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Biologia da conservação das abelhas sem ferrão na região de Bambuí MG

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Academic year: 2021

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Biologia da conservação das abelhas sem ferrão na região de Bambuí – MG

¹Éverton B. SILVA; ²Jéssyka M. PARREIRA; ²Leandro A. MORAES; ³Eriks T. VARGAS;

³Gabriel C. JACQUES.

¹Estudante de Biologia, Bolsista de Extensão (PIBEX). Instituto Federal Minas Gerais (IFMG) campus Bambuí. Rod. Bambuí/Medeiros km 5. CEP: 38900-000. Bambuí-MG. ²Estudante de Biologia, Bolsista de Extensão (PIBEX). ²Estudante de Biologia, Bolsista de Extensão (PIBEX).³ Professor Orientador – IFMG. ³Professor Orientador

– IFMG.

RESUMO

As abelhas da tribo Meliponini são de suma importância para a diversidade dos ecossistemas tropicais, pelo fato dessas realizarem a polinização das plantas. Devido a práticas antrópicas como queimadas, desmatamento, formação de pastagens e limpeza de áreas para agricultura, tem causado impactos em suas populações. O presente trabalho teve como objetivo relatar a diversidade de meliponíneos da região e observar a diminuição do número de colônias pela ação do homem durante o período de realização do trabalho. Quarenta e oito colônias de 9 espécies e 8 gêneros foram coletadas e destas colônias, 3 desaparecem devido a ação antrópica. A importância dos meliponíneos interfere principalmente em processos ecológicos, e diante do desafio de se conservar essas abelhas, é mais do que necessário conhecermos ainda mais sobre este grupo.

Palavras Chave: Meliponini, diversidade, desmatamento.

INTRODUÇÃO

As abelhas da tribo Meliponini são insetos sociais de grande diversidade e de ampla distribuição geográfica, sendo popularmente conhecidas como abelhas sem ferrão ou abelhas indígenas (ROUBIK, 1989). São reconhecidos 27 gêneros e cerca de 180 espécies de meliponíneos presentes no Brasil (SILVEIRA et al., 2002).

Esse grupo apresenta uma alta eficiência na polinização, e isso ocorre devido à dependência dos recursos florais desde a fase larval até a adulta, sendo o pólen a fonte proteica e o néctar a fonte energética (BAWA, 1990). Além da importância na polinização das flores, alguns grupos de abelhas são essencialmente de áreas conservadas, florestas primárias e, portanto, o desmatamento afeta suas populações negativamente, servindo, portanto, como bioindicadores da qualidade ambiental (PALAZUELOS BALLIVIÁN, 2008).

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Porém a maioria constrói seus ninhos nos troncos das árvores (CAMARGO, 1970;

CAMARGO & PEDRO, 2007;RÊGO etal., 2008), e, portanto, podem ser vulneráveis à fragmentação dos habitas.

O município de Bambuí-MG tem sua localização geográfica determinada pelo paralelo de 20º00’14“de latitude Sul em sua interseção com o meridiano de 45º58'46” de longitude Oeste e a altitude de 659 m acima do nível do mar. O mesmo encontra-se em uma área de transição do bioma Cerrado com o bioma Mata Atlântica (VARGAS, 2007), sendo uma região com características favoráveis para uma alta diversidade de meliponíneos. Com a redução das abelhas indígenas consequentemente irá ocorrer à diminuição de plantas cultivadas, floríferas e nativas em cada região, além da produção de frutos que será cada vez mais escassa (PALAZUELOS BALLIVIÁN et al., 2008).

O entendimento dessas comunidades de abelhas e suas relações com habitats particulares são de extrema importância para identificação de sua vulnerabilidade às mudanças, bem como das possibilidades de uso sustentável. Por isso, o presente trabalho teve como objetivo relatar a diversidade de meliponíneos da região do município de Bambuí-Mg e observar a diminuição do número de colônias pela ação do homem durante o período de realização do trabalho.

MATERIAS E MÉTODOS

O estudo foi realizado na região ao entorno do município de Bambuí, Minas Gerais, situada no Centro Oeste mineiro, durante o período de fevereiro de 2012 a fevereiro de 2014. As colônias foram selecionadas aleatoriamente na medida em que eram encontradas. Os dados referentes à colônia foram anotados, considerando sua localização, bem como a altura do ninho e o local de nidificação.

As idas a campo foram inicialmente semanais até o registro de todas as colmeias. Após todas devidamente registradas iniciou-se um monitoramento quinzenal. Alguns indivíduos de cada colmeia foram coletados e preservados em eppendorf com álcool 70° GL para posterior identificação.

A identificação das espécies coletadas foi realizada com auxílio de chaves taxonômicas e outras literaturas especializadas (SILVEIRAet al., 2002). A diversidade e dominância de espécies calculada com o índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’) e a de dominância de Berger-Parker (Dpb), através do programa DivEs – Diversidade de Espécies v2.0, na base logarítmica 10 (RODRIGUES, 2005).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Quarenta e oito colônias de 9 espécies e 8 gêneros foram coletadas (Tabela 1).

