• Nenhum resultado encontrado

Brazilian Journal of Animal and Environmental Research

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "Brazilian Journal of Animal and Environmental Research"

Copied!
7
0
0

Texto

(1)

Braz. J. Anim. Environ. Res., Curitiba, v. 3, n. 3, p. 2493-2499, jul./set. 2020 ISSN 2595-573X

Prolapso de Útero Gravídico Associado à Retroflexão de Vesícula Urinária em Cadela com TVT – Relato de Caso

Pregnant uterine prolapse associated with retroflexion of the urinary bladder in a dog with TVT - case report

DOI: 10.34188/bjaerv3n3-158

Recebimento dos originais: 20/05/2020 Aceitação para publicação: 20/06/2020

Marcelo Faustino Viana Junior

Graduando do curso de Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Roraima Instituição: Universidade Federal de Roraima - UFRR

Endereço: Avenida Cap. Ene Garcez, 2413, Bairro Aeroporto, Boa Vista – RR, Brasil E-mail: marcelo_ifrn@hotmail.com

João Gabriel Carvalho de Andrade

Graduando do curso de Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Roraima Instituição: Universidade Federal de Roraima - UFRR

Endereço: Avenida Cap. Ene Garcez, 2413, Bairro Aeroporto, Boa Vista – RR, Brasil E-mail: jgcarvalho.vet@gmail.com

Laura Aline Coelho de Andrade

Graduanda do curso de Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Roraima Instituição: Universidade Federal de Roraima - UFRR

Endereço: Avenida Cap. Ene Garcez, 2413, Bairro Aeroporto, Boa Vista – RR, Brasil E-mail: laura.drica@hotmail.com

Vyctória Pinto Bessa

Graduanda do curso de Medicina Veterinária pela Universidade Federal de Roraima Instituição: Universidade Federal de Roraima - UFRR

Endereço: Avenida Cap. Ene Garcez, 2413, Bairro Aeroporto, Boa Vista – RR, Brasil E-mail: vycbessaa@hotmail.com

Vanessa Anny Souza Silva

Mestre em Medicina Veterinária pela Universidade Federal Rural de Pernambuco Instituição: Universidade Federal de Roraima - UFRR

Endereço: Avenida Cap. Ene Garcez, 2413, Bairro Aeroporto, Boa Vista – RR, Brasil E-mail: vanessa.anny@ufrr.br

Alessandro Henrique Gonçalves Gondim Carvalho

Pós-graduado em Diagnóstico por Imagem pelo Instituto Qualittas Instituição: Clínica Veterinária Vet Company, Boa Vista, RR, Brasil

Endereço: Avenida Santos Dumont, 537 - São Pedro, Boa Vista - RR, Brasil, 69306-680 E-mail: sandrogondim@outlook.com

(2)

Braz. J. Anim. Environ. Res., Curitiba, v. 3, n. 3, p. 2493-2499, jul./set. 2020 ISSN 2595-573X RESUMO

O prolapso uterino é uma emergência devido à possibilidade de complicações, como o deslocamento da vesícula urinária. Os tratamentos buscam o retorno rápido do órgão a posição anatômica prevenindo o aparecimento de infecções ou a desvitalização do tecido. O presente trabalho objetiva relatar o caso de uma cadela prenhe com TVT, que apresentou prolapso de útero com retroflexão de bexiga. A presença do TVT levou ao quadro de parto distócico, por infecção do canal do parto e por barreira física de passagem dos fetos. O quadro de distocia levou ao prolapso e a retroflexão de vesícula urinária. A ovariossalpingohisterectomia é um método eficaz no tratamento e prevenção do prolapso uterino.

Palavras-chave: Tumor venéreo transmissível, parto distócico, sulfato de vincristina, OSH.

ABSTRACT

The uterine prolapse is an emergency due to the possibility of complications like urinary bladder displacement. The treatments seeks the quick return of the organ to the anatomic position preventing the appearing of infections or the devitalization of the tissue. The present paper intents to report the case of an pregnant canine female with TVT wich presented uterine prolapse with urinary bladder retroflection. The presence of TVT induced labour dystocia due to infection of birth canal and physically blockage of the fetuses. The presentement of dystocia induced the uterine prolapse and the urinary bladder retroflection. The ovarysalpingohisterectomy is an efficient method in treatment and preventation of uterin prolapse.

