécies podem ser designadas pelo mesmo nome popular (Martins-da-Silva 2002).

Na Amazônia para agilizar o processo, as madeiras são identificadas através de características externas, assim como a cor, textura e cheiro associadas a nomes populares. Por essa razão, espécies de diferentes gêneros e até mesmo famílias podem ser comercializadas como sendo a mesma espécie. Tais falhas geram sérios problemas na utilização da matéria-prima e prejuízos gerados a biodiversidade florestal (Daly 2007; Zenid e Ceccantini 2007).

Mezilaurus itauba (Meisn.) Taub. ex Mez (itaúba), é uma das espécies mais exploradas da região amazônica devido à alta resistência e durabilidade de sua madeira (Vicentini et al. 1999; Souza e Lorenzi 2008). Todas as espécies do gênero Mezilaurus podem ser chamadas de itaúba, o que dificulta uma análise mais precisa sobre sua distribuição e exploração (Franciscon e Miranda 2018).

Nesse contexto, foi realizado um estudo na empresa Mil Madeiras Preciosas, localizada entre os municípios de Itacoatiara, Silves e Itapiranga, no estado do Amazonas, com objetivo de descrever a composição florística e estrutural da área e realizar um de caso M. itauba. No estudo foram coletadas 72 amostras identificadas por itaúba, entre elas, três espécies de Mezilaurus e duas de Licaria. Para facilitar a identificação das espécies de Mezilaurus foi elaborado um guia básico em campo.

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2 OBJETIVOS

2.1 Geral

Analisar a composição florística e estrutural da floresta amazônica em uma área manejada empresarialmente na região de Silves, Itapiranga e Itacoatiara – AM.

2.2 Específicos

• Descrever a estrutura horizontal das espécies e a diversidade em uma área de manejo florestal;

• Com base no inventário preliminar, verificar se os indivíduos identificados como M. itauba está correta;

• Elaborar um guia básico de identificação em campo com características diagnósticas para as espécies de Mezilaurus encontradas no estudo identificadas como M. itauba.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 A Amazônia

A floresta amazônica é considerada a maior reserva de floresta tropical contínua do mundo (Higuchi et al. 2006). Abrigando uma enorme diversidade vegetal onde cada um de seus diferentes ambientes florestais possui um quantitativo florístico rico e variado, muitas vezes exclusivo de determinado ambiente (Oliveira e Amaral 2004).

O bioma Amazônia estende-se do oceano Atlântico às encostas orientais da Cordilheira dos Andes, até aproximadamente 600 m de altitude, inclui nove países da América do Sul. São eles: Bolívia, Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Peru, Colômbia, Venezuela, Equador e Brasil, sendo que ao ultimo pertence 69% da área total (Ab'Saber 1977).

No Brasil, esse bioma abrange os estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia e Roraima e parte dos estados de Maranhão, Mato Grosso e Tocantins, abrangendo mais de 4.000.000 km2 (INPE 2004). Na Amazônia existem duas estações do ano bem definidas, a estação chuvosa e a estação seca; a temperatura média anual na Amazônia é 25ºC, sendo a temperatura máxima varia de 37 a 40 ºC. Quanto aos solos, são classificados como latossolos amarelos e podzólicos vermelho-amarelo, considerados pobres em nutrientes (TCA 1992).

A formação vegetacional amazônica é composta por três tipos distintos: floresta de terra firme, matas de várzea e igapó e campinas ou campinaranas. Florestas de terra firme são áreas que não sofrem alagamentos periódicos. As matas de várzea são áreas da floresta que sofrem inundações periódicas por rios de água branca e igapó de água clara ou preta. Campinas e campinaranas são formações mais abertas, com vegetação distribuída de forma esparsa, sobre solo arenoso (Hopkins 2005).

O desmatamento das florestas tropicais é o segundo maior desencadeador de mudanças climáticas no planeta, aumentando de 17 a 20% o total de emissões de gases do efeito estufa ao longo dos anos (Gullison et al. 2007; Strassburg et al. 2010). As estimativas de extinção de espécies de plantas na Amazônia vão de 5% a 9% até 2050, com redução de hábitat de 12% a 33% até 2030 (Hubbell et al. 2008).

Em razão da extensão da Amazônia e complexidade associada à realização de inventários florestais nessa região, parte considerável do bioma ainda necessita de estudos que gerem informações úteis ao seu manejo e conservação (Oliveira et al. 2008).

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3.2 Florística e Fitossociologia

O levantamento florístico é a principal ferramenta para o conhecimento sobre a vegetação de determinada área ou região. Seus resultados fornecem subsídios para estudos taxonômicos, fenológicos, fitossociológicos e ecológicos, bem como para o planejamento de políticas de manejo sustentável e de áreas prioritárias para conservação (Guglieri et al. 2008).

O estudo da vegetação é importante não só para a Taxonomia Vegetal e Fitogeografia, mas também no âmbito de pesquisa aplicada e de gestão, principalmente, como subsídios à silvicultura, manejo de bacias hidrográficas, manejo de fauna, preservação de táxons, conservação do ambiente e interpretação do potencial da terra para uso agropecuário. O conhecimento das funções das comunidades ou dos grupos ecológicos existentes, como produção primária e secundária, relações autoecológicas, bem como as trocas na estrutura, na composição e no padrão espacial são importantes para o manejo das florestas e tratamentos silviculturais (Longhi 1997).

A fitossociologia é o ramo da Ecologia Vegetal que procura estudar, descrever e compreender a associação de espécies vegetais na comunidade (Rodrigues e Gandolfi 1998), identificando os diferentes tipos de vegetação (Felfili e Venturoli 2000). Estes estudos utilizam métodos fundamentados em características fisionômicas e estruturais da vegetação, e são os que melhor a tendem aos requisitos de simplicidade de aplicação e de análise de um maior número de informações conjuntas (Pantoja et al. 1997).

Os resultados das análises estruturais, principalmente a estrutura horizontal (densidade, dominância, frequência, valor de importância e valor de cobertura), permitem fazer deduções sobre origem, características ecológicas, dinamismo e tendências do futuro desenvolvimento da floresta (Hosokawa et al. 1998). Desta forma, a análise florística e estrutural gera dados sobre riqueza e diversidade de uma determinada área. Possibilitando a formulação de teorias e hipóteses que geram resultados que servirão de base para outros estudos (Melo 2004; Rossi & Higuchi 1998).

