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Pedagogia da ação prática na empresa

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Academic year: 2021

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Pedagogia da ação prática na empresa

Ivo Canisio Mallmann1 Subtema: A pedagogia da ação: desenvolvimento intelectual e prático.

Resumo

Os temas sugeridos pelo II Congresso Internacional “Uma Nova Pedagogia Para a Sociedade Futura” têm perfeita sintonia com a ação experimental de educação e responsabilização em processo inicial, como um novo projeto, na Empresa ICM Obras e Serviços de Engenharia Ltda., com impostação de uma díade evolutiva nas relações de trabalho. Esta intervenção na empresa possui o objetivo de humanizar, construir premissas e oportunidades de desenvolvimento pessoal para os profissionais, através de constante questionamento das possibilidades de evolução e autonomia. Quer acessar a forma mentis de cada profissional e construir uma nova relação de valor do indivíduo com o seu próprio trabalho, com o valor social do trabalho e com quanto pode realmente contribuir na evolução pessoal, nos aspectos de conhecimento, ganho econômico e realização integral como ser humano e construir assim a verdadeira cidadania. O modo de operar na empresa agrega valor através do uso de equipamentos que facilitam e qualificam a execução das obras com uma redução substancial do esforço humano e que também requer uma equipe mais responsável e qualificada. Na apresentação faz uma análise das atuais circunstâncias da legislação trabalhista e aponta para ações que podem elevar o nível de liberdade de atuação dos profissionais que trabalham na Empresa, especialmente com o objetivo de desenvolver de forma integral a capacidade do ser humano e fomentar a meritocracia.

Palavras-chave:

Ação prática; empresa; meritocracia; pedagogia ontopsicológica.

1. Introdução

Este trabalho possui como tema a pedagogia de ação prática de responsabilidade e reciprocidade, que começa a ser formatado na ICM Obras e Serviços de Engenharia Ltda., com o objetivo de promover uma evolução dos valores de justiça, dignidade e de resultados, para os profissionais que nela trabalham. A Empresa atua na atividade da construção civil e locação de máquinas pesadas para construção. Iniciou suas atividades em abril de 2000, com sede na cidade de Nova Palma e hoje com o parque de máquinas e equipamentos localizado na RS 149, Km 126+450, próximo ao Distrito Recanto Maestro. No momento possui um grupo de vinte e um profissionais.

A Empresa se destaca na construção de obras não muito convencionais, como prédios

comerciais com finalidades diferenciadas e bem específicas, centros de saúde, educação e cultura e residências com características muito especiais. Também seu parque de máquinas nada convencional para as empresas da construção civil na região e mais o valor agregado pela criatividade do empreendedor são diferenciais que permitem oferecer soluções tecnológicas de valor com ganho competitivo e sustento do processo evolutivo da organização.

O tema deste trabalho tem estreita relação com o subtema “A pedagogia da ação:

1 Graduado em Engenharia Civil. Universidade Federal de Santa Maria – RS, conclusão em 1984; MBA Business Intuition Identidade Empresarial. Antonio Meneghetti Faculdade de Restinga Seca- RS, concluído em 2015; Qualificação em georeferenciamento UFSM; Diretor Sócio Proprietário em ICM Obras e Serviços de Engenharia Ltda.

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desenvolvimento intelectual e prático” (um dos subtemas propostos pelo Congresso), porque a forma característica de relação das pessoas com a Empresa e as interrelações no grupo de profissionais que nela trabalham é estimulada a partir do conhecimento que seu proprietário obteve como aluno do MBA Business Intuition Identidade Empresarial, especialização lato

sensu na área de administração e neste momento, como aluno do curso de Bacharelado em

Ontopsicologia, da Faculdade Antonio Meneghetti.

A inquietação que causou o estudo de livros como “Psicologia do Líder” e “Psicologia Empresarial”, entre tantos outros, que foram base no desenvolvimento do MBA, e agora no Bacharelado, com aprofundamento do estudo para compreensão do ser humano, motiva o gestor da Empresa a desenvolver ações práticas que contribuam no desenvolvimento intelectual e humano de si mesmo, dos colaboradores, com projeção de resultado econômico e protagonismo para uma sociedade futura melhor.

