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“Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”

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Academic year: 2021

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Instituto Politécnico de Beja

Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária

Projecto de Intervenção

“Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”

A interferência do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes na qualidade dos cuidados

prestados aos mesmos

Nádia Raquel Gonçalves da Cruz

Beja

2014

(2)

Instituto Politécnico de Beja

Escola Superior de Educação Mestrado em Psicogerontologia Comunitária

Projecto de Intervenção

“Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”

A interferência do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes na qualidade dos cuidados

prestados aos mesmos

Elaborado por:

Nádia Raquel Gonçalves da Cruz

Orientado por:

Professora Doutora Maria Cristina Campos de Sousa Faria

Co-orientado por:

Professora Doutora Ana Isabel Lapa Fernandes

Beja

2014

(3)

Resumo

O presente estudo incide sobre o tema da interferência do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais na qualidade da prestação de cuidados a pessoas idosas dependentes.

O investigador pretende responder à seguinte questão de partida: De que forma o desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes interfere na qualidade dos cuidados prestados aos mesmos?

Neste sentido foi realizado um estudo no Lar Anexo I, da Santa Casa da Misericórdia de Sines, com 13 Ajudantes de Lar e 30 utentes, que representaram uma amostra por conveniência do universo de 53 utentes.

Os instrumentos de recolha de dados aplicados foram de natureza qualitativa e quantitativa, nomeadamente uma Entrevista semi-estruturada aplicada aos cuidadores formais e um Inquérito por Questionário para os utentes.

Além disso utilizou-se o Índice de Barthel, para a avaliação da dependência dos utentes ao nível das Actividades Básicas da Vida Diária.

Foram ainda aplicadas duas Escalas de Avaliação Psicológica: a Escala de Sobrecarga do Cuidador (adaptada por Sequeira) e a Escala de Ansiedade, Depressão e Stress (adaptada por Pais-Ribeiro, Honrado e Leal).

A nível dos resultados do desgaste físico verificou-se que, a maioria dos cuidadores formais sofre de sobrecarga intensa. Relativamente ao desgaste psicológico, o stress apresentou a média de resultados mais elevada.

A maioria dos idosos é dependente e considera que o desgaste dos cuidadores interfere na qualidade dos seus cuidados.

Face aos resultados adquiridos no processo investigativo propôs-se um Projecto de Intervenção.

Palavras-Chave: Cuidador Formal, Idoso, Desgaste Físico e Psicológico,

Cuidado

(4)

Abstract

The present study focuses on the issue of physical and psychological wear and tear’s interference of formal caregivers in the quality of care for dependent elderly people.

The researcher intends to answer to the initial question: How does the physical and psychological wear and tear of formal caregivers of dependent elderly interferes with the quality of care provided to them?

Regarding this a study was conducted at the institution Santa Casa da Misericórdia de Sines, in its rest house Lar Anexo I, with 13 employees of helper category and 30 of their service-users, which represented a convenience sample of an universe of 53 users.

The instruments for data collection were applied in a qualitative and a quantitative way, including a semi-structured interview applied to formal caregivers, and a questionnaire for their service-users.

Beyond that was used the Barthel Index, for evaluation of user’s dependency regarding the Basic Activities of Daily Living.

Were also applied two scales of Psychological Evaluation: Scale of Caregiver’s Overload (adapted by Sequeira) and the Scale of Anxiety, Depression and Stress (adapted by Pais-Ribeiro, Honrado and Leal).

Regarding the results of the physical wear and tear was found that most of the formal caregivers suffer from intense overload. Relatively to the psychological one, the stress showed the highest average results.

Most seniors are dependent and consider that this wear and tear of caregivers interferes with the quality of their care.

Given the results obtained in the investigative process was proposed an Intervention Project.

Keywords: Caregiver, Elderly, Physical and Psychological Wear, Care.

(5)

Agradecimentos

Agradeço a todos os que me apoiaram nesta etapa da vida, dando força para prosseguir e superar as diversidades encontradas.

Aos meus pais Helena e Diamantino Ao meu irmão Rui

Ao meu namorado Luís A toda a minha família À Nina

Às minhas orientadoras Doutora Mª Cristina Faria e Doutora Ana Fernandes Às Ajudantes de Lar do Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines Aos utentes do Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines

“Tu serás aquilo que for o teu mais profundo e estimado desejo.

Aquilo que for o teu desejo fará a tua vontade.

Aquilo que for a tua vontade fará a tua acção.

Aquilo que for a tua acção fará o teu Destino.”

Brihadaranyaka Upanischad

(adaptado)

(6)

Índice

Introdução 1

Parte I – Enquadramento Teórico 3

1- O Envelhecimento: conceptualizações, causas e consequências 4

1.1- Idoso, velho, sénior e geronte 8

2- A Dependência na Velhice 9

3- A Importância das redes de suporte social no envelhecimento 11 4 - Cuidar de Idosos: Cuidador Formal e Cuidador Informal 15

5 - A institucionalização de Idosos 18

6 - O cuidador principal - Ajudante de Lar 23 7 - A qualidade de vida do idoso: a importância dos cuidados prestados 27 8 - O desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos 32 9 - Os aspectos positivos de cuidar - Resiliência e Motivação dos cuidadores

40

10 - Psicogerontologia Comunitária: os contributos para a intervenção na velhice

43

Parte II – Estudo Empírico 49

11- Metodologia 49

11.1- Tipologia do Estudo 50

11.2 - Participantes 52

11.2.1- Contexto Institucional dos Participantes 53 11.2.1.1 - Caracterização do Lar Anexo I da Santa Casa da Misericórdia de Sines

53 11.2.1.2 - Caracterização populacional do concelho de Sines

56

11.3 – Instrumentos 58

11.4- Procedimentos 62

(7)

11.5- Tratamento de Dados 64

11.6- Apresentação dos Resultados 66

11.6.1 – Caracterização dos Participantes 66

11.6.1.1 - Idosos Institucionalizados no Lar Anexo I 66 11.6.1.2 - Cuidadores formais no Lar Anexo I 73

11.6.2- Escala de Sobrecarga do Cuidador 75

11.6.3- Escala de Ansiedade, Depressão e Stress 80 11.6.4- Entrevistas às Ajudantes de Lar da Santa Casa da Misericórdia

de Sines (Lar Anexo I) 84

11.6.4.1- Análise da Entrevista de E1 85

11.6.4.2- Análise da Entrevista de E2 89

11.6.4.3- Análise da Entrevista de E3 92

11.6.4.4- Análise da Entrevista de E4 96

11.6.4.5- Análise da Entrevista de E5 99

11.6.4.6- Análise da Entrevista de E6 103

11.6.4.7- Análise da Entrevista de E7 106

11.6.4.8- Análise da Entrevista de E8 108

11.6.4.9- Análise da Entrevista de E9 111

11.6.4.10- Análise da Entrevista de E10 115

11.6.4.11- Análise da Entrevista de E11 118

11.6.4.12- Análise da Entrevista de E12 121

11.6.4.13- Análise da Entrevista de E13 124

11.6.4.14- Análise global das Entrevistas às Ajudantes de Lar (SCMS) 127

11.6.5 – Índice de Barthel – Actividades Básicas de Vida Diária 133

11.6.6 – Apresentação dos resultados dos questionários realizados aos

utentes do Lar Anexo I, da Santa Casa da Misericórdia de Sines 138

(8)

11.7 – Análise dos resultados 158 Parte III- Projecto de Intervenção Cuidar de quem Cuida 164