Keywords: Transmissible Venereal Tumor, Labour Dystocia, Vincristine Sulfate.

1 INTRODUÇÃO

O prolapso uterino é uma emergência de rara ocorrência em cães. Os fatores associadas são:

predisposição hereditária, idade, fetos enfisematosos, lesões de canal do parto, hiperestrogenismo, relaxamento da musculatura pélvica e perineal, atonia uterina, separação incompleta das membranas placentárias, flacidez mesovariana, tenesmo e contrações uterinas excessivas (1,2). O tumor venéreo transmissível (TVT) pode provocar lesões no canal no parto, por se tratar de uma patologia de fácil transmissão que tem tropismo pelos órgãos genitais, levando a processos infecciosos, devido alteração na imunidade local, podendo induzir abortos ou distocias (3). Uma complicação do prolapso de útero é a retroflexão da vesícula urinária, também de rara ocorrência e uma situação emergencial na medicina veterinária (4). O diagnóstico dessas afecções se baseia na anamnese, sinais clínicos e no exame físico (1). Os tratamentos buscam o retorno rápido do órgão a posição anatômica prevenindo o aparecimento de infecções ou a desvitalização do tecido (6). O presente trabalho objetiva relatar o caso de uma cadela prenhe com TVT, que apresentou prolapso de útero com retroflexão de bexiga.

(3)

Braz. J. Anim. Environ. Res., Curitiba, v. 3, n. 3, p. 2493-2499, jul./set. 2020 ISSN 2595-573X 2 RELATO DE CASO

Foi atendido na Clínica veterinária Vet Company, localizada em Boa Vista-RR, um canino, fêmea, de dois anos, com 12 kg de peso, sem raça definida, com histórico de parto distócico e presença de massa avermelhada protrusa pelo canal vaginal (FIGURA 1). Segundo a tutora, a cadela estava em situação de abandono, tendo pouco conhecimento sobre o histórico clínico.

Durante o exame clínico, foi observada apatia, desidratação leve, letargia, palidez de mucosas e presença de tecido de coloração róseo continuo ao canal vaginal. Foi realizada a limpeza da estrutura prolapsada, através de ducha morna e emprego de sabão neutro, evidenciando o prolapso de útero com edema, secreção viscosa e congestão, associado à retroflexão da vesícula urinária, que se encontrava repleta.

FIGURA 1: Massa protusa pelo canal vaginal em consequência do prolapso de útero

Foto: Clínica Vet Company (2018).

Amostra de sangue foi coletada para hemograma (TABELA 1), revelando anemia relativa e leucocitose por neutrofilia, e para avaliação da função renal, sem alteração.

(4)

Braz. J. Anim. Environ. Res., Curitiba, v. 3, n. 3, p. 2493-2499, jul./set. 2020 ISSN 2595-573X TABELA 1: Evolução dos exames durante todo o tratamento do animal.

Eritograma 11∕12∕2018(P rimeiro atendimento)

26∕12∕2018(retorn o após 7 dias)

02/01/2019(segunda aplicação de

vincristina)

16/01/2019(quarta aplicação de

vincristina

Valores de referência canino

Hemácias 3,52 3,16 5,8 6,3 5,7 a

7,4(milh.∕

mm3)

Hemoglobina 7,1 5,5 12,1 13,3 14 a

18(g∕dl)

Hematócrito 23 18,3 33 36 38 a

47(%)

VGM 65 58 61,71 63 63 a 77(fl)

CHGM 32 30,1 29 31,3 31 a

35(%)

Plaquetas 238 387 158 181 200 a

500(10³m m3) Leucograma

Leucócitos 23.300 19.500 11.567 10.200 6.000 a

16. 000

Bastonetes 466 102 0 0 0 a 100

Segmentados 19.339 15.373 6.934 5.584 5.500 a

8.000

Iniciou-se a solução do quadro, através da punção da vesícula urinária (FIGURA 2) para eliminação de parte da urina retida e recolocação manual do órgão a região anatômica. Não sendo possível a recolocação, foi realizada a antissepsia cirúrgica, cessaria através do útero prolapsado, os fetos estavam mortos, seguida de ovariossalpingohisterectomia (OSH), laparotomia pela linha média e reposicionamento da porção do útero e vesícula urinária, a cavidade abdominal foi lavada, com soro fisiológico aquecido, e drenada.

