Pregão Eletrônico
Visualização de Recursos, Contrarrazões e Decisões DECISÃO DO PREGOEIRO: PROCEDE
PROCESSO LICITATÓRIO Nº 23726.000527.2020-14 REFERÊNCIA: PREGÃO ELETRÔNICO Nº 04/2020
OBJETO: Contratação de serviços de jardinagem, com fornecimento de insumos materiais, utensílios e equipamentos, para atendimento das necessidades do Campus Trindade do Instituto Federal Goiano, conforme condições, quantidades e exigências estabelecidas em Edital e Anexo.
1. DAS PRELIMINARES
1.1 Trata-se de Recurso administrativo interposto, pela empresa MERABI & CAETANO EMPREENDIMENTOS, SERVICOS E EVENTOS LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob nº. 22.111.188/0001-88 e PREMIUM COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA, pessoa jurídica de direito privado, inscrita no CNPJ/MF sob o n.º 25.316.437/0001-60 contra a decisão do Pregoeiro que declarou a empresa CWF BRASIL SERVICOS EIRELI, vencedora do Pregão Eletrônico nº 4/2020, que tem por objeto a escolha da proposta mais vantajosa para a contratação de serviços de jardinagem.
1.1.1 As peças recursais foram anexadas no www.comprasgovernamentais.gov.br no dia 17 de agosto de 2020.
1.1.2 Todos os licitantes foram cientificados da existência do presente Recurso Administrativo e seu inteiro teor.
1.2 Da admissibilidade
1.2.1 O critério de aceitabilidade do recurso exige a manifestação imediata e motivada, da intenção de recorrer, tão logo seja declarado o vencedor do certame, conforme dispõe o art. 44, caput, do DECRETO Nº 10.024, DE 20 DE SETEMBRO DE 2019:
"Art. 44. Declarado o vencedor, qualquer licitante poderá, durante o prazo concedido na sessão pública, de forma imediata, em campo próprio do sistema, manifestar sua intenção de recorrer. § 1º As razões do recurso de que trata o caput deverão ser apresentadas no prazo de três dias. § 2º Os demais licitantes ficarão intimados para, se desejarem, apresentar suas contrarrazões, no prazo de três dias, contado da data final do prazo do recorrente, assegurada vista imediata dos elementos indispensáveis à defesa dos seus interesses."
1.2.2 Assim, as peças recursais apresentadas, cumprem os requisitos de admissibilidade previstos na legislação, pelo que se passa à análise de suas alegações.
2. DAS ALEGAÇÕES E DO PEDIDO DA RECORRENTE
2.1 A Recorrente MERABI & CAETANO EMPREENDIMENTOS, SERVICOS E EVENTOS LTDA impõe-se contra a decisão que declarou a empresa CWF BRASIL SERVICOS EIRELI, vencedora do Pregão Eletrônico n.º 4/2020, sob a alegação de que:
"o serviço ora licitado diz respeito precipuamente à cessão e locação de mão-de-obra na função de Jardineiro, que nos termos da Lei Complementar nº. 123/2006 não pode ser objeto do recolhimento de tributos na forma do Simples Nacional."
2.1.1 Ratificando seus argumentos na previsão contida em Instrumento Convocatório:
" (...) não será aceita Micro empresa ou Empresa de Pequeno Porte tributada como Simples Nacional diante do disposto no seguinte item 6.9"
2.1.2 Expõe, quanto a decisão de aceitabilidade da proposta, que a empresa licitante declarada vencedora:
“(...) cotou os impostos e contribuições de acordo com o regime do SIMPLES, previsto na Lei Complementar nº. 123/2006, porquanto é optante desse modo de tributação.”
2.2 Ao encontro das alegações, interpõe a recorrente PREMIUM COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA:
"Em confronto com o item do Edital do referido Pregão, não haveria como aceitar proposta cuja tributação está na forma do Simples Nacional, quando o Edital prevê que não será aceita Micro empresa ou Empresa de Pequeno Porte tributada como Simples Nacional diante do disposto no seguinte item editalício."
3. DAS CONTRARRAZÕES APRESENTADAS
3.1 A empresa CWF BRASIL SERVICOS EIRELI, apresentou no www.comprasgovernamentais.gov.br suas contrarrazões ao recurso interposto, alegando que foram cumpridas todas as exigências editalícias e legais:
3.2 Quanto ao descumprimento do Item 6.9 do Edital, Assim expõe:
“Apesar da vedação expressa à cessão ou locação de mão-de-obra por empresa optante pelo Simples Nacional, tal ação é permitida pela Lei Complementar nº 123, de 2006, para algumas atividades, como é o caso de serviço de limpeza, conservação e paisagismo. (Cosit nº 291 de 14/10/2014).”