3.3 Identificação dos indivíduos nos inventários

O método usual de inventário florestal está baseado no conhecimento empírico de nativos conhecedores da área (mateiros ou parataxonomistas). Estas pessoas adquirem seus conhecimentos por meio de ensinamentos que passam de geração em geração ou até criam nomes que os façam lembrar o “tipo” de árvore a qual querem fazer referência,

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comumente não costumam realizar coletas botânicas para conferência. O termo “parataxonomista” foi criado por Daniel Janzen, como um paralelo a "paramédico" (Janzen 1993). “Para” é um prefixo grego que significa “em uma capacidade secundária ou acessória”, ou seja, que trabalham independentemente e compreendem o contexto mais amplo, porém, não têm acesso a conhecimentos taxonômicos como os taxonomistas (Basset 2000).

Normalmente nos inventários florestais para plano de manejo, são adotados apenas nomes vernaculares ou populares na determinação das espécies. O nome científico correspondente, listado pelas empresas madeireiras no inventário comercial, geralmente vem de listas de nomes prováveis para o nome vernacular estabelecido pelo mateiro, proveniente de literatura especializa ou de listas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (IBAMA). Esta correspondência de nomes é feita sem seguir critérios científicos, morfológicos, ecológicos ou de distribuição geográfica das espécies (Procópio e Secco 2008), conforme prevista na legislação ambiental brasileira.

Contudo, os inventários florestais, diferentemente dos inventários florísticos, não têm como objetivo identificar toda a diversidade de espécies vegetais presentes nas florestas, e sim, o propósito de avaliar os recursos existentes principalmente para fins econômicos (árvores lenhosas, na sua maior parte). O método consiste numa amostragem, por meio da mensuração de indivíduos ocorrentes em parcelas de área de tamanho fixo e pré-estabelecido, em que são identificadas as espécies e registrados alguns dados biométricos das plantas. Os resultados numéricos da amostragem são, posteriormente, convertidos para as áreas que representam. De forma que, alguns tipos de espécimes não são captados como: palmeiras, gramíneas, briófitas e etc. (Martins-da-Silva 2002).

O uso do nome popular nos inventários florestais omite a verdadeira ocorrência geográfica das espécies, pois existe grande variação destes nomes associados a diferentes espécies e que mudam conforme a região, a cultura ou ao uso na comercialização (Martins-da-Silva 2002). Os nomes vulgares variam de região para região, uma espécie chega a ter até dez nomes populares e existe ainda a relação de diversos táxons atribuídos a um único nome popular (Camargos et al. 2001; Martins-da-Silva 2002).

A utilização de nomes vernaculares na identificação dos indivíduos vem sendo uma das principais causas do agrupamento das espécies, pois geralmente é observado somente a forma do tronco e da casca para a determinação, que devido a semelhança existente, leva a confusão e exploração de forma indiscriminada das espécies (Kanashiro

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2002; Martins-da-Silva 2002). A madeira conhecida popularmente como “angelim” é um exemplo de como há um agrupamento de espécies referentes a este nome vernacular. Após estudo anatômico da madeira no estado do Pará, foi possível identificar sete espécies distintas da família Fabaceae: Andira surinamensis (Bondt) Splitg. ex Amshoff, Dinizia excelsa Ducke, Hymenolobium excelsum Ducke, H. modestum Ducke, H. pulcherrimum Ducke, H. petraeum Ducke e Vatairea paraensis Ducke (Ferreira et al. 2004).

3.4 Espécies ameaçadas de extinção

Na elaboração da lista vermelha do CNCFlora (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens) foram considerados todas as versões oficiais de listas vermelhas nos âmbitos estadual e nacional, bem como as espécies inseridas na Lista Vermelha Global da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza). Desse modo, foram reavaliadas 4.617 espécies, cujos nomes foram revisados de acordo com o Catálogo de Plantas e Fungos do Brasil (Forzza 2010). Das 4.617 espécies avaliadas, 2.118 (45,9%) foram classificadas como ameaçadas em distintas categorias de risco. Considerando-se o número de espécies avaliado em cada grupo taxonômico, Pteridofita é o grupo mais ameaçado, ao passo que Briófitas é o menos ameaçado, O grupo Gimnosperma é o que tem a maior proporção de espécies com dados insuficientes. A maioria (94,87%) das espécies avaliadas é de Angiospermas (Martinelli e Moraes, 2013). Dentre elas, Asteraceae apresenta o maior número absoluto de espécies (242 de 387), seguida de Bromeliaceae (202 de 371) e Orchidaceae (169 de 439). Entretanto, o número de espécies ameaçadas em cada família tem correlação positiva (R2) e altamente significante (p) está positivamente correlacionado (R² = 0,84; p < 0.0001) com o número de espécies avaliado em cada família. Desse modo quando se considera essa importante relação entre variáveis, outras famílias se destacam, tais como Malpighiaceae, Poaceae e Melastomataceae (Martinelli e Moraes 2013).

Uma análise mais minuciosa das categorias de risco dessas espécies ameaçadas demonstrou que Bromeliaceae apresenta o maior número de espécies consideradas “Criticamente em perigo” (CR), seguida de Orchidaceae e Asteraceae. Já Asteraceae abriga a maior quantidade de espécies consideradas “Em perigo” (EN), seguida de Bromeliaceae e Orchidaceae. Esta última é também a família com o maior número de espécies consideradas “Vulneráveis” (VU), seguida de Asteraceae e Fabaceae. Entre os

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gêneros mais diversos da flora brasileira, Begonia (Begoniaceae), Vriesea (Bromeliaceae) e Xyris (Xyridaceae), apresentaram o maior número absoluto de espécies ameaçadas. Porém, mais uma vez, quando se considera a relação entre o número de espécies ameaçadas e o número de espécies reavaliadas, outros gêneros destacam-se, tais como Mimosa (Fabaceae), Hyptis (Lamiaceae), Mikania (Asteraceae), Chamaecrista (Fabaceae) e Eugenia (Myrtaceae), todos com mais de 50% das espécies avaliadas tidas como ameaçadas (Martinelli e Moraes 2013).

3.5 Entidades atuantes na formação de listas de espécies ameaçadas

3.5.1 IUCN

O Programa de Espécies Globais da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza), que trabalha com a Comissão de Sobrevivência de Espécies da IUCN (SSC), tem avaliado o estado de conservação de espécies, subespécies, variedades e até mesmo subpopulações selecionadas em escala global, nos últimos 50 anos. O objetivo destes estudos para é destacar os táxons ameaçados de extinção e, assim, promover a sua conservação.

A Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN™ fornece informações taxonômicas, de status de conservação e distribuição em plantas, fungos e animais que foram avaliados globalmente usando as categorias e critérios da Lista Vermelha da IUCN. Este sistema é projetado para determinar o risco relativo de extinção e o objetivo principal da Lista Vermelha da IUCN é catalogar e destacar as plantas e animais que enfrentam um risco maior de extinção global, além de incluir espécies já extintas (Tabela 1):

Tabela 1. Lista das categorias de ameaças conforme a IUCN.

Criticamente em Perigo – CR:

quando as melhores evidências disponíveis indicam que se atingiu qualquer um dos critérios quantitativos para Criticamente em Perigo, e por isso considera-se que a espécie está enfrentando risco extremamente alto de extinção na natureza;

Em Perigo – EM: quando as melhores evidências disponíveis indicam que se atingiu qualquer um dos critérios quantitativos para em Perigo, e por isso considera-se que a espécie está enfrentando risco muito alto de extinção na natureza; Vulnerável – VU: quando as melhores evidências disponíveis indicam que se atingiu qualquer um dos critérios quantitativos para

Vulnerável, e por isso considera-se que a espécie está enfrentando risco alto de extinção na natureza.

A lista vermelha da IUCN Inclui também informações de espécies classificadas como:

(23)

Extintas – EX: quando não restam quaisquer dúvidas de que o último indivíduo da espécie tenha desaparecido;

Extintas na Natureza – EW:

quando a sobrevivência da espécie é conhecida apenas em cultivo, cativeiro ou como populações naturalizadas fora da sua área de distribuição natural;

Dados Insuficientes – DD: quando não há informação adequada sobre a espécie para fazer uma avaliação direta ou indireta do seu risco de extinção, com base na sua distribuição e/ou estado populacional;

Quase Ameaçada de

Extinção – NT:

quando, ao ser avaliada pelos critérios, a espécie não se qualifica atualmente como Criticamente em Perigo, Em Perigo ou Vulnerável, mas se aproxima dos limiares quantitativos dos critérios, sendo provável que venha a enquadrar-se em uma categoria de ameaça em futuro próximo;

Menos Preocupantes – LC:

quando a espécie, não se qualifica como CR, EN, VU ou NT, possuem baixo risco de extinção são classificadas (só aparecem nas listas a partir de 2003, com exceção de algumas que foram listadas em 1996);

Não Foram Avaliadas – NE:

espécie não avaliada pelos critérios de avaliação de risco definidos.

Análises aprofundadas dos dados contidos na Lista Vermelha da IUCN são publicadas periodicamente (geralmente pelo menos uma vez a cada quatro anos). Os resultados dessas análises estão disponíveis em publicações disponibilizadas na página da IUCN (International Union for Conservation of Nature – IUCN 2017).

3.5.2 CITES

A CITES (Convenção sobre o Comércio Internacional de Espécies Ameaçadas de Fauna e Flora Selvagens) é um acordo internacional entre os governos. Seu objetivo é garantir que o comércio internacional de espécimes de animais selvagens e plantas não ameace sua sobrevivência. “Este documento/esta convenção” foi redigida como resultado de uma resolução adotada em 1963 em uma reunião de membros da IUCN. O texto da convenção foi finalmente acordado em uma reunião, ocorrida em Washington, D.C., Estados Unidos da América, com representantes de 80 países, em 3 de março de 1973. No entanto, somente em 1 de julho de 1975, este acordo entrou em vigor. Embora a CITES seja juridicamente vinculativa para as partes (Estados), a mesma não substitui as

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leis nacionais. Em vez disso, fornece um quadro a ser respeitado por cada parte, que deve adotar sua própria legislação nacional para garantir que a CITES seja implementada (CITES 2017).

3.5.3 CNCFlora

Em 2009, o Governo Federal, junto ao Ministério do Meio Ambiente (MMA), designou o Jardim Botânico do Rio de Janeiro – por meio da Instrução Normativa nº 6, de 2008 – para coordenar a elaboração e a revisão da Lista Oficial das Espécies Ameaçadas da Flora Brasileira. Isso foi possível por intermédio do Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora). Atendendo à demanda do MMA, o CNCFlora vem mediante este documento descrever o processo de elaboração da Lista Oficial das Espécies Ameaçadas da Flora Brasileira (Moraes e Kutschenko 2011).

O Centro Nacional de Conservação da Flora (CNCFlora) tem a missão de fornecer ao Ministério do Meio Ambiente, e a outras instâncias do governo brasileiro, informação técnica e científica para nortear decisões políticas relacionadas à conservação da flora brasileira (CNCFlora, 2017). Criado no final de 2008, o CNCFlora integra a Diretoria Pesquisas do Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro. O CNCFlora surgiu com a missão de prevenir a extinção de espécies da flora brasileira, conforme estabelecido na Portaria MMA nº 401 de 11 de setembro de 2009 (JBRJ 2014).

Houve algumas dificuldades históricas no preparo dessa lista no Brasil (Scarano e Martinelli 2010). A primeira barreira foi pelo fato de nenhum inventário nacional ter sido disponibilizado desde a publicação da Flora Brasiliensis por Martius, no século XIX, o que aumenta a importância desse tipo de obra (Mittermeier e Scarano 2013).

3.6 Legislação

Neste tópico serão citados alguns decretos, resoluções e portarias que tratam sobre o manejo florestal, comércio e conservação das espécies no Brasil.

3.6.1 Resolução Nº 406, de 02 de fevereiro de 2009.

Estabelece parâmetros técnicos a serem adotados na elaboração, apresentação, avaliação técnica e execução de Plano de Manejo Florestal Sustentável PMFS com fins madeireiros, para florestas nativas e suas formas de sucessão no bioma Amazônia.

Art. 20. É obrigatória a adoção de procedimentos técnico-científicos para a identificação botânica das espécies florestais manejadas, de modo a garantir identidade

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entre seus nomes científicos e nomes vulgares praticados na Unidade de Manejo Florestal (UMF).

Parágrafo único. No ato da emissão da AUTEX é obrigatória a identificação das espécies a serem exploradas pelo respectivo nome cientifico (Brasil. Resolução Nº 406, de 02 de fevereiro de 2009).

3.6.2 Decreto Nº 3.607, de 21 de setembro de 2000.

Dispõe sobre a implementação da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção – CITES.

“Considerando a necessidade de serem adotadas medidas no sentido de assegurar o cumprimento das disposições contidas na Convenção, com vistas a proteger certas espécies contra o comércio excessivo, para assegurar sua sobrevivência” (Brasil. Decreto Nº 3.607, de 21 de setembro de 2000).

