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A importância da Relação Professor-Aluno no desenvolvimento do processo de Ensino-Aprendizagem. Relatório de Estágio Profissional

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Academic year: 2022

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A importância da Relação Professor-Aluno no desenvolvimento do processo de Ensino-Aprendizagem

Relatório de Estágio Profissional

Relatório de Estágio Profissional com vista à obtenção do 2º Ciclo de Estudos conducente do grau de Mestre em Ensino da Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, ao abrigo do Decreto-Lei nº74/2006, de 24 de março, na redação dada pelo Decreto-Lei 65/2018, de 16 de agosto e o Decreto-lei nº 79/2014 de 14 de maio.

Orientador: Professor Doutor Cláudio Filipe Guerreiro Farias

Miguel Jorge Soares Simão Álvaro Porto, Setembro de 2021

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Ficha de Catalogação

Álvaro, M. (2021). A importância da relação Professor-Aluno no desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem. M. Álvaro. Relatório de Estágio Profissional para obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário, apresentado à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.

PALAVRAS-CHAVE: Educação Física; Professor; Estágio Profissional; Relação Professor – Aluno; Relação Interpessoal.

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AGRADECIMENTOS

À minha família, por todo o apoio, valores transmitidos e aos meus pais, particularmente, por me proporcionarem toda a educação possível.

Aos meus amigos, por todo o apoio que me proporcionaram.

Ao professor cooperante, José Carlos Monteiro, um grande mentor e responsável pela formação das minhas conceções, por todos os conhecimentos transmitidos, todos os sermões, pela partilha de crenças, pela sua disponibilidade ao longo de todo o ano que me ajudaram a crescer enquanto pessoa e profissional.

Ao professor, Cláudio Farias, por todo o acompanhamento, acessibilidade, empenho, dedicação, disponibilidade e persistência demonstrado ao longo do ano.

Ao Miguel e à Inês por todos os bons e maus momentos, pelos momentos de partilha, compreensão, aprendizagem e companheirismo.

Ao Iuri e ao Rafael, alunos estagiários da escola cooperante, e que me acompanharam ao longo do terceiro período, por toda a dedicação, auxílio nas aulas e os bons momentos.

Aos funcionários e professores da escola cooperante por toda disponibilidade demonstrada desde o primeiro dia em ajudar ao longo do processo.

Aos alunos das diferentes turmas com quem tive o prazer de trabalhar.

Um obrigado ao 10ºB, 11ºC e ao 12ºA por toda a boa disposição, dedicação, carinho e abertura demonstrados. Um obrigado especial ao 10ºG, turma residente, por todas as horas mal dormidas que me proporcionaram e dores de cabeça, e por terem um papel importantíssimo no meu crescimento enquanto professor. Obrigado por toda a boa disposição, desmotivação, simpatia, teimosia, alegria, amizade e confiança demonstrada ao longo do ano. Levo-vos para a vida. Obrigado a todos.

A todos vocês um meu muito obrigado!

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IV

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ÍNDÍCE GERAL

1. Introdução ... 1

2. Enquadramento Pessoal ... 3

2.1. O começo ... 3

2.1.1. De pequenino se torce o pepino ... 3

2.2. Percurso Desportivo ... 4

2.2.1. Mais que uma modalidade uma paixão ... 5

2.2.2. Ponto de viragem e o poder da partilha ... 6

2.3. Os atores principais e as suas transmissões de crenças ... 7

2.4. Aprendizagens Inconscientes?... 10

2.5. Concretização de um sonho ... 11

2.6 Primeiro impacto – A chegada ao Pavilhão ... 12

3. Enquadramento Institucional ... 17

3.1. Expetativas Iniciais ... 17

3.2. A escola – A minha segunda casa ... 18

3.3. Mentores do Processo – Professor Cooperante e Professor Orientador 20 3.4 Turma residente e partilhadas – O crescimento de um líder ... 21

3.5. Núcleo de Estágio – “Equipa 7” ... 25

4. Enquadramento Operacional ... 26

4.1. Orientação e Gestão do Ensino e da Aprendizagem ... 26

4.1.1. Conceção concetual ... 26

4.1.1.1. O ensino e a educação como valorização do ser humano ... 26

4.1.1.2. A (des)valorização da Educação Física ... 28

4.1.1.3. Para uma Educação Física legitimada: Professor, mais que um transmissor de conteúdos? ... 32

4.1.2. Planeamento... 35

4.1.2.1. Unidade Didática ... 38

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VI

4.1.2.2. Plano de Aula ... 38

4.1.2.3. Reflexão sobre a aula ... 40

4.1.2.4. Avaliação ... 41

4.1.3. Breve sinopse da utilização de Modelos de Ensino como recursos pedagógicos para a resolução de problemas da Prática Profissional ... 43

4.1.3.1. A importância da utilização integrada de diferentes abordagens pedagógicas para a promoção multidimensional de aprendizagens ... 44

MID como ponto de abrigo ... 45

MAPJ aliado ao trabalho por níveis ... 46

EJPC a explorar no futuro ... 46

MEP e MAC como auxiliares do Professor ... 47

4.1.3.1. 10ºG – A locomotiva movida pelo sociável ... 48

4.1.3.2. 11ºC – Modelos Exemplares ... 61

4.1.3.3. 12ºA – Projeto inacabado ... 65

4.1.3.4. Distância da Educação ... 70

4.2. Participação na Escola e Relações com a comunidade ... 80

4.2.1. Experienciar a realidade ... 80

4.2.2. Reuniões do Departamento de EF, Reuniões de Conselhos de turma, Reuniões intercalares ... 83

4.2.3. Reuniões do Núcleo de Estágio ... 85

4.3. Desenvolvimento Profissional ... 87

4.3.1. Ação de Formação ... 87

4.3.2. Estudo de Investigação ... 89

Relação entre o comportamento interpessoal do professor e a perceção de ambientes de aprendizagem dos alunos ... 89

RESUMO: ... 89

ABSTRACT ... 90

Introdução ... 91

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VII

Relação Professor-Aluno ... 92

QTI: Perfis de Comportamento Interpessoal ... 93

TEOSQ: Orientação para a Tarefa e Ego no Desporto ... 96

Objetivos do Estudo ... 98

Objetivo Geral: ... 98

Objetivo Específico: ... 98

Metodologia ... 98

Procedimentos ... 98

Recolha de Dados ... 103

Dados Quantitativos ... 103

Dados Qualitativos ... 105

Análise de Dados ... 106

Resultados ... 107

Discussão dos resultados ... 114

Conclusões ... 115

Referências bibliográficas ... 118

5. Conclusão – Diário de Bordo “Principio, Meio e Fim” ... 120

Referências bibliográficas ... 123

6. Anexos ... 129

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VIII

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INDÍCE DE FIGURAS

Figura 1 - Escola Cooperante ... 19

Figura 2 - Pavilhão polidesportivo; Pavilhão de ginástica; Arrecadação do material ... 19

Figura 3 – “Equipa 7” – Núcleo de Estágio de EF 2020/2021 ... 25

Figura 4 - Modelo para o comportamento interpessoal do professor ... 94

Figura 5 – Exemplo de perguntas TESQ ... 105

Figura 6 - Exemplo de perguntas das entrevistas ... 106

Figura 7 - Resultados do contexto de aprendizagem ... 108

Figura 8 - Perfil do comportamento interpessoal do professor ... 109

IX

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X

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INDÍCE DE QUADROS

Quadro 1 - Matérias de ensino 10ºG - 1º Período ... 51

Quadro 2 - Matérias de ensino 10ºG - 2º Período ensino presencial ... 55

Quadro 3 - Matérias de ensino 10ºG - 3º Período ... 57

Quadro 4 - Matérias de ensino 11ºC - 1º Período ... 63

Quadro 5 - Matérias de ensino 12ºA - 2º Período ensino presencial ... 67

Quadro 6 - Matérias de ensino 10ºG - Ensino à distância ... 72

Quadro 7– Matérias de ensino 12ºA – 2ºPeríodo Ensino à distância ... 76

Quadro 8 - Atividades no contexto escolar 2020/2021 ... 81

Quadro 9 - Tabela de realização da prática ... 100

Quadro 10 - Comportamentos Interpessoais do professor e exemplos das dimensões no questionário ... 104

