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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU FACULDADE INTEGRADA AVM

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A SUCESSÃO EMPRESARIAL E A LEI 11.101/2005

Por: Daniel Aleixo Rodrigues

Orientador Prof. Ivan Garcia

Rio de Janeiro

2011

(2)

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

A SUCESSÃO EMPRESARIAL E A LEI 11.101/05

Apresentação de monografia ao Instituto A Vez do Mestre - Universidade Candido Mendes como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em Direito Empresarial e dos Negócios

Por: Daniel Aleixo Rodrigues

(3)

AGRADECIMENTOS

Ao Banco Bradesco S/A, pela oportunidade

de exercer função de negócios junto ao seu

Departamento Jurídico e a todos os que direta

ou indiretamente contribuíram para a

conclusão deste trabalho.

(4)

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a minha amada esposa

Mara, que tanto colaborou para o

aperfeiçoamento técnico deste trabalho. Aos

meus pais, sem os quais eu jamais estaria

aprimorando o meu conhecimento e a todos

os irmãos invisíveis que contribuíram para a

inspiração necessária.

(5)

RESUMO

O presente trabalho – A sucessão empresarial e a lei 11.101/2005 - tem como escopo principal identificar a ocorrência da sucessão de empresas no âmbito da lei que regula o processo de falência e recuperação judicial e a execução de créditos de natureza trabalhista.

Objetiva-se identificar o entendimento jurisprudencial tanto da Justiça do Trabalho quando da Justiça Comum, bem como buscar identificar a ocorrência de divergência entre o entendimento dos Tribunais Superiores.

Buscaremos identificar eventuais diferenças entre sucessões empresariais e se as mesmas interferem na execução dos créditos trabalhistas.

Ao final, iremos nos socorrer dos ensinamentos proferidos em julgamentos do

Supremo Tribunal Federal acerca do tema, verificando, assim, se há alguma decisão

conclusiva sobre tão debatida questão perante os Tribunais em todo o país.

(6)

METODOLOGIA

Como metodologia, foram utilizados os mais diversos recursos, em especial o uso de livros, como nos ensinamentos do ilustre professor Fabio Ulhôa Coelho e outros, revistas especializadas dos Tribunais, jurisprudências extraídas dos sites dos Tribunais do pais, em especial do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, do Superior Tribunal do Trabalho, do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal.

Nos socorreremos, ainda, de sites e publicações da internet acerca do tema e

que possam trazer algum complemento para o raciocínio e entendimento.

(7)

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - A Sociedade empresária e o empresário 11

CAPÍTULO II - Da lei de falências 14

CAPÍTULO III – A sucessão e os créditos trabalhistas 20

CONCLUSÃO 42

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 45

(8)

INTRODUÇÃO

Com a edição da nova Lei de Falências, sob o nº 11.101, publicada em 09 de fevereiro de 2005, tendo como vacatio legis o período de 120, ensejou uma série de discussões acerca da responsabilidade sobre a liquidação dos créditos trabalhistas de sociedade empresarial cuja falência é decretada.

O que se busca com a presente pesquisa é confirmar quem, efetivamente, tem competência para processar e julgar os créditos trabalhistas oriundos de demandas judiciais que tramitam perante a Justiça do Trabalho.

A grande questão que envolve o tema é com relação ao Princípio do Juiz Singular, oportunidade em que debateremos sobre o mesmo e quais são as suas implicações jurídicas, na medida em que se questionou se o juízo da vara de falência seria o competente para processar e julgar o processo de conhecimento trabalhista.

Nesse sentido, se buscará o debate sobre a responsabilidade dos juízes de direito das varas de falências e concordatas, bem como dos juízes das varas de trabalho, além de breve levantamento sobre a necessidade de comunicação entre o trabalho de ambos, visando, sempre, gerar liquidez para as empresas que se encontrem em difícil situação financeira, bem como amparar o trabalhador que, eventualmente, deixou de ser remunerado.

Com o fim de complementar o entendimento doutrinário, o qual certamente se fará presente neste estudo, serão apresentadas as jurisprudências que pacificaram o entendimento acerca da competência para processar e julgar os créditos trabalhistas.

Ao fim, buscará concluir se haverá habilitação de créditos trabalhistas em sede de massa falida e qual o juízo responsável pelo seu julgamento, bem como se empresas sucessoras na massa falida são responsáveis pelos créditos oriundos da relação de trabalho da incorporada.

Portanto, o autor tem como objetivo geral analisar os efeitos da nova

lei de falências de nº 11.101/2005 e as suas repercussões no direito do trabalho

e, em específico, analisar a responsabilidade por processar e julgar os créditos

(9)

oriundos da relação de trabalho, já considerando a ocorrência de uma sentença

declaratória de falência.

(10)

CAPITULO 1 – A SOCIEDADE EMPRESARIA E O EMPREGADO

1.0 – DO EMPRESÁRIO E DA SOCIEDADE

Antes de se buscar analisar os efeitos de uma falência empresarial, há que se entender o que é uma empresa, bem como qual a sua contribuição para a sociedade.

O ilustríssimo professor Fábio Ulhoa Coelho, antes de adentrar ao conceito de sociedade, nos revela com exatidão de detalhes que: “empresário é a pessoa que toma a iniciativa de organizar uma atividade econômica de produção ou circulação de bens ou serviços”

1

.

Assim, podemos definir o empresário como a pessoa que gere ou que inicia a atividade de empresário, que busca, na maioria das vezes, aferir lucros com a sua atividade perante a sociedade civil. Importante frisar a existência de sociedade de pessoas e sociedade de capital, oportunidade em que a primeira visa a obtenção de lucros através da exploração da atividade intelectual, enquanto que esta não se preocupa pela pessoa que vai integrar o quadro societário, mas, tão somente, o capital que será investido.

O citado doutrinador ainda nos esclarece que empresário não é somente pessoa física, literis:

“Essa pessoa pode ser tanto a física, que emprega seu dinheiro e organiza a empresa individualmente, como a jurídica, nascida da união de esforços de seus integrantes”

2

.

Logo, empresário pode ser tanto a pessoa física que, de maneira organizada e com emprego direto de seus bens, administra uma atividade

1

COELHO, Fabio Ulhoa, “Curso de Direito Comercial”, Ed. Saraiva, vol. 1, 13ª edição, pág. 63.

2

Idem 1.

(11)

econômica ou uma pessoa jurídica, que é a sociedade empresária propriamente dita.

Outrossim, curial registrar que o conceito de sociedade é igualmente definido no Código Civil, mais precisamente no seu art. 981, verbis:

“Art. 981 – Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados”.

Ademais, é necessário destacar o ensinamento do já citado doutrinador ao fixar o entendimento que “empresa é a atividade, e não a pessoa que a explora”

3

na medida em que quem está sujeito às normas acerca dos deveres do empresário é a sociedade em si e não os seus sócios que, em regra, apenas respondem dentro dos limites de sua participação.

Logo, chegamos à conclusão que a sociedade empresária é a celebração de contrato por pessoas que tem por objeto o exercício de atividade econômica, mediante desenvolvimento organização do emprego de seus recursos, visando sempre, a partilha de seus frutos.