3.6.3 Portaria MMA Nº 43, de 31 de janeiro de 2014.

Institui o Programa Nacional de Conservação das Espécies Ameaçadas de Extinção-Pró-Espécies, com o objetivo de adotar ações de prevenção, conservação, manejo e gestão, com vistas a minimizar as ameaças e o risco de extinção de espécies.

Art. 2º Para fins do Pró-Espécies entende-se por:

I – espécies ameaçadas: aquelas cujas populações e/ou habitats estão desaparecendo rapidamente, de forma a colocá-las em risco de tornarem-se extintas;

II – categorias utilizadas no método de avaliação de risco de extinção de espécies, de acordo com as definições e critérios da União Internacional para Conservação da Natureza –IUCN, em conformidade com a legislação nacional e nos termos da Convenção sobre Diversidade Biológica – CDB: Extinta na Natureza (EW), Criticamente em Perigo (CR), Em Perigo (EN), Vulnerável (VU), Quase Ameaçada de Extinção (NT), Menos Preocupante (LC), Dados Insuficientes (DD), Não aplicável (NA), Não Avaliada (NE) (Brasil. Portaria MMA Nº 43, de 31 de janeiro de 2014).

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3.6.4 Portaria Nº 443, de 17 de dezembro de 2014.

Inclui Mezilaurus itauba na Lista Nacional Oficial de Espécies da Flora Ameaçadas de Extinção, categoria Vulnerável (Brasil. Portaria Nº 443, de 17 de dezembro de 2014).

3.7 Lauraceae

A família Lauraceae Juss., possui distribuição pantropical sendo bem representada na América, Ásia tropical, Austrália e Madagascar e pouco expressiva no sul da África (Rohwer 1993). Compreende cerca de 68 gêneros e 2.978 espécies (The Plant List 2013). No Brasil ocorrem 24 gêneros e 438 espécies, deste total, 231 são endêmicas e habitam em sua maior parte as Florestas Pluviais, além de Restingas e Cerrados (Barroso 2002; Quinet et al. 2015).

A família é representada predominantemente por árvores (com exceção do gênero Cassytha cujas plantas são trepadeiras parasitas) e, em geral, aromática (van der Werff 1991; Quinet e Andreata 2002). Em termos econômicos, Lauraceae está entre as famílias mais importantes, pois apresenta diversas espécies utilizadas mundialmente para fins alimentícios, como: o abacate (Persea americana Mill.) e a canela (Cinnamomum zeylanicum Blume). A madeira das Lauraceae também é amplamente explorada em diversas regiões para diferentes finalidades devido a sua alta durabilidade e resistência, como nos gêneros: Ocotea, Nectandra e Mezilaurus (Vicentini et al. 1999).

Lauraceae é considerada uma das famílias de Angiospermas, na região neotropical, mais difíceis para identificação, principalmente, devido à arquitetura floral ser complexa e de tamanho reduzido (Baitello 2001). Como consequência, vários são os inventários em que espécimes da família não possuem identificação específica (Caiafa e Martins 2007; Thomaz e Monteiro 1997).

3.7.1 O gênero Mezilaurus Taub.

Mezilaurus possui porte arbóreo ou arbustivo com 18 espécies. Sua distribuição é exclusiva da região tropical da América do Sul. A maioria de suas espécies ocorre na região amazônica, entre os paralelos do Equador e o de Capricórnio, podendo ser encontradas desde a Colômbia, Venezuela, Equador, Peru, Bolívia, Suriname, Guiana, Guiana Francesa até o sudeste do Brasil (Alves 2011; van der Werff 1987). Mezilaurus é uma homenagem ao botânico alemão e estudioso da família Lauraceae: Carl Christian Mez (1866 – 1944) (Stafleu e Cowan 1981; Quattrocchi 2000). Na Amazônia, itaúba

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(Mezilaurus spp.) é a madeira preferida para construção de embarcações devido a sua alta durabilidade e resistência (Ribeiro 1997).

Mezilaurus pode ser distinguido dos outros gêneros de Lauraceae pelas folhas congestas no ápice dos ramos, em decorrência de seu crescimento rítmico apositivo, inflorescências do tipo duplo racemo (dibótrio), flores bissexuadas, três estames férteis – representando a série III do androceu – anteras biloceladas, eretas, ausência de glândulas nas flores e cúpula de pateliforme a plana com tépalas persistentes (Alves e Souza 2013).

3.7.1.1 Mezilaurus itauba (Meisn.) Taub. ex Mez

Mezilaurus itauba é uma espécie arbórea, popularmente conhecida como louro-itaúba, louro-itaúba, abacate, amarela, grande, preta, itaúba-verdadeira e itaúba-vermelha (Jankowsky 1990). Possui as sinonímias: Acrodiclidium anacardioides Meisn., Acrodiclidium itauba Meisn., Endiandra itauba(Meisn.) Benth. e Hook. f., Mezilaurus anacardioides (Meisn.) Taub. ex Mez, Oreodaphne hookeriana Meisn., Silvia ita-uba(Meisn.) Mez (Tropicos 2017).

Pode ser encontrada no Brasil, Bolívia, Perú, Equador, Colômbia, Venezuela, Suriname e Guianas (Alves 2011). No Brasil ocorre pelos estados do Norte e em Mato Grosso no Centro-Oeste (Quinet et al. 2015).

Trata-se de uma das espécies com maior valor comercial devido à sua madeira ser amplamente explorada em planos de manejo florestal (Amaral et al. 2012; Garcia et al. 2012; Lorenzi 1998). Por essa razão, foi inclusa na lista vermelha da IUCN em 2011 e na lista vermelha do CNCFlora como vulnerável, critério: A4cd em 2012 (CNCFlora 2018).

Mezilaurus itauba pode alcançar até 50 m de altura, desenvolvendo-se em floresta de terra firme, igapó e matas de várzea, com distribuição abundante, porém com dispersão descontinua. O florescimento ocorre entre os meses de março a abril e os frutos amadurecem durante os meses de junho a agosto, sendo muito consumidos pela avifauna (Lorenzzi 1998).

Possui folhas reunidas no topo dos ramos, cartáceas ou coriáceas, glabras na maturidade, elípticas ou obovadas até 31,5 cm de comprimento. Inflorescência axilar, subterminal. Flores pubescentes, frutos elipsoides com cúpula (van der Werff 1987). Amaral et al. (2009) citaram a espécie como sendo de estágio sucessional secundário tardio com dispersão zoocórica. A espécie apresenta cerne amarelo-esverdeado, quando recém-serrada, tornando-se castanho-esverdeado-escuro; cheiro agradável, levemente

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adocicado, e gosto imperceptível; densidade alta; grã ondulada ou revessa; textura média; superfície irregularmente lustrosa (IPT 1983).

