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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

1.0024.09.644333-8/003

Número do Númeração 6443338-

Des.(a) Moreira Diniz Relator:

Des.(a) Heloisa Combat Relator do Acordão:

11/12/2014 Data do Julgamento:

18/12/2014 Data da Publicação:

EMENTA: REEXAME NECESSÁRIO - APELAÇÃO CÍVEL - DIREITO À SAUDE - MEDICAMENTO - PRELIMINAR DE OFÍCIO - VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE - VARA DA FAZENDA PÚBLICA - INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA - NULIDADE DO PROCESSO.

- Em se tratando de menor, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) adota a doutrina da proteção integral de amparo e proteção da criança e do adolescente e efetivação de seus direitos fundamentais.

- O artigo 148, IV c/c 209 da Lei 8.069/90 deixam patente a competência do Juízo Menorista para apreciar questões vinculadas a interesses individuais, coletivos e difusos da Infância e da Juventude.

- Independente da situação em que se encontra o menor, é competente o Juízo da Infância e Juventude para apreciar ações em que se pleiteia o fornecimento de medicamentos e insumos.

- Preliminar acolhida.

AP CÍVEL/REEX NECESSÁRIO Nº 1.0024.09.644333-8/003 - COMARCA DE BELO HORIZONTE - REMETENTE.: JD 3 V FAZ COMARCA BELO H O R I Z O N T E - A P E L A N T E ( S ) : E S T A D O D E M I N A S G E R A I S - A P E L A D O ( A ) ( S ) : M A R C O J U N I O B A L B I N O F E R N A N D E S R E P R E S E N T A D O ( A ) ( S ) P O R A N D R E I A D A S I L V A B A L B I N O A C Ó R D Ã O

Vistos etc., acorda, em Turma, a 4ª CÂMARA CÍVEL do

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Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos, por maioria, vencido o Relator, em INSTALAR, DE OFÍCIO, PRELIMINAR DE NULIDADE DO PROCESSO.

DES. MOREIRA DINIZ RELATOR.

DESA. HELOISA COMBAT

PRESIDENTE E RELATORA PARA O ACÓRDÃO.

DESA. HELOISA COMBAT (PRESIDENTE E RELATORA PARA O ACÓRDÃO)

V O T O

Pela ordem.

I - PRELIMINAR DE NULIDADE DO PROCESSO.

Instalo, de ofício, preliminar de nulidade do processo, por incompetência absoluta da 3ª Vara da Fazenda Pública e Autarquias da Comarca de Belo Horizonte.

Vinha entendendo que a competência seria das Varas da Fazenda, quando os menores estivessem assistidos pela família.

Todavia, após meditar sobre a questão, e em atenção à maciça jurisprudência deste TJMG, passei a considerar a competência das Varas da Infância, para casos como tais.

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desassistidos pela família possam litigar nas Varas especializadas para infância e juventude, que têm ampla competência.

Pesquisei a jurisprudência deste eg. TJMG e constatei que a grande maioria, nas diversas Câmaras, não faz distinção quanto à competência das Varas da Infância.

Portanto, até pelo princípio da segurança jurídica e da colegialidade, com a vênia devida aos doutos colegas desta 4ª Câmara, doravante passo a questionar a matéria sobre a competência das Varas da Infância.

Em se tratando de menor, o Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8.069/90) adota a doutrina da proteção integral de amparo e proteção da criança e do adolescente e efetivação de seus direitos fundamentais.

No inciso I, do artigo 98 do ECA, o legislador consignou expressamente que as medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis também por ação ao omissão da sociedade ou do Estado, que, na forma do art. 23, II, da CF/88 englobas as três esferas de governo.

(destaquei e grifei)

Por sua vez, o artigo 148, IV c/c 209 da Lei 8.069/90 deixam patente a competência do Juízo Menorista para apreciar questões vinculadas a interesses individuais, coletivos e difusos da Infância e da Juventude.

Assim, a meu ver, independente da situação em que se encontra o menor, é competente o Juízo da Infância e Juventude.

Nesse sentido é a jurisprudência do colendo STJ:

ADMINISTRATIVO. PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ESPECIAL.

COMPETÊNCIA. JUÍZO DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE. CONSTITUIÇÃO F E D E R A L . S I S T E M A D A P R O T E Ç Ã O I N T E G R A L . C R I A N Ç A E ADOLESCENTE. SUJEITOS DE DIREITOS. PRINCÍPIOS DA ABSOLUTA

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PRIORIDADE E DO MELHOR INTERESSE DA CRIANÇA. INTERESSE DISPONÍVEL VINCULADO AO DIREITO FUNDAMENTAL À EDUCAÇÃO.