Nos primórdios da civilização humana, o sentimento que dominava a sociedade era o da vingança coletiva, onde um grupo inteiro de pessoas reagiam juntos a insultos, ofensas, danos praticados por alguém contra qualquer um dos integrantes desse grupo. O grupo inteiro “comprava a briga” em nome deste ofendido. A regra dominante naquele tempo era a da vingança coletiva onde esta se caracteriza de forma clara, conforme os ensinamentos de Maria Helena Diniz:

“se caracterizava pela reação conjunta do grupo contra o agressor pela ofensa a um de seus componentes”.

4

1.1 – DA SOCIEDADE DE PESSOAS E SOCIEDADE DE CAPITAL

3

COELHO, Fabio Ulhoa, “Curso de Direito Comercial”, Ed. Saraiva, vol. 1, 13ª edição, pág. 63.

4

DINIZ, Maria Helena, Curso de Direito Civil Brasileiro, 7º vol., 14ª Ed.. p.9.

(12)

Conforme já verificamos no presente, a sociedade advém da união de pessoas que tem por objeto o exercício de atividade econômica.

Esta união tem como fruto a sociedade propriamente dita que, por si, se divide em duas classificações: A sociedade de pessoas e a sociedade de capital.

O professor Fábio Ulhoa Coelho conceitua a sociedade de pessoas aquela em que “a pessoa do sócio é mais importante que a contribuição material que este dá para a sociedade”

5

, ou seja, o mais importante para a sociedade de pessoas é o grau de intelecto de seus sócios e não o quanto vai integralizar ao capital social da empresa. A doutrina pátria denomina este interesse de “affectio societatis”, “elemento específico do contrato de sociedade comercial, caracterizado como uma vontade de união e aceitação das áleas comuns do negócio”.

6

Assim, a sociedade de pessoas depende exclusivamente da vontade dos sócios em organizar, manter e desenvolver a empresa, contando para tanto de suas próprias aptidões intelectuais que são, na maioria das vezes, o verdadeiro patrimônio, sem os quais, eventualmente, não se operaria no mercado.

Por outro lado, quanto à sociedade de capital, rogamos novamente o conhecimento do notável doutrinador Fábio Ulhoa Coelho onde menciona que “as aptidões, a personalidade e o caráter do sócio são irrelevantes para o sucesso ou o insucesso da empresa explorada pela sociedade”

7

.

Nesse sentido, entendemos que as sociedades de capital são aquelas em que o único interesse é inserir capital, geralmente em moeda, para o desenvolvimento da atividade, em pouco importando o grau de intelecto dos seus sócios.

5

COELHO, Fabio Ulhoa, “Curso de Direito Comercial”, Ed. Saraiva, vol. 2, 13ª edição, pág. 24.

6

WIKIPÉDIA. Pesquisa de artigo. Disponível na internet. http://pt.wikipedia.org/wiki/Affectio_societatis, acessado dia 09/12/2010.

7

COELHO, Fabio Ulhoa, “Curso de Direito Comercial”, Ed. Saraiva, vol. 2, 13ª edição, pág. 24.

(13)

No nosso ordenamento jurídico pátrio, essas sociedades (de pessoas ou de capital) são: sociedade simples, sociedade limitada, sociedade anônima, sociedade em comandita simples, sociedade em comandita por ações, sociedade em nome coletivo e por fim, sociedade em conta de participação.

1.2 – DO EMPREGADO

Superado o conceito acerca da sociedade conforme o ordenamento jurídico brasileiro, há que se adentrar ao tema que envolve o “coração” de toda e qualquer empresa, qual seja, o empregado.

Muito embora muito se tenha ocorrido no que concerne ao avanço tecnológico, bem como a gradual automatização dos grandes centros industriais, oportunidade em que verifica-se a redução da quantidade de funcionários para a realização de um processo, entende-se que, ainda assim, uma empresa necessita da força humana.

Consoante verificamos que a empresa tem sua constituição prevista no Código Civil e leis especiais, os trabalhadores se socorrem da Consolidação das Leis do Trabalho, Decreto Lei nº 5,452/43 que, em seu art. 3º, assim os define, verbis:

Art.3º - Considera-se empregado toda pessoa física que prestar serviços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário”.

Portanto, empregado é toda a pessoa física que labora prestando serviços para um empregador. Muito embora tenhamos diferentes empregados, para direcionamento do presente estudo, consideremos o empregado como a pessoa física que está vinculada à uma sociedade empresarial, de maneira não eventual, sob a sua dependência.

Nestas linhas analisamos as questões conceituais de sociedade

empresária e de empregado, vimos que a sociedade empresária é a reunião de

duas ou mais pessoas com o fim de exercer uma atividade econômica e que o

(14)

empregado é a pessoa física que presta serviços a um empregador, de maneira não eventual, dele sendo dependente.

CAPÍTULO 2 – DA LEI DE FALÊNCIAS

2.1 – A LEI 11.101 DE 09 DE FEVEREIRO DE 2005

Superada a questão conceitual de sociedade e empregado, há que se adentrar a exegese de se analisar a Lei nº 11.101/2005 que revogou o Decreto Lei nº 7.661/45, tendo entrado em vigor no ordenamento jurídico no dia 10 de junho de 2005.

A nova lei de falências veio para modernizar totalmente o ordenamento jurídico brasileiro, mais precisamente no direito falimentar, no sentido de preservação máxima da empresa, medida esta que não encontrava qualquer respaldo no Decreto-lei nº 7.661/45, que se concentrava apenas no propósito de proceder à liquidação de todos os bens do devedor para o pagamento dos credores.

Apesar de muito se reclamar, a reforma na legislação falimentar veio somente a firmar-se após o formal compromisso com o FMI – Fundo Monetário Internacional, conforme se verifica trecho do documento “Política Econômica e Reformas Estruturais", do Ministério da Fazenda

8

, literis:

“As reformas do mercado de crédito têm como objetivo reduzir os incentivos à postergação no pagamento de dívidas e procedimentos mais eficientes de execução das garantias concedidas de modo a reduzir as taxas de juros cobradas nos empréstimos privados”.

Fica evidenciada a necessidade de uma nova lei de falências que visava permitir a redução dos spreads bancários, bem como que evitasse a destruição dos empregos e ativos das empresas em dificuldades financeiras, fortalecendo o conceito da empresa e, com isso, as garantias, reduzindo-se os custos necessários aos bons pagadores, conforme se observa do citado documento

9

, verbis:

8

MINISTÉRIO DA FAZENDA. Pesquisa de artigo. Disponível na internet.

http://www.fazenda.gov.br/portugues/releases/2003/Politica%20Economica.pdf Acessado dia 11/07/2011.

9

Idem 8.

(15)

“Dessa forma, as medidas discutidas têm como objetivo reduzir esses custos de empréstimos, permitindo que os bons pagadores incorram em menores spreads bancários ou tenham acesso a contratos com garantias menos custosas, mas com maior confiabilidade para o concedente do crédito”.

Portanto, com uma lei falimentar fortalecida, que defenderia a manutenção da sociedade empresária com dificuldades financeiras, permitiria assim, a redução dos riscos na concessão de linhas de crédito, seja no Brasil, seja no exterior, com a emissão de títulos privados, oportunidade em que se alavancaria a economia nacional e desenvolveria a atividade econômica, medida que, certamente, serviria de combustão para o crescimento do PIB.

2.2 - CONCEITO DE FALÊNCIA

Toda empresa, para fazer gerar a atividade econômica com os fins de auferir lucros necessita de capital monetário, ou seja, necessita de moeda. Para tanto, a empresa pode buscar recursos no mercado, mediante a emissão de títulos privados de dívida ou a subscrição de ações (em casos de sociedades de capital aberto) ou, como ocorre na maioria dos casos, mediante obtenção de crédito junto à Instituição Financeira.