Quadro 11 - Estatística descritiva no contexto da tarefa e ego ... 107

Quadro 12 - Pontuação nas diferentes escalas de comportamento ... 108

Quadro 13 – Correlação bivariada entre o QTI e TESQ ... 110

Quadro 14 - Respostas à entrevista dos contextos de aprendizagem e relação professor-aluno ... 111

XI

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XII

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INDÍCE DE ANEXOS

Anexo 1 - Roulement ... 129

Anexo 2 - Termo de consentimento informado ... 130

Anexo 3 - Ficha de caracterização do aluno ... 131

Anexo 4 - Exemplo de unidade didática ... 132

Anexo 5 - Exemplo de plano de aula presencial ... 134

Anexo 6 - Exemplo de avaliação diagnóstica (Futebol) ... 136

Anexo 7 - Exemplo de avaliação sumativa (Basquetebol) ... 137

Anexo 8 - Torneio de badminton ... 139

Anexo 9 - Trabalho de condição física (Basquetebol) ... 140

Anexo 10 - Planeamento anual de condição física ... 141

Anexo 11 - Exemplo de plano de aula ensino à distância ... 142

Anexo 12 - Questionário de interação do professor (QTI) ... 143

Anexo 13 - Modelo do comportamento interpessoal do professor ... 146

Anexo 14 - Questionário de orientação para a tarefa e o ego ... 147

Anexo 15 - Entrevistas dos contextos de aprendizagem ... 148

Anexo 16 - Entrevistas relação professor-aluno ... 149

XIII

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XIV

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RESUMO

O atual documento diz respeito ao Relatório Final de Estágio e foi produzido no âmbito da unidade curricular do Estágio Profissional (EP) do 2º ciclo de estudos para a obtenção do grau de Mestre em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundários. Ao longo do documento irei relatar o processo desenvolvido durante o ano letivo dentro da Escola Cooperante (EC), com o auxílio de dois profissionais da área do ensino da Educação Física, juntamente com os meus colegas do núcleo de estágio (NE). Devido a todo o trabalho desenvolvido vou descrever todas as minhas dúvidas, angustias, crenças, comportamentos, conquistas e alterações/desenvolvimento de conceções relativamente ao ensino da Educação Física (EF) e tudo o que envolve a sua lecionação. Será descrito de forma pormenorizada, o trabalho desenvolvido nas turmas onde tive a oportunidade de conviver e experienciar o papel de docente da EF, aplicando os diversos modelos de ensino e as experiências que me proporcionaram com os alunos das diversas turmas. No entanto, o ponto chave deste documento será a materialização da minha conceção sobre EF e o seu papel na escola, devido às experiências que o EP me proporcionou e à mudança de paradigma existente no início e aquela que se formulou no final do ano. Ao longo do documento também será focado a importância da existência de uma relação entre o professor e o aluno, e dos benefícios existentes quando esta relação é positiva para ambas as partes, daí a Área 3 ser a concretização de um estudo de investigação para materializar este tópico que a certo ponto no meu EP começou a ser a principal razão para formular a minha crença final.

PALAVRAS-CHAVES: Educação Física; Professor; Estágio Profissional;

Relação Professor – Aluno; Relação Interpessoal.

XV

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XVI

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ABSTRACT

The current document concerns the Final Internship Report and was linked within the scope of the Professional Internship (EP) curricular unit of the 2nd cycle of studies to obtain a Master's degree in Physical Education Teaching in Basic and Secondary Education. Throughout the document I will report the process developed during the school year within the Cooperating School (EC), with the help of two professionals in the field of Physical Education teaching, together with my internship center (NE). Mandatory for all the work developed, I will describe all my doubts, anxieties, beliefs, behavior, achievements and changes / development of conceptions regarding the teaching of Physical Education (PE) and everything that involves its teaching. It will be described in detail, the work developed in the classes where I have the opportunity to socialize and experience the role of EF teacher, application of the different teaching models and how experiences they provided me with students from different classes. However, the key point of this document will be the materialization of my conception of PE and its role in school, due to the experiences that PE provided me and the paradigm shift existing at the beginning and the one that was formed at the end of the year.

Throughout the document, the importance of the existence of a relationship between the teacher and the student will also be focused and implemented, and the benefits that exist when this relationship is positive for both parties, hence Area 3 is the realization of a research study for fleshing out this topic that at some point in my EP started to be the main reason for formulating my final recommendation.

KEYWORDS: Physical Education; PE; Teacher; Professional internship;

Teacher – Student Relationship; Interpersonal relationship.

XVII

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LISTA DE ABREVIATURAS

AC – Aprendizagem Cooperativa DB – Diário de Bordo

DT – Diretor de Turma EC – Escola Cooperante ED – Ensino à Distância EE – Estudante Estagiário EF – Educação Física

EJPC – Modelo do Ensino de Jogo para a Compreensão EP – Estágio Profissional

FADEUP – Faculdade de Desporto da Universidade do Porto MAC – Modelo de Aprendizagem Cooperativa

MAPJ – Modelo de Abordagem Progressiva ao Jogo MEC – Modelo de Estrutura de Conhecimento

MED – Modelo de Educação Desportiva

MEEFEBS – Mestrado Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário

MID – Modelo de Instrução Direta NE – Núcleo de Estágio

NEE – Necessidades Educativas Especiais PES – Prática de Ensino Supervisionado PC – Professor Cooperante

PNEF – Programa Nacional de Educação Física PO – Professor Orientador

RE – Relatório de Estágio TR – Turma Residente TP – Turma Partilhada UD – Unidade Didática

XIX

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1. Introdução

Com o objetivo de concluir o 2º Ciclo de Estudos em Ensino de Educação Física nos Ensinos Básico e Secundário (MEEFEBS) pela Faculdade de Desporto da Universidade do Porto (FADEUP) o Relatório de Estágio (RE) é o documento final da unidade curricular de Estágio Profissional (EP) e tem como objetivo descrever toda a vivencia do Estudante Estagiário (EE) ao longo do processo de integração na Escola Cooperante (EC), todo o trabalho desenvolvido enquanto docente da área e a descoberta das suas próprias crenças e identidade profissional, auxiliada por um Professor Orientador (PO) da faculdade, e um Professor Cooperante (PC) da escola, juntamente com o seu núcleo de estágio (NE).

A Prática de Ensino Supervisionada (PES) decorre numa EC, situada no concelho da Maia, onde foi o palco principal de todo o processo de aprendizagem do EE ao longo do ano letivo. Neste palco, existiu a possibilidade de interagir com todos os diferentes sujeitos que constituem a comunidade escolar, e partilhar ideias, crenças e colocar em prática diversas estratégias acumuladas ao longo do 1º ano do MEEFEBS. Foi neste palco, que surgiu a oportunidade do EE aprender com docentes de diversas áreas e com largos anos de experiência no contexto escolar, permitindo assim haver uma evolução no processo de ensino, criação de crenças e desenvolvimento da identidade profissional. Assim, pode-se afirmar que um professor tem de se integrar na profissão, compreender a instituição escolar e aprender com os colegas mais experientes (Nóvoa, 2009).