12- Proposta de Projecto de Intervenção 164

12.1 – Enquadramento 164

12.2 – Análise das situações-problema 165

12.3 – Objectivos do Projecto 172

12.4 – Plano de acção do Projecto 173

12.5 – Avaliação do Projecto 179

Conclusões 181

Bibliografia 183

Webgrafia 189

Apêndices 190

Anexos 226

(9)

Índice de gráficos

Gráfico nº1 - Género dos utentes do Lar Anexo I, SCMS 66 Gráfico nº 2- Idade dos utentes do Lar Anexo I, SCMS 67 Gráfico nº3- Estado Civil dos utentes do Lar Anexo I, SCMS 67 Gráfico nº4 - Profissão dos utentes do Lar Anexo I, SCMS 68 Gráfico nº5 - Escolaridade dos utentes do Lar Anexo I, SCMS 69 Gráfico nº6 - Suporte Social dos utentes do Lar Anexo I, SCMS 69 Gráfico nº7- Interacções sociais fora do Lar Anexo I, SCMS 70 Gráfico nº8- Interacções sociais dos utentes do Lar Anexo I, SCMS 70 Gráfico nº 9- Problemas de saúde dos utentes participantes 71 Gráfico nº 10- Dependência nas AVD’s dos utentes participantes 72 Gráfico nº 11- Idades das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS 73 Gráfico nº 12- Estado civil das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS 74 Gráfico nº 13- Escolaridade das Ajudantes de Lar do Anexo I da SCMS 74 Gráfico nº14 - Sobrecarga dos cuidadores formais do Lar Anexo I, SCMS 75 Gráfico nº15 - Total global da Sobrecarga de cada cuidador formal do Lar Anexo I, SCMS

76

Gráfico nº16 - Impacto de Prestações de Cuidados de cada cuidador formal do Lar Anexo I, SCMS

77

Gráfico nº 17 - Relação Interpessoal de cada cuidador formal do Lar Anexo I , SCMS

77

Gráfico nº 18- Expectativas ao cuidar de cada cuidador formal do Lar Anexo I , SCMS

78

Gráfico nº 19- Percepção de auto eficácia de cada cuidador formal do Lar Anexo I, SCMS

79

Gráfico nº 20 - Escala de Ansiedade Depressão e Stress dos cuidadores

formais de idosos do Lar Anexo I, SCMS 80

81

(10)

Gráfico nº 21 - Níveis de Ansiedade dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I, SCMS

Gráfico nº 22 - Níveis de Depressão dos cuidadores formais de idosos

do Lar Anexo I, SCMS 82

Gráfico nº 23 - Níveis de Stress dos cuidadores formais de idosos do Lar Anexo I, SCMS

83

Gráfico nº 24- Nível de dependência- Item Alimentação 134 Gráfico nº 25- Nível de dependência - Item Vestir 134 Gráfico nº 26-Nível de dependência – Item Banho 134 Gráfico nº 27-Nível de dependência – Item Higiene Corporal 135 Gráfico nº 28- Nível de dependência – Item Uso da Casa de Banho 135 Gráfico nº 29- Nível de dependência – Item Controlo intestinal 135 Gráfico nº 30 - Nível de dependência – Item Controlo Vesical 136 Gráfico nº 31- Nível de dependência- Item Subir escadas 136 Gráfico nº 32- Nível de dependência- Item Transferência cama-cadeira 137 Gráfico nº 33- Nível de dependência- Item Deambulação 137 Gráfico nº 34 – Tempo de ingresso na Instituição 139 Gráfico nº 35 – Escolha de entrada para o Lar 139 Gráfico nº 36 – Vida na Instituição e expectativas iniciais 140 Gráfico nº 37- Classificação da vida no Lar Anexo I 141 Gráfico nº 38 – Actividades sócio culturais no Lar Anexo I 142 Gráfico nº 39 – Frequência das visitas aos utentes do Lar Anexo I 143 Gráfico nº 40- Relações com os familiares após a institucionalização 144 Gráfico nº 41 – Relação com os restantes utentes do Lar Anexo I 144 Gráfico nº 42- Relação dos utentes do Lar Anexo I com as Ajudantes de

Lar 145

Gráfico nº 43- Primeira qualidade valorizada nos cuidadores fornais 146

Gráfico nº 44- Segunda qualidade valorizada nos cuidadores formais 146

(11)

Gráfico nº 45- Terceira qualidade valorizada nos cuidadores formais 147 Gráfico nº 46- Grau de satisfação com os cuidados de higiene 148 Gráfico nº 47- Necessidade de apoio para tomar 148 Gráfico nº 48 – Qualidade dos cuidados recebidos no banho 149 Gráfico nº 49 – Cuidados ao nível da higiene diária 149 Gráfico nº 50 – Grau de satisfação com os cuidados de alimentação 150 Gráfico nº51- Apoio na realização das refeições diárias 150 Gráfico nº 52- Grau de satisfação com os cuidados de vestuário 151 Gráfico nº 53- Cuidados ao nível do vestuário 152 Gráfico nº 54- Satisfação dos utentes com a roupa que vestem

diariamente 153

Gráfico nº 55 – Frequência da escolha de roupa diária 153 Gráfico nº 56 – Apoio sócio emocional dos utentes do Lar Anexo I 155 Gráfico nº 57- Qualidade dos cuidados prestados pelas Ajudantes de Lar 155 Gráfico nº 58 – Relação entre a qualidade dos cuidados e o desgaste

dos cuidadores formais 157

(12)

Índice de quadros

Quadro nº 1- Alterações nas questões da Escala de Sobrecarga do Cuidador para o contexto do cuidador formal 60

Quadro nº2 – Análise de situações-problema do Projecto de Intervenção “ Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados” 166

Quadro nº 3 – Plano de Acção do Projecto de Intervenção “ Cuidar de

quem Cuida de Idosos Institucionalizados” 174

(13)

Índice de Apêndices

Apêndice I - “Entrevista semi-estruturada” 190

Apêndice II - “Inquérito por questionário” 195

Apêndice III -“ Solicitação de autorização para realização da

Investigação” 208

Apêndice IV - “ Solicitação de autorização para utilização da Escala

de Sobrecarga do Cuidador e Índice de Barthel 210 Apêndice V - “ Solicitação de autorização para utilização da Escala

Ansiedade, Depressão e Stress “ (EADS -21)

212

Apêndice VI - “ Consentimento Informado” 214

Apêndice VII -“ Autorização para registo áudio” 216

Apêndice VIII - “ Ficha de auto-avaliação do Projecto” 218

Apêndice IX – “Questionário de avaliação do Projecto” 221

Apêndice X- “Cronograma do Projecto” 224

(14)

Índice de Anexos

Anexo I - “ Autorização para a realização da investigação” 226 Anexo II- “ Autorização para utilização da Escala de Sobrecarga do

Cuidador e Índice de Barthel

228

Anexo III- “ Autorização para utilização da Escala Ansiedade, Depressão e Stress “ (EADS -21)

230

Anexo IV – “ Caracterização da Santa Casa da Misericórdia de Sines”

232

Anexo V - “Caracterização sócio-demográfica de Sines” 236

Anexo VI - “Índice de Barthel” 248

Anexo VII - “ Escala de Sobrecarga do Cuidador” 250 Anexo VIII - “ Escala de Ansiedade, Depressão e Stress” 252 Anexo IX - “Resultados da Escala de Sobrecarga do Cuidador” 254 Anexo X - “ Resultados da Escala de Ansiedade, Depressão e

Stress”

281

Anexo XI - “ Transcrições das Entrevistas das Ajudantes de Lar do Anexo I, SCMS”

295

Anexo XII - “ Análise de conteúdo das entrevistas” 372

Anexo XIII - “ Resultados do Índice de Barthel” 386

Anexo XIV - “ Análise de conteúdo dos Inquéritos por Questionário” 389

(15)

Abreviaturas

ABVD ’s - Actividades Básicas da Vida Diária

EADS-21- Escala de Ansiedade, Depressão e Stress de 21 itens ESC- Escala de Sobrecarga do Cuidador

EC – Expectativas face ao cuidar Et al – E outros

INE – Instituto Nacional de Estatística IPC – Impacto da prestação de cuidados PA – Percepção de auto-eficácia

RI – Relações interpessoais

SCMS – Santa Casa da Misericórdia de Sines S/d – Sem data

SPSS - Statistical Package for the Social Sciences (software aplicativo)

(16)

1 Introdução

O documento seguidamente apresentado consiste num Projecto de Intervenção “ Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”, no âmbito do Mestrado de Psicogerontologia Comunitária, da Escola Superior de Educação de Beja, desenvolvido pela mestranda Nádia Cruz, sob orientação da Professora Doutora Maria Cristina Faria e co-orientação da Professora Doutora Ana Fernandes.