De forma evidente, para se obter qualquer recurso há que se ofertar alguma garantia, a qual se divide em diversas opções, que vão desde o patrimônio imobilizado da empresa aos títulos de crédito futuro.

O professor Fábio Ulhôa Coelho

10

divide a crise de uma empresa em três, quais sejam: econômica, financeira e patrimonial, como passamos a descrever, literis:

“A crise da empresa pode manifestar-se de formas variadas. Ela é econômica quando as vendas de produtos ou serviços não se realizam na quantidade necessária à manutenção do negócio. É financeira quando falta à sociedade empresária dinheiro em caixa para pagar suas obrigações.

Finalmente, a crise é patrimonial se o ativo é inferior ao passivo, se as dívidas superam os bens da sociedade empresária”.

10

COELHO, Fabio Ulhoa, “Curso de Direito Comercial”, Ed. Saraiva, vol. 2, 13ª edição, pág. 232.

(16)

Nesse sentido, à exceção da crise econômica que, mediante a mudança de estratégias de administração e gestão poderá, eventualmente, alterar o cenário, as crises financeiras e patrimoniais podem, certamente ensejar a falência.

Ato contínuo, para se chegar aos conceito da falência, há que se considerar que uma empresa não tem condições de honrar seus compromissos, seja pela total ausência de dinheiro em caixa, seja pelo fato de seu ativo ser inferior ao passivo.

Nesse sentido, Fábio Ulhoa Coelho

11

nos ensina, verbis:

“Se alguém não possui bens suficientes para pagar todas as dívidas, o mais justo é a instauração de uma execução única, envolvendo todos os credores e abrangendo a totalidade dos bens do patrimônio do devedor. A série de execuções singulares não permite o tratamento paritário dos credores, com o atendimento preferencial aos mais necessitados e ao interesse público. Esses objetivos só se alcançam numa execução concursal”

Portanto, o entendimento do citado doutrinador é no sentido que, em havendo a dificuldade ou a impossibilidade de uma sociedade empresária em cumprir com as suas obrigações, com os fins de proteção aos credores e um tratamento igualitário entre os mesmos, beneficiando os mais necessitados e os que envolvem a administração pública, reunindo todos os créditos em um só.

A medida é de cristalino sentido, uma vez que, em havendo diversas execuções unitárias, de diferentes credores, em face de uma mesma empresa, não haveria a possibilidade de se aferir se eventual credor teria direito preferencial em face dos demais, eis que os feitos certamente tramitariam em diversos juízos.

Portanto, a reunião de todos os credores em apenas um juízo ensejaria, certamente, um tratamento paritário que, por si só, dá causa à segurança na concessão do crédito.

Logo, Fábio Ulhôa Coelho

12

, brilhantemente, conceitua a falência como sendo “o processo judicial de execução concursal do patrimônio do devedor,

11

COELHO, Fabio Ulhoa, “Curso de Direito Comercial”, Ed. Saraiva, vol. 2, 13ª edição, pág. 243.

12

COELHO, Fabio Ulhoa, “Curso de Direito Comercial”, Ed. Saraiva, vol. 2, 13ª edição, pág. 244.

(17)

empresário, que, normalmente, é uma pessoa jurídica revestida da forma de sociedade limitada ou anônima”.

Portanto, a falência, em si, é o processo judicial que irá apurar o passivo de uma empresa, em seguida, habilitará os credores com os fins de classificar qual tem direito preferencial no recebimento de seu crédito e, por fim, a alienação de todo o passivo.

2.3 – DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS E A LEI DE FALÊNCIAS

Estabelece o art. 76 da Lei 11.101/2005, literis:

“Art. 76 – O juízo da falência é indivisível e competente para conhecer todas as ações sobre bens, interesses e negócios do falido, ressalvadas as causas trabalhistas, fiscais e aquelas não reguladas nesta Lei em que o falido figurar como autor ou litisconsorte ativo.

Parágrafo único – Todas as ações, inclusive as excetuadas no caput deste artigo, terão prosseguimento com o administrador judicial, que deverá ser intimado para representar a massa falida, sob pena de nulidade do processo”.

Com a redação do art. 76 da Lei de Falências, nos parece bem cristalina a ausência de possibilidade de julgamento dos feitos trabalhistas pelo juiz da falência.

Nesse sentido, as ações de natureza trabalhista serão processadas e julgadas perante a justiça especializada até apuração do respectivo crédito, que será inscrito no quadro-geral de credores pelo valor determinado pela sentença, à exegese do que estabelece o art. 6º, §2º da Lei. 11.101/2005.

Portanto, decretada a falência, o falido perde o direito de administrar a massa, oportunidade em que será nomeado o administrador judicial (anteriormente conhecido por síndico da massa) o qual deverá ser intimado, sempre, das ações contrárias, sob pena de nulidade do julgado.

No que concerne à classificação dos créditos na falência, dispõe o art.

83, verbis:

“Art. 83. A classificação dos créditos na falência obedece à seguinte ordem:

(18)

I – os créditos derivados da legislação do trabalho, limitados a 150 (cento e cinqüenta) salários-mínimos por credor, e os decorrentes de acidentes de trabalho;

II - créditos com garantia real até o limite do valor do bem gravado;

III – créditos tributários, independentemente da sua natureza e tempo de constituição, excetuadas as multas tributárias;

IV – créditos com privilégio especial, a saber:

a) os previstos no art. 964 da Lei n

o

10.406, de 10 de janeiro de 2002;

b) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei;

c) aqueles a cujos titulares a lei confira o direito de retenção sobre a coisa dada em garantia;

V – créditos com privilégio geral, a saber:

a) os previstos no art. 965 da Lei n

o

10.406, de 10 de janeiro de 2002;

b) os previstos no parágrafo único do art. 67 desta Lei;

c) os assim definidos em outras leis civis e comerciais, salvo disposição contrária desta Lei;

VI – créditos quirografários, a saber:

a) aqueles não previstos nos demais incisos deste artigo;

b) os saldos dos créditos não cobertos pelo produto da alienação dos bens vinculados ao seu pagamento;

c) os saldos dos créditos derivados da legislação do trabalho que excederem

o limite estabelecido no inciso I do caput deste artigo;

(19)

VII – as multas contratuais e as penas pecuniárias por infração das leis penais ou administrativas, inclusive as multas tributárias;

VIII – créditos subordinados, a saber:

a) os assim previstos em lei ou em contrato;

b) os créditos dos sócios e dos administradores sem vínculo empregatício.

§ 1

o

Para os fins do inciso II do caput deste artigo, será considerado como valor do bem objeto de garantia real a importância efetivamente arrecadada com sua venda, ou, no caso de alienação em bloco, o valor de avaliação do bem individualmente considerado.

§ 2

o

Não são oponíveis à massa os valores decorrentes de direito de sócio ao recebimento de sua parcela do capital social na liquidação da sociedade.

§ 3

o

As cláusulas penais dos contratos unilaterais não serão atendidas se as obrigações neles estipuladas se vencerem em virtude da falência.

§ 4

o

Os créditos trabalhistas cedidos a terceiros serão considerados quirografários.”

