Levantamento e caracterização dos fragmentos florestais do município de Sertãozinho SP

I Simpósio Internacional de Águas, Solos e Geotecnologias - SASGEO - 2015

Levantamento e caracterização dos fragmentos florestais do município de Sertãozinho – SP

Survey and characterization of forest fragments in Sertãozinho - SP

Gabriela Ferracine de Pina ¹ Renata Cristina Araujo Costa ² Teresa Cristina Tarle Pissarra ³ RESUMO

Este estudo foi conduzido no Município de Sertãozinho, SP, com o objetivo de avaliar e caracterizar o número de fragmentos florestais existentes, utilizando-se técnicas de sensoriamento remoto. Para mensurar os fragmentos utilizou-se o software AutoCad. O município apresenta 124 fragmentos florestais, todos caracterizados, pela imagem do Google Earth, com textura rugosa, aparência arbustivo ou arbóreo, cor verde escuro uniforme e cobertura ondulado A porcentagem defragmentos florestais com áreas menores que 10 ha, éde 82,26%, os com área maior que 100 ha representa somente 2,42%.

Aproximadamente 70% dos fragmentos, apresentam forma alongada, indicando alta relação perímetro/área e grande efeito de borda.

Palavras- chave:remanescentes vegetais; sensoriamento remoto; Sertãozinho-SP.

ABSTRACT

This study was conducted in Sertãozinho, SP, in order to evaluate and characterize the number of forest fragments, using remote sensing techniques. The AutoCad software was used to measure the fragments.

The municipality has 124 forest fragments, all characterized by Google Earth image with rough texture, shrub or arborous appearance, uniform dark green tonality and wavy roof. The percentage of forest fragments with areas smaller than 10 hectares , is 82.26 % and the area with more than 100 ha represents only 2.42 %. Approximately 70% of fragments have elongated, indicating high perimeter / area ratio and large edge effect.

Keywords:plant remnants; remote sensing;Sertãozinho-SP.

INTRODUÇÃO

As áreas florestais desempenham papéis importantes, como o de direcionar a circulação dos ventos; participar no controle do ciclo hidrológico local; favorecer a absorção de água da chuva pelo

1

Bióloga, Mestranda em Agronomia (Ciência do Solo), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias FCAV, UNESP, Jaboticabal, São Paulo.gabifpina@yahoo.com.br

2

Doutoranda em Agronomia (Ciência do Solo), Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias FCAV, UNESP, Jaboticabal, São Paulo. renata.criscosta@gmail.com

3 Engenheira Agrônoma, Professora Dra. da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho.

teresap@fcav.unesp.br

solo, diminuindo o escoamento superficial; estruturar os solos, minimizando o processo de erosão, evitando perda de solo, assoreamento e contaminação de rios com resíduos químicos e orgânicos de lavouras; e manter a ciclagem de nutrientes, o que traz incalculável aporte à fertilidade, além de abrigar biodiversidade faunística e florística.

Os fragmentos florestais são áreas de formação vegetal natural contínua, interrompidas por barreiras antrópicas (estradas, culturas agrícolas, etc) ou naturais (lagos, outras formações vegetais, etc.), que diminuem significativamente o fluxo de animais, pólen e, ou sementes (OLIVEIRA, 1998).

São os menores elementos a serem observados na paisagem, mas formam uma unidade espacial importante a ser estudada por apresentarem interação dos fatores bióticos e abióticos com as variações das comunidades e populações da fauna e flora, ao longo do tempo, determinando o processo evolutivo da comunidade florestal (APPOLINÁRIO et al., 2005).

Entretanto, nos últimos tempos, o que se verifica no uso da terra é uma ocupação desordenada que resulta na fragmentação dos remanescentes naturais de florestas tropicais. A fragmentação florestal é um dos fenômenos mais marcantes e graves do processo de expansão da fronteira agrícola no Brasil, provocando impactos no meio e na qualidade de vida da população mundial.

O aspecto mais grave do processo de fragmentação florestal é a perda da biodiversidade e o efeito de borda. A borda do fragmento florestal é a área por onde se inicia a maior parte dos processos físicos e biológicos ligados à fragmentação. Entre os impactos negativos desse processo, cita-se o aumento de plantas invasoras que abafa outras espécies vegetais de importância para a configuração e longevidade do fragmento. Ainda, Viana (1998) chamou a atenção para o distúrbio do regime hidrológico das bacias hidrográficas, degradação dos recursos naturais e a deterioração da biodiversidade que os fragmentos podem causar.