A identidade profissional é um processo evolutivo de interpretação e reinterpretação de experiências, que depende tanto da pessoa como do contexto (Garcia, 2009). Como o autor anterior afirma, a oportunidade de lecionar a uma turma de 10º ano do curso de línguas e humanidades, 11º ano e 12º ano de ciências e tecnologias, bem como, a interação com os diferentes atores dentro da EC permitiram moldar a minha identidade profissional, sendo que esta ainda não se encontra totalmente moldada e poderá no futuro existir uma alteração do paradigma caso o contexto altere. Ao longo do RE irei descrever toda a

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experiência dentro do contexto escolar e com os diferentes intervenientes, funcionários, professores, PO, PC e principalmente os alunos.

A PES é entendida como um projeto de formação constituída por três áreas de desempenho, a designar: Área 1 – Organização e Gestão do Ensino e da Aprendizagem, onde o principal foco é narrar sobre as conceções, o planeamento, a realização e a avaliação. É dentro da Área 1 que o EE irá descrever todo o processo educativo e a sua experiência com o objetivo de adquirir a eficácia pedagógica no processo de formação dos seus alunos. Área 2 – Participação na Escola e relações com a comunidade, nomeadamente todos os momentos de contacto do EE com todos os agentes da comunidade escolar e todas as tarefas que englobam o trabalho de um docente, como por exemplo a participação em reuniões intercalares e conselhos de turma. Área 3 – Desenvolvimento Profissional, onde será descrito uma ação de formação e dos seus benefícios, bem como, o estudo de investigação e da sua importância para a construção da identidade profissional do professor.

A construção do presente documento e o relato de toda a experiência vivenciada no EP, são o término de uma experiência de vida bastante enriquecedora do ponto de vista pessoal e profissional, pois, como é descrito ao longo do RE, existe uma mudança de paradigma ao longo do ano letivo que só é possível devido ao contexto vivido e ao trabalho desenvolvido em todas as áreas de desempenho.

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2. Enquadramento Pessoal

2.1. O começo

O começo desta história que estou prestes a contar tem início numa pequena cidade no distrito de Leiria, com seu nome de Caldas da Rainha. Nesta cidade no dia 31 de Março de 1993, nasceu um pequeno ser, fruto de duas grandes pessoas vindas de Lisboa e de Santarém, que devido a inúmeras circunstâncias decidiram deixar tudo para trás e começar uma nova etapa nas suas vidas nesta nova cidade. Caldas da Rainha, foi o local onde passei a minha infância, onde começou toda a minha formação enquanto cidadão, estudante e onde comecei o meu longo percurso até chegar à grande cidade do Porto. Antes de continuar, o meu nome é Miguel Jorge Soares Simão Álvaro e estou prestes a completar 28 anos e vou ser o ator principal e narrador desta longa história.

2.1.1. De pequenino se torce o pepino

Antes de começar a falar de mim e do surgimento de todas as razões que me levaram até aos dias de hoje, é preciso primeiro falar dos meus progenitores, pois, foram eles que indiretamente influenciaram o meu caminho até chegar ao Estágio Profissional (EP). Os meus pais conheceram-se durante a sua vida académica na cidade de Lisboa, enquanto ambos estavam a tirar o curso no antigo Instituto Superior de Educação Física (ISEF), atual Faculdade de Motricidade Humana, ambos conseguiram terminar o curso e formarem-se como professores de Educação Física (EF). Portanto, como já estamos a imaginar o gosto do desporto já corria nas minhas veias mesmo antes de nascer.

Durante os meus fim-de-semana, eram passados em família a realizar algum tipo de atividade, fosse a ir passear num parque, andar de bicicleta ou mais tarde a ir jogar futebol com os amigos num campo perto da praia. Era o típico rapaz, que quando era mais novo e meus pais tinham reuniões, ou aulas para dar e como não tinha avós com quem ficar, pois não viviam nas Caldas da Rainha, era deixado no recreio com uma bola, ou então ia para arrecadação do pavilhão, onde se encontrava todo o tipo de material para uma aula de EF, e nesse aspaço era dar asas à imaginação. Era o típico rapaz, que quando os professores das outras disciplinas faltavam, pedia aos meus pais ou eram eles próprios a irem buscar-me para fazer as aulas de EF com as turmas deles, que

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por norma eram alunos mais velhos que eu. Todas estas experiências diretamente ou indiretamente influenciaram as minhas escolhas até aos tempos de hoje, umas já descobri, outras ainda estou para descobrir, mas uma das experiências que recordo ao vivenciar as aulas do meu pai, principalmente, era o bom ambiente que conseguia criar nas aulas e relação com os alunos, mas nunca colocando de parte a exigência e rigor.

Através destas vivências comecei a traçar o meu caminho desde muito cedo, lembro-me perfeitamente no 1º ciclo o professor da turma estar a perguntar a todos nós a típica pergunta de “Qual é a profissão que querem seguir?”. Ora, para ser sincero nunca tinha pensado naquilo até lá, mas ao chegar a minha vez por alguma razão a resposta saiu automaticamente dizendo “quero ser professor de educação física”, ao que o professor respondeu “A seguir as pisadas dos pais, muito bem.”. A partir daí parece que o caminho se foi construindo com maior facilidade, pois ao saber o que queria seguir as decisões tomadas foram muito mais claras. Na transição do 9º ano para o Ensino Secundário, a escolha sobre o curso a seguir foi óbvia, já que tinha idealizado a área pela qual queria singrar e essa área era o desporto, então optei por seguir um curso tecnológico de desporto em vez de ir para o curso de ciências e tecnologia. Durante os três anos de secundário, tive a oportunidade de aprimorar o meu gosto pelo desporto, experimentar certas modalidades que se tivesse seguido outro caminho nunca teria tido a oportunidade, aprender, vivenciar e conviver com diferentes professores da área da EF, abrindo assim os meus horizontes para o futuro.

2.2. Percurso Desportivo

Desde pequeno recordo-me de estar sempre na rua a praticar algum tipo de atividade física, fosse a jogar à apanhada, escondidas, a dar passeios pela natureza, ou a ir ao parque infantil e percorrer todo e qualquer tipo de estruturas presente naquele espaço. No entanto, o começo da minha prática desportiva começou mais tarde ao entrar para o 1º ano da escola. Na escola, começou a minha aculturação ao desporto e às diversas modalidades, começando, como é obvio pelo futebol, onde passava todos os intervalos no recreio a jogar à bola com os rapazes da minha turma. Decidi, portanto, começar a praticar futebol num clube de formação, mas essa prática durou apenas um ano, pois, por alguma

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razão que não me recordo decidi não continuar. Após o futebol surgiram outras diversas modalidades, tais como a natação, mas de forma recreativa e sem qualquer tipo de competição, e mais tarde, quando já estava no 3º ciclo decidi, juntamente com um amigo, voltar ao campo, mas desta vez ir para o futsal, onde permaneci dois anos. Ter praticado diversos desportos ao longo da minha infância veio ajudar-me a conseguir lidar melhor com as minhas emoções, provocando uma sensação de bem-estar e de tranquilidade, e permitiu-me a aquisição de valores fundamentais que só o desporto pode oferecer. No entanto, por muitas aventuras, desilusões, e aprendizagens vivenciadas nestas modalidades nenhuma delas me marcou e ensinou tanto como a última modalidade ao qual fui praticante e me apaixonei, o voleibol.

2.2.1. Mais que uma modalidade uma paixão

A minha relação com o voleibol foi daquelas que demorou algum tempo até a ser construída, havendo muitos avanços e recuos, mas que no final acabou por ser feliz. Conheci a modalidade de voleibol, através de um professor de EF, muito amigo dos meus pais, e o qual era treinador do clube da terra. Pois bem, na festa de aniversário da filha dele, esse professor decidiu dar-me a conhecer a modalidade, ao qual ele ficou espantado e afirmou aos meus pais que tinha bastante jeito para o voleibol, a típica conversa de um treinador quando quer muito que uma criança venha para uma determinada modalidade. Então no fim- de-semana seguinte, lá fui eu com os meus sete anos experimentar o voleibol e sinceramente na minha primeira experiência detestei, afirmando aos meus pais que não queria voltar, pois, com aquela idade não entendia o objetivo de tentar manter a bola no ar e só querendo andar aos pontapés à bola.

