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PROMOÇÃO DA SAÚDE DO IDOSO: INFORMAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO

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Juazeiro do Norte-CE, 17 a 19 de Dezembro de 2012

¹Doutorado em Medicina pela Universidade Federal de São Paulo / Escola Paulista de Medicina, São Paulo, Brasil(2010);Professora auxiliar da Universidade Federal do Ceará, Barbalha, Ceará.;

Coordenadora do Projeto de Extensão Promoção da saúde do idoso: informações e socialização.

eqcallou@gmail.com

²Aluna da Universidade Federal do Ceará do Curso de Medicina do Campus Cariri, Barbalha, Ceará..

juliana_vpinheiro@hotmail.com

³Aluno da Universidade Federal do Ceará do Curso de Medicina do Campus Cariri , Barbalha, Ceará.

saulo.teixeira@hotmail.com

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PROMOÇÃO DA SAÚDE DO IDOSO: INFORMAÇÃO E SOCIALIZAÇÃO

Emmanuela Quental Callou de Sá Juliana Viana Pinheiro Saulo Araújo Teixeira

Introdução/Desenvolvimento

O envelhecimento da população é uma realidade mundial, representado por um crescimento mais expressivo do contingente de pessoas com maior idade em relação aos demais grupos etários. Essa mudança é consequência direta de avanços na medicina e na qualidade de vida, sobretudo com relação às políticas públicas destinadas às pessoas com mais de 60 anos de idade, consideradas idosas pelo Ministério da Saúde1.

No Brasil, devido a transformações sociais intensas ocorridas principalmente nas últimas três décadas, esse envelhecimento se dá de forma acelerada. A cada ano, estima- se que 650 mil novos idosos são incorporados à população brasileira2. A expectativa é que a população com mais de 60 anos no nosso país atinja o número de 32 milhões de pessoas em 2020, representando um aumento de mais de 500% em quarenta anos3. Em países como a Bélgica, por exemplo, foram necessários cem anos para que a população idosa dobrasse de tamanho2.

Justifica-se este envelhecimento populacional em base dos avanços da medicina que permitiram um aumento expressivo da expectativa de vida do brasileiro. Paralelamente a esse processo, ocorreu a fase chamada de “transição epidemiológica”, onde as doenças infecto-parasitárias, antes responsáveis pela maior parcela de morbimortalidade da população foram substituídas pelas doenças crônico-degenerativas, próprias do envelhecimento. Essa transição, a um só tempo, denota um avanço importante, mas também o surgimento de demandas novas entre essa população com uma idade mais avançada4.

A quantidade de pessoas que vão a óbito por neoplasias ou eventos circulatórios, como Acidentes Vasculares Encefálicos (AVEs) ou infartos agudos do miocárdio está crescendo em comparação com os que falecem por diarréias aguda, por exemplo. Com esta mudança na pirâmide etária do país, se faz necessária uma reorganização do sistema de saúde, principalmente no âmbito público, que atende à maior parte dos usuários no Brasil5.

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2 O sistema de saúde, no entanto, não tem considerado o envelhecimento como uma de suas prioridades. O que pode ser visto são índices de morbidade e mortalidade exagerados, relacionados a causas de possível prevenção, o que ajuda a fazer com que a população idosa, que hoje representa cerca de 9% da população, consuma mais de 26%

dos recursos de internação hospitalar no SUS6.

O conceito de saúde do idoso direciona-se mais a promover a autonomia, a qualidade de vida e a valorização pessoal do que propriamente a tratar patologias orgânicas existentes. O Brasil ratificou esse modelo de atenção ao participar do Plano de Madri, de 2002. Os compromissos assumidos, visando à promoção de saúde do idoso, envolvem a sua participação ativa na sociedade, o fomento à saúde e bem-estar na velhice e a criação de um entorno propício e favorável ao envelhecimento7.

O modelo de assistência à saúde vigente no Brasil, que contempla a Estratégia de Saúde da Família (ESF), tem seus princípios voltados para o atendimento da pessoa idosa de forma integral, objetivando a promoção de saúde. Pela territorialidade que norteia o trabalho da equipe do PSF, é possível conhecer os idosos de cada comunidade e atender às demandas de uma forma mais eficiente8.

O presente projeto tem como público-alvo uma população idosa que, por uma série de razões, vive um processo de envelhecimento marcado por doenças e agravos que impõem sérias limitações ao seu bem-estar9. Além de desempenhar uma função social importante ao levar conceitos práticos de promoção de saúde aos idosos atendidos, também se relaciona com componentes curriculares da graduação em medicina – as doenças, seus fundamentos e sua terapêutica - e habilidades pessoais fundamentais ao exercício da profissão médica: comunicação, relacionamento e cuidado.