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Tabela 1: Frequência de colônias de espécies de abelhas sem ferrão coletadas na região de Bambuí, Minas Gerais, Brasil.

Espécies Nome comum Colônias

Frieseomelitta doederleini (Friesse) Moça-branca 6 Leurotrigoa muelleri (Friesse) Lambe olhos 2 Melipona rufiventris Lepeletier Uruçu amarela 1 Paratrigona lineata (Lepeletier) Jataí da terra 1 Scaptotrigona depilis (Moure) Abelha canudo 1 Tetragona quadrangular (Lepeletier) Borá 5 Tetragonisca angustula angustula Latreille Jataí 19

Trigona fulviventris Guérin A. cachorro 5

Trigona spinipes Fabricius Irapuá 8

Total 48

O índice de diversidade de abelhas sem ferrrão foi de H`= 0,7691 e a riqueza S`= 9 espécies (Tabela 2). Esse baixo índice é explicado pela alta dominância (Dpb= 0,3958) de poucas espécies no nosso estudo, principalmente Tetragonisca angustula angustula Latreille, que obteve um alto índice de dominância (Dpb= 0,3958). Essa espécie é uma das mais adaptáveis em relação ao hábito de nidificação, ocorrendo nas florestas virgens, capoeiras, cerrados e em ambientes altamente antropofizados (NOGUEIRA-NETO, 1970), explicando o alto número de colônias encontradas.

Tabela 2: Riqueza, diversidade e dominância calculada por número de colônias de abelhas sem ferrão na região de Bambuí, Minas Gerais, Brasil.

Total Riqueza de espécies (S`) 9 Índice de Shannon-Wiener (H`) 0,7691 Índice de Berger-Parker (Dpb) 0,3958

A coleta da espécie Melipona rufiventris, mostra a importância de levantamentos de riqueza e diversidade de espécies de abelhas sem ferrão, pois essa espécie está presente na lista de animais ameaçados de extinção, para o estado de Minas Gerais (MACHADO, 1998).

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Durante o período de estudo, das 48 colônias, 3 delas desapareceram, todas por ação antrópica direta ou indireta. Isso foi observado pela alteração do local onde as mesmas ocorriam, sendo que o principal fator foi a derrubada das árvores, cupinzeiros e outros locais de nidificação.

Outro fator que pode estar influenciando o desaparecimento das abelhas sem ferrão é a ocorrência de abelhas africanas alienígenas (Apis melliferascutellata). Durante o trabalho também foram encontradas quatro colmeias das referidas abelhas, provavelmente provenientes de enxameamento de apicultores da região. A abelha africanizada não é um predador em potencial para as abelhas nativas, porém foi observado a concorrência por alimento entre as essas abelhas e as abelhas sem ferrão. As abelhas africanizadas levam vantagem devido ao seu tamanho e número de indivíduos superior por colônia.

Por isso, diante do desafio de se conservar essas abelhas, é mais que necessário conhecermos ainda mais sobre este grupo.

CONCLUSÕES

Percebeu-se ao longo dos dois anos de estudo, que o número de colônias de meliponíneos está diminuindo na região, principalmente pela ação antrópica, havendo a necessidade de desenvolver um trabalho de intervenção para assegurar a existência futura dessas espécies de abelhas. Dessa forma uma maior oferta de sítios de nidificação para as abelhas sem ferrão, contribui diretamente para a conservação da fauna e da flora, que, em conjunto com outros seres vivos, mantêm o nosso planeta em equilíbrio. Diante desta problemática, fazem-se necessárias medidas urgentes de sensibilização, sendo um ponto chave a intervenção junto à sociedade, através de futuras pesquisas na área de conservação ambiental e no desenvolvimento de políticas de educação ambiental.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAWA, K. Plant-pollinator interactions in tropical rain forests. Annual Review of Ecolog y and Systematics, v. 21, p. 399-422, 1990.

CAMARGO, J. M. F. Ninhos e biologia de algumas espécies de meliponíneos (Hymenoptera: Apidae) da região de Porto Velho, Território de Rôndonia, Brasil. Rev. Biol. Trop.

San Jose, Costa Rica, v. 16(2), p. 207-239, 1970.

CAMARGO, J. M. F. & PEDRO, S. R. M.. Meliponini neotropicais: o gênero Partamona Schwarz, 1939 (Hymenoptera, Apidae, Apinae) - bionomia e biogeografia. Rev. Bras. entomol., v.

47(3), p. 311-372, 2003.

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LASALLE, J. & GAULD, I. D. Hymenoptera and Biodiversity. The Natural History Museum, London, 348p, 1993.

MACHADO, A. B. M. Livro Vermelho das Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna em Minas Gerais. BeloHorizonte: Fundação Biodiversitas, 608p , 1998.

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