FIGURA 2: Vesícula urinária repleta sendo puncionada.

Foto: Clínica Vetcompany (2018).

(5)

Braz. J. Anim. Environ. Res., Curitiba, v. 3, n. 3, p. 2493-2499, jul./set. 2020 ISSN 2595-573X No pós-operatório foi aplicado Ceftriaxona Sódica 25mg/kg IV BID por 7 dias, Meloxicam 0,1 mg/kg SC SID por 5 dias, e Tramadol 2mg/kg IV SID por 3 dias. Além disso, foi administrado fluidoterapia com soro ringer lactato. Permanecendo em observação na clínica por sete dias, sendo liberada clinicamente bem.

Após sete dias da liberação, a tutora retornou com a paciente, com queixa de aumento de volume na região vaginal e sangramento vulvar persistente, perda de apetite e de peso. No exame físico foi observada corrimento vulvar com secreção sero-sanguinolenta, crescimento de tecido friável e hemorrágico no trato genital (vagina), com aspecto em couve-flor, de aproximadamente 8 cm de diâmetro, diagnosticado como tumor venéreo transmissível (TVT), provável causa da distocia.

Foi coletado sangue para hemograma (TABELA 1), apresentando leucocitose por neutrofilia e anemia absoluta microcítica hipocrômica. Para o tratamento do TVT, utilizou-se sulfato de vincristina, na dose de 0,025 mg/kg, por via intravenosa em sessões semanais, totalizando quatro sessões.

3 DISCUSSÃO

É causa de distocia de origem materna a atonia uterina após enfermidades sistêmicas, infecções (7) e lesões de canal do parto (2). A presença do TVT levou ao quadro de parto distócico, por infecção do canal do parto e por barreira física de passagem dos fetos.

A infecção do canal do parto, leva a distocia por induzir atonia. A atonia uterina compreende uma das causas de prolapso (1,8). O útero prolapsado apresentava sujidades, devido contato com o meio externo, e presença de secreção, indicando processo infeccioso instalado.

O prolapso de útero é considerado emergência, devido às complicações como choque hemorrágico, quando ocorre o rompimento dos vasos ovarianos ou uterinos, e/ou quando ocorre obstrução da uretra, devido deslocamento de vesícula urinária (9). O deslocamento da bexiga resultou em estrangúria, indicando obstrução uretral total, considera complicação grave do quadro de distocia, caracterizando emergência.

A retroflexão da vesícula urinária se explica pelo fato de não haver restrições anatômicas, e por ter ocorrido rompimento dos ligamentos de suporte em decorrência do esforço excessivo gerado pelo parto distócico (10,11).

A anemia relativa é um achado comum em cadelas gestantes. Animais portadores de TVT podem desenvolver anemia, associada a contínua secreção serosanguinolenta do tumor (12). A leucocitose por neutrofília, ocorreu devido a infecção do aparelho reprodutivo, e a trombocitopenia é relatada nos casos de quimioterapia (10). A diminuição das plaquetas se manteve durante todo o tratamento, retornando aos valores de referência ao fim da quimioterapia. Embora a quimioterapia

(6)

Braz. J. Anim. Environ. Res., Curitiba, v. 3, n. 3, p. 2493-2499, jul./set. 2020 ISSN 2595-573X tenha efeitos deletérios, é necessária para que não ocorra comprometimento do quadro do paciente, pela disseminação das doenças ou metástases (12).

O procedimento cirúrgico de laparotomia seguida de cesariana e OSH foi utilizado para extração dos fetos mortos e reposição anatômica da vesícula urinária, além de ser uma medida profilática para evitar recidivas.

