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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE E SECRETARIADO EXECUTIVO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS CASSANDRA ÚRSULA MELO DE OLIVEIRA

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Academic year: 2018

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E SECRETARIADO EXECUTIVO CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

CASSANDRA ÚRSULA MELO DE OLIVEIRA

A EVIDENCIAÇÃO DOS INDICADORES SOCIOAMBIENTAIS ESSENCIAIS DO

GLOBAL REPORTING INITIATIVE EM EMPRESA DE COSMÉTICOS LISTADA

NA BM&FBOVESPA

Orientadora: Profª. Jeanne Marguerite Molina Moreira

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CASSANDRA ÚRSULA MELO DE OLIVEIRA

A EVIDENCIAÇÃO DOS INDICADORES SOCIOAMBIENTAIS ESSENCIAIS DO

GLOBAL REPORTING INITIATIVE EM EMPRESA DE COSMÉTICOS LISTADA

NA BM&FBOVESPA

Artigo apresentado à Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientadora: Prof.ª Jeanne Marguerite Molina Moreira

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A EVIDENCIAÇÃO DOS INDICADORES SOCIOAMBIENTAIS ESSENCIAIS DO

GLOBAL REPORTING INITIATIVE EM EMPRESA DE COSMÉTICOS LISTADA

NA BM&FBOVESPA RESUMO

Com o intuito de atender a nova demanda informacional da sociedade, as empresas brasileiras preocupam-se em divulgar não somente informações relacionadas à sua posição econômico-financeira, como também suas políticas e ações desenvolvidas e direcionadas ao bem-estar social e à preservação do meio ambiente, elaborando para tanto, os relatórios de sustentabilidade. O estudo tem como objetivo geral verificar quais os indicadores essenciais de desempenho ambiental e social propostos na versão G3.1 das Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade do Global Reporting Initiative (GRI) foram evidenciados nos relatórios de sustentabilidade de 2011 e 2012 de uma empresa do setor de cosméticos listada na BM&FBovespa. Trata-se de pesquisa descritiva de natureza qualitativa, que adotou como procedimento metodológico principal o estudo de caso, que tem por unidade de análise a empresa Natura Cosmeticos S.A., onde a análise de conteúdo foi empregada para verificar a conformidade entre o conteúdo solicitado pelo indicador e o efetivamente evidenciado pela empresa. Depois de procedida esta análise, chega-se às conclusões deste trabalho, dentre as quais, constatou-se que a empresa atingiu um nível alto de evidenciação dos indicadores analisados nos dois anos, tendo em vista que, alguns dos indicadores essenciais propostos pelo GRI foram considerados pela entidade como não aplicáveis à sua realidade ou aos seus negócios, o que sugere a impossibilidade de referida organização atingir 100% de evidenciação dos indicadores propostos no modelo utilizado.

Palavras-Chave: Responsabilidade Socioambiental; Evidenciação; Indicadores; GRI.

1. INTRODUÇÃO

A difusão do acesso à informação sucedida pela globalização impulsionou o desenvolvimento de uma consciência social e ambientalmente responsável na sociedade contemporânea. Os consumidores tornaram-se bem mais exigentes no que se refere tanto à qualidade dos produtos e serviços que adquirem, quanto à conduta socioambiental adotada pelas empresas que ofertam os produtos no mercado.

Nesse contexto, Abreu et al. (2013) destacam que as fortes pressões exercidas pela sociedade junto às empresas estão provocando mudanças no mercado competitivo, onde o posicionamento estratégico dessas entidades passa a ser influenciado pela postura que as mesmas adotam diante da sociedade e do meio ambiente.

Diante disso, com o intuito de atender essa nova demanda informacional da sociedade, as empresas brasileiras preocupam-se em divulgar não somente informações relacionadas à sua posição econômico-financeira, como também suas políticas e ações desenvolvidas e direcionadas ao bem-estar social e à preservação do meio ambiente, elaborando para tanto, os relatórios de sustentabilidade.

Embora não haja obrigatoriedade legal para que todas as empresas brasileiras divulguem esse tipo de relatório, referidas instituições elaboram espontaneamente essa peça contábil a fim de prestar contas ao mercado consumidor da conduta socioambiental adotada, como também demonstrar transparência com informações pontuais relacionadas ao assunto.

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Assim, o presente trabalho busca responder a seguinte questão de pesquisa: Quais os indicadores essenciais de desempenho ambiental e social do Global Reporting Initiative – GRI evidenciados por uma empresa do setor de cosméticos listada na BM&FBOVESPA?

Diante do exposto, o objetivo geral desta pesquisa é verificar quais os indicadores essenciais de desempenho ambiental e social propostos na versão G3.1 das Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade Global Reporting Initiative - GRI foram evidenciados nos relatórios de sustentabilidade de 2011 e 2012 de uma empresa do setor de cosméticos listada na BM&FBovespa.

Com o intuito de alcançar o objetivo geral acima proposto, tem-se como objetivos específicos: apresentar os indicadores essenciais de desempenho ambiental e social propostos na versão G3.1 das Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade do GRI, e, analisar a conformidade entre as informações apresentadas pela empresa e os parâmetros estabelecidos pelo GRI para cada indicador examinado.

Optou-se pela abordagem apenas dos indicadores essenciais, tendo em vista que, se não forem de encontro aos princípios de relatórios do GRI, são aplicáveis e relevantes para a maioria das entidades, ao passo que os indicadores adicionais tratam de práticas emergentes e temas que são relevantes apenas para uma minoria de organizações (GRI, 2000-2011).

Este trabalho justifica-se pela crescente procura da sociedade por informações relacionadas à conduta socioambiental adotada pelas empresas, e também, pelo fato de que a entidade analisada neste estudo de caso, qual seja a NATURA COSMETICOS S.A., única empresa do segmento de Produtos de Uso Pessoal listada na BM&FBOVESPA, ter sido classificada em 2011 e 2012 como “uma das 20 empresas modelo em sustentabilidade” pelo Guia Exame de Sustentabilidade, em 2012, em 1º lugar no “ranking as 100 empresas mais sustentáveis” da Mídia B e Portal Imprensa, bem como por ter recebido neste mesmo ano o “Prêmio Época Empresa Verde”.

No âmbito internacional, a Natura Cosméticos S.A. foi classificada, segundo o Portal da Revista Exame (2014), entre “as 100 empresas com melhores práticas sustentabilidade” no ranking da The Global 100 da “Corporate Knights, publicação canadense especializada em responsabilidade social e desenvolvimento sustentável”, divulgado durante o Fórum Econômico Mundial (FEM), em Davos (Suíça, 2014).

Além do reconhecimento internacional no quesito sustentabilidade, referida corporação revela-se como uma referência nacional no quesito de divulgação espontânea de informações socioambientais, e por este motivo, escolheu-se dar ênfase a análise dos indicadores essenciais de desempenho ambiental e social.