Passado cinco anos, na altura no meu sétimo ano, volto a ter contacto com o voleibol, desta vez no desporto escolar com o mesmo professor que há uns anos atrás tentou convencer-me a ir para o clube. Na escola a experiência foi totalmente diferente começando aqui a crescer, ao que nós no voleibol denominamos por “o bichinho do voleibol”. Com o passar do tempo e a paixão a crescer decidi ingressar pelo clube da terra, num projeto chamado de Gira-Volei, sem nunca deixar equipa de desporto escolar. Os treinos eram só ao sábado de manhã e isso permitia-me conciliar com os treinos de futsal durante a semana, o desporto que praticava na altura. Ao longo destes três anos a praticar voleibol

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na escola, a equipa foi a diversas competições de desporto escolar e isso permitiu-me fazer novas amizades com pessoas de outras escolas e partilharmos desta paixão, sucedendo-se mais tarde, na transição do 9º ano para o secundário fossemos falar com o professor que nos deu a conhecer a modalidade e tentar averiguar se era possível criar uma equipa com as pessoas interessadas, ao qual o nosso pedido foi aceite, e assim nasceu uma nova equipa.

Durante os quatro anos que pratiquei voleibol federado, sinto ter sido a modalidade que mais me marcou e onde comecei a limar alguns traços da minha personalidade, pois, aqui aprendi a fazer sacrifício pela equipa, como por exemplo, não ir sair à noite com os amigos para no dia a seguir sentir-me bem para um jogo, aprendi o verdadeiro significado de equipa, o derradeiro significado de trabalho e organização, pois existiram muitos fins-de-semana onde ia jogar ao norte do país, por a modalidade se concentrar maioritariamente nessa zona, e tinha de organizar e adiantar trabalho da escola no dia em que não tinha jogo, visto que a viagem de ida e volta mais o jogo, era um dia inteiro, e a lidar com a vitória e a derrota, percebendo que a derrota não significa fracasso, mas sim é uma oportunidade para melhorarmos. As constatações anteriores reforçaram a importância das emoções, positivas e menos positivas, no desenvolvimento da minha identidade, pois conferiram significado às experiências vividas no decurso da sua vida desportiva (Alves, MacPhail, Queirós, & Batista, 2018; Zembylas, 2003). O voleibol proporcionou-me trabalhar com diversos treinadores, alguns deles marcaram-me de forma positiva, outros de forma negativa, fazendo hoje refletir o meu futuro enquanto professor e treinador.

2.2.2. Ponto de viragem e o poder da partilha

Mais tarde, após deixar de jogar para ingressar no Ensino Superior, e sem ter tido qualquer contacto com a modalidade durante os quatro anos, decidi optar por tirar o curso de treinador de voleibol. Ao início via os primeiros treinos como um passatempo, não me dedicando a cem por cento a isso, mas numa viagem norte para ir jogar com a equipa de Esmoriz toda as minhas crenças mudaram repentinamente. Após ter perdido o jogo por 3.0, e ter visto uma equipa de iniciados masculinos a jogar daquela forma, fiquei absolutamente estupefacto, e a partir desse momento toda a minha forma de estar nos treinos e interagir com

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os atletas mudou, começando a estudar muito mais, a tentar perceber o que correu mal e a alterar. Neste momento foi quando comecei inconscientemente a refletir sobre os treinos, sobre todo o planeamento, sobre todas as interações com os atletas, dirigente e pais, sobre todas as minhas crenças e ideias, e começando assim a criar uma linha de pensamento sobre onde queria chegar.

Essa mesma linha de pensamento, ainda não está totalmente definida, existem ideias e crenças às quais estou convicto, mas por outro lado existem outras crenças ainda a serem formadas, pois, a constante evolução da modalidade e as experiências vivenciadas até agora não me permitem afirmar concretamente o que defendo em determinados temas. Uma das formas que encontrei para tentar definir melhor as minhas opiniões, foi falar com diversos treinadores e conhecedores da área, algo que levei para o EP. A partilha constante de crenças, de estratégias de ensino e de formas como lidar com os alunos é algo que estou constantemente à procura, através de ouvir o Professor Cooperante (PC), partilha de ideias com os meus colegas de estágio ou falando com outros professores dentro da escola ou fora dela, pois, a troca de experiências e a partilha de saberes fortalecem espaços de formação, sendo, por isso, o diálogo entre os professores essencial para consolidar saberes emergentes da prática profissional (Nóvoa, 1992). Através destas partilhas de ideias com um treinador do clube onde estou inserido, consegui, por exemplo trazer para as aulas de ginástica de solo, uma metodologia totalmente diferente ao qual nunca teria pensado, se não fosse através desta troca de crenças.

Concretizando, o voleibol permitiu-me ver o desporto de outra forma, abriu-me portas para partilhar as minhas ideias, estratégias e experiências com outras pessoas, levando isso para a vida e para o meu futuro enquanto professor de EF. Atualmente com o grau de treinador de nível III, sinto ainda ter um longo caminho a percorrer como treinador, com imensas metodologias, estratégias e formas de interagir, a aprender. Muitas das quais pretendo levar para a escola e aplicar nas aulas de EF, mas sempre dentro de um contexto adaptado.

2.3. Os atores principais e as suas transmissões de crenças

Ao longo do meu percurso até chegar ao EP, passei por imensos pavilhões, quer de escolas quer das diferentes modalidades praticadas, e em todos estes palcos havia um ator principal o qual diretamente ou indiretamente

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influenciou as minhas ações para a profissão que tanto desejava, visto que, professores e treinadores, enquanto agentes desportivos, mas também educativos, têm um papel fulcral na formação humana dos jovens, sendo referências para os mesmos (Jiménez Martín, et al., 2006).

Os primeiros professores a deixarem uma marca em mim, não podiam de deixar de ser os meus pais. Tendo estado presente em algumas aulas deles foi o início de tudo e como tal, só tenho de referir isso. Das experiências que me recordo destaco o bom ambiente vivido nas aulas de EF entre os professores e os alunos, algo que hoje em dia esforço-me por criar nas minhas aulas do EP.

Uma experiência negativa que vive no decorrer os meus anos enquanto aluno foi durante o meu 3º ciclo, onde tive três anos o mesmo professor de EF, e apesar do bom ambiente nas aulas e da relação com o professor ser espetacular, agora olho para trás e reflito sobre a estrutura da aula não ser a melhor, pois, o

“planeamento” da aula era realizado no momento da mesma e consoante o espaço onde a turma tivesse aula, algo que na minha opinião e para o meu futuro enquanto professor de EF irei rejeitar espelhar nas minhas aulas. Apesar de experienciar diversas modalidades, nunca foram abordadas de forma específica, por exemplo, atletismo simplesmente íamos correr à volta da escola ou fazer estafetas.

Já no Ensino Secundário, fui presenteado com aulas às quais não estava habituado e ao início todo aquele novo palco pareceu-me estranho. Tive a oportunidade de trabalhar com dois professores durante três anos, as aulas eram organizadas e existia progressões nas diversas modalidades experienciadas, nada comparado com o Ensino Básico. Ao início estranhei e rejeitei um pouco as aulas, pois, era algo que não estava habituado e verdade seja dita, era o típico rapaz que queria era a bola para o pé ou para as mãos e jogar. No entanto, esta forma de lecionar as aulas mais tarde revelaram-se fundamentais para a forma de ver a disciplina de EF, pois, para haver credibilidade e respeito pela disciplina é necessário que os professores de EF não transformem as aulas num recreio.

O 12º ano, foi o ano onde vivenciei o que é realmente uma aula planeada e bem estrutura, mas faltava sempre algo na aula, e a carência dessas aulas tinham era a relação tensa entre o professor e os alunos e a falta de um ambiente mais

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descontraído o que resultava em alguns comportamentos desmotivantes por parte dos alunos.