“Itaúba” significa madeira de pedra e é preferida para a construção de estruturas de embarcações na Amazônia, devido sua alta resistência e durabilidade (Alves 2011; Huber 1909; Vicentini et al. 1999). Considerada altamente resistente ao ataque da broca marinha e razoavelmente resistente aos cupins (Berni et al. 1979). Foi relatada por Spruce em 1850 como “a espécie que possui a mais valiosa madeira para construção que a Amazônia fornece” (Hooker 1851). Sua madeira é usada também para construção de pontes, postes, na fabricação de móveis e obras portuárias (Hooker 1851; Lisboa et al. 1991; Macgrath et al. 2005).

(29)

4 MATERIAL E MÉTODOS

4.1 Caracterização da área

O estudo foi realizado nas áreas manejadas da empresa Mil Madeiras Preciosas Ltda. do projeto Precious Woods Amazon (PWA). Atualmente, a empresa possui 506.698,60 ha, todos no Estado do Amazonas. As fazendas onde se concentram as atividades da empresa, todas em regime de Manejo Florestal certificado, somam uma área de 209.269,36 ha, e estão localizadas entre os municípios de Itacoatiara, Silves e Itapiranga (PWA 2016).

4.2 Coleta de dados

Os dados utilizados no presente estudo são provenientes de um inventário florestal, realizado pela equipe do Laboratório de Manejo florestal – LMF localizado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPA, no ano de 2010. Foram amostrados todos os indivíduos arbóreos com Diâmetro à Altura do Peito (DAP 1,30 m do solo) ≥ 10 cm. Foram instaladas 119 parcelas de 20 por 125 m (0,25 ha), totalizando 29,75 hectares inventariados. Essas parcelas foram distribuídas em diferentes talhões, explorados em diferentes anos (entre 1995 e 2005) e também na Área de Proteção Ambiental (APA), considerada parcelas controle (não explorada).

A medida do diâmetro dos indivíduos foi anotada em uma ficha de campo e a identificação das espécies (denominação usual) foi realizada por Francisco Quintiliano Reis (vulgo Caroço) e Márcio R. M. Amaral, ambos com vasta experiência na identificação de espécies. Foram observados aspectos como folhas, casca, lenho, exsudações e outras características para o reconhecimento/determinação das espécies. Após este processo, os nomes usuais foram associados aos seus respectivos nomes científicos, baseadas em listas elaboradas pelo próprio laboratório (LMF) a partir de inventários anteriores (como o Projeto Chichuá, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Amazonas – FAPEAM; e Projeto de Dinâmica do Carbono da Floresta Amazônica – CADAF, projeto de cooperação técnica Brasil/Japão). É importante ressaltar que só foram feitas associações para nomes onde havia somente uma opção de nome científico ou de acordo com o conhecimento prévio das espécies existentes na área. Nomes usuais para quais existiam várias opções, foram identificados somente em nível de gênero, família ou ficaram sem determinação científica.

(30)

Assim como citado por Araújo e Silva (2000) apesar da lista ter sido criada com rigor e cautela, e devido à grande quantidade de nomes vulgares associados a científicos, a lista é passível de imprecisões quanto à identificação botânica. Contudo, entende-se, que se houver tais imprecisões isso não compromete o trabalho, pois, estas representariam uma pequena fração, não prejudicando a confiabilidade do estudo como um todo.

4.3 Análise dos Dados

A análise e o processamento de dados constituíram na digitação dos dados das variáveis observadas e mensuradas em campo, sendo tabulados em planilha eletrônica Microsoft Office Excel versão 2010. As análises estrutural e de diversidade, citadas abaixo, foram realizadas no programa R Studio versão 3.1.3.

Foram avaliadas, por meio de agrupamentos, as similaridades florísticas entre as áreas exploradas nos diferentes anos. Também foi calculado o índice de dissimilaridade florística de Bray-Curtis (abundância). O método de ligação utilizada para a construção dos dendrogramas foi: UPMGA (Unweighted Pair Group Method with Arithmetic, em inglês). O grau de cada agrupamento foi calculado por meio do coeficiente de correlação cofenética (Sokal e Rohlf 1962).

Para avaliar a diversidade local, foi calculado o índice de diversidade de Shannon (H’)segundo Magurran (1988). Para a análise da suficiência amostral foi produzida a curva de acumulação de espécies, elaboradas pelo método de aleatorização, com 1.000 permutações. Todos estes índices, bem com os agrupamentos e a curva de acumulação de espécies, foram calculados baseados em nível de famílias botânicas e espécies.

4.3.1 Análise Estrutural

Os parâmetros utilizados para a caracterização da estrutura horizontal foram: Densidade, Dominância, Frequência e o Valor de Importância das famílias e espécies, segundo as fórmulas definidas em Lamprecht (1964), Cain e Castro (1971) e Finol (1969) descritas a seguir:

Densidade (De)

Relaciona o número de indivíduos (ni) por unidade de área ou pelo total de indivíduos da amostra.

(31)

1. Densidade Absoluta (DA): Indica a relação do número total de indivíduos de um táxon por área, obtida pela divisão do número total de indivíduos do táxon encontrados na área amostral (A), por unidade de área:

𝐷𝐴𝑖 = 𝑛𝑖 / 𝐴

2. Densidade Relativa (DR): representa a porcentagem com que um táxon i aparece na amostragem em relação ao total de indivíduos do componente amostrado (N). Representa a probabilidade de, amostrado um indivíduo aleatoriamente, ele pertença ao táxon em questão.

𝐷𝑅𝑖 = (𝐷𝐴𝑖 / ∑ 𝐷𝐴𝑖) ∗ 100 Em que:

ni = número de indivíduos amostrados da i-ésima espécie ou família; A = área amostrada, em hectares.

Dominância (Do)

A dominância é originalmente obtida pela projeção da copa dos indivíduos sobre o solo. Devido à dificuldade para se obter essa medida, ela é substituída pela área basal, sendo expressa por:

1. Dominância absoluta (DoA): Indica a soma das áreas basais dos indivíduos pertencentes a uma espécie ou família, por hectare:

𝐷𝑜𝐴𝑖 = 𝐴𝐵𝑖 / 𝐴

2. Dominância relativa (DoR): Indica a porcentagem da área basal de cada espécie que compõe a área basal total de todas as espécies ou famílias, por unidade de área:

𝐷𝑜𝑅𝑖 = (𝐷𝑜𝐴𝑖 / ∑ 𝐷𝑜𝐴𝑖) ∗ 100 Em que:

ABi = área basal da i-ésima espécie ou família, em m²/ha;

DoRi = dominância relativa da i-ésima espécie, em porcentagem; A = área amostrada, em hectares.