A presente pesquisa classifica-se quanto aos objetivos como descritiva; quanto à natureza como qualitativa; quanto aos procedimentos técnico-metodológicos, adotou-se como procedimento principal, o estudo de caso. O universo da pesquisa é composto pelas empresas da indústria cosmética brasileira listadas na BM&FBOVESPA, onde há apenas a empresa Natura Cosmeticos S.A., a qual constituiu a unidade de análise. Os dados foram coletados mediante a técnica de pesquisa indireta documental e estudados por meio da metodologia de análise de conteúdo.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL VERSUS GLOBALIZAÇÃO

O fenômeno da globalização, além de promover o compartilhamento de informações e a inserção das economias locais a nível mundial, promoveu a conscientização dos agentes econômicos para as questões sociais e ambientais, provocando, consequentemente, transformações nos moldes de gestão administrativa e organizacional das empresas (RATTNER, 1999).

Dentre as transformações supracitadas, surgiu a preocupação com o desenvolvimento sustentável que, segundo Rattner (1999, p. 189), foi definido “como um processo contínuo de aprimorar as condições de vida, enquanto se minimiza o uso de recursos naturais, causando o mínimo de distúrbios e desequilíbrio no ecossistema”.

Nesse sentido, a Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento – CMMAD (1988) conceitua que o objetivo do desenvolvimento sustentável é “satisfazer as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.

Embora a globalização tenha gerado efeitos positivos, tais como o crescimento econômico, a difusão do conhecimento e a popularização da tecnologia, também trouxe impactos negativos ao meio ambiente e à sociedade, uma vez que o acesso aos benefícios oriundos da globalização e a consequente melhoria na qualidade de vida não acompanhou proporcionalmente o crescimento populacional, provocando a expansão da miséria, pobreza e degradação ambiental em todo o mundo (GRI, 2000-2011).

Segundo Contador (2010, p. 20), enquanto “os investimentos públicos tendem a ser guiados por decisões administrativas que procuram interpretar as prioridades globais”, os gestores da iniciativa privada nem sempre avaliam os investimentos efetuados em seus projetos sob a ótica do bem-estar social, tornando-se um desafio influenciar a tomada de decisões que mantenha um equilíbrio entre o interesse do setor privado e da sociedade em geral.

De acordo com o GRI (2000-2011, p. 2), a “urgência e a magnitude dos riscos e dos danos para a nossa sustentabilidade e a grande disponibilidade de opções e oportunidades” está desafiando cada vez mais às companhias a mudarem a estratégia com o intuito de controlar o impacto que o desempenho de suas atividades operacionais causam ao meio ambiente, à sociedade e à economia, tornando-se essencial a transparência das informações sobre esse posicionamento sustentável para os diversos agentes econômicos interessados.

A busca pela satisfação dos objetivos empresariais deixou de se restringir somente à redução dos custos, à expansão da produção e das vendas e ao aumento da lucratividade, pois, os “critérios de avaliação do sucesso começam a incorporar dimensões que vão além da organização econômica e que dizem respeito à vida social, cultural e à preservação ambiental” (SILVA; FREIRE, 2001, p. 33).

Nessa perspectiva, a contabilidade das empresas passa a ter um caráter também social na divulgação de informações aos usuários externos e internos, visando abordar questões relacionadas aos “custos da poluição ambiental, do desemprego, de condições insalubres de trabalho e outros problemas sociais” que geralmente as empresas não divulgam por não terem caráter obrigatório atribuído a elas (HENDRIKSEN; VAN BREDA, 1999, p. 26).

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Ainda, segundo Clemente e Lunardi (2012), várias denominações como “Relatório de Responsabilidade Social Corporativa (RSC), Relatório de Sustentabilidade Empresarial, Balanço Social Corporativo ou Relatório Social” são atribuídas pelo diversos stakeholders (empresas, meio profissional, acadêmicos, órgãos reguladores) aos relatórios específicos que as empresas utilizam para tornar transparentemms suas ações de caráter socioambiental.

No Brasil, a consolidação da responsabilidade social empresarial aconteceu na década de 90, Silva e Freire (2001, p.20) afirmam que:

A partir de 1993, empresas de diversos setores passaram a realizar, ano após ano, efetivas ações sociais e ambientais, ao mesmo tempo que começaram a divulgar de maneira mais ostensiva – inclusive nos meios de comunicação – um perfil mais social e humano dessas corporações. Assim, foi no início dos anos 90 que a realização anual de relatórios sociais e ambientais entrou num amplo processo de aceitação e disseminação no meio empresarial. Dessa forma, os chamados balanços sociais anuais passaram a fazer parte da realidade de um número cada vez maior de corporações.

Complementando a linha de raciocínio, Silva e Freire (2001) comentaram ainda que, nesse período, foi consolidada a conscientização do empresariado nacional para as questões relacionadas aos problemas sociais e ambientais, onde tais empresários passaram a tomar suas decisões gerenciais considerando também aspectos éticos e de responsabilidade socioambiental.

2.2 EVIDENCIAÇÃO SOCIOAMBIENTAL

A Contabilidade, segundo Iudícibus, Martins e Carvalho (2005, p. 11), objetiva principalmente “suprir a necessidade informacional de seus usuários internos e externos à entidade a que se refere” e, para atender tal objetivo, se faz necessária a evidenciação ou disclosure destas múltiplas informações através dos demonstrativos e/ou relatórios contábeis.

De acordo com Pires e Silveira (2008), o disclosure trata-se da divulgação das informações contábeis de caráter qualitativo ou quantitativo, formal ou informal, obrigatório ou voluntário aos usuários internos e externos, as quais devem ser evidenciadas claramente para que tais usuários possam interpretá-las da maneira correta.

Para Dias (2006, p. 20), por um longo período, a Contabilidade apenas se ocupava em evidenciar, aperfeiçoando as informações relacionadas ao resultado econômico e financeiro das empresas, no entanto, após a expansão das discussões acerca da responsabilidade socioambiental por parte das empresas, “os aspectos relativos ao desempenho ambiental e social são chamados a andarem lado a lado com o desempenho econômico-financeiro”.

Nessa perspectiva, Pires e Silveira (2008, p. 3) observam ainda que:

A geração e o disclosure de informações de caráter social e ambiental passam a ser, então, uma nova atribuição da Contabilidade, uma vez que as organizações, atentas aos anseios da sociedade e conscientes de que, além de serem lucrativas e de atuarem de forma social e ambientalmente responsável, devem comunicar isso aos stakeholders, têm procurado disponibilizar, além de informações econômico-financeiras, informações relacionadas às suas ações sociais e ambientais.

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Entretanto, Dias (2006, p. 17) destaca ainda que, as informações contidas no Balanço Social quanto à conduta socioambiental da entidade deve representar fielmente à realidade, ou seja, a imagem de uma empresa socialmente responsável deve ser fruto da “formulação e implementação de uma estratégia de desenvolvimento sustentável e não pela utilização de um Relatório Social distorcido”.

Atualmente, existem no mundo vários modelos de relatórios de sustentabilidade e, embora não haja no Brasil a obrigatoriedade legal para a elaboração e divulgação desse tipo de relatório, em alguns municípios brasileiros, como São Paulo e Porto Alegre, já existe regulamentação para referidos relatórios, e, no âmbito nacional, desde 2003 existe uma resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL que obriga as empresas do segmento de energia elétrica a publicarem relatórios de sustentabilidade corporativa (CLEMENTE; LUNARDI, 2012).

Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras – Fipecafi (2010), o Balanço Social pode ser entendido como uma prestação de contas à sociedade em que a empresa informa o seu compromisso social com todos os agentes envolvidos no meio em que atua, quais sejam o patrimônio público, os recursos humanos, os recursos naturais ou a sociedade como um todo.

Nesse sentido, para que sejam evidenciados todos os aspectos pertinentes à conduta socioambiental da entidade, a Fipecafi (2010) propôs que o Balanço Social seja composto por quatro vertentes: o Balanço Ambiental, que reflete todas as ações e gastos da empresa referentes à utilização, recuperação, preservação e investimentos em tecnologias de recursos naturais; o Balanço de Recursos Humanos, que reflete todas as ações, gastos e benefícios com os trabalhadores da empresa e com a sociedade circunvizinha; a Demonstração do Valor Adicionado, que evidencia as riquezas agregadas à economia local da região em que está situada, bem como a forma de distribuição dessas riquezas; e os Benefícios e Contribuições à Sociedade em geral, que demonstra o que foi realizado em benefício daspessoas que estão no entorno da entidade.

De acordo com a visão de Siqueira (2003), as empresas brasileiras utilizam principalmente o Modelo IBASE, a Demonstração do Valor Adicionado e os Indicadores Ethos para elaborar seus relatórios sociais, ressalta ainda a importância dos indicadores internacionais do Global Reporting Initiative- GRI para o aperfeiçoamento dos relatórios de sustentabilidade.

2.3 EVIDÊNCIAS SOCIAIS NA DEMONSTRAÇÃO DO VALOR ADICIONADO

Na visão de Kroetz (1999), a Contabilidade Social tem por objetivo produzir um sistema contábil que processe os dados sobre a atividade social e ambiental de determinada entidade, gerando informações relevantes, que consolidadas, permitam a emissão ao final do exercício ou em qualquer período, de relatórios como a Demonstração do Valor Adicionado e o Balanço Social.

A mensuração da riqueza gerada por uma entidade, ou seja, o valor adicionado objeto da Demonstração em alude, pode ser calculado, sob o ponto de vista contábil, “através da diferença aritmética entre o valor das vendas e os insumos pagos a terceiros mais as depreciações” (COSTA; GUIMARÃES; MELLO, 2013, p. 10).

Em linhas gerais, consoante o Comitê de Pronunciamentos Contábeis – CPC 09 (2008, p. 2), a Demonstração do Valor Adicionado – DVA é um demonstrativo contábil que “representa um dos elementos componentes do Balanço Social” e tem por objetivo evidenciar informações relativas à geração de riquezas pela entidade e o método utilizado para a distribuição destas riquezas em um determinado período.

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sobre as sociedades por ações. Na visão da Fipecafi (2010), a elaboração da DVA permite que a importância ou utilidade das empresas se tornem mais transparentes para a sociedade.

Entretanto, Freire e Rebouças apud Dias (2006, p. 51) observam que:

Apesar de a DVA ser um importante componente contábil do Balanço Social, as informações nela contidas ainda estão muito aquém das necessárias para seu reconhecimento como Balanço Social, daí a necessidade de divulgação das outras vertentes da FIPECAFI.

Na mesma linha de raciocínio, Siqueira (2003) complementa que a DVA trata apenas do aspecto social do Balanço Social, não agregando outros tipos de informações relacionadas a ações de sustentabilidade desenvolvidas pela empresa, tais como gastos com a reparação de danos causados ao meio ambiente e a preservação deste, ou gastos com o desenvolvimento de atividades voltadas para a sociedade de um modo geral.

Costa, Guimarães e Mello (2013) consideram em seu estudo que a DVA é parte fundamental e de relevância do Balanço Social e que a compulsoriedade da elaboração dessa demonstração contribuiu para a transparência das informações de caráter social, uma vez que evidencia as riquezas distribuídas com os funcionários a título de remuneração, benefícios e encargos, assim como a distribuição de todas as riquezas da empresa com os agentes econômicos envolvidos.

Abreu et al. (2009) afirmam que a DVA deve ser compreendida como uma ferramenta contábil utilizada para avaliar a capacidade de uma entidade em gerar e distribuir riquezas, onde o diferencial dessa demonstração está na evidenciação dos agentes detentores das riquezas distribuídas, corroborando assim a conclusão de Costa, Guimarães e Mello (2013) de que a DVA é um componente do Balanço Social.

2.4 BALANÇO SOCIAL – MODELO IBASE

Vários autores versam sobre uma conceituação que expresse claramente a real finalidade e importância da elaboração do Balanço Social. Na concepção de Silva e Freire (2001), o Balanço Social pode ser entendido como um relatório de publicação anual em que a entidade informa todas as atividades de cunho social que desenvolveu em benefício de seus funcionários e da comunidade que integra.

Outro conceito de Balanço Social é definido por Kroetz (1999), esclarece que referida peça é responsável por demonstrar os gastos e influências positivas e negativas que as entidades estão passíveis de receber ou transmitir no fomento de ações em prol do ser humano, sociedade e meio ambiente, sendo tais informações de relevância atemporal para diversos stakeholders.

Além desse conceito, por contemplar dados de ordem qualitativa e quantitativa referentes às políticas da entidade, bem como da interação desta com o ambiente, Kroetz (1999, p. 13) considera o Balanço Social como uma ferramenta gerencial, em que esses dados “poderão ser comparados e analisados de acordo com as necessidades dos usuários internos, servindo como instrumento de controle e de auxilio para a tomada de decisões e adoção de estratégias”.

No Brasil, o documento intitulado de “Balanço Social da Nitrofértil”, de 1984, foi considerado o primeiro relatório de cunho social divulgado no País, onde a empresa estatal baiana Nitrofértil divulgava ao público externo as atividades socais e o processo participativo desenvolvidos por ela àquela época. Já em 1992, o Banco do Estado de São Paulo (BANESPA) elaborou o seu Balanço Social, um relatório completo das ações efetuadas pela instituição financeira naquele ano, onde tal documento teve sua publicação apenas no início de 1993 (COSTA; GUIMARÃES; MELLO, 2013).

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no Jornal Folha de São Paulo, em 26 de março de 1997, do artigo “Empresa pública e cidadã”, escrito pelo sociólogo Herbert de Souza, o Betinho (1935-1997).

O Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas - IBASE, em parceria com empresas do setor público e privado, desenvolveu um modelo de Balanço Social com indicadores que auxiliam as entidades na avaliação das informações divulgadas neste balanço ao longo do tempo e na comparação com outras empresas do mesmo segmento de atuação (IBASE, 2003).

No ano de 1998, o IBASE criou um selo denominado “Selo Balanço Social Ibase/Betinho”, atribuído anualmente às empresas que publicassem seu Balanço Social no Modelo do IBASE e seguissem os moldes e indicadores propostos por este modelo. Conforme o site do IBASE, esse selo “demonstra que a empresa já deu o primeiro passo para tornar-se uma verdadeira empresa-cidadã, comprometida com a qualidade de vida dos funcionários, da comunidade e do meio ambiente; apresenta publicamente seus investimentos internos e externos através da divulgação anual do seu Balanço Social” (IBASE, 2003). No entanto, o Selo Balanço Social do IBASE está suspenso desde 2008, e no momento, está em fase de avaliação e reformulação.