O Projecto de Intervenção fundamenta-se na temática do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais e interferência do mesmo na qualidade da prestação de cuidados a pessoas idosas dependentes.

Neste sentido a questão de partida é: De que forma o desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes interfere na qualidade dos cuidados prestados aos mesmos?

O investigador pretende responder ao seguinte objectivo geral:

compreender as interferências do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais na qualidade dos cuidados que prestam aos idosos dependentes.

Os objectivos específicos do processo investigativo passam por:

x Avaliar os níveis de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais;

x Avaliar o nível global de dependência dos idosos, no que diz respeito às Actividades Básicas da Vida Diária;

x Verificar as causas do desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes;

x Identificar as estratégias de coping utilizadas pelos cuidadores formais;

x Verificar o grau de satisfação dos utentes relativamente aos cuidados recebidos ao nível da higiene, alimentação e vestuário;

x Conhecer a visão dos utentes acerca da interferência do desgaste físico e psicológico dos seus cuidadores na qualidade dos cuidados que lhes são prestados.

As razões para a escolha do tema investigativo remetem-se

primeiramente para o gosto pela intervenção junto da população mais

(17)

2 envelhecida e dos seus cuidadores e o facto de constituir o campo de trabalho do investigador.

Além disso o tema é bastante pertinente para a área da Psicogerontologia Comunitária, uma vez que, com o aumento da população envelhecida e consequentemente do número de dependentes é cada vez mais necessário olhar para quem cuida e cuidar não só dos receptores de cuidados mas também dos seus cuidadores.

O documento apresentado é constituído por três partes fundamentais: o Enquadramento Teórico, o Estudo Empírico e o Projecto de Intervenção.

No Enquadramento Teórico são desenvolvidos e correlacionados os conceitos chave da investigação e a pertinência do tema na área da Psicogerontologia Comunitária.

No Estudo Empírico é apresentada a metodologia da investigação, os participantes, a caracterização da Instituição e do meio físico onde se realiza a intervenção, os instrumentos de recolha de dados, os procedimentos, as técnicas de tratamento de dados, a apresentação e análise dos resultados.

A parte do Projecto de Intervenção inicia-se com o enquadramento do projecto e a caracterização das diferentes etapas, seguindo-se a apresentação da análise das situações-problema, a planificação das acções e da avaliação das mesmas.

Na parte final do documento compilam-se os apêndices e anexos

fundamentais à compreensão do processo de desenvolvimento do Projecto de

Intervenção “ Cuidar de quem Cuida de Idosos Institucionalizados”.

(18)

3 Parte I – Enquadramento Teórico

Segundo Quivy e Campenhoudt (2003:89), “a problemática é a abordagem ou a perspectiva teórica que decidimos adoptar para tratarmos o problema formulado pela questão de partida.”

“A elaboração de uma problemática é […] realizada em dois momentos. Num primeiro momento trata-se de explorar leituras […] e fazer o balanço dos diferentes aspectos do problema que foram evidenciados. […] Num segundo momento pode-se escolher e definir a nossa própria problemática.” (Quivy e Campenhoudt, 2003: 89).

Para a concretização da problemática da investigação é necessário realizar uma “revisão da literatura que tem como objectivo a consulta e recolha de informação pertinente relativa à área de investigação em geral e à problemática da investigação em particular. Basicamente tem como objectivo a aquisição de conhecimento científico na área da investigação, que seja relevante e permita ajudar a encontrar a (s) resposta (s) para a problemática em estudo.” (Sousa e Baptista, 2011:33).

A problemática a tratar neste Projecto de Intervenção incide em, estudar de que forma é que os níveis de desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais de idosos dependentes, influenciam a qualidade dos cuidados prestados aos mesmos.

Neste sentido, é necessário fazer uma exploração de leituras e revisão bibliográfica sobre a temática em estudo de forma a construir a própria problemática.

Seguidamente apresenta-se a exploração de um conjunto de conceitos

de modo a melhor compreender o problema em estudo. Os eixos de

conhecimento a estudar são as seguintes: o envelhecimento, a dependência na

velhice, as redes de suporte social; os cuidadores de idosos; a

institucionalização de idosos; a qualidade de vida e a importância dos cuidados

prestados aos idosos; o desgaste físico e psicológico dos cuidadores formais

de idosos; os aspectos positivos no acto de cuidar e os contributos da

Psicogerontologia na intervenção junto dos mais velhos.

(19)

4 1 - O Envelhecimento: conceptualizações, causas e consequências

Ao longo dos tempos, a sociedade portuguesa tem assistido a um fenómeno de crescente envelhecimento populacional, o que tem promovido diversas reflexões acerca desta problemática.

As investigações de autores referenciados como a Constança Paúl, o António Fonseca, o Carlos Sequeira, entre outros, têm-se debruçado sobre questões acerca das diferentes conceptualizações do envelhecimento, dos factores que promovem um envelhecimento saudável e activo, das consequências do envelhecimento demográfico e a promoção da sustentabilidade de uma sociedade cada vez mais envelhecida.

Em primeiro lugar, é preciso entender o que é isso de envelhecimento.

Este conceito não é de modo algo unívoco. Existem diversas definições de envelhecimento, que o encaram como um processo gradativo e diferencial, que se altera de acordo com o indivíduo, os contextos económico, social e cultural, desenvolvendo-se em torno de diversas componentes.

De acordo com Rocha (2009:43) citando Birren & Renner (1997:10) o envelhecimento refere-se

às mudanças regulares que ocorrem em organismos maturos, geneticamente representativos, vivendo em condições ambientais representativas, na medida em que avançam com a idade cronológica.”

Quando se fala de envelhecimento referimo-nos inevitavelmente a uma fase do desenvolvimento do adulto. “O envelhecimento pode ser definido como um processo de mudança progressiva da estrutura biológica, psicológica e social dos indivíduos que, iniciando-se mesmo antes do nascimento se desenvolve ao longo da vida. Este processo desenvolvimental é causado por alterações moleculares e celulares, que resultam em perdas funcionais progressivas dos órgãos e do organismo como um todo”. (Guiomar, 2010:3).

De acordo com Paúl (2005) existem três componentes que caracterizam os diferentes processos de envelhecimento. A componente biológica, a social e a psicológica.

O processo de envelhecimento biológico resulta da vulnerabilidade

crescente e de uma maior probabilidade de morrer, a que se chama

senescência. Refere-se ainda, às modificações fisiológicas e anatómicas que

surgem por volta da segunda década de vida e se tornam evidentes a partir da

quarta década até à morte.