Frequência (Fr)

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1. Frequência absoluta (FA): A porcentagem de quadrados ocupados por um dado táxon i. ou a probabilidade de uma parcela aleatoriamente sorteada conter o táxon i. Expressa a porcentagem de parcelas em que cada espécie ou família ocorrem:

𝐹𝐴𝑖 = 𝑢𝑖 / 𝑢𝑡

2. Frequência relativa (FR): É a porcentagem de ocorrência de uma espécie ou família em relação à soma das frequências absolutas de todas as espécies ou famílias:

𝐹𝑅𝑖 = (𝐹𝐴𝑖 / ∑ 𝐹𝐴𝑖) ∗ 100 Em que:

ui = número de unidades amostrais em que a i-ésima espécie está presente; ut = número total de unidades amostrais.

Valor de Importância (VI):

O valor de importância foi calculado segundo Mueller-Dombois e Ellemberg (1974), por meio da média da densidade, dominância e frequência relativas, com a finalidade de atribuir uma nota global para cada espécie ou família da comunidade vegetal, sendo expresso por:

𝑉𝐼 = (𝐹𝑅𝑖 + 𝐷𝑅𝑖 + 𝐷𝑜𝑅𝑖) Em que:

FRi = Frequência relativa DRi = Densidade relativa DoRi = Dominância relativa

Valor de Importância (VI%):

𝑉𝐼(%) =𝑉𝐼

3 4.3.2 Estudo de caso de itaúba

Para a confirmação da identificação taxonômica dos indivíduos previamente identificados como itaúba (Mezilaurus itauba) pela equipe de inventário, foram realizadas coletas de material botânico destes indivíduos. Estas coletas ocorreram nos meses de janeiro, abril, junho e agosto. Além das coletas realizadas no local do inventário anterior,

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também foram realizadas coletas nas áreas recém explorada pela madeireira (2018). Todo o material coletado foi depositado nos herbários do INPA (somente os férteis), do Instituto Federal do Amazonas (EAFM/IFAM), e no herbário da Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (CGMS/UFMS).

Após a comparação do material com as exsicatas presentes no herbário do INPA, e em sites especializados como o Species link1 e Trópicos2, o material botânico foi levado para a identificação com o especialista. Os espécimes foram fotografados (tronco, folha, galho). Para a elaboração de um guia básico foram usados dados de literatura especializada (Alves 2011), também foram feitas atualizações dos valores de acordo com os resultados obtidos (Ex: tamanho de folha).

1http://splink.cria.org.br/

(34)

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

As curvas de acumulação de espécies (Figura 1), tanto para as espécies como para famílias botânicas, demonstraram que as amostragens foram suficientes para caracterizar a composição florística da área de estudo. Como o aumento no número de espécie, e de família botânica, foi menor com o acréscimo de mais parcelas, é possível afirmar que a amostragem foi adequada para estimar a riqueza da área do presente estudo. Pois, de acordo com Kersten e Galvão (2011), a suficiência amostral é atingida quando a adição de novas parcelas não altera significativamente o número de espécies observadas. Estes mesmos autores sugerem que um aumento de 10% na área amostral resulte em aumento de pelo menos 5% em novas espécies. Neste sentido, foi possível observar que, com a inclusão das 12 últimas parcelas (10% da área amostrada), houve um incremento de apenas seis espécies (1,9% da riqueza da área) e de apenas uma nova família botânica (0,6%).

A curva de acumulação de espécies apresentou estabilidade a partir da 41° parcela, conforme é apresentado no gráfico (Figura 1a). Para família botânica (Figura 1b), esta estabilidade foi alcançada a partir da 7° parcela instalada. Estas estabilizações ocorrem devido a presença de espécies consideradas como hiperdominantes (Steege 2013), que se repetem com o aumento de novas áreas de amostragem.

(35)

5.1 Aspectos florísticos

Foram registrados 14.426 indivíduos, distribuídos em 236 espécies, 157 gêneros e 55 famílias botânicas. Desses indivíduos, 4.835 foram determinados em nível específico, 8.098 em nível genérico, 1.288 em nível de família, 175 somente por nome popular e 30 desconhecidos (Figura 2). O número de árvores identificadas em nível de espécie é relativamente baixo (apenas 34%) devido à limitação gerada pelo inventário parataxonômico, já que a maioria dos nomes populares pode ser atribuída a mais de um nome científico e vice-versa.

Figura 2. Nível de identificação dos 14.426 indivíduos amostrados no ambiente florestal estudado. Amazonas, Brasil.

Baraloto et al. (2007) em estudo realizado no Acre identificaram 384 nomes comuns para 310 espécies de plantas, das quais apenas 50% eram exclusivos de uma única espécie taxonômica. Cerca de 10% dos nomes comuns se referiam a mais de uma espécie, mais da metade das quais incluía vários gêneros.

Nos inventários florestais a determinação dos indivíduos é realizada fora do sistema de taxonomia tradicional, podendo gerar erros que não podem ser corrigidos, pois, em geral, não são realizadas coletas de material botânico (Krell 2004). A relação entre nome popular e científico não é “1:1”, pois como não se trata de nomenclatura formal, é comum que a associação inclua diversos nomes: a) quando o nome científico

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possui vários nomes populares; e b) quando um nome popular pode ser atribuído a vários nomes científicos.

Para 205 indivíduos que foram identificados apenas por nome popular, não foi possível atribuir nenhuma determinação taxonômica, pois tais nomes podiam ser atribuídos a mais de um nome científico de diferentes famílias, como exemplo: castanha de cutia (Licania longistyla (Hook.f.) Fritsch, Chrysobalanaceae), (Aptandra tubicina (Poepp.) Benth. ex Miers, Olacaceae) e (Casearia javitensis Kunth, Salicaceae). Aproximadamente 9% (1.288) indivíduos foram identificados apenas por família botânica, pois poderiam ser atribuídos a mais de um gênero, como: louro (Aniba sp., Licaria sp. e Ocotea sp.) pertencentes a família Lauraceae.