Nesse sentido, vê-se a importância do levantamento e caracterização dos fragmentos florestais em municípios, principalmente para definir programas de manejo e locar futuros corredores biológicos para incrementar a fauna e flora não só no município, mas também no Estado e na Federação.

O objetivo deste trabalho foi realizar o levantamento e a caracterização (forma, área, perímetro,

textura, tonalidade, etc.) de remanescentes de fragmentos florestais do Município de Sertãozinho, São

Paulo, e apresentar um mapa da distribuição espacial destes, no intuito de coletar subsídios para

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MATERIAIS E MÉTODOS

O Município de Sertãozinho está localizado na porção Centro-Norte do Estado de São Paulo, no Planalto Ocidental Paulista, tendo como referência as coordenadas geográficas 21º 08' 16" Latitude Sul e 47º 59' 25" Longitude Oeste de Greenwich. Apresenta área territorial de aproximadamente 403,89 km² (IBGE, 2010).

Segundo a classificação de Köppen, o clima é do tipo Aw- tropical úmido e seco. A temperatura média anual na região é de 22,8 °C, a precipitação média anual está ao redor de 1.588,5 mm (Cepagri).

O relevo apresenta-se em grande extensão como suave-ondulado e ondulado, com altitude variando de 310 m a 610 m.O Município está vinculado a ABAGH/RP (Associação Brasileira do Agronegócio da Região de Ribeirão Preto) e faz parte da UGRHI – 9 da Bacia Mogi-Guaçu, com parte de sua área na UGRHI – 4 (Rio Pardo) (ABAGH/RP).

Em relação ao bioma, tem o Cerrado como predominância de cobertura vegetal (IBGE, 2010).

Com o avanço da cultura de cana de açúcar, a produção de leite e laticínios e principalmente pelo grande polo industrial que é, houve excessivo desmatamento, restando poucas reservas de mata nativa.

No estudo, a análise dos fragmentos florestais do Município de Sertãozinho foi feita através do Google Earth. Neste software, realizou-se a interpretação visual da paisagem terrestre do Município, indicando os elementos ligados à topografia e solo, retratando as condições do ambiente, para se formular medidas que apontem alternativas para a intervenção do homem na paisagem.

A vetorização dos fragmentos florestais do município de Sertãozinho foi realizada nas imagens obtidas do Google Earth, por meio da ferramenta “Adicionar polígono” ( ). Os polígonos foram gerados ao redor de cada um deles. Dessa maneira, a imagem encontrada como raster (com descrição da cor de cada pixel), foi transformada em vetor (imagens geradas a partir de descrições geométricas de formas como pontos, curvas e polígonos). Cada fragmento também foi cadastrado com a ferramenta

“Adicionar marcador” ( ), o que permite uma melhor visualização geral.

A área, o perímetro e a localização geográfica de cada fragmento localizado foram gerados no

programa AutoCad. As instruções para isso são encontradas no próprio software, podendo-se escolher

as unidades desejadas para cada uma destas medidas.

O índice de circularidade ou da relação borda/ interior foi determinado para propor a tendência em relação à forma de um fragmento, conforme se segue (CHATURVEDI (1926), citado por Oliveira et. al., 2005.

em que IC = índice de circularidade; A = área do fragmento, em ha; e P = perímetro do fragmento, em m.

O fragmento apresentará tendência à forma arredondada, quando o valor do índice de circularidade (IC) for próximo de 1. À medida que este se distancia de 1, tem-se um fragmento alongado e consequentemente com maior efeito de borda.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

Com as análises realizadas no Google Earth e no AutoCad, foram observados 124 fragmentos

florestais, com área total de 1274,09 ha, e perímetro total de 161.885,83 m (Tabela 1), correspondendo

a 3,15% do município.

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As classes de área dos fragmentos florestais do Município de Sertãozinho, SP, podem ser observadas na Tabela 1.

Tabela 1- Classes de área dos fragmentos florestais do Município de Sertãozinho, SP.