No voleibol também existiram atores principais que foram responsáveis pela construção de algumas das minhas crenças e ideias, para o que hoje considero ser um bom docente de EF. Ao longo dos quatro anos como praticante tive três treinador. O primeiro de todos destaco o bom ambiente que reinava nos treinos. Penso ter sido uma boa escolha para uma equipa que estava a começar, no entanto, apesar desse bom ambiente era notório a falta de exigência nos treinos. No segundo ano e com outro treinador, não foi uma boa experiência, pois, achava ser uma pessoa que não conciliava três aspetos fundamentais para treinar uma equipa, ou seja, a exigência pedida não era consistente, não conseguia criar um bom ambiente nos treinos e por fim, era uma pessoa que com o passar do tempo foi perdendo o respeito dos atletas, acabando por perder o grupo. Nos meus dois últimos anos, tive uma experiência totalmente diferente com um treinador bastante exigente e que conseguia conciliar a exigência com o bom ambiente. Olhando para trás, só foi possível ter uma boa experiência com este treinador, pois, era um conhecedor da modalidade, demonstrava empenho e dedicação no planeamento dos treinos e por fim, sabia lidar com os atletas criando uma relação de confiança com estes, sendo a relação treinador-atleta central para o processo de treino, bem como, o desenvolvimento psicossocial e físico do atleta (Jowett, 2005; 2007). Na minha opinião, são aspetos fundamentais para um professor e treinador, mostrar ser um conhecer das diferentes matérias de ensino, conseguir demonstrar dedicação e empenho durante as aulas e por fim, ser capaz de construir um bom ambiente e relação com os alunos.

Como afirma Martins (2001, p.1) “o professor do século XXI é aquele que, para além da competência, habilidade interpessoal e equilíbrio emocional, tem a consciência de que mais importante do que o desenvolvimento cognitivo é o desenvolvimento humano e que o respeito pela diferença está acima de toda a pedagogia”. Esta perspetiva pessoal é algo fulcral e que a certo ponto no EP comecei a tentar incutir na minha identidade profissional e aplicá-las quando lecionava. O professor deve ser um conhecedor das diferentes matérias de ensino visto ser um aspeto nuclear para o seu sucesso, pois, nós professores

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temos o papel de ensinar os alunos nas diferentes áreas existentes, e como tal, tem de saber o que está a lecionar. Além de ser um perito nas diferentes modalidades também deve ser exímio na aplicação de estratégias de ensino, visto sermos responsáveis por diversos jovens e todos eles com capacidades de interpretar o que abordamos de forma diferente, então o professor deve possuir um conjunto dessas estratégias com o intuito de conseguir passar a mensagem que pretende de formas diferentes. Outra forma de também conseguir cativar as turmas é através de exibir a sua paixão pela EF, demonstrando um empenho e uma dedicação no planeamento das suas aulas e a forma como a conduz para os alunos. E por fim, conseguir contruir dentro das suas aulas um bom ambiente e relação com os alunos, com o intuito de desenvolver o jovem como ser humano. Um professor que seja um conhecedor nato das diferentes áreas e que consiga passar a sua paixão para os alunos, mas que não consiga criar um bom ambiente na aula nunca vai tirar o máximo proveito dos alunos, pois, o meio que se construi à volta das aulas é uma peça basilar para os alunos gostarem ou não da disciplina.

2.4. Aprendizagens Inconscientes?

Após quatro anos a estudar na cidade de Coimbra, estava na altura de voltar a casa. Decidi que precisava de uma pausa dos estudos antes de tirar o mestrado. Foi uma pausa de quatro anos devido a imensos acontecimentos na minha vida, entre os quais por ter voltado a sentir uma paixão enorme pelo voleibol, mas desta vez do outro lado enquanto treinador e por estar a trabalhar com um grupo de atletas incríveis apesar da pouca experiência que tinham na modalidade. Além do mais, decidi começar a dar aulas de Atividade de Enriquecimento Curricular (AECS) e desta forma comecei a juntar algum dinheiro para mim e começar a ter alguma independência financeira.

Ao longo destes quatro anos deu-se um fenómeno interessante, e inconscientemente comecei a refletir sobre as minhas ações enquanto professor de AECS e treinador. Inconscientemente refletia após cada aula e cada treino sobre os mesmo e como poderia melhorar os exercícios propostos, se as estratégias utilizadas por mim eram as mais adequadas ou não para a turma e equipa em questão, pois a capacidade de reflexão confere poder aos professores

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e proporciona oportunidades para o seu desenvolvimento (Oliveira & Serrazina, 2002)

“Tenho entendimento da palavra no contexto do treino, o processo de construção de um atleta, inconscientemente comecei a ter noção do processo enquanto treinador de voleibol, questionando-me a mim mesmo o que poderia de fazer melhor para cativar e melhorar os meus atletas, que objetivos poderia cumprir, refletindo sobre a melhor forma de potenciar as minhas capacidades e também a dos atletas, mas enquanto professor nunca tinha ouvido.”

DB, 19/06/2021, “Trust the Process”

Comecei a idealizar, planear e refletir, foram ideais que me auxiliaram inconscientemente durante estes quatro anos, onde aprendi bastante comigo mesmo e através da partilha com outros treinadores e professores. Estas ferramentas vão auxiliar-me no processo de desenvolvimento da minha identidade profissional, pois, segundo Garcia (2009), o desenvolvimento profissional do docente poderá ser entendido como uma atitude permanente de indagação, de formulação de questões e procura de soluções.

2.5. Concretização de um sonho

Ao fim de quatro anos na minha terra natal, decidi estar na hora de mudar e ir em busca do sonho que outrora desde cedo se despertou em mim quando ainda estava no Ensino Básico. Desta vez, não tinha dúvidas qual era a próxima cidade onde queria ir viver, a cidade onde queria tirar o mestrado que tanto sonhava e assim concretizar dois sonhos antigos que tinha, e a cidade escolhida só podia ser o Porto, casa da melhor faculdade de desporto do país, a FADEUP.

Foi a minha única opção, não havia outra, ou era FADEUP, ou voltava a adiar o mestrado por mais um ano.

O primeiro ano de mestrado na FADEUP, foi sem dúvida uma surpresa bastante positiva, nem nos meus melhores sonhos pensaria que tivesse tanto impacto na minha vida como aquele ano. Durante aquele ano existiu uma reformulação em quase todas as minhas conceções sobre o que era ser professor. Durante o primeiro semestre destaco as cadeiras de Desenvolvimento Curricular e Profissionalidade Pedagógica, por terem sido onde senti uma maior

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influência na minha alteração contemplar o que significava realmente ser professor de EF, o que realmente significava trabalhar como Professor, e a forma como poderíamos fazer diferença na vida dos nossos alunos. Além disso, comecei a ver com maior clareza o significado de refletir sobre as nossas ações, algo que já fazia inconscientemente começou a ganhar contornos, pois, ao longo das aulas o facto de termos de escrever reflexões sobre determinados temas ajudou-nos a começar a criar algumas conceções sobre nossa área, e através da partilha com os nossos colegas, começamos entender que não existe um caminho correto, mas sim vários caminhos que podemos seguir, temos é ser capazes em escolher o melhor que se adapta a nós e aos alunos que temos à frente. No segundo semestre, infelizmente para nós foi quando surgiu a pandemia e tivemos de ficar em isolamento, não podendo aproveitar na sua totalidade a riqueza das aulas práticas. No entanto das diferentes modalidades que experienciei, todas elas foram um verdadeiro “abre olhos” para a forma de lecionar os diferentes desportos na escola. A aplicação dos diferentes modelos de ensino nas diferentes modalidades, resultaram ser uma experiência bastante positiva, mostrando a nós, futuros professores, quais eram os aspetos positivos e negativos da sua aplicação, e deixando-nos a refletir como seria se aplicássemos um diferente modelo, numa diferente modalidade. Durante o ensino online, apesar não termos a experiência prática e vivenciar esses momentos, e seriam uma mais valia para nós, podemos partilhar o conhecimento teórico das diferentes modalidades, o que de certo modo ajudou-nos na teoria, mas como pode constatar, um professor de EF é mais do que o saber teórico, é necessário o saber executar, e bem, de modo a servir como exemplo prático para os estudantes.

