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Intertextualidade. Paródia: altera o conteúdo do texto anterior que aparece geralmente, em forma de crítica irônica de

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Academic year: 2022

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Texto

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1 INTERPRETARE

Intertextualidade

As provas de concursos públicos e processos seletivos cobram, entre os conteúdos inseridos na disciplina de Língua Portuguesa, os recursos linguísticos empregados na construção de um texto. Entre eles, está a intertextualidade, a relação estabelecida entre um texto e outro.

O fenômeno é apresentado em diversas construções textuais, sejam elas charges, poesias, músicas e, até mesmo, reportagens. Por isso, é de suma importância ter o conceito de intertextualidade em mente, além dos diversos tipos deste recurso.

Intertextualidade é um recurso realizado entre textos, ou seja, é a influência e relação que um estabelece sobre o outro. Assim, determina o fenômeno relacionado ao processo de produção de textos que faz referência (explícita ou implícita) aos elementos existentes em outro texto, seja a nível de conteúdo, forma ou de ambos: forma e conteúdo. A intertextualidade é o diálogo entre textos.

A intertextualidade pode ser:

Implícita: não é facilmente identificada pelos leitores, exigindo recorrer a conhecimentos prévios para compreender o conteúdo. Por isso, não estabelece relação direta com o texto fonte nem elementos que o identifiquem.

Explícita: os leitores identificam a intertextualidade de forma rápida por elementos e relação direta estabelecida com o texto fonte. Não exige que haja dedução ou algum conhecimento prévio para compreensão.

Tipos de Intertextualidade

muitas maneiras de realizar a intertextualidade sendo que os tipos de intertextualidade mais comuns são:

Paródia: altera o conteúdo do texto anterior que aparece geralmente, em forma de crítica irônica de

caráter humorístico. Esse recurso é muito utilizado pelos programas humorísticos.

Exemplo:

Quem tem boca vai a Roma. (ditado popular) Quem tem carro vai a Roma. (paródia)

Paráfrase: recriação de um texto já existente mantendo a mesma ideia contida no texto original, entretanto, com a utilização de outras palavras.

Exemplo:

A música “Monte Castelo”, do grupo Legião Urbana, que parafraseia um trecho da Bíblia (Coríntios, capítulo XIII).

Trecho bíblico: 1. Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine. 4. O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.

Letra da canção:

Ainda que eu falasse A língua dos homens E falasse a língua dos anjos Sem amor eu nada seria É só o amor! É só o amor Que conhece o que é verdade O amor é bom, não quer o mal Não sente inveja ou se envaidece (...)

Citação: Acréscimo de partes de outras obras numa produção textual, de forma que dialoga com ele; geralmente vem expressa entre aspas e itálico, já que se trata da enunciação de outro autor. Esse recurso é importante haja vista que sua apresentação sem relacionar a fonte utilizada é considerado “plágio”.

Exemplo:

Analisando a rotação do osso sobre a base, pode-se, segundo “Kapan (2001), descobrir até que ponto haverá o desenvolvimento do paciente”.

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2 Exemplo:

Segundo Milan Kundera, “nunca se pode saber o que se deve querer, pois só se tem uma vida e não se pode nem compará-la com as vida anteriores nem corrigi-la nas vidas posteriores.”

Intertextualidade na Literatura

O poema de Casimiro de Abreu (1839- 1860), “Meus oito anos”, escrito no século XIX, é um dos textos que gerou inúmeros exemplos de intertextualidade, como é o caso da paródia de Oswald de Andrade “Meus oito anos”, escrito no século XX:

Texto Original

“Oh! Que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais!

Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras

À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais!”

(Casimiro de Abreu, “Meus oito anos”)

Paródia

“Oh que saudades que eu tenho Da aurora de minha vida Das horas

De minha infância

Que os anos não trazem mais Naquele quintal de terra!

Da rua de Santo Antônio Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjais”

(Oswald de Andrade)

Outro exemplo é o poema de Gonçalves Dias (1823-1864) intitulado Canção do Exílio o qual já rendeu inúmeras versões. Dessa forma, segue um dos exemplos de paródia, o poema de Oswald de Andrade (1890-1954), e de paráfrase com o poema de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987):

Texto Original

“Minha terra tem palmeiras Onde canta o sabiá,

As aves que aqui gorjeiam Não gorjeiam como lá.”

(Gonçalves Dias, “Canção do exílio”)

Paródia

“Minha terra tem palmares onde gorjeia o mar

os passarinhos daqui não cantam como os de lá.”

(Oswald de Andrade, “Canto de regresso à pátria”)

Paráfrase

“Meus olhos brasileiros se fecham saudosos Minha boca procura a ‘Canção do Exílio’.

Como era mesmo a ‘Canção do Exílio’?

Eu tão esquecido de minha terra...

Ai terra que tem palmeiras Onde canta o sabiá!”