Neste projeto há a preocupação em abordar as doenças próprias dessa faixa etária e aquelas que se agravam com o decorrer dos anos, possibilitando dessa forma um envelhecimento ativo e saudável, mantendo a capacidade funcional do idoso e ajudando a recuperá-la quando perdida; promovendo educação em saúde e autocuidado;

contribuindo, assim, para a valorização do indivíduo e melhora da sua qualidade de vida através de informações e cuidado10,11.

O objetivo do projeto é promover a saúde do idoso através de atividades que aliem o provimento de informação e o estímulo à socialização dessas pessoas no âmbito da rede pública de saúde, principalmente na atenção básica.

Metodologia/Resultados

A formação da equipe de trabalho do projeto de extensão intitulado “Promoção de saúde do idoso: informações e socialização” resultou de divulgação maciça do projeto no meio acadêmico, através da lista de e-mail do curso de medicina de Barbalha e da afixação de cartazes nos flanelógrafos da biblioteca, convidando os interessados nos temas de saúde da família, práticas de promoção de saúde e geriatria a participarem da reunião de planejamento do projeto com a presença da coordenadora Dra. Emmanuela Quental Callou de Sá.

Catorze alunos se interessaram pela ação de extensão:

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3 1. Amanda Plácido da Silva; 2. Aline Quental Brasil; 3.Camille Abreu Siebra; 4.Ciro de Oliveira Lima; 5. Flávio Gomes de Lima; 6. Francisco Telésforo Celestino Júnior; 7.

Juliana Viana Pinheiro; 8. Karla Hauanna Almeida Chaves; 9. Luciano Barreto Quental; 10. Maiara Mascarenhas Coelho; 11. Paulo Levi Pereira de Olveira; 12. Saulo Araújo Teixeira; 13.Sterfferson Maicon de Oliveira Morais; 14. Venancio Neto Gonçalves; 15. Yuri Carlos Morais

A reunião de planejamento foi facilitada pela coordenadora, Dra. Emmanuela Quental.

Foi montado o cronograma do primeiro semestre de 2012 de março a junho com reuniões de periodicidade quinzenal que abordassem temas relacionados à terceira idade.

1. Abertura; 2. Como cuidar da Hipertensão Arterial; 3. Como cuidar da Diabetes Mellitus; 4. Prevenção de acidentes domésticos; 5. Alimentação balanceada e Exercício Físico; 6. Álcool e tabaco: os vilões do envelhecimento; 7. Encerramento do semestre

Mensalmente a coordenadora envia para o e-mail dos alunos-integrantes artigos científicos relacionados à temática abordada, como objetivo de aprofundar o conhecimento dos alunos acerca dessa população.

Foi realizada uma oficina organizada pelos alunos membros, no sentido de capacitar os integrantes da equipe de trabalho que não eram aptos a aferir a pressão arterial. Além do treinamento desta técnica fundamental no exame físico, foi feita uma explicação teórica sobre a pressão arterial.

As atividades do projeto ocorrem nas dependências da Unidade Básica de Saúde do Alto da Alegria II em Barbalha, Ceará. Este posto tem 714 pessoas cadastradas, sendo desses 395 idosos. Tal proporção de idosos corresponde a aproximadamente 55% da população atendida, corroborando a importância da ação nesta área. No posto de Saúde do Alto da Alegria II, as atividades do projeto são realizadas com os idosos cadastrados no Programa de Saúde da Família da citada unidade de saúde.

Para a adesão do público alvo ao projeto, foi feita divulgação com carro de som da associação de moradores na comunidade durante toda a semana que antecedia a primeira reunião. Convites foram distribuídos para os idosos cadastrados no Posto de Saúde Alto da Alegria II pelas agentes de saúde durante a semana.

Em virtude da facilidade de esquecimento dos idosos, este trabalho de divulgação é feito durante todo o ano com a ajuda das agentes de saúde que entregam os convites com as datas e os temas das reuniões e da Associação de Moradores que através do carro de som anuncia o horário das reuniões no bairro.

Os encontros entre os alunos-integrantes e os idosos atendidos naquela unidade tem duração aproximada de 60 minutos e podem ser divididos em três momentos. Ao chegarem nas dependências do posto, os idosos são cadastrados e tem a pressão arterial aferida. Em seguida, ocorre uma apresentação em formato de palestra permeada por atividades interativas, como dinâmicas e oficinas, contemplando um dos temas propostos abaixo. São utilizados banners, cartazes e dramatizações para conseguir captar a atenção dos idosos e passar a informação com clareza. Ao final, ocorre um café

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4 da manhã, propiciando um momento de confraternização, entre os participantes e objetivando uma maior integração e através do lazer e da descontração.

Decorrente dos inúmeros casos de dengue no bairro Alto da Alegria em Barbalha, a equipe do projeto optou por abordar esta patologia, apesar de não ter sido incluída a princípio no cronograma. A palestra “Conhecendo a dengue” teve como intuito diminuir o número de novos casos, através da educação em saúde.

