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Dia da Gastronomia Sustentável

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Academic year: 2021

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A Assembleia Geral das Nações Unidas designou que, anualmente, a 18 de Junho seria comemorado o Dia da Gastronomia Sustentável (1). Esta data destaca o papel que a Gastronomia Sustentável pode ter na sociedade atual, reafirmando que cada país pode e deve promover o desenvolvimento sustentável através da sua cultura e tradições culinárias.

Dia da Gastronomia

Sustentável

18 de Junho de 2021

Para que seja possível compreender a importância deste dia é necessário clarificar alguns conceitos, nomeadamente, o de Gastronomia, Sustentabilidade e Gastronomia Sustentável.

Gastronomia

Pode definir-se como o estilo culinário específico de uma determinada região (1,2).

Sustentabilidade

Pressupõe a satisfação das necessidades presentes do ser humano sem causar danos irreversíveis no ecossistema e sem comprometer o futuro das próximas gerações (3).

Pode ser caracterizada como uma prática culinária que respeita os princípios básicos da Sustentabilidade como, por exemplo, ter em consideração a origem dos ingredientes utilizados, entender os métodos de produção dos alimentos e conhecer a sua cadeia de

(2)

Qual a importância

da Gastronomia

Sustentável?

As estimativas apontam para que, em 2050, a população mundial ultrapasse 9 biliões de pessoas. Deste modo, de forma a garantir a existência de alimentos em quantidade e qualidade suficiente para todos, será necessário aumentar a produção alimentar em 60% (2).

Apesar disso, o desperdício alimentar continua a crescer a um ritmo cada vez mais preocupante, sendo que, em 2019, 931 milhões de toneladas de alimentos produzidos não foram consumidos (4).

Além disso, surgem cada vez mais alertas acerca da necessidade de se utilizar os recursos disponíveis de forma mais sustentável (5). Assim, é preciso que os consumidores estejam mais atentos, informados e conscientes, aumentando a exigência em relação aos alimentos que compram, de modo a garantir que contribuem para uma produção e consumo mais sustentáveis.

Comprar e cozinhar alimentos locais e sazonais é uma boa estratégia para assegurar a prática de uma Gastronomia Sustentável. Se este hábito for implementado, para além dos benefícios para a economia local, também se estará a contribuir para a redução da emissão de gases com efeito estufa e de recursos usados no transporte dos alimentos. Assim, preferir alimentos locais que foram produzidos de forma sustentável pode contribuir para a melhoria da vida das pessoas, do ambiente e da economia (2, 5).

Em conclusão, o desafio associado à necessidade de alimentar uma população mundial em constante crescimento com menos recursos disponíveis (ex.: menor área útil disponível para cultivo), destaca a inevitabilidade de uma mudança relacionada não só com o modo de produção atual, mas também com as tendências de consumo. Assim, a Gastronomia Sustentável surge como parte integrante da mudança, tentando tornar a alimentação e a cultura como elementos essenciais para solucionar este desafiante

(3)

Alimento local

Alimento sazonal

É um alimento com uma cadeia de distribuição curta, ou seja, é produzido na proximidade do local em que será utilizado ou consumido. A preferência por alimentos locais promove a economia da região e ajuda na redução da pegada ecológica da alimentação (3).

É um alimento da época do ano em que nos encontramos, habitualmente fresco e em condições de maturação adequadas para consumo. Normalmente, tem um custo inferior e tende a apresentar melhores características organoléticas (ex.: aroma e sabor) e nutricionais (3).

O que é possível fazer para preservar a Gastronomia Sustentável?

Sempre que possível, é preferível adquirir alimentos provenientes de produtores locais. Esta prática, para além de mais sustentável, também contribuí para o fortalecimento económico e social da comunidade (2).

Promover a produção local

Seguir as tradições culinárias

Normalmente, a culinária tradicional está associada a práticas mais sustentáveis. Voltar às origens e descobrir receitas que usem ingredientes típicos da região, pode ser uma forma de tornar a alimentação mais sustentável (2).

(4)

Evitar o desperdício alimentar

Ter atenção às porções e aos prazos de validade dos alimentos. Sempre que sobrar comida, guardá-la para consumir mais tarde, assim, é possível poupar tempo e dinheiro e contribuir para uma alimentação mais sustentável (2).

Como adotar os princípios da Gastronomia Sustentável na

nossa alimentação diária?

A Dieta de Saúde Planetária foi proposta pela comissão EAT- Lancet como forma de tentar corresponder ao enorme desafio que é garantir uma alimentação saudável a partir de um sistema de produção alimentar sustentável, para uma população mundial em constante crescimento (5).

Este conceito preconiza que a alimentação deve ser, em simultâneo, saudável e sustentável, visto que, o aumento da prevalência de doenças crónicas não transmissíveis associadas a uma alimentação de baixa qualidade, coexiste com a falta de recursos e degradação do meio ambiente (5, 6).

Deste modo, recomenda-se a adoção de uma alimentação que seja constituída maioritariamente por alimentos de origem vegetal, nomeadamente, hortícolas, leguminosas, fruta, frutos oleaginosos e cereais integrais, com um aporte reduzido de alimentos de origem animal, incluindo carne, pescado, ovos e lacticínios (3, 5).