(20)

5 O processo de envelhecimento social remete-nos às expectativas da sociedade em relação ao que são os papéis sociais nesta faixa etária, às modificações na vida das pessoas ao nível do papel na sociedade. A passagem para a reforma é um exemplo dessas alterações. Esta acarreta uma diminuição de rendimentos económicos, a perda de identidade e ruptura com os laços estabelecidos no local de trabalho. A saída dos filhos de casa (ninho vazio) e a aquisição do papel de avós é outra alteração que surge com o envelhecimento. Além disso, as modificações começam a ser mais evidentes com o aumento da dependência e necessidade de apoio a nível familiar.

Por último, o envelhecimento psicológico é definido como a capacidade do indivíduo de se adaptar às transformações resultantes do processo de envelhecimento. A este propósito “ Neugarten elaborou um estudo transversal onde concluiu que as pessoas mais velhas tendiam a preocupar-se mais com a sua vida do que com o mundo externo, justificando que as pessoas mais velhas tendiam a um afastamento do mundo exterior.” (Rocha, 2009:51).

Este mundo exterior é cada vez mais envelhecido, onde se verifica o chamado envelhecimento demográfico. Este designa, no essencial, “a progressiva diminuição do peso das gerações mais jovens a favor das gerações mais velhas” (Bandeira, et al, 2012:7).

Segundo Rocha (2009: 60), as causas do envelhecimento demográfico não estão centradas na melhoria das condições de vida que fazem aumentar a esperança média de vida mas sim na nova conjuntura social que gera uma diminuição da natalidade. Esta conjuntura social justifica-se com os novos valores familiares, as exigências do mundo do trabalho, o individualismo e o casamento tardio.

As consequências deste fenómeno do envelhecimento demográfico são

evidenciadas em vários panoramas. A nível social, ocorre uma maior

convivência de várias gerações, um aumento do número de famílias com

idosos dependentes e o aumento do número de idosos em instituições. A nível

da saúde tende a ocorrer mais exigência dos serviços e um aumento dos

gastos com medicação. Ao nível económico verifica-se um maior gasto com as

reformas e menos receitas para o estado. Além destas consequências existem

ainda as políticas (peso de votos nos partidos conservadores), as culturais

(21)

6 (aumento de estruturas de lazer para seniores) e as científicas e laborais (aumento da formação e oferta de emprego na área da gerontologia).

O facto de o envelhecimento acarretar muitas consequências ao nível das diferentes estruturas sociais, pode ter acentuado um sentido negativo de noção de risco do envelhecimento. No entanto,

“não é aceitável que o

envelhecimento seja considerado como um risco. Pelo contrário, é um bem, resultado da melhoria generalizada das condições de vida, em larga medida induzida pelo sucesso de políticas sociais públicas como as da saúde, de redistribuição de rendimentos e de trabalho.” (Capucha, s/d:338).

O grande desafio que se coloca ao nível do envelhecimento populacional, é o de desenvolver medidas que incentivem um envelhecimento saudável, bem-sucedido e activo, que promova a qualidade de vida e bem- estar dos mais velhos, tornando os mesmos interventores no desenvolvimento de uma sociedade sustentável.

“Envelhecer com saúde, autonomia e independência, o mais tempo possível,

constitui hoje, um desafio à responsabilidade individual e colectiva, com tradução significativa no desenvolvimento económico dos países.” (Guiomar, 2010:4).

Neste sentido, hoje em dia, não se fala apenas em envelhecimento, mas sim em envelhecimento saudável e envelhecimento activo.

“O envelhecimento saudável depende do equilíbrio entre o declínio natural das diversas capacidades individuais, mentais e físicas e a obtenção dos objectivos que se desejam.” (DGS, s/d:2).

De acordo com a Direcção Geral de Saúde (s/d: 2) o envelhecimento saudável assenta em três grandes pilares: a autonomia, a aprendizagem ao longo da vida e a necessidade de se manter activo.

A autonomia está relacionada com a capacidade de autodeterminação, da dignidade, integridade e liberdade de escolha.

A aprendizagem ao longo da vida é um aspecto que contribui para envelhecer de forma saudável, uma vez que, favorece a conservação das capacidades cognitivas.

Por último, ter uma vida activa é uma das formas de permitir a

manutenção da saúde da pessoa idosa nas suas diversas componentes: física,

psicológica e social.

(22)

7 O envelhecimento saudável assenta em determinantes como: esperança de vida, satisfação da vida e bem-estar, crescimento pessoal, novas aprendizagens, comunidade social, actividades de lazer, segurança económica, vizinhança, aspectos físicos, produtividade e sentido de humor.

Além do envelhecimento saudável podemos falar em envelhecimento activo, que é de algum modo um conceito mais abrangente.

A Organização Mundial de Saúde definiu envelhecimento activo como

“um processo de optimização de oportunidades para a saúde, participação, segurança,

no sentido de aumentar a qualidade de vida durante o envelhecimento.”

(Guiomar,2010:4)

Neste sentido, o envelhecimento activo implicará uma atitude pessoal de optimismo perante a vida mas também, a existência de medidas capacitadoras dos mais velhos e das suas famílias, de modo a prevenir a vulnerabilidade social.

Segundo o Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações - Programa de Acção (2012:6) as dimensões a ter em conta para a promoção do envelhecimento activo foram: o reforço do papel das famílias; o reforço das relações intergeracionais; a valorização do papel da pessoa idosa na sociedade por mecanismos que favorecessem a sua participação activa e o exercício dos seus direitos; a facilitação do acesso ao mercado de trabalho e permanência neste; o investimento na aprendizagem ao longo da vida; a promoção do voluntariado social; a permanência no meio habitual de vida, o mais tempo possível; uma maior e melhor prevenção e cobertura das situações de dependência.

Compreender as diferentes concepções de envelhecimento é

fundamental para a promoção de uma qualidade de vida e bem-estar dos mais

velhos.

(23)

8 1.1 - Idoso, velho, sénior e geronte

Com as transformações económicas, sociais, políticas e culturais adjacentes ao crescente envelhecimento populacional, têm surgido diferentes noções do que é ser mais velho, ter mais idade e viver mais anos.

Se inicialmente havia uma maior tendência para falar em velho ou idoso, mais tarde, estas noções foram sendo substituídas por termos como sénior ou geronte. Mas afinal o que quer dizer cada um destes conceitos?

Segundo o Dicionário Actual de Língua Portuguesa (2002),

“velho é

aquele que tem uma idade avançada, que conta com muitos anos de existência, que tem mais anos de vida que o outro, que vem de um tempo mais antigo.”

Segundo a fonte citada anteriormente, o idoso é “aquele que tem uma idade avançada”, o sénior “é mais velho que outra pessoa” e o geronte

“exprime a ideia de velhice e velho”.

Neste sentido, percepciona-se que qualquer um destes termos nos remete para a ideia de alguém que vive mais anos, chegando à etapa da velhice.

Nas diversas teses e investigações consultadas, verifica-se que, há uma tendência para que os termos idoso e velho surjam mais associados à ideia de dependência, de cuidados de terceiros e de institucionalização. Tal como a noção de sénior apareça mais relacionada com as concepções como Turismo Sénior, Empreendedorismo Sénior e Universidades Sénior. Do mesmo modo, o conceito de geronte surge mais relacionado às questões do estudo da Gerontologia e Psicogerontologia.

Não existem os conceitos certos ou errados, existem sim formas adequadas ou inadequadas de os utilizar.

Segundo Santos (2010:1036) a Organização das Nações Unidas estabeleceu duas concepções de idoso: uma para os países desenvolvidos e outra para os subdesenvolvidos. Nos primeiros, são consideradas idosas as pessoas com 65 e mais anos. Nos países subdesenvolvidos são idosas as pessoas com 60 ou mais anos.