Nesse sentido, a classificação dos créditos de acordo com a redação do citado artigo 83 desprestigia o crédito trabalhista, na medida em que limita o beneficio da preferência ao valor de 150 (cento e cinquenta) salários mínimos e considera por quirografário qualquer valor que for superior à esta monta.

Outrossim, é curial registrar o direito de preferência dos créditos decorrentes de acidentes de trabalho que, neste caso, não obedecem a ordem de 150 salários mínimos, sendo executados de forma integral.

Portanto, estaria a Lei prestigiando o crédito com garantia real e os

créditos de natureza tributária, colocando-os em posição superior ao crédito

trabalhista superior a 150 salários mínimos.

(20)

CAPÍTULO 3 – A SUCESSÃO E OS CRÉDITOS TRABALHISTAS

3.1 – DA SUCESSÃO EMPRESARIAL

Segundo o dicionário online de português

13

acerca da palavra sucessão, verbis:

“s.f. Ato ou efeito de suceder

Sequência, série de pessoas, de coisas ou de fatos que se sucedem sem interrupção ou com um pequeno intervalo: sucessão de reis, de idéias”

Dessa mesma maneira, entendemos pela sucessão empresarial, oportunidade em que necessitamos de uma sucessão da empresa A, pela empresa B, cujos fatos ocorreram sem interrupção.

O ilustre professor Cândido Rangel Dinamarco

14

, em seu Parecer Jurídico ressaltou:

“Para que efetivamente haja a sucessão, todavia, com a consequente legitimidade passiva daquele que antes era mero terceiro e assim se torna sucessor, é necessário que estejam presentes certo requisitos, que a doutrina e a jurisprudência identificam de modo bastante preciso. É indispensável um contexto econômico ou fático que revele, ao menos em razoável aparência aos olhos dos que negociaram com o primitivo obrigado, a continuação da mesma empresa ou da mesma atividade, sob o comando de um autêntico sucessor. Constituem indicadores da sucessão certos fatos como (a) a utilização de equipamentos de uma empresa pela outra, (b) atividades realizadas na mesma sede da sucedida, (c) a manutenção dos

13

DICIONÁRIO ONLINE DE PORTUGUES. Pesquisa de fonema. Disponível na internet.

http://www.dicio.com.br/sucessao/ Acessado dia 17/07/2011.

14

DINAMARCO, Cândido Rangel. Parecer. Tendo como consulente Holdco Participações Ltda, São Paulo,

2010, pág. 13.

(21)

empregados daquela por esta, (d) a continuação de relações com os mesmos fornecedores ou com os mesmos distribuidores etc”.

Nesse sentido, o citado doutrinador entende que para a ocorrência de sucessão empresarial há a necessidade da continuação do negócio ou, pelo menos, da atividade.

Ademais, socorremo-nos dos ilustres conhecimentos de Carlos Henrique da Silva Zangrando

15

, literis:

“O fato que gera a sucessão é a transferência do comando superior e final da prestação do trabalho, e não a mera instalação da empresa nova no local, ainda que exercendo as mesmas atividades da anterior.

Normalmente a sucessão ocorrerá por alteração na estrutura jurídica da empresa (venda incorporação, fusão, etc).

É inútil frente à Justiça do Trabalho qualquer pacto ou cláusula contratual onde sucessor e sucedido estabeleçam a “quem” caberá a responsabilidade por eventuais débitos trabalhistas referentes a fatos ocorridos anteriormente à sucessão. Interessará à Justiça apenas a relação trabalhista mantida entre o empregado e o sucedido, a qual continua na pessoa do sucessor (CLT, art. 9º, 10 e 448). Qualquer indenização regressiva do sucedido para com o sucessor deverá ser objeto de ação própria, frente à Justiça Comum”

No Código Tributário Nacional, em seu art. 133, temos a seguinte regra:

“Art. 130 – A pessoa natural ou jurídica de direito privado que adquirir de outra, por qualquer título, fundo de comércio ou estabelecimento comercial, industrial ou profissional, e continuar a respectiva exploração, sob a mesma ou outra razão social, ou sob firma ou nome individual, responde pelos tributos, relativos ao fundo ou estabelecimento adquirido, devidos até a data do ato”.

Portanto, à letra da lei, em se mantendo a exploração, sob a mesma ou outra razão social, deverá a sucessora arcar com os tributos devidos, sendo a obrigação propter rem.

15

ZANGRANDO, Carlos Henrique da Silva. Resumo do direito processual do trabalho. 4ª ed – Rio de

Janeiro : Trabalhistas,2002. pag. 419.

(22)

Na Lei 11.101/05 verificamos a sucessão no art. 60, verbis:

“Art. 60 – Se o plano de recuperação judicial aprovado envolver alienação judicial de filiais ou de unidades produtivas isoladas do devedor, o juiz ordenará a sua realização, observado o disposto no art. 142 desta Lei.

Parágrafo único – O objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, observado o disposto no art. 141 desta Lei.”

No mesmo sentido, estabelece o art. 141, II, literis:

Art. 141 – Na alienação conjunta ou separada de ativos, inclusive da empresa ou de suas filiais, promovida sob qualquer das modalidades de que trata este artigo:

(...)

II – o objeto da alienação estará livre de qualquer ônus e não haverá sucessão do arrematante nas obrigações do devedor, inclusive as de natureza tributária, as derivadas da legislação do trabalho e as decorrentes de acidentes do trabalho”.

Nos parece haver um conflito entre a Lei 5.172/66 que disciplina o Código Tributário Nacional e a Lei 11.101/05 que disciplina o processo de falência e recuperação judicial, na medida em que o citado art. 130 do CTN estabelece que a obrigação tributária é propter rem, ou seja, o sucessor deverá arcar com os tributos devidos até a data do ato, enquanto que o art. 60 traz redação totalmente diversa.

Outro fato bastante relevante que não se pode furtar de lançar registro na presente pesquisa, é o que estabelece o art. 448 da CLT, literis:

“Art. 448 – A mudança na propriedade ou a estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empregados”.

Dessa forma, o estabelecido pela Lei de Falências entra em direto choque com a legislação tributária e trabalhista, na medida em que, estas duas últimas, entendem pela responsabilidade da sucessora pelos débitos da massa falida.

Por óbvio, para que não nos afastemos do tema central da presente

pesquisa, não ingressaremos na sucessão inerente aos créditos tributários,

oportunidade em que nos dedicaremos à sucessão dos créditos na esfera

trabalhista.

(23)

3.2 – SUCESSÃO EMPRESARIAL NO TST

No Tribunal Superior do Trabalho temos diversos julgados que consideram a responsabilidade da sucessora nos créditos trabalhistas da empresa que deixou de existir.

Citamos o AIRR nº 56300-83.2009.5.04.0016 de relatoria da Ministra Dora Maria da Costa, verbis:

“Constata-se, na sequência, que o regional asseverou que a primeira reclamada – AES SUL – é solidariamente responsável pela complementação de aposentadoria do reclamante, diante do entendimento que há responsabilidade solidária em qualquer das complementações de aposentadoria, pois a primeira ré (AES SUL) é sucessora da CEEE”

(grifo nosso).