Classe de área (ha) Numero de ocorrências

Absoluto % ha Área (%)

Ate 10 102 82,26 237,87 18,67

10 – 20 5 4,03 63,16 4,96

20 – 100 14 11,29 549,78 43,15

>100 3 2,42 423,28 33,22

Total 124 100 1274,09 100

Foram observados 102fragmentos com área inferior a 10 ha, 5 com área entre 10 e 20 ha, 14 com área entre 20 e 100 há e 3 com área superior a 100 ha, ocupando uma área respectivamente de 18,67%; 4,96%; 43,15%; 33,22%; de um total de 1274,09 ha da área relativa dos fragmentos mapeados.

Índice de Circularidade (IC)

A forma dos fragmentos constitui uma característica importante no estudo da dinâmica e estrutura dos remanescentes florestais (ANDRADE, 2012) e foi determinada na análise do Índice de Circularidade (IC), ou relação borda/interior(Tabela 3).

Os fragmentos com valores de IC mais próximos de 1 são considerados arredondados, apresentando menor efeito de borda, além de serem mais protegido de fatores externos, pois o centro da área está mais distante das bordas (ANDRADE, 2012).

A análise para estudos da dinâmica e estrutura dos fragmentos florestais tem sua importância

evidenciada devido a possibilidade de indicar o nível de proteção de seu interior em relação aos efeitos

de borda.

Segundo GREGGIO et. al., 2009,a classificação determinada entre a relação entre a área do fragmento e seu perímetro foi a seguinte: fragmentos com fator de forma superior a 0,8 são considerados arredondados; entre 0,6 e 0,8 são alongados; e inferior a 0,6, muito alongados.

Tabela 3 - Classes de índice de circularidade dos fragmentos florestais do Município de Sertãozinho, SP.

IC Numero de ocorrências %

< 0,05 0 0

0,05 – 0,17 10 8,08

0,17 – 0,4 37 28,84

0,4 – 0,6 42 33,87

0,6 – 0,8 27 21,77

0,8 - 1 8 6,45

Com a fragmentação da floresta ocorrem mudanças como maiores índices de luminosidade, temperatura, umidade e velocidade do vento, que são mais pronunciadas na borda, diminuindo em direção ao interior da floresta.

Nas plantas, os efeitos de borda podem ser diretos (climáticos) ou indiretos (interações com polinizadores, dispersores, presença de cipós, etc.). Por exemplo, com o aumento da luminosidade na borda dos fragmentos ocorre aumento no crescimento de espécies pioneiras invasoras, especialmente cipós (GREGGIO et. al., 2009).

Segundo André et. al. (1997) o efeito de borda chega ao redor de 80 a100 m, adentrando a mata;

e Lovejoy et. al. (1986) declararam que fragmentos de até 10 ha são totalmente afetados por esse efeito.

Sendo assim, de acordo com as Tabelas 1 e 2, observa-se que 82,26% dos fragmentos mapeados apresentam áreas menores que 10 ha, e estes estão sob o efeito de borda total; e os fragmentos que apresentam menor e maior índice de circularidade podem ser vistos nas figuras abaixo.

Figura 1 – Fragmento com menor IC(0,081) Figura 2 – Fragmento com maior IC (8,78)

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De acordo com Pissarra 2013, os padrões fotográficos de uso e ocupação do solo podem ser classificados de acordo com a textura, aparência, tonalidades e cobertura. Os fragmentos florestais se caracterizam como rugoso, arbustivo ou arbóreo, verde escuro uniforme e ondulado, respectivamente, como observado nas Figuras 3 e 4.

Figura 3 – Fragmentos florestais no município de Sertãozinho, SP.

Figura 4 – Detalhe de um fragmento florestal do município de Sertãozinho, SP.

Fonte: Google Earth

Fonte: Google Earth

Fonte: Google Earth

Enfim, a situação da vegetação natural do município encontra-se fortemente fragmentada. Estas áreas degradadas devem ser recuperadas, como alternativa para que não ocorra o aumento do risco de perda de espécies e ecossistemas ameaçados de extinção, resgatando importantes funções perdidas durante o processo de degradação da cobertura florestal.

CONCLUSÃO

A situação da vegetação natural do município do município de Sertãozinho encontra-se fortemente fragmentada, com mais da metade dos fragmentos florestais caracterizados por tamanhos pequenos, formas alongadas, estando estes muito isolados.

REFERÊNCIAS

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Enciclopédia Biosfera, Centro Científico Conhecer, Goiânia, v. 8. n. 14, p. 1051, 2012.

Fonte: Google Earth

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