2.6 Primeiro impacto – A chegada ao Pavilhão

Finalmente chegou, a hora que tanto ansiava. Estava na hora de entrar na Escola Cooperante (EC) como Estudante Estagiário (EE) e começar a aplicar todas as minhas aprendizagens e experiências ao longos destes anos e entender no campo o que realmente era exequível ou não, se as minhas conceções e ideais eram aplicáveis ou não. No fundo é como chegar a um pavilhão para o jogo, temos uma determinada expectativa para o jogo, uma estratégia pensada para aplicar, e ansiosos por transmitir todo o nosso conhecimento e emoções

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aos atletas para no final da partida sairmos com a vitória, e apesar de termos uma ideia clara do que queremos não sabemos ao certo o que vai acontecer.

Desta vez estava do outro lado, o lado do professor e sinceramente, não fazia ideia de que a planificação de um período ou ano letivo acarretasse tanto trabalho. As primeiras semanas antes do ano letivo começar foram a prova de que é necessária uma organização extrema se um professor quer fazer o seu papel de forma correta, tal como afirma Leal (2005, p.1) o planeamento é um processo que exige “organização, sistematização, previsão e decisão”, de forma a assegurar a eficiência e o êxito de uma ação. Podemos comparar estas semanas com a semana de um treinador antes do jogo, pois, ao longo dessa semana é necessário planear os treinos, planear o jogo, as estratégias e estudar o adversário, para quando chegar o momento da entrada para o pavilhão tudo esteja o mais organizado possível para o começo do jogo.

Numa primeira fase do estágio, os PC pretendem que os EE se familiarizem com a escola, com os documentos estruturantes da escola e da disciplina de EF e os normativos do estágio (Silva et al., 2017). Ao início da minha parte, houve alguma resistência em querer envolver-me neste processo, pois, questionava-me se era necessário ter assim tanto trabalho para a reabertura das escolas, pois, não entendia a necessidade de realizar este trabalho todo no contexto escolar, devido a não existir uma crença em concreta sobre a EF. No entanto, ao refletir sobre todo este processo penso ter sido essencial a análise de todo estes documentos e de todo o trabalho inicial que o PC nos forneceu para criar um envolvimento do EE no contexto escolar e de forma prática entendermos realmente o significado de ser professor.

“Durante o primeiro período, esse talvez foi o meu choque com a realidade, pois, a falta de noção da expressão e o fato de não ter uma crença concreta do que queria para a minha identidade profissional levou-me a entrar em choque com o Professor Cooperante (PC), talvez com os meus colegas de estágio e como consequência influenciando a minha forma de estar nas aulas, fugindo por completo à minha personalidade e à maneira como lido com os alunos. Nas aulas, principalmente de andebol senti imensas vezes não estar a ser justo com os alunos, não estar a transmitir os conteúdos corretamente e criando assim dificuldades de compreensão do que era pretendido a eles.”

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DB, 19/06/2020, “Trust the Process”

Durante as primeiras aulas, foi notório a exigência que estas tinham de ter, desde a sua planificação, à sua execução e por fim, à sua reflexão após as aulas. Durante este processo, comecei-me a aperceber que era essencial possuir um grande conhecimento das diferentes modalidades, e que não bastava um conhecimento superficial. Ora neste aspeto, mais uma vez, fui teimoso e ao início deixei fluir as aulas sem grande preocupação, mas à medida que o tempo ia avançando começava a sentir cada vez mais necessidade de estudar, procurar e repensar todas formas as estratégias abordadas.

“Continuo a ter dificuldade em dar feedback relativamente a este aspeto, pois para mim também é difícil descobrir o ritmo da música, o que dificulta a minha ação durante a aula.”

Reflexão aula nº 15 & 16,11ºC, 13/10/2020

Aos poucos fui-me envolvendo em todo este processo e dedicando-me cada vez mais, refletindo sobre cada detalhe, sobre cada feedback aplicado, sobre cada interação com os alunos. A verdade foi, ao envolver-me mais, comecei a sentir-me à vontade, existiu um crescimento do respeito pelos alunos, pois, demonstrava conhecimento e confiança nas diversas áreas e ao mostrar que sabemos e dominamos o conteúdo faz os alunos olhar com outros olhos para nós e o respeito deles aumente.

Relativamente à interação com os alunos, foi talvez, o ponto onde tive maiores facilidades em ter sucesso, mas apesar de tudo ainda existiram alguns problemas, ao longo deste percurso. Considero-me uma pessoa introvertida e tímida, precisando sempre de ganhar alguma confiança com as pessoas para conseguir interagir com elas, no entanto no que concerne aos alunos e atletas, a minha personalidade transforma-se, tendo bastante à vontade e facilidade em comunicar com estes agentes, visto gostar de conhecer os alunos ao mesmo tempo que me dou a conhecer, tal como afirma Martins et al. (2017), um dos aspetos fulcrais para estabelecer uma boa relação professor-aluno, passa pela vontade de o professor conhecer os alunos e os seus interesses pessoais. Tendo eu consciência desta característica, já aprendi a defender-me, pois, tenho

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tendência em não colocar limites na interação com os alunos/atletas, o que resulta, por vezes, na existência de uma grande confiança e por consequência abuso desta, visto serem jovens e não terem noções na distinção entre as funções de cada um. Então a forma que uso para tentar resolver este tipo de situações é aplicar desde cedo uma liderança mais autocrática, e à medida que o tempo for passando vou utilizando cada vez menos este tipo de liderança começando a aplicar aos poucos um tipo de liderança situacional. Ora esta estratégia na minha turma residente (TR) não foi a mais eficaz, levando à colocação de muita pressão nos alunos e por vezes, registando alguns comportamentos desviantes. Ao entender o rumo que estava a ser seguido, coloquei de parte a utilização desta estratégia e comecei a aplicar a liderança situacional, tentando sempre criar um bom ambiente, que outrora, presenciei nas aulas dos meus pais, pois de acordo com Godwin e Klusmiere (1995) a qualidade das relações dentro da sala de aula dependem das atitudes de ambos, professor e dos alunos. Apesar de tudo, tenho plena consciência que não aplico a liderança situacional de forma cem por cento correta levando a cometer alguns erros. No seguimento desta linha de pensamento, ficou claro que a minha prioridade seria a educação dos alunos não só ao nível desportivo, mas também contribuir para a formação deles ao nível pessoal, pois, mais do que o aperfeiçoamento físico e a adoção de estilos de vida saudáveis, a EF é um projeto de educação social, cívica e educação intercultural, associada aos valores da fraternidade, da camaradagem, da convivência social, da cooperação, do respeito e da compreensão mútua e do combate à discriminação (Rosado, 2015), além disso, segundo Extramadura (2015), o desporto deve promover aprendizagens e competências que lhes poderão ser úteis nas mais diversas vertentes da sua existência.

“Ou seja, dar a conhecer aos alunos a importância da atividade física e das suas vantagens, dar a conhecer a cultura desportiva e de diversas modalidades, dar a conhecer valores como a cooperação, superação ou autonomia, pois, são valores essenciais para o futuro de qualquer cidadão.”

DB, 13/01/2021, “A minha visão romântica da EF”

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Para isso tento falar com eles de forma individual ou em turma, quando quero passar uma mensagem geral, e ouvir as sugestões deles, as suas dificuldades e através disso tentar criar uma oportunidade de superação, por muito pequena que seja essa vitória.