Para Clemente e Lunardi (2012, p. 95), o modelo de Balanço Social proposto pelo IBASE:

Consiste numa apresentação parcialmente adaptada dos indicadores GRI (Global Reporting Initiative), embora com uma ênfase maior em aspectos relacionados com o emprego, a educação, a melhoria da qualidade de vida das pessoas e que faz com que as empresas brasileiras utilizem com mais frequência este modelo de indicadores devido às próprias características institucionais do Brasil.

Quanto aos debates criados acerca da forma de elaboração do Balanço Social, Cunha e Ribeiro (2004) afirmam que ainda não se chegou a uma conclusão sobre o tema, se referido balanço deve obedecer ou não a uma padronização, se deve ser outorgada a obrigatoriedade de elaboração para todas as empresas, ou, se a publicação deve continuar ocorrendo de forma voluntária, e até mesmo, a determinação quanto à abordagem de informações específicas a serem evidenciadas pelas entidades.

Se por um lado, Sucupira (2001) acredita que a liberdade na apresentação das informações no Balanço Social propicia as empresas a divulgarem somente aspectos positivos neste relatório, não mensurando os gastos, o que torna prejudicial à avaliação dos aspectos sociais da empresa e transforma o Balanço Social em um simples instrumento de marketing para essa entidade, por outro lado, Costa, Guimarães e Mello (2013) são favoráveis à ideia de que o Balanço Social deve continuar sendo voluntário, onde sua publicação deve ser motivada pelo desenvolvimento de uma consciência empresarial baseada na ética, moral, respeito e responsabilidade socioambiental.

2.5 RELATÓRIO DE SUSTENTABILIDADE – MODELO GRI

O Global Reporting Initiative – GRI foi criado nos EUA no ano de 1997 a partir de uma iniciativa conjunta entre uma Organização Não-Governamental da América do Norte chamada de Coalition for Environmentally Responsible Economics - CERES e o Programa Ambiental das Nações Unidas, o United Nations Environmental Programme – UNEP, com o objetivo de aperfeiçoar a qualidade e aplicação dos relatórios de sustentabilidade (DIAS, 2006; GRI, 2000-2011, p. 1).

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Castro, Siqueira e Macedo (2009) destacam que modelos de relatórios de sustentabilidade começaram a ser propostos por várias instituições e organizações nacionais e internacionais com o intuito de reduzir os pontos negativos dos modelos já existentes, e, diante disso, o GRI elaborou as Diretrizes para os Relatórios de Sustentabilidade, objetivando proporcionar uma maior confiabilidade, completude e padronização internacional para os relatórios de sustentabilidade a serem elaborados pelas entidades que adotassem esse modelo.

O modelo de relatório proposto pelo GRI foi elaborado visando ser universalmente aceito e compreendido para as empresas que buscam divulgar informações sobre seu desempenho sustentável, vale destacar que a estrutura do relatório “foi concebida para ser utilizada por organizações de qualquer porte, setor ou localidade” (GRI, 2000-2011, p. 3).

As Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade do GRI, denominadas de guias para a confecção de relatórios de sustentabilidade por Fernandes, Siqueira e Gomes (2010), teve sua primeira versão elabora em 1997. Segundo o Instituto Ethos (2007), a versão inicial “G2” do modelo de relatório de sustentabilidade proposto pelo GRI foi lançada em 2000, e depois de aperfeiçoar essa primeira versão, o GRI lançou em 2002 uma segunda versão, a qual foi traduzida para o português no ano de 2004.

A versão G3 das Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade do GRI foi lançada em outubro 2006, e, em dezembro deste mesmo ano também foi lançada a versão de referido relatório no Brasil “após um amplo trabalho que envolveu o Instituto Ethos, a Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (ALBERGE) e o Centro de Estudos em sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas (GVCEs) (TRAVASSOS ET Al., 2013, p.2).

Sob a ótica do Global Reporting Initiative – GRI (2000-2011), o termo “relatório de sustentabilidade” possui um significado amplo, mas sua finalidade principal é evidenciar os impactos do chamado “tripple bottom line” (resultado triplo), quais sejam impactos econômicos, ambientais e sociais, causados pela entidade. O GRI ressalta que deve ser divulgado neste relatório uma descrição do verdadeiro desempenho sustentável da empresa, contemplando tanto informações positivas quanto negativas relacionadas ao assunto.

Além dos princípios, orientações e itens de divulgação, as Diretrizes para a Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade também são compostas por indicadores de desempenho, que se subdividem nos três aspectos do tripple bottom, quais sejam o econômico, o ambiental e o social.

A categorização dos indicadores realizada pelo GRI “permite a composição de diversas análises, como a observação do comportamento de apenas um grupo de indicadores ou o confronto entre o desempenho econômico e o desempenho ambiental, por exemplo” (FERNANDES; SIQUEIRA; GOMES, 2010, p. 6).

O GRI define que a dimensão econômica abrange os efeitos provocados pela entidade nas condições financeiras dos agentes econômicos envolvidos e na própria economia local, nacional e global, sendo tais impactos refletidos através dos indicadores econômicos (GRI, 2000-2011).

Já a dimensão ambiental se refere aos efeitos da organização provocados nos sistemas naturais vivos e não vivos, ecossistemas, terra, ar e água, onde os indicadores ambientais são responsáveis por contemplar o desempenho dos insumos (material, energia, água), da produção (emissões, efluentes, resíduos) e o impacto dos bens e serviços, biodiversidade, conformidade ambiental, gastos com meio ambiente e os impactos de produtos e serviços (GRI, 2000-2011).

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Cada dimensão supramencionada contém vários indicadores de desempenho que se subdividem em indicadores essenciais e adicionais. Os essenciais são muito importantes para a maioria das organizações que utilizam o modelo, como também para a maioria dos stakeholders, no entanto, nem todas as entidades podem aplicá-los por não se adequarem ao padrão das informações das mesmas. Já os indicadores adicionais contemplam a divulgação de forma voluntária dentro dos próprios moldes das Diretrizes do GRI, não necessitando de justificativa quando não utilizados (DIAS, 2006; GRI, 2000-2011).

No quadro 1 foram discriminados todos indicadores essenciais de desempenho ambiental e social propostos pelo GRI, no entanto, os indicadores de desempenho econômico não foram listados, tendo em vista que nesta pesquisa será abordada apenas a interface socioambiental dos indicadores essenciais.

Quadro 1: Indicadores Essenciais de Desempenho Ambiental e Social do GRI ASPECTO INDICADORES DE DESEMPENHO AMBIENTAL (EN)

1 EN1: Materiais usados por peso ou volume.

2 MATERIAIS EN2: Percentual dos materiais usados provenientes de reciclagem.

3 EN3: Consumo de energia direta discriminado por fonte de energia primária.

4 ENERGIA EN4: Consumo de energia indireta discriminado por fonte primária.

5 ÁGUA EN8: Total de retirada de água por fonte.