Em idêntico entendimento, a Ministra Maria de Assis Calsing, nos autos do AIRR nº 119240-33.2007.5.03.0097 assim decidiu:

“Vê-se, assim, que a Recorrente, empresa atacadista e varejista de bebidas em geral e transportadora rodoviária intermunicipal e interestadual de cargas em geral (cláusula 3ª do contrato social – f 47) passou a explorar a mesma atividade econômica que a DISMAR, assumindo a revenda de seus próprios produtos, no mesmo local, mantendo, basicamente, os mesmos clientes e sem que a prestação de serviços pelos empregados, na mesma função, aproveitados em sua grande maioria (80%), tivesse sofrido solução de continuidade. Inquestionável, portanto, a aplicação à hipótese dos artigos 10 e 448 da CLT, pois a sucessão transfere para o sucessor a responsabilidade pelo passivo trabalhista do antigo empregador, sendo irrelevante perquirir se a empresa sucedida continua em atividade, não se exigindo, ainda, a transferência total dos bens e direitos do sucedido.

Para tanto, basta que a empresa sucessora dê continuidade ás atividades desenvolvidas pela sucedida, explorando o mesmo ramo de negócio, não havendo de se falar, portanto, em violação das normas constitucionais previstas nos artigos 1º, inciso IV, 5º, II e 170, inciso III e parágrafo único da CR/88”.

(grifo nosso).

Ao que nos parece, o Tribunal Superior do Trabalho é bem claro ao

não aplicar o art. 60 da Lei. Nº 11.101/05, uma vez que, se a empresa sucessora

(24)

manter o mesmo ramo de atividade da sucedida, será aquela a responsável solidariamente pelo pagamento de todos os créditos oriundos de relações de emprego.

O Ministro João Orestes Dalazen, nos autos do E-RR nº 5123839/1998.2 publicado no DJU de 24/05/2002 já assegurava, verbis:

“SUCESSÃO TRABALHISTA. CONTRATO DE EMPREGO EXTINTO ANTERIORMENTE À TRANSFERÊNCIA DA EMPRESA SUCEDIDA.

RESPONSABILIDADE DO SUCESSOR.

1 - À luz dos artigos 10 e 448 da CLT, a continuidade na prestação de serviços pelo empregado ao sucessor não constitui requisito imprescindível à caracterização da sucessão, haja vista que a responsabilidade legal é ditada em função da empresa, em face do princípio da despersonalização do empregador. Robustece tal convicção o art. 2º da CLT, que reputa empregadora a empresa.

2 - Mesmo para os contratos já rescindidos pelo antigo empregador, inexistentes no momento do transpasse, fica privativamente responsável o sucessor... O novo titular subentra ou sub-roga-se em todos os direitos e obrigações do seu antecessor (Evaristo de Moraes Filho). Portanto, o sucessor responde, por imposição de lei, inclusive pelos débitos vencidos antes da transferência da unidade produtiva ou comercial”.

Portanto, podemos considerar que o entendimento do TST é deveras antigo, anterior à Lei de Falências, havendo claro conflito entre o entendimento do Tribunal Maior da Justiça Federal do Trabalho e a Legislação Federal que trata da falência e a recuperação de empresas.

Não podemos furtar a registro o julgamento do AIRR de nº 770375- 64.2001.5.03.5555 de 04/06/2008 relatoria do Ministro Alberto Bresciani.

“AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA - DESCABIMENTO. 1. NULIDADE. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. INOCORRÊNCIA. Quando a decisão se mostra bem lançada, com estrita observância das disposições dos arts. 93, IX, da Constituição Federal, 458 do CPC e 832 da CLT, não se cogita de nulidade, por negativa de prestação jurisdicional. 2. NULIDADE. CERCEAMENTO DO DIREITO DE DEFESA. SUCESSÃO TRABALHISTA. SUCESSORA.

AUSÊNCIA DE INTERESSE NA RESPONSABILIZAÇÃO SOLIDÁRIA DA

(25)

SUCEDIDA. A sucessora "não tem interesse em postular a responsabilização subsidiária da Rede. Tal provimento não beneficiaria a Recorrente, porque em nada amenizaria a obrigação imposta pela sentença, de pagamento integral dos direitos trabalhistas ora reconhecidos. O interesse pertence apenas ao Reclamante, que não o manifestou" (Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi).

O direito de ação está condicionado, entre outros elementos, ao interesse processual que, estando ausente, no caso concreto, impede a configuração de nulidade, por cerceamento do direito de defesa. 3. CONTRATO DE CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. SUCESSÃO TRABALHISTA.

RESPONSABILIDADE. "Celebrado contrato de concessão de serviço público em que uma empresa (primeira concessionária) outorga a outra (segunda concessionária), no todo ou em parte, mediante arrendamento, ou qualquer outra forma contratual, a título transitório, bens de sua propriedade: I - em caso de rescisão do contrato de trabalho após a entrada em vigor da concessão, a segunda concessionária, na condição de sucessora, responde pelos direitos decorrentes do contrato de trabalho, sem prejuízo da responsabilidade subsidiária da primeira concessionária pelos débitos trabalhistas contraídos até a concessão; II - no tocante ao contrato de trabalho extinto antes da vigência da concessão, a responsabilidade pelos direitos dos trabalhadores será exclusivamente da antecessora" (OJ 225 da SBDI-1 do TST). Imposição do óbice do art. 896, § 4º, da CLT. 4. HORAS EXTRAS. ACORDO DE COMPENSAÇÃO. AJUSTE TÁCITO. SÚMULA 85, I, DO TST. "A compensação de jornada de trabalho deve ser ajustada por acordo individual escrito, acordo coletivo ou convenção coletiva." Inteligência da Súmula nº 85, I, do TST. Incidência do art. 896, § 4º, da CLT. 5.

ADICIONAL DE PERICULOSIDADE. DECISÃO MOLDADA À

JURISPRUDÊNCIA UNIFORMIZADA PELO TRIBUNAL SUPERIOR DO

TRABALHO. Nos termos da Súmula 364, item I, do TST, "faz jus ao adicional

de periculosidade o empregado exposto permanentemente ou que, de forma

intermitente, sujeita-se a condições de risco. Indevido, apenas, quando o

contato dá-se de forma eventual, assim considerado o fortuito, ou o que,

sendo habitual, dá-se por tempo extremamente reduzido (ex-OJs nº 05 -

Inserida em 14.03.1994 e nº 280 - DJ 11.08.2003)". Agravo de instrumento

conhecido e desprovido.

(26)

CONTRATO DE CONCESSÃO DE SERVIÇO PÚBLICO. SUCESSÃO TRABALHISTA. CONFIGURAÇÃO. RESPONSABILIDADE.

O Colegiado de origem, quanto aos temas, assim se pronunciou:

"Alega a Recorrente FCASA, em síntese, às fls. 384/386, que ela foi constituída para explorar serviços de transporte ferroviário de carga, na chamada Malha Centro-Leste, da Rede Ferroviária Federal S/A., cujo contrato de concessão só passou a vigir a partir de 01/09/96; que nesta data ela absorveu parte do patrimônio e pessoal da RFFSA; que, portanto, ela não é sucessora da RFFSA, não havendo a “sucessão trabalhista"; que o Autor foi demitido em 02/09/96, um dia após a sua constituição; que o Autor trabalhou para ela somente por um dia, sendo que toda a sua prestação de serviços foi em favor da segunda Reclamada RFFSA, que deveria arcar sozinha com a condenação; que sua ilegitimidade passiva "ad causam" é evidente; que, mesmo depois da aludida concessão, a RFFSA permaneceu viva e inteiramente dissociada dela; que na ocorrência da sucessão não houve a transferência de propriedade da empresa, mas mera concessão do direito de exploração, a título precário, situação jurídica e inteiramente distinta; que a titularidade dos bens e do negócio continua com a RFFSA, que era a verdadeira empregadora do Reclamante, e continua existindo, sob a forma de sociedade anônima. Requer a reforma de decisão para que seja reincluída a RFFSA na presente ação para responder pelos direitos deferidos ao Autor, anteriores a 01/09/96.