4 CONCLUSÕES

A presença do TVT levou ao quadro de parto distócico, por infecção do canal do parto e por barreira física de passagem dos fetos. O quadro de distocia levou ao prolapso e a retroflexão de vesícula urinária. A ovariossalpingohisterectomia é um método eficaz no tratamento e prevenção do prolapso uterino.

(7)

Braz. J. Anim. Environ. Res., Curitiba, v. 3, n. 3, p. 2493-2499, jul./set. 2020 ISSN 2595-573X REFERÊNCIAS

1. Silva TPD, Oliveira RG, Silva FL. Prolapso Parcial de útero com retroflexão de Bexiga em Cadela. Rev Enc Biosfera. 2011; 7(3): 856-861.

2. Marinho TCMS, Silvera CPB, Ferreira ARA, Silva WM, Bürger CP, Carneiro LZ, et al.

Prolapso e ruptura de útero gravídico em cadela: relato de caso. Rev Pubvet. 2012; 6(10): 1-12

3. Santos IFC, Cardoso JMM, Oliveira KC. Medvep - Revista Científica de Medicina Veterinária - Pequenos Animais e Animais de Estimação. 2011; 9(31): 639-645.

4. Besalti O, Ergin I. Cystocele and rectal prolapse in a female dog. Rev Can. Vet. J. 2012; 53:

1314-1316

5. Wood, DS. Canine uterine prolapse. Current therapy in theriogenology. Rev Philadelphia:

Saunders. 1986; 2. 510-511.

6. Luz MR, Munnich A, Vanucchi CI. Novos enfoques na distocia em cadelas. Rev. Brasil Reprodução Animal. 2015; 39(3): 354-361

7. Özyurtlu N, Kaya D. Unilateral uterine prolapse in a cat. Turkish Journal of Veterinary and Animal Sciences. 2005; 29: 941-943

8. Niles JD, Williams JM. Perineal hernia with bladder retroflexion in a female cocker spaniel. Journal of Small Animal Pratice. 1999; 40:92–94.

9. Krebs T. Brun MV. Linhares MT. Dalmolin F. Pohl VH. Feranti JPS. Cistopexia videoassistida em cadela com cistocele após prolapso uterino: relato de caso. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. 2015; 67 (2): 347- 352.

10. Dyce KM, Sack WO, Wensing CJG. Tratado de Anatomia Veterinária. 3. ed. Rio de Janeiro:

Elsevier, 2004.

11. Mostachio, G., Vicente, W. R., Cardilli, D. J., Motheo, T., & Toniollo, G. H. Relato de caso – Prolapso uterino em gata e retroflexão uterina em cadela. Ciência Animal Brasileira. 2008; 9(3):

801-805

12. Litter M. Compendio de farmacologia. 2. ed. Buenos Aires: El Ateneo, 1973.

Referências

Documentos relacionados

Além das espécies selvagens, existem também algumas variedades de tomate da espécie Solanum lycopersicum que podem ser utilizadas como fontes de resistência a algumas pragas, entre

De modo geral, nosso principal objetivo é contribuir para discussões que tenham como cerne literaturas silenciadas, tendo como eixo do presente artigo a representação

Desta forma, visando-se criar uma instância administrativa no âmbito da Universidade Federal de Roraima - UFRR que propicie coesão e sustentabilidade às

característica imprecisión. En Lexicografía se renuncia a la imposible descripción de la extensión geográfica de cada voz y se dan únicamente

Garupa: Ligeiramente descida; de comprimento médio em relação à corpulência; larga..

(2016) dizem que as lutas, seja como esporte de combate ou artes marciais, atualmente são utilizadas em praças, escolas ou clubes como processo educativo, esporte de alto

A participação do grupo de alunos ligados ao PIBID/Geografia (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência/CAPES) na difusão deste projeto nas escolas de

O candidato poderá retirar-se do local de provas somente a partir dos 90 (noventa) minutos após o início de sua realização, contudo não poderá levar consigo o Caderno de