A diversidade da área de estudo, de acordo com o índice de Shannon (H’), foi de 4,12 ± 0,08. O menor índice de diversidade foi encontrado nas parcelas exploradas em 2004 (3,88), seguida de 2000 (3,93). Os maiores índices de diversidade foram encontrados nas parcelas exploradas em 1995 e 1996, respectivamente com 4,30 e 4,26. Na parcela controle, o índice de diversidade de Shannon foi de 4,20. Os valores obtidos no presente estudo demonstram uma grande diversidade de espécies em comparação com outros estudos realizados na Amazônia. Silva et al. (2011) em estudo realizado em Manaus – AM encontrou um índice de diversidade variando entre 3,8 e 4,22. Contudo, Carneiro (2010) em trabalho realizado na mesma área do presente estudo, encontrou um índice de diversidade de 5,24, no entanto, o mesmo foi realizado com regeneração natural.

5.2. Estudo fitossociológico

As cinco famílias que apresentaram maior diversidade (36,3%) de gênero foram: Fabaceae (26), Euphorbiaceae (10), Annonaceae (7), Apocynaceae (7) e Arecaceae (7) (Figura 3A). Essas famílias são citadas entre as dez de maior diversidade de espécies (Cardoso et al. 2017; Steege et al. 2016). Fabaceae é a terceira maior família de Angiospermas do mundo (Lewis et al. 2005) e considerada a maior família no Brasil

(Lima 2000).

As cinco famílias que apresentaram maior número de indivíduos foram: Sapotaceae (1.908), Lecythidaceae (1.759), Burseraceae (1.414), Fabaceae (1.380), Lauraceae (1.056), totalizando 52,1% dos indivíduos amostrados (Figura 3B). Tais famílias foram seguidas de Chrysobalanaceae (753), Arecaceae (707), Annonaceae (666), Euphorbiaceae (516) e Moraceae (472) totalizando as 10 famílias com maior número de

(37)

indivíduos, aproximadamente 80% do total de indivíduos. Ebenaceae, Calophyllaceae, Ochnaceae e Bixaceae, contribuíram com apenas um indivíduo cada.

Figura 3. As cinco principais famílias com maior número de gênero (A) e número de indivíduos (B).

Independentemente do tamanho da amostragem, realizadas em ambientes amazônicos, poucas famílias apresentam grande número de indivíduos (Carneiro 2004). Este mesmo autor citou que as famílias botânicas: Sapotaceae, Lecythidaceae e Burseraceae estão entre as famílias citadas com maior quantitativo em diversos estudos para a região. Stegee et al. (2013) citaram Arecaceae, Myristicaceae e Lecythidaceae como famílias hiperdominantes.

Tabela 2. Parâmetros fitossociológicos (DR-densidade relativa; DoR- dominância relativa; FR-frequência relativa) das 10 famílias com maior Valor de Importância (VI).

Família DR DoR FR VI Sapotaceae 13,2 15,7 4,1 11,0 Lecythidaceae 12,2 14,2 4,1 10,2 Fabaceae 9,6 10,1 4,1 7,9 Lauraceae 7,3 8,2 4,1 6,5 Burseraceae 9,8 5,6 4,1 6,4 Chrysobalanaceae 5,2 5,6 4,0 4,9 Annonaceae 4,6 2,7 4,0 3,7 Moraceae 3,3 3,6 4,0 3,6 Arecaceae 4,9 1,9 3,8 3,5 Euphorbiaceae 3,6 3,4 3,4 3,5

Entre as espécies com maior Valor de Importância (VI) estão:Protium sp3. com 1.196 indivíduos, Pouteria sp. (964), Eschweilera sp1. (595), Ocotea sp2. (517), Oenocarpus bacaba Mart. (517), Eschweilera sp5. (442) (Tabela 2). Silva et al. (2011),

(38)

em estudo realizado em 15 ha na região de Manaus – AM, citaram como as dez espécies mais abundantes: Protium hebetatum Daly (1.037 indivíduos), Eschweilera coriacea (DC.) S.A.Mori (471), Licania oblongifolia Standl. (310), Pouteria minima T.D.Penn. (293), Ocotea cernua (Nees) Mez (258), Scleronema micranthum (Ducke) Ducke (197), Eschweilera collina Eyma (176), Licania apetala (E.Mey.) Fritsch (172), Naucleopsis caloneura (Huber) Ducke (170) e Psidium guineense Sw. (152).

Tabela 3. Parâmetros fitossociológicos (DR-densidade relativa; DoR-dominância relativa; FR-frequência relativa) das 10 espécies de maior VI (valor de importância)

Espécie DR DoR FR VI Pouteria sp. 7,3 7,7 2,0 5,7 Protium sp3. 9,1 4,5 2,0 5,2 Eschweilera sp1. 4,5 4,6 1,9 3,7 Ocotea sp2. 3,9 4,2 1,9 3,4 Eschweilera sp5. 3,4 3,7 1,7 2,9

Oenocarpus bacaba Mart. 3,9 1,3 1,7 2,3

Eschweilera sp3. 2,5 1,8 1,7 2,0

Scleronema micranthum (Ducke) Ducke 1,8 2,5 1,6 2,0

Minquartia guianensis Aubl. 1,1 3,6 1,1 1,9

Couratari sp. 1,5 2,7 1,6 1,9

Segundo Steege et al. (2013) a Amazônia é dominada por apenas 227 espécies de árvores (1,4% do total) consideradas comuns e representam a metade de todas as árvores na Amazônia. Em contrapartida, 11 mil espécies são consideradas raras e representam apenas 0,12% das árvores.

5.3 Similaridade florística entre as áreas exploradas

De acordo com os resultados das análises de dissimilaridade de Bray-Curtis, e pelo método de agrupamento UPGMA (Figura 4), foi possível observar a formação de dois grupos com similaridade em torno de 45%. No entanto, não foi verificada nenhuma relação de agrupamento desses dois grupos com os anos da exploração. Verificou-se uma relação entre os dois grupos e a riqueza de espécies. O primeiro grupo, de 2002 até o controle, possui uma quantidade maior de espécies, com valores variando de 135 a 171 espécies. O segundo grupo, de 2004 a 1996, com menor quantidade de espécies, variando de 84 a 123 espécies. Sendo o controle o de maior riqueza (171 espécies) e o ano de 2004 o de menor (84 espécies).

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A correlação cofenética do agrupamento mostrou uma boa correlação (Análise Cofenética = 0,73). De acordo (Rohlf 1970), correlações abaixo de 0,70, apresentam inadequações no grau de agrupamento.