Ao longo do tempo e com o aumento da esperança média de vida,

desenvolveram-se subcategorias do conceito de idoso: idosos jovens, idosos e

muito idosos. “Idosos jovens são todos aqueles que têm idade igual ou superior

(24)

9 a 65 anos e inferior aos 74 anos. Idosos têm idade igual ou superior a 75 anos e inferior a 84 anos. Muito idosos têm uma idade igual ou superior a 85 anos.”

(Guiomar, 2010:4).

Estas definições são de algum modo limitadas, uma vez que utilizam predominantemente o critério cronológico para estabelecer o que é um indivíduo idoso.

Actualmente sabemos que ser idoso é mais do que ter determinada idade, é um estado de espírito, um modo de vida, a forma como se encara o dia-a-dia.

Neste sentido, o conceito de idoso ou de indivíduo com mais idade tem sido ampliado, considerando que a velhice não é um processo único mas sim definido por diversos factores específicos de cada indivíduo.

Muitas são as formas de ser velho. Este período desenvolvimental carrega consigo a história de vida de cada indivíduo, determinada quer pelo património genético como pela herança psicossocial.” (Guiomar, 2010:5).

2- A Dependência na Velhice

As pessoas idosas apresentam um risco potencial no que diz respeito à perda de capacidades funcionais e/ ou mentais, que podem determinar a dependência parcial ou total para a realização das actividades da vida diária.

“A dependência é um estado em que as pessoas se encontram com uma perda ou falta de autonomia física, psíquica ou intelectual, têm necessidade de uma assistência e / ou de ajudas importantes a fim de realizar os actos correntes da vida ou actividades de vida diária.” (MTSS, 2009:8).

Segundo Miguel et al. (2007:786) podemos distinguir três tipos de dependência: dependência estruturada, física e comportamental.

“A dependência estruturada está ligada à ideia de que o valor do ser humano é

determinado, em primeira instância, pela sua participação no processo produtivo. A

perda do trabalho e/ou a aposentadoria são exemplos de dependência estruturada

(parte da população trabalhadora disponível para sustentar os que estão fora da força

de trabalho).” (Miguel et al.207:786).

(25)

10 A dependência física diz respeito à incapacidade funcional que a pessoa apresenta para realizar actividades da vida diária. Pode variar em graus de acordo com idade, género, classe social, ocorrência de problemas psiquiátricos, porém é mais frequente entre os idosos.

Em consequência da dependência física pode ocorrer a dependência comportamental. Esta explica-se por dois grandes paradigmas: um vê a dependência como resultado do desamparo e o outro considera-a como instrumento de controlo.

“No primeiro caso, a dependência é atribuída ao ambiente negligente (…) e pode estar relacionada às experiências de perda de controlo, sendo a mais temida pelos idosos. No último caso, uma pessoa pode ser considerada incompetente para realizar determinadas tarefas e, mediante tal constatação, uma segunda pessoa assume a função de fazê-las em seu lugar, mesmo que isso não seja necessário ou que contrarie a sua vontade. Da mesma forma, ignorar as pessoas idosas, apressá-las ou tratá-las com desrespeito, são outros factores que podem induzir à dependência comportamental.” (Miguel et al.207:786).

Neste sentido, a dependência relaciona-se directamente com a perda brusca ou progressiva de autonomia a vários níveis: físico, psíquico e social, com a necessidade de outrem para dar resposta às dificuldades funcionais instaladas ou que se vão instalando, assim como com a reformulação da representação ou percepção individual acerca de qualidade de vida.

A dependência não é específica da população mais envelhecida, tendo a sua origem em inúmeras e diversas situações, tais como: acréscimo de deficiências congénitas ou adquiridas, doenças psiquiátricas, doenças físicas e orgânicas debilitantes.

No que respeita à dependência no envelhecimento verifica-se que esta implica um acréscimo de custos médicos e sociais, a necessidade de suporte familiar e comunitário, a probabilidade de cuidados de longa duração, o que se reflecte numa maior solicitação de apoios formais e informais pelo próprio cuidador.

“Em termos gerais, no que concerne ao País, os impactos fazem-se sentir nas dimensões política, económica, social e cultural. A diminuição abrupta da população activa e crescente aumento de reformados, com consequente menor produtividade e

“pressão” sobre as gerações mais jovens e activas, potencia tensão intergeracional e o

(26)

11 aumento dos custos financeiros com os cuidados, com o agravamento dos encargos com dependentes.

Relativamente aos dependentes, pensar nos impactos, implica focar e reflectir sobre as questões interligadas do sofrimento, dignidade e respeito. (…) As principais fontes de sofrimento são a perda de autonomia e a dependência de terceiros, sintomas mal controlados, alterações da imagem corporal, a perda do sentido da vida, de dignidade, de papéis e estatuto sociais, de regalias económicas, alterações nas relações interpessoais, nas expectativas e planos futuros e o sentimento de isolamento e abandono.” (Saraiva, 2011:25).

Se a dependência implica a recepção de cuidados de terceiros, os impactos da mesma não serão só para os dependentes mas também para os seus cuidadores. Nestes, os impactos da dependência atingem um vasto leque de aspectos da vida familiar e potenciam o sofrimento em termos de aumento da sobrecarga e perda de qualidade de vida.

3 - A importância das redes de suporte social no envelhecimento

À medida que se envelhece é normal que aumente o nível de dependência para a realização das Actividades Básicas e / ou Instrumentais da Vida Diária.

Cabe às redes de suporte social prestar o apoio necessário aos mais velhos, às suas famílias e cuidadores, promovendo um envelhecimento com qualidade de vida.

Actualmente, é amplamente aceite que as redes de suporte social contribuem para um desenvolvimento sócio-emocional dos indivíduos em todas as idades, sobretudo na infância e idade avançada.

De acordo com Guiomar (2010:7) o conceito de redes de suporte social começou a ser desenvolvido por diversos autores, na década de 70, quando ocorreu um crescente movimento de desinstitucionalização.

Não há uma definição única de suporte social. Existe uma tendência dos

diferentes autores definirem o suporte social em “termos do conteúdo funcional

das relações que abrange o grau de envolvimento afectivo-emocional ou instrumental,

a ajuda ou informação. (…) Uma perspectiva global de suporte social deverá ter em

conta, simultaneamente, os seguintes factores: 1. a quantidade de relações sociais; 2.

(27)

12 A sua estrutura formal, por exemplo, a densidade e a reciprocidade; e 3. O conteúdo destas relações no que se relaciona com o suporte social.” (Ornelas, 2008:192).

De acordo com Guiomar (2010:8) o conceito de suporte social tem sido definido como “a união entre indivíduos ou entre indivíduos e grupos, do que resulta uma maior competência para enfrentar desafios, tensões e privações a curto prazo.

(…) As funções proporcionadas pelo suporte social incluem desde a integração social, a estima, os laços de confiança, a orientação, até à oportunidade de expressão de sentimentos positivos.”

Barrera (1986) citado por Ornelas (2008:193) subdividiu o suporte social em três categorias gerais: o Envolvimento Social, o Suporte Social Percepcionado e o Suporte Activo.

O Envolvimento Social refere-se às

“ligações significativas que os indivíduos

mantêm com os outros, no meio social, pelo que estar-se socialmente envolvido é um factor essencial no sentido psicológico de pertença a uma comunidade.” (Ornelas, 2008:193).

O Suporte Social Percepcionado caracteriza-se pela satisfação obtida nas relações com os outros.