Experimentar a gastronomia

local

Conhecer uma nova região é uma ótima oportunidade para provar os seus pratos típicos, visto que, habitualmente são confecionados com alimentos locais. Além disso, através da alimentação, também é possível conhecer melhor a cultura da região (2).

(5)

Dicas úteis para ter uma alimentação mais saudável e sustentável

Tentar que ¾ do prato sejam constituídos por alimentos de origem vegetal (3). Restringir o consumo de alimentos de origem animal a ¼ do prato (3) .

Reduzir o consumo de carne vermelha (ex.: carne de vaca) e processada (ex.: enchidos e salsichas) (3) .

Introduzir leguminosas nas refeições, inclusive em substituição da carne, pescado e ovos (3).

Quando consumir pescado, preferir o nacional, de acordo com a época e com o tamanho mínimo exigido por lei (3).

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

No dia 25 de setembro de 2015, os 193 estados-membros das Nações Unidas aceitaram adotar os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável pertencentes à Agenda para o Desenvolvimento Sustentável até 2030 (7).

Estes objetivos são descritos como universais, tendo em conta que são relevantes para os países desenvolvidos, mas também para os países em desenvolvimento. Além disso, são indivisíveis, ou seja, nenhum objetivo deve ser isolado dos restantes. Do mesmo modo, integram as 3 dimensões do desenvolvimento sustentável: economia, sociedade e ambiente.

Neste sentido, a criação e adoção de práticas relacionadas com uma gastronomia mais sustentável favorece, principalmente, o cumprimento de 3 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, associados à promoção das práticas agrícolas, segurança alimentar, nutrição, sustentabilidade da produção alimentar e conservação da biodiversidade. Estes 3 objetivos são descritos em seguida:

(6)

Acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar,

melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável

Atualmente, a produção de alimentos é suficiente para que nenhum ser humano tenha de passar fome. Apesar disso, quase 690 milhões de pessoas sofrem de desnutrição, sendo este problema mais prevalente no continente africano. Simultaneamente, existem quase 2 biliões de crianças, adolescentes e adultos com pré-obesidade ou obesidade. Esta tendência preocupante coincide com a ocorrência de alterações na produção agrícola, causadas por uma diminuição da biodiversidade, degradação dos solos e redução da área disponível para cultivo. Este panorama global pode trazer consequências graves a nível de saúde pública, tendo um impacto na qualidade de vida dos indivíduos e das suas comunidades (6, 7).

Garantir a existência de vidas saudáveis e promover o

bem-estar em todas as faixas etárias

Uma boa saúde começa com um bom estado nutricional. A grande prioridade da FAO consiste em melhorar a saúde materna e sensibilizar para o ciclo de pobreza, fome e malnutrição que é perpetuado nas mulheres provenientes de países economicamente menos desenvolvidos. Além disso, é necessário possibilitar a existência de uma perspetiva “One Health”, com respeito pela saúde dos animais, sabendo que são parte integrante da produção alimentar sustentável (6, 7).

Garantir padrões de consumo e produção sustentáveis

O crescimento da população mundial em conjunto com a deterioração dos recursos naturais, implicará mais pessoas para alimentar com menos água e menor área útil disponível para cultivo. Assim, será fundamental tornar os métodos de produção e as tendências de consumo mais sustentáveis. Para se garantir a existência de alimentos em quantidade suficiente no futuro, é muito importante reduzir o impacto ambiental e travar a degradação dos ecossistemas. Os consumidores devem ser encorajados a introduzir alterações na sua alimentação, tornando-a mais sustentável e com uma menor pegada ecológica

(7)

O modo de produção dos alimentos associado às tendências de consumo influencia fortemente a saúde das pessoas e do planeta. No entanto, ainda é possível alcançar uma alimentação saudável e sustentável se ocorrerem mudanças sustentadas por ações multissectoriais e globais. Assim, é imprescindível que os diversos setores (ciência, política e economia) sejam aliados na promoção de padrões alimentares saudáveis e sustentáveis, reconhecendo o papel que a Gastronomia Sustentável pode ter como parte da solução deste desafio mundial (5).

United Nations. Sustainable Gastronomy Day. United Nations 2020. [citado em 2021-06-10]. Disponível em: https://www.un.org/en/observances/sustainable-gastronomy-day.

Food and Agriculture Organization (FAO). Calling all foodies: this one’s for you! ; 2020. [citado em 2021-06-10]. Disponível em: http://www.fao.org/fao-stories/article/en/c/1198076/.

Real H, Carvalho T. Alimentar o futuro: uma reflexão sobre sustentabilidade alimentar. Associação Portuguesas dos Nutricionistas, Porto. 2017.

Forbes H, Quested T, O’Connor C. Food Waste Index Report 2021. United Nations Environment Programme: Nairobi, Kenya. 2021

Willett W, Rockström J, Loken B, Springmann M, Lang T, Vermeulen S, et al. Food in the Anthropocene: the EAT–Lancet Commission on healthy diets from sustainable food systems. The Lancet. 2019; 393(10170):447-92.

United Nations. Food and Agriculture Organization (FAO). Transforming food and agriculture to achieve the SDGs: 20 interconnected actions to guide decision-makers. FAO Rome (Italy); 2018.

General Assembly. Resolution adopted by the General Assembly on 19 September 2016. A/RES/71/1, 3 October 2016 (The New York Declaration); 2015.

1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

Conclusão

Referências

Referências

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