EXPRESSÃO PARA A COLETIVIDADE. COMPETÊNCIA ABSOLUTA DA VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE. RECURSO PROVIDO.

1. A Constituição Federal alterou o anterior Sistema de Situação de Risco então vigente, reconhecendo a criança e o adolescente como sujeitos de direitos, protegidos atualmente pelo Sistema de Proteção Integral.

2. O corpo normativo que integra o sistema então vigente é norteado, dentre eles, pelos Princípio da Absoluta Prioridade (art. 227, caput, da CF) e do Melhor Interesse da Criança e do Adolescente.

3. Não há olvidar que, na interpretação do Estatuto e da Criança "levar-se -ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento" (art. 6º).

4. Os arts. 148 e 209 do ECA não excepcionam a competência da Justiça da Infância e do Adolescente, ressalvadas aquelas estabelecidas constitucionalmente, quais sejam, da Justiça Federal e de competência originária.

5. Trata-se, in casu, indubitavelmente, de interesse de cunho individual, contudo, de expressão para a coletividade, pois vinculado ao direito fundamental à educação (art. 227, caput, da CF), que materializa, consequentemente, a dignidade da pessoa humana.

6. A disponibilidade (relativa) do interesse a que se visa tutelar por meio do mandado de segurança não tem o condão de, por si só, afastar a competência da Vara da Infância e da Juventude, destinada a assegurar a integral proteção a especiais sujeitos de direito, sendo, portanto, de natureza absoluta para processar e julgar feitos versando acerca de direitos e interesses concernentes às crianças e aos adolescentes.

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7. Recurso especial provido para reconhecer a competência da 16ª Vara Cível da Comarca de Aracaju (Vara da Infância e da Juventude) para processar e julgar o feito.

(REsp 1199587/SE, Rel. Ministro ARNALDO ESTEVES LIMA, PRIMEIRA TURMA, julgado em 21/10/2010, DJe 12/11/2010)

Trago a colação jurisprudência deste eg. TJMG:

EMENTA: EMBARGOS DE DECLARAÇÃO - AÇÃO CIVIL PÚBLICA - DIREITO À EDUCAÇÃO DE DIVERSOS INFANTES - COMPETÊNCIA ABSOLUTA DA VARA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE - AUSÊNCIA DE S I T U A Ç Ã O D E R I S C O O U D E A B A N D O N O D O S M E N O R E S - IRRELEVÂNCIA - ADOÇÃO DO SISTEMA DA PROTEÇÃO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE PELA CF/88 - EMBARGOS REJEITADOS.

1. Ressalvadas as hipóteses de competência da Justiça Federal e de competência originária dos Tribunais Superiores, não se vislumbra exceção à competência absoluta da justiça da infância e juventude para conhecer das ações civis fundadas em interesses individuais afetos à criança e ao adolescente (art. 148, inciso IV, c/c art. 209, última parte, ambos do ECA).

2. Com a promulgação da Constituição Federal de 1988, abandonou-se o Sistema da Situação de Risco, para se adotar o Sistema de Proteção Integral da criança e do adolescente. Nesse sentido, o fato de o menor púbere ou impúbere encontrar-se ou não em situação de risco ou de abandono não mais constitui requisito para a fixação da competência da vara da infância e juventude.

(Embargos de Declaração-Cv 1.0024.12.098018-0/004, Relator(a):

Des.(a) Bitencourt Marcondes, 8ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 22/05/2014, publicação da súmula em 02/06/2014)

Posto isso, SUSCITO, DE OFÍCIO, PRELIMINAR DE INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA para pronunciar a nulidade do processo e

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determinar a distribuição dos autos a uma das Varas da Infância e Juventude da comarca de Belo Horizonte.

No exercício do poder geral de cautela e considerando o risco patente para a saúde de menor, mantenho a decisão liminar que determinou o fornecimento do insumo pleiteado, até ulterior decisão pelo Juízo que receber o feito.

DES. MOREIRA DINIZ (RELATOR)

Cuida-se de reexame necessário, e de apelação contra sentença do MM. Juiz da 3ª. Vara de Fazenda Pública e Autarquias da comarca de Belo Horizonte, que julgou procedente a "ação de obrigação de fazer" ajuizada por Marco Júnio Balbino Fernandes, representado por sua genitora, Andréia da Silva Balbino, contra o Estado de Minas Gerais.