“A função do professor é adaptar os objetivos consoante a turma e alunos que têm à sua frente indo de encontro às suas motivações, empenho e capacidades motoras, mas nunca os colocar numa posição confortável, ou seja, tentar fazer os alunos superarem os seus medos, os seus objetivos iniciais, fazê-los perceber que podem mais e que conseguem ir mais longe, cabe ao professor arranjar estratégias para o conseguir chegar aos alunos e fazê-los ver todo o seu potencial, seja através de aulas desafiantes, da utilização de diversos modelos de ensino, de conversas com os alunos.”

DB, 13/01/2021, “A minha visão romântica da EF”

Este pensamento começou a ser nítido quando estava a lecionar ginástica de solo, e era notório o medo de alguns alunos em fazer rolamentos à frente ou o apoio facial invertido, e através deste tipo de conversa consegui colocar alguns a fazer rolamentos à frente ou à retaguarda ou os que tinham receio de fazer o apoio facial invertido começarem aos poucos, através de diferentes progressões, a tentarem executar o movimento.

Todas as experiências vivenciadas até agora, ajudaram-me a crescer não só profissionalmente, mas também pessoalmente, tendo começado a aperceber- me quais os meus defeitos que mais me prejudicavam e tentando alterar esses traços mais vincados na minha personalidade. Às minhas qualidades, tentei procurar aprimorá-las de forma a conseguir potenciar todas as minhas capacidades e por consequência as aulas lecionadas por mim darem um salto qualitativo, para permitir aos alunos todas as condições de aprendizagem às quais têm direito.

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3. Enquadramento Institucional

3.1. Expetativas Iniciais

Relativamente ao ano letivo que se aproximava existia uma incógnita sobre como iria decorrer, pois, no meu entender, acabou por ser um ano atípico para toda a comunidade escolar devido à situação pandémica que o mundo ainda vive. Antecipava encontrar um ano com bastantes condicionantes onde teríamos de encontrar diversas estratégias para manter não só os alunos motivados, mas também nós, professores de EF já que as matérias de ensino iriam ser condicionadas.

No que concerne ao EP, era esperado um ano bastante trabalhoso e que me iria a obrigar a estudar imenso os diferentes tipos de modalidades ou assuntos, como a parte burocrática, ponto que não possuía tanto interesse. Na minha perspetiva, encontrava me minimamente preparado para lecionar/gerir uma aula, visto ter alguma experiência em dar treinos a jovens, mas também por já ter lecionado AEC’S durante alguns anos. Apesar disso, tinha consciência que o meu à-vontade podia acabar por não valer de muito, pois, estava dependente das exigências do PC e de como iria querer que leciona-se as aulas ao longo do ano letivo, o que pode ser bastante positivo já que vou poder ganhar ainda mais experiência a dar aulas, e tirar dúvidas/aprender a gerir situações que me foram surgindo ao longo destes anos a lecionar AEC’S, pois, segundo Rocha (2013), o estágio possibilita uma vivência integral da realidade do contexto, permitindo que o EE conheça toda a dinâmica escolar e não apenas uma parte. Ou seja, além de poder ter o privilégio de esclarecer algumas dessas dúvidas, pude vivenciar todo o funcionamento escolar e como é realmente estar no papel de um docente.

Um dos meus receios para o presente ano ia ser a minha capacidade de gerir o meu tempo pessoal, pois, ia ter dificuldades a nível interno em ter de perder tempo a realizar tarefas que particularmente não seriam tão apelativas ou a estudar assuntos os quais não seriam tão interessantes para mim em detrimento de deixar de fazer aquilo que gostava de fazer e/ou estudar.

Em relação ao PC demonstrava ser extremamente rigoroso e exigente, algo que já estava à espera para um ano de EP, pois, o PC tem a

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responsabilidade de orientar o processo de estágio no contexto escolar, estando incumbido de criar condições para a integração plena do EE na comunidade educativa (Silva et al., 2017). No entanto, penso que ter sido positivo para a minha evolução enquanto professor, pois, tive “à vontade” para errar e aprender com os meus erros e deste modo entender melhor todo o processo escolar, tal como afirma Alarcão (1996), o EE pratica sob a orientação de um profissional – PC -, que simultaneamente treinador, companheiro e conselheiro, lhe faz a iniciação e o ajuda a compreender a realidade. O Professor Orientador (PO), foi uma mais-valia para todo o processo ao longo do ano letivo, além de exigente mostrou-se sempre disponível para ajudar, demonstrando uma organização tremenda na calendarização das diferentes reuniões e os temas abordados nas mesas, oferecendo a sua opinião sobre as diferentes matérias de ensino, deixando diversas dicas nas diferentes reuniões ao longo do ano letivo quer para a nossa evolução enquanto professores, quer para a construção do nosso Relatório de Estágio (RE).

Por último, existia uma parte de mim que sentia aborrecida, mas não desmotivada, por a situação atual do país, pois, na minha perspetiva e considerando-me uma pessoa criativa e que gosta mais de estar no campo do que da parte teórica, previa aplicar algumas das minhas ideias nas aulas, mas que dificilmente se concretizaram devido às normas da DGS e do distanciamento social que iria ser imposto aos alunos, no entanto, este ponto pode ser visto como positivo, pois, obrigou-me a pesquisar e arranjar formas de tornar as aulas motivantes para os alunos.

3.2. A escola – A minha segunda casa

Para realizar o meu EP desde cedo decidi qual era a escola onde gostava de ser colocado, infelizmente tal não se proporcionou, tendo sido colocado numa outra escola, mas felizmente consegui realizar uma permuta com um colega meu de estágio, e assim consegui cumprir o meu objetivo de estagiar na escola que tanto desejava. Esta escolha deveu-se a dois motivos, o primeiro foi por uma questão de residência, pois a distância entre o local onde morava e a escola ser reduzida, além disso, sou treinador num clube perto da escola, e facilitava a minha deslocação para os treinos após ter lecionado as aulas. A segunda razão,

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foi devido à pouca informação que consegui recolher sobre a instituição, apresentava excelentes condições de ensino, o que no meu entender seria uma vantagem para a construção do meu processo enquanto futuro docente.

Figura 1 - Escola Cooperante

As instalações escolares apresentam um pavilhão polidesportivo, um campo exterior e uma sala de Ginástica/Dança. O pavilhão polidesportivo estava equipado com seis tabelas de basquetebol, duas balizas de andebol e tinha condições para montar três campos de voleibol. O campo exterior possuí um campo para a prática de basquetebol, bem como quatro tabelas, um campo de futebol e andebol, com duas balizas e uma caixa de areia que possibilita a prática de salto em comprimento. No que concerne aos materiais disponíveis, a escola possuí uma arrecadação com bastante material num bom estado, o que permite a lecionação das aulas ocorra de forma normal e permitindo que os alunos usufruam de uma ótima qualidade de ensino.

Figura 2 - Pavilhão polidesportivo; Pavilhão de ginástica; Arrecadação do material

Todas estas excelentes condições disponíveis dentro da instituição onde estou a realizar o meu EP, permitiram-me lecionar as aulas de EF com qualidade para os dias de hoje, onde continuamos a enfrentar a pandemia que nos

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atormenta. A junção dos espaços com o imenso material à disposição possibilita a que todos os alunos estejam em atividade em simultâneo, permitindo a cada aluno, se necessário, ter uma bola só para ele ou estarem a realizar um circuito de aptidão física.

Desta forma, consegui potencializar e acrescentar certas ferramentas ao meu catálogo, com o objetivo de aprimorar todas as minhas capacidades enquanto profissional da EF, por exemplo, o aproveitar de todos os centímetros possíveis do pavilhão para colocar os alunos e executar alguma atividade e melhorar a minha capacidade de atenção, observação e análise durante as aulas, visto trabalharmos sempre com dois grupos de trabalho em simultâneo.