3.3 Citando em sua Contrarrazão, que o fato já havia sido objeto de questionamento pelo pregoeiro:
"Conforme já demostrado no chat do sistema comprasnet a referida dúvida quanto a legalidade de prestar serviços de jardinagem e usufruir do regime de tributação do simples nacional já foi devidamente sanada. "
4. DA ANÁLISE
4.1 Para fins informativos, fique exposto que a forma de contribuição pelo sistema Simples Nacional se refere a um sistema de arrecadação único, que tem a pretensão de descomplicar a tributação das micro e pequenas empresas, visto que o recolhimento único facilita a administração e a contabilidade. Esse sistema também disponibilizando alíquotas diferenciadas e mais vantajosas, com variação de acordo com a receita bruta de cada micro ou pequena empresa.
4.2. Dito isso, vamos as razões apresentadas pela empresa MERABI & CAETANO EMPREENDIMENTOS, SERVICOS E EVENTOS LTDA, no que diz da ilegalidade das empresas concessionárias de serviços de mão de obra, optarem pelo modo Simplificado de Contribuição.
4.3 Em anuência ao conceito de concessão de mão de obra, trazido no § 3º do art. 31 da Lei nª 8.212, de 1991, também reproduzida pela Instrução Normativa da RFB nº 971, de 13 de novembro de 2009 em seu Art. 115, temos:
"Art. 31. (...)
§ 3º Para os fins desta Lei, entende-se como cessão de mão de obra a colocação à disposição do contratante, em suas dependências ou nas de terceiros, de segurados que realizem serviços contínuos, relacionados ou não com a atividade-fim da empresa, quaisquer que sejam a natureza e a forma de contratação. (Redação dada pela Lei nº 9.711, de 1998)."
4.4 Apurado que a licitação em questão é destinada a contratação de serviço de jardinagem e que esta se enquadra como contratação de empresa como cessão de mão de obra, passaremos aos termos legais que dispõe por meio da Lei Complementar n° 123/2006, em seu Art. 17, Seçã II, Das Vedações ao Ingresso no Simples Nacional:
"Art. 17. Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte:(...) XII - que realize cessão ou locação de mão-de-obra; (...)"
4.5 Observada a referida previsão legal é fato que, conforme exposto pelas requerentes MERABI & CAETANO EMPREENDIMENTOS, SERVICOS E EVENTOS LTDA e PREMIUM COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA, conste em Instrumento convocatório desta licitação, no item 6.9, a restrição:
" 6.9 Na presente licitação, a Microempresa e a Empresa de Pequeno Porte não poderão se beneficiar do regime de tributação pelo Simples Nacional, visto que os serviços serão prestados com disponibilização de trabalhadores em dedicação exclusiva de mão de obra, o que configura cessão de mão de obra para fins tributários, conforme art. 17, inciso XII, da Lei Complementar no 123/2006."
4.6 Conste que durante o rito processual de planejamento da licitação, não foram observadas ou levantado questionamento por parte de qualquer autoridade quanto a ilegalidade do item 6.9, inserido aos autos processuais parecer emitido pela Procuradoria Federal, PARECER n. 00158/2020/CONS/PFIFGOIANO/PGF/AGU:
"32. Nesse sentido, consta a garantia da exclusividade da licitação para microempresa, empresas de pequeno porte e cooperativas, e dos benefícios legais correlatos, em face dos valores menores de R 80.000,00 dos itens a serem licitados (item 4.1.2, 4.5.1.1, 4.5.1.2, 5.4, 6.9, 7.22, 7.23, 7.25, 7.26, 9.12, 9.14, 9.15, 9.18, 11.1 da minuta do Edital)(...)."
4.7 Para análise da solicitação da requerente CWF BRASIL SERVICOS EIRELI , que nos aponta a legalidade de exceções para casos de concessão de mão de obra, quando se enquadrem como serviço de limpeza, conservação e paisagismo, temos a ratificação através texto da mesma lei, seção III, Art. 18:
"§ 5º-C Sem prejuízo do disposto no § 1º do art. 17 desta Lei Complementar,as atividades de prestação de serviços seguintes serão tributadas na forma do Anexo IV desta Lei Complementar(...)"
"VI - serviço de vigilância, limpeza ou conservação."
4.8 Trata-se o anexo VI das Alíquotas e Partilha do Simples Nacional – Receitas decorrentes da prestação de serviços. Relatando as exceções para os casos de concessão de mão de obra nas formas de serviço de vigilância, limpeza ou conservação e sua vinculação na forma de tributação do Simples Nacional.
4.9 Junto aos documentos apresentados em sua contrarrazão, a requerida trouxe a nosso conhecimento a Solução de Consulta nº 291 - Cosit Data 14 de outubro de 2014.