Inicialmente, impende salientar que o contrato celebrado entre a RFFSA e a FCASA é de cunho civil, e o que ali está ressalvado é apenas argumento para uma ação regressiva cível de uma parte contra a outra.

Portanto, eventuais divergências quanto à responsabilidade assumida pela sucedida no edital de licitação, deverão ser discutidas no Juízo próprio, posto tratar-se de avença bilateral entre empregadores, o que escapa à competência desta Justiça Especializada, a teor do disposto no art. 114 da Lei Fundamental.

Em segundo lugar, ao contrário do entendimento da Recorrente, a

transferência para ela, mediante arrendamento, do direito de exploração da

(27)

malha ferroviária Centro-Leste da Rede Ferroviária Federal S/A., bem como a posse, ainda que provisória, do patrimônio necessário para o funcionamento da atividade econômica, caracteriza a sucessão trabalhista.

Assim, o que houve insofismavelmente no caso dos autos, foi a ocorrência da sucessão trabalhista, pois a concessão, no serviço público, também a caracteriza, eis que a alteração jurídica a que se refere a lei não se restringe, naturalmente, à transferência na propriedade e, sim, a quaisquer alterações subjetivas no pólo passivo do contrato de trabalho, tanto é assim, que o contrato de trabalho foi rescindido pela Recorrente FCASA, fato incontroverso nos autos, o que obviamente não seria possível juridicamente, se ela não fosse a real empregadora do Reclamante, ainda que apenas por poucos dias, ou mesmo por um dia, como aduz em suas razões de recurso, no que aliás se equivoca, porquanto a concessão lhe foi outorgada aos 27/08/96, vindo o contrato celebrado entre as reclamadas, datado de 01/09/96, apenas aperfeiçoá-la.

Havemo-nos de lembrar que a vinculação do empregado ocorre em realidade aos bens organizados com a finalidade de produzir riquezas, fato incontestável na hipótese, já que incontroverso que o contrato celebrado com a RFFSA foi de arrendamento de bens para a exploração dos serviços de transporte ferroviário de carga, na chamada Malha Centro-Leste.

Desta forma, o fato da empresa sucessora (FCASA) não deter o domínio dos bens arrendados, mas apenas a posse, não afasta a hipótese de sucessão trabalhista, o mesmo ocorrendo com relação à não extinção da empresa sucedida (RFFSA). O que de fato importa é que o Autor passou a prestar serviços para a Ferrovia Centro Atlântica S/A., sem qualquer solução de continuidade em seu contrato de trabalho, conforme se verifica do documento de fl.08, onde se lê que "passou a trabalhar na Ferrovia Centro Atlântica S/A, por sucessão trabalhista".

Ademais, foi a Recorrente FCASA quem promoveu e celebrou a

dispensa do Autor, sendo a única responsável pela ruptura do seu contrato de

trabalho. Foi ela quem pagou as parcelas rescisórias constantes no TRCT de

fl. 05, exercendo, assim, o seu direito potestativo de rescindir o contrato de

(28)

trabalho de seus empregados, o que de todo afasta sua arguição de ilegitimidade passiva para compor a presente lide.

Com relação á exclusão da REDE da lide, muito embora este Relator adote o ponto de vista de que a RFFSA deveria ser considerada responsável subsidiária pelos débitos apurados para com o Autor, uma vez que continua senhora e proprietária dos bens arrendados ( sucessão atípica), não há como acatar a pretensão da recorrente, no aspecto, porquanto é entendimento unânime desta E. Turma que a recorrente não possui legitimidade para recorrer contra a exclusão da Rede da lide, pretendendo a sua responsabilização, porque, além de não se admitir lides entre empregadores nesta especializada, o que fugiria à sua competência (art. 114 da CLT), o Reclamante é o único detentor do direito de recorrer contra a r.

decisão neste aspecto, sendo a parte legítima para pleitear a reinclusão da reclamada.

Como ele, Autor, se absteve de interpor recurso neste sentido, outro caminho não resta senão negar provimento, por falta de legitimidade da recorrente.

Nada a prover" (fls. 407/409).

Renova a Recorrente sua insurgência, no sentido de que não ocorreu sucessão na hipótese vertente. Aponta violação dos arts. 8º, 10 e 448 da CLT, 5º, II, da Constituição Federal, 1º, 2º, II, 14, 23 e 29, VI, da Lei nº 8.987/95, 55, XI, da Lei nº 8.666/93, 9º, XIX, "d", 11, "c", 12, I, e 20 da Lei nº 8.031/90, 29 e parágrafo único, da Lei nº 9.074/95 e colaciona arestos.

A teor do art. 10 consolidado, "qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seu empregados", disposição que é complementada pela regra inserta no art. 448 da CLT, que, a par da alteração na estrutura jurídica, assinala, como hipótese de sucessão, a mudança na propriedade.

A forma aparentemente singela em que são dispostas as

hipóteses tipificadoras da sucessão trabalhista, a despeito das críticas

doutrinárias, lançadas ao longo do tempo, representa conceito jurídico

(29)

indeterminado, que traduz pontos de mobilidade e de abertura do sistema para as modificações da realidade. Os tipos abertos, consistentes na

"alteração da estrutura jurídica" e "mudança na propriedade", permitem que a Lei se faça mais sábia que o Legislador, possibilitando ao aplicador a adequação da norma aos fins sociais a que se dirige (art. 8º da LICC), em atendimento, de forma prospectiva, a fatos e valores supervenientes.

Nestes termos, está a lição de Maurício Godinho Delgado (in Curso de Direito do Trabalho, 4ª ed., São Paulo, LTr, 2005, pág. 409):

"Conforme já exposto, a generalidade e imprecisão dos arts. 10 e 448 da CLT têm permitido à jurisprudência proceder a uma adequação do tipo legal sucessório a situações fático-jurídicas novas surgidas no mercado empresarial dos últimos anos no país. Essas situações novas, que se tornaram comuns no final do século XX, em decorrência da profunda reestruturação do mercado empresarial brasileiro (em especial mercado financeiro, de privatizações e outros segmentos), conduziram a jurisprudência a reler os dois preceitos celetistas, encontrando neles um tipo legal mais amplo do que o originalmente concebido pela doutrina e jurisprudência dominantes".

A visão hodierna que se tem da sucessão trabalhista é bastante lata, estando compreendida no instituto qualquer situação fática que traduza alteração intra ou interempresarial.

Ainda, na esteira do prof. Délio Maranhão (in Direito do Trabalho, 17ª ed., Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1993, pág. 94), "a responsabilidade do novo empregador pelos contratos de trabalho existentes, em virtude da sucessão, opera-se ope legis, sendo irrelevante o vínculo entre sucedido e sucessor e a natureza do título que possibilitava ao titular do estabelecimento a utilização dos meios de produção nele organizados".