(Carlos Drummond de Andrade, “Europa, França e Bahia”)

Exercícios:

(Analista Legislativo – Taquigrafia - FGV)

01 – A frase abaixo que não apresenta intertextualidade com um texto amplamente conhecido é:

a)A Universidade Santa Úrsula adverte: frequentar certos cursos faz mal ao bolso!

b) A situação econômica do Brasil é grave e quem tiver ouvidos para ouvir, que ouça: todos devemos colaborar para que isso não piore!

c) A ocasião faz o roubo, pois o ladrão já nasce feito!

d)Acreditar ou não nas religiões: eis a questão!

e) Juntos salvaremos o Brasil!

02 - Sobre o conceito de intertextualidade, podemos afirmar:

I. Introdução de novos elementos no texto. Pode-se também retomar esses elementos para introduzir novos referentes;

II. Elemento constituinte do processo de escrita e leitura. Trata-se das relações dialógicas estabelecidas entre dois ou mais textos;

III. Pode ocorrer de maneira implícita ou explícita;

IV. Responsável pela continuidade de um tema e pelo estabelecimento das relações semânticas presentes em um texto.

Estão corretas as proposições:

a) Todas estão corretas.

b) Apenas I, II e IV estão corretas.

c) Apenas III e IV estão corretas.

d)I, III e IV estão corretas.

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3 e) I e II estão corretas.

03 - Sobre a intertextualidade estão corretas, exceto:

a) A intertextualidade, tema estudado pela linguística Textual, é um elemento recorrente na escrita de textos, resgatando modelos e parâmetros estabelecidos nos chamados textos fontes.

b) São dois os tipos de intertextualidade: implícita e explícita. Na intertextualidade implícita, não há citação expressa do texto fonte, fazendo com que o leitor busque na memória os sentidos do texto; já na intertextualidade explícita, ocorre a citação da fonte do intertexto.

c) A intertextualidade não interfere na construção de sentidos do texto. Trata-se apenas de um recurso estilístico utilizado para deixá-lo mais interessante.

d) Podemos dizer que a intertextualidade é a influência de um texto sobre outro. Todo texto, em maior ou menor grau, é um intertexto, pois durante o processo de escrita acontecem relações dialógicas entre os textos que escrevemos e os textos que acessamos ao longo da vida.

Cálice

Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice Pai, afasta de mim esse cálice De vinho tinto de sangue

Como beber dessa bebida amarga Tragar a dor, engolir a labuta Mesmo calada a boca, resta o peito Silêncio na cidade não se escuta.

(Disponível em: Acesso em: 19 set. 2007.)

04 - Durante a Ditadura Militar, a censura política funcionou como uma mordaça à liberdade de expressão no Brasil. Em função disso, artistas de diversas tendências usaram a sua criatividade na produção de obras de forte apelo político, mas que, ao mesmo tempo, preservavam a beleza estética.

Um exemplo é a canção "Cálice", composta por Chico Buarque e Gilberto Gil, em 1973. Sobre a expressividade poética e política dessa canção, é INCORRETO afirmar:

a) Ela explora o duplo sentido que se pode verificar na leitura do vocábulo "cálice", em razão da identidade fônica entre esta palavra e a forma verbal do verbo "calar", na terceira pessoa do imperativo.

b) Percebe-se a manifestação de uma intertextualidade entre os três primeiros versos e o contexto bíblico da crucificação de Cristo.

c) "Bebida amarga", no contexto da canção, metaforiza o contexto sócio-histórico em que ela foi composta.

d) A canção emprega a linguagem denotativa para denunciar a arbitrariedade do sistema político vigente à época.

AS TARTARUGAS DE HERON – Heloísa Seixas

Amanhece na ilha de Heron. Sobre a imensa faixa de areia, que se estende em curva até desaparecer na bruma da manhã, despeja - se uma lua violácea, que pouco a pouco se encorpa. Mas é somente quando o sol oblíquo já incide sobre as areias e a água, sobre a vegetação rasteira e os tufos de algas que brilham nas pedras com a maré baixa, é só então – nunca antes– que se pode notar o primeiro movimento na praia.

De início, quase imperceptível. Alguns grãos de areia deslocados, apenas. Depois um movimento um pouco mais brusco, mais ousado, pequeno terremoto subterrâneo que suga a areia para dentro de si mesma. Os grãos estremecem, revoltam-se, até que, finalmente, após longa luta, uma forma de cor escura irrompe à superfície. É a cabecinha de uma tartaruga.

Logo, surgem outras. E mais outras, por toda parte. Ao longo de uma enorme extensão de areia, as tartarugas

recém-nascidas caminham com seus passos incertos em direção ao mar da Austrália.

Nem todas conseguirão alcançá-lo. Muitas morrerão ao longo do caminho até as ondas, levadas por aves predadoras, ou se perderão, confundidas pelo sol. Outras, tenazes, resistirão. Serão

mais rápidas ou terão mais sorte – e logo seus pequenos corpos escuros serão apenas uma nódoa no mar de esmeralda líquida. Estarão salvas para cumprir seu destino.