3.3. Mentores do Processo – Professor Cooperante e Professor Orientador

A auxiliar todo este longo processo fui acompanhado por dois professores responsáveis, ao qual a sua função foi orientar-me, colocando-me problemas para resolver, apontando-me as minhas fragilidades e falhas fazendo-me refletir como posso colmatá-las e assim evoluir enquanto professor.

O PC desempenhou um papel mais prático durante o EP, pois, foi com ele que interagi grande parte do meu tempo, e o qual me acompanhou diariamente no contexto escolar. Os PC sublinham o trabalho em conjunto, o questionamento, a reflexão e as correções como forma de levar o EE a encontrar as melhores soluções (Silva et al., 2017), assim, o PC procura encontrar diversas estratégias que reforcem a aprendizagem dos EE (Silva et al., 2017). Desde o primeiro dia mostrou ser exigente, mas sempre com bastante abertura para deixar-me aplicar as minhas estratégias, crenças e ideais nas aulas, fazendo-me refletir sobre estas e se seriam ou não as mais adequadas. Ao início não foi uma relação fácil, devido alguns fatores, como por exemplo, as diferentes conceções das aulas de EF que ambos tínhamos, pois, enquanto o PC idealizava as aulas como um treino, eu não as conseguia idealizar dessa forma por a minha postura ser totalmente diferente no treino comparativamente com as aulas e alunos serem diferentes dos atletas, e à forma como estava ser conduzido o processo, pois, tamanha abertura para nós aplicarmos as nossas crenças e estratégias nas aulas e no final da mesma sermos confrontados que a forma como idealizamos

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a aula não era a mais adequada era algo ao qual não estava preparado, mas com o passar do tempo e através de uma conversa entre o PC e um colega meu de estágio, existiu um “click” que fez-me entender e refletir sobre este choque inicial, visto, a forma de visualizar o processo que o docente tinha não era muito diferente do processo ao qual eu tinha passado como treinador e os diferentes treinadores com os quais já tive a oportunidade de trabalhar.

“Após essa conversa que assisti comecei a empenhar-me mais na construção dos documentos produzidos, passei a refletir durante mais tempo sobre uma conceção sobre a Educação Física (EF) que pretendia defender, definir objetivos enquanto professor de EF e procurando a minha identidade profissional, e também, comecei a tentar contruir uma relação com todos os meus alunos à minha volta”

DB, 19/06/2020, “Trust the Process”

O PO, não estando tão presente no contexto escolar, também revelou ser um mentor com igual importância do PC, pois, foi o responsável por orientar-me na teoria, no projeto de estágio, através do fornecimento de todo o material que precisei e no esclarecimento de todas as dúvidas, mostrando sempre abertura e disponibilidade para nos orientar em todo o processo, e como nos foi transmitido diversas vezes “Estou aqui para vos ajudar”, “Ninguém vai ficar para trás”. Uma das grandes vantagens em trabalhar com o PO foi nas aulas observadas e nas reuniões posteriores, visto, que nos oferecia a sua opinião diferenciada do PC, criando assim nos EE uma visão diferente do que se poderia aplicar e melhorar no nosso percurso. A forma do PO ser acessível, organizado e comprometido com o processo deu para entender que temos todas as condições à nossa disposição para chegar a um patamar de excelência, e que deveríamos aproveitar ao máximo o ano de estágio.

3.4 Turma residente e partilhadas – O crescimento de um líder

“Be the leader you wish you had”

Simon Sinek

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No EP seria exposto a um conjunto de situações às quais iam ajudar ao meu crescimento, uma dessas situações seria orientar os alunos num laboratório onde era possível aplicar os meus diferentes ensaios, estratégias, ideais e crenças. Ora as turmas às quais fiquei encarregue de orientar no laboratório com o objetivo de as fazer evoluir e eles, inconscientemente, evoluíram-me a mim ajudando-me a conseguir atingir o nível de liderança que tanto desejava. Como TR e que orientei durante todo o ano de estágio um 10º ano do curso de Línguas e Humanidades. Como turmas partilhadas, no primeiro período um 11º ano do curso de Ciências e Tecnologias e no segundo período, um 12º Ano do mesmo curso.

Dentro da turma do 10º ano existem diferentes personalidades, com estudantes que praticam desporto e gostam de EF, e existiam alunos que não gostam da disciplina. Portanto, ao ter conhecimento disto, vim com a missão de dentro do meu laboratório tentar mudar a opinião destes alunos em relação à EF.

Mais, esta turma tem uma particularidade, pois, no meu entender, vejo-os como uma caracterização da minha pessoa, ou seja, eram uma turma simpática e bem- disposta, mas quando chega a hora de trabalhar só estando envolvidos a 100%

e interessados no tema é que produzem resultados. Ao idealizar o modelo de docente que pretendia atingir, possuía vontade de juntar estas duas características no meu laboratório, ou seja, um ambiente descontraído e de boa disposição, mas sempre com a vontade de trabalhar e exigência presentes.

Portanto, dentro deste laboratório foi um experimento longo, cansativo com algumas explosões durante o percurso e alguns momentos de doçura, mas o que importava era o resultado final. Muito sinceramente, senti que só no final do ano letivo é que consegui juntar os ingredientes certos para começar a obter o produto que tanto desejava. A fórmula que utilizei para os incentivar a trabalhar e esforçar um pouco mais foi conjugar a competição com a parte sociável. Ou seja, quando experimentei realizar uma liga de badminton entre todos os elementos da turma foi notório um crescimento motivacional nos alunos para a prática da modalidade.

“…já sabia o que queria para a minha turma e para mim de forma mais pormenorizada, e sabendo o que quero, o processo tem tudo para correr bem.

Prova disso foi o fato de numa das aulas de badminton, uma das alunas afirmou

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durante uma aula “Professor, isto é fixe, estou a começar a gostar das aulas de Educação Física”, e quando um professor ouve algo do género de um aluno é porque está a fazer o seu trabalho de forma correta. Aliás a unidade de badminton é a prova de que deveria ter implementado a competição e de forma visível em outras modalidades abordadas anteriormente,…)

DB, 19/06/2021, “Trust the Process”

Os comportamentos de liderança afetam positivamente a performance do grupo e as atitudes relativamente ao trabalho (Harter et al., 2002; Judge et al., 2004). Em relação à parte sociável, quando comecei a preocupar-me mais com os alunos fora da aula, sem concentrar-me na parte avaliativa e de aprendizagens, não a colocando de parte, mas sim focando-me no que eles queriam fazer no futuro, em saber como estavam nas outras disciplinas e fora da escola e em participar em certos momentos de boa disposição com eles, comecei a notar mais predisposição em ouvir-me, isso porque os alunos que pensam que os seus professores são mais atenciosos tendem a prestar mais atenção durante as aulas (Wentzel, 1997).

“A juntar a isso, a parte social, onde os alunos sintam que existe um Professor preocupado com a vida deles, e que está lá para ajudá-los caso seja preciso. Aulas onde o bom ambiente reina e podem, por momentos, esquecer os seus problemas de fora. Aulas que, após o toque os alunos queiram ficar mais tempo ou saiam da aula com um sorriso na cara. Pretendo e quero conciliar o melhor destes dois mundos, a exigência e a boa disposição, volto a perguntar, é um caminho fácil?! Não vai ser…”

DB, 25/05/2021, “Princípio, Meio e Fim”

No 11º ano, a turma era relativamente pequena sendo composta por catorze elementos dez elementos do género masculino e quatro do género feminino. Durante o tempo que permaneci neste laboratório, entendi que poderia ter sido o laboratório onde poderia ter tido maior sucesso, mas como foi no início do EP e ainda estava à procura da minha identidade profissional, isso não aconteceu. Além de serem uma turma pequena, eram alunos que qualquer

Referências

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