6 EN11: Localização e tamanho da área possuída, arrendada ou administrada dentro de áreas protegidas, ou adjacente a elas, e áreas de alto índice de biodiversidade fora das áreas protegidas.

7 BIODIVERSIDADE EN12: Descrição de impactos significativos na biodiversidade de atividades, produtos e serviços em áreas protegidas e em áreas de alto índice de biodiversidade fora das áreas protegidas.

8 EN16: Total de emissões diretas e indiretas de gases de efeitoestufa, por peso. 9 EN17: Emissões indiretas relevantes de gases de efeito estufa, por peso. 10 EN19: Emissões de substâncias destruidoras da camada de ozônio, por peso. 11 EN20: NOx, SOx e outras emissões atmosféricas significativas, por tipo e peso. 12 EN21: Descarte total de água, por qualidade e destinação.

13 EN22: Peso total de resíduos, por tipo e método de disposição. 14

EMISSÕES, EFLUENTES E

RESÍDUOS

EN23: Número e volume total de derramamentos significativos.

15 EN26: Iniciativas para mitigar os impactos ambientais de produtos e serviços e a extensão da redução desses impactos.

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PRODUTOS E

SERVIÇOS EN27: Percentual de produtos e suas embalagens recuperados em relação ao total de produtos vendidos, por categoria de produto.

17 CONFORMIDADE EN28: Valor monetário de multas significativas e número total de sanções não monetárias resultantes da não conformidade com leis e regulamentos ambientais.

INDICADORES DE DESEMPENHO SOCIAL

ASPECTOS PRÁTICAS TRABALHISTAS E TRABALHO DECENTE (LA)

1 LA1: Total de trabalhadores por tipo de emprego, contrato de trabalho e região, discriminados por gênero.

2 LA2: Número total e taxa de novos empregados contratados e rotatividade de empregados por faixa etária, gênero e região.

3

EMPREGO

LA15: Retorno ao trabalho e taxas de retenção após licença maternidade/paternidade, discriminados por gênero.

4 LA4: Percentual de empregados abrangidos por acordos de negociação coletiva.

5

RELAÇÕES ENTRE OS TRABALHADORES E A GOVERNANÇA

LA5: Prazo mínimo para notificação com antecedência referente a mudanças operacionais, incluindo se esse procedimento está especificado em acordos de negociação coletiva. 6 LA7: Taxas de lesões, doenças ocupacionais, dias perdidos, absenteísmo e óbitos

relacionados ao trabalho, discriminados por região e por gênero. 7

SAÚDE E SEGURANÇA NO

TRABALHO LA8: Programas de educação, treinamento, aconselhamento, prevenção e controle de risco em andamento para dar assistência a empregados, seus familiares ou membros da comunidade com relação a doenças graves.

8 TREINAMENTO E

EDUCAÇÃO LA10: Média de horas de treinamento por ano, por empregado, discriminadas por gênero e por categoria funcional. 9 LA13: Composição dos grupos responsáveis pela governança corporativa e discriminação de empregados por categoria funcional, de acordo com gênero, faixa etária, minorias e outros indicadores de diversidade.

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DIVERSIDADE E IGUALDADE DE

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ASPECTOS DIREITOS HUMANOS (HR)

1 HR1: Percentual e número total de acordos e contratos de investimentos significativos que incluam cláusulas referentes a preocupações com direitos humanos ou que foram submetidos a avaliações referentes a direitos humanos.

2 HR2: Percentual de empresas contratadas, fornecedores e outros parceiros de negócio significativos que foram submetidos a avaliações referentes a direitos humanos e as medidas tomadas.

3

PRÁTICAS DE INVESTIMENTO E DE PROCESSOS DE

COMPRA

HR3: Total de horas de treinamento para empregados em políticas e procedimentos relativos a aspectos de direitos humanos relevantes para as operações, incluindo o percentual de empregados que recebeu treinamento.

4

NÃO-DISCRIMINAÇÃO HR4: Número total de casos de discriminação e as medidas corretivas tomadas.

5 LIBERDADE DE

ASSOCIAÇÃO E NEGOCIAÇÃO

COLETIVA

HR5: Operações e fornecedores significativos identificados em que o direito de exercer a liberdade de associação e a negociação coletiva pode estar sendo violado ou estar correndo risco significativo e as medidas tomadas para apoiar esse direito.

6 TRABALHO

INFANTIL

HR6: Operações e fornecedores significativos identificados como de risco significativo de ocorrência de trabalho infantil e as medidas tomadas para contribuir para a efetiva erradicação do trabalho infantil.

7 TRABALHO

FORÇADO OU ANÁLOGO AO ESCRAVO

HR7: Operações e fornecedores significativos identificados como de risco significativo de ocorrência de trabalho forçado ou análogo ao escravo e as medidas tomadas para contribuir para a erradicação de todas as formas de trabalho forçado ou análogo ao escravo.

8 AVALIAÇÃO HR10: Percentual e número total de operações que foram submetidas a análises e/ou avaliações de impactos relacionados a direitos humanos.

9 REPARAÇÃO HR11: Número de queixas relacionadas a direitos humanos protocoladas, tratadas e resolvidas por meio de mecanismo formal de queixas.

ASPECTOS SOCIEDADE (SO)

1 SO1: Percentual de operações que implementaram programas de engajamento da comunidade, de avaliação de impacto e de desenvolvimento.

2 SO9: Operações com impactos negativos significativos potenciais ou reais nas comunidades locais.

3

COMUNIDADE

SO10: Medidas de prevenção e mitigação implementadas em operações com impactos negativos significativos potenciais ou reais em comunidades locais.

4 SO2: Percentual e número total de unidades de negócios submetidas a avaliações de riscos relacionados a corrupção.

5 SO3: Percentual de empregados treinados nas políticas e procedimentos anticorrupção da organização.

6

CORRUPÇÃO

SO4: Medidas tomadas em resposta a casos de corrupção.

7 POLÍTICAS

PÚBLICAS

SO5: Posições quanto a políticas públicas e participação na elaboração de políticas públicas e lobbies.

8 CONFORMIDADE SO8: Valor monetário de multas significativas e número total de sanções não-monetárias resultantes da não-conformidade com leis e regulamentos.

ASPECTOS RESPONSABILIDADE PELO PRODUTO (PR)

1 SAÚDE E

SEGURANÇA DO CLIENTE

PR1: Fases do ciclo de vida de produtos e serviços em que os impactos na saúde e segurança são avaliados visando melhoria, e o percentual de produtos e serviços sujeitos a esses procedimentos.

2 ROTULAGEM DE

PRODUTOS E SERVIÇOS

PR3: Tipo de informação sobre produtos e serviços exigida por procedimentos de rotulagem, e o percentual de produtos e serviços sujeitos a tais exigências.

3 COMUNICAÇÕES

DE MARKETING PR6: Programas de adesão às leis, normas e códigos voluntários relacionados a comunicações de marketing, incluindo publicidade, promoção e patrocínio. 4 COMPLIANCE PR9: Valor monetário de multas (significativas) por não conformidade com leis e

regulamentos relativos ao fornecimento e uso de produtos e serviços. Fonte: Adaptado de GRI (2000-2011, p. 27 - 40)

(13)

responsabilidade pelo produto, sigla “PR”. As duas interfaces somam um total de 48 indicadores analisados por ano.