A Pedagogia Ontopsicológica orienta que “não se deve dar por misericórdia”, porque isto é tornar-se cúmplice do débito dos outros. O Acadêmico Professor Antonio Meneghetti ensina que “dar o peixe sem ensinar a pescar é um assassínio da evolução do homem, da educação e do processo de responsabilização. Enquanto prestamos assistencialismo ao homem o mantemos inferior e dependente, impedindo a própria realização” (MENEGHETTI, 2008, p. 128).

O objetivo geral deste trabalho é descrever o modo de relação em proposição na ICM Obras com o propósito de construir um novo conceito de relação de responsabilidade e reciprocidade da empresa com os profissionais que nela trabalham e destes entre si.

O trabalho justifica-se como relevância social e científica nos aspectos de abrir caminho para um novo modelo de relação onde o dever de fazer o próprio crescimento a partir das possibilidades e oportunidades que pode encontrar, enquanto desenvolve seu trabalho, não se limitando a exercer uma função preestabelecida – sendo esta uma lógica fundamental para o processo de pedagogia dentro da empresa e com as pessoas que compõem a empresa. Dentro de um critério de oportunidades o profissional é incentivado a desenvolver habilidades extra função e que podem se traduzir em promoções e consequente melhoria de salário. Para isto, também os treinamentos feitos com os profissionais são bem mais amplos do que aqueles atinentes a sua função atual, como exemplo o treinamento na operação de serra circular para serventes de obra, e assim estarem aptos a aprender o oficio de carpinteiro. Também o treinamento em altura é feito para todos criando um leque de possibilidades de trabalhos extra função.

Como metodologia de pesquisa o estudo está relacionado com o formato de pesquisa ação e aqui para este Congresso se apresenta como relato de experiência.

2. Desenvolvimento

Realizar um novo modelo de relações na empresa requer planejamento, treinamento, forte e permanente trabalho de conscientização com todas as pessoas que integram a empresa,

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abrangendo todo o quadro funcional a partir do gestor, que deve ser o exemplo mais forte na crença do ganho de valor com a proposta de estender maior “empoderamento” e protagonismo para os profissionais.

Estas ações exigem “sair do quadrado” modelado pelas leis, que por si só, estabelecem um regramento baseado em direitos e que formam a base de julgamento de promotores e juízes. É preciso atender com atenção estes e ainda ter força competência e capacidade de investimento em direção ao que quer de nós a grande vida. É importante salientarmos que:

Sejam os policiais, sejam os juízes e todo o vasto canal de burocracia por meio do qual se exercita o corpo físico do Estado, são, substancialmente, pessoas frustradas nas próprias vidas e, tendo a sua frente o cidadão vencedor, é impossível que sejam justos. Neles é muito forte a revanche psicológica (MENEGHETTI, 2008, p. 115).

Toda mudança de paradigma e ou inovação traz novidades e “transgressão ao status

quo” e facilmente pode ativar esta revanche.

O trabalhador brasileiro de modo geral espera generosidade por parte da Empresa (alimentação, transporte, moradia, saúde, equipamentos, o melhor salário possível pelo menor esforço e perde assim cada vez mais a própria autonomia que é um infantilismo disfarçado. “Quanto mais os outros me assistem tanto mais aumenta a minha mediocridade interior” (MENEGHETTI, 2011, p. 62).

É desafiador ensinar autorresponsabilização, criar a via de mão dupla para pessoas que a vida toda, não foram autônomas, trabalham por obrigação e não como um processo que gera autonomia e realização. Este é um conceito de valor firmado a partir da infância e confirma a afirmação de Meneghetti (2013):

Contudo, hoje existe um assistencialismo excessivo que substitui aquele sacrifício natural que depois cada um deve aprender na vida. Além disto, é preciso considerar que a sociedade atual é muito pesada, tudo está sob lei e não existe mais uma vida privada como havia uma vez (MENEGHETTI, 2013, p. 66).