Trata-se de consulta feita junta a Receita Federal com questionamentos referente "JARDINAGEM. CESSÃO DE MÃO DE OBRA. POSSIBILIDADE DE OPÇÃO PELO SIMPLES NACIONAL". Citamos a seguir o texto ipsis litteris:
"13. No que concerne ao tratamento tributário dispensado à atividade de conservação de jardim (“dar manutenção em jardins, com limpas, adubação, poda e replantio”), recorre-se à Instrução Normativa SRF nº 459, de 18 de outubro de 2004, a qual, ao dispor sobre a retenção de tributos e contribuições nos pagamentos efetuados pelas pessoas jurídicas de direito privado a outras pessoas jurídicas pela prestação de serviços, assim define os serviços de limpeza,
conservação ou zeladoria:
Art. 1º ....
(...)
§ 2º Para fins do disposto neste artigo, entende-se como serviços:
I - de limpeza, conservação ou zeladoria os serviços de varrição, lavagem, enceramento, desinfecção, higienização, desentupimento, dedetização, desinsetização, imunização, desratização ou outros serviços destinados a manter a higiene, o asseio ou a conservação de praias, jardins, rodovias, monumentos, edificações, instalações, dependências, logradouros, vias públicas, pátios ou de áreas de uso comum; (...) (Grifo nosso).
14. Com base no ato normativo transcrito, conclui-se que a atividade de jardinagem caracteriza o serviço de conservação referido no inciso VI do § 5º-C do art. 18 da Lei Complementar nº 123, de 2006, com alterações, devendo a respectiva receita ser tributada na forma do seu anexo IV."
4.10 Trazendo-nos a luz do que vem a ser considerado serviços de limpeza e conservação, na interpretação dada pelo órgão integrante do Comitê Gestor, responsável por analisar e cadastrar as empresas na forma de Tributação Simples Nacional.
4.11 Diante dos fatos que se apresentam, fica constatado que a inserção do Item 6.9 no Edital da licitação em questão, não apresenta amparo legal que o ratifique, de modo que a requerida, detentora do melhor lance, goza de prerrogativas legais para prestação do serviço da proposta apresentada.
4.12 Cabe ressaltar que a opção por utilização do item 6.9 no Instrumento Convocatório, desfavoreceu a competitividade justa entre os participantes, tendo o Requerido ciência dos termos do Edital e a oportunidade de solicitar impugnação, percebida a irregularidade de tal exigência, não o fez. Abrindo margem para uma disputa que não respeita o princípio da Isonomia.
4.13 Sabendo que a Administração Pública é detentora de prerrogativas de revisão de seus atos a qualquer momento por meio do princípio da Autotutela. Registra-se que tal princípio dá a administração pública, poderes para revisar a qualquer momento seus atos, readequando-os para restauração da legalidade, não necessitando para exercê-lo de provocação.
4.14 Todos os documentos aqui citados podem ser consultados através de solicitação encaminhada ao e-mail compras.tri@ifgoiano.edu.br.
5. DA DECISÃO
Diante dos fatos analisados das Requerentes MERABI & CAETANO EMPREENDIMENTOS, SERVICOS E EVENTOS LTDA e PREMIUM COMÉRCIO E SERVIÇOS LTDA em desfavor da Requerida CWF BRASIL SERVICOS EIRELI. Ficou constatado que de forma equivocada, esta Instituição fez opção por exigir item que desfavorece aquisição de proposta com valores econômicos, ao mesmo tempo, impediu a participação de interessados que não se enquadrasse no item. Desta forma, sugere-se o cancelamento do certame para retificação do item e nova publicação do edital em questão, proporcionando oportunidade de competição justa entre os participantes e possibilidade de lances mais vantajosos.
Magna Abigail de Sousa Miranda Pregoeira
DECISÃO ADMINISTRATIVA N° 1/2020
INSTITUTO FEDERAL GOIANO - CAMPUS TRINDADE
Trindade, 4 de setembro de 2020
Em face do exposto, diante da constatação de vício insanável na licitação, decido:
a. pela anulação do Pregão Eletrônico n.º 02/2020, forte no artigo 49 da Lei Federal n.º 8.666/93, no item 6.9 Edital e nos princípios da autotutela, da legalidade, do julgamento objetivo e da supremacia do interesse público;
b. pela concessão de prazo de 05 (cinco) dias úteis para recurso, com fulcro no artigo 109, inciso I, alínea c, da Lei Federal n.º 8.666/93;
c. pela revisão do Edital de Licitação e relançamento do certame licitatório, após apreciação pela área técnica e demais setores competentes.
Publique-se e cumpra-se.
Julio Cezar Garcia Diretor Geral
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Publicação Comprasnet, Decisão de Recurso Pregão 04/2020
Assunto:Publicação Comprasnet, Decisão de Recurso Pregão 04/2020 Assinado por:Magna Miranda
Tipo do Documento:Documentos Situação:Finalizado Nível de Acesso:Público Tipo do Conferência:Cópia Simples
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Magna Abigail de Sousa Miranda, ASSISTENTE EM ADMINISTRACAO, em 08/09/2020 08:43:47.
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