Sob o aspecto deontológico, a plasticidade e abertura do sistema

jurídico trabalhista, em se tratando da configuração da sucessão, encontra

amparo em princípios peculiares ao Direito do Trabalho, que são a

despersonalização do empregador e a continuidade do contrato de trabalho,

(30)

cujo corolário é o direito ao emprego (Amauri Mascaro Nascimento, Curso de Direito do Trabalho, 20ª ed., São Paulo, Saraiva, 2005, pág. 695).

No caso concreto, restou delineada situação de sucessão trabalhista, a teor dos arts. 10 e 448 da CLT, em decorrência de contrato de concessão, motivo pelo qual o Regional adotou o entendimento de que a União (sucessora da Rede Ferroviária Federal S.A.) deverá responder pelos créditos trabalhistas, inclusive aqueles relativos ao período posterior à sucessão.

Em face dos aspectos peculiares que envolvem a questão da sucessão trabalhista, antes analisados, não se divisa ofensa à literalidade dos arts. 10 e 448 da CLT.

O tema está pacificado pela Orientação Jurisprudencial 225 da SBDI-1 do TST, quando pontua:

"Celebrado contrato de concessão de serviço público em que uma empresa (primeira concessionária) outorga a outra (segunda concessionária), no todo ou em parte, mediante arrendamento, ou qualquer outra forma contratual, a título transitório, bens de sua propriedade:

I - em caso de rescisão do contrato de trabalho após a entrada em vigor da concessão, a segunda concessionária, na condição de sucessora, responde pelos direitos decorrentes do contrato de trabalho, sem prejuízo da responsabilidade subsidiária da primeira concessionária pelos débitos trabalhistas contraídos até a concessão;

II - no tocante ao contrato de trabalho extinto antes da vigência da concessão, a responsabilidade pelos direitos dos trabalhadores será exclusivamente da antecessora."

Por conseguinte, não se divisa ofensa à literalidade dos arts. 8º,

10 e 448 da CLT e, ainda, ao art. 5º, II, da Constituição Federal, que não

admite lesão reflexa.

(31)

Tampouco se faz potencial a lesão aos arts. 1º, 2º, II, 14, 23 e 29, IV, da Lei 8.987/95, 55, IX, da Lei nº 8.666/93, 12, I, e 20 da Lei nº 8.031/90, 29 e parágrafo único da Lei nº 9.074/95, sendo oportuno ressaltar que o interesse público, que preside os contratos de concessão firmados com a Administração Pública, deverá conviver em harmonia com os valores sociais do trabalho, um dos pilares do Estado Democrático de Direito, situação incapaz de, per si, elidir a responsabilidade de natureza trabalhista.

Por outra face, o TRT não analisou o tema sob o enfoque dos arts.

9º, XIX, "d", e 11, "c", da Lei nº 8.031/90. À falta de prequestionamento, a revista esbarra no óbice da Súmula 297 desta Corte, eis que a decisão regional, para ver-se submetida à jurisdição do TST, deverá trazer manifestação clara, em torno da tese que o litigante sustenta.

Estando a decisão regional moldada a tais parâmetros, o conhecimento do apelo, sob o prisma do dissenso pretoriano, encontra óbice no art. 896, § 4º, da CLT.

Despicienda, portanto, a apresentação de paradigmas, de vez que superados pela orientação jurisprudencial citada.

A compreensão do art. 896, § 4º, consolidado impede o conhecimento do recurso.

Portanto, cristalina a sucessão empresarial para a Justiça do Trabalho, à despeito de qualquer contrato civil realizado entre as empresas. Não há que se falar, pois, em legislação especializada para socorrer-se quanto à responsabilidade inerentes aos contratos de trabalhos já existentes.

3.3 – DA EXECUÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS

No que concerne à execução dos créditos trabalhistas, em havendo sucessão, de forma óbvia, a responsabilidade pelo pagamento será da sucessora, como já amplamente debatido.

No entanto, quando se trata de execução de créditos trabalhistas,

alguns pontos há que serem verificados.

(32)

Estabelece o art. 47 da Lei. 11.101/05, literis:

“Art. 47 – A recuperação judicial tem por objetivo viabilizar a superação da situação de crise econômico-financeira do devedor, a fim de permitir a manutenção da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores, promovendo, assim, a preservação da empresa, sua função social e o estimulo à atividade econômica”.

Portanto, em havendo recuperação judicial da empresa, há que se considerar o juízo universal, oportunidade em que a Lei de Falências estabelece a necessidade de alteração do plano de recuperação judicial quando da ocorrência de decisão judicial, portanto, nos parece necessário o seu declínio ao Juízo da Falência.

Nesse sentido, o Ministro Mauricio Godinho Delgado nos autos do AIRR nº 1439-26.2010.5.09.0000 leciona:

“Em que pese o Regional emitir tese no sentido de que a execução de créditos trabalhistas não se submeteriam ao juízo universal da falência, o que, em tese, poderia configurar a demonstração de divergência jurisprudencial com os arestos apontados, verifica-se que se trata, na verdade, de ação cautelar de arresto de bens, ajuizada pelos Autores (ex- empregados da Ré), com o fito de garantir futura execução de créditos trabalhistas que estão sendo pleiteados em ação própria (RT 1183/2004-0).

Foi deferida liminar, tendo sido efetivado o arresto e confirmada a liminar pela decisão de fls. 118-119, mantendo-se o arresto dos bens.

Contudo, foi decretada a falência da Ré no curso da presente ação cautelar, tendo a Ré pugnado pela competência superveniente do Juízo falimentar para apreciar o pleito.

Com efeito, a competência desta Justiça Especial, mesmo antes da entrada em vigor da lei 11.101/2005, limita-se à quantificação do crédito, que em seguida deverá ser habilitado no quadro geral de credores do Juízo Universal Falimentar.

Ocorre que a presente ação é medida de natureza cautelar e tem

a finalidade de resguardo da eficácia ou da eficiência de futuro processo de

(33)

execução por quantia certa contra devedor solvente ou insolvente, consistindo na apreensão de bens do patrimônio do devedor. Portanto é ato que prepara a penhora ou arrecadação (arts. 813 e seguintes do CPC). Assim, não decorre do provimento do pleito qualquer ato de efetiva expropriação dos bens da Ré a atrair a competência do juízo falimentar, porquanto não é ato executório, mas apenas preparatório para futura execução”.

No entanto, este entendimento se deu somente com a edição da Lei 11.101 no ano de 2005, eis que, anteriormente, o entendimento era conforme o do Ilustre Ministro Wagner Pimenta nos autos do AIRR nº 748.881/2001.4, de março de 2002, verbis:

“O Regional reconheceu a competência da Justiça do Trabalho para prosseguir na execução, mesmo após a decretação de falência da executada, uma vez que os créditos trabalhistas gozam de privilégios em relação aos demais e porque o artigo 114 da Constituição Federal estabelece a competência da Justiça Obreira para executar os seus julgados.

Tratando-se de agravo de instrumento interposto contra decisão proferida em execução de sentença, o pressuposto de admissibilidade limita- se à apreciação da violação da Constituição.

Estabelece o artigo 114 da Constituição Federal:

"Compete a Justiça do Trabalho conciliar e julgar os dissídios individuais e coletivos entre trabalhadores e empregadores, abrangidos os entes de direito público e da União, e, na forma da lei, outras controvérsias decorrentes da relação de trabalho, bem como os litígios que tenham origem no cumprimento de suas próprias sentenças, inclusive coletivas".