E esse destino é nadar, seguir em frente. As tartarugas de Heron, assim que mergulham no mar, nadam incansavelmente em direção à Nova Zelândia, atravessando as águas do Mar da Tasmânia por anos a fio.

(4)

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4 Levam praticamente a vida toda nessa travessia, apenas para, um dia, voltar. Então, descrevem uma longa curva e atravessam de volta o oceano, rumo à mesma praia da ilha de Heron onde nasceram. Ali, já adultas, vão pôr seus ovos

na areia – para que o ciclo da vida recomece.

Soube de tudo isso ao assistir a um documentário na televisão. E fiquei pensando.

As tartarugas de Heron se parecem um pouco conosco.

Elas, como nós, atravessam o longo arco da vida -tão atribulada, tão cheia de batalhas – e, no fim das contas, vão parar no mesmo lugar. São navegantes sem sentido, mas que continuam, sempre e sempre, nadando rumo a seu destino. Nadam com grande afinco, empregando nas braças toda a sua energia, ano após ano, sem saber bem por que o fazem, talvez sem sequer pensar no sentido dessa trajetória. Mas vão em frente, navegam – como nós.

Porque é preciso.

(QUESTÕES DO CONCURSO CBPF – CENTRO BRASILEIRO DE PESQUISAS FÍSICAS)

05 - “Amanhece na ilha de Heron. Sobre a imensa faixa de areia, que se estende em curva até desaparecer na bruma da manhã, despeja-se uma luz violácea, que pouco a pouco se encorpa.” O comentário CORRETO sobre esse segmento do texto é:

(A) o texto localiza o momento temporal da descrição da ilha;

(B) a descrição realizada é de base auditiva;

(C) o primeiro relativo QUE refere-se ao antecedente “areia”;

(D) o segundo relativo QUE refere-se ao antecedente “bruma da manhã”;

(E) ocorre um excessivo número de adjetivos no segmento.

06 - No segundo parágrafo do texto há uma sequência cronológica de ações; a sequência de ações no tempo é marcada por uma série de vocábulos, que são:

(A) de início – depois – finalmente;

(B) alguns grãos – os grãos – superfície;

(C) imperceptível – movimento brusco – luta;

(D) movimento – terremoto – areia;

(E) estremecem–revolvem-se– revoltam-se.

07 - “...uma forma de cor escura irrompe à superfície.”; nesse segmento do texto, a pequena tartaruga é representada por “uma forma de cor escura” porque:

(A) pretende-se provocar certo medo no leitor;

(B)teoricamente o ser ainda não pode ser identificado;

(C) a descrição é realizada com suspense;

(D)deve mostrar o esforço da tartaruguinha;

(E)a tartaruga ainda não está completamente formada.

08 - O terceiro parágrafo do texto documenta:

(A)a lei da oferta e da procura;

(B) o princípio da ação e reação;

(C) a alternância de altos e baixos;

(D)a sobrevivência do mais forte;

(E) o destino depende de Deus.

09 - Ao dizer que os corpos das tartarugas serão apenas “uma nódoa no mar de esmeralda líquida”, o texto atribui a

esses corpos a propriedade de:

(A) embelezar;

(B) transformar;

(C) intensificar;

(D) manchar;

(E) enriquecer.

10 - Ao dizer que o mar é de “esmeralda líquida”, o texto destaca uma característica do mar, que é:

(A) sua composição química;

(B) sua forma material;

(C) seu aspecto cromático;

(D) sua posição geográfica;

(E) sua valorização econômica.

11 - A semelhança entre as tartarugas de Heron e os seres humanos, segundo o último parágrafo do texto, só NÃO está no(na):

(A) dificuldade da sobrevivência;

(B) presença de um destino;

(C) inconsciência da vida;

(D) cumprimento de um dever;

(E) certeza de uma recompensa.

12 - Fernando Pessoa, grande poeta português, disse em um de seus poemas que “Navegar é

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5 preciso, mas viver não é preciso”; as últimas palavras do texto:

(A) demonstram que a autora do texto plagiou o poeta;

(B) mostram que Fernando Pessoa conhecia a vida das tartarugas;

(C) indicam a presença de um texto em outro;

(D) documentam uma paródia das palavras do poeta;

(E) ironizam as belas palavras do poema.

13 - “Ali, já adultas, vão pôr seus ovos na areia.”; a reescritura é feita de forma inadequada em:

(A) Já adultas, vão pôr, ali, seus ovos na areia;

(B) Ali, vão pôr seus ovos, já adultas, na areia;

(C) Ali, já adultas, na areia vão pôr seus ovos;

(D) Já adultas, ali, vão pôr seus ovos na areia;

(E) Já adultas ali, vão pôr seus ovos na areia. Sobre a intertextualidade, assinale a alternativa incorreta:

Referências

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