Em julho de 2012, foi realizada uma nova reunião entre os alunos participantes e a coordenadora do projeto para avaliar os resultados obtidos no primeiro semestre e para organizar os encontros de agosto a dezembro.

1. Abertura; 2. Os mistérios do câncer; 3. Auto-estima: prevenindo a depressão; 4.

Conscientização do exame de próstata; 5. Oficina de exercício mental; 6. O riscos da automedicação;7. Vida sexual saudável na terceira idade; 8. Conhecendo a osteoporose;

9. Encerramento

No dia 1º de outubro, é comemorado Dia do Idoso, em virtude da criação do Estatuto do Idoso nesta data. A equipe de trabalho decidiu fazer uma reunião de confraternização.

Posteriormente foi ministrada uma palestra sobre "A importância do idoso na sociedade".

Observa-se que os idosos, a cada reunião, estão mais sociáveis. Eles fortaleceram os vínculos de amizade com os vizinhos, passando a realizar rodas de conversas durante a semana. O projeto foi importante para torná-los mais comunicativos e prevenir o desenvolvimento de depressão, comum nesta faixa etária.

Um dado que pode ser utilizado para avaliar os resultados positivos da ação de extensão são os níveis pressóricos, mensurados a cada reunião, sendo verificado um melhor controle da pressão arterial. Uma das possíveis justificativas para este fato pode ser decorrente das informações fornecidas através das palestras. Anteriormente ao projeto os pacientes não sabiam a real importância de tomar a medicação no horário, seguir as orientações do médico, e manter hábitos de vidas saudáveis, como a prática de exercícios e uma alimentação mais balanceada.

O conhecimento adquirido pelos idosos nas palestras não fica restrito ao ambiente do posto de saúde, e sim é transmitido na comunidade, propagando as informações, permitindo que mais pessoas tenham acesso à informação.

Os acadêmicos envolvidos no projeto relatam que tiveram que desenvolver a habilidade de transmitir as informações de forma clara de acordo com a condição sócio econômica e cultural da população abordada.

Conclusões

A informação é um mecanismo importante para a promoção da saúde. Os idosos que participam regularmente das atividades do projeto são também aqueles que frequentam o serviço de saúde com mais assiduidade e que apresentam normalmente doenças crônicas. Nas palestras são fornecidas informações que eles não possuíam acerca da origem de certas doenças que os afligem e outras que são possíveis de prevenir.

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5 O momento de interação que acontece em cada atividade do projeto é encarado pelos pacientes atendidos como um tipo de entretenimento. O café da manhã e o encontro com amigos e moradores do mesmo bairro favorecem a troca de experiências e os incentivos recíprocos, melhoram a autoestima de idosos que se encontravam muitas vezes restritos ao próprio lar e estimulam, através da socialização, os processos cerebrais.

Além disso, o constante aprofundamento através da leitura de artigos, confecção de material e preparação de encontros favorece o aprendizado dos alunos, que terão, ao longo da sua vida profissional, muito mais contato com pacientes idosos. A apresentação de conteúdo por parte dos estudantes estimula a desenvoltura ao falar em público e o desenvolvimento de uma postura ética e profissional, fundamental para o exercício da Medicina.

Referências

1. BRASIL, Ministério da Saúde. Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa.

Brasília: Editora MS, 2006.

2. Lima-Costa MF, Veras R. Saúde pública e envelhecimento. Cad Saúde Pública.

2003;19(3):700-701.

3. Freitas EV, Py L, Neri AL, Cançado FAXC, Gorzoni ML, Doll J. Tratado de Geriatria e Gerontologia. 2ª. edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007.

4. Barros RP, Mendonça R, Santos D. Incidência e natureza da pobreza entre idosos no Brasil. In: Camarano AA (org.). Muito além dos 60: os novos idosos brasileiros. Rio de Janeiro: IPEA, 1999.

5. Neri AL. Palavras-chave em Gerontologia. 2ª edição. Campinas: Editora Alínea, 2005.

6. Beauvoir, S. A velhice: realidade incômoda. 5ª edição. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 1990.

7. Palma LTS. Educação permanente e qualidade de vida: indicativos para uma velhice bem-sucedida. Passo Fundo: Ediupf, 2000.

8. Perracini MR, Flo C. Funcionalidade e Envelhecimento. Rio de Janeiro:

Guanabara Koogan, 2009.

9. Teixeira MCTV, Schulze, CMN, Camargo BV. Representações sociais sobre a saúde na velhice: um diagnóstico psicossocial na rede básica de saúde. Estudos de Psicologia. 2002;7(2):351-359.

10. Mendes MB, Gusmão JL, Faro ACM, Leite RCB. A situação social do idoso no Brasil: uma breve consideração. Acta Paulista Enfermagem. 2005;18(4):422- 426.

11. Freitas MC, Queiroz TA, Sousa JAV. O significado da velhice e da experiência de envelhecer para os idosos. Rev Esc Enfermagem USP. 2010;44(2):407-412.

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