As empresas que seguem o modelo de relatório de sustentabilidade proposto pelo GRI devem elaborar e divulgar um documento declarando em qual nível foi aplicada a Estrutura de Relatórios da GRI conforme o sistema de “Níveis de Aplicação” da própria organização (GRI, 2000-2011).

O Instituto ETHOS (2007) considera que a criação dos “Níveis de Aplicação” foi mais uma inovação advinda da versão “G3” das diretrizes, pois através dessa declaração se pode verificar o grau de aplicabilidade das diretrizes no relatório divulgado pela entidade, afirma ainda que esta metodologia substituiu a declaração “de acordo com” (“in accordance”) pertinente à versão “G2”.

Com o intuito de se adequar à necessidade de cada tipo de relator, ou seja, do iniciante ao avançado, o GRI criou três níveis de aplicação, quais sejam nível A, B e C, que indicam a evolução e nível de aderência às diretrizes do modelo. Para as organizações que submetem seus relatórios à uma avaliação externa, estas estão facultadas a declarar um ponto a mais (+) em cada nível, resultando, respectivamente em A+, B+ ou C+ (GRI, 2000-2011).

Embora Leite Filho, Prates e Guimarães (2009) considerem que a adoção ao modelo de relatório de sustentabilidade proposto pelo GRI oferta “grandes benefícios gerenciais para as empresas, visto que a GRI é apreciada pelos maiores investidores e considerada ferramenta indispensável para as empresas que negociam seus títulos no mercado mundial”, Castro, Siqueira e Macedo (2009), assim como Fernandes, Siqueira e Gomes (2010), acreditam que, pelo motivo do modelo proposto e o próprio GRI serem renomados mundialmente, o simples fato de uma empresa adotar este padrão de relatório propicia aos usuários a ideia imediata de que as informações prestadas são confiáveis, completas e relevantes, mesmo havendo falhas em referida peça, tais como a omissão e incompatibilidade de informações entre o que é publicado e aquilo que é solicitado na estrutura.

3. METODOLOGIA

Como o objetivo do estudo é identificar as ações de cunho socioambiental evidenciadas pelas empresas da indústria cosmética brasileira listadas na BM&FBovespa, trata-se de uma pesquisa descritiva, que, segundo Rodrigues (2006, p.90), “é usada, por exemplo, para descrever características de um determinado grupo, onde o pesquisador estuda as relações de um determinado fenômeno sem as manipular”.

Quanto à natureza da pesquisa, classifica-se como qualitativa, tendo em vista que a abordagem das questões relacionadas ao problema não necessitam da utilização de procedimentos estatísticos, analisando-se os eventos em estudo através de uma compreensão contextual (RAMOS, 2009).

No que concerne aos procedimentos técnico-metodológicos, adotou-se inicialmente a pesquisa bibliográfica, que, segundo Lakatos e Marconi (2007), também pode ser chamada de pesquisa de fontes secundárias, a qual resulta da consulta, por exemplo, de livros, manuais, dissertações, artigos e anais de eventos científicos.

De acordo com Gil (2010), a pesquisa bibliográfica está presente na maioria das pesquisas acadêmicas, o que a torna inerente ao processo de pesquisa científica, onde Cervo, Bervian e Da Silva (2010, p. 61) complementam que “constitui geralmente o primeiro passo de qualquer pesquisa científica. Os alunos de todos os níveis acadêmicos devem, portanto, ser iniciados nos métodos e nas técnicas da pesquisa bibliográfica”.

Também se caracteriza como pesquisa documental, visto que o estudo recorre a documentos publicados por uma empresa, e, para Gil (2010, p. 31), uma fonte deve ser considerada como documental quando “o material consultado é interno à organização”.

(14)

sobre determinado indivíduo, família, grupo ou comunidade que seja representativo de seu universo, para examinar aspectos variados de sua vida”.

O banco de dados para a escolha das entidades a serem pesquisadas foi o site oficial da BM&FBOVESPA, pois constitui um ambiente de informações seguras e confiáveis. Foi definido que o universo da pesquisa seria composto pelas empresas da indústria cosmética brasileira listadas na BM&FBovespa.

Determinado o universo de pesquisa, foi procedida consulta à página eletrônica de referida Bolsa, onde se constatou que há listada apenas uma empresa brasileira do segmento cosmético, sendo a unidade de análise deste estudo de caso, a empresa Natura Cosméticos S.A. (Natura).

Após a definição da unidade de análise, delimitou-se o escopo da pesquisa para os últimos relatórios anuais de sustentabilidade publicados pela Natura seguindo o modelo “G3.1” das Diretrizes para Elaboração de Relatórios de Sustentabilidade da Global Reporting Initiative - GRI, os quais foram coletados na página eletrônica da própria entidade, compreendendo os anos de 2011 e 2012.

Quanto à técnica utilizada para a análise e interpretação dos dados coletados, em conformidade com a abordagem qualitativa da pesquisa, empregou-se a análise de conteúdo, que, segundo Bardin (1977, p. 38) tem por finalidade “a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção (ou, eventualmente, de recepção), inferência esta que recorre a indicadores (quantitativos ou não)”.

A análise de conteúdo foi empregada inicialmente na busca pela informação referente a cada indicador nos relatórios de sustentabilidade da organização, onde a procura por tais informações ocorreu por meio da consulta à página informada no índice remissivo do GRI para cada indicador, sendo realizada posteriormente uma análise comparativa em 2011 e 2012 entre o conteúdo solicitado para cada indicador nos moldes da versão “G3.1” das diretrizes do GRI e aquele evidenciado pela empresa.

Por conseguinte, foi elaborado um quadro para cada interface e para cada respectivo subgrupo, onde os indicadores foram divididos em “apresentados” e “não apresentados”, e, dentro de cada uma destas divisões, foram subclassificados em 4 categorias (Quadro 2). O método de classificação e categorização dos indicadores foi o mesmo aplicado por Dias (2006) em sua pesquisa, o qual também foi utilizado na pesquisa de Carvalho e Siqueira (2008), reduzindo assim o risco de assimetria metodológica conforme Fernandes, Siqueira e Gomes (2010).

Quadro 2 – Categorização dos Indicadores Apresentados e Não Apresentados

RELATO CATEGORIA CÓDIGO CONCEITO

Aderência Plena APL Todas as informações solicitadas pelo indicador foram fornecidas. Aderência

Parcial AP Parte das informações solicitadas pelo indicador foi fornecida. Dúbio D As informações fornecidas não foram suficientes para o usuário classificar o indicador em “aderência

plena” ou “aderência parcial”. APRESENTADOS

Inconsistente I As informações fornecidas diferem daquelas solicitadas pelo indicador.

Não disponível ND As informações solicitadas pelo indicador não podem ser fornecidas por dificuldades internas para obtê-las.