Não reconheço a alegada violação do artigo 114 da Constituição Federal, sendo certo que nele há previsão expressa quanto à competência da Justiça do Trabalho para processar a execução de suas próprias sentenças, sem nenhuma ressalva.

Nego provimento ao agravo de instrumento”.

(34)

Portanto, com a nova redação à Lei de Falências, a jurisprudência do Tribunal Superior da Justiça do Trabalho atualizou-se, promovendo, certamente, mais segurança jurídica à universalidade do juízo falimentar.

3.4 – DA EXECUÇÃO DOS CRÉDITOS TRABALHISTAS SOB A ÓTICA DO STJ

No que concerne ao que estabelece o art. 47 da Lei 11.101/05, em brilhante julgamento no Superior Tribunal de Justiça, nos autos do CC nº 90.160- RJ, o ilustre Ministro João Otávio de Miranda nos ensina:

“Com a edição da Lei n. 11.101/05, respeitadas as especificidades da falência e da recuperação judicial, é competente o respectivo Juízo para prosseguimento dos atos de execução, tais como alienação de ativos e pagamento de credores, que envolvam créditos apurados em outros órgãos judiciais, inclusive trabalhistas, ainda que tenha ocorrido a constrição de bens do devedor.

Após a apuração do montante devido, processar-se-á no juízo da recuperação judicial a correspondente habilitação, sob pena de violação dos princípios da indivisibilidade e da universalidade, além de desobediência ao comando prescrito no art. 47 da Lei n. 11.101/05.

Dessa forma, a unidade produtiva da empresa-suscitante, quando se põem em realce o patrimônio e o fator humano, não pode ser afetada por decisões oriundas de juízos diversos daquele em que ocorre o processamento de sua recuperação judicial, sob pena de comprometer o sucesso do plano aprovado pela assembléia-geral de credores e os objetivos traçados para a composição das dívidas, com prejuízos ao saneamento da própria companhia e à continuidade de sua atividade empresarial”.

É curial registrar que o ministro registra, de forma cristalina, que o prosseguimento das execuções, mesmo as de natureza trabalhistas, deverão ser habilitadas no juízo falimentar.

Quanto a sucessão de empresas na recuperação judicial, o STJ

mantinha diferente entendimento do TST, como nos autos do julgamento do AgRg

no CC nº 93.336-RJ, oportunidade em que o Ministro relator Massami Uyeda

assim decidiu:

(35)

Observa-se que, indubitavelmente, o Juízo trabalhista tem competência para decidir se uma sociedade empresária é sucessora, na qualidade de empregadora, de outra. Entretanto, a hipótese dos autos apresenta peculiaridade que não pode ser ignorada e que diminui o espectro de abrangência de tal regra de competência. Trata-se, in casu, de sucessão verificada no bojo de recuperação judicial, que dadas as características que lhe são inerentes, impõe tratamento diferenciado.

Dessa forma, não remanescem dúvidas que a competência, na espécie, para decidir acerca da sucessão dos ônus e obrigações quanto à alienação de unidades produtivas isoladas do devedor cabe ao Juízo perante o qual se processa a recuperação judicial.

No mais, a jurisprudência desta Corte está pacificada no sentido de que após decretada a falência, prosseguirá a execução dos julgados, mesmos os trabalhistas, no Juízo falimentar. O crédito trabalhista, assim, está sujeito a rateio dentre os de igual natureza.”

É imperioso colacionar ao presente a brilhante decisão proferida nos autos do Conflito de Competência nº 91.276-RJ, de relatoria do Ministro Fernando Gonçalves que, sobre a sucessão empresarial, proferiu a seguinte ementa:

“CONFLITO DE COMPETÊNCIA - JUSTIÇAS COMUM E TRABALHISTA - AÇÕES DE

OBRIGAÇÃO DE FAZER E DECLARATÓRIA DE INEXISTÊNCIA DE SUCESSÃO DE

OBRIGAÇÕES - DECISÃO DA JUSTIÇA COMUM RECONHECENDO A NÃO-OCORRÊNCIA DE SUCESSÃO EMPRESARIAL E A AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE DA TV ÔMEGA PELOS CRÉDITOS TRABALHISTAS E TRIBUTÁRIOS DA BLOCH EDITORES E DA EXTINTA TV MANCHETE -

DECISÕES PROFERIDAS POR JUÍZOS TRABALHISTAS,

RECONHECENDO A SUCESSÃO EMPRESARIAL EM SEDE DE

EXECUÇÃO DE RECLAMAÇÕES TRABALHISTAS ALI AJUIZADAS, COM

DETERMINAÇÃO DE PENHORA DE NUMERÁRIO E DE CONTAS

BANCÁRIAS DA TV ÔMEGA - INTERPRETAÇÃO DO ALCANCE E DOS

EFEITOS DO MESMO CONTRATO PELOS JUÍZOS COMUM E

TRABALHISTA - CONFLITO DE COMPETÊNCIA - OCORRÊNCIA, NA

ESPÉCIE - COMPETÊNCIA DO JUÍZO COMUM PARA A ANÁLISE DAS

(36)

CONSTRIÇÕES PATRIMONIAIS DETERMINADAS PELA JUSTIÇA DO TRABALHO, SENDO INVÁLIDAS AS ANTERIORMENTE DEFERIDAS.

I - Nos termos do art. 115, I, do Código de Processo Civil, à configuração de conflito positivo de competência, é necessário que duas ou mais autoridades judiciárias, de esferas diversas, declarem-se competentes para apreciar e julgar o mesmo feito, ou que

incida a prática de atos processuais na mesma causa, por mais de um juiz;

II - Compete à Justiça comum decidir a respeito do contrato firmado entre a Suscitante TV ÔMEGA e as empresas TV MANCHETE e BLOCH EDITORES S. A., bem como o alcance e efeitos do referido contrato;

III - A existência de decisão da Justiça Comum, no sentido de que não há sucessão empresarial, englobando responsabilidade tributária e trabalhista da TV ÔMEGA, concomitante à existência de decisões proferidas pelos Juízos trabalhistas, no sentido da existência da sucessão empresarial, inclusive com determinação de constrição patrimonial da TV ÔMEGA, caracteriza conflito positivo de competência, a ser dirimido pelo Superior Tribunal de Justiça;

IV - Conflito conhecido, declarando-se a competência do Juízo Comum para analisar e julgar as questões decorrentes das condenações impostas à TV MANCHETE, tornando-se inválidas as constrições patrimoniais determinadas pela Justiça do Trabalho.

Acórdão:

Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da SEGUNDA SEÇÃO do Superior Tribunal de Justiça, na conformidade dos votos e das notas taquigráficas a seguir, prosseguindo o julgamento, após o voto-vista do Sr. Ministro Luis Felipe Salomão, acompanhando a divergência inaugurada pelo Sr. Ministro Massami Uyeda, a Seção, por maioria, conhecer do conflito e declarou competente o Juízo de Direito da 14ª Vara Cível do Rio de Janeiro/RJ, vencidos os Srs. Ministros Relator, João Otávio de Noronha e Sidnei Beneti.

Lavrará o acórdão o Sr. Ministro Massami Uyeda.Votaram com o Sr. Ministro

Massami Uyeda os Srs. Ministros Luis Felipe Salomão, Vasco Della Giustina

(Desembargador convocado do TJ/RS) e Paulo Furtado (Desembargador

convocado do TJ/BA).

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