Figura 4. Dendrograma de dissimilaridade de Bray-Curtis, para as áreas exploradas em diferentes anos.

5.4 Distribuição diamétrica

A distribuição diamétrica dos indivíduos arbóreos inventariados, com DAP ≥ 10 cm, seguiu o padrão típico encontrado em florestas naturais tropicais, ou seja, distribuição exponencial negativa (Figura 5). Este comportamento corrobora com inúmeros estudos realizados em florestas tropicais (Amaral et al. 2000; Lima-Filho et al. 2001; Oliveira e Amaral 2004; Oliveira et al. 2008).

A primeira classe de DAP (10<20) apresentou 59,7% do total de indivíduos mensurados. Somando apenas as duas primeiras classes de diâmetro (10<20 e 20<30), este valor sobe para 80,9% do total dos indivíduos mensurados. Essa distribuição exponencial negativa é popularmente conhecida como “J reverso”. Isto significa dizer que a maioria das árvores se encontra nas primeiras classes de diâmetro (árvores menores) e diminuem conforme se aumenta a classe (árvores maiores).

Essa tendência pode ser explicada pela dinâmica natural de mortalidade e recrutamento de novos indivíduos à comunidade em decorrência de quedas de árvores nesse ambiente florestal (Phillips et al. 1994), ou devido as espécies próprias de DAP

Di ss imi lari d ad e

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menores, como as palmeiras, relativamente frequentes nessa comunidade vegetal (Oliveira e Amaral 2004).

Figura 5. Distribuição dos 14.426 indivíduos por classe diamétrica (DAP < 10 cm) amostrados no ambiente florestal estudado. Amazônia Central, Amazonas, Brasil.

Figura 6. Distribuição dos indivíduos arbóreos, em porcentagem, de Mezilaurus spp. em classes de diâmetro.

No entanto, quando é avaliado apenas as espécies do gênero Mezilaurus, pode ser observado uma mudança neste comportamento (Figura 6). A segunda classe de DAP (20<30) apresentou porcentagem muito semelhante à classe anterior (10<20) em torno de 37,3% do número de indivíduos.

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5.3 O problema de itaúba (Mezilaurus itauba)

As árvores identificadas no inventário florestal como itaúba foram coletadas, representadas por 72 espécimes. Foram identificados dois gêneros: Mezilaurus (96%), e Licaria com 4%. Do gênero Mezilaurus foram identificadas M. duckeivan der Werff (29 indivíduos, 40%), M. itauba(Meisn.) Taub. ex Mez (27 indivíduos, 38%) e M. synandra

(Mez) Kosterm. (13 indivíduos, 18%). Licaria sp. 1 foi identificado um indivíduo (1%) e dois indivíduos de Licaria sp. 2 (3%) (Figura 7). Entre os indivíduos anteriormente identificados como itaúba, no inventário florestal também foi encontrado um indivíduo de abiurana (Sapotaceae), porém este não foi coletado.

Procópio e Secco (2008) em inventário realizado no estado do Pará identificaram seis espécies de Lecythidaceae denominadas por “tauari”, incluindo dois gêneros diferentes: Couratari (C. guianensis Aubl., C. oblongifolia Ducke & Kunth, C. stellata A.C.Sm. e C. tauari O.Berg) e Cariniana (C. micrantha Ducke e C. decandra Ducke). Os autores citam a importância da devida identificação dos indivíduos para fins comerciais, enfatizando a segurança e aplicabilidade da madeira, para que a relação de confiança entre comprador e vendedor não sejam comprometidos.

Figura 7. Indivíduos identificados em campo como itaúba (M. itauba).

Na Amazônia central, M. itauba é bastante confundida com M. synandra e como a espécie também é conhecida como “itauba” e amplamente encontrada na região de Manaus – AM, sua madeira é provavelmente utilizada para a fabricação de embarcações. Assim como M. duckei, que não possui registro de utilização econômica, mas como a espécie também é conhecida por “itauba” e ocorre na mesma área da espécie mais

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conhecida e amplamente distribuída do gênero, M. itauba, possivelmente sua madeira é explorada, principalmente para fabricação de embarcações (Alves 2011).

Na base de dados Árvore do Ibama, utilizado para a obtenção do Documento de Origem Florestal – DOF, não foram encontradas as espécies M. synandra e M. duckei, o que impede que seu registro de exploração seja comprovado. É provável que essas espécies sejam exploradas e vendidas como M. itauba, que pode ter dados de exploração superestimados, já M. synandra e M. duckei, que é restrita ao estado do Amazonas, possuem dados de exploração subestimados ou desconhecidos.

Mezilaurus itauba foi encontrada nos três municípios estudados e apresentou a segunda maior distribuição no presente estudo (Figura 8). Franciscon e Miranda (2018) em recente trabalho sobre raridade no gênero Mezilaurus consideram que M. itauba não apresenta nenhum tipo de raridade, apesar da mesma já se encontrar na lista vermelha da IUCN (2019), devido ao grande número de sua exploração e redução das populações locais. Os autores acreditam que M. itauba deve deixar de ser considerada ameaçada de extinção, deixado a categoria Vulnerável (VU) e passando a ser classificada como Menos Preocupante (LC). Pois sua distribuição é ampla, além de que provavelmente seus dados de exploração, um dos fatos de sua classificação de risco, são superestimados devido à identificação incorreta, com provável agrupamento de outras espécies do gênero.

Mezilaurus duckei foi coletada nos municípios de Silves e Itapiranga, representando novos locais de ocorrência para a espécie, que totalizou o maior número de indivíduos no estudo (Figura 8). Mezilaurus duckei foi considerada por Franciscon e Miranda (2018) com um maior nível de raridade, apresentado distribuição estreita, habitat restrito e população escassa. Sugerem ainda, um modelo de ocorrência para o médio Rio Negro, incluindo parte do parque Nacional do Pico da Neblina e na região nordeste do estado com possível ocorrência nos municípios de Urucará e Nhamundá, além da região do baixo Amazonas no Pará. Contudo, o modelo não sugere distribuição na região leste do estado, onde foram realizadas as coletas deste estudo. Giulietti et al. (2009) também consideram M. duckei uma espécie rara, porém, citaram apenas a Reserva Florestal Ducke como área de ocorrência, o que não representa sua atual distribuição conhecida. Os autores acreditam que M. duckei deve ser considerada localmente abundante, pois foi amplamente encontrada na área de estudo e totalizou a maior parte das coletas do gênero Mezilaurus no presente trabalho. Quanto ao risco de extinção, a espécie ainda não foi

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