Não Aplicável NA A empresa considera as informações solicitadas pelo indicador não aplicáveis às suas atividades ou setor. Omitido com

Justificativa OJ A empresa justifica a decisão de omitir as informações solicitadas pelo indicador. NÃO

APRESENTADOS

(15)

Fonte: Adaptado de Dias (2006)

Depois de procedida a classificação dos indicadores de acordo com as categorias apresentadas no quadro 2, foi atribuído 1 (um) ponto para cada indicador evidenciado e, ao final, obteve-se o somatório total de indicadores evidenciados por categoria, interface e subgrupos. Utilizando-se desses somatórios, calculou-se o percentual de evidenciação de cada categoria em relação ao total de indicadores por interface, e, o percentual de cada interface e subgrupo em relação ao total geral de indicadores analisados nesta pesquisa.

Ressalta-se que o nível de evidenciação em percentual por categoria foi calculado dividindo-se o somatório de cada categoria pelo número total de indicadores da respectiva interface analisada, e então multiplicando o valor encontrado por 100 (cem). O mesmo cálculo foi aplicado para encontrar o nível de evidenciação em percentual de cada interface e subgrupo em relação ao total geral de indicadores analisados nesta pesquisa.

4. ANÁLISE DE DADOS

Para a consecução do objetivo da pesquisa, esta seção apresenta os resultados agrupados em tabela.

Os indicadores essenciais de desempenho ambiental foram enumerados de 1 a 17, onde 17 representa um nível máximo de 100% de evidenciação da interface ambiental. Foi atribuído 1 (um) ponto para cada categoria, calculando-se ao final o total de pontos por categoria e percentual de cada categoria em relação ao total de indicadores da interface (Tabela 1).

Tabela 1 – Classificação dos Indicadores Essenciais de Desempenho Ambiental (EN)

2011 2012

Apresentado Não apresentado Apresentado Não apresentado

Nº Indicadores

APL AP D I ND NA OJ O APL AP D I ND NA OJ O

1 EN1 1 1

2 EN2 1 1

3 EN3 1 1

4 EN4 1 1

5 EN8 1 1

6 EN11 1 1

7 EN12 1 1

8 EN16 1 1

9 EN17 1 1

10 EN19 1 1

11 EN20 1 1

12 EN21 1 1

13 EN22 1 1

14 EN23 1 1

15 EN26 1 1

16 EN27 1 1

17 EN28 1 1

SUBTOTAL 8 4 1 1 0 2 1 0 8 4 0 1 0 3 1 0

Percentual (%) 47% 24% 6% 6% - 12% 6% - 47% 24% - 6% - 18% 6% -

TOTAL 17 17

Fonte: Adaptado de Dias (2006) com os dados da pesquisa.

(16)

representando, em cada ano, um percentual de 47% em relação ao total de indicadores da interface ambiental. Também foi relatada pela entidade em cada ano a mesma quantidade de indicadores nas categorias “aderência parcial”; “inconsistente” e “omitido com justificativa”.

Os indicadores essenciais de desempenho social do subgrupo “práticas trabalhistas e trabalho decente” foram enumerados de 1 a 10, onde 10 representa um nível máximo de 100% de evidenciação deste subgrupo. Foi atribuído 1 (um) ponto para cada categoria, calculando-se ao final o total de pontos por categoria e percentual de cada categoria em relação ao total de indicadores do subgrupo (Tabela 2).

Tabela 2 – Classificação dos Indicadores Essenciais de Desempenho Social – Categoria Práticas Trabalhistas e Trabalho Decente (LA)

2011 2012

Apresentado Não apresentado Apresentado Não apresentado

Nº Indicadores

APL AP D I ND NA OJ O APL AP D I ND NA OJ O

1 LA1 1 1

2 LA2 1 1

3 LA4 1 1

4 LA5 1 1

5 LA7 1 1

6 LA8 1 1

7 LA10 1 1

8 LA13 1 1

9 LA14 1 1

10 LA15 1 1

Subtotal 3 5 2 0 0 0 0 0 3 6 0 1 0 0 0 0 Percentual (%) 30% 50% 20% - - - - - 30% 60% - 10% - - - - Total 10 10 Fonte: Adaptado de Dias (2006) com os dados da pesquisa. Na Tabela 2, observa-se que todos os indicadores sociais do subgrupo “práticas trabalhistas e trabalho decente” foram apresentados pela entidade em seus relatórios anuais de sustentabilidade de 2011 e de 2012, havendo variações apenas quanto ao conteúdo evidenciado, pois os indicadores LA2 e LA5 que foram classificados como de conteúdo “dúbio” no relatório de 2011, foram classificados em 2012, respectivamente, na categoria “aderência parcial” e “inconsistente”. Os indicadores essenciais de desempenho social do subgrupo “direitos humanos” foram enumerados de 1 a 9, onde 9 representa um nível máximo de 100% de evidenciação deste subgrupo. Foi atribuído 1 (um) ponto para cada categoria, calculando-se ao final o total de pontos por categoria e percentual de cada categoria em relação ao total de indicadores do subgrupo (Tabela 3). Tabela 3 – Classificação dos Indicadores Essenciais de Desempenho Social – Categoria Direitos Humanos (HR) 2011 2012 Apresentado Não apresentado Apresentado Não apresentado Nº Indicadores APL AP D I ND NA OJ O APL AP D I ND NA OJ O 1 HR1 1 1

2 HR2 1 1

3 HR3 1 1

4 HR4 1 1

5 HR5 1 1

6 HR6 1 1

7 HR7 1 1

8 HR10 1 1

(17)

Subtotal 4 2 0 1 1 1 0 0 3 4 0 1 0 0 1 0

Percentual (%) 44% 22% - 11% 11% 11% - - 33% 44% - 11% - - 11% -

Total 9 9 Fonte: Adaptado de Dias (2006) com os dados da pesquisa. O número de indicadores sociais do subgrupo “direitos humanos” demonstrados na Tabela 3, cresceu de um ano para o outro, pois o indicador HR4, não apresentado no relatório de sustentabilidade de 2011 da entidade, por não ter sido aplicável às suas atividades, foi 100% evidenciado em 2012. Apesar do acréscimo geral no subgrupo, houve uma redução na categoria “aderência plena” em 2012, pois o indicador HR7 classificado nesta categoria em 2011, foi parcialmente relatado pela empresa em 2012 e classificado em “aderência parcial”. Os indicadores essenciais de desempenho social do subgrupo “sociedade” foram enumerados de 1 a 8, onde 8 representa um nível máximo de 100% de evidenciação deste subgrupo. Foi atribuído 1 (um) ponto para cada categoria, calculando-se ao final o total de pontos por categoria e percentual de cada categoria em relação ao total de indicadores do subgrupo (Tabela 4). Tabela 4 – Classificação dos Indicadores Essenciais de Desempenho Social – Categoria Sociedade (SO) 2011 2012 Apresentado Não apresentado Apresentado Não apresentado Nº Indicadores APL AP D I ND NA OJ O APL AP D I ND NA OJ O 1 SO1 1 1

2 SO2 1 1

3 SO3 1 1

4 SO4 1 1

5 SO5 1 1

6 SO8 1 1

7 SO9 1 1

8 SO10 1 1

Subtotal 2 1 1 3 0 0 1 0 5 1 0 1 0 0 1 0 Percentual (%) 25% 13% 13% 38% - - 13% - 63% 13% - 13% - - 13% -