Ter a coragem de fazer entender, que não cabe à empresa pagar salário para empregado que falta ao trabalho para abrir conta no banco porque a lei assim exige, é exemplo de passos que facilmente criam contendas, porque sempre terá um advogado que dirá que o empregado tem direito e não custa tentar, o máximo que pode acontecer que não tenha ganho, mas a empresa sempre terá gastos e desgaste. Outro exemplo simples nos dias atuais é a insalubridade que os sindicatos alegam que deva ser pago ao trabalhador da construção civil, e às vezes ainda ganham, mas no INSS a empresa é processada por antecipar a aposentadoria do trabalhador caso pague insalubridade. Igualmente o ministério do trabalho pune severamente empresa que permite que seu trabalhador faça jornada maior que dez horas em um dia, mesmo que cumpra toda a legislação pertinente ao pagamento de adicional de horas trabalhadas, fazendo com que todos se igualem e não possa haver melhor resultado pessoal por maior esforço de trabalho. O Estado como um todo está preocupado e cria legislação “inclusiva” para que mais pessoas tenham acesso ao trabalho como uma espécie de “caridade”, mesmo que isto não represente

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vitalidade e solução de valor para o trabalhador. A competição e competitividade são vistos como fatores negativos e a meritocracia assim fica impedida.

É preciso cautela e criação de mecanismos que garantam segurança jurídica construída através de acordos de valor entre empregados e empregadores e chancelados por entidade com poder legal para tanto (sindicatos, promotorias públicas).

Na ICM Obras estamos em um processo, em que as primeiras iniciativas começam a ser testadas e necessitam de formalização e fundamentação em preceitos que garantam a proteção legal. As ações e modelo de empresa precisam ser formatadas fora do quadrado formal de praxe, isto exige muito trabalho e criatividade. Precisamos moldar novos instrumentos de aferição para desenvolver um modelo que contemple os que são capazes de fazer melhor e o melhor, respeitando evidentemente os limites e escolhas de cada um e não transformar o conceito de meritocracia em uma guerra interna na Empresa, ou seja, meritocracia e humanismo devem ser complementares.

Infelizmente isto ainda não é interessante para instituições governamentais e sindicatos, porque estes querem mais gente pagando contribuições mensais e aquelas querem contabilizar maior número de carteiras de trabalho assinadas. Já conhecemos algumas Empresas que conseguiram instituir ações úteis e funcionais para a empresa e para os empregados com esta nova visão. Conhecemos o modelo da Fábrica de Móveis Marelli na cidade de Caxias do Sul-RS, já implantado com excelentes resultados especialmente para o trabalhador que através do Plano de Participação de Resultados (PPR), consegue auferir durante o ano o equivalente a 18 salários. Também conhecemos um pouco do modelo da Fábrica de Calçados Beira Rio S/A., com o Programa “Conquistando a Perfeição”. Nesta Empresa são muito fortes os conceitos de valorização do que cada um sabe fazer melhor e os critérios de merecimento são meta permanente.

Nas empresas se busca atender normas ISO (Organização Internacional para Padronização)

que olham para qualidade dos produtos, resultado econômico e muito pouco para o ser humano ou quando olham o fazem com o objetivo de proteção e assistencialismo. Na visão da maioria das instituições que estabelecem regras e fiscalizam o trabalho, as empresas ainda são vistas como exploradoras do trabalho e não como portadoras de oportunidades de crescimento econômico e social para todos. Não que se deva neutralizar a ação reguladora e fiscalizadora, mas também estes órgãos precisam abrir espaço para uma nova pedagogia humanizadora do trabalho e das empresas com uma visão otimista, que acreditam no ser humano capaz e autônomo, reduzindo a tutela do Estado a um processo de vigilância sob medida e justo. Por hora não existe um programa facilitador de um novo paradigma e uma legislação que o incentive. Faltam pessoas preparadas e capazes no Estado e na política para promover estas ações.

Acreditamos que esta nova mentalidade e modos de proceder deve começar em escolas como a nossa com visão de vanguarda do mundo do trabalho e que acreditam no ser humano autônomo e capaz. Também este II Congresso Internacional “Uma Nova Pedagogia Para a Sociedade Futura” é um ponto de apoio de valor para criar mecanismos que incentivam ações com visão mais humanistas, evolutivas para as pessoas nas Empresas.