“As medidas específicas de suporte social

percepcionado incluem duas dimensões: a percepção do suporte disponível e a assertividade dos laços de suporte. Estas medidas diferem das do envolvimento social, porque não quantificam o número de contactos sociais de suporte, mas incidem na confiança do individuo sobre a existência de suporte disponível, sempre que necessário, ou na percepção da existência de um ambiente de coesão e de suporte.”

(Barrera:1981) citado por Ornelas (2008:193).

Por último, o Suporte Activo consiste nas acções desempenhadas pelos indivíduos na prestação de apoio a outros. De acordo com Barrera (1981) citado por Ornelas (2008), normalmente os indivíduos prestam apoio aos outros quando se encontram em situações de stress.

As relações sociais de suporte incluem diversas funções. Segundo Weiss (1974) citado por Ornelas (2008) existem seis funções proporcionadas pelas relações de suporte social: o Attachement, a Integração social, o Reconhecimento do Valor pessoal, as Alianças Estáveis, a Orientação e a Oportunidade de Prestação de Cuidados.

O Attachement representa um “sentimento de aprovação emocional e de segurança, normalmente proporcionado por um cônjuge ou parceiro amoroso.”

(Ornelas, 2008:194).

(28)

13 A Integração Social é o “sentimento de pertença a um grupo, que partilha interesses comuns, actividades recreativas e é normalmente obtido através de amigos.” (Ornelas, 2008:194).

Segundo o autor citado, o Reconhecimento do Valor Pessoal advém dos colegas de trabalho, através do reconhecimento das competências individuais.

As Alianças Estáveis subentendem-se através da garantia de que se pode contar com alguém em quaisquer circunstâncias, normalmente com os elementos da família.

A Orientação inclui o aconselhamento e informação, normalmente obtidos através dos professores, mentores ou figuras parentais.

Por último, “a Oportunidade de Prestação de Cuidados implica o sentimento de responsabilidade pelo bem-estar de outra pessoa, normalmente obtido através dos filhos.” (Ornelas, 2008:194).

Além das categorizações apresentadas anteriormente acerca das funções das relações de suporte social, outros autores, tais como Barrera e Ainlay (1983) citados por Ornelas (2008), definiram diferentes funções do suporte social:

“A ajuda material, proporcionada por bens materiais ou dinheiro; a

assistência, que pode consistir na partilha de actividades; a orientação, que abrange dar conselhos, informações ou instruções; o feedback em relação aos comportamentos, pensamentos ou sentimentos e a interacção social positiva, que se relaciona com situações de distracção convívio e bem-estar.” (Ornelas, 2008:195).

Segundo Guiomar (2010:8) estas funções podem dividir-se em duas dimensões: as funções instrumentais e as funções expressivas do suporte social. A dimensão instrumental refere-se às relações sociais como meio de alcançar objectivos e metas. A dimensão expressiva reporta-se às relações sociais como forma de satisfazer necessidades emocionais; ser amado, ser valorizado, compartilhar emoções e vivências.

Quando se fala em redes de suporte social no envelhecimento remete- se necessariamente para o tipo de apoio social prestado, nomeadamente durante a velhice.

Vaz Serra (1999) define apoio social como a “quantidade e coesão das

relações sociais que rodeiam de modo dinâmico um indivíduo.” (Martins,

s/d:129)

(29)

14 Existem diversas análises das funções do apoio social que remetem para o papel protector sobre o homem e influência de bem-estar e qualidade de vida.

De acordo com Martins (s/d), o autor Vaz Serra (1999) diferencia seis tipos de apoios das redes de suporte social: apoio afectivo, apoio emocional, apoio perceptivo, apoio informativo, apoio instrumental e apoio de convívio social.

O apoio afectivo faz com que as pessoas se sintam estimadas e aceites pelos outros; o apoio emocional corresponde aos sentimentos de segurança que a pessoa pode receber para ultrapassar determinados problemas; o apoio perceptivo ajuda o indivíduo a reavaliar o problema e ultrapassá-lo; o apoio informativo constitui um conjunto de conselhos que ajudam as pessoas a perceber questões complexas, facilitando tomadas de decisões; o apoio instrumental ajuda o indivíduo a resolver problemas através da prestação concreta de bens e serviços. Por último, o apoio de convívio social é conseguido através de actividades de lazer ou culturais que ajudam a aliviar tensões e a fazer a pessoa sentir-se menos isolada e mais participante da rede social.

O apoio social é prestado pelas diferentes redes de suporte social que, apesar das diversas funções que podem ter, devem considerar os seguintes factores para o bem-estar do indivíduo:

“o tamanho da rede social (número de

pessoas que a constituem); a existência de relações sociais; a frequência dos contactos; a necessidade de suporte expressa pelo indivíduo; o tipo e quantidade de suporte disponibilizado pelas pessoas da rede social; a congruência relativa ao suporte disponível e as necessidades do indivíduo; o número de vezes que o indivíduo recorre à rede; a dependência expressa na extensão em que o indivíduo pode confiar nas redes de suporte quando necessita; a reciprocidade que exprime o equilíbrio entre o suporte social recebido e fornecido; a proximidade em relação aos indivíduos que disponibilizam o suporte social e a satisfação dos mesmos perante o suporte social.”

(Torrão, 2010:31).

As diversas formas e funções do apoio social são obtidas através de diferentes redes de suporte social: o suporte social informal e formal.

“As fontes de suporte informal incluem, simultaneamente, os indivíduos

(familiares, amigos, vizinhos, padre, etc.) e os grupos sociais (clubes, igreja, etc.), que

(30)

15 são passíveis de fornecer apoio, no dia-a-dia, em resposta a acontecimentos de vida normativos e não normativos.

As redes de suporte social formal abrangem tanto as organizações sociais formais (hospitais, programas governamentais, serviços de saúde) como os profissionais (médicos, assistentes sociais, enfermeiros, psicólogos, entre outros) devidamente organizados para fornecer ajuda às pessoas necessitadas. “ (Torrão, 2010:33).

Cabe às redes de suporte social formal e informal intervir conjuntamente, de modo a proporcionar uma prestação de cuidados adequados às necessidades apresentadas pelos mais velhos.

4 - Cuidar de Idosos: Cuidador Formal e Cuidador Informal

“O envelhecimento populacional, o aumento do número de idosos a viver em instituições a si destinadas e a necessidade da sociedade dar resposta à população idosa leva-nos a repensar sobre a tarefa de cuidar de idosos e sobre a necessidade de possuir profissionais competentes nas Instituições que prestem os devidos cuidados aos idosos, propiciando-lhes qualidade de vida.” (Ferreira, 2012:19).

Mas afinal o que é isso de cuidar?

Segundo o Dicionário Actual de Língua Portuguesa (2002) cuidar é “ ter em mente alguém ou alguma coisa, tratando-a de modo apropriado.” É ter cuidado, ou seja, “dar uma atenção especial a alguém para que se evite um efeito prejudicial.”

De acordo com Ricarte (2009) cuidar é um conceito complexo e multidisciplinar, que de acordo, com as diferentes abordagens analisadas pelo autor, se apresenta com múltiplas vertentes, sendo estas: relacionais, afectivas, éticas, sócioculturais, terapêuticas e técnicas.

Cuidar é manter a vida garantindo a satisfação de um conjunto de necessidades, é assistir alguém ou prestar-lhe serviço quando este necessita.

Para que se preste cuidados a uma pessoa, independentemente da sua idade ou limitação que lhe provoque algum tipo de dependência, é necessário que exista um cuidador.

“O cuidador é toda a pessoa que assume como função a assistência a

uma outra pessoa que, por razões tipologicamente diferenciadas, foi atingido

por uma incapacidade (…)”. (Cunha, 2011:5).