Total 8 8 Fonte: Adaptado de Dias (2006) com os dados da pesquisa. Verificou-se na Tabela 4, que a quantidade de indicadores sociais apresentados do subgrupo “sociedade” permaneceu constante nos relatórios de sustentabilidade dos dois anos. Os indicadores SO4, SO9 e SO10 que foram classificados em 2011, respectivamente, nas categorias “dúbio” e “inconsistente”, em 2012 foram 100% evidenciados em relação ao conteúdo exigido pelo GRI, sendo classificados na categoria “aderência plena”. Os indicadores essenciais de desempenho social do subgrupo “responsabilidade pelo produto” foram enumerados de 1 a 4, onde 4 representa um nível máximo de 100% de evidenciação deste subgrupo. Foi atribuído 1 (um) ponto para cada categoria, calculando-se ao final o total de pontos por categoria e percentual de cada categoria em relação ao total de indicadores do subgrupo (Tabela 5). Tabela 5 – Classificação dos Indicadores Essenciais de Desempenho Social – Categoria Responsabilidade pelo Produto 2011 2012 Apresentado apresentado Não Apresentado apresentado Não Nº Indicadores APL AP D I ND NA OJ O APL AP D I ND NA OJ O 1 PR1 1 1

2 PR3 1 1

(18)

4 PR9 1 1

Subtotal 2 1 1 0 0 0 0 0 2 1 1 0 0 0 0 0

Percentual (%) 50% 25% 25% - - - - - 50% 25% 25% - - - - -

Total 4 4

Fonte: Adaptado de Dias (2006) com os dados da pesquisa.

Na Tabela 5, todos os indicadores de desempenho social do subgrupo “responsabilidade pelo produto” foram apresentados pela entidade em seus relatórios de sustentabilidade de 2011 e 2012, havendo variações apenas quanto ao conteúdo evidenciado, pois os indicadores PR3 e PR9 classificados em 2011, respectivamente, nas categorias “dúbio e “aderência plena”, passaram a ser classificados em 2012, respectivamente, nas categorias “aderência plena” e “dúbio”.

Com base nas Tabela 1, 2, 3, 4 e 5, foi calculado o nível de evidenciação do total de indicadores essenciais de desempenho ambiental e social do GRI classificados como “apresentados” , conforme as categorias estabelecidas no quadro 2, que a empresa Natura Cosmeticos S.A. divulgou em seus Relatórios Anuais de Sustentabilidade de 2011 e 2012 (Tabela 6).

Tabela 6 – Nível de Evidenciação dos Indicadores Essenciais de Desempenho Ambiental e Social do GRI “Apresentados” nos Relatórios Anuais de Sustentabilidade de 2011 e 2012 da empresa Natura Cosmeticos S.A.

INDICADORES “APRESENTADOS” PELA EMPRESA NATURA TOTAL DE

INDICADORES

SOLICITADOS PELO GRI 2011 2012

INTERFACES

TOTAL PERCENTUAL (%) TOTAL PERCENTUAL (%) TOTAL PERCENTUAL (%)

AMBIENTAL 17 35% 14 29% 13 27%

SOCIAL 31 65% 28 58% 29 60%

SUBTOTAL 48 100% 42 87% 42 87%

Fonte: Dados da pesquisa.

A Tabela 6 demonstra que, do total de 48 indicadores socioambientais propostos pelo GRI, o total de indicadores ambientais relatados pela entidade decresceu de 2011 (14) para 2012 (13) em um indicador, diminuindo dois pontos percentuais, enquanto o total de indicadores sociais aumentou de um ano para outro, sendo acrescido também de um indicador e dois pontos percentuais. Apesar das variações constatadas, verificou-se que a entidade relatou a mesma quantidade de indicadores em cada período analisado, atingindo um nível de evidenciação de, aproximadamente, 87% por ano.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa teve como objetivo geral verificar os indicadores essenciais de desempenho ambiental e social do GRI evidenciados nos relatórios de sustentabilidade de 2011 e 2012 de uma empresa do setor de cosméticos listada na BM&FBovespa e, para a consecução desse objetivo, foi empregada a análise de conteúdo para verificar a conformidade entre o solicitado e o que foi evidenciado pela empresa referente a cada indicador. Depois de procedida à análise individual do conteúdo de cada indicador, estes foram subclassificados nas mesmas categorias que Dias (2006) utilizou em sua pesquisa. A partir daí, foi calculado o percentual de evidenciação de cada categoria e de cada uma das interfaces, ambiental e social.

(19)

1). Os resultados inicialmente foram discutidos por interface e depois em relação ao total de indicadores analisados nesse estudo.

Quanto ao aspecto ambiental, os 17 indicadores essenciais solicitados pelo GRI representam 35% do geral de indicadores analisados das duas interfaces. Os 13 indicadores essenciais relatados pela Natura, classificados como “apresentados”, representaram 29%, em 2011, e 27%, em 2012 do referido total geral, o que demonstra um decréscimo na evidenciação desses indicadores de um ano para o outro.

Quanto ao aspecto social, o qual foi subdivido pelo GRI em quatro subgrupos, constatou-se que estes quatros subgrupos agregados, que somam 31 indicadores, representam 65% do total de indicadores analisados nesta pesquisa. Em 2011, a empresa em comento relatou 28 indicadores sociais, classificados como “apresentados”, o que representou 58% do total geral de indicadores analisados, e em 2012, relatou 29 indicadores, o que representou 60% do citado total, demonstrando um acréscimo na evidenciação dos indicadores dessa interface de um ano para outro.

Por fim, conclui-se que, em relação ao total de indicadores essenciais de desempenho ambiental e social propostos nas versão G3.1 das Diretrizes para Relatórios de Sustentabilidade do GRI, os quais somam 48 indicadores ao todo, a empresa Natura Cosmeticos S.A. relatou no período analisado a mesma quantidade de indicadores por ano, o que perfaz um total de 42 indicadores por ano.

A partir desse resultado, pode-se inferir que, de acordo com os parâmetros estabelecidos nesta pesquisa para analisar a conformidade entre o que é solicitado no indicador e o que foi relatado pela empresa, a entidade evidenciou, aproximadamente 87% do total solicitado, atingindo um nível alto de evidenciação dos indicadores analisados nos dois anos, tendo em vista que, alguns dos indicadores propostos pelo GRI classificados nesta pesquisa como “não apresentados”, foram considerados pela empresa como não aplicáveis à sua realidade ou aos seus negócios, o que sugere a impossibilidade de referida organização atingir 100% de evidenciação dos indicadores propostos no modelo utilizado. Entretanto, a entidade pode aperfeiçoar, nos relatórios de sustentabilidade dos exercícios seguintes, o relato do conteúdo dos demais indicadores classificados como “não apresentados”, considerados aplicáveis, para que possa atingir um nível cada vez maior de evidenciação.

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Tabela 6 – Nível de Evidenciação dos Indicadores Essenciais de Desempenho Ambiental  e  Social do  GRI  “Apresentados”  nos  Relatórios  Anuais  de  Sustentabilidade  de  2011  e  2012 da empresa Natura Cosmeticos S.A

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