A sentença, que confirmou a antecipação de tutela, reconheceu "o direito da parte autora, Marco Júnio Balbino Fernandes, de obter do Estado de Minas Gerais os medicamentos Vigabatrina (500), Topiramato (100 mg), Palproato de Sódio (Depakone - Sol. oral) e Clobazam (Frisivan-10mg), conforme prescrito pelo médico e determino que o requerido continue a fornecer tal fármaco, enquanto este for necessário à parte autora, devendo ser apresentado, mensalmente, receituário atualizado do profissional da saúde, documento esse que deverá ficar retido no órgão estatal competente"

(fl. 300). Por fim, o réu foi condenado ao pagamento de honorários advocatícios, fixados em R$1.000,00.

O apelante sustenta a falta de interesse de agir do autor "em relação ao medicamento CLOBAZAM - uma vez que disponibilizado administrativamente pelo SUS" (fl. 306); que o fármaco Depakene é fornecido pelos centros municipais de saúde; que existem fármacos disponibilizados pelo SUS que podem substituir o fármaco Vigabatrina, pois também são indicados para o tratamento do autor;

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que o medicamento Topiramato não é disponibilizado para o tratamento do autor; e que os honorários advocatícios devem ser reduzidos.

Antes de realizar o reexame necessário, analiso a preliminar suscitada pela eminente Vogal, por evidente prejudicialidade.

A espécie não envolve menor em situação irregular, sujeito à proteção do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Afinal, o autor está sob representação - atenta e zelosa, inclusive - de sua genitora, não estando, assim, em situação de abandono ou de falta de proteção de seu representante legal.

Também não se trata da situação enquadrável no artigo 98, I, do Estatuto da Criança e do Adolescente, porque este tem abrangência diferente, como, por exemplo, nas situações em que o menor sofre agressão ou ameaça de agressão de seus direitos pela sociedade ou pelo Estado. Por exemplo, no caso do menor que é recolhido em cela de cadeia, ou de menor que permanece abandonado na rua.

Ademais, o artigo 148, da lei 8.069/90, que disciplina a competência das Varas da Infância de da Juventude, assim dispõe:

"Artigo 148 - A Justiça da Infância e da Juventude é competente para:

I - conhecer de representações promovidas pelo Ministério Público, para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, aplicando as medidas cabíveis;

II - conceder a remissão, como forma de suspensão ou extinção do processo;

III - conhecer de pedidos de adoção e seus incidentes;

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IV - conhecer de ações civis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente, observado o disposto no art.

209;

V - conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de atendimento, aplicando as medidas cabíveis;

VI - aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra norma de proteção à criança ou adolescente;

VII - conhecer de casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis".

Da leitura do dispositivo, nota-se que a matéria discutida nos autos não se enquadra nas hipóteses nele previstas.

No caso, repito, o menor está sendo cuidado por sua mãe, que o representa na presente ação contra ente público que, em tese, se nega a fornecer medicamento.

Pouco importa a causa da recusa; mesmo porque, na verdade, esta se deve a interpretação que o ente público dá a normas legais que regem a espécie.

A vingar a tese daqueles que têm entendimento contrário, todas as ações envolvendo menores deveriam se processar no Juizado de sua proteção, na medida em que sempre estará havendo violação ou alegação de violação de algum direito do menor.

Sobre o tema, esta 4ª. Câmara Cível já decidiu o seguinte, à unanimidade:

"DIREITO PROCESSUAL CIVIL - CONFLITO DE COMPETÊNCIA - MENOR - FORNECIMENTO DE MEDICAMENTOS - MANDADO DE SEGURANÇA - SITUAÇÃO IRREGULAR - NÃO CARACTERIZAÇÃO - COMPETÊNCIA DO JUÍZO SUSCITANTE. - A ação ajuizada por menor,

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medicamentos pleiteados, não tem processamento obrigatório em Vara da Infância e da Juventude, porque trata-se de situação que não envolve menor em situação irregular" (Conflito de Competência nº. 1.0000.13.001194-3/000, DJ 04/07/2013, DP 10/07/2013).

Assim, tendo em vista que o caso envolve ação ordinária ajuizada por menor que se encontra em situação regular, contra ente público que se recusa a fornecer medicamento, a competência para o julgamento do feito é da 3ª. Vara da Fazenda Pública da comarca de Belo Horizonte.

Rejeito a preliminar.

DES. DÁRCIO LOPARDI MENDES (REVISOR) VOTO DO REVISOR

Peço vênia ao em. Desembargador Relator para acompanhar a preliminar de incompetência absoluta instaurada pela nobre Vogal.

SÚMULA: "DE OFÍCIO, INSTALARAM PRELIMINAR DE NULIDADE DO PROCESSO"

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