(31)

16 O cuidador pode ser principal ou secundário, sendo que o principal é aquele que tem maior responsabilidade nos cuidados diários do idoso dependente e o secundário é aquele que realiza, esporadicamente, algumas tarefas.

Segundo Ferreira (2012: 20) o cuidador é aquele “membro, ou não, da família, que, com ou sem remuneração, cuida do idoso no exercício das suas actividades diárias tais como alimentação, higiene pessoal, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de saúde, excluídas as técnicas ou procedimentos identificados com profissões legalmente estabelecidas.”

Os cuidadores podem assumir duas denominações: cuidador formal e cuidador informal. “Os primeiros caracterizam-se pela prestação de serviços com carácter profissional em instituições direccionadas para o cuidado, os segundos poderão ser familiares, amigos e, como tal, cuidam do idoso num ambiente familiar.”

Ferreira (2012:19) citando Sommerhalder (2001).

Sequeira (2007) distingue dois tipos de cuidados que se relacionam com o cuidador em questão: “cuidado formal (actividade profissional) onde a prestação de cuidados é por norma executada por profissionais qualificados, podendo estes ser médicos, enfermeiros, assistentes sociais, entre outros, que ganham a designação de cuidadores formais, pois existe uma preparação específica para a actividade profissional que desempenham, sendo esta actividade variada de acordo com o contexto onde se encontram (lares, instituições comunitárias…); e cuidado informal, com a prestação de cuidados executados por profissionais no domicílio e que por norma ficam sob a responsabilidade dos elementos da família, amigos, entre outros, designando-se assim de cuidadores informais. Estes últimos desempenham a sua actividade que não é remunerada e prestam os cuidados de uma forma parcial ou total.” (Ferreira, 2012:20).

Quando se assume um papel de cuidador (seja ele formal ou informal) estão subjacentes motivações para o desempenho desse papel.

Os cuidadores formais assumem motivações mais relacionadas a factores remuneratórios, ao gosto pela profissão, à vocação para a mesma, às relações semelhantes a nível familiar.

No cuidador informal salientam-se as motivações relacionadas com o

dever moral e social, a solidariedade familiar, conjugal, filial, os factores

religiosos, os sentimentos de amor e piedade, o evitar da institucionalização, a

(32)

17 coabitação de longa data, a proximidade geográfica, a obrigação devido a aspectos culturais e religiosos.

De acordo com Saraiva (2011:17) são múltiplas as razões que levam alguém a cuidar de outrem em situação de dependência. A autora defende cinco razões principais: “o amor, a gratidão (noção de dever, pressão social, modelo da família tradicional), a moralidade (dever moral, expectativas sociais, sentimento de reciprocidade), a solidariedade (laços afectivos) e a vontade própria.”

Acrescenta que

“a pessoa pode tornar-se cuidador por instinto, quando

motivada inconscientemente a prestar auxílio a alguém que necessita dele; por capacidade, quando tem formação técnica; e por conjuntura quando se encontra numa situação extrema não havendo outra opção.” Também pelas “ tradições de um país, pelas normas sociais, pelo estádio de evolução, relativamente às modificações da estrutura familiar, pela concepção da vida, pela história de cada individuo e por motivos religiosos.” (Saraiva, 2011:17).

Os motivos que levam os indivíduos a assumirem o papel de cuidador são semelhantes, tal como as características sócio-demográficas dos mesmos.

“Figueiredo (2007) reuniu vários estudos que permitiram resumir em traços gerais o

perfil do cuidador informal. Predomina o sexo feminino; idade compreendida entre os 45 e 60 anos; o parentesco preferencial é o cônjuge (…); o estado civil dos cuidadores tende a ser o casado (…); vivem próximo do familiar dependente e (…) existe uma tendência para quem já cuidou de alguém tenda a cuidar de outra pessoa, fenómeno este designado por cuidador em série.” (Rocha, 2009:71).

A tarefa de cuidar encontra-se associada à figura feminina devido às raízes históricas, culturais, sociais e afectivas.

A prática das mulheres em cuidar dos filhos, do próprio marido e da casa levou a que a adaptação à tarefa de cuidar de idosos fosse de certa forma mais facilitada.

No caso dos cuidadores formais também predomina a mulher como

cuidadora de idosos em Instituição. Este facto deve-se a acontecimentos como

a crescente inserção da mulher no mercado de trabalho cujas causas foram:

“a

deterioração dos salários impelindo a mulher de participar no orçamento da família e a

crescente participação das mulheres em espaços públicos em especial na

enfermagem. (…) O nível de escolaridade dos cuidadores é outro aspecto relevante e

que necessita de ser tido em conta, pois, a escolaridade pode ter influência no cuidado

(33)

18 através da realização de actividades como o auxílio na toma da medicação, acompanhamento do idoso a consultas médicas, capacidade para compreender e transmitir orientações médicas, entre outros aspectos. Sendo que a qualidade de vida do idoso se encontra em primazia no aspecto do seu cuidado, um cuidador com mais escolaridade poderá ser um factor positivo no melhor executar das actividades referidas”. (Ferreira, 2012:21).

Independentemente das motivações do acto de cuidar ou das características de quem cuida, é fulcral que exista união e inter-ajuda entre os cuidadores (formais e informais). Esta relação de ajuda associada a um bom ambiente profissional, propicia uma maior satisfação no cuidador melhorando a sua qualidade de vida o que se vai evidenciar numa melhor qualidade de vida também para os idosos.

Neste sentido,” torna-se imperativo cuidar de quem cuida e valorizar o papel dos cuidadores (…) ” (Cunha, 2011:4).

5 - A institucionalização de Idosos

No final do século XIX o apoio aos mais velhos era resolvido, na maioria dos casos, pelas famílias e redes de apoio social informal. Posteriormente a sociedade sofreu várias alterações que deram origem a um acréscimo de dificuldades para as pessoas idosas viverem em suas casas, surgindo assim instituições vocacionadas para o acolhimento de idosos.

“A institucionalização pode ser entendida como um duplo processo: como recurso a serviços sociais de internamento do idoso em lares, em casas de repouso, onde recebe assistência, por outro lado, pode entender-se a institucionalização como vivência de perda, simbolizada pela presença de estados depressivos, com sentimentos mais ou menos manifestos de abandono pela família” (Cramês, 2012:28).

Ferreira (2012) refere que se fala em institucionalização quando, por algum motivo, o idoso permanece durante o dia (ou parte dele) numa instituição a si destinada. Quando a sua permanência se prolonga pelas 24 horas passam a designar-se de idosos institucionalizados residentes.

São diversas as razões que justificam um pedido de integração em lar.

Torrão (2010) destaca as seguintes: o afastamento, o conflito nas relações

familiares, a intromissão na privacidade de filhos/netos, a falta de condições

habitacionais, o aumento do nível de dependência, a falta de tempo por parte

(34)

19 dos familiares devido a circunstâncias profissionais, a incapacidade dos familiares cuidarem dos seus familiares. Normalmente a família tem uma influência directa na tomada de decisão do internamento em lar, pois a pessoa de idade tende a pensar que representa um peso para a família, apresentando sentimentos de rejeição e tolerância.

Levenson citado por Ferreira (2012) refere um conjunto de factores associados ao risco de institucionalização: as deficiências cognitivas; o facto de se viver só; a perda de apoios sociais; os problemas com as actividades de vida diária; a pobreza e as deficiências na rede de saúde informal.

Por seu lado, Martins (s/d) evidencia o isolamento como causa mais comum para a entrada nas Instituições de Acolhimento, o que se explica pela inexistência de uma rede de interacções que facilitem a integração social e familiar dos idosos e que garantam um apoio efectivo em caso de maior necessidade.