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3. Resultados

O resultado até aqui é sutil e se evidencia na forma de comportamento das pessoas em relação à Empresa, bem como a constatação diária da harmonia na convivência e espírito colaborativo no desenvolvimento dos trabalhos. Pessoas com aparência saudável, alegre e que não faltam no trabalho são um resultado intangível e forma um ativo de valor conceitual para a organização. Também a análise da rotatividade e do índice de reclamatórias trabalhistas é fator importante na verificação da qualidade das relações da Empresa com seus profissionais. Nos 16 anos de existência da empresa aqui em estudo, foram formalizadas quatro reclamatórias trabalhistas, sendo que uma foi resolvida em acordo, uma por sentença favorável ao reclamante no valor de dez por cento de sua petição inicial, uma por sentença a favor da Empresa, e uma foi desaforada pelo próprio reclamante.

Na primeira semana de agosto de 2016 realizamos uma pesquisa em que provocamos os profissionais a responderem por escrito quatro perguntas. A primeira referia-se à “possibilidade de pedir demissão por oferta de trabalho com salário maior em outra empresa”. A maioria das respostas indica que sempre existem propostas que acenam melhor salário, mas não há a segurança que possuem na ICM Obras, na qual o salário sempre é pago com pontualidade.

A segunda pergunta foi sobre “a motivação em trabalhar nesta empresa”, considerando que outra poderia pagar salário igual ou até maior. Quase todas as respostas indicam que máquinas e equipamentos que contribuem na facilitação do trabalho são um grande incentivo para permanecerem no emprego.

A terceira pergunta foi sobre “o valor da possibilidade de evolução pessoal e profissional que a ICM Obras propicia”. Nesta questão as respostas são bastante enfáticas de quanto é agradável trabalhar na empresa que provoca e oportuniza crescimento, que cultivam relações de respeito e o profissional tem ampla liberdade para desenvolver seu próprio aprendizado.

E por fim uma quarta pergunta é em relação à família: “qual o valor que ela dá para o fato de estar trabalhando na ICM Obras?”. As respostas versaram em torno do valor do pagamento do salário em dia, a possibilidade de crescimento, a estrutura da empresa e uma resposta em particular chamou atenção: a família vê como valor o trabalhador ir feliz e voltar feliz do trabalho.

4. Considerações finais

Para que este programa tenha condições de ser verificado na prática, será necessário uma gestão que reforça permanentemente a filosofia meridocrática na empresa, formalizar indicadores de desempenho, critérios de ação padronizados e instrumentos que permitam aferir os resultados de forma clara e assim certificar a validade do método.

Também os critérios de admissão e seleção de novos profissionais passa para um modelo fundamentado na Psicologia Ontopsicológica especialmente os indicativos de uma boa e eficiente entrevista do candidato ao trabalho. (MENEGHETTI, 2013, cap 9, 10, 11)

Temos pela frente um desafio duplo que é o de implementar ações que se tornem perenes e atingir meios que deem garantia jurídica para as nossas ações, especialmente as voltadas para meritocracia.

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5. Referências

MENEGHETTI, A. A psicologia do Líder. 4. ed. Recanto Maestro: Ontopsicologica Editrice, 2008. MENEGHETTI, A. Direitos e Deveres. In: Performance Líder, ano IV, II semestre, 2011. MENEGHETTI, A. Psicologia Empresarial. Recanto Maestro: Ontopsicológica Editora Universitária, 2013.

MENEGHETTI, A. Os Jovens e a Ética Ôntica . Recanto Maestro: Ontopsicológica Editora Universitária, 2013.

APÊNDICE:

Fotografias que mostram momentos de treinamento e recreação dos profissionais na empresa

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Fotografias que mostram momentos de viagens dos profissionais para participação em eventos de treinamento e feiras como Construsul “Feira Internacional da construção” (Construsul-RS) e FEICON “Feira da Construção da

América Latina” (Feicom-SP).

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Fotografias que mostram o centro de Apoio à Pesquisa Paleontológica em São João do Polêsine

Fotografias que mostram momento do recebimento do troféu cliente preferencial SANY e formatura MBA

Referências

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