É de destacar que o processo de institucionalização também acarreta aspectos positivos, nomeadamente ao nível da qualidade de vida, saúde ou até relacionamentos sociais, podendo inclusive contribuir para o envelhecimento activo.

É o acumular de vários factores que leva à entrada do idoso numa Instituição e não apenas a existência de um factor isolado.

“A entrada do idoso numa Instituição de acolhimento é, por norma, um momento difícil para o idoso, em especial quando este ainda possui alguma autonomia ou se a sua entrada se deveu a um acontecimento trágico (por exemplo, a morte de um cônjuge). (…) Por mais qualidade que a Instituição possua, vai haver sempre um corte com o que se passava anteriormente, passando a existir um certo afastamento do convívio social e familiar. A pessoa institucionalizada precisa de se acostumar ao seu novo espaço, às suas novas rotinas, a novas pessoas que irão partilhar o seu espaço e toda esta nova realidade pode criar situações de angústia, medo, revolta e insegurança.” (Ferreira, 2012:18).

Diversos autores afirmam que os idosos institucionalizados possuem um

auto-conceito mais baixo e um maior índice de depressão do que os idosos que

vivem em suas casas. Assim é importante que os cuidados disponibilizados

nestas instituições sejam especializados em qualidade valorizando a dignidade

(35)

20 do idoso, centralizando-se na pessoa, desenvolvendo cuidados apropriados a cada caso.

(…) “O ambiente institucional deve ser adaptado às necessidades emocionais

da pessoa idosa, onde esta possa demonstrar a sua própria personalidade e onde usufrua de uma base segura, evitando, deste modo, possíveis sentimentos de solidão.” (Cramês, 2012: 28).

O ambiente onde o idoso permanece é de extrema importância para que o mesmo se sinta seguro e confortável, e que possibilite preservar alguma autonomia. Os ambientes para idosos deveriam possuir as seguintes características: acessibilidade e uso; facilidade de circulação, especificamente no que diz respeito ao conforto, à conveniência e à possibilidade de escolha;

conservação de energia; comunicação: aspectos sensoriais e interacção social;

segurança: sem risco de lesão e acidentes; protecção: que não cause medo ou ansiedade e que seja previsível (confiável); e privacidade.

Mais do que o ambiente físico da instituição, sobressai o aspecto relacional como condição fulcral para a qualidade de vida dos utentes. O cuidador formal em Instituição de Longa Permanência deve considerar factores no utente como: o estado de saúde, o estilo de vida anterior, a predisposição para a vida, a maneira como vai ocupar o seu tempo dentro da instituição.

O cuidador deve assim adaptar os seus cuidados de modo a potencializar as qualidades do utente visando a sua máxima autonomia e bem- estar.

A qualidade do funcionamento de uma instituição depende da dinâmica criada pelos funcionários que intervêm no grupo de utentes.

“Daí a importância

dos mesmos valorizem e impulsionem as potencialidades de cada personalidade, criarem comportamentos positivos, orientarem expectativas, respeitando que cada utente é diferente, criando condições para que estes rejeitem o “síndrome institucional”

característico das instituições totais assente numa apatia e abandono crescente.”

(Torrão, 2010: 18).

Segundo Ferreira (2012) citando Quintela (2001) “todos os serviços…que

se regulam por ópticas institucionais, têm de evoluir, face às novas realidades

demográficas e sociais, numa atitude proactiva, produzindo cuidados e apoio

competentes nesta matéria, com sentido realista dos constrangimentos ainda

existentes, mas intransigentes na promoção da qualidade de vida das pessoas

idosas”.

(36)

21 Ainda neste âmbito, a autora apresenta três desafios que as Instituições para a Terceira Idade necessitam de enfrentar, tendo presente a heterogeneidade do grupo etário dos idosos: conciliar a colectivização com a individualidade; satisfazer a população, apesar de, em princípio, a sua permanência neste local, ser imposta; e satisfazer, tanto quanto possível, a insuficiência de recursos.

A institucionalização do idoso pode acarretar um grande sofrimento, visto que, se vê confrontado com a separação dos seus familiares e alguns receios da perda de liberdade, abandono pelos filhos, aproximação da morte e dúvidas acerca do tratamento que irão receber.

No entanto, a institucionalização não deve ser encarada apenas pela negativa, pois existem idosos que podem sentir-se mais acompanhados, activos e mesmo mais felizes do que quando se encontravam sós em suas casas. Neste processo de mudança, o indivíduo pode criar os seus próprios mecanismos de adaptação e desenvolver uma sensação ou sentimento de satisfação pela sua nova situação.” (Ferreira, 2012:19).

Cabe aos profissionais das redes de apoio formal criar as condições para que os utentes sintam que a sua autonomia e participação social são tidas em consideração, factores determinantes para um envelhecimento activo.

É neste aspecto que o modo de organização de uma Instituição, as actividades que oferece, a relação de inter-ajuda, o grupo de técnicos e colaboradores que possuem, entre outros aspectos, são de extrema importância para que o sentimento de satisfação ocorra perante a nova situação de vida do idoso.

Considerando a crescente transformação da actuação dos profissionais cuidadores, é cada vez mais comum existirem idosos que tomam a decisão de entrar numa Instituição. Este facto deve-se a conhecerem bem as instalações, as pessoas a viver nas mesmas, acreditando que a Instituição lhes providência uma vida digna e activa.

Neste sentido, Ferreira (2012:9) defende que “embora continuem a ter uma

conotação negativa associada ao abandono dos idosos por parte da família, as

Instituições de Acolhimento para Idosos já começam a ser melhor encaradas por

estes, devido em grande parte, à preocupação das instituições em terem presentes as

(37)

22 características individuais de cada cliente, de possuírem actividades que envolvem o convívio e de um maior envolvimento da família na vida da Instituição.”

De acordo com Fragoso (2008) as Instituições de Longa Permanência para Idosos devem pautar-se pelos seguintes princípios: privacidade; escolha, controlo e autonomia; orientação espacial; segurança; funcionalidade;

estimulação; aspectos sensoriais; familiaridade; estética e aparência;

personalização e adaptabilidade.

A privacidade refere-se à necessidade individual de momentos de isolamento e de manutenção de espaço próprio, que não deve ser invadido sem autorização.

A escolha, controlo e autonomia estão relacionados com a oportunidade de escolhas e controlo de eventos que influenciem sua própria vida (dos utentes).

A orientação espacial refere-se à importância da implantação de mecanismos de orientação para fácil acesso a quartos, casas de banho, refeitório, áreas de uso colectivo.

A segurança remete-se ao planeamento do edifício de forma adequada às necessidades dos utentes (ex: piso antiderrapante, rampas em substituição de escadas, entre outros), o que se relaciona com a funcionalidade.

A estimulação deverá estar presente em todas as actividades da instituição contribuindo para o combate à depressão e passividade do idoso

O ambiente institucional deve repensar a estética, aparência do edifício, adaptando-o (princípio da adaptabilidade) aos aspectos sensoriais.

A instituição deve pautar-se pelo ambiente da familiaridade, personalizando-o de acordo com a identidade, as qualidades, as características e experiências únicas da pessoa idosa.

Para que o idoso se adapte à instituição é imprescindível uma atenção especial no acolhimento do mesmo pois este é, por norma, o primeiro contacto directo que o utente tem com o local que vai ser o seu lar.

Porém é necessário acompanhá-lo não apenas no acolhimento mas ao longo do seu dia-a-dia, promovendo os laços relacionais, pois a instituição é constituída por pessoas, sendo o factor humano fundamental.

Para que a intervenção da instituição resulte

“devem-se desenvolver

medidas de ajuda e suporte para com os seus trabalhadores/colaboradores, de forma

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